Vacina Covid efeitos colaterais

VACINAS COVID-19 EFEITOS COLATERAIS TODA A VERDADE!

Vacinas covid-19 efeitos colaterais ou efeitos secundários, polémicos perigos ocultos e teorias da conspiração. O que dizem os céticos anti-vacinas Covid-19? Porque são tão polémicos? Qual o suporte científico das suas teorias sobre os perigos ocultos das vacinas? Quais os efeitos adversos, já conhecidos, das vacinas Covid-19 que já estão a ser administradas? Afinal serão as vacinas seguras ou algo nos escapa?

Para que fique claro sou a favor da vacinação, não obrigatória, contra a Covid-19 pois num cenário de pandemia só há uma de duas opções… ou apanhamos a vacina ou apanhamos a doença e que ninguém se iluda julgando que vai escapar a este vírus, é apenas uma questão de tempo!

As vacinas são medicamentos… e como farmacêutico sei muito bem que não existem medicamentos sem reações adversas, variando apenas a frequência e gravidade das mesmas. Por isso mesmo a toma de qualquer medicamento é sempre uma decisão médica e pessoal de benefício/risco o que significa obviamente que não existe e nunca existiu risco zero!

Este artigo pretende, como é meu hábito, descrever a verdade científica sobre esta questão dos efeitos secundários ou colaterais, sem pessimismo nem ingenuidade, e para isso é necessário falar dos mais relevantes mesmo que não sejam “politicamente corretos”… ás vezes até um pouco “escondidos” para não preocupar a população e aumentar os níveis de adesão à vacinação que de facto é necessária para podermos voltar à vida normal!

Acredito e sei que as autoridades de saúde e científicas estão muito atentas a este problema incluindo a própria Organização Mundial de Saúde que tem uma comissão para acompanhar este assunto dos efeitos colaterais das vacinas.

Miocardite

Em novembro de 2021 foi publicado no BMJ, um estudo que analisou o risco de miocardite após a toma das vacinas da Pfizer e da Moderna contra o SARS-CoV-2. As conclusões foram as seguintes:

O estudo fez a avaliação da relação entre a vacinação contra o SARS-CoV-2 e o risco de miocardite ou miopericardite, por meio de um estudo de coortes que abrangeu toda a população da Dinamarca. A análise principal, que incluiu somente as vacinas baseadas em ARN mensageiro, concluiu que a vacina mRNA-1273 (Moderna) esteve associada a um aumento significativo do risco, especialmente em indivíduos com idade entre 12-39 anos, e que a BNT162b2 (Pfizer-BioNTech) apenas mostrou associação significativa em mulheres.

Estudo: SARS-CoV-2 vaccination and myocarditis or myopericarditis:
population based cohort study

Relatório de reações adversas maio 2021

O Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF), constituído pela Direção de Gestão do Risco de Medicamentos do INFARMED, I.P., que o coordena, e por Unidades Regionais de Farmacovigilância (URF) que abrangem a totalidade do território de Portugal continental e ilhas. O SNF monitoriza a segurança dos medicamentos autorizados, avaliando eventuais problemas relacionados com reações adversas a medicamentos, incluindo vacinas, e implementando medidas de segurança sempre que necessário. As reações adversas (RAM) notificadas não têm necessariamente uma relação causal com a vacina administrada. Leia todo o relatório no link abaixo onde estão contabilizadas 34 mortes pós vacinação:

OMS anuncia programa que indemniza pessoas vacinadas com efeitos adversos

No comunicado de 22 de fevereiro de 2021 a Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve que o programa, inédito, abrange apenas pessoas oriundas dos 92 países elegíveis (mais pobres) para vacinas financiadas pelo mecanismo de distribuição universal e equitativa Covax, codirigido pela OMS. A iniciativa, sem custos para os beneficiários, é subsidiada pelos financiadores do Covax, por intermédio de uma pequena taxa adicionada a cada dose de vacina distribuída até 30 de junho de 2022.

A OMS refere que se trata de “um procedimento rápido, justo e transparente” para indemnizar possíveis lesados da vacinação, que tenham “efeitos adversos raros, mas graves”. A OMS assinala que, apesar de as vacinas para a Covid-19 adquiridas ou distribuídas pelo Covax terem uma “aprovação regulamentar” ou “autorização de uso de emergência” que confirmam a sua segurança e eficácia, podem, “em casos raros”, como “acontece com todos os medicamentos”, provocar “reações adversas graves”.

Mas afinal que reações adversas graves podem ser estas?

Vacinas aprovadas e aplicadas em 2021

Reações adversas

Vou começar pelo resumo das três primeiras vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), que foram a da Pfizer, Moderna e AstraZeneca cuja literatura científica é conhecida de forma mais transparente. Estas vacinas provocam uma percentagem elevada de dor local, cansaço, dor de cabeça, dores musculares, dores articulares, náuseas e mal-estar geral. De seguida pode consultar o “bilhete de identidade” destas vacinas. Trata-se de um resumo das principais informações sobre cada uma das vacinas aprovadas baseado na informação publicada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA).

Pfizer/BioNTech

Reações adversas mais comuns da vacina Pfizer:

  • Dor no local da injeção (<80%);
  • Cansaço (>60%);
  • Dor de cabeça (>50%);
  • Mialgias/dores articulares ((20%);
  • Febre (10%);
  • Inchaço na zona do braço onde foi dada a vacina (>10%).

Moderna/NIH

Reações adversas mais comuns da vacina Moderna:

  • Dor o local da injeção (92%);
  • Cansaço (70%);
  • Cefaleia/dor de cabeça (64,7%);
  • Mialgia/dor muscular (61,5%);
  • Artralgia/dor articular (46,4%),
  • Calafrios (45,4%);
  • Náuseas e vómitos (23%);
  • Gânglios linfáticos inchados (19,8%);
  • Febre (15,5%);
  • Inchaço na zona do braço onde foi aplicada a vacina (14,7%);
  • Vermelhidão (10%).

Reações adversas da vacina AstraZeneca:

  • Sensibilidade (63,7%);
  • Dor no local da injeção (54,2%);
  • Cefaleia/dor de cabeça (52,6%);
  • Cansaço (53,1%);
  • Mialgia/dor muscular (44%);
  • Mal-estar (44,2%).
  • Pirexia: Febre (33,6%); Febre superior a 38º (7,9%);
  • Calafrios (31,9%);
  • Artralgias/dor articular (26,4%);
  • Náuseas (21,9%).

A grande polémica!

Apesar das reações adversas acima descritas e outras dúvidas sobre os “veículos” utilizados para proteger o código genético injetado, que descrevo no meu artigo “A melhor vacina contra a Covid-19” a maior polémica e perigo está principalmente em dois efeitos colaterais denominados:

  • ADE – Antibody-dependent Enhancement (reforço dependente de anticorpos)
  • Lethal Th2 immunopathology (Imunopatologia Th2 letal).

Estes efeitos colaterais, que descrevo em detalhe mais adiante, são conhecidos há vários anos na comunidade científica ligada ao desenvolvimento de vacinas e têm sido responsáveis, em ensaios clínicos, por diversos episódios graves, alguns trágicos, nos indivíduos previamente vacinados que posteriormente entram em contacto com o vírus e desenvolvem uma forma grave da própria doença contra a qual foram vacinados. Esta é aliás uma das principais justificações para nunca se ter conseguido uma vacina final segura contra os anteriores coronavírus, como SARS-CoV-1 e MERS.

Antibody-Dependent Enhancement (ADE)

Reforço dependente de anticorpos o que é?

Conforme observado pelos autores dum artigo do International Journal of Clinical Practice, os esforços anteriores para desenvolver uma vacina contra coronavírus como os coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-1), coronavírus da síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS-CoV) e vírus sincicial respiratório (RSV), revelaram uma preocupação séria pois as vacinas têm uma tendência de desencadear o reforço dependente de anticorpos (ADE – Antibody-dependent Enhancement).

Artigo do International Journal of Clinical Practice: Informed consent disclosure to vaccine trial subjects of risk of COVID‐19 vaccines worsening clinical disease

O que significa exatamente este problema na resposta imunitária , denominado Reforço Dependente de Anticorpos? Resumindo, isso significa em algumas pessoas que, em vez de aumentar a nossa imunidade contra a infeção, a vacina realmente aumenta a capacidade do vírus entrar e infetar as nossas células, resultando em doenças mais graves do que se não tivéssemos sido vacinados.

Isso é exatamente o oposto do que uma vacina deve fazer, e um problema significativo que foi apontado desde o início deste impulso para uma vacina COVID-19. O artigo de revisão de 2003 “Aumento dependente de anticorpos da infeção e doença por vírus” explica este problema da seguinte forma:

“Em geral, os anticorpos específicos para vírus são considerados antivirais e desempenham um papel importante no controle de infeções por vírus de várias maneiras. No entanto, em alguns casos, a presença de anticorpos específicos pode ser benéfica para o vírus. Esta atividade é conhecida como aumento dependente de anticorpos (ADE) da infeção pelo vírus.

O ADE da infeção por vírus é um fenómeno no qual anticorpos específicos do vírus aumentam a entrada do vírus e, em alguns casos, a replicação do vírus em monócitos / macrófagos e células granulocíticas por meio da interação com Fc e / ou recetores de complemento.

Este fenómeno foi relatado in vitro e in vivo para vírus que representam numerosas famílias e gêneros de saúde pública e importância veterinária. Esses vírus partilham algumas características comuns, como replicação preferencial em macrófagos, capacidade de estabelecer persistência e diversidade antigénica. Para alguns vírus, o ADE da infeção tornou-se uma grande preocupação para o controle da doença por vacinação.”.

Consequentemente, várias abordagens têm sido feitas para o desenvolvimento de vacinas com risco mínimo ou nenhum risco de ADE.

A identificação de epítopos virais associados a ADE ou neutralização é importante para este propósito. Além disso, a compreensão clara dos eventos celulares após a entrada do vírus através do ADE tornou-se crucial para o desenvolvimento de uma intervenção eficiente. No entanto, os mecanismos do ADE ainda precisam ser melhor compreendidos.

Estudo: Antibody-dependent enhancement of virus infection and disease.

Teoria da conspiração

Segundo Robert F. Kennedy Jr, entretanto banido do Instagram e conhecido cético anti-vacinas, em 2012, cientistas chineses, americanos e europeus estavam a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina contra a SARS e tinham cerca de 30 candidatos promissores.

Destas, as quatro melhores vacinas candidatas foram então administradas a furões, que são os análogos mais próximos das infeções pulmonares humanas. Apesar dos furões exibirem uma resposta robusta de anticorpos, que é a métrica usada para o licenciamento da vacina, quando foram expostos ao contacto com o vírus selvagem, todos ficaram gravemente doentes e morreram.

A mesma coisa aconteceu quando tentaram desenvolver uma vacina contra o VSR na década de 1960. O RSV é uma doença respiratória superior muito semelhante à causada pelos coronavírus. Naquela época, eles decidiram saltar os testes em animais e ir diretamente para os testes em humanos.

“Testaram em cerca de 35 crianças e a mesma coisa aconteceu”, disse Kennedy. “As crianças desenvolveram uma resposta de anticorpos robusta e durável. Parecia perfeito mas quando as crianças foram expostas ao vírus selvagem, todas ficaram doentes. Dois deles morreram. Eles abandonaram a vacina. Foi um grande constrangimento para o FDA e o NIH. ”

Será afinal isto verdade? Vou então tentar analisar o suporte científico desta teoria que tanta polémica está a criar!

Anticorpos neutralizantes e anticorpos de ligação

Os coronavírus produzem não apenas um, mas dois tipos diferentes de anticorpos com consequências completamente diferentes no que concerne à proteção contra a Covid-19. Assim os dois tipos de anticorpos produzidos são os seguintes:

Anticorpos de ligação são um perigo!

Em vez de prevenir a infeção viral, os anticorpos de ligação desencadeiam uma resposta imune anormal conhecida como “aumento imunológico paradoxal” ou seja neste caso esta resposta imunológica vai facilitar a entrada do coronavírus e aumentar a gravidade da doença assim que a pessoa vacinada seja exposta ao vírus.

Muitas das vacinas COVID-19 atualmente em execução usam mRNA para instruir as células a produzir a proteína spike SARS-CoV-2 (proteína S). A proteína spike, que se liga ao receptor ACE2 da célula, é o primeiro estágio do processo de dois estágios usado pelos vírus para entrar nas células. A ideia é que, ao criar a proteína spike SARS-CoV-2, o sistema imunológico iniciará a produção de anticorpos, sem ficarmos doentes no processo. A questão principal é no entanto a seguinte:

  • Qual dos dois tipos de anticorpos será produzido por meio desse processo?

Anticorpos neutralizantes, sem eles há doenças mais graves

Ao desenvolver vacinas e considerar passaportes de imunidade, devemos primeiro entender o papel complexo dos anticorpos na SARS, MERS e COVID-19. Existem vários estudos de vacinas contra o coronavírus que levantaram preocupações sobre o ADE.

O primeiro é um estudo de 2017 em PLOS Pathogens, “Enhanced Inflammation in New Zealand White Rabbits When MERS-CoV Reinfection Occurs in the Absence of Neutralizing Antibody”, que investigou se ficar infectado com MERS protegeria o sujeito contra reinfeção, como é tipicamente o caso com muitas doenças virais ou seja, depois de recuperar de uma infeção viral, por exemplo, sarampo, fica imune e não contrairá a doença novamente.

Estudo: Enhanced inflammation in New Zealand white rabbits when MERS-CoV reinfection occurs in the absence of neutralizing antibody

Para determinar como o MERS afeta o sistema imunológico, os pesquisadores infetaram coelhos brancos com o vírus. Os coelhos adoeceram e desenvolveram anticorpos, mas esses anticorpos não eram do tipo neutralizante, ou seja, o tipo de anticorpo que bloqueia a infeção. Como resultado, eles não foram protegidos contra reinfeção e, quando expostos ao MERS pela segunda vez, ficaram doentes novamente, e de forma mais grave.

Na verdade, a reinfeção resultou em aumento da inflamação pulmonar, sem um aumento associado nos títulos de RNA viral, observaram os autores. Curiosamente, anticorpos neutralizantes foram produzidos durante esta segunda infeção, evitando que os animais fossem infetados pela terceira vez. No artigo os autores referem o seguinte:

“Os nossos dados do modelo de coelho sugerem que as pessoas expostas a MERS-CoV que não conseguem desenvolver uma resposta de anticorpos neutralizantes, ou pessoas cujos títulos de anticorpos neutralizantes diminuíram, podem estar em risco de doença pulmonar grave na reexposição a MERS-CoV. ”

Assim, se a vacina não resultar numa resposta robusta em anticorpos neutralizantes, podemos estar em risco de doença pulmonar mais grave se ficarmos infetados com o vírus depois de vacinados.

ADE e Dengue

O vírus da dengue também é conhecido por causar ADE, conforme explicado no jornal Swiss Medical Weekly publicado em abril de 2020.

O Swiss Medical Weekly, que começou a ser publicado em 1871 como “Correspondenz-Blatt für Schweizer Aerzte”, é uma revista médica internacional revista por pares seguindo o modelo de Acesso Aberto de Serviço Público (PSOA, também conhecido como Platinum ou Diamond Open Access).

Artigo da Swiss Medical Weekly: Is antibody-dependent enhancement playing a role in COVID-19 pathogenesis?

No artigo de Abril de 2020, acima referido, pode ler-se que

“Atualmente, acredita-se que a patogénese de COVID-19 prossegue por meio de mecanismos citotóxicos diretos e imunomediados. Um mecanismo adicional que facilita a entrada nas células virais e o dano subsequente pode envolver o chamado aumento dependente de anticorpos (ADE – antibody-dependent enhancement).

ADE é uma cascata de eventos muito conhecida em que os vírus podem infetar células suscetíveis por meio da interação entre complexos de vírions com anticorpos ou componentes do complemento e, respetivamente, Fc ou recetores do complemento, levando à amplificação de sua replicação.

Fonte: Swiss Medical Weekly – Representação esquemática do aumento dependente de anticorpos conforme relatado para o vírus da Dengue (DV). Os vírions são reconhecidos por anticorpos heterotípicos de uma infeção anterior. Os complexos ligam-se então ao preceptor Fcγ na superfície dos macrófagos e internalizam-se. A replicação do vírus da Dengue leva a um aumento da carga viral e a uma mudança funcional dos macrófagos em direção a um perfil secretor de citocinas pró-inflamatórias.

Este fenómeno é de enorme relevância não só para a compreensão da patogénese viral, mas também para o desenvolvimento de estratégias antivirais, nomeadamente vacinas.

Existem quatro serotipos do vírus da dengue, todos induzindo imunidade protetora. No entanto, embora a proteção homotípica seja de longa duração, os anticorpos de neutralização cruzada contra diferentes serotipos têm vida curta e podem durar apenas até 2 anos.

Na dengue, a reinfeção com um serotipo diferente provoca doença mais grave quando o título de anticorpos protetores diminui. Aqui, os anticorpos não neutralizantes assumem os neutralizantes, ligam-se aos vírions da Dengue, e esses complexos medeiam a infeção das células fagocíticas por meio da interação com o receptor Fc, em um ADE típico.

Por outras palavras, os anticorpos heterotípicos em títulos de subneutralização são responsáveis ​​pelo ADE em pessoas infetadas com um serotipo do vírus da Dengue diferente da primeira infeção.

Anticorpos neutralizantes com reatividade cruzada estão associados a chances diminuídas de infeção secundária sintomática, e quanto maior o título de tais anticorpos após a infeção primária, maior será o atraso para a infeção secundária sintomática”.

O artigo prossegue detalhando os resultados das investigações de acompanhamento da vacina contra a dengue, que revelaram que a taxa de hospitalização por dengue entre crianças vacinadas com menos de 9 anos foi maior do que a taxa entre os do grupo control. A explicação para isso parece ser que a vacina mimetizou uma infeção primária e, à medida que a imunidade diminuía, as crianças tornavam-se mais suscetíveis ao ADE quando contactavam o vírus pela segunda vez. O autor explica:

“Uma análise post hoc de ensaios de eficácia, usando um ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA – enzyme-linked immunosorbent assay) anti proteína não estrutural 1 imunoglobulina G (IgG) para distinguir os anticorpos desencadeados pela infeção de tipo selvagem daqueles após a vacinação, mostrou que a vacina foi capaz de proteger contra dengue grave aqueles que foram expostos à infeção natural antes da vacinação, e que o risco de resultado clínico grave foi aumentado entre as pessoas seronegativas.

Com base nisso, um Grupo Consultor Estratégico de Especialistas convocado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que apenas pessoas seropositivas para dengue devem ser vacinadas sempre que programas de controle da dengue incluam vacinação. ”

ADE em infeções por coronavírus

Isto pode ser importante para a vacina COVID-19. Hipoteticamente falando, se o SARS-CoV-2 funcionar como a dengue, que também é causada por um vírus de RNA, então qualquer pessoa que não tenha testado positivo para SARS-CoV-2 pode realmente ter um risco aumentado de COVID-19 grave após a vacinação, e apenas aqueles que já recuperaram de um episódio clínico de COVID-19 estariam protegidos contra doenças graves pela vacina.

Para ser claro, não sabemos se esse é o caso ou não, mas essas são áreas importantes de investigação e os testes de vacinas atuais simplesmente não serão capazes de responder a essa pergunta importante.

O jornal Swiss Medical Weekly também analisa as evidências de ADE em infeções por coronavírus, citando pesquisas que mostram que a inoculação de gatos contra o vírus da peritonite infeciosa felina (FIPV) – um coronavírus felino – aumenta a gravidade da doença quando desafiado com o mesmo serotipo FIPV contido na vacina.

O artigo também cita uma pesquisa que mostra “Os anticorpos produzidos por uma vacina contra SARS-CoV potenciam a infeção de linhas de células B, apesar das respostas protetoras no modelo de hamster”. Outro artigo, “Antibody-Dependent SARS Coronavirus Infection Is Mediated by Antibodies Against Spike Proteins”, publicado em 2014, concluiu que:

“… Concentrações mais altas de anti-soros contra SARS-CoV neutralizaram a infeção por SARS-CoV, enquanto anti-soros altamente diluídos aumentaram significativamente a infecção por SARS-CoV e induziram níveis mais altos de apoptose.

Os resultados dos ensaios de infecciosidade indicam que o SARS-CoV ADE é principalmente mediado por anticorpos diluídos contra proteínas da espícula (spike) do envelope, em vez de proteínas do nucleocapsídeo. Também geramos anticorpos monoclonais contra proteínas spike SARS-CoV e observamos que a maioria deles promoveu infecção por SARS-CoV.

Combinados, os resultados sugerem que os anticorpos contra as proteínas da espícula do SARS-CoV podem desencadear efeitos ADE. Os dados levantam novas questões sobre uma potencial vacina contra SARS-CoV … ”

Um estudo relacionado com este tema foi publicado na revista JCI Insight em 2019. Aqui, macacos vacinados com um vírus vaccinia Ankara (MVA) modificado que codifica a proteína da espícula SARS-CoV de comprimento total acabaram com patologia pulmonar mais grave quando os animais foram expostos para o vírus SARS. E, quando eles transferiram anticorpos IgG anti-espícula para macacos não vacinados, eles desenvolveram dano alveolar difuso agudo, provavelmente por “distorcer a resposta inflamatória”.

Estudo da revista JCI Insight: Anti–spike IgG causes severe acute lung injury by skewing macrophage responses during acute SARS-CoV infection

Vacina SARS piora a infeção

Um artigo interessante de 2012 com o título revelador, “A imunização com vacinas contra o coronavírus da SARS leva à imunopatologia pulmonar no desafio com o vírus da SARS”, demonstra o que muitos pesquisadores temem agora, ou seja, que as vacinas COVID-19 podem tornar as pessoas mais propensas a grave Infecção SARS-CoV-2.

Artigo publicado em 2012: Immunization with SARS Coronavirus Vaccines Leads to Pulmonary Immunopathology on Challenge with the
SARS Virus

O artigo revisa as experiências que mostram a imunização com uma variedade de vacinas da SARS, resultando em imunopatologia pulmonar, uma vez desafiada com o vírus da SARS. Conforme observado pelos autores:

“As vacinas de vírus inteiros inativadas, quer inativadas com formalina ou beta propiolactona e administradas com ou sem adjuvante de alúmen, exibiram uma imunopatologia do tipo Th2 nos pulmões após contacto com o vírus.

Conforme indicado, dois relatórios atribuíram a imunopatologia à presença da proteína N na vacina; no entanto, encontramos a mesma reação imunopatológica em animais que receberam apenas a vacina de proteína S, embora parecesse ser de menor intensidade.

Assim, uma reação imunopatológica em animais vacinados do tipo Th2 após contacto com o vírus ocorreu em três dos quatro modelos animais (não em hamsters) incluindo duas estirpes diferentes de ratos consanguíneos com quatro tipos diferentes de vacinas SARS-CoV com e sem adjuvante de alúmen. Não foi reportada nenhuma vacina inativada que não induza esse resultado em ratos, furões e primatas não humanos.

Esta experiência combinada fornece preocupação para os ensaios com vacinas SARS-CoV em humanos. Os ensaios clínicos com vacinas de coronavírus SARS foram conduzidos e relatados para induzir respostas de anticorpos e ser “seguros”. No entanto, a evidência de segurança é para um curto período de observação.

A preocupação decorrente do presente relatório é para uma reação imunopatológica que ocorre entre indivíduos vacinados e depois expostos ao SARS-CoV infecioso, a base para o desenvolvimento de uma vacina para SARS. Questões de segurança adicionais estão relacionadas à eficácia e segurança contra variantes antigénicas de SARS-CoV e para a segurança de pessoas vacinadas expostas a outros coronavírus, particularmente aqueles do grupo tipo 2. ”

Idosos são mais vulneráveis a ADE

Além de todas estas preocupações, há evidências que mostram que os idosos, que são mais vulneráveis à COVID-19 grave, também são os mais vulneráveis a ADE. Resultados de pesquisas preliminares postados no servidor de pré-impressão medRxiv no final de março de 2020 relataram que os pacientes COVID-19 de meia-idade e idosos têm níveis muito mais altos de anticorpos anti-espícula (aumentam a infectividade), do que os pacientes mais jovens.

Artigo do medRxiv: Neutralizing antibody responses to SARS-CoV-2 in a COVID-19 recovered patient cohort and their implications

Reforço imunológico da doença é uma séria preocupação

Outro artigo que vale a pena mencionar é a mini revisão de maio de 2020 “Impacto do Aumento Imunológico na Terapia Hiperimune de Globulina Policlonal COVID-19 e no Desenvolvimento de Vacinas”.

Artigo de maio 2020: Impact of immune enhancement on Covid-19 polyclonal hyperimmune globulin therapy and vaccine development

Como em muitos outros artigos, os autores apontam que:

“Embora o desenvolvimento da terapia com globulina hiperimune e da vacina contra a SARS-CoV-2 sejam promissores, ambos representam uma preocupação teórica comum de segurança. Estudos experimentais sugeriram a possibilidade de doença imunologicamente potenciada de infeções por SARS-CoV e MERS-CoV, o que pode, portanto, ocorrer de forma semelhante com infecção por SARS-CoV-2.

O reforço imunológico da doença pode, teoricamente, ocorrer de duas maneiras:

Em primeiro lugar, os níveis de anticorpos não neutralizantes ou subneutralizantes podem aumentar a infecção por SARS-CoV-2 nas células-alvo.

Em segundo lugar, os anticorpos podem aumentar a inflamação e, portanto, a gravidade da doença pulmonar. Uma visão geral dessas infecções dependentes de anticorpos e efeitos de intensificação da imunopatologia estão resumidos na figura seguinte.

Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7161485/. Mecanismo de ADE e imunopatologia mediada por anticorpos.

ADE

Para ADE, a internalização de imunocomplexos é mediada pela ligação de receptores Fc ativadores na superfície celular. A co-ligação de receptores inibitórios resulta então na inibição das respostas antivirais, o que leva ao aumento da replicação viral.

Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7161485/. Mecanismo de ADE e imunopatologia mediada por anticorpos.

Imunopatologia

Os anticorpos podem causar imunopatologia pela ativação da via do complemento ou citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC). Para ambas as vias, a ativação imune excessiva resulta na libertação de citocinas e quimiocinas, levando ao aumento da patologia da doença.

Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7161485/. Mecanismo de ADE e imunopatologia mediada por anticorpos.

Atualmente, existem vários candidatos às vacinas SARS-CoV e MERS-CoV em ensaios clínicos pré-clínicos ou em fase inicial. Estudos em animais sobre esses CoVs mostraram que as vacinas baseadas em proteína spike (S), especificamente o domínio de ligação ao recetor (RBD – Receptor Binding Domain), são altamente imunogénicas e protetoras contra a exposição a CoV de tipo selvagem.

Vacinas que visam outras partes do vírus, como o nucleocapsídeo, sem a proteína S, não mostraram proteção contra a infecção por CoV e aumento da patologia pulmonar. No entanto, a imunização com algumas vacinas CoV baseadas na proteína S também exibiu sinais de patologia pulmonar aumentada após contacto com o vírus.

Portanto, além da escolha do antígeno alvo, a eficácia da vacina e o risco de imunopatologia podem ser dependentes de outros fatores auxiliares, incluindo formulação adjuvante, idade na vacinação e via de imunização.”

Imunopatologia Th2 letal é outro risco potencial

Num artigo da PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of USA) sobre o risco de aumento e disfunção imunológica induzida pela vacina, particularmente para os idosos, que são as pessoas que mais precisariam da proteção que uma vacina, os autores descrevem que desde a década de 1960, testes de vacinas candidatas a doenças como dengue, vírus sincicial respiratório (RSV) e síndrome respiratória aguda grave (SARS) mostraram o seguinte fenómeno paradoxal:

  • Alguns animais ou pessoas que receberam a vacina e foram posteriormente expostos ao vírus desenvolveram doença mais grave do que aqueles que não haviam sido vacinados. O sistema imunológico preparado com a vacina, em certos casos, parecia lançar uma resposta de má qualidade à infeção natural.

Esse retrocesso do sistema imunológico, ou o chamado reforço do sistema imunológico, pode manifestar-se de diferentes maneiras, como:

  • Aumento dependente de anticorpos (ADE), um processo no qual um vírus potencializa anticorpos para ajudar na infeção;
  • Reforço baseado em células, uma categoria que inclui inflamação alérgica causada por imunopatologia Th2. Em alguns casos, os processos de reforço imunológico podem-se sobrepor.

Alguns pesquisadores argumentam que, embora o ADE tenha recebido mais atenção até ao momento, é menos provável que cause uma resposta desregulada na COVID-19 que as outras vias de reforço imunológico, dado o que se sabe sobre a epidemiologia do vírus e do seu comportamento em humanos corpo, nomeadamente o facto de infetar células epiteliais do trato respiratório e não os macrófagos (células imunitárias fagocitárias) onde o fenómeno ADE se desenvolve de forma mais perigosa.

‘Há potencial para ADE, mas o maior problema é provavelmente a imunopatologia Th2’, diz Ralph Baric, epidemiologista e especialista em coronavírus, na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Em estudos anteriores de SARS, descobriu-se que ratos idosos apresentam riscos particularmente elevados de imunopatologia Th2 com risco de vida, em que uma resposta de células T defeituosa desencadeia inflamação alérgica e anticorpos pouco funcionais que formam complexos imunes, ativando o sistema complemento danificando as vias respiratórias. ”

Concluindo

Neste artigo tentei descrever a verdade sobre os efeitos colaterais das vacinas covid-19. Apesar da polémica continuo a apoiar a vacinação pois apanhar a doença pode ser um risco muito maior do que apanhar a vacina. Quanto aos polémicos efeitos colaterais mais graves, como a ADE e imunopatologia Th2, vamos necessitar de mais tempo para descobrir toda a verdade sobre estes fenómenos perigosos que agravam a doença em algumas pessoas, quando estes contactam com o vírus depois de vacinados. Mesmo sem certezas e estando preocupado com estas informações a vacina contra a Covid-19 será um risco/benefício que vou assumir e fazer “figas” para que o meu organismo possa produzir anticorpos neutralizantes de imunoglobulina G (IgG) de qualidade e em quantidade suficiente para a minha proteção.

Referências