Arquivo de etiquetas: Homepage

OMICRON (B.1.1.529) NOVA VARIANTE DE PREOCUPAÇÃO SARS-COV-2


O Grupo de Aconselhamento Técnico sobre a evolução do vírus SARS-CoV-2 (TAG-VE) é um grupo independente de especialistas que monitoriza periodicamente a evolução do SARS-CoV-2 e avalia se as mutações específicas e combinações de mutações alteram o comportamento do vírus. O TAG-VE foi convocado em 26 de novembro de 2021 para avaliar a nova variante Omicron do SARS-CoV-2 também denominada B.1.1.529 e que apresenta o maior número de mutações até agora descobertas. Será que a imunidade natural resiste de forma aceitável a esta nova variante?

A Omicron ou variante B.1.1.529 foi relatada pela primeira vez à Organização Mundial de Saúde (OMS) da África do Sul em 24 de novembro de 2021. A situação epidemiológica na África do Sul foi caracterizada por três picos distintos nos casos relatados, o último dos quais foi predominantemente a variante Delta. Nas últimas semanas, as infeções aumentaram abruptamente, coincidindo com a deteção da variante B.1.1.529. A primeira infeção B.1.1.529 confirmada conhecida foi de uma amostra coletada em 9 de novembro de 2021.

Esta variante apresenta um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes. A evidência preliminar sugere um risco aumentado de reinfeção com esta variante, em comparação com outras variantes de preocupação (VOCs – Variants of Concern). O número de casos desta variante parece estar a aumentar em quase todas as províncias da África do Sul. Os diagnósticos de PCR atuais do SARS-CoV-2 continuam a detetar essa variante.

Vários laboratórios indicaram que para um teste de PCR amplamente usado, um dos três genes-alvo não é detetado (chamado de perda do gene S ou falha do gene S) e este teste pode, portanto, ser usado como marcador para esta variante, enquanto a confirmação do sequenciamento é pendente. Usando essa abordagem, essa variante foi detetada em taxas mais rápidas do que surtos anteriores de infeção, sugerindo que essa variante pode ter uma vantagem de crescimento.

Há uma série de estudos em andamento e o TAG-VE continuará a avaliar esta variante Omicron. A OMS comunicará as novas descobertas aos Estados Membros e ao público, conforme necessário, de forma a facilitar decisões publicas sobre imunidade natural versus vacinação.

Com base nas evidências apresentadas indicativas de uma alteração prejudicial na epidemiologia do COVID-19, o TAG-VE informou a OMS que esta variante deveria ser designada como variante de preocupação (VOC) – Variant of Concern) e a OMS designou a B.1.1.529 como VOC, denominando-a Omicron.

Como tal, os países são solicitados a fazer o seguinte:

  • Melhorar a vigilância e os esforços de sequenciamento para compreender melhor as variantes circulantes do SARS-CoV-2.
  • Enviar sequências completas do genoma e metadados associados a um banco de dados disponível publicamente, como o GISAID.
  • Relatar casos / grupos iniciais associados à infeção por VOC à OMS por meio do mecanismo de RSI.
  • Onde houver capacidade e em coordenação com a comunidade internacional, realizar investigações de campo e avaliações laboratoriais para melhorar a compreensão dos impactos potenciais do COV na epidemiologia, gravidade, eficácia da saúde pública e medidas sociais, métodos de diagnóstico, respostas imunes, anticorpos de neutralização ou outras características relevantes.
  • Os indivíduos são lembrados de tomar medidas para reduzir o risco de COVID-19, incluindo medidas sociais e de saúde pública comprovadas, como uso de máscaras bem ajustadas, higiene das mãos, distanciamento físico, melhoria da ventilação de espaços internos, evitando espaços lotados e sendo vacinados.

Para referência, a OMS tem definições de trabalho para SARS-CoV-2, a saber:

  • Variante de Interesse (VOI);
  • Variante de Preocupação (VOC).

VOI ou variante de interesse

Para ser considerada uma variante de interesse tem de apresentar as seguintes características:

  • Alterações genéticas que são previstas ou conhecidas por afetar as características do vírus, como transmissibilidade, gravidade da doença, escape imunológico, escape diagnóstico ou terapêutico;
  • Identificada como causadora de transmissão significativa na comunidade ou múltiplos clusters COVID-19, em vários países com prevalência relativa crescente juntamente com o aumento do número de casos ao longo do tempo, ou outros impactos epidemiológicos aparentes para sugerir um risco emergente para a saúde pública global.

VOC ou variante de preocupação

SARS-CoV-2 VOC é uma variante SARS-CoV-2 que atende à definição de um VOI (ver acima) e, por meio de uma avaliação comparativa, demonstrou estar associado a uma ou mais das seguintes alterações em um determinado grau de importância para a saúde pública global:

  • Aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da COVID-19; ou
  • Aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença; ou
  • Diminuição da eficácia da saúde pública e medidas sociais ou diagnósticos, vacinas, terapêuticas disponíveis

Imunidade natural ou vacina, a polémica!

Principalmente na pandemia de SARS-CoV-2, existe uma grande polémica instalada entre os “fanáticos” apoiantes da imunidade natural, portanto sem recurso a vacinas, e os “religiosos” apoiantes da vacinação. De facto ambos os “clubes” têm algumas razões com suporte científico para apoiar a sua causa. Eu pessoalmente não pertenço a nenhum desses “clubes” nem a outros que sofram de uma certa “cegueira científica”.

A ciência tem feito o seu trabalho e os números e a a matemática fazem o resto, só não vê quem não quer.

Assim obviamente os números e a ciência, neste momento apoiam fortemente a vacinação da população simplesmente porque, em percentagem, morrem muito menos pessoas nos grupos vacinados do que nos não vacinados.

Esta realidade no entanto não pode esconder que as vacinas são medicamentos com potenciais efeitos adversos e até fatais em alguns casos mas apanhar a doença Covid-19 ainda continua a ser um risco bem maior!

Leia também aqui: Vacinas Covid-19 efeitos colaterais, toda a verdade!

Acresce que a mais recente investigação tem provado que os mais resistentes á Covid-19 são agora os que já tiveram Covid e apanharam uma dose da vacina ou seja têm uma imunidade melhor do que quem apanhou 2 doses da vacina e nunca apanhou Covid-19. Este facto suporta a teoria que a melhor imunidade se consegue com um misto dos dois “clubes” ou seja alguma exposição ao vírus (imunidade natural) mas com reforço de vacinação.

A vacinação não prejudica a imunidade natural e esta obviamente seria a desejada para todos mas convém lembrar os “naturalistas” que só ficam imunes se o vírus não os matar antes, quer seja diretamente por doença causada pelo vírus ou à espera de assistência hospitalar para qualquer outra doença grave, durante um período de rutura dos serviços de saúde onde correrá o risco e não ser assistido a tempo de se salvar! Convém não ter a memória curta e ainda não passaram muitos meses sobre esta realidade a que todos assistimos de forma traumática!

Leia aqui também: Quais as mutações mais preocupantes do SARS-CoV-2 e qual a sua perigosa função?

Hipotensão ou tensão baixa toda a verdade!

Hipotensão arterial ou pressão arterial baixa, quais os sintomas? Se os valores estiverem baixos devo preocupar-me? Quais as causas e os perigos que podem ser fatais? Qual o melhor tratamento?

Hipotensão arterial o que é?

Hipotensão arterial é uma diminuição dos valores da pressão arterial, acompanhada de sintomas decorrentes desta queda, tais como:

  • Tonturas ou perda de equilíbrio,
  • Desmaios,
  • Confusão mental,
  • Alterações visuais.

Como o risco de derrame cerebral e enfarte agudo do miocárdio é contínuo com a pressão arterial elevada, um valor baixo de pressão na ausência de sintomas, não só é normal, como é desejado.

  • Se uma pessoa tem pressão arterial de 90/60 mmHg, sem ter sintomas, isto não é hipotensão arterial, embora seja mais provável que apresente alguns sintomas de hipotensão.
  • Se uma pessoa tem tonturas quando a pressão cai a 110/65 e não tem quando a pressão é mais alta, isto é hipotensão arterial.

Devemos prestar muita atenção, pois em alguns casos os sintomas de hipotensão ou hipertensão arterial podem confundir-se, levando o paciente a fazer uma autoavaliação errada e ás vezes automedicar-se sem ter medido a pressão arterial para confirmar os valores.

Leia também: Hipertensão todas as respostas essenciais e surpreendentes que desconhece!

Sintomas de hipotensão

Os sinais e sintomas que se relacionam com a pressão arterial (PA) baixa incluem:

• Tonturas
• Desmaio
• Sensação de desequilíbrio
• Visão turva
• Palpitações
• Confusão mental
• Fadiga
• Dificuldade de concentração
• Pele fria e pálida
• Náuseas

Se experimentar algum destes sintomas, a pressão arterial baixa pode ter uma causa subjacente, pelo que é importante que seja observado pelo seu Médico.


Causas da pressão arterial baixa

A pressão arterial pode diminuir por várias razões:
Diminuição do volume sanguíneo – pode ocorrer como resultado de uma hemorragia abundante ou desidratação;

Medicação – alguns tipos de medicação podem baixar a pressão arterial, incluindo os diuréticos e outros anti hipertensores, alguns antidepressivos, medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson, entre outros;

Patologias graves – tais como o choque séptico (infeção grave) ou anafilático (reação alérgica) provocam um declínio importante da pressão arterial, que pode colocar a vida em risco;

Problemas cardíacos – algumas condições como a insuficiência cardíaca, o enfarte agudo do miocárdio, a bradicardia (frequência cardíaca baixa) e doenças das válvulas cardíacas, podem conduzir a uma diminuição da pressão arterial;

Problemas endocrinológicos – alguns problemas hormonais como o hipotiroidismo e a insuficiência supra-renal podem causar diminuição da pressão arterial;

Hipotensão neurologicamente mediada – esta condição relaciona-se com um problema de comunicação entre o coração e o cérebro, e ocorre após um longo período em pé;

Problemas neurológicos – a pressão arterial pode diminuir se houver algum problema com o sistema neurológico autonómico (parte do sistema nervoso que controla funções como a respiração, circulação do sangue e digestão);

Repouso prolongado na cama.

Hipotensão ortostática ou postural

É a queda da pressão arterial resultante da mudança da posição de sentado ou deitado, para a posição de pé. Os sintomas resultantes são transitórios, durando habitualmente alguns segundos, enquanto a pressão arterial se ajusta à nova posição.

Tratamento

O tratamento da hipotensão passa essencialmente  por diagnosticar e tratar a causa da hipotensão pois, regra geral, não se aconselha  nenhum medicamento para aumentar a pressão arterial porque o risco de aumentar demais a pressão arterial pode ser fatal!

Assim as medidas mais usuais para mitigar uma hipotensão são as seguintes:

  • Deitar e descansar se necessário co as pernas elevadas;
  • Levantar-se gradualmente sem movimentos bruscos;
  • Evitar longos períodos de pé;
  • Manter uma boa hidratação;
  • Tomar a medicação nas doses corretas e ás horas certas;

Concluindo

A hipotensão ou pressão arterial baixa pode não ser grave se não houver sintomas ou se a sua causa for conhecida e corrigida como por exemplo quando se toma medicamentos para a tensão alta ou com uma dosagem demasiado elevada bastando corrigir a essa dosagem, embora por vezes não se consiga à primeira tentativa. É muito importante que descreva todos os sintomas ao seu médico para que seja mais fácil um diagnóstico correto e atempado da causa subjacente à hipotensão. Nos casos mais graves então é que não se deve mesmo desvalorizar os sintomas de hipotensão porque podem ser um alerta para condições médicas que requerem intervenção urgente algumas das quais com risco de vida como infeções graves ou choque anafilático!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Por favor PARTILHE ESTE ARTIGO, proteja e ajude a melhorar a saúde dos que lhe são mais próximos!

Referências bibliográficas:

melhorsaude.org melhor blog de saude

MOLNUPIRAVIR COMPRIMIDO DA MERCK PARA A COVID 19

Molnupiravir é um comprimido antiviral experimental desenvolvido pela Merck & Co que pode reduzir para metade as probabilidades de morrer ou ser hospitalizado para aqueles com maior risco de contrair COVID-19 grave, de acordo com dados que os especialistas saudaram como um avanço potencial na forma como o vírus é tratado.

Se obtiver autorização da FDA, o molnupiravir, que se destina a introduzir erros no código genético do vírus, seria o primeiro medicamento antiviral oral para a COVID-19.

A Merck e o parceiro Ridgeback Biotherapeutics disseram que acreditam conseguir autorização de uso de emergência nos EUA para o medicamento o mais rápido possível e fazer aplicações regulatórias em todo o mundo.

Tratamentos atuais

As opções de tratamento atuais aprovadas, quando os doentes estão já em internamento,  são as seguintes:

  • Remdesivir – da Gilead Sciences que é um antiviral aplicado por infusão venosa;
  • Dexametasona – que é um esteróide genérico.

Mecanismo de ação do Molnupiravir

O Molnupiravir não atua na proteína espícula (spike) do vírus mas inibe a enzima RNA polymerase que é essencial para o vírus se multiplicar, causando defeitos genéticos no vírus que o tornam inviável.

Os resultados do ensaio de Fase III foram tão positivos que o estudo foi interrompido precocemente por recomendação de monitores externos.

A Pfizer e a farmacêutica suíça Roche também estão a tentar desenvolver um comprimido antiviral fácil de administrar para COVID-19. Por enquanto, apenas as misturas de anticorpos que precisam de ser administrados por via intravenosa são aprovados para pacientes não hospitalizados.

Estudo foi interrompido

Uma análise provisória de 775 pacientes no estudo da Merck analisou hospitalizações ou mortes entre pessoas em risco de doença grave. A análise revelou que 7,3% daqueles que receberam molnupiravir duas vezes ao dia durante cinco dias foram hospitalizados e nenhum morreu 29 dias após o tratamento. Isso em comparação com uma taxa de hospitalização de 14,1% para pacientes que receberam placebo. Também houve oito mortes no grupo do placebo.

O estudo envolveu pacientes com COVID-19 leve a moderado confirmado em laboratório, que apresentaram sintomas por não mais do que cinco dias. Todos os pacientes tinham pelo menos um fator de risco associado ao desfecho mau da doença, como obesidade ou idade avançada.

Eficácia

A Merck seguiu um estudo detalhado do inibidor da polimerase em furões, visto que furões e membros relacionados do gênero doninha podem transmitir vírus de forma assintomática, semelhante à disseminação humana de vírus. Os pesquisadores descobriram que essa droga não apenas impede que grupos de animais próximos fiquem tão doentes, mas também reduz a transmissão do vírus. A figura abaixo demonstra a duração do estudo do furão e o agrupamento do teste. Esses resultados podem muito bem ser replicados em testes em humanos, quando os dados forem divulgados.

Em estudos com animais, medicamentos da mesma classe do molnupiravir foram associados a defeitos congênitos. A Merck disse que estudos semelhantes com o molnupiravir, por mais tempo e em doses mais altas do que o usado em humanos, indicam que a droga não afeta o DNA de mamíferos.

A Merck disse que o sequenciamento viral feito até agora mostra que o molnupiravir é eficaz contra todas as variantes do coronavírus, incluindo a Delta, altamente transmissível, que gerou o recente aumento mundial de hospitalizações e mortes.

Reações adversas

As taxas de reações adversas foram semelhantes para pacientes com molnupiravir e placebo, mas não deu detalhes.

A Merck disse que os dados mostram que o molnupiravir não é capaz de induzir mudanças genéticas nas células humanas, mas os homens inscritos em seus testes tiveram que se abster de relações heterossexuais ou concordar em usar anticoncepcionais. As mulheres em idade fértil que participaram no estudo também precisavam de usar métodos anticoncepcionais.

FDA aprovou mas com 10 votos contra

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA autorizou no final de dezembro de 2021, o comprimido da Merck, molnupiravir, para tratar a variante Omicron.

Embora o antiviral da Pfizer chamado PAXLOVID, possa mostrar mais eficácia e o comprimido da Merck tenha deixado alguns cientistas a questionar os perigos por trás de seu mecanismo de ação, o molnupiravir será outra arma no arsenal de tratamentos COVID-19 para os EUA num momento de necessidade, quando dois tratamentos com anticorpos monoclonais (mAb) da Regeneron e Eli Lilly deixaram de ser eficazes contra o a variante Omicron e, como o fornecimento de um terceiro mAb da Vir / GlaxoSmithKline, é muito limitado.

Os suprimentos do comprimido da Merck não serão tão limitados, já que os EUA podem ter cerca de 400.000 tratamentos de molnupiravir disponíveis nos próximos dias e, até o final de janeiro de 2022, o governo dos EUA espera ter cerca de 3 milhões de tratamentos, que é toda a encomenda que os EUA fizeram.

A preocupação com o monupiravir é que funciona inibindo a replicação do SARS-CoV-2 por meio da mutagénese viral, e alguns cientistas levantaram sérias reservas sobre esse mecanismo de ação.

O Comité Consultivo de Drogas Antimicrobianas da FDA votou por 13 contra 10 no mês passado a favor dos benefícios da pílula superando os riscos para adultos dentro de 5 dias de desenvolver sintomas de COVID-19.

“Os membros do comité que votaram ‘Não’ citaram o seguinte como razões para concluir que a relação risco-benefício geral era desfavorável:

  • Alto número necessário para tratar em comparação com o placebo;
  • Eficácia incerta contra a variante Delta;
  • Potencial para conduzir mutações virais;
  • Riscos de mutagenicidade ”, de acordo com um resumo da reunião.

A Merck deve fornecer relatórios ao FDA mensalmente, resumindo todas as descobertas como resultado das suas atividades de monitorização de bancos de dados genómicos para o surgimento de variantes virais globais.

Como parte da autorização de dezembro de 2021, o FDA deixou claro que deve ser fornecido para aqueles “para os quais as opções alternativas de tratamento COVID-19 autorizadas pela FDA não são acessíveis ou clinicamente adequadas”, o que significa que se o comprimido da Pfizer estiver disponível, essa pode ser uma opção melhor .

“Não acho que você encontraria alguém que preferisse o comprimido da Merck à da Pfizer, perante os dados evidentes até agora”, disse Walid Gellad, professor de medicina da Universidade de Pittsburgh, ao Endpoints News anteriormente.

Como parte da autorização de uso de emergência, a FDA disse que a Merck tem que “conduzir uma investigação completa sobre as diferenças de eficácia observadas na primeira e na segunda metade” do seu ensaio principal. Os palestrantes do adcomm em novembro de 2021, centraram o seu questionamento na causa dessa queda na prevenção de hospitalizações e mortes, de 50% a 30% entre os resultados provisórios e finais. A Merck e a FDA ofereceram alguns detalhes na reunião sobre o motivo pelo qual a eficácia diminuiu.

Ao contrário do comprimido da Pfizer, o FDA também alertou que o molnupiravir não é recomendado para uso durante a gravidez, pois com base nos resultados de estudos de reprodução animal, o molnupiravir pode causar danos fetais.

A Merck deve manter um programa de vigilância de gravidez para coletar informações sobrepessoas expostas ao molnupiravir durante a gravidez. O FDA também disse que indivíduos sexualmente ativos com parceiros com potencial para engravidar são aconselhados a usar métodos anticoncepcionais durante o tratamento com molnupiravir e por pelo menos 3 meses após a última dose.

O molnupiravir também não está autorizado para uso em pacientes com menos de 18 anos de idade ou para uso por mais de 5 dias consecutivos. O tratamento é administrado com quatro cápsulas de 200 miligramas por via oral a cada 12 horas durante 5 dias, fazendo um total de 40 cápsulas por tratamento.

Produção e preço

Segundo  Robert Davis, CEO da Merck, a farmacêutica americana espera produzir 10 milhões de tratamentos até final de 2021. A empresa tem um contrato com o governo dos Estados Unidos para fornecer 1,7 milhão tratamentos de molnupiravir a um preço de US $ 700 por tratamento.

A Merck tem acordos semelhantes com outros governos e está em negociações com mais. A Merck disse que planeia uma abordagem de preços diferenciados com base nos critérios de rendimento do país.

Assim a Merck concordou em licenciar o medicamento para vários fabricantes de medicamentos genéricos sediados na Índia, que seriam capazes de fornecer o tratamento para países mais pobres de baixo e médio rendimento.

O molnupiravir também está a ser estudado num ensaio de Fase III para prevenir a infeção em pessoas expostas ao coronavírus.

Referências:

14 COISAS INTERESSANTES QUE FAZEM ENGORDAR DIZEM OS CIENTISTAS!

Engordar e quais as 14 coisas, hábitos, condições de saúde, profissões, países e até anos de nascimento que os cientistas afirmam fazer engordar? Algumas são interessantes e surpreendentes! Antes demais ensinamos a calcular o excesso de peso e descrevemos tudo o que há a saber sobre o  Índice de Massa Corporal (IMC). Sabia que existem tabelas diferentes para adultos, crianças (meninos e meninas) e idosos? Se já sabe isto tudo passe à frente e desça até ao que lhe interessa.

Introdução

Quando pensamos nas festas de Aniversário, Natal, Fim de Ano , etc…muitos de nós terão o gosto de algumas delícias a rondar pelo paladar, mas na sua cabeça cresce a vontade de fazer algo para apagar, na medida do possível, a marca que deixaram na balança. Por exemplo em média na quadra de Natal e Fim de Ano ganham-se entre 2 a 4 “kilinhos”!

Alguns “sortudos” terão conseguido não engordar nem um grama… que raiva 🙂 ! Seja qual for o seu balanço, se tens uns quilos a mais deves fazer nova tentativa para ficar elegante… OK… menos “cheiinho” já não é mau 🙂 

Existem dezenas de dietas para emagrecer, algumas com uma sólida base científica, mas por si só não garantem a vitória, já que, como advertem os especialistas, vivemos numa “sociedade obesa”, na qual inúmeros fatores concorrem para engrossar o caldo dos adipócitos (células de gordura).

No entanto há muitas coisas aparentemente banais que interferem com o seu peso. Algumas não dependem de si controlar porque são inerentes à essência orgânica de cada um ou seja à sua genética mas é de extrema importância que esteja informado do quanto podem interferir na sua “luta” para um equilíbrio mais saudável. Outras, e são várias, estão perfeitamente ao seu alcance controlar mas, embora pareçam banais, muitas vezes são hábitos instalados difíceis de contrariar.

Uma coisa é certa, saber do que se trata é meio caminho andado para conseguir uma “vitória”. O que descrevo de seguida está cientificamente provado e faço questão de disponibilizar os links para os locais de investigação em causa.

Excesso de peso

Como se avalia o excesso de peso? Avaliar corretamente o excesso de peso em função de fatores decisivos como a altura e o sexo é essencial para sabermos a verdadeira dimensão do problema, nomeadamente começando por calcular o índice de massa corporal (IMC).

Índice de Massa Corporal (IMC)

O índice de massa corporal, mais conhecido pela sigla IMC, é um índice adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que é usado para o diagnóstico do excesso de peso e da obesidade.

O IMC pode ser facilmente calculado a partir de dois simples dados:

  • Peso
  • Altura

O índice de massa corporal é um relevante indicador de saúde, alicerçado em vários estudos, que comprovam que, em geral, quanto maior for o IMC de um indivíduo, mais elevado é o risco de morte precoce, principalmente por doenças cardiovasculares. O IMC é um índice válido para identificar o excesso ou défice de peso em qualquer pessoa a partir dos 2 anos de idade.

Podemos confiar nos resultados?

Os seus resultados são bastante fiáveis, mas a sua principal falha é o facto de poder superestimar a quantidade de gordura em pessoas que tenham muito peso devido a uma grande massa muscular, como nos casos de atletas de alto rendimento e culturistas.

IMC nas mulheres grávidas

É importante destacar também que os resultados do IMC não têm validade nas mulheres grávidas, já que estas, além do peso do bebê, também apresentam grande retenção de líquidos.

[rad_rapidology_locked optin_id=optin_2][/rad_rapidology_locked]

IMC como se calcula?

A formula de calculo do IMC é a seguinte:

Cálculo do IMC = peso (quilos) ÷ altura² (metros)

Por exemplo, para calcular o IMC de uma pessoa de 80 kg, que meça 1,60m, os cálculos são os seguintes:

IMC = 80 ÷ 1,6²
IMC = 80 ÷ 2,56
IMC = 31,25 kg/m²

Tabela do IMC

Na tabela seguinte descrevo os diversos graus de peso em função do IMC desde a obesidade mórbida até ao baixo peso muito grave.

Grau de pesoIMC (Kg/m2)
Obesidade grau III (mórbida)> 40
Obesidade grau II35 – 39,99
Obesidade grau I30 – 34,99
Excesso de peso25 – 29,99
Peso normal18,50 – 24,99
Baixo peso17 – 18,49
Baixo peso grave16 – 16,99
Baixo peso muito grave< 16

O objetivo a alcançar é um IMC na faixa normal, entre 18,50 e 24,99 kg/m².

Valores acima ou abaixo desta faixa estão associados a um maior risco de doenças. Quanto mais afastado da faixa de IMC ideal você estiver, seja para mais ou para menos, maior é o risco de você desenvolver problemas de saúde. Os valores de IMC fornecidos acima são para a população adulta, entre 20 e 65 anos. O cálculo do IMC para idosos, crianças e adolescentes é feito por tabelas diferentes.

IMC tabela de adultos
Tabela de IMC dos adultos dos 20 aos 65 anos

IMC nos idosos

Os idosos têm menos massa muscular que os adultos jovens e, por isso, o cálculo do IMC não costuma ter na população mais idosa o mesmo significado que no resto da população adulta. Enquanto nos adultos um IMC acima de 25 kg/m² está claramente associado a um aumento na incidência de doenças e a um maior risco de morte precoce, nos idosos isso não parece ser verdade.

Há cada vez mais estudos que mostram que os valores de peso ideal sugeridos pelo IMC não se ajustam à população idosa. Por isso, foi proposta uma nova tabela de IMC, concebida especialmente para a população com mais de 65 anos. A forma de calcular o IMC é exatamente igual, porém, os resultados devem ser interpretados da seguinte forma:

Mulheres acima de 65 anos

De seguida descrevo a tabela de IMC para mulheres acima dos 65 anos.

Grau de pesoIMC (Kg/m2)
Baixo peso< 21,9
Peso normal 22 – 27
Excesso de peso27,1 – 32
Obesidade grau I32,1 – 37
Obesidade grau II37,1 – 41,9
Obesidade grau III (mórbida)> 42

Homens acima de 65 anos

De seguida descrevo a tabela de IMC para homens acima dos 65 anos.

Grau de pesoIMC (Kg/m2)
Baixo peso< 21,9
Peso normal 22 – 27
Excesso de peso27,1 – 30
Obesidade grau I30,1 – 35
Obesidade grau II35,1 – 39,9
Obesidade grau III (mórbida)> 40

IMC nas crianças

Os valores do IMC do adulto também não são os mais adequados para crianças e adolescentes. Assim como nos idosos, o cálculo do IMC é o mesmo, mas a interpretação dos resultados é diferente nas crianças. O processo deve ser feito da seguinte forma:

  1. Calcular o IMC através da fórmula tradicional;
  2. Com a tabela de idade e sexo fornecida abaixo, veja em que percentil o valor encontrado de IMC se encaixa.

Os resultados devem ser interpretados da seguinte forma:

Grau de pesoPercentil do IMC
Baixo peso <10
Peso normal15 a 85
Excesso de peso 85 a 95
Obesidade> 95
Tabela de IMC meninos
Tabela de IMC meninos
Tabela IMC meninas
Tabela IMC meninas
OS MAIS LIDOS

Agora que já sabemos se temos ou não excesso de peso vamos então conhecer as 14 coisas que cientificamente engordam !

1. Não fazer refeições em família

As refeições em família diminuem o risco de obesidade
As refeições em família diminuem o risco de obesidade

Mesmo que esteja cansado dos familiares, deve saber que as refeições em família podem proteger da obesidade e do excesso de peso. Entre as razões está facto de, durante as refeições, se estabelecem-se relações emocionais entre os membros da família e os alimentos costumam ser mais saudáveis, segundo um estudo das universidades de Minnesota e de Columbia (EUA) publicado no Journal of Pediatrics.

Essa recomendação é especialmente útil para crianças e adolescentes, para prevenir a obesidade quando chegarem à idade adulta. Outro dado muito interessante é que uma ou duas refeições familiares por semana são suficientes para reduzir o risco de obesidade! Por isso já sabe… parabéns se já consegue juntar a sua família ás refeicões! Se não for esse o caso existem mais 13 razões a seguir para conseguir gerir melhor o seu peso.

 2. Irmãos e amigos gordinhos

Ter irmãos e amigos obesos aumenta risco de obesidade
Ter irmãos e amigos obesos aumenta risco de obesidade

Ter um irmão obeso duplica o seu risco de sê-lo (mais do que se for o seu pai), e a possibilidade aumenta se esse for maior e do mesmo sexo. Este estudo foi realizado por Markos Pachucki, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, num artigo publicado no American Journal of Preventive Medicine.

Os amigos com excesso de peso também não ajudam, porque os quilos a mais são “contagiosos”, como constatou David Shoham, da Universidade de Loyola em Chicago, num estudo com 1.800 adolescentes (PLoS One). Este vínculo já tinha sido encontrado num trabalho anterior publicado em 2007 no The New England Journal of Medicine. O bom é que a magreza também se transmite, e se os seus amigos estão magros (Índice de Massa Corporal, ou IMC, igual a 20) tem 40% mais possibilidades de reduzir o seu peso

3. Nascer depois de 1942!

Os nascidos depois de 1942 têm mais possilidades de vir a se obesos
Os nascidos depois de 1942 têm mais possilidades de vir a ser obesos

Se nasceu depois de 1942, fique atento. Existe um vínculo entre uma variante do gene FTO e o ano de nascimento que favorece o aparecimento da obesidade, uma correlação que é duas vezes mais forte entre os nascidos depois de 1942. Os cientistas que encontraram essa conexão, dirigidos por James Rosenquist, do Departamento de Psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts, não têm uma razão clara para essa associação, mas indicam o desenvolvimento tecnológico posterior à Segunda Guerra Mundial.

4. Não ter certas famílias de bactérias intestinais

A bactéria Christensenellaceae protege do aumento de peso
A bactéria Christensenellaceae protege do aumento de peso

Talvez encontre no seu intestino a resposta para o peso. Se entre os milhões de microrganismos que se hospedam no aparelho digestivo houver bactérias da família Christensenellaceae, sorte a sua, porque estas protegem do aumento de peso (Cell). Embora esse microrganismo seja herdado, a sua descoberta abre portas para a criação de tratamentos probióticos personalizados contra a obesidade.

5. Restaurantes com música clássica!

Musica classica leva ao consumo de mais alimentos
Musica classica leva ao consumo de mais alimentos

As sonatas de Schubert podem ser apropriadas para um jantar romântico, mas deve-se saber que animam a comer mais! Um estudo britânico das universidades de Leicester e Surrey Roehampton comprovou que se consomem mais alimentos e café nos locais quando há música clássica de fundo do que quando toca outro tipo de melodia. Leve isso em conta também para a sua economia.

6. Trabalho noturno

Comer à noite engorda
Trabalhar à noite engorda

Trabalhar à noite engorda, e não é porque se coma mais, mas porque se altera o ritmo circadiano. As pessoas estão programadas para dormir quando não há luz e comer de dia. «O trabalho em turnos durante a noite interrompe o sono e rompe o ciclo fisiológico, e isso provoca uma diminuição do gasto energético diário total», conclui um estudo realizado por cientistas do Instituto Médico Howard Hughes do Texas, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

7. Dormir pouco

O défice do sono piora o humor e faz engordar
O défice do sono piora o humor e faz engordar

O défice de sono não só muda o nosso humor, como também engorda: está comprovado cientificamente. A explicação é que o sono desempenha um papel relevante no metabolismo energético, de forma que ao não dormir comemos mais, como um mecanismo fisiológico de adaptação para manter a vigília. Uma pesquisa publicada recentemente no American Journal of Clinical Nutrition também concluiu que dormir mais está associado a um menor Índice de Massa Corporal e uma melhor alimentação.

[rad_rapidology_locked optin_id=optin_2][/rad_rapidology_locked]

8. Viver na Irlanda

Em 2030 90% dos homens Irlandeses vão ter excesso de peso
Em 2030 90% dos homens Irlandeses vão ter excesso de peso

Se considera morar fora do país, talvez interesse saber que as previsões indicam a Irlanda como o país onde as taxas de obesidade e excesso de peso masculinas aumentarão mais (em 2.030, 90% dos seus homens terão excesso de peso), enquanto na Bélgica só 44% dos homens acumularão quilos a mais.

A explicação para essas estimativas, realizadas pelo Fórum de Saúde do Reino Unido em colaboração com o gabinete regional da OMS para a Europa, está no modelo económico. «Nos mercados liberais como Reino Unido e Irlanda, as multinacionais da alimentação promovem o consumo excessivo», afirma Laura Webber, co-autora do relatório, que foi apresentado no último congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.

9. Poluentes ambientais

O poluentes acumulam-se no tecido adiposo
O poluentes acumulam-se no tecido adiposo

As substâncias residuais do pesticida DDT, ou do lindano (usado para combater piolhos e sarna), são alguns dos poluentes que se acumulam no tecido adiposo das pessoas, favorecendo o desenvolvimento da obesidade e o aumento do colesterol no sangue, segundo comprovou um grupo de cientistas da Universidade de Granada, que publicou esses resultados em Enviromental Pollution. Esses poluentes chegam ás pessoas principalmente através de alimentos com alto teor de gordura, incluindo carnes e peixes de grande porte.

10. Ver televisão

Ver teleivisão aumenta em 23% o risco de obesidade
Ver teleivisão aumenta em 23% o risco de obesidade

Juntar o telejornal da noite com um capítulo da sua telenovela favorita, para terminar com um pouco de debate sobre actualidades, obriga a mais de duas horas diante do televisor. Se isso se repetir todos os dias, aumentará:

  • 23% o risco de obesidade
  • 14% o risco de desenvolver diabetes

Adverte um relatório da Universidade Harvard.

11. Dormir com a televisão ligada

A exposição à luz artificial reduz os níveis endógenos de #melatonina
A exposição à luz artificial reduz os níveis endógenos de #melatonina

Sem dúvida já dormiu mais de uma vez embalado pelo som da TV. Esse pequeno prazer pode fazê-lo ganhar peso. Segundo Ahmad Agil, da Universidade de Granada, a exposição à luz artificial durante a noite enquanto dormimos – como a emitida pela televisão, pelo computador ou por uma lâmpada acesa – reduz os níveis endógenos de melatonina, uma hormona que é libertada durante a noite para regular os ritmos circadianos e que possui um poderoso efeito antioxidante e anti-inflamatório. Essas propriedades protegem de alterações metabólicas que provocam obesidade e diabetes.

Um conselho: tente dormir na escuridão total (Journal of Pineal Research).

12. Stress pós-traumático

Stress pós-traumático potencia o aumento de peso
Stress pós-traumático potencia o aumento de peso

As mulheres que sofrem de stresse pós-traumático aumentam de peso mais rapidamente e são mais propensas a sofrer obesidade do que as que não atravessam essa situação, afirma um estudo das universidades Harvard e Columbia, publicado em Archives of General Psychiatry.

Mas há uma boa notícia: Quando diminuem os sintomas desse transtorno, o risco de obesidade reduz notavelmente.

13. Depressão e ansiedade

A maioria das pessoas reage ao stress comendo mais e aumentando de peso
A maioria das pessoas reage ao stress comendo mais e aumentando de peso

Um terço das pessoas “stressadas” perde o apetite e emagrece, mas mais da metade reage ao stress comendo e, pior, ingerindo alimentos muito apetitosos, ricos em açúcares e gorduras. A explicação científica é que o centro de recompensa que temos no cérebro é activado por esse tipo de comida. Além disso, a hormona do stress, o cortisol, sensibiliza esse sistema de recompensas e favorece a ingestão compulsiva de alimentos muito calóricos.

Rubén Bravo, diretor do Departamento de Nutrição do Instituto Médico Europeu da Obesidade (Imeo), afirma: «ansiedade e stress são duas situações que se repetem com frequência nos nossos consultórios. Os problemas económicos e de trabalho levam a procurar a felicidade na comida, especialmente em doces, que diminuem a agitação.»

14. Não comer alguns laticínios ricos em gordura pode engordar!

Consumo de laticínios ricos em gordura está relacionado com um menor risco de desenvolver obesidade central.
Consumo de laticínios ricos em gordura está relacionado com um menor risco de desenvolver obesidade central.

Um estudo publicado no Scandinavian Journal of Primary Health Care concluiu que o consumo de laticínios ricos em gordura está relacionado com um menor risco de desenvolver obesidade central. Na opinião do nutricionista Walter Willett, da Escola de Saúde Pública de Harvard, uma explicação para essa descoberta é que os produtos com toda a gordura dão mais saciedade, e além disso os ácidos gordos dos laticínios têm um efeito adicional na regulação do peso.

A nutricionista Natalia Galán, do Serviço de Promoção da Saúde de Sanitas, acrescenta: «Os produtos light nem sempre ajudam a emagrecer, pois o facto de terem 30% menos calorias que o produto inicial não é sinónimo de que não vão engordar. Muitos são anunciados como light e têm mais calorias que os que não o são.»

Concluindo

Depois de engordar demasiados quilos nunca é fácil recuperar a boa forma! Muitas vezes só tentamos a sério quando nos diagnosticam um problema de saúde grave que nos impede de manter a nossa qualidade de vida. Até lá vamos fazendo tentativas pouco convincentes para equilibrar o nosso peso. Não espere por uma má notícia para tentar a sério controlar o seu peso. Se não fizer nada para melhorar é certo que algo de grave com a sua saúde vai acontecer! Adapte à sua rotina alguns dos factos agora provados pelos cientistas para recuperar algum do tempo perdido e…não perca mais tempo e anos de vida!

Controlar o seu peso é controlar a sua saúde e prolongar a vida!

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Fontes: Referidas individualmente no conteúdo do artigo.

Por favor, PARTILHE este artigo com os seus amigos, que certamente desconhecem alguns destes factos e vão, além disso, agradecer-lhe  a tentativa de os deixar mais elegantes 🙂

OS MAIS PARTILHADOS melhorsaude.org melhor blog de saude

CONJUNTIVITE VIRAL BACTERIANA OU ALÉRGICA?



Conjuntivite ou inflamção da conjuntiva. Os olhos têm uma membrana muito fina e transparente, que reveste a superfície da córnea e a parte interior das pálpebras, protegendo-os de substâncias estranhas chamada conjuntiva.

Por vezes esta membrana irrita-se ou inflama por reação alérgica ou ação de um vírus ou de uma bactéria. Quando isto acontece, dilatam-se os vasos sanguíneos dos olhos e estes ficam vermelhos. Surgem então os seguintes sintomas:

  • Comichão,
  • Lacrimejo,
  • Secreção.

Esta complicação chama-se conjuntivite e pode afetar os dois olhos em simultâneo. Embora não seja grave nem costume deixar sequelas, é bastante incómodo e dificulta as atividades diárias das pessoas afetadas.

Tipos de conjuntivite

Existem três grandes tipos, em função da sua origem:

  • Conjuntivite alérgica é a mais comum das três, estimando-se que afete atualmente um terço da população portuguesa. Ocorre após a exposição a alergénios como pólenes (sendo, por isso, particularmente comum na primavera), pelos de animais ou ácaros do pó da casa. Costuma afetar os dois olhos, mas não é contagiosa.
  • Conjuntivite infeciosa é transmitida por vírus, fungos ou bactérias que entram em contacto com os olhos e pode ser contagiosa, transmitindo-se através do contacto direto com pessoas afetadas, da partilha de toalhas de rosto e outros objetos de higiene ocular ou até mesmo da água da piscina.
  • Conjuntivite tóxica é causada pela exposição a fumo de cigarros, tintas para o cabelo, certos produtos de limpeza e outros agentes potencialmente tóxicos, assim como pela toma de certos medicamentos.



Sintomas

Os sintomas podem ser diversos consoante o tipo de conjuntivite. Algumas conjuntivites surgem sazonalmente e outras aparecem todo o ano. No entanto há sintomas comuns a todas as conjuntivites em geral, a saber:

  • Olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • Pálpebras inchadas;
  • Comichão ou ardência;
  • Intolerância à luz;
  • Sensação de areias nos olhos;
  • Secreções.

Conjuntivite bacteriana, vírica ou alérgica?

De forma simples a distinção entre os 3 tipos de causas de conjuntivite é a seguinte:

  • Bacteriana – mais espessas, amareladas e abundantes
  • Víral – secreções mais esbranquiçadas,
  • Alérgica – secreções são, na generalidade, claras.

Tratamento

O tratamento depende principalmente da sua causa. Assim podem ser prescritosos seguintes medicamentos:

  • Conjuntivite bacteriana – pomada oftalmica com antibiótico,
  • Conjuntivite viral e alérgica – colírios anti-histamínicos e lubrificantes como lágrimas artificiais, para aliviar os sintomas.

Contágio, como evitar?

Se sofre de conjuntivite, deve ainda ter alguns cuidados específicos para não agravar ou propagar a infeção:

  • Lavar regularmente as pálpebras para se manter livre de secreções;
  • Lavar as mãos antes e depois de aplicar colírios ou pomadas;
  • Aplicar compressas frias para diminuir o inchaço;
  • Não usar lentes de contacto;
  • Trocar as fronhas das almofadas e as toalhas de rosto diariamente;
  • Evitar a exposição direta à luz ou ao sol;
  • Diminuir a exposição a alergénios ou outros agentes potencialmente irritantes (como o fumo do tabaco);
  • Evitar nadar em lagos ou piscinas.

Prevenção

Embora não seja fácil prevenir, algumas práticas básicas de higiene podem diminuir o risco de a contrair.

  • Lave as mãos e o rosto com frequência;
  • Evite esfregar ou coçar os olhos;
  • Não partilhe toalhas de rosto;
  • Não partilhe cosméticos para os olhos nem utilize os de outras pessoas.

Concluindo

A conjuntivite é uma doença comum geralmente sem gravidade excepto nos doentes imunodeprimidos onde as complicações podem ser mais severas. Quando de origem bacteriana ou vírica o contágio pode ser fácil pelo que as medidas de contenção têm um papel preponderante para evitar complicações maiores e crises mais prolongadas!

Referências bibliográficas:

  • Saúde CUF, especialidade de oftalmologia

Medicamentos mais caros do mundo Top 10

Medicamentos mais caros do mundo top 10 toda a verdade! Foi notícia em Portugal uma bebé recém nascida de nome Matilde que sofria de Atrofia Muscular Espinhal e cuja vida poderia ser salva se a família conseguisse pagar o medicamento mais caro do mundo… o Zolgensma precisamente desenvolvido para tratar essa condição rara mas fatal!

O país ficou chocado ao saber o preço… cerca de 2 milhões de Euros! Os pais da Matilde não desistiram e lançaram nas redes sociais uma campanha urgente de angariação verdadeiramente extraordinária para conseguir os 2 milhões e salvar a vida da bebé.

A resposta foi também ela única e surpreendente e em poucas semanas conseguiram alcançar o que se julgava, no início, impossível… os 2 milhões de euros para pagar ao laboratório Novartis!

Entretanto o Serviço Nacional de Saúde Português (SNS) decidiu de forma também extraordinária comparticipar a 100% a aquisição do medicamento para salvar a Matilde e outras crianças em condição semelhante.

Por sua vez os pais da Matilde decidiram aplicar o dinheiro entretanto angariado, mais de 2 milhões de euros, a ajudar outras crianças com condições de saúde graves.

O negócio de desenvolver e vender medicamentos é uma indústria enorme, com empresas que faturam biliões de dolares em receita a cada ano. Globalmente, as vendas de medicamentos prescritos devem atingir US $ 1,2 trilhão em 2024.


Leia também: Quais os medicamentos mais lucrativos no Mundo?


Os medicamentos mais caros são desenvolvidos para combater condições raras causadas por anormalidades genéticas. Esta lista de medicamentos representa o valor de cada medicamento ao longo de um mês. Alguns desses medicamentos por custo de dose não são tão altos quanto outros, mas o número de doses mensais coloca o medicamento na lista.

O Zolgensma é único nesta lista, pois requer apenas uma dose para ser eficaz. No entanto, custa mais de US $ 2 milhões para uma dose, sendo por isso o mais caro do mundo!

Neste artigo são descritos os seguintes medicamentos e respectivos princípios activos:

  • Zolgensma – onasemnogene abeparvovec-xioi
  • Actimmune –  Interferon gamma-1b
  • Acthar – Injeção de reposição de corticotropina
  • Ravicti – Glycerol phenylbutyrate
  • Myalept – Metreleptina
  • Zokinvy – Lonafarnib
  • Brineura – Cerliponase alfa
  • Oxervate – Cenegermin-bkbj
  • Takhzyro – Lanadelumab
  • Daraprim – Pirimetamina
  • Cinryze – C1 inibidor da esterase humano (C1-INH)

Leia também: Top 20 medicamentos mais perigosos do mundo!


Zolgensma

  • Composição: Onasemnogene abeparvovec-xioi
  • Laboratório: Novartis
  • Custo total: US$ 2.1 milhões
  • Contactos e informações: https://www.zolgensma.com/

Com um preço de US $ 2,1 milhões por dose e aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) em 2019, o Zolgensma (da Novartis) foi criado para tratar a atrofia muscular espinhal (SMA na sigla inglesa).

Esta condição genética causa deterioração dos neurónios motores que controlam os músculos, geralmente afetando os principais músculos do corpo. Existem quatro tipos gerais de SMA que afetam as pessoas de maneira diferente.

O Zolgensma aborda todos os quatro tipos de SMA, porque é um medicamento para terapia genética projetado para substituir o gene defeituoso que causa a doença. É entregue na forma líquida por infusão na veia e os pacientes requerem apenas uma dose.


Actimmune

  • Composição: Interferon gamma-1b
  • Laboratório: Horizon Phama
  • Custo total: US$ 687.720
  • Contactos e informações: https://www.actimmune.com/

A doença granulomatosa crónica é uma condição hereditária que impede o organismo de combater infecções de certos tipos de bactérias e fungos.

Os pacientes geralmente tomam Actimmune três vezes por semana. O preço de tabela do Actimmune é de US $ 57.310 por frasco de seis mililitros. São necessários cerca de 12 frascos por mês, o que prefaz um total mensal de US $ 687.720 por tratamento.


Acthar

  • Composição: Injeção de reposição de corticotropina
  • Laboratório: Mallinckrodt Pharmaceuticals
  • Custo total: US$ 457.800
  • Contactos e informações: https://www.acthar.com/patient

Acthar é prescrito para tratar espasmos ou convulsões infantis. Esta condição geralmente afeta crianças entre quatro e 11 meses, mas o Acthar é aprovado para tratar crianças até dois anos de idade. Também é usado para tratar uma variedade de condições em adultos, tais como:

  • Exacerbação ou como terapia de manutenção em casos selecionados de lúpus eritematoso sistêmico
  • Monoterapia para o tratamento de espasmos infantis em bebês e crianças menores de 2 anos
  • Exacerbações agudas da esclerose múltipla em adultos. Ensaios clínicos controlados demonstraram que o Acthar Gel é eficaz para acelerar a resolução de exacerbações agudas da esclerose múltipla. No entanto, não há evidências de que isso afete o resultado final ou a história natural da doença
  • Indução de diurese ou remissão de proteinúria na síndrome nefrótica sem uremia do tipo idiopático ou causada por lúpus eritematoso
  • Tratamento durante uma exacerbação ou como terapia de manutenção em casos selecionados de dermatomiosite sistêmica (polimiosite)
  • O tratamento da sarcoidose sintomática
  • Terapia adjuvante para administração a curto prazo (para elevar o paciente a um episódio agudo ou exacerbação) em: artrite psoriática, artrite reumatóide, incluindo artrite reumatóide juvenil (casos selecionados podem exigir terapia de manutenção em baixa dose), espondilite anquilosante
  • Tratamento de processos alérgicos e inflamatórios graves e agudos e crônicos que envolvem o olho e seus anexos, como: queratite, irite, iridociclite, uveíte posterior difusa e coroidite, neurite óptica, coriorretinite, inflamação do segmento anterior

Custa mais de US $ 40.000 por frasco de 5 ml. Só pode ser utilizado em doses completas de 75 unidades, duas vezes por dia, durante algumas semanas antes de ser afunilado. A esclerose múltipla requer 80 a 120 doses unitárias por duas a três semanas.

O custo por dose é de US $ 8.1243, o que eleva os custos diários a US $ 16.246. Por um período de duas semanas, os custos aproximados seriam de cerca de US $ 227.444. Se o medicamento fosse usado por um mês, custaria cerca de US $ 457.800.


Ravicti

  • Composição: Glycerol phenylbutyrate
  • Laboratório: Horizon Pharma
  • Custo total: US$ 421.428
  • Contactos e informações: https://www.ravicti.com/

O distúrbio do ciclo da uréia afeta cerca de um em cada 30.000 recém-nascidos. Essa condição causa uma acumulação de amónia na corrente sanguínea, que pode ser fatal dentro de um período muito curto se não for tratada.

Se tomado três vezes ao dia e prescrito para um mês de tratamento, com um preço de tabela de US $ 5.017 para uma garrafa de 25 ml, o custo mensal seria de US $ 421.428.


Myalept

  • Composição: Metreleptina
  • Laboratório: AMRYT
  • Custo total: US$ 145.380
  • Contactos e informações: http://www.myalept.com/

Usado no tratamento da lipodistrofia generalizada, uma condição em que as pessoas afetadas praticamente não têm gordura no corpo, o que afeta a produção de leptina no organismo. A leptina ajuda a controlar certos processos metabólicos.

Com as doses necessárias de 30 injeções por mês e um preço de tabela de US $ 4.846 para o pó, mais o custo da água estéril para misturá-lo, o preço mensal é de cerca de US $ 145.380.

Zokinvy

Zokinvy
  • Composição: Lonafarnib
  • Laboratório: Eiger BioPharmaceuticals
  • Custo total: US$ 86.000
  • Contactos e informações: https://www.eigerbio.com/

A Eiger BioPharmaceuticals obteve, em novembro de 2020, autorização da FDA (Federal Drug Administration) para lançar no mercado o Zokinvy que é usado para o tratamento de doenças ultra raras de envelhecimento rápido.

A FDA autorizou a sua utilização para retardar o desenvolvimento do Síndrome da Progeria de Hutchinson-Gilford e das Laminopatias Progeróides com deficiência de processamento.

São duas doenças genéticas onde existe envelhecimento acelerado e afetam, respetivamente, 400 e 200 doentes em todo o mundo!

A dosagem é ajustada com base na área de superfície corporal, e GoodRx baseou o cálculo em doentes que tomam cerca de 200 mg de Zokinvy por dia.


Brineura

Brineura foi desenvolvido para combater a doença CLN2, que afeta o sistema nervoso. A condição surge entre os 2 e os 4 anos de idade. Muitos dos atingidos pela doença chegam à adolescência, mas a maioria não sobrevive para além da adolescência.

Um estudo em 2018 indicou que Brineura foi eficaz em diminuir a taxa de declínio das funções motoras e mentais. Embora esse tratamento pareça ajudar as pessoas afetadas pela doença, custa US $ 28.198 por kit, necessitando de um kit a cada duas semanas. Isso eleva o total mensal do tratamento para US $ 56.396.


Oxervate

  • Composição: Cenegermin-bkbj
  • Laboratório: Dompé
  • Custo total: US$ 93.520
  • Contactos e informações: https://oxervate.com/

O Oxervate foi desenvolvido para tratar a queratite neurotrófica, que é a perda de visão devido à degeneração da camada superior da córnea causada por danos no quinto nervo craniano.

As dosagens são prescritas seis vezes ao dia em intervalos de duas horas. O doente normalmente recebe uma caixa semanal com sete frascos para injetáveis. Uma caixa custa aproximadamente US $ 11.690, elevando um custo mensal de tratamento a US $ 46.760 por olho.

O tratamento recomendado é de 8 semanas, elevando o custo total do tratamento para cerca de US $ 93.520 por olho.


Takhzyro

Projetado para tratar a condição do angioedema hereditário, o Takhzyro custa US $ 23.050 para uma dose a cada duas semanas inicialmente. Os tratamentos podem ser reduzidos para uma dose a cada quatro semanas, reduzindo o custo, mas apenas se o paciente estiver respondendo bem.

Para a dosagem mensal inicial, o custo é de US $ 46.100.


Daraprim

Daraprim trata a toxoplasmose, uma infecção causada pelo parasita Toxoplasma gondii.

Este medicamento custa cerca de US $ 23.500 para 30 comprimidos, o que geralmente é suficiente para um tratamento de um mês, dado um comprimido por dia durante uma a três semanas. Uma redução na dosagem ocorre após três semanas e os pacientes a tomam adicionalmente mais 4 a 5 semanas.


Cinryze

  • Composição: C1 inibidor da esterase humano (C1-INH)
  • Laboratório: Shire
  • Custo total: US$ 23.120
  • Contactos e informações: https://www.cinryze.com/

Outro medicamento desenvolvido para tratar o angioedema hereditário, este medicamento evita o inchaço que a condição causa.

Usado uma vez a cada três ou quatro dias, o Cinryze custa cerca de US $ 2.890 por dose. Em oito doses por mês, são gastos aproximadamente US $ 23.120.

Referências:

Imunoterapia anticancerígena



Imunoterapia anticancerígena ou imuno-oncologia é uma área terapêutica de combate ao cancro que conhece uma evolução recente verdadeiramente fascinante, tirando partido do potencial extarordinário do nosso sistema imunitário para conseguir curas de alguns cancros que há poucos anos seriam consideradas “milagrosas” !

A Fundação Champalimaud, por exemplo, tenta actualmente ser um dos polos de investigação de excelência nesta área da imuno-oncologia e imunoterapia.

O nosso sistema imunológico está equipado e preparado para lutar contra o cancro. A maioria das pessoas está protegida pois existem células especializadas, do sistema imunológico celular, que são particularmente eficazes na deteção e destruição de tumores. No entanto, em alguns indivíduos, as células cancerosas descobrem’ como escapar ao sistema imunológico, sendo capazes de se esconder do reconhecimento imunológico ou mesmo de se proteger dos seus ataques.

A imunoterapia ter por objetivo alterar essa situação, para que o sistema imunológico seja capaz de combater as células cancerosas e manter esse controlo por um longo período de tempo.

Atualmente existem cinco classes diferentes de imunoterapias:

  • Vacinas contra o cancro (vacinação contra proteínas exclusivamente expressas em células cancerígenas),
  • Imunomoduladores (que ativam o sistema imunológico e param a paralisia imposta pelas células tumorais ao sistema imunológico),
  • Terapias alvo com anticorpos (anticorpos que atacam as células cancerosas),
  • Vírus oncolíticos (vírus que são modificados para infetar as células cancerosas e causar a sua morte, avisa e ativa o sistema imunológico para melhor combater o cancro),
  • Imunoterapia celular.

De seguida descrevo um artigo relevante da autoria da Dra Marina Sales, que faz o ponto de situação actual da imunoterapia anticancerígena nomeadamente nos seguintes pontos relevantes:

  • Resposta imunológica
  • Imunovigilância
  • Cancer immunoediting
  • Mecanismos de resistência tumorais
  • Tipos de imunoterapia
  • Inibidores dos checkpoints imunológicos
  • CTLA-4
  • Ipilimumab
  • PD-1
  • Bloqueadores da via PD-1/PD-L1 vs CTLA-4
  • Taxa de sucesso
  • Terapias celulares
  • Vacinas
  • Sipuleucel-T
  • Talimogene Iaherparepvec (T-VEC)
  • Vacinas em desenvolvimento
  • Terapias celulares adotivas (ACT)
  • Células T CAR, uso, vantagens e limitações
  • Modificadores da resposta imunológica
  • Citocinas
  • Interleucinas, GM-CSF e Interferão-α

Autora do artigo: Drª Marina Sales, Farmacêutica Hospitalar no Instituto Português de Oncologia de Coimbra

As patologias  oncológicas  fazem parte das doenças letais mais comuns no mundo, com  18,1 milhões de novos casos diagnosticados anualmente, e constituem a principal causa de morte mundial, com 9,6 milhões de mortes por ano, de acordo com os últimos dados publicados pela IARC (International  Agency for Research on Cancer), da WHO  (World Health Organization).  Estima-se que em 2035, um quarto da população mundial seja diretamente afetada por esta patologia.

Evidências clínicas enaltecendo o potencial do sistema imunitário no controlo das patologias oncológicas levaram ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas no combate ao cancro.

A imunoterapia faz parte desta nova geração de modalidades terapêuticas,  desenvolvidas para superar os efeitos adversos dos tratamentos standard e convencionais.  Esta é uma abordagem terapêutica que pretende modular e fortalecer as respostas imunológicas, mobilizando e fortificando a capacidade natural do organismo para combater os processos tumorais, por aumento da eficácia das células do sistema imunitário, direcionando-as para um ataque específico.

Resposta imunológica

Para se compreender como é que as terapias anticancerígenas alteram as respostas imunológicas no seio de um tumor sólido, torna-se importante perceber, em primeiro lugar como é que o sistema imunitário responde e interage com o tumor.

Imunovigilância

Segundo Dunn et al., o sistema imunitário está concebido para conseguir reconhecer células que expressem antigénios non-self, respondendo mediante uma série de mecanismos num processo altamente  regulado designado de imunovigilância.  Este conceito, proposto por Burnet e Thomas, estabelece que o sistema imunitário é capaz de reconhecer espontaneamente os antigénios tumorais e desencadear uma resposta citotóxica mediada por linfócitos T CD8+ antitumorais específicos.

Deste modo, sendo uma entidade dinâmica e geneticamente alterada, um tumor desencadeia um processo de eliminação que compreende tanto a imunidade inata como a adquirida, no qual intervêm diversas células e moléculas do sistema imunitário.

O processo de imunovigilância contra o crescimento tumoral é acompanhado de mudanças na imunogenicidade dos tumores, uma vez que o reconhecimento imunológico das células malignas impõe uma pressão seletiva sobre o seu desenvolvimento, resultando no crescimento de células neoplásicas menos imunogénicas e mais resistentes à eliminação.

Cancer immunoediting

Este fenómeno, pelo qual o sistema imunológico pode suprimir e/ou promover o crescimento da neoplasia, é denominado de cancer immunoediting e envolve múltiplas etapas:

  • Uma etapa inicial de eliminação,
  • Uma segunda etapa de equilíbrio,
  • Uma terceira etapa de evasão imunitária.

Mecanismos de resistência tumorais

Para escapar ao reconhecimento imunológico e consequente destruição, os tumores desenvolvem múltiplos mecanismos de resistência, incluindo:

  • Evasão imune local,
  • Indução de um estado de tolerância imunológica,
  • Modulação negativa da via de sinalização das células T, a chamada via de checkpoint imunológico.

A capacidade de os tumores evadirem o sistema imunitário e induzirem tolerância imunológica representou um grande obstáculo ao desenvolvimento de terapias anticancerígenas bem sucedidas e eficazes. Assim, um dos principais objetivos das estratégias de imunoterapia é reverter este estado tolerante que permite que os tumores escapem à deteção e rejeição imunológica.

Tipos de imunoterapia

Recentemente têm surgido várias estratégias terapêuticas imunológicas que visam estimular mecanismos efetores e/ou neutralizar mecanismos inibitórios e supressores. Destas estratégias fazem parte:

  • Inibidores dos checkpoints imunológicos,
  • Modificadores da resposta imunológica,
  • Terapias celulares, nas quais se incluem as vacinas e as terapias celulares adotivas (ACT).

Inibidores dos checkpoints imunológicos

Apesar de existir uma resposta imunológica endógena contra células malignas,  esta resposta não é suficiente por si só, uma vez que os tumores são capazes de criar um estado de tolerância imunológica entre as células T tumor-específicas, uma vez que expressam ligandos com afinidade para os recetores inibitórios da atividade destas células, amortecendo a sua ação no microambiente tumoral.

O bloqueio destas vias imunoinibitórias tem sido denominado de bloqueio dos checkpoints imunológicos. Esta abordagem  terapêutica revolucionou a terapia contra o cancro nos últimos anos, sendo a mais bem-sucedida na prática clínica.

Na fisiologia da ativação das células T, um equilíbrio entre os sinais co-estimulatórios e os inibitórios, dos quais fazem parte o CTLA-4 e o PD-1/PD-L1, regula de forma precisa a duração e a potência da resposta imunológica.

CTLA-4 e Ipilimumab

O CTLA-4 (cytotoxic T-lymphocyte-associated protein 4) desempenha um papel importante na diminuição do recrutamento e ativação  das células T, e foi o primeiro alvo dos anticorpos monoclonais bloqueadores destes checkpoints. O Ipilimumab, um anticorpo anti-CTLA-4, foi aprovado pela EMA em 2011 como terapêutica de primeira linha para doentes com melanoma metastático, com base no prolongamento da sobrevida global (OS) em estudos de fase II.

PD-1

O PD-1 (programmed cell death-1) é outro recetor inibitório expresso pelas células T, que quando ativado inibe a proliferação e a citoxicidade destas células efetoras, bem como impede a libertação  de citocinas, importantes para o desencadeamento da resposta imunológica. Este recetor PD-1 tem dois ligandos conhecidos, o PD-L1 e o PD-L2. Como mecanismo de evasão imunitária, as células tumorais expressam estes ligandos PD-L1 bloqueando a resposta imunológica antitumoral.

A inibição desta interação PD-1/PD-L1 constitui outra estratégia terapêutica da imunoterapia.  Os avanços feitos nesta área levaram à aprovação, pela FDA, de seis anticorpos bloqueadores da via PD-1/PD-L1, para o tratamento de 13 tipos de cancro. Na Europa, a utilização destes anticorpos também já se encontra autorizada pela entidade reguladora, a EMA.

Bloqueadores da via PD-1/PD-L1 vs CTLA-4

A principal diferença entre os bloqueadores da via do PD-1/PD-L1 e os bloqueadores da via do CTLA-4 é que o primeiro grupo de anticorpos tem uma toxicidade mais favorável, comparativamente ao segundo grupo.

Taxa de sucesso limitada

Contudo, e apesar dos avanços significativos nesta área da imunooncologia, nem todos os doentes submetidos a esta terapêutica apresentam sucesso clínico, sendo que mais de 50% não responde à terapia.  De facto, uma questão fundamental é a definição de biomarcadores preditivos da resposta, que permitam identificar quais os doentes que irão beneficiar deste tipo de terapêutica, e assim desenvolver racionalmente  as estratégias  de tratamento adequadas.

Terapias celulares

Vacinas

Historicamente, a primeira abordagem para ativar especificamente células T do sistema imunitário contra antigénios tumorais foi a vacinação terapêutica contra o cancro.

Nos últimos anos, devido à maior compreensão deste potencial terapêutico aplicado a neoplasias, o interesse por estas vacinas tem vindo a aumentar, encontrando-se em curso diversos ensaios clínicos.

Sipuleucel-T

O carcinoma da próstata foi a primeira neoplasia na qual uma vacina específica melhorou significativamente a sobrevida dos doentes. Esta foi a primeira vacina anticancerígena,  a Sipuleucel-T, aprovada pela FDA em 2010 e pela EMA em 2013.

No entanto, este tratamento é bastante dispendioso e, apesar dos benefícios em termos de sobrevida, os efeitos antineoplásicos  foram mínimos, não tendo demonstrado evidência clínica forte, regressão tumoral ou mesmo redução dos valores de PSA.  Além disso, este tipo de terapêutica não tem sido amplamente adotada pela indústria farmacêutica e de biotecnologia, por oncologistas, investigadores clínicos, nem por doentes, devido às complicações associadas à sua produção e à sua administração.

Talimogene Iaherparepvec (T-VEC)

Outra vacina que se encontra aprovada pela EMA desde 2015 é a Talimogene laherparepvec (T-VEC) para o tratamento do melanoma avançado. Esta vacina é a primeira imunoterapia  oncolítica viral, e é composta por um vírus oncolítico herpes simplex tipo 1, modificado geneticamente e com codificação de uma citocina que favorece o recrutamento de células do sistema imunitário para o tumor, promovendo assim a indução da imunidade antitumoral específica.

Vacinas em desenvolvimento

Atualmente existem outros tipos de vacinas em desenvolvimento, nomeadamente:

  • Vacinas baseadas em peptídeos de sequências conhecidas,
  • Vacinas constituídas por células ou lisados tumorais,
  • Vacinas baseadas em modificação genética (vacinas de ADN),
  • Vacinas de células dendríticas.

Apesar de ainda existirem muitas questões sobre a vacinação antitumoral, como a identificação adequada de antigénios tumorais, a seleção dos veículos de entrega e a existência de um ambiente imunossupressor tumoral que dificulta as respostas imunológicas, certo é que os desenvolvimentos mais recentes na área da imunoterapia revitalizaram  este campo.

A combinação de vacinas com outros agentes terapêuticos, bem como outras abordagens que reforcem a imunidade, poderão levar a melhores respostas clínicas. Além disso, a aplicação da nanotecnologia a esta área é uma grande promessa como ferramenta que pode ser usada no desenvolvimento de vacinas imunoterapêuticas mais eficazes.

Terapias celulares adotivas (ACT)

Células T CAR

As terapias celulares adotivas (ACT) estão fundamentadas num processo de recolha de sangue periférico de um doente, do qual se isolam linfócitos T por leucaferese. Estes linfócitos são depois expandidos ou manipulados ex vivo, sendo finalmente reinfundidos no doente.

Como as células T são células-chave na imunovigilância, as primeiras tentativas realizadas nesta área da imunoterapia, concentraram-se na manipulação destas células para originar uma imunidade antitumoral endógena, levando à sua aplicação nas terapias antitumorais.

Uma das estratégias  mais promissoras foi a produção das células T CAR. As células T CAR são células T modificadas para expressar recetores antigénicos quiméricos (CAR) com afinidade para um alvo tumoral específico. Estes recetores são produzidos por engenharia genética e resultam da fusão de um domínio variável de um anticorpo com o domínio constante de um recetor de linfócitos T (TCR).

Vantagens e uso

Têm a vantagem de possuir as propriedades de reconhecimento de antigénios dos anticorpos, o que permite colmatar a ineficácia imunitária presente neste tipo de patologias, bem como permitir ultrapassar a tolerância imunológica, tornando estas células T menos vulneráveis aos efeitos de imunossupressão.

O uso desta terapia tem adquirido maior sucesso e melhores resultados nas neoplasias de células B, nomeadamente, na leucemia linfoblástica aguda (LLA), com taxas de remissão completa de 90%  após a administração de uma dose única de células CD19-CAR-T, proporcionando uma opção terapêutica nos casos em que o tratamento  paliativo seria a única opção.  Tem sido igualmente aplicada na leucemia linfocítica crónica (LLC) e no linfoma agressivo de células B.

Limitações

Contudo, as células T CAR possuem várias limitações práticas. A sua eficácia e segurança, em tumores sólidos, ainda necessitam de ser comprovadas devido à dificuldade em encontrar antigénios-alvo com expressão limitada ao tumor e ausente em tecidos normais.  Por outro lado, a geração de um produto autólogo para cada doente é um processo moroso, de várias semanas, logisticamente complicado e tem uma aplicação  clínica muito restritiva, tornando-se impraticável em doenças de rápida progressão.  Uma importante toxicidade associada a esta terapia é a síndrome de libertação de citocinas, como consequência da perfusão destas novas células.

Apesar da imunoterapia com células T CAR funcionar bem em vários tipos de tumores sanguíneos, aproximadamente 40% a 50% dos doentes terão uma recorrência no período de um ano, e os mecanismos subjacentes continuam por esclarecer.

Em suma, a terapia de células T adotivas é uma imunoterapia altamente promissora, mas que precisa de ser optimizada para reduzir a sua toxicidade e aumentar a eficácia antitumoral.

Modificadores da resposta imunológica

Citocinas

As citocinas são pequenas glicoproteínas que desempenham um papel preponderante na regulação das respostas imunológicas inatas e adquiridas, e que permitem a comunicação, a curtas distâncias, entre as células do sistema imunitário. Estas moléculas controlam a proliferação, diferenciação, função efetora e sobre- vivência das células T.  Como resultado, as citocinas foram extensivamente estudadas como potenciais agentes terapêuticos para manipular a resposta imunológica às células tumorais.

Interleucinas, GM-CSF e Interferão-α

Nos últimos anos, várias citocinas demonstraram ter eficácia em estudos pré-clínicos, incluindo as seguintes:

  • Interleucinas IL-2, IL-12, IL-15, IL-21,
  • Fator estimulante das colónias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF),
  • Interferão-α (IFN-α).

Estes estudos suportaram o seu uso em ensaios clínicos. O IFN-α foi a primeira citocina a ser aprovada para o tratamento anticancerígeno da leucemia de células pilosas em 1986. Posteriormente, em 1992 foi aprovado pela FDA o tratamento com IL-2 para o cancro de células renais metastático e, mais tarde, em 1998 a sua utilização no melanoma metastático.

No entanto, as citocinas, em monoterapia, não cumpriram com as promessas iniciais, pois a sua administração parentérica não permitiu que se atingisse a concentração ideal eficaz no seio tumoral. Por outro lado, foram descritas toxicidades graves resultantes da sua administração.

Uma vez que a sua utilização em monoterapia não demonstrou a eficácia clínica desejada, as terapias combinadas com outros agentes terapêuticos encontram-se sob avaliação. Estas novas abordagens incluem:

  • Engenharia genética para aumentar a sua atividade,
  • Administração sob a forma de injeções perilesionais,
  • Utilização com vacinas anticancerígenas,
  • Uso de citocinas associadas a anticorpos monoclonais, com o intuito de aumentar a sua citotoxicidade celular e a sua eficácia.

Conclusões

Aproveitar o sistema imunológico para erradicar as células malignas é a nova abordagem terapêutica contra  o cancro.  Esta é uma modalidade que tem por objetivo reverter a tolerância  imunológica,  rejuvenescer  o sistema imunológico e restaurar a homeostase imunológica. Após décadas de retrocessos, a imuno-oncologia está a viver a sua era dourada, impulsionada pelos seguintes factos:

  • Aprovação da imunoterapia celular autóloga, a vacina Sipuleucel-T para o tratamento  do cancro da próstata em 2010;
  • Aprovações, pela FDA e pela EMA, de 6 agentes bloqueadores da via PD-1/PD-L1 para o tratamento de 13 tipos de cancro;
  • Utilização de terapias baseadas em células T, nomeadamente a aprovação das células T CAR em neoplasias recidivantes e/ou refratárias de células B;
  • Atribuição do Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2018 a Tasuku Honjo e James Allison pelas descobertas relacionadas com o papel do sistema imunitário na luta contra o cancro;
  • Novo conceito emergente de normalização em vez de amplificação da imunidade antitumoral.

2018 foi o ano em que a imuno-oncologia protagonizou um crescimento sem precedentes em muitas frentes. Numa análise global, Tang e seus colegas, descobriram que no período de apenas um ano (de setembro de 2017 a setembro de 2018), houve um aumento de 67% no número de agentes ativos no pipeline global da imuno-oncologia (de 2031 passou a 3394), tendo sido a modalidade terapêutica com maior crescimento.

Estes progressos revolucionaram esta área e chamaram a atenção para as oportunidades que as abordagens imunoterapêuticas podem oferecer.

Autora: Dra Marina sales

Referências bibliográficas

  • Serviços Farmacêuticos
  • Instituto Português de Oncologia de Coimbra

1. Jiang T, Zhou  C, Ren S. Role of IL-2 in cancer immunotherapy. Oncoimmunology. 2016 [acedido a 08-01-2019]; 5(6):e1163462. Disponível  em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4938354/pdf/koni-05-06-1163462.pdf

2. International Agency for Research on Cancer. Latest global cancer data. [Internet]. World Health Organization. 2018 [citado em 2019 Jan 15] Press release n.o  263. Disponível em https://www.iarc.fr/featured-news/latest-global-cancer-data-cancer-burden-rises-to-18-1-million-new-cases-and-9-6-million-cancer-deaths-in-2018/

3. Li Z, Song W, Rubinstein M, Liu D. Recent updates in cancer immunotherapy: a comprehensive review and perspective of the 2018 China Cancer Immunotherapy Workshop in Beijing. J Hematol Oncol. 2018 [acedido a 09-01-2019]; 11(1):142. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6303854/pdf/13045_2018_Article_684.pdf

4. Voena C, Chiarle R. Advances in Cancer Immunology and Cancer Immunotherapy. Discov Med. 2016 [acedido a 08-01-2019]; 21(114):125-33. Disponível em http://www.discoverymedicine.com/Claudia-Voena/2016/02/advances-in-cancer-immunology-and-cancer-immunotherapy/

5. Sales, AM. Associação de vacinas baseadas em células dendríticas em associação com quimioterapia: uma nova estratégia terapêutica contra o cancro. Coimbra. Tese [Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas] – Universidade de Coimbra; 2014.

6. Allahverdiyev A, Tari G, Bagirova M, Sefik Abamor E. Current Approaches  in Development of Immunotherapeutic Vaccines for Breast Cancer. J Breast Cancer. 2018 [acedido a 15-01-2019]; 21(4):343-353. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6310717/pdf/jbc-21-343.pdf

7. Janiczek M, Szylberg Ł, Kasperska A, Kowalewski A, Parol M, Antosik P, Marszałek A. Immunotherapy as a Promising Treatment for Prostate Cancer: A Systematic Review. J Immunol Res. 2017 [acedido a 09-01-2019];2017: 4861570.  Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5646317/pdf/JIR2017-4861570.pdf

8. Yang Y. Cancer immunotherapy: harnessing the immune system to battle cancer. J Clin Invest.  2015 [acedido a 10-01-2019]; 125(9):3335-7. Disponível  em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4588312/pdf/JCI83871.pdf

9. Dunn  GP, Bruce AT, Ikeda H, Old  LJ, Schreiber RD. Cancer immunoediting: from immunosurveillance to tumor escape.  Nat Immunol. 2002 [acedido a 28-05-2019];3(11):991-8. Disponível  em https://www.nature.com/articles/ni1102-991

10. Farkona S, Diamandis E, Blasutig I. Cancer immunotherapy: the beginning of the end of cancer?. BMC Med. 2016 [acedido a 10-01-2019]; 14:73. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4858828/pdf/12916_2016_Article_623.pdf

11. Stambrook J, Maher J, Farzaneh F. Cancer Immunotherapy: Whence and Whither. Mol Cancer Res. 2017 [acedido a 08-01-2019]; 15(6):635-650. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5457704/pdf/nihms-848555.pdf

12. Resumo do Relatório Público Europeu de Avaliação – Yervoy [Internet]. European Medicines Agency. 2019 [citado em 2019 Mai 24]. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/yervoy-epar-product-information_pt.pdf

13. Medicines. [Internet] European Medicines Agency. 2019 [citado em 2019 Mai 24]. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/medicines

14. Wang  F, Wang H. Immune  targets and neoantigens for cancer immunotherapy. Cell Res.  2017 [acedido a 11-01-2019];  27(1):11-37. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5223235/pdf/cr2016155a.pdf

15. Lohmueller J, Olivera F. Current modalities in cancer immunotherapy: Immunomodulatory antibodies, CARs and vaccines. Pharmacol Ther. 2017 [acedido a 13-01-2019];  178:31-47. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5600680/pdf/nihms867801.pdf

16. Resumo do Relatório Público Europeu de Avaliação – Provenge [Internet]. European Medicines Agency. 2019 [citado em 2019 Mai 24]. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-informa- tion/provenge-epar-product-information_pt.pdf

17. Resumo do Relatório Público Europeu de Avaliação – Imlygic [Internet]. European Medicines Agency. 2019 [citado em 2019 Mai 24]. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/imlygic-epar-product-information_en.pdf

18. Rezvani  K, Rouce R, Liu E, Shpall  E. Engineering Natural  Killer Cells for Cancer Immunotherapy. Mol Ther. 2017 [acedido a 14-01-2019]; 25(8):1769-1781. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC5542803/pdf/main.pdf

19. Oliveira, TA. Imunoterapia de células T CAR em neoplasias  linfoides: aplicações  e limitações. Tese [Mestrado em Medicina] – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar;  2016.

20. Waldmann T. Cytokines in Cancer Immunotherapy. Cold Spring Harb Perspect Biol. 2017 [acedido a 15-01-2019]; 10(12). Disponível em https://cshperspectives.cshlp.org/content/10/12/a028472.full.pdf+html

21. Lee S, Margolin K. Cytokines in Cancer Immunotherapy. Cancers (Basel). 2011 [acedido a 17-01-2019]; 3(4): 3856–3893. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3763400/pdf/cancers-03-03856. pdf

22. Rosenberg S. IL-2: The First Effective Immunotherapy for Human Cancer. J Immunol.  2014 [acedido a 17-01-2019]; 192(12):5451-8. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6293462/pdf/ni- hms-999649.pdf

QUARTA VAGA E NOVA VARIANTE INDIANA DELTA

Quarta vaga e novas variantes Delta, Alpha e outras estirpes e mutações perigosas do coronavírus SARS-CoV-2 toda a verdade! Variante Indiana ou Delta, variante do Reino Unido ou Alpha, variante da África do Sul ou Beta, Variante do Brasil ou Gamma, variante da Califórnia, afinal qual o perigo das mutações destas variantes? As vacinas serão eficazes contra estas novas estirpes? Será esta já a quarta vaga?

Investigadores anunciaram em Dezembro de 2020, que uma nova estirpe preocupante do coronavírus foi detetada na cidade amazónica de Manaus, Brasil, durante um aumento terrível de novos casos de COVID-19 na área. O ataque de infeções levou ao colapso do sistema de saúde local pela segunda vez durante a pandemia. A cidade foi atingida de forma brutal pela primeira onda em março de 2020, e alguns especialistas acreditavam que a população tinha atingido um nível de imunidade de rebanho no outono… mas algo estranho se passou e continua a passar com as novas mutações!

Leia também: Teoria da conspiração, estranha origem do vírus!

Os cientistas estão agora a tentar determinar qual o papel das variantes mais recentes do coronavírus tais como a Indiana ou Delta e a Brasileira P.1 ou Gamma que têm diversas mutações de interesse importantes que podem dar as seguintes características perigosas às novas estirpes:

  • Mais transmissíveis;
  • Mais capazes de reinfectar sobreviventes de COVID-19;
  • Tornar as vacinas menos eficazes;
  • Provocar uma nova onda de infetados.




Neste artigo vou falar sobre as seguintes variantes:

  • Variante Indiana ou Delta
  • Variante de Manaus no Brasil u Gamma
  • Variante do Reino Unido ou Alpha
  • Variante da África do Sul ou Beta
  • Variante de Nova York
  • Variante da Califórnia
  • Variante do Rio de Janeiro no Brasil
  • Mutação Nelly N501Y
  • Mutação Erik E484K
  • Mutação K417 um mistério
  • Porque são tão preocupantes para os cientistas?

Estrutura do SARS-CoV-2

O SARS-CoV-2, pertencente ao subgénero do Sarbecovirus, é um vírus com envelope esférico com tamanho de vírion de 70-90 nm (nanômetros). É um vírus de RNA de fita simples com sentido positivo. O genoma consiste em 29.903 nucleotídeos e 11 regiões de estrutura de leitura aberta (ORF – Open Reading Frame) e codifica proteínas estruturais, proteínas não estruturais (nsp1-16) e proteínas acessórias (ORF3a, ORF6, ORF7a e ORF7b, ORF8, ORF10).

Existem quatro proteínas estruturais:

  • Espícula (S – Spike),
  • Envelope (E ),
  • Membrana (M),
  • Nucleocapsídeo (N).

Juntas, as proteínas S, E e M formam o envelope viral. As proteínas M e E são essenciais para a morfologia do vírus, empacotamento e separação celular. A glicoproteína S consiste em 3.822 nucleotídeos responsáveis pela fixação e fusão do vírus à membrana da célula hospedeira. As proteínas não estruturais estão envolvidas na replicação-transcrição e na formação de vesículas, enquanto as proteínas acessórias neutralizam os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro

Estirpes ou variantes e mutações mais relevantes

Na tabela seguinte descrevo as novas variantes mais perigosas e suas mutações mais relevantes comparadas com a estirpe até agora predominante que era a D614G. Algumas mutações tornaram-se já tão relevantes e perigosas que os cientistas começaram a dar-lhes alcunhas tais como:

  • N501Y apelidada de Nelly
  • E484K apelidada de Erik
Variante
ou
Estirpe
Origem
e
Data
Mutações
mais
perigosas
Virulência
Contágio
Mortalidade
D614GEuropa,
Fev 2020
D614GEstirpe dominante a nível global até Jan 2021.
B.1.1.7 (Alpha)Reino Unido
Dez 2020
N501YEstima-se 50% a 70% mais contagiosa e 30% mais mortal que D614G.
P.1 ou B.1.1.28 (Gamma)Brasil (Manaus)
Dez 2020
N501Y
E484K
K417
Estima-se mais contagiosa e provavelmente mais mortal que D614G.
B.1.351 ou 501.V2 ou N501Y.V2 (Beta)África do Sul
Dez 2020
N501Y
E484K
K417
Estima-se mais contagiosa e provavelmente mais mortal que D614G.
P.2Brasil (Rio de Janeiro)E484KConsiderada para já não preocupante.
CAL.20C ou B.1.429Califórnia EUAL452RMais contagiosa e com efeito bloqueador dos anticorpos
B.1.526Nova Iorque EUAE484K
S477N
D253G
A701V
Mais resistente aos anticorpos humanos e maior poder de ligação da proteína Spike
B.1.617.2 (Delta)ÍndiaP681R
L452R
T478K
60% mais transmissível que a Alpha, mais contagiosa e com efeito bloqueador dos anticorpos
Fonte: https://cov-lineages.org/

Leia também: Vacinas Covid esta é a melhor e estes são os perigos ocultos!

Variante da Índia B.1.617.2 ou Delta

No Reino Unido 75% das novas infeções de covid-19 são provocados ​pela nova variante da Índia. Estes números estão a alarmar a comunidade científica, alertando para a possibilidade do país estar já no estágio inicial de uma quarta vaga do SARS-CoV-2.

A variante Indiana denominada B.1.617.2, na nova nomenclatura decidida pela Organização Mundial de Saúde, que adotará letras do alfabeto grego para as mutações, de modo a evitar estigmas ou reações xenófobas, vai passar a designar-se, como “variante delta”.

Serão as vacinas eficazes contra a variante Delta?

Provavelmente algumas vacinas terão uma eficácia baixa… e vamos saber rapidamente dentro de poucas semanas pois existem já cidades como Lisboa com um forte crescimento da variante Delta. Segundo Deepti Gurdasani, epidemiologista e investigadora da Queen Mary University of London, a variante B.1.617.2 ou delta é altamente transmissível e com uma capacidade significativa de fugir às vacinas, especialmente após uma única dose, e leva a um aumento exponencial de casos em muitas áreas.

A variante B.1.617.2 ou delta é provavelmente a mais perigosa até agora detetada pois, segundo relatório do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), tem 10 mutações de interesse na espícula (Spike) do SARS-CoV-2, a saber:

Spike: T19R, (G142D), 156del, 157del, R158G, L452R, T478K, D614G, P681R, D950N

Algumas das proteínas da espícula são precisamente utilizadas na produção das vacinas que estão a ser administradas à população.

Assim quanto mais novas proteínas mutantes com interesse forem surgindo menor será a eficácia das vacinas contra estas novas estirpes. No entanto, apesar deste risco, quem não tiver qualquer vacinação terá maior probabilidade de desenvolver sintomas graves de Covid-19 do que as pessoas já vacinadas.

Quarta vaga!

Será possível surgir ainda uma quarta vaga? Obviamente que sim e, segundo os especialistas, infelizmente já está a acontecer em Portugal na zona de Lisboa…embora não seja de todo espectável a gravidade da 3ª vaga, em termos de internamentos com doença grave, pois o grau de imunidade tem vindo sempre a aumentar e nos países mais avançados com a vacinação esse risco será menor. Por ouro lado quem contrai a doença também desenvolve anticorpos neutralizantes contra o coronavírus que mantêm alguma eficácia durante alguns meses, ganhando tempo até ser possível aplicar a vacina para reforço dessa imunidade.

No entanto as diversas mutações de interesse no SARS-CoV-2 que vão surgindo por todo o mundo aumentam o risco de nova infeção descontrolada nos países mais atrasados na vacinação.

Outro pilar importante nesta análise sobre a 4ª vaga é a verdadeira eficácia das vacinas e quanto tempo ficamos com anticorpos neutralizantes suficientes para nos proteger? Essa é uma resposta que só o tempo dará! Estima-se que seja necessário reforço da vacina quase anualmente tal como acontece na vacina antigripal.

Variante do Brasil P.1

De seguida descrevo o que sabemos sobre a variante P.1 e porquê os cientistas em todo o mundo estão preocupados com as mutações detetadas em simultâneo nesta estirpe.

Estirpe P.1 ou B.1.1.28 ou Gamma Manaus Brasil

A variante P.1 foi detetada pela primeira vez em amostras de Manaus, no estado do Amazonas, no norte do Brasil, em meados de dezembro de 2020. Os pesquisadores que o descobriram publicaram as suas descobertas em 12 de janeiro de 2021, observando que detetaram a estirpe em 42% das amostras testadas e que também havia sido detetada em alguns casos recentes de coronavírus no Japão entre pessoas que viajaram para Manaus.

Não está claro exatamente quando a variante evoluiu, mas os pesquisadores notaram que ela não estava presente nas amostras de vigilância do genoma disponíveis publicamente que foram coletadas em Manaus entre março e novembro de 2020.

Leia também: Covid-19, porque mata adultos saudáveis?

Um trabalho dirigido pela Professora Ester e divulgado na revista Science mostra que, em junho de 2020, um mês após o pico epidémico em Manaus, 44% da população tinha imunoglobulina G (IgG) contra o SARS-CoV-2 detetável no sangue. Corrigindo para os casos sem resposta imunológica detetável e para aqueles com diminuição de anticorpos, os autores estimaram ainda uma taxa de ataque maior (66%), subindo para 76% em outubro.

A razão pela qual os pesquisadores começaram a sequenciar as amostras de Manaus foi porque queriam investigar porque havia um ressurgimento surpreendente do coronavírus na cidade, depois desse estudo ter estimado que até 76 por cento da população já havia sido infetada com COVID-19 , o que teoricamente inferiria um alto nível de imunidade entre os seus habitantes.

Os pesquisadores descobriram que a estirpe P.1 “contém uma constelação única de mutações definidoras de linhagem” que podem ser “potencialmente associadas a um aumento na transmissibilidade ou propensão para reinfeção de indivíduos.”

Perigo da nova estirpe de coronavírus

Porque estão muito preocupados os cientistas? Como os vírus estão em constante evolução, novas variantes genéticas com várias mutações aparecem constantemente. Os especialistas em doenças infeciosas ficam preocupados com aqueles que desenvolveram mutações que os tornam:

  • Mais dominantes e/ou perigosos porque se tornam mais transmissíveis ou seja mais fáceis de espalhar e contagiar;
  • Mais virulentos ou seja causando uma doença mais grave;
  • Mais capazes de evitar anticorpos gerados por infeções anteriores, vacinas ou tratamentos u seja mais resistentes aos medicamentos.

Leia também: Isto torna o nosso sistema imunitário muito mais forte!

Desde junho de 2020, a variante dominante do SARS-CoV-2 (o vírus que causa a doença COVID-19), em todo o mundo tem sido a D614G, que de alguma forma foi capaz de vencer os seus predecessores genéticos. Recentemente, variantes mais evoluídas começaram a dominar em partes do mundo, sendo a mais notória a estirpe B.1.1.7, que surgiu no Reino Unido e é considerada muito mais infeciosa do que a D614G, ao ponto de o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) alertar e prever que será a variante dominante nos EUA em março de 2021.

Variante P.1 do Brasil porque é tão preocupante?

A variante P.1 (também conhecida como B.1.1.28) preocupa os cientistas por alguns motivos, começando por pelo facto de ter duas mutações notáveis ​​que podem torná-la mais perigosa.

Mutação N501Y (Nelly) aumenta transmissão

Primeiro, ela tem uma mutação na proteína da espícula (protein spike) que se liga ás células humanas e que pode tornar a variante mais infeciosa.

Esta mutação, conhecida como N501Y (ou “Nelly”), também está presente na variante B.1.1.7, que está a espalhar-se rapidamente no Reino Unido, bem como na B.1.351 (também conhecida como 501.V2 ou N501Y. V2) variante que surgiu na África do Sul. A mutação permite que as proteínas da espícula do vírus se liguem mais facilmente às células humanas, o que pode torná-lo mais infecioso. A pesquisa sugeriu que a variante B.1.1.7 pode ser pelo menos 50 por cento mais transmissível do que as estirpes dominantes anteriormente, razão pela qual os cientistas e as entidades saúde pública estão tão preocupados.

Uma pesquisa brasileira divulgada no início de janeiro analisou a troca de aminoácidos que poderia causar esse efeito de maior facilidade da infeção pelo vírus. Assim onde estava a asparagina (N) no RNA do coronavírus original de Wuhan, na versão do Reino Unido, agora existe a tirosina (Y). Os autores explicaram que o “N fazia duas ligações” e, agora, o “Y faz muito mais”, trazendo mais aderência ao recetor humano.

Mutação E484K (Erik) resiste aos anticorpos

A variante P.1 também tem uma “mutação de escape” conhecida como E484K, que também existe na variante B.1.351 da África do Sul e que, em experiências de laboratório, ajudou o coronavírus a evitar anticorpos protetores gerados por infeções anteriores assim como torna-lo menos suscetível a medicamentos constituídos por anticorpos.

A mutação E484K está assim relacionada com um possível enfraquecimento da ação dos anticorpos humanos. Com a nova sequência de RNA, é atingida a região da proteína Spike onde precisamente atuam os anticorpos neutralizantes produzidos pelo sistema imunológico.

Por outras palavras, é possível que alguém que já foi infetado com uma estirpe anterior do coronavírus possa ser reinfectado por uma variante com esta mutação e que a mutação possa permitir que o coronavírus evite os anticorpos gerados pelas vacinas COVID.

O microbiólogo Ravi Gupta, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), criou no seu laboratório um pseudovírus com as mutações características da variante britânica, mais a E484K. Os resultados preliminares, sugerem que a mutação Erik aumenta a resistência do vírus aos anticorpos do plasma sanguíneo doado por pessoas que já receberam a vacina da Pfizer. 

Para ficar claro, isso não significa que as vacinas de coronavírus atualmente disponíveis não funcionarão contra variantes com a mutação E484K. Mesmo que a mutação torne, de alguma forma, as vacinas atuais menos eficazes, embora ainda não seja claro, os especialistas no assunto estão em geral otimistas de que as vacinas ainda oferecerão proteção contra estirpes com o Mutação E484K.

O biólogo Iñaki Comas recorda que as defesas humanas não consistem apenas nos anticorpos. Outro componente essencial da reação imunológica são os linfócitos T ou seja um grupo de glóbulos brancos capazes de destruir as células infetadas pelo coronavírus. Uma maior resistência aos anticorpos não implica necessariamente que o vírus escape ao exército defensivo do corpo humano.

Mais pesquisas são necessárias, mas por enquanto parece que o pior cenário seria que as vacinas ainda evitassem doenças graves das variantes, mas poderiam ser menos eficazes na prevenção de uma infeção leve ou assintomática.

As vacinas também podem e serão atualizadas para compensar esta e outras mutações ao longo do tempo.

Mutação K417 um mistério!

P.1 e a variante B.1.351 também compartilham outra mutação, K417, mas pouco se sabe sobre como isso beneficia o vírus. Os cientistas continuam “curiosos” em descobrir qual será a vantagem que a K417 oferece ao vírus sendo que é provável que também ajude o vírus a sobreviver ou transmitir-se de forma mais eficaz!

Mutações simultâneas em países diferentes

Quando variantes preocupantes evoluem com as mesmas mutações vantajosas em locais geograficamente distintos separados ao mesmo tempo, isso sugere que essas mutações são saltos evolutivos significativos para o vírus. Mas também não está claro se essas mutações e os seus efeitos estão ligados a outras mutações nas variantes de formas que os cientistas ainda não entendem.

Como Kai Kupferschmidt da Science apontou recentemente, pode ser que uma mutação como N501Y, aquela ligada a uma maior transmissibilidade, só seja útil para o coronavírus quando ocorre em combinação com uma ou mais mutações. Mais pesquisas são necessárias, e estão em andamento, para investigar as várias mutações em ação em cada uma das novas estirpes subitamente dominantes.

Segundo obeserva Sarah Zhang no The Atlantic, ainda é cedo e os dados sobre a variante no Brasil são particularmente escassos. Além de compartilhar certas mutações, essas variantes simplesmente têm um grande número de mutações, algumas únicas para cada variante. Ganhar um conjunto completo de mutações rapidamente deve ser um evento muito incomum. Mas com o vírus tão disseminado agora, eventos muito incomuns acontecerão e, certamente, mais de uma vez. A taxa usual de 2 mutações por mês pode subestimar a capacidade do coronavírus para sofrer mais mutações em situações incomuns. “É um pouco como um alerta”, afirma Kristian Andersen, microbiologista da Scripps Research.

Reinfeção pela variante P.1 é possível?

Isso ainda precisa de ser determinado. Até o momento, só houve um caso confirmado acontecendo em Manaus, e os casos de reinfeção por qualquer variante permanecem muito raros. Mas há muito que os cientistas ainda não sabem sobre a variante P.1, incluindo a sua capacidade de reinfectar sobreviventes de COVID.

Variante P.1 onde já foi detetada?

Até ao momento, a variante P.1 COVID só foi detetada no Brasil e em alguns casos no Japão entre pessoas que viajaram para Manaus. Ainda não há evidências de transmissão comunitária da variante em qualquer outro país que não o Brasil.

Dito isso, é possível, senão provável, que P.1 já tenha se espalhado para fora do Brasil sem ser detetado. Todas as estirpes do coronavírus que se tornaram dominantes em algum lugar do mundo, como o P.1 no Amazonas, acabaram por se espalhar para outros países.

Mapa de países com a P.1 já detetada

Mapa de países com a estirpe P.1 já detetada. Relatório de 22.01.2021. Fonte: https://cov-lineages.org/global_report_P.1.html

Embora a variante P.1 não tenha sido detetada no Reino Unido, um dos principais epidemiologistas do país afirmou que é provável que já esteja presente.

Variante B.1.1.7 Reino Unido

Esta estirpe B.1.1.7 está a “devastar” o Reino Unido e diversos países pois as mutações que apresenta, já descritas neste artigo, tornaram-na cerca de 50% a 70% mais contagiosa e 30% mais mortal. Descrevo de seguida o mapa dos países afetados em 22.01.2021.

Fonte: https://cov-lineages.org/global_report_B.1.1.7.html

Variante P.2 do Rio de Janeiro

Outra variante do coronavírus, denominada P.2, parece ter-se espalhado no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Embora carregue a “mutação de escape” E484K, até agora os cientistas não consideraram a estirpe uma variante de preocupação.

Variante de Nova Iorque B.1.526

A variante de Nova Iorque tem um conjunto de mutações que afetam a proteína spike e permitem ao vírus ligar-se melhor às células humanas e escapar aos anticorpos gerados pelas vacinas existentes. A nova variante do coronavírus em Nova Iorque, a B.1.526, que terá sido detetada pela primeira vez em novembro.

Há duas versões da variante de SARS-CoV-2 que os investigadores da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) incluem na designação de B.1.526:

  • Mutação E484K, que ajuda o vírus a escapar aos anticorpos e já foi identificada na variante sul-africana (B.1.351) e na variante brasileira (P.1 ou B.1.1.248);
  • Mutação S477N, que pode afetar a força da ligação entre o vírus e as células humanas.

Outras mutações de interesse encontradas nesta nova variante de Nova Iorque são:

  • Mutação D253G, que permite escapar aos anticorpos gerados contra uma parte específica da proteína spike (a região N-terminal);
  • Mutação A701V que também está presente na variante sul-africana.

A grande preocupação é que estas mutações tornem as vacinas atuais contra a Covid-19 menos eficazes.

No estudo da Caltech é sublinhado que o conjunto de mutações mais comuns que afetam a proteína spike nesta nova linhagem (agora designada B.1.526) são L5F, T95I, D253G, E484K ou S477N, D614G e A701V. Esta linhagem apareceu no final de novembro de 2020 e representa cerca de 25% dos genomas de coronavírus sequenciados e registados em Nova Iorque em fevereiro de 2021.

Artigo da Caltech em pré-publicação: SARS-CoV-2 lineage B.1.526 emerging in the New York region detected by software utility created to query the spike mutational landscape.

A Universidade Columbia, em Nova Iorque, por sua vez, sequenciou 1.142 amostras de doentes do centro médico da universidade e verificou que 12% das pessoas, com várias origens na área metropolitana, tinham uma variante com a mutação Erik (E484K). Além disso, encontraram seis casos da variante britânica, dois da variante brasileira e um da variante sul-africana. Foi a primeira vez que Nova Iorque identificou casos destas duas últimas variantes, que têm ambas a mutação Erik.

Michel Nussenzweig, imunologista na Universidade de Rockefeller, não esteve envolvido nos estudos, mas confessa-se mais preocupado com esta nova variante em Nova Iorque do que a que se tem espalhado rapidamente na Califórnia (CAL.20C ou B.1.429).

O que acontece depois?

Estudos estão em andamento para compreender a transmissibilidade e a gravidade das variantes recém-descobertas do SARS-CoV-2, bem o como seu impacto potencial nas vacinas.

Segundo o Dr. Trevor Bedford, virologista e professor associado da Universidade de Washington, após aproximadamente 10 meses de relativa inatividade, começamos a ver uma evolução notável do SARS-CoV-2 com um padrão evolutivo repetido nas variantes do SARS-CoV-2 de preocupação emergentes do Reino Unido, África do Sul e Brasil.

Ainda segundo o Dr. Trevor Bedford, que também trabalha com a Divisão de Vacinas e Doenças Infeciosas de Fred Hutch, alertou para o facto de termos observado três variantes preocupantes a surgir desde setembro de 2020 o que pode significar que provavelmente há mais por vir!

Concluindo

O coronavírus SARS-CoV-2 é obviamente o maior desafio enfrentado pela humanidade nos últimos 100 anos quer em termos sanitários quer em termos económicos… é uma verdadeira desgraça! As suas mutações são frequentes e embora a esmagadora maioria não cause preocupação basta uma ou duas mais virulentas para baralhar tudo outra vez… por exemplo alguma que torne as vacinas já existentes pouco eficazes e permita a reinfeção dos ex infetados!

No entanto convém nunca esquecer que em 2021 temos armas poderosas em ambas as frentes para combater esta “guerra”. Nunca na história da humanidade tivemos tantos medicamentos e tão poderosos. Os anticorpos monoclonais são um dos exemplos que nos trazem mais esperança e as novas vacinas de RNAm podem facilmente adaptar a produção a eventuais novas estirpes mais virulentas.

O que podemos fazer?

Mas nós próprios também podemos proteger-nos muito melhor e fortalecer o nosso sistema imunitário, fazendo uma alimentação adequada sem exageros quer no consumo de carne quer de vegetais (apesar da moda!), eliminando todos os alimentos processados (principalmente hidratos de carbono), comendo poucas vezes por dia e fazendo diariamente 12 a 16 horas de jejum, obviamente podendo beber água ou chá (sem açúcar) durante o dia para ajudar a controlar eventuais “desejos alimentares”. Dormir bem e controlar a ansiedade são também dois pilares essenciais para um sistema imunitário muito forte!

Referências

Tabaco e medicamentos para deixar de fumar

Fonte: Dra. Ana Paula Mendes, Farmacêutica do CIM (Centro de Informação do Medicamento), Ordem dos Farmacêuticos



Tabaco o que é?

O tabaco é um conjunto de produtos provenientes do processamento das folhas de Nicotiniana tabacum e Nicotiniana rustica. O fumo do tabaco contém cerca de 5000 produtos químicos, muitos deles reconhecidamente nocivos, como o alcatrão e a nicotina, e o monóxido de carbono, proveniente da combustão incompleta de componentes do cigarro.

A nicotina é responsável pelos seus efeitos aditivos e a dependência do tabaco é considerada pela OMS uma situação crónica e recidivante. O consumo de tabaco é um grave problema de Saúde Pública e a principal causa evitável de morbilidade e mortalidade a nível global, responsável por cerca de seis milhões de mortes anualmente.

A frequência das afeções e da mortalidade associadas ao tabagismo parecem relacionadas com o número de cigarros consumidos diariamente, bem como com a duração da exposição. Contudo, mesmo consumos modestos, na ordem de um a quatro cigarros por dia, têm sido correlacionados a aumentos na mortalidade global.

Doenças associadas ao tabaco

Entre as diversas patologias associadas ao consumo de tabaco incluem-se:

  • Arteriopatia crónica obstrutiva dos membros inferiores.
  • Acidentes vasculares cerebrais e doença coronária – angina e enfarte do miocárdio.
  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
  • Cancros do pulmão.
  • Cancros da boca, vias aéreas, digestivos (estômago e esófago) e da bexiga, entre outros.
  • Doenças parodontais e descolorações dos dentes e da boca.
  • Úlceras gastroduodenais e refluxo gastroesofágico.
    • Aumento do risco de:
    • cancro da mama,
    • osteoporose,
    • infeções respiratórias,
    • cataratas,
    • disfunção erétil,
    • atraso na cicatrização de feridas,
    • traumatismos ou na consolidação de fraturas,
    • degenerescência macular,
    • diabetes tipo 2 e
    • doenças da tiróide, entre outras patologias.

Tabagismo passivo

O tabagismo passivo aumenta o risco de cancros do pulmão e de doenças cardiovasculares. Parece ser também um fator para o aparecimento de DPOC e de cancros da rinofaringe.

A exposição das crianças ao fumo do tabaco origina infeções respiratórias baixas e otites médias, aumentando a intensidade e a frequência das crises de asma. A cessação tabágica está associada a claros benefícios de saúde e a reduções globais do risco de morbilidade e mortalidade.

A cessação completa e definitiva do consumo de tabaco é difícil. A maioria dos fumadores que tentam parar o consumo passam por ciclos repetidos de cessação, seguida de recaídas, antes de obterem uma abstinência sustentada. Muitos fumadores só cessam o consumo quando desenvolvem complicações.

Tratamento

As estratégias para auxiliar os fumadores a cessar o consumo devem basear-se no aconselhamento comportamental, para aumentar a motivação e apoiar as tentativas, ao qual podem ser associadas intervenções farmacológicas, que reduzem o efeito de reforço da nicotina e os sintomas de abstinência associados à cessação.

O foco deve estar em auxiliar a prevenir uma recaída no consumo e proporcionar suporte caso esta ocorra, encorajando tentativas futuras. A cessação tabágica tem maior probabilidade de sucesso quando o fumador está motivado. A associação de uma abordagem medicamentosa e não medicamentosa aumenta a probabilidade de conseguir uma abstinência definitiva.

A farmacoterapia pode ser sugerida a todos os doentes, mas especialmente aos que fumam dez ou mais cigarros por dia, ou que começam a fumar trinta a sessenta minutos após acordar. Os principais fármacos que demonstraram eficácia no apoio à cessação tabágica são:

  • Nicotina,
  • Vareniclina (Champix)
  • Bupropiom.

Estas terapêuticas visam reduzir os sintomas da desabituação da nicotina, tornando mais fácil a cessação do consumo de tabaco.

Medicamentos para deixar de fumar, qual a melhor estratégia?

A seleção do fármaco para deixar de fumar depende essencialmente das preferências do doente e da sua experiência prévia, exceto na presença de comorbilidades ou toma de outros fármacos.

Para deixar o tabaco Meta-análises sugerem que a vareniclina e a terapêutica de substituição nicotínica (TSN) de combinação apresentam uma eficácia semelhante, o que torna estas duas abordagens a primeira linha de tratamento da cessação tabágica.

A associação de dois produtos de substituição de nicotina – um sistema transdérmico e uma formulação de ação rápida, como goma para mascar ou comprimido para chupar, permite suplementar as concentrações séricas em ocasiões de particular risco de recaída. Contudo, o uso de um único produto pode ser uma alternativa razoável.

As gomas de mascar de nicotina não são geralmente adequadas para doentes com aparelhos e próteses dentárias, problemas de dentição ou doença temporomandibular. Em doentes com xerostomia, as pastilhas/comprimidos para chupar são provavelmente menos eficazes devido à produção diminuída de saliva. Doenças dermatológicas generalizadas podem não permitir o uso de sistemas transdérmicos.

O bupropiom é considerado quando outros fármacos se revelaram ineficazes ou estão contraindicados, pois parece ser um tanto menos eficaz que a associação de substitutos da nicotina ou a vareniclina. É uma alternativa de primeira linha aceitável caso este fármaco tenha sido eficaz anteriormente, ou se o doente tiver depressão concomitante.

Entre as razões mais comuns para uma resposta insuficiente ao tratamento encontram-se a não adesão, efeitos adversos e dose inadequada, particularmente com os substitutos de nicotina. Recomenda-se que seja proporcionado acompanhamento pessoal ou telefónico uma a duas semanas após início da terapêutica farmacológica, para monitorizar efeitos adversos, reforçar a adesão à terapêutica e proporcionar apoio à cessação.

O aumento de peso após a cessação tabágica é uma preocupação para muitos fumadores, o que pode limitar a vontade de tentar cessar o consumo e obter uma abstinência sustentada. Os mecanismos subjacentes a este aumento incluem a reversão dos efeitos supressores do apetite associados à nicotina, diminuição da taxa metabólica e aumento da ingestão calórica.

Uma revisão Cochrane mostrou que a TSN, a vareniclina e o bupropiom reduzem o ganho de peso pós-cessação durante o decorrer do tratamento, mas não o previnem, pois o efeito não persiste após o final da terapêutica. Os doentes devem ser encorajados a não aumentar a ingestão de alimentos em substituição do consumo de tabaco, devendo sim reduzir a ingestão de alimentos calóricos e aumentar a atividade física.

Como anteriormente referido, a seleção dos fármacos pode estar condicionada pela existência de situações clínicas ou patologias concomitantes. Seguem-se algumas considerações sobre o tratamento da cessação tabágica em algumas populações especiais.

Doença psiquiátrica

A prevalência do tabagismo entre os indivíduos com perturbações psiquiátricas é substancialmente superior à da população em geral. Apresentam maior probabilidade de consumos elevados e são propensos a sofrerem sintomas de abstinência mais severos e recaídas, o que conduz a uma maior morbimortalidade do tabagismo nesta população.

A desabituação tabágica em doentes psiquiátricos tem sido um assunto controverso, já que existe a noção de que o abandono do hábito pode interferir com a recuperação da doença mental. Contudo, a cessação tabágica não parece associada a desestabilização e mostrou melhorar a saúde mental destes doentes, devendo ser recomendada a todos os doentes com patologia psiquiátrica.

A evidência indica que os mesmos fármacos são eficazes em fumadores com ou sem doença psiquiátrica, apesar de as taxas absolutas de cessação serem mais baixas nos fumadores com patologia psiquiátrica concomitante. Deve existir monitorização mais apertada de possíveis interações com fármacos antipsicóticos, podendo ser necessários ajustes na sua dose, uma vez que a cessação tabágica pode conduzir a aumento das concentrações séricas de fármacos como a clozapina e a olanzapina.

Um ensaio clínico de larga escala, aleatorizado e controlado, avaliou a segurança das diversas terapêuticas farmacológicas em doentes com e sem doença neuropsiquiátrica, não tendo encontrado diferenças significativas na frequência de efeitos adversos neuropsiquiátricos graves entre doentes com e sem doença mental, bem como entre os diferentes fármacos. No caso específico dos doentes com esquizofrenia, a eficácia da TSN parece modesta.

De acordo com uma meta-análise recente, o bupropiom aumenta as taxas de abstinência em fumadores com esquizofrenia, sem comprometer o estado mental. Existe também crescente evidência de que a vareniclina é eficaz e segura nestes doentes. Diversos estudos sugerem que os fármacos utilizados para a cessação tabágica na população em geral são igualmente eficazes na presença de depressão concomitante. Contudo, doentes com sintomas depressivos significativos podem responder pior a intervenções de cessação tabágica. Existe evidência de que a TSN e o bupropiom são eficazes nestes doentes. Apesar de o bupropiom ter atividade antidepressora, não apresenta maior eficácia em fumadores com depressão comparativamente a outros fármacos.

Doença cardiovascular

O tabagismo é um fator de risco major para o desenvolvimento e exacerbação de doenças cardiovasculares. Os fármacos de primeira linha têm mostrado eficácia no tratamento de doentes com patologias cardiovasculares; os doentes com doenças cardiovasculares estáveis podem ser tratados com qualquer dos fármacos de primeira linha.

A TSN é considerada segura na presença de patologia cardiovascular estável; esta tem sido ainda usada para reduzir os sintomas de abstinência em doentes hospitalizados com síndromas coronárias agudas. Os ensaios clínicos efetuados com o bupropiom não mostram evidência de aumento de eventos adversos cardiovasculares relativamente ao placebo.

A vareniclina também mostrou eficácia em fumadores com síndromas coronárias agudas. A evidência disponível aponta para que a sua toma possa estar associada a um pequeno acréscimo do risco de eventos cardiovasculares; contudo, o seu uso é considerado seguro em doentes com doença cardiovascular estável.

Segundo um documento de consenso recentemente publicado, terapêuticas de primeira linha em fumadores com doenças cardiovasculares estáveis são a TSN de combinação ou a vareniclina; o bupropiom ou a TSN em monoterapia são abordagens de segunda linha. Podem ser utilizadas associações de fármacos em fumadores que apresentem apenas uma resposta parcial e não consigam atingir a abstinência com monoterapia.

Nos doentes hospitalizados por síndromas coronárias agudas, o alívio dos sintomas de abstinência de nicotina pode ser obtido recorrendo a sistemas transdémicos de nicotina ou TSN em associação. Esta última abordagem pode ser continuada após alta hospitalar, ou então poderá ser utilizada a vareniclina.

Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)

A cessação tabágica é fundamental para retardar o agravamento da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). A farmacoterapia é adequada nestes doentes e a sua associação a intervenções comportamentais mostrou aumentar a eficácia destas. Uma revisão Cochrane concluiu que a associação de terapia comportamental e farmacoterapia é eficaz para promover a cessação tabágica em doentes com DPOC, não existindo evidência de que algum dos fármacos seja preferível nestes doentes.

Grávidas

O uso de tabaco durante a gravidez é um importante fator de risco para a ocorrência de complicações obstétricas e neonatais, entre as quais se contam aborto espontâneo, prematuridade, morte fetal e perinatal, e baixo peso à nascença.

Alguns estudos apontam para a existência de efeitos a longo prazo na saúde das crianças. Apesar destes riscos, o número de mulheres que fumam durante a gravidez mantém-se elevado. Assim, é imperativo que as grávidas que fumam recebam encorajamento e apoio para tentar a cessação, ou pelo menos a redução do consumo de cigarros.

Para a cessação tabágica durante a gravidez são recomendadas, em primeira linha, intervenções educativas e comportamentais. Contudo, para algumas grávidas estas medidas são insuficientes. Em grávidas que continuem a fumar apesar de intervenções comportamentais, a TSN constitui uma escolha razoável, não obstante a sua eficácia durante a gravidez não estar bem estabelecida, nem estarem claramente definidos os seus efeitos fetais e neonatais.

Uma meta-análise de seis ensaios foi inconclusiva acerca da sua segurança e eficácia durante a gravidez. Contudo, mesmo que a sua segurança não esteja plenamente estabelecida, o seu uso em alternativa ao tabaco reduz a exposição fetal a outras toxinas, como o monóxido de carbono, que também contribui para efeitos fetais adversos, pelo que será provavelmente mais seguro do que continuar a fumar.

A grávida deve receber a menor dose de nicotina possível, que permita manter a abstinência e controlar os anseios de fumar. As formas farmacêuticas de administração intermitente, como as formas orais, parecem preferíveis aos dispositivos transdérmicos, por exporem o feto a doses menores de nicotina; estes são de recurso, em caso de náuseas e vómitos. Se for utilizado o sistema transdérmico, este deve ser removido à noite para minimizar a dose diária.

O uso da vareniclina e do bupropiom é desaconselhado pela maioria dos autores, devido à ausência de ensaios aleatorizados e controlados de dimensão suficiente. Apesar disto, o bupropiom tem também sido utilizado durante a gravidez, com alguma evidência de eficácia, havendo autores que o consideram uma alternativa à TSN. Contudo, os eventuais efeitos da exposição fetal ao fármaco, especialmente durante o primeiro trimestre, permanecem incertos.

Até à data, a evidência aponta para um possível aumento do risco de malformações cardíacas e do número de abortos com o uso no primeiro trimestre, mas os dados são ainda insuficientes. A evidência relativa ao uso da vareniclina durante a gravidez é muito escassa, o que não permite retirar conclusões acerca da sua eficácia e segurança. Assim, devido à ausência de dados, o seu uso durante a gravidez deve ser evitado.

Até à data, não foram realizados estudos acerca do uso dos cigarros eletrónicos em grávidas. Devido à falta de garantia acerca da sua composição, dos efeitos adversos das substâncias que podem estar contidas nas soluções e da pouca experiência de utilização, é prudente aconselhar as grávidas a não utilizar estes dispositivos.

A gravidez é uma ótima ocasião para intervenções de apoio à cessação tabágica, uma vez que as grávidas estão muitas vezes altamente motivadas para deixar de fumar. Muitas mulheres deixam espontaneamente de fumar ao engravidarem, mas um ano depois do parto dois terços das mulheres que deixam de fumar durante a gravidez têm uma recaída.

Mulheres a amamentar

Em mulheres que já estavam sob tratamento durante a gravidez, poderá ser continuada a mesma medicação. Caso a mãe pretenda iniciar, a TSN é uma opção, com uma dose de nicotina que não exceda a dose habitualmente aportada pelo uso de tabaco. A TSN deve ser usada após amamentar o bebé, para minimizar a exposição.

Doentes hospitalizados

O consumo de tabaco é uma das principais causas de agravamento da maioria das patologias pelas quais os doentes ingressam nos hospitais. A TSN é adequada para tratar sintomas de desabituação da nicotina em doentes hospitalizados, uma vez que tem um rápido início de ação, ao contrário da vareniclina e do bupropiom. Os doentes que utilizam esta terapêutica no hospital apresentam maior probabilidade de a continuarem após a alta e conseguirem descontinuar o consumo a longo prazo. O tratamento farmacológico deve ser associado a aconselhamento.

Doentes perioperatórios

O doente fumador está sujeito a maior risco de complicações pós-operatórias e mortalidade. Cessar o uso de tabaco promove uma melhor cicatrização. Este contexto proporciona uma ocasião em que a motivação de cessar o consumo é elevada e constitui uma altura favorável à intervenção. A TSN e a vareniclina são opções nesta população, devendo ser escolhida a TSN caso a cirurgia esteja prevista decorrer a curto prazo.

Referências bibliograficas

  • 1. Rigotti NA. Pharmacotherapy for smoking cessation in adults. UpToDate®, topic last updated: Jul 10, 2018.
  • 2. McDonough M. Update on medicines for smoking cessation. Aust Prescr. 2015 Aug [acedido a 10-04-2019]; 38(4): 106-11. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ articles/PMC4653977/pdf/austprescr-38-106.pdf
  • 3. Barua RS, Rigotti NA, Benowitz NL, Cummings KM, Jazayeri M-A, Morris PB, Ratchford EV, Sarna L, Stecker EC, Wiggins BS. 2018 ACC expert consensus decision pathway on tobacco cessation treatment. J Am Coll Cardiol. 2018 Dec 25 [acedido a 10-04-2019]; 72(25): 3332-65. Disponível em: http://www.onlinejacc.org/content/72/25/3332
  • 4. Dodd S, Arancini L, Gómez-Coronado N, Gasser R, Lubman DI, Dean OM, Berk M. Considerations when selecting pharmacotherapy for nicotine dependence. Expert Opin Pharmacother. 2019 Feb [acedido a 10-04-2019]; 20(3): 245-250. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/14656566.2018.1550072?needAccess=true
  • 5. Tabaquismo y deshabituación tabáquica. Panorama Actual Med. 2017; 41(404): 497-517.
  • 6. Mota P. Efeitos do tabagismo na saúde e terapêutica farmacológica de 1.ª linha na cessação tabágica. Med Interna. 2015 [acedido a 10-04-2019]; 22(2): 99-106. Disponível em: https://www.spmi.pt/revista/vol22/vol22_n2_2015_099_106.pdf
  • 7. Aubin HJ, Luquiens A, Berlin I. Pharmacotherapy for smoking cessation: pharmacological principles and clinical practice. Br J Clin Pharmacol. 2014 Feb [acedido a 10-04-2019]; 77(2): 324- 36. Disponível em: https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/bcp.12116
  • 8. Van Schayck OCP, Williams S, Barchilon V, Baxter N, Jawad M, Katsaounou PA, Kirenga BJ, Panaitescu C, Tsiligianni IG, Zwar N, Ostrem A. Treating tobacco dependence: guidance for primary care on life-saving interventions. Position statement of the IPCRG. NPJ Prim Care Respir Med. 2017 Jun 9 [acedido a 10-04-2019]; 27(1): 38. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5466643/pdf/41533_2017_Article_39.pdf
  • 9. Chun EM. Smoking Cessation Strategies Targeting Specific Populations. Tuberc Respir Dis (Seoul). 2019 Jan [acedido a 10-04-2019]; 82(1): 1-5. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6304332/pdf/trd-82-1.pdf
  • 10. Deshabituación tabáquica en situaciones especiales. INFAC. 2012 [acedido a 10-04-2019]; 20(10): 59-63. Disponível em: http://www.osakidetza.euskadi.eus/contenidos/informacion/cevime_infac_2012/es_def/adjunto s/INFAC_Vol_20_n_10_bis.pdf
  • 11. van Eerd EA, van der Meer RM, van Schayck OC, Kotz D. Smoking cessation for people with chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Aug 20 [acedido a 10- 04-2019]; (8): CD010744. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6400424/pdf/CD010744.pdf
  • 12. Leung LW, Davies GA. Smoking Cessation Strategies in Pregnancy. J Obstet Gynaecol Can. 2015 Sep [acedido a 10-04-2019]; 37(9): 791-797. Disponível em: https://www.jogc.com/article/S1701-2163(15)30149-3/pdf
  • 13. Femmes enceites: choisir un moyen de sevrage du tabac. Rev Prescr. 2015; 35(377): 204-10.
  • 14. Rodriguez-Thompson D. Cigarette smoking in pregnancy: Cessation strategies and treatment options. UpToDate®, topic last updated: Feb 01, 2019.
  • 15. Consommation et arrêt du tabac. Rev Prescr. 2016; 36(398): 926-30.
  • 16. Jiménez Ruiz CA, de Granda Orive JI, Solano Reina S, Riesco Miranda JA, de Higes Martinez E, Pascual Lledó JF, Garcia Rueda M, Lorza Blasco JJ, Signes Costa-Miñana J, Valencia Azcona B, Villar Laguna C, Cristóbal Fernández M. Normativa sobre tratamento del tabaquismo en pacientes hospitalizados. Arch Bronconeumol. 2017 Jul [acedido a 10-04-2019]; 53(7): 387-394. Disponível em: http://www.archbronconeumol.org/es-pdf-S0300289616303258
  • 17. Pierre S, Rivera C, Le Maître B, Ruppert AM, Bouaziz H, Wirth N, Saboye J, Sautet A, Masquelet AC, Tournier JJ, Martinet Y, Chaput B, Dureuil B. Guidelines on smoking management during the perioperative period. Anaesth Crit Care Pain Med. 2017 Jun [acedido a 10-04-2019]; 36(3): 195-200. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352556817300486

OVO FAZ MAL AO COLESTEROL? COMER OVO TODOS OS DIAS TODA A VERDADE!



Ovo faz mal ao colesterol? Comer ovo faz mal ao fígado? Será que comer ovo todos os dias faz mal? Quantos ovos podemos comer por dia? Estas são perguntas frequentes e muito relevantes porque juntam um alimento nutricionalmente importante com um problema de saúde muito corrente que pode ser grave. Neste artigo vou tirar todas as dúvidas sobre este extraordinário alimento e clarificar as polémicas em torno do ovo! Será que existe razão para receio? Qual o fundamento científico destas polémicas?

Assim vou responder ás seguintes questões:

  • Ovo faz mal ao colesterol?
  • Ovo faz mal ao fígado?
  • Quantos ovos pode comer por dia de forma segura?
  • Qual a estrutura de um ovo?
  • Qual a composição nutricional do ovo?
  • Quais as vitaminas e minerais mais relevantes na clara e na gema do ovo?
  • Que quantidade de proteína, gordura e hidratos de carbono tem o ovo?
  • Qual a forma mais saudável de cozinhar o ovo?
  • Qual a classificação dos ovos?
  • Quais as cores de um ovo saudável?
  • Como cozinhar ovo de forma saudável?
  • Quais os riscos para a saúde?
  • O que é a salmonelose?
  • Quais os perigos da salmonelose?
  • Quais os sintomas da salmonelose?
  • Como se pode prevenir a salmonelose?
  • Qual o tratamento mais eficaz?

[rad_rapidology_locked optin_id=optin_2][/rad_rapidology_locked]

Qual a estrutura do ovo?

Casca do ovo

A casca do ovo é a cobertura externa do ovo, formada principalmente por carbonato de cálcio. A superfície é porosa e por sua vez coberta por uma fina película mucosa. Representa entre 10 e 11 por cento do peso total do ovo. Para o consumo, a casca deve ser lisa, sem granulações nem enrugamentos e fissuras, pois qualquer um desses defeitos indicam alguma anomalia no processo de depósito do carbonato de cálcio, e como consequência, tornam-se mais frágeis. A debilidade da casca ou as malformações podem ter origem em carências nutritivas, doenças inflamatórias no oviducto ou idade avançada da galinha.

Clara do ovo

A clara do ovo é composta basicamente de albúmen, trata-se de uma substância aquosa e viscosa, praticamente transparente e sem odor próprio, segregada por certas glândulas que as aves possuem no oviducto (Canal, que nas aves dá passagem ao ovo, desde que este deixa o ovário). A clara é rica em proteínas e é de alta digestão. Representa de 55 a 60 por cento do total do ovo. Na clara podemos distinguir as duas partes, a parte interna, mais fluída, e outra externa, mais rígida. Também existe uma pequena membrana na parte interior onde é unida a clara a gema.

Gema do ovo

A gema do ovo está situada centralmente no interior do ovo e de forma esférica, é mais densa que a clara, e possui coloração amarela alaranjada, de intensidade variável. Esta cor deve-se aos pigmentos naturais como xantofila e caroteno dissolvidos na gordura. A gema representa 20 a 31 por cento do peso total e nela concentra-se a parte mais gordurosa e calórica do ovo. Esporadicamente, sendo mais frequente em galinhas novas e de recente postura, podem surgir ovos com duas gemas, como consequência de uma falha de sincronização na produção do óvulo no ovário. Muito mais raros, mas também possível é o aparecimento de ovos sem gemas, formados normalmente devido fragmentação do tecido desprendido do ovário, no oviducto.

Composição nutricional do ovo

Os ovos são considerados habitualmente como alimentos saudáveis, completos, de boa digestão e alto valor nutritivo. O preço apresenta-se geralmente acessível e com boa relação custo/benefício.

Ovalbumina a proteína padrão

O ovo é rico em proteínas, que possuem todos os aminoácidos essenciais em concentração e proporções equilibradas. A proteína do ovo, a ovalbumina, é considerada a proteína padrão ou de referência para comparar o valor nutritivo das proteínas de outros alimentos. A ovalbumina é a principal proteína da clara do ovo e representa cerca de 55% do teor total de proteína existente no ovo.

Possuem vitaminas do complexo B, na clara e também têm vitaminas A e D, localizadas exclusivamente na gema, por serem vitaminas lipossolúveis. O consumo de um ovo por dia, aproxima-se de 40% das necessidades diárias de biotina (vitamina B7), necessária em numerosas funções orgânicas; também cobre 20% de riboflavina (vitamina B2). Os ovos não possuem vitamina C nem caroteno. O ovo também contém alguns sais minerais, como sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ferro e zinco.

Composição nutritiva por 100g

Dois ovos de galinha pequenos pesam cerca de 100 g. Assim  descrevo de seguida em diversas tabelas, a composição nutricional, energética, assim como de vitaminas e minerais do ovo de galinha cozido, segundo as tabelas de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Macronutrientes principaisComposição g/100g
Água75,3 g
Proteína13,0 g
Lípidos10,8 g
Outros0,9 g
Hidratos de carbono0 g
Fibra0 g
Ácidos orgânicos0 g
Álcool0 g
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Distribuição energética%
Lípidos64,4 %
Proteína35,6 %
Hidratos de carbono0 %
Fibra0 %
Ácidos orgânicos0 %
Álcool0 %
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Valor energético por 100 g de parte edível (comestível)Unidades
Energia149 Kcal
Energia621 KJ
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Lípidos por 100 g de parte edível (comestível)Unidades
Ácidos gordos saturados2,7 g
Ácidos gordos monoinsaturados3,9 g
Ácidos gordos polinsaturados2,1 g
Ácido linoleico1,9 g
Ácidos gordos trans0 g
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Outros macronutrientes por 100 g de parte edívelUnidades
Sal0,4 g
Proteína13 g
Água75,3 g
Colesterol408 mg
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Vitaminas por 100 g de parte edívelUnidades
Vitamina A total (equivalentes de retinol)170 microgramas
Vitamina D (Calciferol)1,7 microgramas
Vitamina E (α-tocoferol)2,3 mg
Vitamina B1 (Tiamina)0,06 mg
Vitamina B2 (Riboflavina)0,35 mg
Vitamina B3 (Niacina)0,03 mg
Equivalentes de niacina3,8 mg
Triptofano/603,8 mg
Vitamina B6 (Piridoxina)0,36 mg
Vitamina B12 (Cianocobalamina)0,5 microgramas
Folatos (Vitamina B9 na forma natural)40 microgramas
Vitamina C0 mg
Caroteno0 microgramas
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

MineraisUnidades
Sódio (Na)140 mg
Potássio (K)130 mg
Cálcio (Ca)44 mg
Fósforo (P)190 mg
Magnésio (Mg)11 mg
Ferro (Fe)2,1 mg
Zinco (Zn)1,3 mg
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Ovo faz mal ao colesterol?

Esta questão polémica, muito discutida e por diversas vezes mal interpretada pela população em geral, deriva obviamente dum facto já atrás descrito na composição do ovo:

  • 1 ovo médio tem aproximadamente 204 mg de colesterol.

Imensos estudos científicos foram já feitos para responder à dúvida se o colesterol que ingerimos com os ovos tem influência num aumento de colesterol LDL no sangue que possa causar doença cardiovascular.

Esmagadoramente a conclusão ao fim de tantos anos é de que não existe relação entre a ingestão de ovos e um aumento de incidência de doença cardiovascular. A Associação Portuguesa de Nutricionistas sublinha três referências científicas sobre esta questão:

  • A gema de ovo contém lecitinas que metabolicamente impedem a subida de produção de colesterol pelo nosso corpo; Fonte: Yang F, Ma M, Xu J, Yu X, Qiu N., An egg-enriched diet attenuates plasma lipids and mediates cholesterol metabolism of high-cholesterol fed rats, Lipids. 2012 Mar;47(3):269-77. Epub 2012 Jan 11;
  • A presença de colesterol na alimentação não se relaciona diretamente com os níveis elevados do mau colesterol (LDL) no organismo? Esta subida deve-se sobretudo à consumo de gordura saturada presente nas carnes vermelhas, enchidos, fumados, manteiga, leite gordo. Fonte: Krause, Alimentos, Nutrição e Dietoterapia; L.Kathleen Mahan, Sylvia Escott-Stump, 12º Ed., Elsevier;
  • Se associarmos o consumo de colesterol, por exemplo através do ovo, ao consumo de hortofrutícolas verifica-se uma diminuição da absorção intestinal de colesterol; Fonte: Rocha M, Banuls C. Bellod L, Jover A, Victor VM, Hernandez-Mijares A., A review on the role of phytosterols: new insights into cardiovascular risk., Curr Pharm Des. 2011 Dec 1;17(36):4061-75;

Estudos e documentos sobre ingestão de ovos

De seguida descrevo também alguns dos estudos e documentos importantes sobre este assunto que pode consultar livremente.

Comprovou-se que a acumulação de colesterol nas nossas artérias é proveniente de outras fontes, como comidas industrializadas processadas, fast-foods, associados com o metabolismo e ausências de atividade física, obesidade, sedentarismo e outros fatores. Com isso conclui-se que os efeitos no nível de colesterol não são relevantes e não tem nenhuma relação direta com o índice de mortalidade por doenças cardiovascular .

Por outro lado, existe no mercado estudos para desenvolvimento de ovos de galinhas com baixo nível de colesterol, enriquecidos com omega-3, um ácido gordo considerado cárdio-protector.

É muito mais importante prestar atenção à quantidade total de açúcar e gordura de má qualidade na sua alimentação processada assim como aos métodos culinários utilizados que utilizam temperaturas demasiado altas. Estes fatores concorrem de forma decisiva para aumentar o grau geral de inflamação do nosso organismo.

Inflamação e origem das lesões cardiovasculares

É a inflamação que provoca lesões nas artérias. O colesterol apenas adere ás paredes das artérias lesionadas para ajudar a “cicatrizar” essas lesões! Resumindo em linguagem simples…se não existirem lesões nas artérias o colesterol jamais se “cola” ás suas paredes. Uma pessoa saudável pode comer ovos todos os dias mas deve evitar os alimentos pró-inflamatórios como os alimentos processados ricos em açúcar e gordura de má qualidade .

Leia também: Este é o maior “assassino” cardiovascular! Toda a verdade!

Ovo faz mal ao fígado?

Segundo a médica Dra Nicole Geovana, o ovo é um alimento de fácil digestão e não faz mal ao fígado. O que provoca danos no fígado é a forma de preparar o ovo. Quando cozinhado com muito óleo e gorduras de baixa qualidade qualquer alimento pode tornar-se indigesto. O melhor é mesmo consumir os ovos cozidos.

Porém, se a pessoa tiver algum problema na vesícula biliar, como pedras ou vesícula preguiçosa, a ingestão de ovo pode provocar mal estar, náuseas e dores no lado direito do abdómen, próximo às costelas. Isto pode ocorrer porque a gema do ovo tem gorduras e estimula a contração da vesícula biliar, que liberta substâncias importantes para a digestão de alguns tipos de alimentos. Essa contração, na presença de pedras dentro da vesícula, pode provocar dor.

Quantos ovos posso comer por dia?

Recomendações de entidades de saúde

Algumas das mais importantes entidades de saúde ligadas à doença cardiovascular atualizaram as suas recomendações para a ingestão de ovos, a saber:

  • American Heart Association – retirou o limite anterior de 300mg/dia e não estabeleceu limite;
  • British Heart Foundation – retirou o limite anterior não estabeleceu limite;
  • Australian Heart Foundation – até 6 ovos por semana para os pacientes com doença cardiovascular ativa; Sem limite para as pessoas saudáveis;

Perante estas recomendações em que foi retirada a limitação de ingestão diária de ovos e não foi descrito um máximo considerado seguro parece ser razoável uma pessoa saudável comer até 3 a 4 ovos por dia, pois a absorção desse colesterol é muito baixa, conforme defende o americano Dr. Eric Berg, conhecido especialista em saúde e perda de peso através de uma alimentação natural. Muito mais importante é o colesterol endógeno produzido no fígado que geralmente faz aumentar mais o LDL.

Cozinhar ovo de forma saudável

A maneira mais comum de utilizar o ovo como suplemento alimentar é comê-lo cozido. Mas o que muita gente não sabe, é que a gema do ovo além de conter diversos nutrientes também contém quantidades elevadas de colesterol, o que leva muitas pessoas a separar a gema e comer somente a clara.

O ovo frito não é tão saudável como o ovo cozido no entanto se utilizar na fritura óleo de coco ou azeite virgem a uma temperatura mais baixa do que a normalmente utilizada, o resultado final é mais saudável.

Nota: As gorduras mais saudáveis para utilizar nos cozinhados são o óleo de côco, azeite virgem e banha de porco.

Classificação dos ovos

Conforme algumas legislações, incluindo a europeia,  os ovos são classificados em duas categorias:

  • Categoria A: Ovos frescos, destinados ao consumo humano, podendo ser usado na industria.
  • Categoria B: ovos destinados exclusivamente ao uso industrial, sendo da indústria alimentar ou não.

Classificação quanto ao tamanho:

Cores do ovo

A cor da casca dos ovos, branca ou marrom, é um carácter genético, consequência da raça da galinha e não tem nenhuma relação com a qualidade seja nutritiva ou gastronómica. Ainda assim, observa-se que há preferência por parte dos consumidores para ovos marrons. Esta preferência é observada em Galícia, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil.

A cor da gema, depende da alimentação da galinha. Ex.: se a
alimentação da galinha for à base de milho a gema vai ser mais
amarela.

Como saber se o ovo é fresco?

Um ovo fresco apresenta gema e clara consistentes, casca intacta e límpida mostrando a frescura de um ovo. Para saber se o ovo está fresco faça o seguinte teste:

Alergias ao ovo

O ovo pode ser um alimento com potencial alergénico pela existência das proteínas ovomucoide e ovomacroglobulina na clara do ovo. A maioria das reações alérgicas associadas com o ovo manifestam-se na pele. As reações alérgicas ao ovo são principalmente mediadas pela IgE.

Fonte: The Food Allergy & Anaphylaxis Network (http://www.foodallergy.org/)

Riscos para a saúde

Um ovo que foi posto por uma galinha saudável, recolhido no tempo certo, manipulado com cuidado e respeitando as regras e condições de higiene é considerado como seguro. Porém a realidade é que nem sempre temos essas circunstâncias.

O problema sanitário mais relevante que pode provocar o consumo de ovos é a salmonelose. 38,5% da intoxicações alimentares documentados na Europa entre 1998 e 2001 está relacionado com o consumo de ovos e seus subprodutos.

Salmonelose o que é?

É uma infeção causada por diferentes espécies da bactéria Salmonella. Distribuídas por todo o mundo, a multiplicação do agente causador fora do corpo é facilitada quando em altas temperaturas. Desta forma, pode-se dizer que as regiões subtropicais e tropicais são as mais afetadas. Tanto em países desenvolvidos com em subdesenvolvidos, a salmonelose é uma das principais formas de intoxicação alimentar.

Salmonelose e como se transmite?

Os mais importantes veículos de transmissão desta infeção são os produtos de laticínio e de origem animal. Assim as principais fontes de contágio são:

  • Ao ingerir água contaminada ou alimentos com restos de fezes de animais infetados uma pessoa pode vir a desenvolver um quadro de salmonelose.
  • Maus hábitos de higiene também estão associados à transmissão desta doença.
  • Alimentos como ovo, carne e vegetais, por exemplo, podem estar contaminados com estes microrganismos e ainda assim possuírem uma aparência extremamente normal.
  • A ingestão de alimentos crus e comer carnes mal passadas deve ser feita de forma cuidadosa e quando temos confiança na qualidade e confeção dos alimentos.
  • Produtos de origem vegetal também podem ser contaminados em diferentes etapas do cultivo.

Perigo da salmonelose

Após a ingestão das Salmonella estas penetram no epitélio do intestino delgado, causando uma pequena inflamação. Os sintomas tendem a se manifestar cerca de 6 horas após o contágio ou até mesmo 72 horas depois. As bactérias podem atingir a corrente sanguínea e infetar outros órgãos, aumentando desta forma a gravidade da doença.

Salmonella caraterísticas desta bactéria

As bactérias do gênero Salmonella são as causadoras desta complicação. Estes microrganismos pertencem à família Enterobacteriaceae e são constituídos por bastonetes de, em média, 0,5 micrómetros por 1 micrómetro. Anaeróbios facultativos, a grande maioria é móvel.

A grande maioria dos casos de infeção fica restrita somente ao intestino delgado. Contudo, dependendo do agente causador e do estado do organismo agredido pode haver multiplicação em outros locais como baço, cérebro e fígado.

Sintomas da salmonelose

Os sintomas da salmonelose podem muitas vezes ser bastante semelhantes aos de outras doenças. Por isso, diante de qualquer comportamento anormal do seu organismo consulte rapidamente um médico. É importante realizar o diagnóstico diferencial para dar início ao tratamento correto.

Após o contágio o período de incubação pode variar um pouco. Os sintomas tendem a se manifestar cerca de 6 horas a até 72 horas após a ingestão dos microrganismos. Os mais frequentes nestes casos são:

  • Dor de cabeça;
  • Febre;
  • Vômitos;
  • Cólicas;
  • Náuseas;
  • Diarreia, podendo ou não apresentar sinais de sangue.

Diante destes sintomas consulte imediatamente um médico. A intensidade pode variar de pessoa para pessoa e depende bastante do estágio da infecção. Geralmente a salmonelose não deixa sequelas graves mas, pacientes imunodeprimidos, idosos, crianças e portadores de anemia falciforme necessitam de ter maiores cuidados.

Prevenir a salmonelose

São simples as medidas que podem ser tomadas com o intuito de se prevenir casos de salmonelose. A saber:

  • Bons hábitos de higiene, por exemplo, auxiliam na prevenção não somente desta como de diversas outras doenças. Portanto, nunca deixe de lavar as mãos após ir à casa de banho e antes de todas as refeições.
  • Quando for beber leite faça-o apenas se estiver fervido ou se for do tipo pasteurizado.
  • Evite consumir alimentos crus, principalmente carnes, tanto de bois, de porcos ou aves.
  • Carnes mal passadas também devem ser evitadas. Todos os alimentos à base de frango ou de galinha devem ser devidamente cozidos durante a preparação da refeição.
  • Os ovos são uma das principais formas de contágio, portanto, adquira o hábito de comê-los apenas cozidos.
  • Maioneses que são feitas em casa costumam ter ovos na receita, fique atento a isto.
  • Todas as verduras e legumes precisam ser bem lavados antes do consumo. Deixá-los mergulhados em água com um pouco de hipoclorito de sódio pode ser uma boa medida preventiva. Faça-o mesmo antes de comer a fruta.
  • Após utilizar utensílios de cozinha para preparar carnes cruas não se esqueça de lavar com atenção o objeto. Todos os ovos necessitam de ser armazenados sob refrigeração. Através destas medidas simples uma salmonelose pode ser evitada.

Tratamento da salmonelose

Esta é geralmente uma doença autolimitada. O mais importante quando há o diagnóstico de salmonelose é tratar os sintomas e manter o paciente hidratado. Poucos são os casos que levam a maiores complicações, por exemplo, quando as bactérias vão para outros órgãos além do intestino. Nestes casos pode ser necessário o uso de antibióticos.

Idosos, crianças mal nutridas, pacientes imunodeprimidos e portadores de anemia falciforme necessitam de ter maiores cuidados quando têm um caso de salmonelose. Através do controle dos sintomas e de uma boa hidratação o doente pode curar-se rapidamente. Deve-se ficar atento às medidas preventivas para se evitar futuras complicações. Sempre que o seu corpo lhe enviar qualquer sinal de que algo está errado não deixe de consultar um médico. Somente um especialista pode avaliar cada caso e receitar o melhor tratamento.

Cozinhar o ovo de forma saudável

Fritar

  • Aquecer o azeite numa frigideira até esta estar quente, não ultrapassar os 180°C (antes de adicionar o ovo);
  • De seguida imergir o ovo sem casca na gordura, previamente quente.
  • Frite em lume brando.

Não use sal para temperar o ovo. Recorra, por exemplo, a ervas aromáticas.

Cozer

  • Colocar água fria numa panela e de seguida o ovo;
  • Juntar um pouco de vinagre, para que o ovo não se parta na cozedura;
  • Pôr ao lume. Cozer em lume brando pois a mudança brusca de temperatura faz com que a casca estale;
  • A partir do momento em que a água entra em ebulição, conte no máximo 11 min;
  • Após cozer colocar em água fria, para que o ovo contraia e descole da casca mais facilmente;
  • Descascar o ovo.

Escalfar

  • Adicione à água um pouco de vinagre ou sumo de limão;
  • Leve a água com o vinagre ou sumo de limão ao lume e deixar ferver;
  • Reduza o calor, e posteriormente introduza o ovo;
  • Deixe cozer (durante 4 min);
  • Escorra o ovo com uma escumadeira;
  • Passe o ovo rápida e cuidadosamente, por água para retirar o sabor a vinagre ou sumo de limão.

Concluindo

Os ovos saudáveis de boa qualidade biológica e higiénica são uma excelente fonte de vitaminas e proteína de elevado valor biológico podendo substituir, como fonte proteica, a carne e o peixe. Á luz dos estudos científicos conhecidos, sobre o colesterol do ovo, não é justificável o receio de problemas cardiovasculares associados ao seu consumo normal ou seja 3 a 7 por semana. O combate ao mau colesterol deve centrar-se na eliminação das comidas processadas da nossa alimentação que contêm imenso Açúcar e gorduras de baixa qualidade biológica.

Referências:

Por favor PARTILHE ESTE ARTIGO e ajude muitas pessoas a melhorarem a sua saúde.

LEIA E PARTILHE OS SEGUINTES ARTIGOS RELEVANTES:

TRIGLICÉRIDOS MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE
CARNE PROCESSADA melhorsaude.org melhor blog de saude