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Sistema de Ativação Reticular poderoso filtro cerebral do bem e do mal

Sistema de ativação reticular afinal que influência tem na nossa vida? Quando os eventos negativos se sucedem na vida de alguém será sempre uma coincidência? Quando se interessa por um determinado modelo de automóvel e parece que de repente ele aparece em todo o lado, será coincidência? Quando tem um projeto positivo que começa a desenvolver e parece que, milagrosamente, alguns acontecimentos se alinham para atingir o seu objetivo, será coincidência? Será que existe uma estrutura no nosso cérebro que nos foca, de forma poderosa, não só nos nossos interesse e objetivos iluminantes, se formos conscientemente otimistas, mas também nos eventos negativos, se formos conscientemente pessimistas?

O sistema de ativação reticular (Reticular Activating System ou RAS em inglês) é uma estrutura no tronco cerebral que desempenha um papel crucial na regulação da vigília, estado de alerta e atenção. No fundo apresenta-nos essencialmente o que nos interessa seja negativo ou positivo, esbatendo o contexto para aumentar o nosso foco nesses interesses. Atua como um filtro para as informações sensoriais, permitindo que nos concentremos nos estímulos mais relevantes, ignorando o resto. O RAS tem um impacto significativo no nosso pensamento, perceção e comportamento geral, pois influencia a maneira como processamos e interpretamos o mundo ao nosso redor.

Neste artigo vou descrever:

  • Localização e função do Sistema de Ativação Reticular (RAS);
  • Como funciona o RAS;
  • Impacto no pensamento e perceção;
  • Influência na formação do nosso pensamento;
  • Modulação da perceção da realidade;
  • Benefícios e problemas do RAS;
  • Como potenciar a nossa concentração;
  • Influência na perceção positiva e negativa da vida;
  • Como pode melhorar a nossa vida e relações pessoais;
  • Eliminar pensamentos sombrios, agressivos e ansiosos;
  • Referências científicas;

Sistema de ativação reticular localização e função

O RAS está localizado no tronco encefálico, especificamente na formação reticular, um grupo de núcleos que se estende desde a medula oblonga até o mesencéfalo. O sistema de ativação reticular (RAS) é uma rede de neurónios localizados no tronco cerebral que se projeta anteriormente ao hipotálamo para mediar o comportamento, bem como posteriormente ao tálamo e diretamente ao córtex para ativação de padrões de EEG (Eletroencefalograma) cortical dessincronizados.

Sistema de ativação reticular e a sua localização anatómica no cérebro humano
Sistema de ativação reticular localização anatómica no cérebro humano

O sistema de ativação reticular (RAS) é um componente da formação reticular em cérebros de vertebrados localizados em todo o tronco cerebral. Entre o tronco cerebral e o córtex, vários circuitos neuronais contribuem para os RAS. Esses circuitos funcionam para permitir que o cérebro module entre ritmos lentos do sono e ritmos rápidos do sono, como visto no EEG. Assim, os núcleos que formam o RAS desempenham um papel significativo na coordenação do ciclo do sono e da vigília. Os agrupamentos de neurónios que juntos compõem o RAS são responsáveis pela atenção, excitação, modulação do tónus muscular e a capacidade de concentração.

O RAS recebe informações de vários sistemas sensoriais, incluindo visão, audição, tato e olfato, integrando essas informações para determinar o nível de excitação e atenção necessários. Envia sinais ao tálamo e ao córtex para ativar ou inibir o fluxo de informações, dependendo da situação.

Impacto no pensamento e perceção

O RAS desempenha um papel crucial na formação de nosso pensamento e perceção da realidade. Determina quais os estímulos a que prestamos atenção e o que ignoramos, com base nos nossos objetivos, necessidades e experiências passadas. Por exemplo, se estivermos com fome, o RAS torna prioritárias as informações sensoriais relacionadas com a comida e ignorará outros estímulos que não são relevantes para a nossa sobrevivência naquele momento.

O RAS também influencia o nosso humor e emoções, pois regula a libertação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e norepinefrina. Esses neurotransmissores químicos afetam a nossa motivação, prazer e sensação geral de bem-estar, o que pode influenciar a nossa perceção do mundo ao nosso redor.

Benefícios e problemas do RAS

O RAS tem muitos benefícios, pois permite-nos focar a nossa atenção e conservar a energia mental ao filtrar informações irrelevantes. No entanto, também pode criar problemas, pois pode levar à atenção seletiva e viés, tendências ou preferências de confirmação, onde apenas notamos e lembramos informações que confirmam as nossas crenças e ignoramos informações que as contradizem.

Além disso, o RAS pode ser facilmente influenciado por fatores externos como stress, ansiedade, fadiga e drogas, que podem alterar a nossa perceção da realidade e prejudicar o nosso julgamento. Por exemplo, quando estamos nervosos, ansiosos ou deprimidos, o RAS torna-se mais sensível a estímulos negativos, o que pode levar a uma visão pessimista da vida e afetar o nosso relacionamento com os outros.

Influência na perceção positiva ou negativa

O RAS tem uma influência significativa na forma como percebemos o mundo ao nosso redor, pois filtra e prioriza as informações sensoriais com base nos nossos objetivos, necessidades e experiências passadas. Se tivermos uma mentalidade positiva e focarmos em oportunidades, novos projetos e soluções, o RAS dará prioridade a estímulos que sustentem essa perspetiva, levando a uma atitude mais otimista, inovadora e proativa.

Por outro lado, se tivermos uma mentalidade negativa e focarmos nos problemas e limitações, o RAS priorizará estímulos que confirmem essa perspetiva, levando a uma atitude mais pessimista e reativa. Portanto, é crucial cultivar, de forma consciente, uma mentalidade positiva, com abertura para aceitar visões com outros quadros de referência que não só o nosso ponto de vista, desenvolvendo hábitos saudáveis ​​que apoiem o nosso bem-estar, saúde e melhorem a nossa perceção da realidade.

Melhorar a nossa vida e relações pessoais

Compreender o RAS e o seu impacto no nosso pensamento e perceção pode ajudar-nos a melhorar as nossas vidas e relacionamentos com os outros. Ao aprender a focar a nossa atenção no positivo e desenvolver hábitos saudáveis ​​que apoiem o bem-estar, podemos treinar o nosso RAS para priorizar estímulos que melhorem a nossa sensação de felicidade e realização.

Além disso, ao conhecer o RAS e os seus possíveis vieses ou tendências, podemos ter a mente mais aberta e curiosa, cultivando o interesse por novas experiências e perspetivas que desafiem as nossas crenças e expandam horizontes. Isso pode levar a relacionamentos mais significativos e ricos, do ponto de vista emocional, com os outros e a uma apreciação mais profunda da complexidade e diversidade do mundo ao nosso redor.

Quando temos pensamentos negativos, pessimistas, sombrios, reativos, agressivos e ansiosos de forma permanente… este caminho é possível mas não é fácil! Tem de ser feito de forma consciente e disciplinada durante muitos meses, por vezes anos, aceitando o que não se pode mudar, controlando a nossa agressividade e reatividade, procurando sempre pontos e emoções positivas que possam, de alguma forma, esbater os pensamentos que queremos eliminar… porque pensamentos são apenas isso… pensamentos, não têm existência física, terão sempre a importância que lhes queremos dar… e devem ser controlados, por exemplo com meditação, quando nos fazem reféns duma vida sombria.

Referências científicas:

  1. Neuroanatomy, Reticular Activating System
  2. The reticular activating system: a narrative review of discovery, evolving understanding, and relevance to current formulations of brain death
  3. Differences in the thalamocortical tract of the ascending reticular activating system in disorders of consciousness after hypoxic-ischemic brain injury: A pilot study
  4. Trigeminal, Visceral and Vestibular Inputs May Improve Cognitive Functions by Acting through the Locus Coeruleus and the Ascending Reticular Activating System: A New Hypothesis
  5. Steriade, M., McCormick, D. A., & Sejnowski, T. J. (1993). Thalamocortical oscillations in the sleeping and aroused brain
  6. Moruzzi, G., & Magoun, H. W. (1949). Brain stem reticular formation and activation of the EEG. Electroencephalography and clinical neurophysiology, 1(4), 455-473.
  7. Steriade, M., Datta, S., Pare, D., Oakson, G., & Curro Dossi, R. C. (1990). Neuronal activities in brain-stem cholinergic nuclei related to tonic activation processes in thalamocortical systems. The Journal of Neuroscience, 10(8), 2541-2559.
  8. Foote, S. L., & Morrison, J. F. (1987). Extrathalamic modulation of cortical function. Annual review of neuroscience, 10(1), 67-95.
  9. Iwamoto, E. T., & Jordan, L. M. (1987). Reticulospinal projections to spinal motor nuclei: ultrastructure and synaptic organization of functionally identified and intracellularly labeled neurons in the bullfrog. Journal of Comparative Neurology, 259(3), 381-401.
  10. Steriade, M., & McCarley, R. W. (2005). Brain control of wakefulness and sleep. Springer Science & Business Media.
  11. Siegel, J. M. (2005). Clues to the functions of mammalian sleep. Nature, 437(7063), 1264-1271.

Antinutrientes lectinas fitatos oxalatos e glúten quais os mais perigosos?

Antinutrientes são substâncias químicas encontradas em plantas que impedem o nosso corpo de absorver nutrientes essenciais dos alimentos; Os principais antinutrientes que devemos observar são lectinas, fitatos, glúten e oxalatos, embora nem todos sejam maus;

Algumas pessoas são mais sensíveis aos antinutrientes do que outras; Testa a tua sensibilidade com uma dieta de eliminação para confirmar os sintomas; Comer uma fonte constante de antinutrientes pode levar a problemas intestinais, inflamação, artrite e confusão mental, sendo mais inteligente comer alimentos que não apresentam riscos potenciais;

Antinutrientes o que são?

Antinutrientes são compostos encontrados em alimentos que interferem na absorção de nutrientes e minerais benéficos. Eles impedem que o corpo seja a esponja de micronutrientes eficiente que deveria ser. Extraímos os alimentos e nutrientes que  necessitamos a partir do ambiente que nos rodeia mas a evolução desenvolveu plantas com capacidade de se protegerem de maneira a poderem sobreviver. Os fitoquímicos que consomem nutrientes protegem as plantas comestíveis saborosas de serem devorados até ao ponto de extinção.

Esse sistema de defesa de última geração ensinou aos animais que o consumo excessivo resultava em doenças e às vezes em morte. Os animais evoluíram para conseguirem digerir as plantas ricas em antinutrientes ou para deixarem de as comer.

Os antinutrientes são encontrados em maiores concentrações nos grãos, feijões, leguminosas e nozes, mas também podem ser encontrados em folhas, raízes e frutos de certas variedades de plantas.

Será que temos mesmo de evitar estas plantas?

Nem todos os antinutrientes são maus. É impossível evitá-los todos e não se sentiremos bem se cortarmos todos da nossa dieta. Em vez disso, precisamos evitar aqueles que causam grandes danos no nosso intestino ou aqueles que são gatilhos para reações mais agressivas do nosso organismo. Somente eliminando um alimento da dieta e reintroduzindo-o se pode determinar se esse alimento é prejudicial.

As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Lectinas

As lectinas são proteínas que causam problemas no sistema digestivo, aderindo à parede intestinal e criando permeabilidade intestinal.1 Quando a comida se move pelo trato gastrointestinal, ela atinge o revestimento do intestino, causando microtrauma. Normalmente, as células e os nossos mecanismos de proteção reparam esses danos  antes que isso leve a qualquer problema real. As lectinas atrapalham esse processo. Elas aderem às paredes do seu intestino, impedindo a reparação. O dano resultante causa inflamação de baixo nível no trato gastrointestinal.

Quando comemos muitas lectinas, a parede intestinal desenvolve “buracos” e o conteúdo passa para a corrente sanguínea, causando a síndrome do intestino permeável.

Existem milhares de variedades de lectinas pois elas estão presentes na maioria das espécies de plantas. Nem todas são tóxicas ou causam danos intestinais. As fontes mais comuns de lectinas incluem:

  • Grãos, 
  • Legumes, 
  • Solanáceas. 

Exemplos de plantas que contêm drasticamente mais lectinas do que outras fontes de alimentos, são os seguintes:

  • Trigo, 
  • Feijão, 
  • Quinoa, 
  • Ervilha, 
  • Amendoim, 
  • Batata branca, 
  • Tomate, 
  • Berinjela. 

Todos são suspeitos e podem causar problemas sem tu saberes! Quanto mais comemos, mais danos causam ao nosso corpo. Em vez disso, concentra-te em obter a maior parte dos nutrientes de alimentos de baixo risco. Dito isto, a sensibilidade à lectina varia muito de pessoa para pessoa. Pode comer lectinas de manhã, ao meio-dia e à noite e nunca ter problemas, no entanto podes ter um amigo que não pode tocar nessas plantas. Sabes que tens um problema com as lectinas se, depois de comer uma refeição rica em lectinas, sentires os seguintes sintomas:

  • Inflamação,
  • Confusão mental,
  • Enxaquecas,
  • Problemas gástricos,
  • Acne
  • Dor nas articulações.

Solanáceas

As lectinas das solanáceas, em particular, são um gatilho autoimune comum e podem causar sensibilidade em muitas pessoas. Para testar a tua sensibilidade, experimenta um almoço cheio de solanáceas tais como tomates, pimentões e batatas e analisa como te sentes depois.

Na maioria das vezes, podes eliminar ou reduzir o número de lectinas na comida cozinhando-a primeiro. O Dr. Steven Gundry, famoso cirurgião cardíaco, pesquisador, médico e autor, explica como diferentes métodos de preparação podem reduzir o teor de lectinas, o que minimiza os efeitos indesejáveis ​​dos antinutrientes.

“O cozimento sob pressão faz  um bom trabalho na destruição das lectinas. A ideia de deixar o feijão de molho com várias trocas de água definitivamente diminui as lectinas. O calor diminui as lectinas”, explica Gundry. “Mas existem documentos muito válidos que mostram que isso provavelmente não é suficiente para indivíduos muito sensíveis.”

Dicas de dieta:

  • Escolhe arroz branco em vez de arroz integral, as lectinas estão na casca do arroz;
  • A batata-doce tem drasticamente menos teor de lectinas do que a batata branca;
  • Evita a manteiga de amendoim pois as lectinas do amendoim causam uma resposta inflamatória na maioria das pessoas e não são destruídas pelo calor;

Ácido fítico (fitatos)

O ácido fítico, também conhecido como fitatos, é um dos antinutrientes mais perigosos, bloqueando a absorção de nutrientes pesados ​​como magnésio, zinco, cálcio e ferro, entre outros. Encontrado em grãos integrais, nozes, soja e sementes, o ácido fítico liga-se a esses minerais, impedindo a sua absorção.

Os fitatos também inibem as enzimas digestivas pepsina, tripsina e amilase. A amilase é necessária para a quebra do amido, enquanto a tripsina e a pepsina estão envolvidas na quebra da proteína. Quando essas enzimas não estão presentes nas quantidades certas, os alimentos não são processados ​​adequadamente e o nosso corpo perde os principais nutrientes.

Se o nosso corpo tem um grande influxo de fitatos, isso significa que há menos nutrientes para distribuir, mas o corpo também é substancialmente menos eficiente em quebrar os macronutrientes nos seus componentes mais básicos e nutritivos.

O nosso corpo pode lidar com uma certa quantidade de fitatos, mas é uma boa ideia eliminar as principais fontes para que os nossos minerais sejam absorvidos. Além disso, removê-los completamente de nossa dieta seria impossível.

Para construir músculos ou queimar gordura, o corpo precisa de uma certa quantidade de proteínas ou carboidratos. No entanto, essa quantidade depende em grande parte de quão saudável é nosso intestino. Isso porque um sistema digestivo otimizado requer menos comida para alimentar o corpo adequadamente.

O ácido fítico é mais concentrado no farelo de grãos, por isso prefere o arroz branco em vez do arroz integral. Nas leguminosas, o ácido fítico é encontrado na camada de cotilédones, que é muito mais difícil de remover, por isso leguminosas como feijão, lentilhas e soja devem ser consumidas com muito cuidado.

Cozinhar certos alimentos que são ricos em fitatos e depois drenar a água ou mergulhá-los em um ácido como limão ou vinagre reduz os fitatos, mas muitos dos grãos e sementes que contêm fitatos são irritantes para o intestino mesmo quando cozidos.

Dicas de dieta:

  • Evite a canola ou outros óleos de sementes; cozinhe com óleo de abacate, óleo de coco ou manteiga/ghee.
  • Evite o feijão pois é rico em carboidratos e não particularmente rico em nutrientes

Ácido oxálico (oxalatos)

Se gostas de batidos de espinafre e couve fica a saber que podes estar a causar mais mal do que bem ao teu organismo! O ácido oxálico é um composto antinutriente encontrado em muitas plantas, como vegetais crucíferos crus tais como:

  • Couve, 
  • Rabanete, 
  • Couve-flor, 
  • Brócolos  
  • Acelga, 
  • Espinafre, 
  • Salsa, 
  • Beterraba, 
  • Pimenta preta, 
  • Chocolate, 
  • Nozes, 
  • Frutas,
  • Feijão.

Quando os oxalatos se ligam ao cálcio no sangue, formam-se pequenos cristais de ácido oxálico que podem ser depositados em qualquer parte do corpo e causar dores musculares. Quando isso acontece nos rins, causa pedras nos rins. Os oxalatos também causam uma condição nas mulheres chamada vulvodinia, que leva ao sexo doloroso por causa dos cristais de ácido oxálico nos lábios.

Em pessoas sensíveis, mesmo pequenas quantidades de oxalatos causam queimação nos olhos, ouvidos, boca e garganta. Consumir grandes quantidades pode causar dor abdominal, fraqueza muscular, náusea e diarreia. As pessoas que comem grandes quantidades de vegetais crus podem ser particularmente suscetíveis.

Como os fitatos, os oxalatos podem ser reduzidos cozinhando e drenando a água, ou mergulhando em ácido. O magnésio e o zinco dietéticos adicionados ligam-se ao ácido oxálico, diminuindo substancialmente a absorção de oxalato.2

Dicas de dieta:

  • Nunca adicione couve crua, espinafre ou acelga a saladas ou batidos. Cozinhe-os a vapor primeiro.
  • Ao temperar as refeições, não use a pimenta preta para evitar oxalatos.

Glúten

O glúten é uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio e aveia que pode causar permeabilidade intestinal (ou seja, intestino permeável). “O problema com o glúten é que nenhum humano pode digeri-lo. É impossível digerir as proteínas do glúten que estão no trigo, cevada e centeio”, segundo o nutricionista certificado Tom O’Bryan, autor de “The Autoimmune Fix”.

O espectro de reação à indigestibilidade do glúten coloca as pessoas em duas categorias: 

  • Sensibilidade ao glúten celíaca 
  • Sensibilidade ao glúten não celíaca.

A maioria da população tem sensibilidade ao glúten não celíaca. Substâncias não digeríveis no sistema digestivo causam uma resposta imune, as respostas imunes assumem a forma de inflamação. A inflamação é, na maioria das vezes, a culpada por trás de nossa névoa cerebral, desconforto digestivo e absorção de nutrientes abaixo do ideal.

Grãos contendo glúten decompõem-se no intestino em compostos opióides chamados gluteomorfinas que acionam os mesmos receptores cerebrais que drogas opiáceas como a heroína, o que significa que são altamente viciantes.

Estruturalmente, o glúten é composto de dois tipos de proteínas de armazenamento, prolaminas e glutelinas.3 As glutelinas à base de trigo são chamadas gluteninas, que consistem em subunidades de alto peso molecular (HMW) e baixo peso molecular (LMW). Os produtos de trigo feitos com níveis mais elevados de HMW tendem a ser mais elásticos e consequentemente mais mastigáveis ​​como a massa de pizza; enquanto níveis mais baixos de HMW tendem a assumir a forma de doces.4 Originalmente, pensava-se que a giladina (a prolamina à base de trigo) era o principal antinutriente que contribui para o glúten, mas foi demonstrado que a glutenina é igualmente tóxica.5 Assim, mesmo quando comemos algo que parece mais leve, estamos a degradar o nosso seu sistema digestivo pois é na mesma uma forma de glúten.

O glúten está escondido em lugares além das fontes óbvias; produtos como molho de soja, cerveja e até carnes processadas contêm glúten o que pode estar prejudicar o nosso desempenho físico e mental.

Dicas de dieta:

  • Substitui qualquer farinha à base de trigo por farinha de mandioca para evitar o glúten;
  • Se bebes álcool, evita a cerveja e bebe vodka de batata ou gim para evitar o glúten em tua bebida.

Referências

1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15302522

2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9096270

3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28244676

4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17995810

5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16772825

Como tornar o sistema imunitário mais resistente?

Imunidade natural e sistema imunitário mais resistente toda a verdade! Coronavírus SARS-nCoV-2 a doença Covid-19 e como ficar com maior imunidade para maior resistência à infeção? Que alimentos simples nos protegem e melhoram a nossa imunidade? Que hábitos, opções de saúde e de vida nos vão defender contra vírus que nos querem como hospedeiros? Como funciona afinal o nosso sistema imunitário?

Se leram alguns dos meus artigos já sabem que este é mais um daqueles que não pretende ser sensacional e viral nas redes sociais… 🙂 mas sim verdadeiramente dar-vos conhecimentos excepcionais que a maioria esmagadora da população não tem nem nunca vai ter porque é demasiado longo para ler e isso claro… é monótono e dá muito trabalho 🙂

É precisamente por isso que você é diferente e sabe reconhecer onde conseguir melhor informação para ficar “mais forte”… o resto é a disciplina e por vezes coragem de aplicar o conhecimento adquirido!

É do senso comum associarmos uma boa saúde a um sistema imunitário resiliente que nos protege, por exemplo, contra infeções de vírus e bactérias. No entanto quando falamos de cancro e outras doenças graves poucos sabem como o sistema imunitário nos pode proteger também contra o seu aparecimento.

Imunidade é muito mais que lutar contra vírus e bactérias

Se falarmos de cura do cancro com recurso ao nosso sistema imunitário então a maioria das pessoas dirá que isso é quase um milagre! No entanto avanços recentes em imunoterapia anticancerígena parecem provar que o milagre pode ser uma realidade para muitos doentes!

Vale mesmo a pena ler aqui o extraordinário e inovador artigo sobre a imunoterapia anticancerígena e conhecer novas descobertas feitas neste campo.

Leia também: Incrivel imunoterapia anticancerígena.

Imunidade natural ou vacina, a polémica!

Principalmente na pandemia de SARS-CoV-2, existe uma grande polémica instalada entre os “fanáticos” apoiantes da imunidade natural, portanto sem recurso a vacinas, e os “religiosos” apoiantes da vacinação. De facto ambos os “clubes” têm algumas razões com suporte científico para apoiar a sua causa. Eu pessoalmente não pertenço a nenhum desses “clubes” nem a outros que sofram de uma certa “cegueira científica”.

A ciência tem feito o seu trabalho e os números e a a matemática fazem o resto, só não vê quem não quer.

Assim obviamente os números e a ciência, neste momento apoiam fortemente a vacinação da população simplesmente porque, em percentagem, morrem muito menos pessoas nos grupos vacinados do que nos não vacinados.

Esta realidade no entanto não pode esconder que as vacinas são medicamentos com potenciais efeitos adversos e até fatais em alguns casos mas apanhar a doença Covid-19 ainda continua a ser um risco bem maior!

Acresce que a mais recente investigação tem provado que os mais resistentes á Covid-19 são agora os que já tiveram Covid e apanharam uma dose da vacina ou seja têm uma imunidade melhor do que quem apanhou 2 doses da vacina e nunca apanhou Covid-19. Este facto suporta a teoria que a melhor imunidade se consegue com um misto dos dos dois “clubes” ou seja alguma exposição ao vírus (imunidade natural) mas com reforço de vacinação.

A imunidade natural obviamente seria a desejada para todos mas convém lembrar os “naturalistas” que só ficam imunes se o vírus não os matar antes, quer seja diretamente por doença causada pelo vírus ou à espera de assistência hospitalar para qualquer outra doença grave, durante um período de rutura dos serviços de saúde onde correrá o risco e não ser assistido a tempo de se salvar! Convém não ter a memória curta e ainda não passaram muitos meses sobre esta realidade a que todos assistimos de forma traumática!

Os 5 magníficos mecanismos de defesa

O nosso corpo tem 5 mecanismos de defesa da nossa saúde, verdadeiramente extraordinários e que raramente são descritos em conjunto como a essência mais importante da nossa proteção contra o desenvolvimento de doenças. Os 5 magníficos são os seguintes:

  • Angiogénese
  • Regeneração e células estaminais
  • Microbioma
  • Proteção do DNA
  • Imunidade

Neste artigo vou apenas falar da Imunidade mas os restantes são incríveis mecanismos que vale a pena conhecer para se tornar mais forte e retardar o envelhecimento. Leia tudo sobre os 5 magníficos aqui.

Leia também: Estes incríveis 5 mecanismos de defesa protegem o nosso corpo se soubermos fortalece-los!


Imunidade e Sistema Imunitário

O sistema imunitário, sistema imunológico ou sistema imune é um conjunto de estruturas e processos biológicos que nos protegem contra as doenças.

Para que melhor possam absorver este conhecimento vou começar por uma apresentação simples sobre a estrutura do nosso sistema imunitário. Depois mais á frente vou falar de como podemos fortalecer imenso a nossa imunidade e ficar mais “resistentes” a vírus e bactérias.

Resumindo a estrutura deste artigo:

  • Quais os orgãos que constituem a estrutura da nossa imunidade?
  • Que agentes de defesa produzem para nos proteger?
  • Como se processa essa resposta imunitária a um agente estranho ao nosso corpo?
  • Qual a capacidade de memorização do nosso sistema imunitário?
  • Como se adapta ao contacto com agentes estranhos?
  • O que destroi a nossa imunidade?
  • Que hábitos diários, não alimentares, destroem o nosso sistema imunitário?
  • Quais os alimentos nunca deviamos comer para proteger as nossas defesas contra vírus e bactérias?
  • Quais os fantásticos alimentos que podem proteger-nos e tornar-nos mais resistentes a vírus e bactérias?

Estruturas, células e agentes imunitários referidos neste artigo:

  • Antigénio ou antigeno
  • Componentes da imunidade (imagem resumida da estrutura imunitária)
  • Mecanismos imunitários básicos
  • Fagocitose
  • Defensinas
  • Sistema complemento
  • Neutrófilos
  • Macrófagos
  • Sangue: Hemácias, leucócitos, plaquetas e plasma
  • Leucócitos ou glóbulos brancos
  • Leucócitos granulócitos (Eosinófilos, basófilos, neutrófilos)
  • Leucócitos agranulócitos (Linfócitos e monócitos)
  • Linfócitos B (apresentadores de antigénios)
  • Linfócitos T (CD4+ e CD8+)
  • Monócitos
  • Leucograma como ferramenta de diagnóstico
  • Células NK (Células assassinas naturais)
  • Células dendríticas (apresentadoras de antigénios)
  • Imunidade natural ou inata
  • Imunidade adquirida (Humoral e celular)
  • Anticorpos ou imunoglobulinas
  • IgA, IgD, IgE, IgG, IgM
  • Orgãos do sistema imunológico (primários e secundários)
  • Orgãos imunitários primários (Timo, medula óssea, células estaminais)
  • Orgãos imunitários secundários (Baço e ganglios linfáticos)
  • Linfopoiese
  • Interferon

Alimentos e suplementos referidos neste artigo:

  • Manga
  • Rebentos de bróculos
  • Cogumelos e beta-glucano
  • Polifenois do vinho tinto e uvas pretas
  • Resveratrol
  • Quercitina
  • Antocianinas
  • Procianidinas
  • Ácido elágico
  • Catequinas
  • Cerveja e xanthohumol
  • Chá verde, chá preto e EGCG (Galato de epigalocatequina)
  • EGCG nos arandos vermelhos, amoras, cerejas, morangos kiwis, abacate, maçãs, etc
  • Chá Matcha
  • Vitamina C
  • Vitamina D
  • Selénio
  • Zinco
  • Ácido lipoico
  • Extrato de sabugueiro
  • Spirulina
  • Glucosamina
  • N-Acetilcisteína

Hábitos básicos para conseguir forte imunidade referidos neste artigo:

  • Sono de qualidade
  • Stress controlado
  • Exercício físico moderado
  • Jejum intermitente
  • Nutrição sem alimentos refinados
  • Evitar açucar e hidratos de carbono refinados
  • Hidratação bebendo água de qualidade

Antigénio ou antígeno agentes estranhos

Para funcionar bem, o sistema imunitário tem de conseguir detectar uma enorme variedade de agentes, tais como  vírus, bactérias, fungos, parasitas, diferenciando-os dos nossos tecidos celulares  saudáveis. Estes agentes estranhos ao nosso organismo são denominados de antigénios ou antígenos (são sinónimos).

A imunologia é a área científica que estuda todos os aspectos do sistema imunitário.


Vírus e bactérias também se adaptam

Muitos agentes patogénicos evoluem rapidamente e adaptam-se de modo a evitar a detecção, neutralização e destruição por parte do nosso sistema imunitário, pelo que os vários mecanismos de defesa também evoluíram no sentido de os reconhecer e neutralizar.

Até mesmo os simples organismos unicelulares como as bactérias possuem um sistema imunitário rudimentar, na forma de enzimas que os protegem de infecções por bacteriófagos que são vírus que infectam apenas bactérias.


Conforme descrição da imagem anterior o nosso sistema imunitário é composto por dois tipos de imunidade e resposta imunitária:

  • Imunidade inata – resposta rápida
  • Imunidade adaptativa – resposta lenta

Mecanismos imunitários básicos

Mecanismos imunitários básicos acompanharam a evolução dos eucariotas e estão presentes nos seus descendentes contemporâneos, como as plantas e os insectos. Entre estes mecanismos os principais são os seguintes:

  • Fagocitose,
  • Defensinas que são peptídeos antimicrobianos, 
  • Sistema complemento.

Fagocitose

No processo imunitário de fagocitose os neutrófilos (glóbulos brancos) capturam as partículas sólidas, relativamente grandes, que são agentes estranhos ao organismo (vírus e bactérias por exemplo) através de prolongamentos citoplasmáticos chamados de pseudópodes. A partícula é então englobada e passa a integrar o citoplasma da célula. De seguida o agente ingerido fica completamente envolvido por uma membrana, formando o chamado fagossoma ou fagossomo.

Dentro do fagossoma são libertadas enzimas que degradam a partícula ingerida, que pode ser um micro-organismo ou até mesmo restos celulares. Essas enzimas são libertadas por organelos chamados de lisossomas, que se unem ao fagossoma formando um vacúolo digestivo. O material que não é digerido denominado corpos residuais, depois de algum tempo, é libertado pela célula para o exterior.


Neutrófilos e macrófagos

Os vertebrados têm células capazes de fagocitar microorganismos invasores, assim defendendo o nosso organismo contra infecções.

Neutrófilos – atuam destruindo os microorganismos causadores de doenças mas também outras substâncias estranhas utilizando a fagocitose.

Macrófagos – são outro tipo de células imunitárias com grande capacidade fagocitária quer sobre partículas patogénicas mas também destruindo células danificadas do nosso corpo, apoiando dessa forma a limpeza do organismo, protegendo-nos de processos de doença iniciados por essas células com DNA danificado.


Sangue

O sangue é constituído por tecido conjuntivo especial que assegura o transporte de nutrientes, oxigénio e resíduos metabólicos pelo nosso organismo e garante os mecanismos de coagulação sanguínea e defesa. É constituido por uma matriz extracelular líquida, onde estão suspensas células e fragmentos celulares. Circula dentro do sistema cardiovascular, que assegura a sua movimentação com um fluxo unidirecional ou seja sempre na mesma direção.

Resumindo, o sangue é formado por plasma, uma porção acelular, e os chamados elementos figurados, que constituem a parte celular. Essa última porção é formada por 3 tipos de célulad diferentes, a saber: 

  • Hemácias ou glóbulos vermelhos,
  • Leucócitos ou glóbulos brancos,
  • Plaquetas.

Leucócitos ou glóbulos brancos

Leucócitos ou glóbulos brancos, são células incolores que defendem o nosso corpo, contra organismos invasores e activam respostas imunológicas. Os leucócitos são produzidos na medula óssea, onde a maioria amadurece. Da medula óssea eles são transportados no sangue através dos vasos sanguíneos para todo o corpo. O número de referência (normal) de leucócitos por milímetro cúbico de sangue num adulto é de 4 a 10 mil.

Tipos de leucócitos

Podemos dividir os leucócitos em dois grandes grupos: 

  • Granulócitos – apresentam grânulos no citoplasma e núcleo com formato irregular (polimorfonucleares);
  • Agranulócitos – não possuem grânulos e apresentam núcleo com formato relativamente regular.

Os granulócitos têm 3 tipos diferentes:

  • Neutrófilos – capazes de diapedese e fagocitose;
  • Eosinófilos – capazes de fagocitose, aumentam nas alergias e infeções por parasitas;
  • Basófilos – libertam histamina nas alergias e evitam a coagulação.

Os agranulócitos são constituidos por linfócitos e monócitos:

  • Linfócitos B – produzem anticorpos;
  • Linfócitos T CD4+ – comandam a defesa pois recebem informações do macrófagos e activam os linfócitos T CD8+ e os linfócitos B
  • Linfócitos T CD8+ – eliminam células anormais, infectadas ou estranhas;
  • Monócitos – capazes de diapedese, transformam-se em macrófagos com forte poder de fagocitose.

GRANULÓCITOS

Neutrófilos – Saõ glóbulos brancos que têm núcleos constituídos por dois a cinco lóbulos e possuem dois tipos de grânulos no citoplasma que são os grânulos específicos e os azurófilos. Apresentam a capacidade de sair do interior de vasos sanguíneos intactos (diapedese) e invadir tecidos para defender nosso organismo. São responsáveis por fagocitar organismos invasores, como bactérias, sendo importantes para a resposta inata.

Eosinófilos – apresentam grânulos que coram ao utilizar eosina e um núcleo com 2 lobos ligados por um filamento. Apresentam como principal função fagocitar o complexo antígénio-anticorpo. Aumentam quando o paciente apresenta reações alérgicas ou infecções parasitárias.

Basófilos – apresentam grânulos maiores que os dos neutrófilos e eosinófilos e núcleo grande e de formato irregular que lembra a letra “S”. As principais funções são libertar histamina para as respostas alergicas e heparina para evitar a coagulação do sangue.


AGRANULÓCITOS

Linfócitos – São pequenas células constituidas por um grande núcleo circular e desempenham um importantíssimo papel na resposta imunitária. Podem ser diferenciadas em dois tipos principais:

  • Linfócitos B
  • Linfócitos T.
Fonte: Researchgate.net
Antígénios que causam estimulação crónica de linfócitos T, sem uma resposta inata representativa ou ativação de macrófagos, normalmente induzem à diferenciação de LT CD4+ para o padrão Th2. No padrão Th2 há principalmente a produção de IL-4, IL-5 e IL-10 que estimulam a ativação de mastócitos e eosinófilos mediada principalmente por IgE e suprimem a ativação de macrófagos e das respostas Th1.  

Linfócitos B – São produzidos na medula óssea onde também terminam a maturação. Quando sofrem ativação, diferenciam-se em plasmócitos, cuja principal função é a produção de anticorpos.

Linfócitos T – Os linfócitos T completarem a maturação no timo (daí a letra T). Estas células, linfócitos T, diferenciam-se em duas classes:

  • Linfócitos T auxiliares (CD4+) – através de informações recebidas pelos macrófagos, estimulam a activação dos linfócitos T matadores (CD8+) e os linfócitos B. São os linfócitos auxiliares que comandam a defesa do organismo.
  • Linfócitos T assassinos ou citotóxicos (CD8+) – recebem este nome por serem responsáveis pela destruição de células anormais, infectadas ou estranhas ao organismo.

Monócitos – São células grandes que possuem um único núcleo com formato de rim. Os monócitos realizam diapedese (capacidade de sair intactos do interior dos vasos sanguíneos) e ficam no tecido conjuntivo, onde se transformam em macrófagos que são células de alto poder fagocitário.

Quando o nosso médico necessita de informação acerca de possiveis infeções ou alergias no nosso organismo, pede sempre o leucograma ou seja o exame clínico que faz a contagem total de leucócitos e a contagem diferencial de cada um dos tipos de leucócitos. 

Leucograma pesquisa infeções e alergias

O resultado com as diferentes contagens dos 5 diferentes tipos de leucócitos permite suportar clinicamente a suspeita de, por exemplo, alergias (eosinófilos e basófilos aumentados), infeções por parasitas (eosinófilos aumentados) ou infeções por vírus ou bactérias (linfócitos e monócitos aumentados).


As células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um tipo de linfócitos citotóxicos necessários para o funcionamento do sistema imunitário inato. Têm um papel importante no combate a infecções virais e células tumorais. Identificadas pela primeira vez em 1975, foram rotuladas de Exterminadoras Naturais (Natural Killer), pela sua actividade citotóxica contra células tumorais de diferentes linhagens, sem a necessidade de reconhecimento prévio de um antigénio específico, contrariamente ao funcionamento dos linfócitos T.

O termo natural killer deriva do fato de que sua principal função é a morte das células infectadas, similar às células killer do sistema imune adaptativo (um linfócito T CD8+ ativado), os linfócitos T citotóxicos (CTLs), e elas estão prontas para o fazer uma vez que tenham se desenvolvido, sem nova diferenciação (por isso, natural).


Células dendríticas são glóbulos brancos que protegem o corpo de micróbios invasores, tanto direta como indiretamente. Embora as células dendríticas constituam parte do sistema imunitário inato, sendo capazes de fagocitar patogénicos, a sua principal função é processar material antigénico, devolve-lo à sua superfície e apresentá-lo às células especializadas do sistema imunitário. Neste sentido, atua como vínculo entre os dois sistemas. Deste modo, as células dendríticas são células apresentadoras de antigénio. As células dendríticas existem em diferentes grupos de vertebrados, mas as suas características diferem entre um grupo e outro e inclusive dentro de um mesmo grupo. Embora sejam comuns dos mamíferos, também foram detectadas em frangos e tartarugas.

O seu nome faz referência a projeções ramificadas que se desenvolvem num determinado momento do seu processo de maturação, semelhantes aos dendritos dos neurónios. As células dendríticas foram descobertas em 1868 pelo investigador Paul Langerhans quando este estudava o epitélio cutâneo humano, apesar de originalmente acreditar que formavam parte do sistema nervoso;  a sua verdadeira função só foi revelada um século mais tarde.

Um estudo recente revelou a presença de células dendríticas no cérebro, o que pode representar uma segunda linha de defensa contra os patogénicos que consigam atravessar a barreira hematoencefálica. Estas formam parte da chamada “micróglia heterogênea”.

As células dendríticas pertencem a um tipo de glóbulos brancos chamados fagócitos. Devido à sua elevada eficiência no momento de fagocitar material prejudicial ao corpo, as células dendríticas são consideradas fagócitos “profissionais”, á semelhança de outras como neutrófilos, monócitos, macrófagos e mastócitos.

Parte da eficácia fagocítica das células dendríticas deve-se à presença de moléculas chamadas receptores na superfície, que podem detectar objetos nocivos, tais como bactérias, que normalmente se encontram dentro do corpo. As células dendríticas existem em pequenas quantidades em tecidos que estão em contacto com o meio exterior, os chamados epitélios, principalmente a pele (que possui um tipo especializado de células dendríticas chamadas células de Langerhans) e o revestimento interior do nariz, os pulmões, o estômago e intestinos. Também estão presentes em estado imaturo no sangue.

Tal como outros glóbulos brancos, as células dendríticas derivam de células hematopoiéticas mieloides. Quando são ainda imaturas, a sua função é ir procurar constantemente patogénicos no meio que as rodeia mediante receptores de reconhecimento de padrões. Assim que encontram um antigénio válido, começam a amadurecer e migram para os gânglios linfáticos, onde se encontram os linfócitos. Quando os linfócitos T detectam um antigénio numa célula dendrítica, ativam-se, proliferam e diferenciam-se em células efetoras. Por sua vez, os linfócitos T ativam os linfócitos B, que produzem anticorpos, e a partir desse momento a defensa contra os patogénicos passa para o domínio da imunidade adquirida.


Defensinas

As defensinas são pequenas proteínas catiónicas, ricas em cisteína, que podem ser encontradas nos fagócitos dos vertebrados e que são activos contra bactérias, fungos e vírus. A maioria das defensinas funcionam através da penetração na membrana celular por um mecanismo de atracção eléctrica. Uma vez embebidas na membrana, formam um poro através do qual o material eflui. A sua libertação é mediada por:

  • Sinais microbianos,
  • Sinais desenvolvimentais,
  • Citocinas,
  • Sinais neuro-endócrinos.

Nesse contexto, uma imunodeficiência possível que resulta na redução na produção de defensinas é a Síndrome de Crohn. Esta doença provoca uma inflamação exacerbada do tecido intestinal que pode ser autoimune ou reação a algum patogénico. A redução nas defensinas impede o combate efetivo a patogénicos aumentando a gravidade das lesões no tecido.

Outro exemplo é a Diabetes. Quando não se consegue eliminar de forma eficaz os patogénicos intestinais, esses conseguem penetrar na circulação sanguínea, circulando pelo corpo, até atingirem o pâncreas, causando lesões teciduais nas ilhotas pancreáticas expondo-as como antigénios, causando uma autoimunidade e a, consequente, diabetes tipoII


Sistema complemento

Fonte: Researchgate.net
Vias de ativação do complemento. Via clássica – há necessidade de opsonização do patógeno por anticorpos; essa ligação desencadeia uma cascata.  

Às vezes a interacção dos anticorpos com antígénios é eficiente por si só. Por exemplo:

  • Revestindo um vírus ou bactéria prevenindo assim a sua ligação e invasão, a uma célula hospedeira (ex: anticorpos antipólio)
  • Ligando-se a uma toxina (ex: toxina da difteria ou tétano) impedindo assim a entrada da toxina na célula, neutralizando a toxina.

No entanto, muitas vezes, a ligação de anticorpos a antigénios não é eficaz a menos que ela possa activar um mecanismo efectivo, seja ele celular ou humoral. O sistema complemento participa nestas funções efectoras.

Denomina-se complemento um complexo sistema multiprotéico com mais de 30 componentes, na sua maioria proteínas plasmáticas, cujas funções principais são a defesa frente às infecções por microorganismos, a eliminação da circulação dos complexos antigénio-anticorpo e alguns dos seus fragmentos actuam como mediadores inflamatórios.

O complemento é um dos mecanismos efectores mais importantes da resposta imune inata. Quando um microorganismo penetra no nosso organismo, normalmente provoca a activação do complemento. Como resultado da sua activação e amplificação, alguns componentes do complemento depositam-se sobre a superfície do patogénico responsável pela activação, o que determina a sua destruição (lise) e/ou a sua eliminação por células do sistema fagocítico.


Mecanismos imunitários complexos

Além da imunidade básica, os vertebrados mandibulares, entre os quais o ser humano, conseguiram desenvolver mecanismos de defesa ainda mais complexos, entre os quais a capacidade de ao longo do tempo se adaptarem para reconhecer de forma eficiente agentes patogénicos específicos.

Através da imunidade adquirida ou adaptativa , o organismo cria um tipo de memória imunológica na sequência de uma resposta inicial a um agente específico, o que lhe permite responder de forma mais eficaz a novos ataques pelo mesmo agente. O processo de imunidade adquirida é a base da vacinação.

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Imunodeficiência

Os transtornos do sistema imunitário podem levar ao aparecimento de doenças autoimunes, inflamações e cancro.  A imunodeficiência verifica-se quando a actividade do sistema imunitário é inferior ao normal, o que está na origem de infecções recorrentes e onde existe risco de vida.

No ser humano, a imunodeficiência pode ser consequência das seguintes condições:

  • Doença genética,
  • Doença adquirida como o VIH/SIDA,
  • Medicamentos imunossupressores.

Autoimunidade

Ao contrário da imunodeficiência a autoimunidade é a consequência de um sistema imunitário hiperactivo que ataca tecido normal como se fosse um agente externo, como é o caso da artrite reumatóide ou a diabetes de tipo 1.

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Resposta imune

A resposta imune pode separar-se nos seguintes dois tipos de resposta:

  • Imunidade natural ou inata,
  • Imunidade adquirida ou adaptativa.

Imunidade natural ou inata

A imunidade inata, natural ou não específica é considerada a primeira linha de defesa do corpo humano, nós já nascemos com essa defesa física, química e biológica.

As células mais importantes responsáveis pela imunidade inata são as seguintes:

  • Macrófagos
  • Células dendríticas
  • Células NK (Natural Killer Cell) ou células assassinas naturais
  • Proteinas do complemento
  • Neutrófilos
  • Basófilos
  • Eosinófilos
  • Mastócitos

A esta primeira linha de defesa pertencem:

  • Pele: A pele é considerada a principal barreira contra agentes infecciosos;
  • Cílios: Os cílios são responsáveis pela proteção dos olhos, evitando que elementos indesejáveis entrem nos olhos. Também existem os cílios nasais com a função de proteção, filtragem e drenagem de mucosidades para o exterior;
  • Lágrimas: As lágrimas possuem a função de lubrificar e limpar os olhos, assim reforçam a proteção do globo ocular;
  • Muco: O muco tem a função de impedir os microrganismos entrem no sistema respiratório;
  • Plaquetas: As plaquetas agem na coagulação do sangue, ou seja, se o corpo tiver algum ferimento as plaquetas vão agir para reter o sangue;
  • Saliva: Protege contra vírus e lubrifica a boca;
  • Suco gástrico: Age no processo de digestão do alimento e evita a proliferação de microrganismos; 
  • Suor: Auxilia na proteção da pele, impedindo a entrada de fungos.
  • Membranas;
  • Tecidos do sistema respiratório.

A imunidade natural pode ser definida também pelas células de defesa, como os leucócitos, neutrófilos e macrófagos. Se essa imunidade não for suficiente, a imunidade adquirida, adaptativa ou específica, entra em ação. Resumindo, a resposta imune natural pode conter a entrada de agentes infecciosos mas também ajudar nas respostas imunes adquiridas ou adaptativas.


Imunidade adquirida ou adaptativa

Fonte: Researchgate.net
Fases de ativação da resposta imune adaptativa.

A imunidade adquirida é aquela que nós adequirimos durante a vida, como os anticorpos e as vacinas, por isso também é denominada como imunidade adaptativa pois corresponde a um sistema de defesa implantado que o organismo recebe após ter sido infectado por algum agente.

Existem dois tipos de imunidade adquirida, a saber: 

  • Imunidade humoral: corresponde a uma resposta defensiva onde atuam os anticorpos, conhecidos como imunoglobulinas que são formadas pelos linfócitos B. Os anticorpos têm como função reconhecer e sinalizar os antígenos ou seja as substâncias estranhas;
  • Imunidade celular: diz respeito a um sistema de defesa mediado pelos linfócitos T, assim, quando um agente patogénico sobrevive no corpo e, os anticorpos não conseguem ter acesso, as células T eliminam essas substâncias infectadas.

Anticorpos ou Imunoglobulinas

Os anticorpos (Ac) também conhecidos como imunoglobulinas, (abreviado Ig) são um componente essencial da nossa imunidade adquirida. São glicoproteínas do tipo gamaglobulina, a fracção de globulinas mais abundante no plasma sanguíneo. Podem encontrar-se em forma solúvel no sangue ou noutros fluídos corporais dos vertebrados, ou podem estar inseridos na membrana plasmática, onde actuam como receptores nos linfócitos B e são empregues pelo sistema imunitário para neutralizar patogénicos tais como bactérias patogénicas e viroses.  

Em geral, considera-se que tanto anticorpo como imunoglobulina são termos equivalentes, sendo que o primeiro termo faz referência à função, enquanto que o segundo alude à estrutura. O termo gamaglobulina refere-se às propriedades electroforéticas das imunoglobulinas solúveis no soro sanguíneo, se bem que algumas imunoglobulinas migram com as fracções alfa, beta e inclusive com a albumina.

Um anticorpo é tipicamente constituído por unidades estruturais básicas, cada uma das quais com duas grandes cadeias pesadas e duas cadeias leves de menor peso molecular. A molécula de anticorpo tem forma de Y; as extremidades dos braços do Y são o fragmento Fab por onde se ligam ao antígeno; o pé do Y é o fragmento Fc. As moléculas dos anticorpos podem aparecer em separado, como monómeros, ou associarem-se entre si formando dímeros com duas unidades ou pentâmeros com cinco unidades. Os anticorpos são sintetizados por um tipo de leucócito denominado linfócito B ou célula B.

Existem diferentes tipos de anticorpos, chamados isótipos, diferenciados pela forma da cadeia pesada que apresentem.São conhecidas cinco classes de isótipos em mamíferos que desempenham funções diferentes, contribuíndo para dirigir a resposta imunitária conforme cada tipo de corpo estranho que encontram, que são: 

  • IgA, 
  • IgD, 
  • IgE, 
  • IgG,
  • IgM.

Diagnósticos clínicos

O doseamento das diferentes imonoglobulinas no sangue podem ser um importante apoio para o médico conseguir realizar um diagnóstico mais correcto de determinadas doenças. Por exemplo:


Órgãos do sistema imunológico

O sistema imunológico é formado por diversos órgãos dos quais se destacam os seguintes:

  • Linfonodos, ou ganglios linfáticos,
  • Timo,
  • Baço,
  • Medula óssea,
  • Vasos linfáticos.
Fonte: Guia de studo

Estes orgãos são classificados como primários e secundários conforme as diferentes funções, a saber:

  • Órgãos imunitários primários – acontece a linfopoiese que corresponde ao processo de formação de linfócitos.
  • Órgãos imunitários secundários – ocorre a resposta imune.

Linfopoiese

Linfopoiese é o processo mediante o qual se formam os linfócitos. Engloba os linfócitos T e B. Os linfócitos B saem maduros da medula óssea enquanto os linfócitos T necessitam de migrar para o Timo onde sofrem o processo de maturação. Os linfócitos B ainda se diferenciam em plasmócitos quando encontram um antígeno num órgão linfoide secundário e secretam anticorpos nos tecidos.


Órgãos imunitários primários

Os órgãos imunitários primários são principalmente os seguintes:

  • Timo: É uma glândula que fica no tórax, entre os pulmões. Ela é responsável pelo desenvolvimento dos linfócitos T;
  • Medula óssea: Corresponde a um tecido com aspecto mole localizado dentro dos ossos. São nas medulas ósseas que ocorrem a produção de plaquetas, hemácias, leucócitos e maturação dos linfócitos B;
  • Células estaminais ou células tronco: Conhecidas também como células fonte. São células ainda indiferenciadas capazes de se dividirem e originar qualquer uma das outras células diferenciadas ou seja específicas de um determinado tecido, como por exemplo o hepático. Existem grupos de células estaminais embrionárias (ou não embrionárias), adultas e induzidas.  

Órgãos imunitários secundários

Os órgãos imunitários secundários são principalmente os seguintes:

  • Baço: É um órgão do sistema linfático localizado na região esquerda do abdómen. É caracterizado por ser o maior dos órgãos linfáticos;
  • Linfonodos ou ganglios linfáticos: São pequenos órgãos compostos pelo tecido linfoide. 


Interferon e anticorpos antivirais

Interferon ou interferão (IFN) é uma proteína produzida pelos leucócitos e fibroblastos para interferir na replicação de fungos, vírus, bactérias e células de tumores e estimular a atividade de defesa de outras células. Existem três tipos de interferon, classificados de acordo com o recetor celular e resposta que ativam. São um tipo de citocina produzida por todos os animais vertebrados e alguns invertebrados.

Tipos de Interferon

Existem 3 tipos de interferon, a saber:

  • Interferon tipo I (alfa e beta)
  • Interferon tipo II (gama)
  • Interferon tipo III (lambda)

Interferon tipo I (alfa e beta): A forma alfa é produzida por leucócitos e a forma beta por fibroblastos quando invadidos por vírus. Induz a própria célula infectada e células próximas a produzirem proteínas que impedem a replicação do vírus. Usado para tratar hepatite B, hepatite C e esclerose múltipla. A produçao é estimulada por interleucina 1 e 2 e pelo Fator de necrose tumoral.

Interferon tipo II (gama): Também conhecido como interferon imune e sempre na forma de Interferon-gama, é produzido por linfócitos T e células NK (Natural Killer Cells ou Células Naturais Assassinas)  quando estimulados por interleucina 12 ou 18. O Interferon gama é responsável por ativar macrófagos, estimula a expressão de Complexo maior de histocompatibilidade, crescimento, maturação e diferenciação de muitos tipos de células, aumenta a atividade de células naturais assassinas (NK), regula a resposta inflamatória, potencia outros interferons e modula a atividade dos linfócitos B. Pode ser usado no tratamento da doença granulomatosa crónica e da osteopetrose (endurecimento dos ossos).

Interferon tipo III (lambda): Também conhecido como interleucina 28/29 é produzida por células dendríticas e monócitos sempre na forma lambda. Quando infectadas por vírus, atua em sinergia e como complementar com a forma alfa para estimular a produção de proteínas que inferem com a replicação viral pelas células vizinhas. Estimula a mitose de linfócitos. Dependendo do vírus a maior resposta será de tipo I ou de tipo III.

Função antiviral do interferon

Os interferons induzem um estado de resistência antiviral em células teciduais não infectadas. O vírus, ao replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Após a síntese proteica, a proteína sai da célula e entra na corrente sanguínea, até chegar às células vizinhas que ainda não foram atacadas. A proteína liga-se à membrana celular dessas células e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas proteínas antivirais, vão impedir a replicação do vírus nessas células.

Os interferons são produzidos na fase inicial da infecção e constituem a primeira linha de resistência a muitas viroses. Um grupo de interferons (alfa e beta) é produzido por células infectadas por vírus, e um outro grupo (gama) é sintetizado por células naturais assassinas ou linfócitos T ativados.

Patologias

A atividade do interferon está profundamente relacionada com o desenvolvimento de várias doenças como:

  • Doenças do colagénio,
  • Lúpus,
  • Artrite reumatóide,
  • Diabetes mellitus dependente de insulina,
  • Hepatite fulminante,
  • Pancreatite grave,
  • Nefrite,
  • Esclerose múltipla,
  • Doenças alérgicas,
  • Aterosclerose.

Utilização terapêutica

Os interferons AlphaBeta e Gamma são proteínas naturais produzidas pelas células do sistema imunológico em resposta à ameaça de agentes como vírus, bactérias, parasitas e tumores. São utilizados para tratar condições como:

  • Esclerose múltipla,
  • Leucemias,
  • Linfomas,
  • Hepatite B e C.

Resistência viral

Diversos vírus são resistentes a interferon, dentre eles:

  • Encefalite Virus Japonês (JEV)
  • Vírus da dengue tipo 2 (DEN-2)
  • Alguns Herpesvirus, incluindo citomegalovirus (HCMV)
  • Influenza A subtipo H5N1
  • Papiloma vírus humano (HPV)
  • Epstein-Barr virus (EBV)
  • Vaccinia virus (VV)

Sistema imunitário como fortalecer?

Não… este não é um artigo apenas para indicar alguns alimentos da moda que, milagrosamente, só por si são apresentados como a solução para ter uma forte imunidade… esquecendo o básico e fundamental dos processos naturais de proteção e regeneração do nosso sistema imunitário e luta contra a doença em geral… ainda por cima os principais são grátis 🙂

Hábitos essenciais para forte imunidade

Assim esqueçam… não existe uma saúde e sistema imunitário “forte e saudável” se não forem respeitados os seguintes pilares básicos:

Bom sono – 7.30 horas por noite. Faça as contas e coloque o despertador de forma a tentar dormir o mais próximo possivel 7.30 horas pois correspondem a 5 ciclos de sono seguidos de 90 minutos cada (aproximadamente). Tenha também o quarto totalmente escuro e nunca quente. Elimine qualquer luz artificial do seu quarto incluindo TV, telemóvel, computador e tablet.

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Controlo do stress – aprenda a controlar as emoções negativas… são principalmente essas que devastam o sistema imunitário. Tem de aprender a valorizar as pequenas coisas da vida, aceitar as coisas menos boas e acreditar num futuro sempre melhor… mas claro fazer algo por isso! Isto não é “conversa da treta”… pois os nossos pensamentos influenciam a nossa imunidade! Rir e sorrir são excelentes para a nossa imunidade!

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Exercício físico moderado – claro que não precisa de ir ao ginásio todos os dias! Basta uma boa caminhada de 30 a 45 minutos em passada rápida para sentir-se melhor fisica e psicológicamente! Também a dança é simplesmente excelente para manter a forma e afastar depressões! Outra alternativa é o exercício fisico intenso intermitente mas durante poucos minutos o chamado treino intervalado de alta intensidade (HIIT). Doentes cardiacos devem consultar o seu médico assistente antes de tentar o HIIT.

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Jejum intermitente – termine o jantar ás 20 horas e não coma nada até ás 8 horas da manhã seguinte. Assim facilmente consegue 12 horas de jejum diárias que o organismo agradece pois desvia a energia que gastaria na digestão para usar na reparação do DNA de céluals danificadas que todos os dias surgem no nosso corpo. A energia é finita e se gasta imensa com a digestão da comida então não há milagres… ficam para trás todos os dias células alteradas que não são reparadas e vão causar problemas de saúde mais tarde… incluindo cancro. Diabéticos devem consultar o médico assistente antes de tentar o jejum intermitente.

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Boa nutrição sem açucar e alimentos processados – o açucar refinado é simplesmente um “doce veneno” com consequências devastadoras na sua saúde e sistema imunitário. Infelizmente está por todo o lado e vai ter de se esforçar para o evitar pois o apelo psicológico ao consumo de hidratos de carbono refinados é brutal!

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Hidratação adequada com água de qualidade – beba água proxima da neutralidade (pH~7). Evite águas ácidas com pH abaixo de 6 ou águas alcalinas com pH acima de 8. O nosso sangue tem um pH muito próximo da neutralidade pelo que é de elementar bom senso não exagerar e beber em demasia águas com pH distantes de 7. Pesquise esta informação nos rótulos e se possivel beba água de nascente (ver rótulo).

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De seguida vou então falar de alguns alimentos surpreendesntes e suplementos especiais que podem dar uma ajuda preciosa ao nosso sistema imunitário e aumentar a resistência contra infeções virais.


Alimentos e imunidade

Além de alguns medicamentos existem alimentos que ajudam a fortalecer o nosso sistema imunitário. Alguns alimentos podem impulsionar automaticamente o nosso sistema imunológico.


Manga

Um deles é a manga. A manga é uma fruta de caroço que é uma espécie de super alimento. Estes super alimentos ativam todos os cinco sistemas de defesa ao mesmo tempo, incluindo o sistema imunológico e contêm vitaminas, bons minerais e bioativos naturais.


Rebentos de bróculos (Broccoli sprouts)

Outro exemplo de alimentos que activam os 5 sistemas de defesa do nosso organismo são os rebentos de bróculos ou seja são a planta na fase ainda muito jovem, logo após a germinação da semente, que mais tarde vai dar origem aos bróculos. Nesta fase já têm todos os nutrientes e energia que mais tarde são distribuídos na planta maior. Estudos confirmam que os rebentos de bróculos podem impulsionar o sistema imunitário e aumentar a nossa proteção contra a gripe, com uma eficácia superior à da vacina da gripe!

Os rebentos de bróculos também parecem aumentar a proteção contra doenças graves como o cancro.


Cogumelos e beta- glucano

Afinal o que têm os cogumelos de especial? Toda a gente deveria come-los pelas seguintes razões:

  • Crescem na terra e sugam todos os nutrientes realmente importantes aí existentes;
  • Dentro do cogumelo existe um composto natural chamado beta-glucano que estimula directamente o nosso sistema imunológico.
    Mas aqui está uma verdadeira surpresa… pois existe em todos os cogumelos independentemente de se tratar de um cogumelo shiitake, um cogumelo maitake, um cogumelo portobello ou até mesmo um cogumelo de botão branco. Assim pode encontrá-los em qualquer lugar.

Outra surpresa é o facto dos investigadores terem descoberto que as hastes chamadas pé ou estipe na verdade contêm até três vezes mais beta glucano do que o chapéu do cogumelo que é a parte que mais comemos! Assim da próxima vez coma o cogumelo completo principalmente os que apresentam o pé ou estipe intacta.


Polifenois e vinho tinto…

Não se engane com o título… o álccol não nos faz bem mas meio copo de bom vinho tinto parece que sim! A maioria dos estudos que envolvem saúde pública analisando vinho tinto mostrou surpreendentemente que existem alguns benefícios tais como:

  • Proteção do Coração,
  • Menor risco de cancro,
  • Outros tipos de doenças metabólicas.

Mas a realidade é que nunca é o álcool que nos faz bem! O álcool pode acalmar os nossos nervos e fazer-nos sentir um pouco melhor, mas, na verdade, os polifenois que ativam as nossas defesas e protegem as nossas células saem da pele da uva. Os polifenóis do vinho vêm das uvas, principalmente das peles, e como o processo de vinificação do vinho tinto envolve um contato mais prolongado com as peles da uva, esses vinhos tendem a conter muito mais polifenóis do que os vinhos brancos.

Como um todo, o conteúdo de polifenóis do vinho tinto tem sido elogiado pelos bebedores conscientes do bem-estar, mas também existem polifenóis específicos no vinho tinto que foram estudados individualmente por causa dos potenciais benefícios para a saúde.

Resveratrol

Um dos polifenóis mais amplamente estudados no vinho, o resveratrol é naturalmente produzido em plantas em resposta a danos físicos, ou invasão por patogénioss. Também encontrado em grandes quantidades em amendoim, mirtilo e cacau, o resveratrol é extraído de fontes vegetais para criar produtos cosméticos e suplementos alimentares.

Em estudos de laboratório, os cientistas descobriram que o resveratrol oferece efeitos protetores contra muitos riscos para a saúde humana. Dois dos seus principais benefícios são o potencial para combater diferentes tipos de cancro, inibindo o crescimento de células cancerígenas e o seu potencial para combater doenças cardiovasculares, prevenindo danos aos vasos sanguíneos, diminuindo o colesterol mau (LDL) e elevando o bom colesterol (HDL).

Os pesquisadores também encontraram evidências de que o resveratrol pode ajudar a combater doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, ajudando a retardar a progressão da doença e a eliminar a acumulação de placas no cérebro. Ele também pode evitar diabetes tipo 2, ajudando a regular a insulina.

Propriedades anti-inflamatórias do resveratrol também fizeram uma linha de estudo para questões de saúde relacionadas com a inflamação, como doenças pulmonares e distúrbios de saúde mental.

No entanto, a quantidade de resveratrol usada para testar as propriedades saudáveis desse polifenol nem sempre é a quantidade encontrada numa porção média de vinho tinto. Enquanto alguns estudos mostraram que quantidades de resveratrol encontradas em apenas um ou poucos copos de vinho podem trazer alguns benefícios para a saúde, muitos outros mostraram que as quantidades de resveratrol usadas para produzir outros benefícios para a saúde podem são equivalentes a 100 copos por dia… o que tornaria esta solução impossivel!

Como gosto de um bom vinho tinto quero acreditar que um pequeno copo à refeição pode proteger a minha saúde… até porque, como de seguida descrevo, o vinho tinto tem adicionalmente outros polifenois, além do resveratrol, com propriedades extremamente interessantes para a nossa saúde. Todo somado não tenho dúvidas que quando bebo o meu copo de vinho tinto estou a juntar o útil ao agradável 🙂

Outros polifenois

Outros polifenóis importantes existentes principalmente no vinho tinto, são os seguintes:

  • Quercetina – tem propriedades anti-inflamatórias, antivirais, alivia doenças pulmonares, promove a cicatrização das artérias.
  • Antocianinas – ajuda a manter o peso e diminui a disfunção eréctil.
  • Procianidinas – mesmo em doses baixas protege contra doenças cardiacas.
  • Ácido elágico – mesmo em doses baixas ajuda a “queimar” gordura controlando assim o peso e protege o fígado.
  • Catequinas – existem também nas frutas frescas, cacau e cerveja. Alguns estudos parecem indicar que têm a capacidade de retardar os tumores. Também parecem promissoras no combate à doença de Alzheimer.

Quantidade de vinho a consumir

Naturalmente, beber muito vinho tem efeitos claramente negativos para a saúde, portanto, consumir muito vinho apenas para colher os benefícios relacionados é, obviamente, desaconselhável! Não havendo ainda certezas sobre dosagens, segundo alguns investigadores a quantidade ideal máxima de vinho tinto que devemos consumir para conseguir os melhores efeitos para a nossa saúde parece ser meio copo de vinho (aproximadamente 125ml) ao almoço e jantar.


Cerveja e xanthohumol

Os lúpulos da cerveja elaboram um produto químico natural chamado xanthohumol, que flutua diretamente na cerveja. Então descobriu-se que há realmente benefícios da cerveja, tais como:

  • Mobiliza as células estaminais,
  • Antiangiogénico.
  • Antioxidante,
  • Demência diminui. Cerca de 60% de diminuição no grau de incidência (se tomar 1,5 a 2 cervejas por dia… não mais!).

Chá verde e EGCG (Epigallocatechin Gallate)

Chá verde e imunidade melhorsaude.org melhor blog de saude

Galato de epigalocatequina, também conhecido como epigalocatequina-3-galato, é o éster de epigalocatequina e ácido gálico, e é um tipo de catequina. EGCG, a catequina mais abundante no chá verde e no chá preto, é um polifenol sob investigação básica por causa do seu potencial para afetar positivamente a saúde humana.

EGCG (Epigallocatechin Gallate)

Os alimentos mais ricos em galato de epigalatocatequina (EGCG) são então os seguintes:

  • Chás principalmente o verde e o preto,
  • Arandos vermelhos,
  • Morangos,
  • Amoras,
  • kiwis,
  • Cerejas,
  • Peras,
  • Pêssegos,
  • Maçãs,
  • abacate,
  • Nozes,
  • Pistachios,
  • Avelãs.

Estudos parecem indicar benefícios para as seguintes condições de saúde e doenças:

  • Reduz a inflamação;
  • Perda de peso;
  • Prevenção de doenças cardíacas;
  • Prevenção de doenças cerebrais;
  • Diabetes;
  • Alguns tipos de cancro.

Chá Matcha

O chá matcha é um dos diversos tipos de chá que são, geralmente, relacionados com o emagrecimento, mas o matcha tem muitos mais benefícios para além desse. Consiste num chá verde, originário do Japão, sendo apresentado sob a forma de um pó esverdeado.

Os chás são ótimos aliados da perda de peso. Durante muito tempo, um dos mais consumidos para atingir esse objetivo foi o chá verde, devido às suas propriedades termogénicas, ou seja, de aceleração do metabolismo.

O matcha, assim como o chá verde e o chá preto, é extraído da planta camellia sinensis. A diferença entre os tipos de chás extraídos dessa mesma planta são elementos como a fermentação e maturação das folhas. O matcha é obtido a partir das folhas mais jovens do chá verde, originadas de plantações protegidas da exposição solar. Após recolha, as folhas são trituradas muito lentamente num moinho de pedra, até que estejam reduzidas a pó.

O pó do matcha é mais concentrado que os outros chás provenientes da camellia sinensis, ou seja, possibilita resultados mais rápidos pois tem uma concentração maior de EGCG. O chá matcha tem diversos efeitos positivos no organismo, tais como:

  • Emagrecimento;
  • Redução dos níveis de colesterol mau LDL;
  • Protege os vasos sanguineos contra a doença cardiaca;
  • Diminui a pressão arterial;
  • Inibe a angiogénese;
  • Estimula as células estaminais quando necessário;

Matcha e cancro

O matcha e provavelmente os altos níveis de EGCG no matcha podem realmente matar células estaminais cancerígenas. Assim, enquanto a maioria das células estaminais que temos ajuda a regenerar as nossas células, quando um cancro cresce, também tem as suas próprias células estaminais que fazem com que o cancro regresse mais tarde!

Estas células estaminais cancerígenas são muito perigosas e realmente mortais. O Santo Graal da pesquisa sobre o cancro, está em tentar encontrar uma maneira de matar essas células estaminais do cancro. Em 2018, os investigadores descobriram que o matcha e o ECGC podem matar as células estaminais do cancro da mama.

Chá matcha e perda de peso

O matcha emagrece por se tratar de um chá verde, possuindo catequinas na sua composição. Estudos já demonstraram que os homens que ingerem o chá verde com altas doses de catequinas conseguem eliminar mais peso do que os que tomam bebidas com baixas concentrações desta substância (perda de peso de, aproximadamente, 2,5 kg, comparativamente à perda de 1,3 kg).

Outro estudo publicado no ano de 2008, revelou que tomar chás verdes como o matcha ajuda no emagrecimento, pois promove o gasto energético durante a prática de exercício físico.
Neste estudo, constatou-se que homens saudáveis que ingeriam este tipo de chás durante treinos de intensidade moderada tiveram um aumento de 17% na taxa de redução de gordura.

Também consumir o matcha em vez de outras bebidas pode auxiliar na redução da quantidade de energia ingerida por dia pois uma porção do chá tem apenas 3Kcal, enquanto um capuccino tem aproximadamente 74Kcal e um leite achocolatado possui cerca de 140Kcal.

Antioxidante

O chá matcha também tem benefícios no combate ao cancro, por exemplo. O motivo é por este ser rico em antioxidantes do grupo das catequinas, que funcionam como anticancerígenos.

Este facto foi comprovado por um estudo realizado em 2003 na Universidade de Colorado, que confirmou que uma chávena de matcha possui cerca de 137 vezes mais catequinas do que outros tipos de chá verde.

Efetivamente, estudos declaram que a ingestão regular de chá matcha reduz para metade a probabilidade de vir a desenvolver cancro da mama.

Diurético

Por ter um efeito diurético, o chá matcha contribui com a diminuição da retenção de líquidos no organismo, ajudando na perda de volume e eliminando o inchaço em algumas regiões do corpo.

Saciante

Quando se sente saciado, é mais difícil ceder às tentações alimentares. Tomar o chá matcha pode contribuir nesse sentido, devido à presença de um antioxidante que estimula a liberação de uma hormona chamada CCK (colecistocinina), que, por sua vez, é responsável por enviar para o cérebro a informação de que o estômago está cheio e conferir a sensação de saciedade.

Energizante

Um estudo publicado no ano de 1999 identificou que o consumo do chá verde contribui para estimulação do metabolismo que, por consequência, leva a que o processo de metabolização das reservas de gordura possa acontecer de forma mais rápida.
Para os momentos em que é necessária energia e concentração extras, o matcha é também uma ótima opção para substituir o café.

Anti-stress

O matcha possui uma quantidade cinco vezes maior de L-teanina que outros tipos de chá verde. O L-teanina é um aminoácido que estimula a atividade de um tipo de ondas do cérebro, que, por sua vez, estão ligadas ao relaxamento, concentração, alívio do stress e até à diminuição da pressão arterial.

Colesterol diminui

Para quem possui valores de colesterol elevados, também é possível beneficiar com o consumo do chá matcha. É que, segundo um estudo de 2011, os chás verdes contribuem de maneira significativa para a diminuição dos níveis do colesterol LDL no organismo.

O chá ainda contém uma alta quantidade de fibras alimentares, que auxiliam no alívio da prisão de ventre e a estabilizar os níveis de açúcar no sangue. Estas fibras também podem auxiliar no controlo do colesterol, pois diminuem a absorção de gordura no intestino.

Propriedades anti-inflamatórias

Finalmente, o uso do chá matcha também está interligado a outros benefícios como o atraso do envelhecimento através do combate à inflamação.

Vitamina C

Em 4 de fevereiro de 2020, pesquisadores do Hospital Zhongnan, na China, anunciaram investigação à eficácia da infusão de vitamina C no tratamento de pneumonia grave infectada com COVID-19.

Muitas das mortes associadas a essa pneumonia viral parecem ser devidas a choque séptico e estudos sugerem que infusões em altas doses de vitamina C podem melhorar os resultados em casos de sepsis e infecções respiratórias.

Conforme observado na descrição do estudo do Hospital Zhongnan:

A pneumonia viral é uma condição perigosa com um mau prognóstico clínico. A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, possui propriedades antioxidantes. Quando a sepsis ocorre, o aumento de citocinas causado pela sepsis é ativado e os neutrófilos acumulam-se nos pulmões, destruindo capilares alveolares.

Os primeiros estudos clínicos demonstraram que a vitamina C pode efetivamente impedir esse processo. Além disso, a vitamina C pode ajudar a eliminar o fluido alveolar, impedindo a ativação e acumulação de neutrófilos e reduzindo os danos no canal de água epitelial alveolar.

Ao mesmo tempo, a vitamina C pode impedir a formação de armadilhas extracelulares de neutrófilos, que é um evento biológico de lesão vascular causada pela ativação de neutrófilos.

Os pesquisadores pretendem tratar pacientes com 24 gramas de vitamina C intravenosa (IV) por dia, durante sete dias, a uma velocidade de 7 mililitros por hora. O grupo placebo receberá um IV de solução salina normal.

O desfecho primário será o número de dias sem suporte ventilatório durante 28 dias de hospitalização. As medidas de desfecho secundário incluirão mortalidade, tempo de internamento nas unidades de cuidados intensivos (UCI), taxa de RCP necessária, uso de vasopressores, função respiratória, falência de órgãos relacionados com a sepsis e muito mais.

Protocolo de tratamento de sepsis do Dr. Marik

O tempo dirá qual será o resultado desse estudo no Hospital Zhongnan. É provável que a vitamina C traga algum benefício, embora o protocolo de tratamento de sepsis do Dr. Paul Marik possa ser uma opção ainda melhor.

Estudo clínico retrospectivo inicial antes e depois da sepsis com o seguinte protocolo mantido durante 2 dias:

  • Vitamina B1 (Tiamina) 200mg de 12/12horas;
  • Vitamina C (Ácido ascórbico) 1.500 mg de ácido ascórbico 6/6 horas;
  • Hidrocortisona 50 mg de 6/6 horas.

Resultado: Redução de mortalidade por sepsis de 40 % para 8,5%.

Pesquisa publicada on-line em 9 de janeiro de 2020, constatou que o protocolo de sepsis intravenosa de Marik também reduzia a mortalidade em pacientes pediátricos. O estudo foi realizado no Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie, em Chicago, e conforme observado pelo Science Daily, os dados preliminares deste estudo “apóiam os resultados promissores observados em adultos”.

Entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2019, 557 pacientes pediátricos com choque séptico preencheram os critérios de inclusão no estudo:

  • 43 receberam o protocolo de vitamina C, vitamina B1 e hidrocortisona de Marik,
  • 181 receberam terapia apenas com hidrocortisona,
  • 333 não receberam nenhum desses tratamentos.

Os 43 pacientes que receberam o tratamento com vitamina C foram comparados com base no estado clínico com 43 controles não tratados e 43 pacientes apenas com hidrocortisona.

Resultados:

Após decorridos os primeiros 30 dias do estudo, os controles e os grupos somente a tomar hidrocortisona apresentaram uma taxa de mortalidade de 28%, enquanto o grupo de tratamento teve uma taxa de mortalidade de apenas 9%.

Aos 90 dias, 35% dos controles e 33% daqueles que receberam apenas hidrocortisona morreram, em comparação com apenas 14% do grupo de tratamento.

Nutrição essencial contra o coronavírus

Quanto à prevenção, a nutrição desempenha um papel crucial e vários nutrientes são conhecidos pelas suas propriedades estimulantes do sistema imunológico e capacidade de proteger contra infecções virais.

Em Fevereiro de 2020, num artigo convincente sobre o Progresso nas doenças cardiovasculares … Mark McCarty, da Catalytic Longevity Foundation, San Diego, CA, EUA, e James DiNicolantonio, PharmD, um cientista de pesquisas cardiovasculares do Instituto Americano do Coração de Saint Luke, Kansas City, MO, propõem que certos nutracêuticos podem ajudar a aliviar as pessoas infectadas com vírus de RNA encapsulados, como influenza e coronavírus …

SARS-CoV-2 causa tempestade inflamatória

A Covid-19 é cerca de 30 a 60 vezes mais letal do que a gripe anual típica. Tanto a gripe quanto o coronavírus causam uma tempestade inflamatória nos pulmões e é essa tempestade inflamatória que leva à dificuldade respiratória aguda, falência de órgãos e morte.

Certos nutracêuticos podem ajudar a reduzir a inflamação nos pulmões provocada por vírus RNA e outros também podem ajudar a aumentar a resposta do interferon tipo 1 a esses vírus, que é a principal resposta do nosso corpo para ajudar a criar anticorpos antivirais para combater infecções virais .


Suplementos contra Covid-19

McCarty e DiNicolantonio listam vários nutrientes disponíveis na forma de suplemento que podem ser particularmente benéficos contra o COVID-19. Descrevo de seguida os mais importantes.


N-acetilcisteína (NAC)

Estrutura química da N-Acetilcisteína (NAC)

Estimula a produção de glutationa ou glutatião, fluidifica o muco, diminui as probabilidades de infecção por vírus influenza e reduz o risco de desenvolver bronquite grave.

Glutationa ou glutatião o que é?

A glutationa (gama-glutamil-cisteinil-glicina ) ou GSH ou glutatião é um antioxidante hidrossolúvel, que exerce uma forte ação neutralizadora de radicais livres. É reconhecido como o tiol não proteico mais importante nos sistemas vivos. Trata-se de um tripéptido linear, constituído pelos seguintes três aminoácidos: 

  • Ácido glutâmico, 
  • Cisteína,
  • Glicina.

O grupo tiol da cisteína é o local activo responsável pelas propriedades bioquímicas da glutationa. Existe, na maioria das células, em concentrações compreendidas entre 1 e 8 mM, estando, geralmente, na sua maior quantidade no fígado. Ao nível extracelular a concentração de glutationa é da ordem de 5-50 μM.

Acetilcisteína, também conhecida como N-acetilcisteína (NAC), é uma medicação que é usada para o tratamento da overdose de paracetamol (acetaminofeno) e para soltar o muco em indivíduos com infeções respiratórias (virais ou bacterianas) bem como portadores de doenças mais graves como fibrose cística ou doença pulmonar obstrutiva crônica.  Pode ser tomado por via intravenosa, pela boca, ou inalado, como uma névoa. Algumas pessoas usam como um suplemento dietético.

Efeitos colaterais não são frequentes, e os mais comuns incluem náuseas e vômitos, quando tomado por via oral. A pele pode, ocasionalmente, tornar-se vermelha e coçar. Um tipo não de anafilaxia também pode ocorrer. Parece ser seguro durante a gravidez e  funciona através do aumento dos níveis de glutatião e níveis e a ligação com os produtos tóxicos  da degradação do paracetamol.

Acetilcisteína inicialmente foi patenteado em 1960 e licenciado para uso em 1968.  Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, os medicamentos mais eficazes, seguros e necessários em um sistema de saúde. Ele está disponível como um medicamento genérico e não é muito caro – embora os originais tenham conservação melhor e, tratando-se de uma substância anti-oxidante, podem ser mais eficazes.

Dose diária: 1.200 a 1.800 mg

Extrato de sabugueiro (Elderberry)

Conhecido por reduzir a duração da gripe em dois a quatro dias assim como a gravidade da gripe. Segundo os autores do estudo, dado que o sabugueiro é uma fonte muito rica de antocianinas, há motivos para suspeitar que o seu impacto sobre os vírus possa ser mediado, pelo menos em parte, pelo ácido ferúlico, um metabólito proeminente que aparece no plasma após a ingestão de antocianinas.

Estudo: A Review of the Antiviral Properties of Black Elder (Sambucus nigra L.) Products.

Estudo: Randomized study of the efficacy and safety of oral elderberry extract in the treatment of influenza A and B virus infections.

Estudo: Elderberry Supplementation Reduces Cold Duration and Symptoms in Air-Travellers: A Randomized, Double-Blind Placebo-Controlled Clinical Trial

Dose diária: 600 a 1.500 mg

Spirulina

Reduz a severidade da infecção por vírus influenza e reduz a mortalidade por influenza em estudos com animais. Num teste em humanos, a spirulina reduziu significativamente a carga viral em pacientes com infecção pelo HIV.

Estudo: Impact of daily supplementation of Spirulina platensis on the immune system of naïve HIV-1 patients in Cameroon: a 12-months single blind, randomized, multicenter trial

Estudo: Well-tolerated Spirulina extract inhibits influenza virus replication and reduces virus-induced mortality

Estudo: Antioxidant, Immunomodulating, and Microbial-Modulating Activities of the Sustainable and Ecofriendly Spirulina

Spirulina é um género de cianobactérias da ordem Spirulinales, um grupo de organismos procariotas vulgarmente conhecido por algas verde-azuis (ou Cyanophyta).

São microrganismos unicelulares fotoautotróficos que se agrupam em formas filamentosas, geralmente helicoidais, designadas por tricomas (por analogia com os pelos das plantas).  Algumas espécies anteriormente incluídas neste género (actualmente em Arthrospira) são utilizadas para produzir um suplemento alimentar conhecido por «spirulina» ou «espirulina», que não deve ser confundido com este género.

Dose diária: 15 g

Glucosamina

Regula positivamente a proteína de sinalização antiviral mitocondrial (MAVS – mitochondrial antiviral-signaling protein), reduz a gravidade e mortalidade da infecção por influenza em estudos com animais.

Estudo: The novel IGF-IR/Akt–dependent anticancer activities of glucosamine

Estudo: Molecular mechanisms of anticancer effects of Glucosamine

Estudo: Glucosamine induces autophagic cell death through the stimulation of ER stress in human glioma cancer cells.

Dose diária: 3.000 mg ou superior se necessário

Selénio

Como o selénio é um cofator essencial para certas peroxidases e a deficiência de selénio tem sido endêmica em certas regiões da China e em outras partes do mundo, garantir a adequação da nutrição do selénio também pode ser apropriado nesse contexto, observam McCarty e DiNicolantonio, acrescentando que “a deficiência de selénio também aumenta a taxa na qual os vírus podem sofrer mutações, promovendo a evolução de estirpes mais patogênicas e capazes de evitar a vigilância imunológica”.

Dose diária: 50 a 100 microgramas

Zinco

Suporta a função eficaz e proliferação de várias células imunológicas, reduzindo a mortalidade em idosos em 27%.

Dose diária: 30 a 50 mg

Ácido lipoico

Ácido lipóico é um composto organosulfurado derivado do ácido octanóico que contém dois átomos de enxofre (em C6 e C8) vicinais ligados por uma ligação dissulfídica. O átomo de carbono em C6 é quiral portanto a molécula possui dois enantiômeros. Apenas o enantiômero R-(+)- existe na natureza é é um cofator essencial de quatro enzimas mitocondriais complexas.

O ácido lipoico ajuda a aumentar a resposta do interferon tipo 1. Conforme explicado em um artigo de 2014 “Os interferons do tipo I (IFNs) ativam programas antimicrobianos intracelulares e influenciam o desenvolvimento de respostas imunes inatas e adaptativas … (IFNs) são polipeptídeos secretados pelas células infectadas e têm três funções principais:

  • Induzem estados antimicrobianos intrínsecos a células em células infectadas e vizinhas que limitam a disseminação de agentes infecciosos, particularmente patógenos virais.
  • Modulam as respostas imunes inatas de uma maneira equilibrada que promove a apresentação de antígenos e as funções das NKC (natural killer cell) células assassinas naturais, ao mesmo tempo que restringe as vias pró-inflamatórias e a produção de citocinas.
  • Ativam o sistema imunológico adaptativo, promovendo o desenvolvimento de respostas de células T e B específicas para antígenos de alta afinidade e memória imunológica. Os IFNs do tipo I são protetores em infecções virais agudas, mas podem ter papéis protetores ou deletérios em infecções bacterianas e doenças autoimunes “.

Dose diária: 1.200 a 1.800 mg (em substituição do ácido ferúlico)

O ácido lipóico é ainda responsável por estimular a biossíntese de uma enzima do nosso organismo que exerce também uma marcada acção neutralizadora dos radicais livres, a glutatião peroxidase. Esta enzima neutraliza um dos radicais livres mais agressivos para a pele, o radical peróxido, transformando-o em água. Pensa-se que o ácido lipóico tem também um papel importante no metabolismo do organismo, mais particularmente na produção de energia.

Vitmina D

A radiação solar ultravioleta B e a suplementação de vitamina D demonstraram reduzir as taxas de fatalidade pandémica, o que faz sentido, considerando a importância da vitamina D no controle de infecções e na redução do risco de influenza e resfriado comum.

A pesquisa mostra que a suplementação com altas doses de vitamina D reduz em 40% o risco de doenças respiratórias e infecções pulmonares em idosos. A vitamina D pode melhorar a capacidade do sistema imunológico de combater infecções, porque reforça a primeira linha de defesa do sistema imunológico.

Pesquisas publicadas em 2009 apontam que as taxas de mortalidade durante a pandemia de influenza de 1918-1919 foram influenciadas pela estação, com um número maior de pessoas a morrer durante o inverno do que no verão.

Segundo os autores: “As mortes durante a pandemia de influenza de 1918 a 1919 foram ligadas tanto ao vírus da influenza quanto às infecções pulmonares bacterianas secundárias. As taxas de mortalidade de casos e a percentagem de casos de influenza complicados por pneumonia estavam disponíveis a partir de dados de pesquisas de doze locais dos Estados Unidos na pandemia de 1918 a 1919 .

Este estudo analisa as taxas de mortalidade e casos complicados de pneumonia em relação às doses estimadas de radiação solar ultravioleta-B (UVB) no verão e no inverno como indicadores da população quanto ao status médio de vitamina D.

Correlações substanciais foram encontradas para associações da dose de UVB de julho com taxas de mortalidade de casos e taxas de pneumonia como uma complicação da influenza. Resultados semelhantes foram encontrados para o UVB no inverno.

A vitamina D aumenta a produção de catelicidina humana, LL-37, que tem atividades antimicrobianas e antiendotoxinas. A vitamina D também reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que também pode explicar alguns dos benefícios da vitamina D, uma vez que a infecção pelo H1N1 causa uma tempestade de citocinas.

Como orientação geral, teste o nível de vitamina D duas vezes por ano, no inverno e no verão, para garantir uma faixa saudável de 60 ng / mL a 80 ng / mL durante o ano todo. (Pesquisas convincentes sugerem que 40 ng/mL é o valor de referência para a suficiência.)

Probióticos podem ser úteis contra a Prevotella

Por último, mas não menos importante, se a inclusão da bactéria Prevotella na COVID-19 for comprovada, prebióticos, probióticos e esporobióticos podem ser muito úteis.

Vários estudos mostraram que os probióticos com estirpes de Bifidobacterium bifidum podem ajudar a reduzir a bactéria Prevotella, enquanto que as estirpes de Lactobacillus tendem a aumentá-la.Os esporobióticos podem ser particularmente benéficos.

Conforme explicado em “Como os probióticos de esporos podem ajudá-lo”, que apresenta uma entrevista com o Dr. Dietrich Klinghardt, os probióticos baseados em esporos são constituidos pela parede celular dos esporos de bacilos – a concha protetora em torno do DNA e o mecanismo de actuação desse DNA – não toda a bactéria viva.

Foi demonstrado que os esporos de Bacillus aumentam drasticamente a tolerância imunológica, o que significa que ajudam a reparar os danos na barreira intestinal. Como eles não estão “vivos”, eles também não são afetados por antibióticos.

O bacilo modula de forma muito eficaz as citocinas. Assim as citocinas anti-inflamatórias são reguladas positivamente, enquanto as citocinas inflamatórias são reguladas negativamente, restabelecendo o equilíbrio entre as duas.

A pesquisa também mostrou que os esporobióticos aumentam maciçamente a reprodução de acidófilos, bífidos e outros micróbios no intestino por meio das mensagens eletromagnéticas que eles enviam. Isso é totalmente único. Quando tomamos um probiótico regular, eles fazem aumentar principalmente a sua estirpe. Os esporos de Bacillus, por outro lado, realmente aumentam muitos dos outros micróbios benéficos.

Os esporos de Bacillus também criam 24 substâncias diferentes que possuem fortes propriedades antimicrobianas. No entanto, eles não matam indiscriminadamente como os antibióticos. Eles suprimem especificamente patogénicos que fazem uma contribuição valiosa para o todo.

Referências bibliográficas:

SUPERALIMENTOS TODA A VERDADE

Superalimentos toda a verdade! O que são? Quais os benefícios? Quando e como comer? Quais os estudos científicos que apoiam os seu efeitos benéficos na nossa saúde?

Existem alimentos verdadeiramente extraordinários, com características únicas que podem potenciar de forma fantástica a nossa saúde. No entanto e apesar disso temos sempre que nos lembrar de não exagerar pois o excesso pode ter consequências por vezes graves! Cuidado com as modas alimentares que por vezes esquecem as reações únicas de cada um de nós! Os sistemas imunitários não são todos iguais e podem causar-nos surpresas perigosas principalmente quando contactam com algo novo introduzido na sua fisologia.

Leia também: Sistema imunitário como ficar mais forte? Toda a verdade!

Superalimentos o que são?

Segundo os nutricionistas, têm esta designação por serem ricos em determinado nutriente, fazendo com que tenham um efeito quase terapêutico para o organismo.

Quais são os superalimentos?

A lista é longa mas comecemos com aqueles que já começaram a fazer parte da nossa alimentação, ocupando o lugar tipicamente dado ao arroz, massa e batata, a saber:

  • Quinoa
  • Batata doce
  • Trigo sarraceno
  • Bulgur

As espécies de cereais, grãos ou plantas acima referidas, pelas suas características, ajudam a:

  • Controlar a Diabetes
  • Fortalecer o sistema imunitário
  • Indicados nutricionalmente para uma dieta de emagrecimento

Mais adiante referiremos alguns dos restantes superalimentos.

Excesso de peso e superalimentos

Atualmente há muitos mais doentes que procuram um nutricionista para uma reeducação alimentar. Em vez de dietas milagrosas com resultados de curta duração os nutricionistas vêem cada vez mais pessoas interessadas em aprender a comer melhor, apostando numa mudança a longo prazo.

Alterar hábitos alimentares sem ter como único objectivo ver descer o ponteiro da balança é essencial para prolongar resultados e conseguir assumir novos hábitos de forma independente, sem ter que estar constantemente a ser acompanhado por um especialista.

Leia também: Jejum toda a verdade e como controlar o peso!

Há quanto tempo existem?

Os superalimentos existem há muitos anos em diferentes culturas. O importante é estar atento ao que vai chegando ao nosso mercado. Existe actualmente a crescente preocupação da indústria para dar opções mais saudáveis aos clientes.

Os restaurantes começam a ter mais opções vegetarianas e as áreas saudáveis dos supermercados começam a ter corredores cada vez mais recheados e a abertura de restaurantes e supermercados categorizados como biológicos e, por isso, mais saudáveis são também pontos positivos.

Apesar das frutas e legumes serem ainda os produtos mais procurados alguns supermercados têm já zonas que são oásis de quem opta por alternativas para fugir à alimentação mais tradicional. Para essas pessoas, bagas de goji, açaí, maca ou spirulina são tão comuns no dia-a-dia como o sal e a pimenta que todos usamos na cozinha.

Moda ou um estilo de vida?

Se a alimentação saudável é uma moda, então que venha para ficar e, tal como qualquer outra moda, vive de ciclos. Os chamados sumos detox sempre foram feitos, com o nome de batidos de frutas. As papas de aveia, que têm vindo a tomar conta dos pequenos-almoços, mais não são que as papas das nossas avós.

Os pratos são recuperados mas agora, além de ocuparem os livros de receitas, enchem também os murais das redes sociais. A preocupação é o bom empratamento, o ângulo certo e uma foto que faça jus à qualidade do prato. Além de servir para exibir dotes, serve também de inspiração e motivação para quem se inicia na vida saudável.

Basta explorar o Instagram para se deparar com pratos de legumes salteados com quinoa e gengibre e bolo de banana sem glúten e sem lactose para sobremesa.

melhorsaude.org
Alguns dos superalimentos mais ricos nutricionalmente

12 SUPERALIMENTOS

Quinoa

Quinoa é um superalimento que pode substituir o arroz ou a massa
Quinoa é um superalimento que pode substituir o arroz ou a massa

Vantagens da Quinoa:

  • Sem glúten
  • Rica em ácidos gordos e vitaminas
  • Acção antioxidante

Pode ser servida em saladas, sopas, panquecas ou como acompanhamento, substituindo o arroz ou massa.

Maca

Maca é um superalimento energético e afrodisíaco que pode juntar-se a um iogurte
Maca é um superalimento energético e afrodisíaco que pode juntar-se a um iogurte ou sopa

Sim está bem escrito! Lê-se maca e não maça!

Vantagens da Maca:

  • O pó de maca ajuda a regulação hormonal, em casos de menopausa
  • Energético
  • Afrodisíaco

Tem um sabor forte, por isso o melhor é juntar a iogurtes ou sopas.

Bagas de Goji

As Bagas de Goji fortalecem o sistema imunitário e combatem o envelhecimento. Podem juntar-se a iogurte
As Bagas de Goji fortalecem o sistema imunitário e combatem o envelhecimento. Podem juntar-se a iogurte, cereais ou saladas

São frutos vermelhos desidratados e consumidos nas formas seca e crua.

Vantagens das bagas de Goji:

  • Combate o envelhecimento
  • Fortalece o sistema imunitário

Pode servir para fazer chá, ou para enriquecer as saladas, iogurtes ou cereais de pequeno-almoço.

Açai

O Açai diminui o colesterol
O Açai diminui o colesterol e é antioxidante. Pode juntar-se a iogurte

Vantagens do Açai:

  • Rica em proteína e fibra
  • Diminui o colesterol
  • Forte poder antioxidante

Comprando em polpa ultracongelada, pode ser comida como gelado, servida em batidos ou com iogurte,

Spirulina

A Spirulina é uma micro alga
A Spirulina é uma micro alga com elevado teor de proteina, sendo regeneradora após actividade física . Pode juntar-se a sumos e sopas

Vantagens da Spirulina:

  • Micro alga  predominantemente composta por proteína
  • Actividade regeneradora após actividade física

O sabor é forte, por isso é aconselhável que se junte a sumos ou sopas

Gengibre

gengibre melhorsaude.org

Além de estar associado à prevenção de náuseas e vómitos, está também provado que a ingestão de gengibre permite reduzir os níveis de inflamação, seja ela aguda ou crónica, como no caso da artrite reumatoide, por exemplo. O gingerol é uma das substâncias ativas presentes no gengibre com ações benéficas para o organismo, sendo antioxidante e anti-inflamatório.

Açafrão

Açafrão curcuma curcumina melhorsaude.org melhor blog de saude

açafrão é extraído dos pistilos de flores de Crocus sativus, uma planta da família das Iridáceas. É utilizado desde a Antiguidade como especiaria, principalmente na culinária do Mediterrâneo — região de onde a variedade é originária — na preparação de risotos, aves, caldos, massas e doces. É um ingrediente essencial à paella espanhola.

Há séculos que o açafrão é também utilizado com fins medicinais. Historicamente foi utilizado no tratamento do cancro e de estados depressivos. Estas aplicações têm sido pesquisadas atualmente.

Efeitos promissores e seletivos contra o cancro têm sido observados in vitro e in vivo, mas não ainda em testes clínicos. Efeitos antidepressivos também foram encontrados in vivo e em estudos clínicos preliminares. Há portanto interessantes perspectivas de uso dos extratos de açafrão na fitoterapia racional.

Açafrão e os benefícios estudados

De seguida descrevo estudos sobre alguns dos mais importantes benefícios do açafrão, incluindo:

  • Cancro do pancrêas,
  • Cancro do fígado,
  • Inflamação crónica,
  • Diabetes,
  • Inflamações pulmonares virais,
  • Alzheimer,
  • Disfunção vascular,
  • Cicatrização de feridas.

Estudos científicos sobre açafrão:

Concluindo

Introduza de forma gradual pelo menos alguns destes alimentos na sua alimentação e sinta a diferença para melhor na sua saúde. Algumas das grandes superfícies já têm espaços próprios para estes alimentos, tornando a sua procura mais fácil. Se em simultâneo evitar os alimentos processados você não vai acreditar no que lhe vai acontecer… retardando o envelhecimento!

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Artigos recentes:

Disfunção sexual causada por medicamentos

A disfunção sexual (DS) é a alteração de uma ou mais etapas da relação sexual,1,2 que impede uma atividade sexual satisfatória.1 Este artigo tem como principal referência o trabalho de meta análise, da Dra Aurora Simón, Diretora técnica do CIM, Centro de Investigação do Medicamento, da Ordem dos Farmacêuticos.

A função sexual pode ser afetada de diversas formas:

  • Diminuição do desejo sexual;
  • Falta de lubrificação vaginal;
  • Disfunção erétil (DE) ou impotência masculina;
  • Falta de ejaculação;
  • Ejaculação precoce ou retrógrada,;
  • Anorgasmia (ausência ou dificuldade em alcançar o orgasmo);
  • Dispareunia (dor na mulher durante ou após penetração sexual). 2

Nos homens, a forma mais habitual de disfunção sexual é a disfunção eréctil, nas mulheres a mais frequente é a diminuição da libido.1

Causas

Em muitas ocasiões, a etiologia da disfunção sexual não é clara. 3,4 Podem influir fatores psicológicos e psiquiátricos, como ansiedade, depressão ou esquizofrenia,3-5 bem como o próprio processo de envelhecimento3,4,6 e aspetos socioculturais. 6 Têm sido documentadas etiologias orgânicas, como diabetes,3,4,7 doença de Addison, hipogonadismo, alterações tiroideias,3,4 doenças cardíacas,7 neurológicas e neoplasias. 6 Outros fatores que podem afetar a função sexual incluem o consumo de álcool ou drogas. 1-4

A disfunção sexual também é um efeito colateral de diversos medicamentos, podendo ter um impacto importante nas relações pessoais, na qualidade de vida e na capacidade de procriar. 1 As alterações sexuais associadas ao tratamento medicamentoso também podem favorecer a não adesão ao tratamento farmacológico. 1,2,5

A relação causal e a incidência de disfunções sexuais com um determinado medicamento são difíceis de determinar, pois certas doenças afetam também a função sexual. Existem poucos ensaios clínicos que tenham avaliado especificamente efeitos adversos de medicamentos na função sexual. A maioria dos dados procedem de relatos de casos, ensaios clínicos pós-comercialização e da farmacovigilância. 1 A literatura tem enfatizado os problemas sexuais masculinos, existindo menos dados sobre os problemas femininos ou de casal. 2,8

Os medicamentos podem alterar a função sexual por várias vias, tais como:

  • Os que afetam o desejo sexual, geralmente, atuam a nível central e podem causar este efeito por sedação ou por alteração hormonal.
  • Os fármacos que interferem no sistema autónomo podem ter efeitos negativos na função erétil, na ejaculação e no orgasmo.
  • Os que interferem com hormonas (por ex., moduladores seletivos dos recetores de estrogénios como o tamoxifeno) podem afetar a resposta vaginal.

Em relação aos neurotransmissores e hormonas implicados, a dopamina, a norepinefrina e a acetilcolina tendem a ter um efeito positivo na função sexual, enquanto a serotonina e a prolactina tendem a inibi-la. A testosterona é necessária para a excitação sexual normal em homens e mulheres. A sua deficiência em homens está associada à disfunção erétil ou impotência masculina. Níveis reduzidos de estrogénios reduzem o desejo e a excitação.1 

A DS associada a medicamentos tende a ser subvalorizada, pois muitas pessoas e profissionais de saúde são relutantes em abordar esse tema. 1,5 As pessoas podem não estar cientes de que os seus problemas sexuais se desenvolveram como resultado do tratamento. 2

Fármacos implicados na disfunção sexual

São diversos os medicamentos que podem afetar as função sexual masculina e feminina, os principais são os seguintes:

  • Anti-hipertensores;
  • Medicamentos com ação no sistema nervoso central como antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores do humor e ansiolíticos;
  • Anticonvulsivantes;
  • Contraceptivos hormonais;
  • Bloqueadores alfa (muito usados na hiperplasia benigna da próstata);
  • Análogos da hormona libertadora de gonadotropina;
  • Inibidores da protease;
  • Ciproterona;
  • Pseudoefedrina, 
  • Dissulfiram; 
  • Naproxeno;2 
  • Ibuprofeno;16
  • Anti-histamínicos; 
  • Opioides; 2,3 
  • Digoxina. 4,5

Anti-hipertensores e disfunção sexual

A maioria dos estudos sobre disfunções sexuais associada a fármacos cardiovasculares são sobre anti-hipertensores. 8 A própria hipertensão pode ser também um fator de risco para DS. 1,2,4 O efeito dos bloqueadores beta-adrenérgicos na função sexual tem sido debatido. 5 Num estudo, 20% dos homens tomando bloqueadores beta apresentaram DS. 2 Contudo, uma revisão sistemática mostrou apenas um ligeiro aumento do risco. 9 Têm sido referidas alterações na função erétil. 5,8 A frequência de disfunção sexual parece ser baixa, especialmente com os fármacos menos lipofílicos e mais cardiosseletivos. 3,4

Os agonistas alfa adrenérgicos de ação central (clonidina, metildopa) podem causar disfunção erécil e reduzir o desejo e a excitação. 2,4,5 Os diuréticos também têm sido implicados em alterações na função sexual,2 mas a incidência de DS induzida por diuréticos tiazídicos é baixa. 4 O bloqueador do recetor de aldosterona, espironolactona, pode estar associado a DE e ginecomastia. 2 

Os bloqueadores alfa, os inibidores da enzima da conversão da angiotensina (IECA), os antagonistas de recetores de angiotensina II e os bloqueadores dos canais de cálcio geralmente não causam DS. 1,4 Alguns trabalhos apontaram possíveis efeitos benéficos com alguns fármacos (IECA, nebivolol). 2,5,8 Porém, os dados sobre os efeitos neutros ou benéficos de fármacos na função erétil precisam de ser confirmados.

Medicamentos com ação no Sistema Nervoso Central

As doenças psiquiátricas subjacentes também podem contribuir para a disfunção sexual. 4 Até 70% das pessoas com depressão apresentam DS, que pode afetar qualquer fase da atividade sexual. 2 A DS é também um potencial efeito colateral dos antidepressores em homens e mulheres. 2,10,11 Evidências sólidas sugerem que este grupo afeta adversamente uma ou mais das fases da resposta sexual. 10 Os efeitos podem incluir alterações no desejo sexual, problemas de ereção ou problemas de orgasmo. A gravidade dos efeitos depende do indivíduo, e do tipo e dose do antidepressor específico. Para algumas pessoas, os efeitos colaterais sexuais podem diminuir, à medida que o organismo se ajusta à medicação. 11 Os dados sobre a prevalência de DS causada por antidepressores são muito variáveis (10% a 80%), devido à grande variação nas abordagens metodológicas dos estudos. 10

Os antidepressores com fortes propriedades serotoninérgicas parecem ter a maior taxa de efeitos colaterais sexuais. Tem sido observada DS especialmente em pessoas tratadas com inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e com inibidores a recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSN). 1,10 Podem causar DE, inibição do desejo sexual e diminuição da lubrificação vaginal. 2 Os ISRS podem levar a diminuição ou perda total da libido,10,18,19 orgasmo ou ejaculação retardados ou anorgasmia. 4 Os ISRS têm sido usados para tratar a ejaculação precoce. 3,4 A frequência dos efeitos colaterais sexuais pode variar entre os diferentes fármacos do grupo. Os sintomas parecem ser dependentes da dose e pode estar envolvido polimorfismo genético. Embora existam raros relatos de efeitos sexuais adversos que persistem após a descontinuação do uso de ISRS, não há evidência concludente de que os efeitos sejam persistentes. 12

Quase todos os antidepressores tricíclicos (amitriptilina, doxepina, imipramina e nortriptilina) podem ter um impacto negativo na libido. 2,5 Existem relatos de DE e problemas ejaculatórios. 3,4 Os inibidores da monoamina oxidase (fenelzina, isocarboxazida, tranilcipromina) também estão associados à DS. 2 Esta inclui desejo sexual reduzido, dificuldades de ereção, orgasmo retardado,10 e problemas de ejaculação. 4,10 A moclobemida, inibidor reversível, está associada a uma baixa prevalência de DS. 10 Embora tenha sido relatado que aumenta o desejo sexual, as doses utilizadas no estudo foram consideradas subterapêuticas. 2 A incidência de DS reportada por doentes em tratamento com selegilina foi baixa, similar ao placebo. 10,12

Alguns estudos sugerem que o bupropiom, a agomelatina, a mirtazapina e a moclobemida produzem menos DS, sendo os dados mais consistentes no caso do primeiro. 1,10,12 No acompanhamento da terapêutica com antidepressores é essencial abordar a DS. 10

A disfunção sexual é um efeito potencial dos antipsicóticos, 3,4,13 embora seja muito difícil determinar com precisão a prevalência real. Dados sólidos sugerem que muitos afetam adversamente uma ou mais fases da resposta sexual. 13 Muitas pessoas com esquizofrenia apresentam problemas sexuais, podendo ser difícil distinguir os efeitos da doença na função sexual dos efeitos da medicação. 2 A maioria dos antipsicóticos produz DS ao bloquear os recetores de dopamina. Isto provoca hiperprolactinemia e hipogonadismo em ambos os sexos, amenorreia secundária e perda da função ovárica em mulheres e níveis baixos de testosterona em homens. 1,2 Os homens que tomam antipsicóticos relatam DE, diminuição da qualidade do orgasmo com ejaculação retardada, inibida ou retrógrada e diminuição do interesse pelo sexo. As mulheres experimentam diminuição do desejo, dificuldade em atingir o orgasmo e alterações na sua qualidade, e anorgasmia. A dispareunia, secundária à deficiência de estrogénio, pode resultar em atrofia e secura vaginal.

Embora não sejam consistentes, alguns dados sugerem que os antipsicóticos de segunda geração (com exceções, como a risperidona ou a amissulprida) têm um perfil de efeitos colaterais sexuais mais favorável, comparativamente aos de primeira geração. Os antipsicóticos que aumentam a prolactina estarão, provavelmente, mais associados à DS, ainda que sejam necessários mais estudos. 13 Antes de iniciar o uso de fármacos antagonistas dos recetores da dopamina é útil determinar a prolactina basal; deste modo, uma elevação subsequente poderá ser atribuída ao fármaco. 2

A DS é também um potencial efeito colateral de alguns estabilizadores de humor e ansiolíticos, mas os estudos sobre os efeitos sexuais destes medicamentos são muito escassos e com limitações. Algumas evidências sugerem que os estabilizadores de humor, com algumas exceções, afetam negativamente o funcionamento sexual. Existe muito pouca investigação sobre eventuais efeitos colaterais sexuais induzidos pelo lítio. 14 Foram relatados alguns casos de diminuição do desejo sexual e DE. 4,14 Algumas benzodiazepinas têm sido associadas a diminuição da libido, orgasmo retardado e anorgasmia. 5 A evidência disponível sobre o efeito deste grupo na função sexual ainda é insuficiente para tirar conclusões definitivas. 14

Anticonvulsivantes e disfunção sexual

A disfunção sexual é comum em pessoas em tratamento com anticonvulsivantes, 1,14 mas é difícil distinguir se é resultado deste tratamento ou da própria patologia. 3,14 A DS tem sido mais relatada com os mais antigos (carbamazepina, fenitoína ou fenobarbital). 14 Há alguns relatos com valproato, pregabalina,3,14 gabapentina ou topiramato. 2,3,14 Muitos anticonvulsivantes são usados como estabilizadores do humor. 14 

Contraceptivos hormonais

O efeito dos contracetivos hormonais combinados na sexualidade feminina é muito controverso, sendo necessários mais estudos. Alguns mostraram diminuição da libido, enquanto outros referem aumento. 1 Os contracetivos orais diminuem a testosterona livre circulante, o que poderia diminuir o desejo na mulher, embora os dados sejam limitados. O contexto social, o medo da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis são fatores que podem confundir os relatos relacionados com o impacto destes fármacos. 2 A suspensão injetável com acetato de medroxiprogesterona, usada como contracetivo, tem sido associada a atrofia vaginal, dispareunia e diminuição da libido. 1,2

Bloqueadores alfa

Os homens com hiperplasia prostática benigna (HPB) sintomática e sintomas no trato urinário inferior, geralmente, têm uma maior incidência de DS. 1,2,15 Embora a cirurgia e a terapêutica possam melhorar a sintomatologia, alguns tratamentos também causam ou exacerbam a DE e os problemas na ejaculação. 2 A DS deve ser cuidadosamente avaliada antes do tratamento. 15 Os bloqueadores alfa usados na HPB, como doxazosina, tansulosina, terazosina e alfuzosina, não mostraram causar alterações na função sexual superiores ao placebo,2,5,15 com exceção da silodosina, que parece ter a maior incidência de distúrbios ejaculatórios15 e, em menor grau, da tansulosina. 2,5 Os inibidores da 5α-redutase, como a finasterida ou a dutasterida, também podem causar DE, distúrbios ejaculatórios e redução do desejo sexual,1,15 aumentando o risco com a idade. 1 Recentemente, foram relatados efeitos colaterais sexuais persistentes após a descontinuação da finasterida, no entanto, são necessários mais estudos para esclarecer a sua incidência e significado. 14,15 O perfil de eventos adversos sexuais da dutasterida parece ser semelhante ao da finasterida. 15 

Análogos da hormona libertadora de gonadotropina

Tanto a existência de cancro como o seu tratamento podem, em ocasiões, ter influência negativa no relacionamento sexual. Por exemplo, os análogos da hormona libertadora de gonadotropina de ação longa (goserrelina, leuprorrelina), usados no cancro de próstata e da mama, causam hipogonadismo, com consequente redução do desejo sexual, DE nos homens, atrofia vaginal e dispareunia nas mulheres, além de disfunção orgástica. 2 Medicamentos mais recentes (bicalutamida, enzalutamida), ao diminuir os níveis de testosterona, também reduzem a libido. 5

Ibuprofeno e disfunção sexual

O ibuprofeno é um anti-inflamatório não esteroide (AINE) e analgésico dos mais usados no mundo há dezenas de anos. Preocupações foram levantadas sobre o aumento de distúrbios reprodutivos masculinos no mundo ocidental, e a interrupção da endocrinologia masculina foi sugerida para desempenhar um papel central. Vários estudos mostraram que a exposição leve a analgésicos durante a vida fetal está associada a efeitos antiandrogénicos e malformações congénitas, mas os efeitos no homem adulto permanecem amplamente desconhecidos. 

Através de um ensaio clínico com homens jovens expostos ao ibuprofeno, 16 demonstrou-se que o analgésico resultou no quadro clínico denominado “hipogonadismo compensado”, condição prevalente em homens idosos e associada a distúrbios reprodutivos e físicos. Nos homens, os níveis plasmáticos da hormona luteinizante (LH) e ibuprofeno foram positivamente correlacionados, e a relação testosterona/LH diminuiu. Usando explantes de testículos adultos expostos ou não ao ibuprofeno, demonstramos que as capacidades endócrinas das células testiculares de Leydig e Sertoli, incluindo a produção de testosterona, foram suprimidas através da repressão transcricional. Este efeito também foi observado em uma linha celular esteroidogénica humana. Assim  demonstrou-se que o ibuprofeno altera o sistema endócrino através da repressão seletiva da transcrição nos testículos humanos, induzindo assim o hipogonadismo compensado.

Outros medicamentos

Outros medicamentos têm sido relacionados com DS, incluindo: inibidores da protease, ciproterona, pseudoefedrina, dissulfiram, naproxeno,2 anti-histamínicos, opióides,2,3 e digoxina. 4,5 Os exemplos citados não constituem uma lista exaustiva.

Medidas de controlo da disfunção sexual (DS)

Para tratamento da DS podem ser consideradas intervenções não farmacológicas como a terapia psicológica. 2,10 A maioria dos episódios de DS induzidos por medicamentos são reversíveis,3 tendo sido tentadas várias estratégias para os reverter. 2 Em ocasiões, no início do tratamento, esperar para ver se ocorre uma melhora espontânea dos efeitos colaterais pode ser uma opção. Mudança de medicamento para outro com menor probabilidade de causar efeitos colaterais sexuais,1 redução da dose,1,6 interrupção do tratamento por um ou dois dias ou a adição de outros medicamentos podem ser, em certos casos, estratégias úteis para melhorar a DS. 1 Porém, entre as possíveis desvantagens de algumas destas práticas está a possibilidade de risco de recaída, abandono do tratamento ou o surgimento da síndrome de descontinuação. 1,7 A troca da medicação ou a adição de outro medicamento pode causar efeitos indesejados. 10 

No caso dos anti-hipertensores há autores que recomendam a mudança para um medicamento alternativo. 10 Por ex., se desenvolver DE incomodativa após o início de um bloqueador beta. 9 Na DS por antidepressores, a opção de interromper o tratamento por um ou dois dias não é aplicável no caso da fluoxetina, devido à sua longa semivida,10 nem no tratamento com paroxetina e venlafaxina, por surgir frequentemente síndrome de descontinuação. 1 Para combater os efeitos colaterais sexuais também tem sido utilizado tratamento adjuvante com um segundo antidepressor (bupropiom) ou outro medicamento. 5-7 Em pessoas em tratamento com antipsicóticos deve-se estabelecer a causa de hiperprolactinemia e, seguidamente, considerar uma redução da dose ou a mudança para medicamentos com poucos efeitos nos níveis de prolactina. 2,13 

Tratamento sintomático da disfunção eréctil

Não há evidência clinicamente significativa da utilidade de tratamentos específicos. 3,13 Se as estratégias anteriormente referidas não são eficazes ou viáveis, no caso de homens com disfunção eréctil, pode ser adicionado tratamento sintomático com um inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (IFD-5) tais como:

  • Sildenafil, 
  • Tadalafil ou 
  • Vardenafil. 1,6,8 

Contudo, este tratamento está contraindicado quando são usados nitratos e deve ser usado com precaução com os bloqueadores alfa. 1,8 

Terapêutica nas mulheres

Pesquisas limitadas sugerem que os IFD-5 podem melhorar os problemas sexuais causados por antidepressores (ISRS) em algumas mulheres, mas são necessários mais dados sobre sua eficácia e segurança.6 O sildenafil mostrou-se promissor para reverter a lubrificação inadequada e o atraso do orgasmo. 2 Uma revisão sistemática sobre DS induzida por antidepressores em mulheres sugere que a abordagem mais promissora pode ser a adição de bupropiom em doses altas, mas são necessários mais estudos. 6

A terapêutica tópica com estrogénios é recomendada para o tratamento da síndroma genitourinária da menopausa,2,6 assim como na dispareunia associada à secura vaginal. A testosterona (uso off label) pode ser efetiva no tratamento a curto prazo da disfunção do desejo/excitação sexual em mulheres pós-menopáusicas, mas não está demonstrada a sua segurança e eficácia a longo prazo e está associada a efeitos secundários de hiperandrogenismo. Os dados são limitados e inconsistentes. 3,6

É importante compreender o papel dos medicamentos na DS e seu impacto negativo na adesão ao tratamento. 2 Antes do início de um medicamento com potenciais efeitos adversos a este nível, é conveniente informar e alertar as pessoas sobre os possíveis efeitos na vida sexual. 1

Referências bibliográficas

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2. Conaglen HM, Conaglen JV. Drug-induced sexual dysfunction in men and women. Aust Prescr. 2013;36: 42- 5. DOI:10.18773/austprescr.2013.021 

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5. Valeiro C, Matos C, Scholl J, van Hunsel F. Drug-Induced Sexual Dysfunction: An Analysis of Reports to a National Pharmacovigilance Database. Drug Saf. 2022 Jun;45(6):639-650. doi: 10.1007/s40264-022-01174-3. 

6. Faubion SS, Rullo JE. Sexual Dysfunction in Women: A Practical Approach. Am Fam Physician. 2015 Aug 15 [acedido a 24-10–22]; 92(4): 281-8. Disponível em: https://www.aafp.org/dam/brand/aafp/pubs/afp/issues/2015/0815/p281.pdf 

7. Atmaca M. Selective Serotonin Reuptake Inhibitor-Induced Sexual Dysfunction: Current Management Perspectives. Neuropsychiatr Dis Treat. 2020 Apr 20; 16: 1043-1050. doi: 10.2147/NDT.S185757. 

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12. Hirsch M, Birnbaum RJ. Sexual dysfunction caused by selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs): Management. UpToDate®, topic last updated: Aug 09, 2022. 

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16. Ibuprofen alters human testicular physiology to produce a state of compensated hypogonadism

Estratégia anti-envelhecimento: Glutationa e fascinante relação com a melatonina

A glutationa é um dos antioxidantes mais importantes do nosso organismo, talvez até o mais poderoso, desempenhando um papel crucial na manutenção da saúde, combate aos sinais de envelhecimento e na prevenção de doenças. Neste artigo, explora-se detalhadamente o que é a glutationa, as suas funções e como contribui para a nossa saúde. Além disso, descrevo maneiras de aumentar os níveis de glutationa através da alimentação, suplementação, hábitos de vida saudáveis e qual a sua intrigante relação com a melatonina que regula o nosso sono.

O que é a glutationa?

Glutationa, glutationo ou glutatião é um tripeptídeo linear, com uma ligação ‘Y-amida incomum, constituído por três aminoácidos: 

  • Ácido glutâmico (glutamato), 
  • Cisteína,
  • Glicina.

O grupo tiol da cisteína o local ativo responsável pelas suas propriedades bioquímicas.

A glutationa (gama-glutamil-cisteinil-glicina; GSH) é o tiol de baixo peso molecular mais abundante, e o dissulfeto de GSH/glutationa é o principal par redox nas células animais. A síntese de GSH a partir de glutamato, cisteína e glicina é catalisada sequencialmente por duas enzimas citosólicas, a gama-glutamilcisteína sintetase e a GSH sintetase. 

Evidências convincentes mostram que a síntese de GSH é regulada principalmente pela atividade da gama-glutamilcisteína sintetase, pela disponibilidade de cisteína e pela inibição por feedback da GSH. Estudos em animais e humanos demonstram que a nutrição proteica adequada é crucial para a manutenção da homeostasia do GSH. Além disso, a cistina entérica ou parentérica, a metionina, a N-acetilcisteína e a L-2-oxotiazolidina-4-carboxilato são precursores eficazes da cisteína para a síntese de GSH tecidual.

A glutationa é encontrada em todas as células do corpo e é conhecido por ser um potente antioxidante. Além disso, a glutationa é essencial para várias funções celulares e metabólicas, incluindo a desintoxicação de compostos nocivos, síntese de proteínas e regulação do sistema imunitário.

Funções essenciais

A glutationa desempenha papéis importantes na defesa antioxidante, no metabolismo dos nutrientes e na regulação de eventos celulares, incluindo:

  • Expressão genética, 
  • Síntese de ADN e proteínas, 
  • Proliferação celular e apoptose, 
  • Transdução de sinal, 
  • Produção de citocinas e resposta imunitária, 
  • Glutationilação proteica. 

A deficiência de glutationa contribui para o stress oxidativo, que desempenha um papel fundamental no envelhecimento e na patogénese de muitas doenças, tais como:

  • Diabetes,
  • Cancro, 
  • Doença de Alzheimer
  • Doença de Parkinson, 
  • Doença hepática, 
  • Fibrose quística, 
  • Anemia falciforme, 
  • VIH, 
  • SIDA, 
  • Ataque cardíaco, 
  • Acidente vascular cerebral,
  • Kwashiorkor (desnutrição intermediária),
  • Convulsão.

Novos conhecimentos sobre a regulação nutricional do metabolismo da GSH são críticos para o desenvolvimento de estratégias eficazes para melhorar a saúde e tratar estas doenças.

A glutationa tem múltiplas funções, destacando-se principalmente como um antioxidante que protege as células contra os danos causados pelos radicais livres. Este composto também desempenha um papel importante na desintoxicação, ajudando a neutralizar e eliminar toxinas do organismo. Além disso, a glutationa é fundamental no transporte de aminoácidos, síntese de proteínas, proteção contra a radiação solar e na manutenção da saúde geral.

Ação antioxidante

Como antioxidante, a glutationa protege as células dos danos oxidativos, neutralizando os radicais livres e outras espécies reativas de oxigênio. Estes radicais livres podem causar danos às células, proteínas e DNA, contribuindo para o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de várias doenças. A glutationa ajuda a manter o equilíbrio redox celular, promovendo a saúde celular e prevenindo danos oxidativos.

Eliminação de toxinas

Uma das funções mais importantes da glutationa é a desintoxicação. Ele ajuda a converter toxinas lipossolúveis em compostos hidrossolúveis, facilitando a sua excreção do organismo através da urina ou bílis. Este processo é crucial para a remoção de substâncias nocivas, como metais pesados, poluentes ambientais, radiação e produtos químicos presentes em medicamentos. 

Os átomos de  enxofre presentes na sua estrutura atuam como um íman na atração de radicais livres e toxinas, mercúrio e metais pesados, que são excretados pelas fezes e urina. 

Transporte de aminoácidos

A glutationa também desempenha um papel essencial no transporte de aminoácidos através das membranas celulares. Este processo é fundamental para a síntese de proteínas e para a manutenção do equilíbrio de aminoácidos no nosso corpo, contribuindo para a saúde muscular, regeneração celular e diversas funções metabólicas.

Síntese de proteínas

No caso de situações de extremo stress oxidativo, ocorre depleção ou diminuição da síntese proteica e, como sabemos, as proteínas são parte fundamental na composição de células e tecidos no organismo, inclusive do nosso sistema imunológico. 

Portanto, a síntese proteica tem um papel fundamental para a recuperação e o fortalecimento do organismo, bem como para atenuar casos de sarcopenia (perda de massa muscular em decorrência do envelhecimento) e também atua na produção dos anticorpos, fortalecendo ainda mais o sistema imunitário. 

A síntese de proteínas é um processo vital para a reparação e crescimento celular, a glutationa participa na formação de novas proteínas, atuando como um substrato e regulador da atividade enzimática. A presença adequada de glutationa no organismo assegura que as proteínas sejam sintetizadas corretamente, o que é crucial para a manutenção da saúde e do funcionamento adequado do nosso organismo..

Proteção contra a radiação solar

A glutationa também oferece proteção contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UV) do sol. A exposição prolongada ao sol pode causar danos à pele, envelhecimento prematuro e aumentar o risco de cancro de pele. A glutationa ajuda a neutralizar os radicais livres gerados pela radiação UV, protegendo a pele e promovendo a saúde cutânea.

Combate envelhecimento e pele mais saudável

Os níveis de glutationa no corpo tendem a diminuir com a idade, o que pode contribuir para o aparecimento de sinais de envelhecimento. Manter níveis adequados de glutationa é essencial para combater os efeitos do envelhecimento, como rugas, perda de elasticidade da pele e diminuição da função celular. A glutationa ajuda a preservar a juventude celular e a manter uma aparência saudável e jovem.

A glutationa é um dos antioxidantes que ajudam na desintoxicação, prevenção de doenças e resistência ao declínio cognitivo, protegendo as células e as mitocôndrias contra os danos oxidativos e peroxidativos. Também está relacionada com o fornecimento de energia, uma vez que a sua síntese depende do trifosfato de adenosina (ATP), molécula que fornece energia celular. 

Quando o corpo envelhece a capacidade de produzir glutationa diminui, no entanto existem maneiras de otimizar a molécula no organismo por meio de uma alimentação saudável e suplementação adequada, como veremos mais adiante.

Declínio cognitivo e dano mitocondrial

O stress oxidativo e o dano mitocondrial estão implicados na evolução de doenças neurodegenerativas. O aumento do dano oxidativo em regiões específicas do cérebro durante o envelhecimento pode tornar o cérebro suscetível à degeneração. Existem evidências de  um aumento do dano oxidativo e uma diminuição da função antioxidante na substância negra durante o envelhecimento, tornando-a vulnerável à degeneração associada à doença de Parkinson. Para compreender se o envelhecimento contribui para a vulnerabilidade das regiões cerebrais na doença de Alzheimer, foram avaliados os marcadores oxidantes e antioxidantes, as enzimas metabólicas da glutationa, a expressão da proteína glial fibrilar ácida e a atividade do complexo mitocondrial I no hipocampo e córtex frontal em comparação com o cerebelo  em cérebros humanos com o aumento da idade.

As regiões do hipocampo e do córtex frontal estão sujeitas a stress oxidativo generalizado, perda de função antioxidante e expressão aumentada de proteína ácida fibrilar glial durante o envelhecimento, o que pode torná-las mais suscetíveis à fisiologia perturbada e à degeneração neuronal seletiva.

O declínio cognitivo está associado ao envelhecimento e a doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson. A glutationa desempenha um papel crucial na proteção do sistema nervoso central, ajudando a prevenir danos oxidativos nos neurónios e melhorando a função cognitiva. Manter níveis adequados de glutationa pode ser uma estratégia importante para prevenir ou retardar o declínio cognitivo.

Sistema imunitário

A glutationa é fundamental para o bom funcionamento do sistema imunitário. Ele ajuda a regular a resposta imunitária, promovendo a atividade das células imunes e protegendo-as contra o stress oxidativo. Níveis adequados de glutationa são essenciais para a manutenção de um sistema imunitário forte e eficaz, capaz de combater infeções e doenças.

Proteção e recuperação celular

A proteção e recuperação celular são processos vitais para a saúde do organismo. A glutationa ajuda a proteger as células contra danos e promove a reparação celular, assegurando que as células danificadas sejam restauradas de forma eficiente. Este processo é crucial para a manutenção da saúde e para a prevenção de doenças crónicas.

Cicatrização

A glutationa desempenha um papel importante na cicatrização de feridas, promovendo a regeneração celular e a síntese de colagénio. A presença adequada de glutationa no organismo acelera o processo de cicatrização e assegura que as feridas sejam curadas de forma eficiente e eficaz.

Efeitos do stress e do envelhecimento no metabolismo da glutationa

A glutationa desempenha um papel crítico em muitos processos biológicos, tanto diretamente como cofator em reações enzimáticas como indiretamente como o principal tampão redox tiol-dissulfeto em células de mamíferos. Também fornece um sistema de defesa crítico para a proteção das células contra muitas formas de stress. No entanto, o stress ligeiro aumenta geralmente os níveis de glutationa, muitas vezes, mas não exclusivamente, através de efeitos sobre a glutamato cisteína ligase, a enzima limitante da taxa de biossíntese da glutationa. 

Esta regulação positiva da glutationa proporciona uma proteção contra um stress mais severo e pode ser uma característica crítica do pré-condicionamento e da tolerância. Em contraste, durante o envelhecimento, os níveis de glutationa parecem diminuir em vários tecidos, colocando assim as células em maior risco de sucumbirem ao stress. A evidência de tal declínio é mais forte no cérebro, onde a perda de glutationa está implicada tanto na doença de Parkinson como na lesão neuronal após acidente vascular cerebral.

Níveis baixos de glutationa no sangue em adultos saudáveis

Uma investigação científica testou a hipótese de que os níveis de glutationa no sangue são mais baixos nos seres humanos idosos, como já foi encontrado anteriormente no sangue e nos tecidos dos modelos padrão de envelhecimento em roedores. Assim, foi realizado um estudo com 39 homens e 130 mulheres, dos 20 aos 94 anos, selecionados pelos critérios de serem ambulatórios, saudáveis ​​e livres de diabetes mellitus, doenças da tiroide, anemias e cancro. O grupo de referência foi constituído por indivíduos dos 20 aos 39 anos, cujos níveis de glutationa no sangue foram de 547 ± 53,5 μg/1010 eritrócitos, para 40 indivíduos e definiu o intervalo de referência (limites de confiança de 95 %) de 440 para 654. 

Com base no limite de 440 μg/1010 eritrócitos, a incidência de baixo teor de glutationa no sangue nos indivíduos mais velhos aumentou significativamente, particularmente no grupo dos 60 aos 79 anos de idade. Os seus níveis de glutationa foram 452 ± 86,8 μg/1010 eritrócitos, 17% inferiores ao grupo de referência). Estes resultados demonstram um aumento da incidência de níveis baixos de glutationa em idosos aparentemente saudáveis, que podem estar em risco devido a uma diminuição da capacidade de manter muitas reações metabólicas e de desintoxicação mediadas pela glutationa.

Como aumentar os níveis de glutationa

Manter níveis adequados de glutationa no organismo é crucial para a saúde geral. A produção de glutationa pode ser afetada por diversos fatores, incluindo a idade, dieta, stress e exposição a toxinas. Existem várias maneiras de aumentar os níveis de glutationa, incluindo a ingestão de alimentos ricos em precursores de glutationa e antioxidantes, uso de suplementos eficazes e adoção de hábitos de vida saudáveis.

Melhores alimentos para aumentar os níveis de glutationa

Os alimentos ricos em precursores de glutationa e antioxidantes são essenciais para manter e aumentar os níveis de glutationa no organismo. Alguns dos melhores alimentos incluem:

  • Vegetais crucíferos: brócolos, couve, couve-flor, couve-de-bruxelas e agrião.
  • Alho e cebola: ricos em compostos sulfurados que ajudam na síntese de glutationa.
  • Espinafre e outros vegetais de folhas verdes: contêm precursores de glutationa e antioxidantes.
  • Abacate: uma fonte rica de antioxidantes e precursores de glutationa.
  • Frutas cítricas: laranjas, limões e toranjas são ricas em vitamina C, que ajuda na regeneração de glutationa.
  • Curcumina.
  • Proteína do soro de leite de alta qualidade.
  • Leite não pasteurizado e que não contenha pesticidas, hormonas ou antibióticos.

Suplementos

Existem algumas dúvidas sobre a estabilidade das fórmulas orais de glutationa já disponíveis. Destas deve escolher-se a que utilizar a glutationa lipossomal que apresenta uma melhor absorção orgãnica. No entanto, alguns  suplementos podem ser uma maneira eficaz de aumentar os níveis de glutationa, especialmente para aqueles que têm  dificuldades em obter quantidades adequadas através da dieta. É importante escolher suplementos de alta qualidade e seguir as recomendações com a dosagem adequada.

Melhores suplementos para aumentar níveis de  glutationa

Alguns dos melhores suplementos para aumentar os níveis de glutationa incluem:

  • N-acetilcisteína (NAC): um precursor da glutationa que ajuda a aumentar os níveis deste antioxidante no corpo;
  • Glutationa lipossomal: uma forma de glutationa que é melhor absorvida pelo organismo;
  • Ácido alfa-lipóico: um antioxidante que ajuda a regenerar a glutationa no corpo.
  • Selénio: um mineral essencial que apoia a atividade da glutationa peroxidase, uma enzima dependente de glutationa;
  • Nutrientes de metilação: Ácido fólico (vitamina B9), vitamina B6 e vitamina B12;
  • Vitamina C;
  • Vitamina E;
  • Cardo-mariano, também conhecido como Cardo-leiteiro (usado há muito tempo em doenças do fígado).
  • Cistitone forte (marca comercial da Cantabria Labs): Junta 500 mg de L-Cistina, 10 mg de L-Glutationa, Cobre, Zinco, Vitaminas B5 e B6, sendo utilizada no combate à queda de cabelo.
  • Advancis capilar essencial (marca comercial da Farmodiética): Contém glutamato e glicina que são precursores da glutationa. Usado para fortalecer cabelo e unhas.

Suplementação de glicina e N-acetilcisteína (GlyNAC) em idosos

O stress oxidativo (OxS) e a disfunção mitocondrial estão implicados como fatores causais do envelhecimento. Os adultos mais velhos (OAs) têm uma prevalência aumentada de OxS elevada, oxidação de combustível mitocondrial (MFO) prejudicada, inflamação elevada, disfunção endotelial, resistência à insulina, declínio cognitivo, fraqueza muscular e sarcopenia, mas os mecanismos contribuintes são desconhecidos e as as intervenções são limitadas/falta. Relatamos anteriormente que a indução da deficiência do tripeptídeo antioxidante glutationa (GSH) em ratinhos jovens resulta em disfunção mitocondrial, e que a suplementação de GlyNAC (combinação de glicina e N-acetilcisteína [NAC]) em ratinhos idosos melhora a deficiência natural de GSH, o comprometimento mitocondrial , OxS e resistência à insulina. 

Estudo em humanos

A investigação sobre a causa do declínio funcional que pode ocorrer com o envelhecimento tem progredido rapidamente nos últimos anos. Os investigadores na área do envelhecimento e da longevidade estão a trabalhar para desenvolver tratamentos que não só atrasem o aparecimento de doenças relacionadas com a idade, mas que possam realmente reverter alguns dos seus aspectos. Um estudo avalia uma estratégia nutricional que pode aumentar as defesas celulares em indivíduos mais velhos para proteger contra o stress oxidativo, corrigir defeitos mitocondriais, aumentar a força muscular e a cognição e promover um envelhecimento saudável.

Um ensaio clínico piloto em humanos de março de 2021 publicado na Clinical and Translational Medicine sugere que os indivíduos mais velhos que tomam GlyNAC – uma combinação de glicina e N-acetilcisteína que são precursores do antioxidante glutationa – podem melhorar alguns fatores causais associados ao envelhecimento, incluindo deficiência de glutationa, oxidação stress, disfunção mitocondrial, inflamação, resistência à insulina, disfunção endotelial, gordura corporal, toxicidade genómica, força muscular, velocidade de marcha, capacidade de exercício e função cognitiva. Os autores do estudo indicam que a suplementação de GlyNAC pode ser uma solução simples, segura e eficaz estratégia nutricional para idosos.

Estudo: Glycine and N-acetylcysteine (GlyNAC) supplementation in older adults improves glutathione deficiency, oxidative stress, mitochondrial dysfunction, inflammation, insulin resistance, endothelial dysfunction, genotoxicity, muscle strength, and cognition: Results of a pilot clinical trial

Este ensaio clínico piloto exploratório aberto testou os efeitos da suplementação nutricional com GlyNAC durante um período de 24 semanas e da retirada do GlyNAC durante 12 semanas. Os investigadores trabalharam com adultos mais velhos, com idades compreendidas entre os 70 e os 80 anos, e compararam-nos com mais jovens do mesmo género adultos entre os 21 e os 30 anos. Observaram melhorias em muitos defeitos característicos do envelhecimento e, especificamente, após a toma de GlyNAC durante 24 semanas, todos os defeitos em adultos mais velhos melhoraram e alguns até reverteram para os níveis encontrados em adultos jovens. Os benefícios diminuíram após a interrupção da suplementação durante 12 semanas.

“Acredita-se que a correção destas características do envelhecimento poderia melhorar ou reverter muitos distúrbios relacionados com a idade e ajudar as pessoas a envelhecer de forma mais saudável”, disse o autor correspondente, o endocrinologista Dr. Rajagopal Sekhar, num comunicado de imprensa emitido pelo Baylor College of Medicine. “No entanto, não compreendemos completamente porque é que estes defeitos característicos acontecem, e atualmente não existem soluções para corrigir sequer um único defeito característico do envelhecimento.” Dr. Sekhar, que tem estudado o envelhecimento natural em humanos mais velhos nos últimos 20 anos, acredita que melhorar a saúde das mitocôndrias com mau funcionamento no envelhecimento é a chave para uma vida mais saudável. Alguns estudos sugerem que os níveis de glutationa nas pessoas mais velhas podem ser mais baixos do que nas pessoas mais jovens e os níveis de stress oxidativo podem ser muito mais elevados.

Os investigadores descobriram que a principal razão para a deficiência de glutationa em adultos mais velhos pode ser a diminuição da síntese causada pela diminuição da disponibilidade de glicina e cistina. É por isso que acreditam que o GlyNAC é uma melhoria em relação à suplementação apenas com NAC. A síntese de glutationa requer duas etapas bioquímicas: na primeira etapa, a cisteína é adicionada ao ácido glutâmico para formar a glutamilcisteína intermédia e, na segunda etapa, a glicina é adicionada à glutamilcisteína para formar a glutationa. 

Os autores do estudo especulam que o O GlyNAC representa três forças que poderiam estar a operar simultaneamente para resultar em melhorias generalizadas nos adultos mais velhos:

  • A correção da deficiência de glutationa resulta na correção do stress oxidativo e da disfunção mitocondrial.
  • GlyNAC contém glicina, um importante dador de grupo metilo que é importante para o funcionamento normal do cérebro.
  • O GlyNAC contém N-acetilcisteína, que funciona como dador de cisteína e é de importância crucial no metabolismo energético.

Os investigadores disseram que lhe chamam o “poder do 3” porque acreditam que são necessários os benefícios combinados da glicina, NAC e glutationa para alcançar esta melhoria generalizada em indivíduos mais velhos.

Hábitos de vida para melhorar os níveis de glutationa

Manter um estilo de vida saudável é fundamental para preservar os níveis de glutationa no organismo. Algumas práticas recomendadas incluem:

  • Exercício físico regular: ajuda a aumentar os níveis de glutationa, melhorar a desintoxicação e as defesas antioxidantes do nosso organismo.
  • Sono adequado: o descanso é essencial para a regeneração celular e a manutenção dos níveis de glutationa.
  • Gestão do stress: práticas como meditação, yoga e técnicas de respiração podem ajudar a reduzir o stress e a preservar os níveis de glutationa.
  • Evitar toxinas: reduzir a exposição a poluentes ambientais, produtos químicos e tabaco pode ajudar a manter os níveis de glutationa.

Relação entre glutationa e melatonina

A glutationa e a melatonina são duas moléculas de extrema importância orgânica, conhecidas principalmente pelas suas propriedades antioxidantes. Ambas desempenham papéis cruciais na proteção celular contra o stress oxidativo e têm sido estudadas extensivamente pelas suas interações e efeitos sinérgicos. De seguida explora-se a relação entre a glutationa e a melatonina, detalha-se a síntese de glutationa e apresentam-se fontes bibliográficas relevantes sobre a interação dessas moléculas.

Síntese da Glutationa

A glutationa é um tripeptídeo composto por glutamato, cisteína e glicina. A  síntese ocorre em duas etapas principais:

  1. Formação do γ-Glutamilcisteína: Catalisada pela enzima γ-glutamilcisteína sintetase, esta etapa envolve a combinação de glutamato e cisteína.
  2. Formação da Glutationa: Catalisada pela enzima glutationa sintetase, esta etapa combina γ-glutamilcisteína com glicina para formar a glutationa completa.

Melatonina a hormona do sono

Em humanos, a melatonina tem sua principal função em regular o sono, ou seja, em um ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono. Por isso é importante eliminar do ambiente quaisquer fontes de som, luz, aroma, ou calor que possam acelerar o metabolismo e impedir o sono, mesmo que não perceptíveis. Outra função atribuída à melatonina é a de antioxidante, agindo na recuperação de células epiteliais expostas à radiação ultravioleta e, através da administração suplementar, ajudando na recuperação de neurónios afectados pela doença de Alzheimer e por episódios de isquémia (como os resultantes de acidentes vasculares cerebrais).

A melatonina é também considerada segura e eficaz na prevenção ou diminuição dos sintomas de jet lag. É especialmente eficaz para quem viaja por mais de 5 zonas horárias, mas pode ser usado para qualquer viagem que ultrapasse mais do que uma zona horária para quem é mais susceptível a sintomas. Estudo clínicos constataram que a melatonina ajuda a regular o horário orgânico com mais rapidez, criando as condições necessárias para atingir mais rápido relaxamento e descanso cerebral em viajantes, trazendo rápida adaptação ao novo fuso horário.

Existem também estudos que demonstram que a melatonina age como regulador de cada uma das etapas do balanço energético: a ingestão alimentar, o fluxo de energia para e dos stocks ou reservas, e o dispêndio energético.

Melatonina potente antioxidante mitocondrial

A melatonina foi relatada pela primeira vez como um potente antioxidante e eliminador de radicais livres em 1993. In vitro, a melatonina atua como um eliminador direto de radicais de oxigênio e espécies reativas de nitrogênio, incluindo OH−, O2− e NO. Nas plantas a melatonina atua com outros antioxidantes para melhorar a eficácia geral de cada antioxidante.

Foi comprovado que a melatonina é duas vezes mais ativa que a vitamina E, considerada o antioxidante lipofílico mais eficaz. Por meio da transdução de sinal por meio de receptores de melatonina, a melatonina promove a regulação positiva de enzimas antioxidantes, como superóxido dismutase, glutationa peroxidase, glutationa redutase e catalase.

A melatonina ocorre em altas concentrações no líquido mitocondrial, que excedem em muito a concentração plasmática de melatonina. Devido à sua capacidade de eliminação de radicais livres, efeitos indiretos na expressão de enzimas antioxidantes e concentrações significativas nas mitocôndrias, vários autores consideram que a melatonina tem uma função fisiológica importante como um antioxidante mitocondrial.

Melatonina e glutationa

A melatonina é conhecida pelas suas propriedades antioxidantes, onde atua como um agente direto de remoção de radicais livres e também regula a atividade de várias enzimas antioxidantes, incluindo aquelas envolvidas na síntese e regeneração da glutationa. Estudos indicam que a melatonina pode aumentar os níveis de glutationa em diversas condições de stress oxidativo, melhorando a capacidade antioxidante do organismo.

Efeitos Sinérgicos

A interação entre melatonina e glutationa é complexa e bidirecional. A melatonina não apenas aumenta a síntese de glutationa, mas também protege a glutationa existente da oxidação. Além disso, a glutationa pode regenerar a melatonina oxidada, formando um ciclo de proteção antioxidante eficiente.

A relação entre glutationa e melatonina é um campo de estudo fascinante e 

promissor, com ambas as moléculas a desempenharem papéis complementares na defesa antioxidante do organismo. A melatonina, além de suas funções reguladoras do ciclo circadiano, mostra-se uma poderosa aliada na manutenção dos níveis de glutationa e na proteção celular contra o stress oxidativo. Estudos contínuos são essenciais para aprofundar a compreensão dessas interações e das suas aplicações clínicas potenciais.

Revisão Bibliográfica

Vários estudos publicados em plataformas científicas, como PubMed, têm explorado a interação entre melatonina e glutationa:

  • Manchester et al. (2015) destacam que a melatonina pode ser induzida sob condições de stress oxidativo moderado, aumentando a capacidade antioxidante do organismo e protegendo contra o stress oxidativo​ (MDPI)​.
  • Karolczak e Watala (2021) revisaram os efeitos da melatonina na redução do stress oxidativo induzido por homocisteína, demonstrando a capacidade da melatonina em proteger células endoteliais e neurónios​ (MDPI)​.
  • Estudos adicionais apontam que a melatonina pode influenciar diretamente os níveis de glutationa em diversas condições patológicas, incluindo doenças neurodegenerativas e cardiovasculares​ (BioMed Central)​​ (Oxford Academic)​​ (SpringerLink)​.

Conclusão

A glutationa é um antioxidante essencial para a saúde, desempenhando um papel crucial na proteção celular, desintoxicação e regulação do sistema imunitário. Manter níveis adequados de glutationa é fundamental para a prevenção de doenças e para a promoção de uma vida saudável. Através de uma alimentação equilibrada, suplementação adequada e hábitos de vida saudáveis, é possível aumentar e manter os níveis de glutationa no organismo, garantindo assim uma melhor qualidade de vida.

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  • Como evitar o contágio?



Onicomicose o que é?

Onicomicose ou tinha das unhas é uma infeção fúngica das unhas. Embora possa afetar todas as unhas, é mais comum nas unhas dos pés. A onicomicose ocorre em cerca de 10% da população adulta. A doença afeta com maior frequência pessoas idosas  e é mais comum entre homens do que entre mulheres. Os casos de onicomicose correspondem a cerca de metade dos casos de doenças das unhas.

Anatomia de uma unha

Anatomia da unha fungo na unhae micose melhorsaude.org

Anatomia da unha e fungo na unha

Sintomas de onicomicose

Os sintomas habituais de onicomicose são os seguintes:

  • Descoloração branca ou amarela da unha,
  • Espessamento da unha,
  • Separação da unha da pele.

O diagnóstico é geralmente suspeitado com base na aparência e confirmado com exames de laboratório.

As lesões da unha provocadas pela onicomicose apresentam algumas variações na sua apresentação, dependendo do tipo de fungo e de gravidade da infecção. Em geral, a micose da unha costuma apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Unha grossa, mais espessa
  • Unha amarelada, sem brilho e opaca
  • Unha quebradiça e frágil
  • Separação da unha do leito ungueal
  • Distorções na forma da unha
  • Unha com coloração negra, em casos mais graves.

Causas e fatores de risco

As infecções fúngicas das unhas são geralmente causadas por um fungo que pertence a um grupo denominado dermatófitos, que também pode causar infecções nos pelos do corpo e na pele, como no caso do pé de atleta.

Leia também: Micose no pé toda a verdade

Outro grupo de fungos que também pode causar micoses das unhas são as leveduras. Em regra, as leveduras causam onicomicose nas mãos e os dermatófitos provocam onicomicose nas unhas dos pés. A onicomicose é uma infecção fúngica que pode afectar qualquer parte da unha, incluindo a lâmina, o leito ou a raiz da unha.

Afecta actualmente cerca de 30% da população europeia. Raramente afeta crianças, principalmente devido ao rápido crescimento da unha, que complica o desenvolvimento dos fungos.

Perigos complicações da onicomicose

Em  diabéticos ou imunossuprimidos a onicomicose pode servir como porta de entrada para bactérias, favorecendo o surgimento de infecções secundárias, como erisipela ou celulite da perna que é uma infeção grave na pele.

Não confundir esta celulite infecciosa da perna com ao termo usado para descrever a celulite como problema estético na pele da maioria das mulheres!

Leia também: Celulite tratamento e toda a verdade

Celulite infeciosa da perna

A celulite é uma infecção bacteriana que enolve as camadas interiores da pele e afeta especificamente a derme e gordura subcutânea.  A área de infecção é geralmente dolorosa. Os vasos linfáticos podem, ocasionalmente, ser envolvidos e a pessoa pode apresentar febre e sensação de cansaço. Antes de fazer um diagnóstico, infecções mais graves tais uma infecção óssea na base ou a fasciíte necrosante devem ser descartadas.

Sintomas e risco de necrose e amputação

A celulite infecciosa é caracterizada por uma mancha vermelha (eritema), com bordos mal definidos, inflamada (inchada, sensível, dolorosa e quente) e que cresce difusamente. Pode formar pus, abcessos e inflamar nódulos linfáticos. A infecção sistémica, quando as bactérias entram na corrente sanguínea, pode causar febre, mal estar, cansaço e infectar outros órgãos. Em raros casos, penetra para as fáscias e causa necrose com risco de amputação da perna!

Erisipela

Em contraste com a celulite, a erisipela é uma infecção bacteriana que envolve camadas mais superficiais da pele, e apresentam uma área de vermelhidão com bordas definidas, e mais frequentemente é associada a uma febre. é uma infecção bacteriana cutânea (tipo piodermite) causada, principalmente, por Streptococcus β-hemolíticodo grupo A. Outras causas menos frequentes são Streptococos β-hemolítico dos grupos C e G e Staphylococcus aureus.

Lesões na pele como infecção fúngica (ex: onicomicose e outras micoses), picadas de inseto, mordidas e cirurgias podem servir de porta de entrada para as bactérias.

O tratamento geralmente é feito com penicilina V, em casos severos pode-se usar penicilina G. Outras alternativas incluem doxiciclina (no caso de Staphylococcus), ceftriaxona, cefazolina ou em caso de resistências usar vancomicina. Há uma crescente resistência dos Streptococcus tipo A aos macrólidos.

Tratamento da celulite infeciosa

O tratamento geralmente é com antibióticos tomados por via oral, tais como a cefalexina, amoxicilina, ou cloxacillina.

Para aqueles que apresentam alergia grave à penicilina, eritromicina ou clindamicina podem ser usadas. Quando S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) é uma preocupação, doxiciclina ou trimetoprim/sulfametoxazol podem ser recomendados.  A preocupação está relacionada com a presença de pus ou infecções anteriores por MRSA.  Elevar a área infectada pode ser útil, assim como analgésicos.

Contágio e como se apanha

É uma doença bastante contagiosa, sendo frequente o contágio em locais humidos e quentes como piscinas e balneários públicos, através do uso de toalhas, alicates ou tesouras, mal lavadas ou contaminadas. Pode também ocorrer contágio em casa, pois basta um elemento da família estar contaminado, para contagiar facilmente o resto da família. Banheiras e tapetes de pés, são também locais propícios a contágios.

Não se apanha micose das unhas apenas por apertar a mão ou tocar em objetos manipulados por alguém infectado porque é necessário um contacto mais prolongado ou uma lesão já pré-existente entre a pele e a unha.

As unhas mais comumente afetadas são as dos pés, em consequência do uso de sapatos fechados, o que origina um ambiente ideal (humidade, temperatura e ausência de luz) para o desenvolvimento dos fungos.

O contacto com o fungo por si só não costuma ser suficiente para se adquirir a onicomicose. Geralmente é preciso haver pequenas lesões entre a unha e a pele para que o fungo consiga penetrar por baixo da unha e alojar-se. Também é necessário que a unha seja exposta frequentemente a ambientes húmidos para que o fungo possa multiplicar-se com mais facilidade.

A onicomicose nas unhas dos pés é muito mais comum do que nas unhas das mãos. Os pés costumam estar mais expostos a locais húmidos, não só quando se anda descalço em locais públicos, mas também por passar boa parte do dia fechado dentro de meias e calçados. Calor, falta de luz e humidade é tudo que um fungo deseja para proliferar. Além disso, os dedos dos pés estão no ponto do corpo mais distante do coração, não sendo tão bem vascularizados com os dedos da mão. Deste modo, os anticorpos e as células de defesa do organismo não chegam às unhas dos pés com tanta facilidade quanto a outros pontos do organismo.




Fatores de risco da onicomicose

A presença de alguns fatores favorece a infecção da unha por fungos. Por exemplo, pessoas com pé de atleta, que é uma infecção fúngica da pele dos dedos, têm um maior risco de contrair também infecção fúngica das unhas. Outros fatores de risco são:

Os atletas também são um grupo de risco para onicomicose. porque costumam estar com os pés frequentemente calçados e húmidos pela transpiração, além de terem uma maior incidência de traumas nas unhas devido ao impacto de suas atividades físicas.

Formas mais comuns de onicomicoses

Descrevo de seguida as formas mais comuns de onicomicose e uma imagem para apoiar a distinguir a diferença.

1. Onicomicose subungueal distal

É de longe a forma mais comum e caracteriza-se pela infecção da ponta da unha. O dedo grande do pé é geralmente o primeiro a ser afetado. A infecção começa com uma descoloração esbranquiçada, amarelada ou acastanhada numa das pontas laterais da unha, estendendo-se lentamente por toda unha, em direção à cutícula. A unha pode descolar-se e a ponta costuma partir-se e cair, expondo a pele que serve de leito para a unha.

2. onicomicose subungueal proximal

É a forma menos comum de onicomicose. È parecida com a onicomicose subungueal distal , porém, a progressão ocorre de forma oposta, iniciando-se próxima à cutícula e depois estendendo-se em direção à ponta da unha. Este tipo de micose de unha ocorre geralmente em doentes imunossuprimidos, sendo comum nos indivíduos com HIV.

3. Onicomicose superficial branca

É uma forma comum nas crianças, mas que nos adultos corresponde a apenas 10% dos casos de micose da unha. Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas sobre a superfície da unha, geralmente mais próxima da cutícula do que da ponta. Quando não tratada, as manchas tendem a espalhar-se centrifugamente por toda a unha, deixando-a quase toda branca, além de áspera e quebradiça.

Fungo na unha melhorsaude.org

Diagnóstico da onicomicose

Lesões idênticas com causas não fungicas

As lesões das unhas da onicomicose podem ser semelhantes ás lesões da unha de outras doenças, como psoríase, eczemas, traumas, líquen plano, deficiência de ferro, etc. A maioria dos estudos atesta que a onicomicose é responsável por apenas metade dos casos de lesões das unhas. Em várias situações não é possível afirmar que o paciente sofre de onicomicose apenas olhando e examinando a unha.

A imagem seguinte descreve alguns problemas das unhas (sem onicomicoses) cujas causas são diversas nomeadamente falta de hidratação, carências orgânicas, excesso de utilização de acetona, má alimentação e contato com produtos químicos.

É, por isso, importante demonstrar de forma clara a presença do fungo antes de se iniciar o tratamento antifúngico. Para tal, o médico deve fazer uma pequena raspagem da unha, colher amostras e enviar para avaliação laboratorial à procura de fungos.

Tratamento qual o melhor

A micose da unha é uma infecção difícil de tratar porque as unhas crescem lentamente e recebem pouca irrigação sanguínea. Durante muitos anos os medicamentos utilizados para o tratamento da onicomicose não eram muito eficazes e os resultados eram frequentemente decepcionantes. Porém, actualmente, os tratamentos melhoraram substancialmente, principalmente por causa da introdução de medicamentos antifúngicos orais mais eficazes.

Estudos recentes mostram que medicamentos por via oral como Terbinafina e Itraconazol, embora mais agressivos (mais efeitos secundários que os tratamentos tópicos) apresentam taxas de cura mais altas que a Griseofulvina e o Cetoconazol, que eram usadas antigamente.

Taxas de cura dos principais antifúngicos orais:

  • Terbinafina 250 mg (73 a 79%).
  • Itraconazol 100 mg (56 a 70%).
  • Griseofulvina (54 a 66%).
  • Fluconazol (43 a 52%).

O tratamento com Terbinafina com comprimidos por via oral deve ser feito durante 6 semanas para onicomicose das mãos ou 12 semanas para onicomicose dos pés.

O tratamento tópico da micose de unhas com vernizes, como o Ciclopirox, tem menor eficácia que o tratamento por via oral, mas pode ser usado como complemento da terapêutica com Terbinafina ou Itraconazol.

Uma vez curada a micose de unha, se o doente não tiver cuidado a taxa de reinfecção pode chegar a 50%. Portanto, é preciso ter cuidado com os pés para que a unhas não voltem a ficar colonizadas por fungos.

Efeitos secundários

Os tratamentos por via oral são os mais eficazes mas também os mais agressivos no que concerne a eventuais efeitos secundários, principalmente por causa da duração prolongada dos tratamentos.

Retida do folheto aprovado pelo INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de saúde) a longa lista de efeitos secundários da terbinafina que descrevo de seguida é elucidativa dos riscos associados ao tratamento, embora a maioria sejam classificados de pouco frequentes, raros ou muito raros!

Os problemas hepáticos (figado) embora raros são dos que podem causar problemas mais graves.

Efeitos secundários muito frequentes (podem afetar mais de 1 em cada 10 pessoas):

  • Sensação de enfartamento,
  • Perda de apetite,
  • Mal-estar de estômago (indigestão),
  • Náuseas, dor abdominal ligeira e diarreia,
  • Reações alérgicas cutâneas, tais como irritação ou urticária,
  • Dor nas articulações ou nos músculos.

Efeitos secundários Frequentes (podem afetar até 1 em cada 10 pessoas):

  • Dor de cabeça.

Efeitos secundários pouco frequentes (podem afetar até 1 em cada 100 pessoas):

  • Perda ou diminuição do sentido do paladar. Isto resolve-se
    geralmente dentro de várias semanas depois de ter parado de tomar o medicamento.
  • Diminuição do consumo de alimentos, levando a uma perda de
    peso significativa em casos graves muito raros.

Efeitos secundários raros (podem afetar até 1 em cada 1000 pessoas):

  • Dormência ou formigamento
  • Diminuição da sensibilidade
  • Tontura
  • Problemas de fígado.

Efeitos secundários muito raros (podem afetar até 1 em cada 10.000 pessoas):

  • Problemas de fígado graves,
  • Reações cutâneas graves (com aparecimento súbito, que
    podem ser recorrentes, que se podem espalhar, que podem aparecer sob a forma de
    bolhas salientes, que podem ser acompanhadas de comichão e febre),
  • Exacerbação da psoríase,
  • Redução de certos tipos de células sanguíneas (neutropenia, agranulocitose, trombocitopenia),
  • Perda de pelo,
  • Fadiga,
  • Reações de hipersensibilidade graves (inchaço da face, olhos e língua, dificuldade em engolir, náuseas e vómitos, fraqueza, tonturas, dificuldade em respirar) ,
  • Precipitação e exacerbação do lúpus eritematoso dérmico e
    sistémico,
  • Distúrbio menstrual (hemorragia intermenstrual e um ciclo
    irregular) em doentes que tomam terbinafina concomitantemente com contracetivos
    orais.

Tratamento tópico com cremes e vernizes

O tratamento por via tópica não é geralmente tão eficaz como o efectuado por via oral. No entanto pode ser uma alternativa quando os efeitos secundários dos antifungicos orais não são bem tolerados pelos doentes.

Principais antifúngicos tópicos

Actualmente os principais antifúngicos tópicos usados nas onicomicoses são:

  • Acido acético
  • Ciclopirox
  • Amorolfina
  • Clotrimazol (apenas depois de removida a parte da unha doente)

Tratamento por via tópica

1ª fase – Remoção da zona infectada da unha

Remover a zona infectada da unha é a 1ª fase para o tratamento da onicomicose. Esta remoção tópica é geralmente executada limando a unha ou aplicando uma pomada de ureia. A aplicação de uma pomada de ureia a 40% amolece e prepara a unha para a remoção da zona afectada com uma espátula própria, sem causar dor.

2ª fase – aplicação de um antifúngico local

Na 2ª fase, o tratamento deve ser completado com um creme antifúngico, de forma a eliminar a infecção na sua origem. A remoção da zona infectada da unha é fundamental para uma acção eficaz do creme antifúngico.

Resumindo as fases do tratamento:

  • Tratamento em 2 fases que garantem a eliminação da onicomicose;
  • Remoção da zona infectada da unha de uma forma simples e indolor, preparando-a para a 2º fase do tratamento, que consiste na aplicação de um creme antifúngico;
  • Melhorias visíveis diariamente.

Fungo na unha e micose melhorsaude.org

Prevenção da micose e fungo na unha

A onicomicose pode causar dor, embaraço e interferir com as nossas actividades diárias, reduzindo a nossa qualidade de vida.

Trata-se de uma doença contagiosa, que pode também funcionar como porta de entrada a outro tipo de infecções (ex. bacterianas). Deste modo, é importante iniciar o tratamento logo que detectado o problema, assim como adoptar medidas preventivas de forma a evitar o contágio.

Evitar o contágio do fungo na unha

  • Use calçado confortável sem saltos ou pontas estreitas e que deixe a pele respirar;
  • Use meias limpas e troque-as diariamente;
  • Em caso de infecção, ao vestir-se, calce primeiro as meias para evitar a propagação dos fungos a outras partes do corpo.
  • Lave os pés diariamente e seque com cuidado a zona entre os dedos;
  • Utilize chinelos nos balneários públicos;
  • Não partilhe toalhas ou tapetes de banho;
  • Corte as unhas e mantenha-as curtas.
  • Utilize um corta-unhas diferente para as unhas infectadas, de modo a evitar a infecção de outras unhas;
  • Se tiver Pé-de-Atleta, deve tratá-lo sempre, de forma a evitar que os fungos contagiem as unhas, causando a onicomicose.

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Concluindo

As micoses das unhas são infecções fúngicas comuns e contagiosas que embora não sejam graves são portas de entrada para outros microorganismos patogénicos, tais como bactérias, que podem causar infecções secundárias mais severas e agravar problemas de saúde pré-existentes. Devem portanto ser tratadas de imediato porque na primeira oportunidade que o nosso sistema imunitário esteja mais debilitado podem ocorrer infecções sem causa aparente mas que podem ter ocorrido em consequência da porta aberta pela onicomicose!

Fique bem!

Franklim Fernandes

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COLESTEROL INCRÍVEIS INFORMAÇÕES A VERDADE!



Colesterol toda a verdade!  Será mesmo necessário tomar tantos  medicamentos? Os medicamentos para baixar o colesterol são dos mais utilizados no mundo, nomeadamente a classe das estatinas, sendo um mercado de uma dimensão simplesmente gigantesca !

Mas será que a abordagem tradicional para o seu “tratamento” está mesmo correta? Será mesmo o “caminho das estatinas” o mais adequado? Quais são as alternativas? Que provas cientificas existem para nos ajudarem a escolher o melhor caminho? E nos idosos quais os factos comprovados?

Estudo:  Cholesterol and Cardiovascular Disease in the Elderly. Facts and Gaps

Estudo: The impact of carbohydrate restriction-induced elevations in low-density lipoprotein cholesterol on progression of coronary atherosclerosis: the ketogenic diet trial study design

Neste artigo especial vou tentar “dissecar” tudo sobre o colesterol e colocar em confronto a “via clássica” que “diaboliza” o colesterol com a via alternativa que desafia a corrente terapêutica dominante citando vasta investigação científica que não suporta uma “condenação” tão flagrante do colesterol como “assassino” das artérias…! No final deixo a minha opinião muito clara sobre este assunto.

Leia também: Estas gorduras vegetais são perigosas!

Clique na imagem seguinte para ler o artigo actualizado:

Colesterol e gorduras vegetais melhorsaude.org

Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:

  • O que é o colesterol?
  • Para que serve o colesterol no nosso organismo?
  • Qual a origem do colesterol?
  • Que tipos de colesterol existem?
  • O que é o colesterol bom e o colesterol mau?
  • Como é que o organismo regula a produção de colesterol?
  • O que são lipoproteínas?
  • O que é o colesterol HDL, LDL, VLDL e IDL?
  • Qual o perigo do colesterol alto?
  • O que é uma dislipidemia?
  • Quais os valores normais de colesterol?
  • O que é a aterosclerose?
  • Quais os medicamentos utilizados para baixar o colesterol?
  • O que são as estatinas?
  • Como atuam as estatinas? São seguras ?
  • Quais os seus efeitos secundários?
  • O que é a miopatia das estatinas?
  • O que é a rabdomiólise?
  • Quais os sintomas da miopatia das estatinas?
  • Quais os fatores de risco para a miopatia das estatinas?
  • Quais os músculos e movimentos afetados pela miopatia?
  • Que medicamentos aumentam o risco de miopatia?
  • Como tratar os doentes com miopatia?
  • Quais as estatinas, fibratos e hipolipidemiantes mais utilizados?
  • Quais as dosagens, tamanhos das embalagens e preços?
  • Quais os excipientes usados?
  • Quais os alimentos que aumentam o colesterol?
  • O que são gorduras saturadas e as insaturadas?
  • O que são gorduras trans?
  • Qual a diferença entre gordura saturada, trans e insaturada?
  • Quais os alimentos mais prejudiciais?
  • Que alimentos ajudam a baixar o colesterol?
  • Será que é mesmo necessário tomar estatinas?
  • Será o colesterol, afinal, um mito?
  • O que dizem alguns cientistas sobre este assunto?
  • Os vegans e vegetarianos também têm colesterol alto?

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Colesterol o que é?

Estrutura quimica do colesterol
Estrutura química do colesterol ( esteroide de origem animal )

O colesterol é uma substância gordurosa encontrada em todas as células no nosso corpo. É um esteroide de origem animal pouco soluvel na água.

Colesterol  é essencial porquê?

Sem colesterol muitos processos orgânicos importantes não são possíveis ou não funcionariam da melhor forma, tais como:

  • Formação das membranas das nossas células,
  • Síntese de hormonas, como a testosterona, estrogênio, cortisol
  • Produção da bile necessária na digestão de alimentos gordurosos
  • Formação da mielina (uma bainha que cobre os nervos)
  • Metabolização de algumas vitaminas (A, D, E e K), etc

O colesterol é um constituinte essencial da membrana celular
O colesterol é um constituinte essencial da membrana celular

Origem do colesterol do nosso organismo

O colesterol do nosso organismo tem duas origens:

  • Endógena ( 70% ) – o colesterol é produzido pelo nosso próprio corpo, principalmente pelo fígado.
  • Exógena ( 30% ) – o colesterol também pode ser obtido através dos alimentos.

Origem do colesterol
O colesterol tem origem no figado ( endógena ) e em alguns alimentos ( exógena )

Tipos de colesterol

Como se trata de uma substância gordurosa, o colesterol não se dissolve no sangue, da mesma forma que gotas de óleo não se dissolvem na água. Portanto, para viajar através na corrente sanguínea e alcançar os tecidos periféricos, o colesterol precisa de um transportador. Essa função cabe às lipoproteínas que são produzidas no fígado. As principais são:

VLDL (Very low-density lipoprotein)
LDL (Low-density lipoprotein)
HDL ( High-density lipoprotein)

O LDL transporta colesterol e um pouco de triglicerídeos do sangue para os tecidos.

O VLDL transporta triglicerídeos e um pouco de colesterol.

O HDL é um transportador diferente, ele faz o caminho inverso, tira colesterol dos tecidos e devolve-o ao fígado que vai excretá-lo nos intestinos.

Lipoproteína HDL ( colesterol bom )
Lipoproteína HDL ( colesterol bom )

Colesterol bom vs colesterol mau, o que é?

Enquanto o LDL e o VLDL levam colesterol para as células e facilitam a deposição de gordura nos vasos, o HDL faz o inverso, promove a retirada do excesso de colesterol, inclusive das placas arteriais.

Por isso, denominamos o HDL como colesterol bom e o VLDL e o LDL como colesterol mau.

Metabolismo do colesterol
O metabolismo do colesterol

Como é regulada a produção destas lipoproteínas?

A produção das lipoproteínas é regulada pelos níveis de colesterol, a saber:

  • Colesterol derivado de gorduras saturadas e gordura trans favorecem a produção de LDL (colesterol mau)
  • O consumo de gorduras insaturadas, encontrada no azeite, peixes e amêndoas, por exemplo, promovem a produção do HDL (colesterol bom )

Portanto, ao dosarmos os valores das lipoproteínas transportadoras LDL, VLDL e HDL temos uma avaliação indireta da quantidade e da qualidade do colesterol que circula em nosso sangue. Por isso, o lipograma, exame usado para dosear as lipoproteínas, é usado para avaliarmos os níveis de colesterol sanguíneos.

Colesterol IDL o que é?

O IDL (Intermediatelow-density lipoprotein) é um tipo de colesterol semelhante ao LDL. Como tem efeitos semelhantes, ele não é normalmente doseado individualmente, mas sim juntamente com o LDL. Portanto, quando recebemos o valor do LDL, habitualmente estamos a falar do valor de LDL + IDL.

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Qual o perigo do colesterol alto? O que é a aterosclerose?

Elevadas concentrações de VLDL e o LDL estão associados à deposição de gordura na parede dos vasos sanguíneos, levando à formação de placas de colesterol.

Quando o nosso corpo tem mais colesterol do que precisa, as moléculas de LDL ficam a circular no sangue à procura de algum tecido que necessite de colesterol para o seu funcionamento. Se este colesterol não for entregue a nenhum tecido, a molécula de LDL acaba por se depositar dentro da parede dos vasos sanguíneos, acumulando gordura no mesmos. Este processo é chamado de aterosclerose.

Placas de aterosclerose
Formação de placas de aterosclerose

As placas de gordura ocupam espaço e diminuem o diâmetro da luz dos vasos (chamamos  luz à parte oca dentro dos vasos por onde passa o sangue). A aterosclerose também causa lesão direta na parede, diminuindo a elasticidade das artérias e tornando-as mais duras.

O depósito de gordura e a lesão da parede dos vasos favorecem a obstrução do fluxo de sangue e a redução do aporte de oxigênio e nutrientes aos tecidos.

Quando os vasos afectados pelas placas de colesterol são as artérias coronárias (artérias do coração), o resultado final pode ser o infarte cardíaco. Quando são afectados os  vasos cerebrais, o paciente pode desenvolver um AVC ( Acidente Vascular Cerebral ).

Dislipidémia, o que é?

Dislipidémia é o aumento dos níveis de colesterol. Durante muito tempo os médicos avaliaram o grau de dislipidemia através dos valores do colesterol total, que nada mais é do que a soma dos níveis sanguíneos de HDL + LDL + VLDL.

No entanto, como já explicamos, há o colesterol bom e o colesterol mau, o que torna pouca eficiente a avaliação conjunta. Actualmente o colesterol total é menos valorizado do que os níveis individuais de HDL e LDL.

Por exemplo:
Doente 1 – LDL 150, HDL 20 e VLDL 20 = colesterol total de 190
Doente 2 – LDL 100, HDL 65 e VLDL 25 = colesterol total de 190

Não há dúvidas que o paciente 1 apresenta mais riscos de aterosclerose que o paciente 2, apesar de terem o mesmo nível de colesterol total. O exemplo acima explica o porquê do colesterol total não ser o melhor parâmetro para avaliar a dislipidemia.

Valores de referência para o colesterol

Como a dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, a medicina tem tentado estabelecer, quais são os níveis ideais de colesterol HDL e LDL. Actualmente classificamos o colesterol da seguinte maneira:

LDL
Menor que 100 mg/dL – Óptimo
Entre 101 e 130 mg/dL – Normal
Entre 131 e 160 mg/dL – Normal/alto
Entre 161 e 190 mg/dL – Alto
Maior que 190 mg/dL – Muito alto

HDL
Menor que 40 mg/dL – Baixo ( é mau )
Entre 41 e 60 mg/dL – Normal
Maior que 60 mg/dL – Alto ( é óptimo)

Tratamento:  Quais as estatinas mais utilizadas?

Os medicamentos mais utilizados em todo o Mundo para combater o colesterol elevado, pertencem a uma família de moléculas chamadas de ESTATINAS. As principais são as seguintes:

  • Sinvastatina,
  • Rosuvastatina,
  • Pravastatina
  • Fluvastatina
  • Atorvastatina.
  • Pitavastatina

Estrutura quimica das estatinas
Estrutura quimica das estatinas

simvastatina
Estrutura quimica da sinvastatina

lovastatina
Estrura quimica da lovastatina

Estrutura quimica da atorvastatina e da rosuvastatina
Estrutura quimica da atorvastatina e da rosuvastatina

As estatinas, além de serem as drogas mais eficazes no controle do colesterol, são também aquelas com melhores resultados nos estudos científicos sobre prevenção das doenças cardiovasculares, sendo, por isso, atualmente prescritas para dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Estatinas: Como actuam?

Como actuam as estatinas
Como actuam as estatinas?

As estatinas inibem a produção da enzima HMG-CoA redutase que é essencial para a produção de colesterol.

Estatinas: Serão seguras?

Apesar de serem eficazes  e seguras, cerca de 5% a 10% dos pacientes desenvolvem miopatia (lesão muscular), caracterizada clinicamente por dor muscular, fraqueza e/ou câimbras. Pacientes medicados com doses elevadas são aqueles com maior risco.

As queixas de origem muscular são o principal efeito colateral das estatinas e a causa mais comum de interrupção do tratamento.

Lesão muscular: Como saber se é grave?

A gravidade de uma lesão muscular é definida pelos seguintes factores:

  • Intensidade da dor
  • Grau de perda de força muscular
  • Alterações nos exames laboratoriais (enzima creatinofosfoquinase ou CPK)

Creatinofosfoquinase (CPK ou CK)

As células dos músculos são ricas numa enzima chamada creatinofosfoquinase, mais conhecida pelas siglas CK ou CPK. Quando há lesão do tecido muscular, parte da enzima CK contida nos músculos extravasa para o sangue, fazendo com que os níveis sanguíneos de CK fiquem mais elevados.

Pequenos aumentos da CK podem ocorrer em situações benignas, como após intenso esforço físico, grandes elevações dos níveis sanguíneos são um sinal de grave doença muscular.

Estrutura de um musculo
Estrutura de um musculo

Valor de referência da CK

O valor de referência da CK costuma variar de acordo com o laboratório. No geral, o limite superior da normalidade encontra-se ao redor de 100 a 200 U/L.

Mionecrose: Quando ocorre a morte de células musculares?

Sempre que o valor da CK se encontrar pelo menos 3 vezes acima do valor normal, dizemos que o paciente tem mionecrose (morte de células musculares).

A gravidade da mionecrose costuma ser dividida da seguinte forma:

  • Lesão muscular leve: CK elevada de 3 a 9 vezes o valor normal.
  • Lesão muscular moderada: CK elevada de 10 a 50 vezes o valor normal.
  • Lesão muscular grave: CK elevada mais de 50 vezes o valor normal.

Valores da CK nas lesões musculares

  • CK de 400 ou 500 U/L significa uma lesão muscular leve
  • CK de 70.000 U/L significa uma grave e extensa lesão muscular.

Rabdomiólise

Dizemos que o doente tem rabdomiólise se simultaneamente ocorrer:

  • mionecrose ( morte das células musculares )
  • mioglobinúria ( perda de proteínas musculares na urina )

A rabdomiólise é um quadro grave, que pode levar à insuficiência renal aguda  ( insuficiênciarenal ).

As estatinas geralmente provocam lesão muscular leve, com pequenas elevações dos valores da CK. Porém, cerca de 1 em cada 1000 doentes medicados com estas drogas pode desenvolver moderada ou grave lesão muscular com rabdomiólise.

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Sintomas de miopatia provocada pelo uso das estatinas

As estatinas podem provocar um enorme conjunto de sintomas musculares, a saber:

  • Desconforto
  • Rigidez
  • Cansaço
  • Aumento da sensibilidade
  • Fraqueza
  • Cãimbras

Em geral, os sintomas surgem após algum esforço físico, mas podem também estar presentes mesmo em repouso.

A intensidade dos sintomas está sempre relacionada com o valor de CK e com a gravidade da lesão muscular?

A intensidade dos sintomas nem sempre está diretamente relacionada com o nível sanguíneo da CK. Alguns pacientes com dor forte podem ter níveis baixos ou até normais de CK, enquanto outros com queixas leves a moderadas podem ter taxas muito elevadas.

Sem fazer a dosagem da CK sanguínea não é possivel definir com precisão o grau de lesão muscular. Todos os doentes a usar uma estatina que comecem a sentir dor muscular devem fazer um exame de sangue para saber o grau de elevação da CK.

Músculos mais afectados pela miopatia

O sintoma mais comum da miopatia das estatinas é a dor muscular (mialgia), que pode ou não vir acompanhada de redução da força. Em geral, a lesão muscular pelas estatinas provoca um quadro de dor e fraqueza, nos seguintes musculos:

  • Nos membros inferiores afecta de forma simétrica os músculos da pelvis e das coxas
  • Nos membros superiores afecta os músculos ao redor da escápula, clavícula e porção inicial dos braços

Musculos tipicamente afectados pela mialgia das estatinas
Musculos tipicamente afectados pela mialgia das estatinas

Dor no ombro provocada pelas estatinas
Dor no ombro provocada pelas estatinas

Dores na coxa
Dores na coxa provocada pelas estatinas

Movimentos corporais mais afectados

A perda de força muscular da miopatia das estatinas pode fazer com que o doente tenha dificuldade nos seguintes movimentos:

  • Levantar os braços acima da cabeça,
  • Levantar-se de uma cadeira ou
  • Subir escadas.

Estes sintomas também podem ser descritos pelo doente como fadiga ou cansaço dos membros.

Quanto tempo demora a desenvolver-se uma miopatia das estatinas?

Habitualmente, a miopatia das estatinas desenvolve-se nos primeiros 6 meses de uso do medicamento, mas há casos de doentes que só a desenvolveram após alguns anos de uso da droga.

Complicações da miopatia pelas estatinas

A lesão muscular pelas estatinas ocorre em cerca de 5 a 10% dos doentes. No entanto a grande maioria dos casos é de forma leve, sem grandes prejuízos para a saúde do doente. Apesar de serem raros, podem haver casos de lesão muscular grave pelas estatinas.

O quadro de rabdomiólise é o mais perigoso, pois as proteínas dos músculos podem entupir os túbulos renais, levando à insuficiência renal aguda. Não é incomum que os pacientes com rabdomiólise precisem de tratamento com hemodiálise durante alguns dias.

Factores de risco para miopatia pela estatina

Como já referido, apesar da lesão muscular ser o efeito colateral mais comum das estatinas, ela é um problema que afecta apenas alguns doentes. Ainda não compreendemos totalmente os mecanismos que levam as estatinas a serem tóxicas para os músculos de certos indivíduos, mas alguns factores de risco já são bastante conhecidos, a saber:

  • Características das estatinas
  • Hipotireoidismo
  • Características do doente
  • Interação medicamentosa

Estatinas com menor risco

O risco de lesão muscular não é igual para todas as estatinas e aumenta conforme a dose.

pravastatina e a fluvastatina parecem ser as drogas deste grupo com menor incidência de dor muscular. A dose de 40 mg por dia da pravastatina mostrou-se bastante segura e com baixa incidência de lesão muscular.

A rosuvastatina na dose de 20 mg/dia também tem se mostrado segura nos estudos, porém, doses a partir de 40 mg/dia têm sido apontadas como responsáveis por quadros de rabdomiólise.

Estrutura molecular da rosuvastatina em 3D
Estrutura molecular da rosuvastatina em 3D

Hipotireoidismo aumenta o risco de miopatia?

Como os pacientes com hipotireoidismo frequentemente têm níveis elevados de colesterol, não é incomum a prescrição de estatinas neste grupo de pacientes. O problema é que hipotireoidismo por si só pode causar miopatia, e quando associado a uma estatina, o risco torna-se ainda maior. O controle clínico do hipotireoidismo através de medicamentos com a levotiroxina diminui o risco de dor muscular.

A miopatia é hereditária?

Fatores genéticos parecem ter um papel relevante na génese da miopatia pelas estatinas. Este é o motivo pelo qual numa mesma família é frequente a ocorrência de miopatia em mais de uma pessoa.

Pessoas com maior risco de desenvolver miopatia das estatinas

  • Mulheres e indivíduos com mais de 60 anos
  • Consumo frequente de bebidas alcoólicas
  • Atividade física intensa
  • Carência de vitamina D
  • Desidratação
  • Existência de doença dos rins ou do fígado
  • Histórico de câimbras frequentes

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Interação medicamentosa

Um dos factores que mais influenciam no aparecimento de lesão muscular pelas estatinas é a associação com outras drogas. A sinvastatina e a lovastatina são as estatinas que mais sofrem interação medicamentosa capaz de provocar miopatia.

atorvastatina, a rosuvastatina e a pitavastatina  também podem sofrer interação de alguns medicamentos, mas com uma frequência um pouco menor.

Medicamentos que aumentam de forma significativa o risco de miopatia das estatinas

São vários os medicamentos que aumentam o risco de miopatia das estatinas pelo que se deve a tudo o custo evitar a sua associação com estatinas, a saber:

  • Amiodarona ( antiarrítmicos )
  • Fluconazol ( antifúngico )
  • Cetoconazol ( antifúngico )
  • Itraconazol ( antifúngico )
  • Ciclosporina ( imunosupressor )
  • Gemfibrozil ( antidislipidémico )
  • Varfarina ( anticoagulante )
  • Verapamil ( perturbações do ritmo taquicardico, antihipertensor, insuficiência coronária )
  • Amlodipina ( antihipertensor e antianginoso )
  • Eritromicina ( antibiótico )
  • Claritromicina ( antibiótico )
  • Ritonavir ( antivírico VIH-1 )
  • Colchicina ( antiinflamatório clássico utilizado no tratamento das crisas agudas de gota )
  • Niacina ( viatmina B3, ou vitamnina PP ou ácido nicotínico )

A lista fornecida acima está muito longe de estar completa, portanto, se tomar vários medicamentos e apresentar dor muscular pela estatina, leia a literatura do medicamento para ver se há alguma interação medicamentosa que possa estar a desencadear as dores.

Tratar o doente com dor muscular pela estatina

Como não há no mercado drogas tão eficazes como as estatinas na prevenção da doença cardiovascular, a decisão sobre a suspensão ou não do tratamento deve ser bem ponderada.

Drogas como o ezetimibe não são tão eficazes quanto as estatinas e não devem ser encaradas como um substituto à altura. O ezetemibe pode até ser utilizado em simultaneo  com a estatina, de forma a permitir uma dosagem menor desta última.

Os raros doentes que desenvolvem grave lesão muscular devem interromper definitivamente o tratamento com as estatinas, pois o risco para a saúde é maior que o potencial benefício da droga.

Tratamos como miopatia grave toda a miopatia com um aumento da CK maior que 10 vezes o valor de referência (CK maior que 1500-2000 U/L na maioria dos laboratórios).

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Tratamento da miopatia das estatinas leve ou moderada

Nos casos que não se enquadram no conceito de miopatia grave, que são, na verdade, a maioria, existem algumas estratégias que podem ser implementadas.

1. Corrigir problemas

O primeiro ponto é identificar possíveis interações medicamentosas que possam estar a aumentar o risco de lesão muscular. A associação de uma estatina com o gemfibrozil, apesar de não indicada, ainda é muito utilizada por alguns médicos, quando o objetivo é baixar os níveis de triglicerídeos.

Se o doente tiver colesterol e triglicerídeos altos e a estatina sozinha não estiver a ser suficiente para controlar os valores, o medicamento com menos risco de miopatia é o fenofibrato.

Além da revisão dos medicamentos que o paciente usa, também é importante uma avaliação da função da tireoide. Em muitos casos, uma simples otimização do tratamento do hipotireoidismo é suficiente para controlar as dores musculares.

A dosagem dos níveis de vitamina D sanguínea também está indicada. Se os valores estiverem baixos, a reposição, que pode ser feita de forma bem simples e barata, costuma amenizar as dores

2. Alterações na estatina

Não havendo problemas a corrigir, o próximo passo é tentar otimizar o tratamento com as estatinas.

Nos pacientes que fazem doses elevadas de estatina, a simples redução da mesma pode ser suficiente. Se for preciso, o médico pode associar uma droga como o ezetimibe, para que o valor do colesterol LDL não volte a subir após a redução da estatina.

Doses de estatinas consideradas moderadas são:

  • 20 mg de lovastatina, pravastatina ou sinvastatina;
  • 20 mg de atorvastatina
  • 10 mg de rosuvastatina.

Apenas os pacientes que já tiveram um infarte anteriormente ou que apresentam risco muito elevado de infarte costumam ter indicação para doses mais altas de estatinas, geralmente 40 mg/dia de atorvastatina ou 20 mg/dia de rosuvastatina.

Uma alternativa é o uso das estatinas em dias alternados.

A rosuvastatina em doses até 20 mg/dia pode ser tomada 3 vezes por semana, que ainda mantém uma boa ação contra o LDL.

Outra opção é trocar de estatina. Como já referido, a pravastatina e a fluvastatina costumam ter um incidência mais baixa de miopatia e podem ser a solução, principalmente para os pacientes em uso de sinvastatina ou lovastatina, que são as estatinas que mais frequentemente causam dor muscular.

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Preços, dosagens e tamanhos das embalagens

Na tabela que se segue reunimos as informações disponiveis em Janeiro de 2014, sobre os preços, dosagens e tamanhos das embalagens de estatinas, fibratos e associações mais utilizadas.

Estatinas, fibratos e associações com hipolipidemiantes
Estatinas, fibratos e associações com hipolipidemiantes

Clique na versão em pdf para melhor visualização da tabela. Pode também fazer o download da mesma:

Medicamentos mais utilizados para o colesterol

Excipientes das estatinas, fibratos e associações

O que é um excipiente?

Excipientes são substâncias que auxiliam o medicamento a ter a devida forma e eficiência farmacêutica. São utilizados para proteger o fármaco, por exemplo, contra a oxidação e a hidrólise. Também podem ser adicionados para a facilitação da administração e do processo de fabricação do medicamento.

Alguns fazem a diluição e “suporte” ao princípio ativo porque este muitas vezes é demasiado potente e tem que ser usado em concentrações muito baixas, por isso é necessário o excipiente para dar o volume necessário e suficiente para uma toma mais prática, por exemplo em comprimidos para tomar por via oral. Têm que ser substâncias que não reajam com o fármaco e farmacologicamente inertes.

Embora seja raro, nada garante que não possa ser alérgico a um deles, por isso preparamos para si uma tabela dos principais excipientes, usados no fabrico das estatinas, fibratos e associações:

Tabela_de_excipientes_das_estatinas
Tabela de excipientes usados nas estatinas, fibratos e associações

Descarregue também a tabela em pdf para melhor visualização:

Tabela de excipientes das estatinas

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Alimentos que fazem aumentar o colesterol

Gordura saturada

É um tipo de gordura encontrada principalmente em produtos de origem animal e que à temperatura ambiente, apresenta-se no estado sólido.

É encontrada nos seguintes alimentos:

  • Carnes vermelhas e brancas ( principalmente gordura da carne e pele das aves),
  • Leite e derivados integrais ( manteiga, creme de leite, iogurte, nata)

Gorduras saturadas más
Gorduras saturadas más

Consumo máximo por diário aconselhado:  20g

Ligação química:  Cada átomo de carbono mantém uma ligação simples com outro carbono e está ligado a dois átomos de hidrogênio

Gordura trans

A gordura trans é o nome dado à gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial.

Algumas carnes e o leite já têm essa gordura, mas em pequena quantidade. O que preocupa mesmo são as gorduras usadas pela indústria alimentar. A gordura vegetal hidrogenada faz parte do grupo das gorduras trans e é a mais encontrada nos alimentos.

Ela começou a ser usada em larga escala a partir dos anos 1950, como alternativa à gordura de origem animal, conhecida como gordura saturada.

Acreditava-se que, por ser de origem vegetal, a gordura trans ofereceria menos riscos à saúde. Mas estudos posteriores descobriram que ela é ainda pior que a gordura saturada, que também aumenta o colesterol total, mas pelo menos não diminui os níveis de HDL no organismo.

Em geral, as gorduras vegetais, como o azeite e os óleos, são bons para a saúde. Porém, quando passam pelo processo de hidrogenação ou são aquecidos, as moléculas são partidas e a cadeia rearranja-se. Esta nova gordura é que vai danificar as artérias.

Este processo de hidrogenação serve para deixar a gordura mais sólida. E é ela que vai fazer com que os alimentos fiquem saborosos, crocantes e tenham maior durabilidade. O grande desafio atual da indústria é encontrar uma alternativa mais saudável à gordura trans, sem que os alimentos percam as suas propriedades.

Gorduras saturadas trans
Gorduras saturadas trans, aumentam o colesterol LDL ( mau ) e diminuem o HDL ( bom )

A gordura trans não é sintetizada pelo organismo e, por isso, não deveria ser consumida nunca. Mas, como isso é quase impossível,  é aceitável consumir até 2g da gordura por dia, o que equivale a quatro biscoitos recheados.

Mesmo tendo isso em mente, um dos grandes problemas para o consumidor é conseguir perceber com clareza quanta gordura trans existe em cada alimento. Vale a pena lembrar que os alimentos que mais contêm gordura trans são:

  • Bolachas
  • Pipocas de microondas
  • Chocolates
  • Gelados
  • Batatas fritas
  • Salgadinhos
  • Alimentos que tem margarina na composição

Consumo máximo diário aconselhado: 2g

Ligação química – Similar à da gordura saturada, mas os átomos de hidrogênio estão dispostos transversalmente (na diagonal), e não em paralelo, como ocorre com os ácidos gordos encontrados na natureza. Daí vem o nome “trans”.

Gordura insaturada e poli-insaturada

A gordura insaturada está presente principalmente em vegetais e é líquida à temperatura ambiente. Existe a monoinsaturada (com apenas uma ligação dupla de carbono) e a poliinsaturada (com mais de uma ligação dupla de carbono). O seu consumo em excesso também é prejudicial em particular os óleos vegetais devem ser evitados.

Quais os alimentos em que se encontra?

  • Azeite e azeitonas
  • Óleo de canola e de milho,
  • Amêndoa,
  • Amendoins
  • Nozes
  • Castanha-do-pará,
  • Abacate,
  • Sementes e óleo de linhaça,
  • Óleo de girassol
  • Truta ( ômega 3 )
  • Salmão ( ômega 3 )

Gorduras_saudáveis

Gorduras insaturadas boas
Frutos secos contêm gorduras insaturadas boas

Consumo máximo diário aconselhado:  44g

Ajuda a reduzir o colesterol LDL, os triglicéridos e a pressão arterial.

Ligação química:   Faltam alguns átomos de hidrogênio na sua molécula e, por isso, ocorre uma ligação dupla entre os carbonos.

O COLESTEROL SERÁ UM MITO?

Durante anos ouvimos que o colesterol é a encarnação do mal. Que em excesso entope as artérias e abre caminho aos enfartes do miocárdio e aos AVCs.

Por causa dele passámos a olhar com horror para as alheiras, para as bifanas e para a manteiga. Os ovos passaram a merecer desconfiança. Não mais de um ou dois por semana disseram-nos repetidamente. Para manter o colesterol em níveis aceitáveis, milhões de pessoas tomam regularmente medicamentos conhecidos como estatinas.

As estatinas são os medicamentos mais vendidos em todo o mundo e Portugal não é exceção: em 2000 vendiam-se perto de um milhão e 500 mil embalagens. Em 2009 mais de cinco milhões e 400 mil, um aumento de mais de 200% lê-se numa tese de mestrado que fez a avaliação do consumo destas substâncias em Portugal.

Pois bem, todas estas ‘provações’ podem ser em vão. Pelo menos a crer nos ‘céticos do colesterol’, um grupo de médicos e investigadores empenhados em acabar com o que garantem ser a crença errada de que o colesterol faz mal à saúde.

Existe, desde 2003, uma Liga internacional dos Céticos do Colesterol (www.thincs.org) com uma centena de membros das mais diversas especialidades médicas.

São vistos como fanáticos ou adeptos de teorias da conspiração pelos médicos ‘ortodoxos’, mas a sua cruzada ganhou visibilidade com a publicação em França do livro ‘La Verité sur le Cholestérol’, do médico Philippe Even, e, nos EUA, do livro ‘The Great Cholesterol Myth’, do cardiologista Stephen Sinatra e do nutricionista Jonny Bowden.

O apoio mediático do médico Mehmet Oz que entrevistou os autores no seu programa de televisão visto por milhões voltou a criar um buzz à volta do tema. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo.

Os fatores de risco incluem a hipertensão, obesidade, diabetes. E também o colesterol elevado, que os céticos querem reabilitar.

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O que dizem os céticos?

Um relatório da Escola de Saúde Pública de Harvard aponta o metabolismo, mais do que a dieta, como responsável pelos níveis de colesterol no sangue.

Esta ideia reúne consenso na classe médica. Pedro Marques Silva, responsável da Consulta de Hipertensão Arterial e Dislipidemias do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, confirma: “Se reduzíssemos o colesterol na dieta de tal maneira que a comida ficasse incomestível, ainda assim a taxa de colesterol que conseguíamos reduzir seria apenas de 20%”.

Vegetarianos também têm colesterol alto?

Os vegans e vegetarianos podem ter níveis de colesterol altos, apesar de não comerem produtos animais, precisamente porque 70 a 80% do colesterol é produzido no nosso fígado e não tem origem na alimentação.

E é com este argumento que os céticos incentivam o regresso ao nosso prato das gorduras saturadas tais como as presentes em alimentos de origem animal e algumas de origem vegetal, a saber:

  • Manteiga
  • Carne vermelha
  • Óleo de coco

Além de não influenciarem o colesterol no sangue, elas têm um papel importante na absorção do cálcio e manutenção da densidade óssea e são essenciais para o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso, dizem.

Podemos ingerir colesterol à vontade?

Claro que não! Uma pessoa magra, com colesterol total elevado, mas sem hipertensão ou diabetes, não tem risco cardiovascular, teoria defendida pelos céticos do colesterol. Nestes casos, a alimentação não é um fator decisivo, nem vale a pena andar a fazer restrições radicais ou medicação.

O problema é que na maioria dos casos, quem tem o colesterol total aumentado tem também outros fatores de risco, como o excesso de peso, a hipertensão ou a diabetes ou seja tem a chamada síndrome metabólica.

Quando é assim, a alimentação é fundamental, porque o simples facto de perder peso ajuda muito. Há casos de pessoas que deixaram a medicação para a hipertensão e para o colesterol com base na reeducação alimentar e no exercício físico como, por exemplo, uma caminhada diária de, pelo menos, 45 minutos.

Na opinião dos céticos do colesterol os verdadeiros inimigos do coração são as gorduras hidrogenadas, ou trans, presentes nos alimentos processados para ajudar a prolongar o seu tempo de prateleira e o açúcar.

A alimentação pode não influenciar o colesterol mas influencia o nível de triglicéridos, outro tipo de gordura do sangue, associada sobretudo ao consumo de açúcar simples e de hidratos de carbono, e que é consensualmente um fator de risco para as doenças cardiovasculares e diabetes.

Existe relação direta entre colesterol no sangue e as doenças coronárias?

Não existe uma relação direta entre o colesterol no sangue e as doenças coronárias, dizem os céticos do colesterol.

O francês Philippe Even, autor do livro ‘La Verité sur le Cholestérol’, enfatiza que analisou mais de 800 publicações científicas, em particular oito estudos epidemiológicos, dez meta-análises e 46 ensaios clínicos concluindo que não é verdade que a responsabilidade do colesterol esteja apoiada em provas sólidas e largamente aceites ou que numerosos estudos tenham mostrado uma relação direta entre o colesterol e a mortalidade cardíaca.

O cardiologista norte-americano Jonny Bowden, autor do livro ‘The Great Cholesterol Myth’, subscreve. “Durante 43 anos fiz prática clínica com base nos dados convencionais, mas a certa altura dei-me conta que se metade das pessoas com colesterol alto tinha doenças cardíacas e outra metade não, alguma coisa estava errada na associação de causa-efeito do colesterol às doenças cardíacas”, explicou o cardiologista, no programa te TV do Dr. Oz.

Para os céticos do colesterol, a presença de colesterol nas artérias de doentes coronários decorre muitas vezes de uma função pouco conhecida do próprio colesterol: a de molécula reparadora. “Na verdade, ele tem uma função é protetora. Quando as artérias estão danificadas o colesterol LDL viaja até ao local do acidente e ajuda a repará-las.

Culpar o colesterol é como culpar os bombeiros de atearem fogos

Concluindo

Afinal devo tomar ou não medicamentos para o colesterol quando está alto? A nossa opinião é a seguinte:

  • Se tem colesterol LDL (o  mau ) alto mas o colesterol HDL (o bom) também está alto ou normal, tem peso normal, não tem hipertensão nem diabetes, então decididamente NÃO!  Faça exercício fisico, que pode ser uma simples caminhada diária mas tem de durar pelo menos 45 minutos.
  • Se tem colesterol LDL alto, HDL baixo e também alguns factores de risco como peso excessivo, hipertensão ou diabetes, então parece-nos que o risco de não tomar é maior e portanto SIM deve ser colocada essa hipótese se as correcções alimentares e o exercício físico não surtirem efeito a curto prazo.

Em qualquer dos casos essa é uma decisão que deve ser tomda, sempre, com o apoio do seu médico.

Fique bem!

Franklim Fernandes

Referências:

Por favor, PARTILHE ESTE ARTIGO com os seus amigos tendo a certeza que vão ficar-lhe agradecidos com muita informação que pode melhorar a sua saúde e das respectivas famílias.

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Sono insónia e melatonina antioxidante mitocondrial poderosa




Como dormir melhor mas não dormir demais? Melatonina porque é tão importante? Será que dormimos para produzir melatonina e proteger as nossas mitocôndrias? Sono, insónia, ciclos de sono, sistema glinfático, quais os segredos? Como posso dormir sem usar medicamentos? Quais os medicamentos mais usados para dormir? Quais os efeitos secundários dos comprimidos para dormir? Quais as razões para não dormir demais? Segundo a American Sleep Association vários estudos têm demonstrado que horas a mais de sono têm também consequências negativas para a saúde. Descrevo as 7 principais razões para não dormir demais mas também qual a importância de dormir melhor? Porque é importante dormir melhor? O que se passa durante o sono? Quais as regras essenciais para criar um “santuário para o seu sono” e acordar com mais energia.

Este artigo pretende ser um guia para a ajudar a saber como dormir melhor, como dormir rápido, como dormir cedo e alcançar um sono de excelência, adormecer mais rápido, dormir mais profundamente, sonhar menos, acordar menos vezes durante a noite e de manhã levantar-se na hora certa para si e com muito mais energia! Acha que não consegue?  Siga até ao fim as informações e instruções deste artigo e talvez a sua vida mude para sempre! Nunca saberá se não colocar em prática o que eu também fiz com o meu próprio sono!

Neste artigo vou tratar as seguintes questões:
  • Sono o que é?
  • Quais as principais funções do sono?
  • Ciclos do sono como funcionam?
  • O que se passa durante o sono?
  • Sistema glinfático de limpeza do cérebro,  o que é?
  • Imunidade como é afetada pela privação de sono?
  • Qual a hormona do sono?
  • Melatonina porque é tão importante?
  • Serotonina, que é usada como antidepressivo, qual a relação com a melatonina?
  • Proteção das mitocôndrias pela ação antioxidante da melatonina!
  • Stress oxidativo e cancro!
  • Melatonina, qual a melhor utilização terapêutica?
  • Jet lag o que é?
  • Como utilizar a melatonina para tratar o Jet lag?
  • Ritmo circadiano o que é?
  • Premio Nobel o que dizem os cientistas sobre o sono?
  • Quais os genes com mais influência no ritmo circadiano?
  • Causas de insónia, quais as principais?
  • Higiene do sono o que é isso?
  • Dormir uma sesta é bom ou mau?
  • Exercício físico será que faz bem ao sono?
  • O álcool dá sono, isso é bom ou mau?
  • Tabaco como influencia o sono?
  • Última refeição do dia para potenciar o sono!
  • Não tenho sono, o que devo fazer?
  • Dormir demais aumenta o risco de depressão?
  • Dormir demais pode debilitar o cérebro?
  • Qual a influência na gravidez?
  • Qual a influência na diabetes?
  • Qual a influência no peso?
  • Dormir demais trás consequências cardíacas?
  • Será que aumenta o risco de morte prematura?
  • Quantas horas devo dormir?
  • Qual o grau de cansaço ao acordar em função das horas de sono?
  • Qual o risco de dormir demais nos bebés e crianças?
  • Qual o risco de dormir de menos nas crianças?
  • Quais as recomendações de tempo de sono nas crianças?
  • Quando sonhamos?
  • Sonhamos todos os dias?
  • É verdade que paralisámos durante uma parte do sono?
  • O que acontece quando muda a hora em Outubro e em Março?
  • Como dormir melhor?
  • Quais as melhores posições para dormir?
  • Medicamentos para dormir, quais os mais utilizados e quais os riscos?

Sono o que é?

Sono e dormir uma sesta melhorsaude.org

Segundos especialistas em medicina do sono este é um estado essencial à vida. Não há qualquer dúvida sobre a sua importância para a saúde geral e mesmo para a sobrevivência. Dormir é, aliás, um comportamento inato, partilhado por todo o reino animal, ainda que, do ponto de vista neurofisiológico possam existir diferenças entre espécies, sobretudo de natureza conceptual.

Sono qual a sua função?

O sono tem funções verdadeiramente extraordinárias e a produção de melatonina, com a sua potente ação antioxidante nas mitocôndrias celulares, tem uma importância extrema na produção e manutenção saudável da nossa energia diária e, portanto, da saúde no geral pois sem energia celular não existimos! A natureza encarregou-se de nos munir com um duplo mecanismo de controlo sobre a função do sono, determinando assim que, um acumular de cansaço, iniciado com o despertar, permita uma maior propensão para um sono (mecanismo homeostático de regulação do sono) que será sempre mais proveitoso em horário noturno.

A ausência de luz, percebida por células especializadas da retina do olho, passa a mensagem ao cérebro, mais propriamente ao relógio biológico nele contido, de que é altura de encerrar os olhos, de diminuir a atividade e dormir, para voltarmos a acordar pela manhã, quando o sol raiar e quando o repouso do sono tiver sido rentável para a recuperação geral.

Principais funções do sono

Durante o nosso sono ocorrem funções essenciais para a nossa saúde e sobrevivência. Algumas das mais importantes são as seguintes:

  • Produção de melatonina que tem uma função antioxidante, de enorme importância, nas mitocôndrias que são os organelos responsáveis pela produção de energia das nossas células e que necessitam de reparação diária devido à sua função de extrema exigência na  produção da energia que produz uma carga elevada de radicais livres!
  • Consolidação da memória e capacidade cognitiva, como se durante o sono se arrumasse cada memória na respetiva “gaveta” de forma a que seja mais fácil encontra-la quando necessitarmos dessa memória;
  • Limpeza dos sulcos cerebrais, através do fluido espinal e cerebral, que impede a acumulação de proteínas residuais tóxicas acumuladas durante o dia, como a proteína beta amiloide, que se julga estar associada à doença de Alzheimer;
  • Regeneração acelerada das nossas feridas influenciando o grau de inflamação adequado para uma melhor reparação;
  • Reparação de lesões cerebrais;
  • Fortalecimento do nosso sistema imunitário;
  • Processamento emocional e gestão de stress, associado à fase REM.

Ciclos de sono enquanto dormimos

O que se passa durante o sono é verdadeiramente extraordinário!

Numa noite de sono ocorrem vários ciclos. Cada ciclo de sono tem cinco fases e dura cerca de 90 minutos podendo chegar aos 120 minutos, havendo portanto vários ciclos consecutivos, separados por microdespertares, dos quais geralmente não temos consciência se tivermos um sono saudável! Durante uma noite completa e saudável de sono um adulto deve fazer 5 ciclos de aproximadamente 90 minutos cada (450 minutos) ou seja cerca de 7 horas e meia de sono.

Normalmente percorrem fases distintas do sono a cada 90 a 120 minutos durante a noite com três fases do sono com movimento não rápido dos olhos (NREM) e uma fase com movimento rápido dos olhos (REM).

  • Sono da fase N1 (NREM 1)- superficial e relativamente curto;
  • Sono da fase N2 (NREM 2) – A maior parte do tempo do nosso sono é passada nesta fase;
  • Sono profundo da fase N3 (NREM 3)- Tem início, aproximadamente, 30 minutos após adormecer e ocorre principalmente durante a primeira metade da noite, nas primeiras 4 horas de sono;
  • Sono REM – A primeira fase REM tem início, aproximadamente, 80 minutos após adormecer. No decorrer da noite é gasto mais tempo nesta fase REM caracterizada por rápidos movimentos oculares (Rapid eye movements) e onde os sonhos acontecem;
  • Despertares breves – chamados de fase W ocorrem durante a noite, mas a pessoa adormecida geralmente desconhece a maioria deles. Os microdespertares mais relevantes ocorrem, aproximadamente , 3 horas e 6 horas após adormecermos. O acordar ocorre após cerca de 7:30h a 8:00h de sono.

Ciclos de sono
Fonte: Manual MSD – Visão geral do sono.

Assim a sequência de fases durante uma normal e saudável noite de sono, é normalmente a seguinte:
  • Vigília
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • Microdespertar (após 3 horas de sono, aproximadamente)
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • Microdespertar (após 6 horas de sono, aproximadamente)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • Acordar (após 7 horas e 30 minutos a 8 horas de sono, aproximadamente).

Resumindo o número total de cada uma das fases de sono durante uma normal e saudável noite de sono, será o seguinte:

  • NREM 1 – 9 fases
  • NREM 2 – 13 fases
  • NREM 3 de sono profundo – 4 fases (durante as primeiras 4 horas de sono)
  • REM de sonhos – 6 fases.
  • Microdespertares – 2

Ondas cerebrais

Fases do sono e respetivas ondas cerebrais. As fases 3 e 4 são de sono profundo. A fase REM é quando acontecem os sonhos. As fases de vigília são caracterizadas por ondas cerebrais rápidas de pequena amplitude denominadas ondas Beta. Na fase de sono profundo as ondas cerebrais são mais lentas e de maior amplitude e denominam-se onda Delta. Curiosamente na fase de sono REM as ondas cerebrais registadas voltam a ser mais rápidas e de menor amplitude ou seja semelhantes a uma fase de vigília, talvez devido ao facto de os sonhos acontecerem essencialmente nessa fase REM onde acontecem movimentos oculares rápidos.

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Fases do sono e vigília
Fonte: Laboratório de Neurogenética / Núcleo de Cognição e Sistemas Complexos / Centro de MatemáticaComputação e Cognição / Universidade Federal do ABC

Sonhos e fase REM

Geralmente, apenas sonhamos na fase de sono profundo REM (Rapid Eye Movement) onde existem rápidos movimentos de olhos que se julga acompanharem as peripécias que ocorrem nos nossos sonhos. Se acordarmos durante esta fase do sono vamos lembrar-nos deles com muito maior detalhe mas se dormirmos descansadamente até ao fim não vamos lembrar-nos de nada e isso é que é saudável pois significa que terminamos sem precalços esse ciclo de sonho.

Sono REM e paralisia muscular

Quando adormecemos o cérebro desliga algumas funções motoras para nossa proteção. Durante a fase de sono profundo REM ficamos com uma espécie de “paralisia motora” ou seja vivemos os sonhos mental e visualmente mas não conseguimos mexer-nos!

Como seria o nosso sono se durante a fase de sonhos reagíssemos também “fisicamente” ás experiências aí vivenciadas? Certamente não teríamos um sono descansado e poderíamos até, em alguns sonhos mais “agressivos”, magoar-nos gravemente ou magoar quem dorme connosco!

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Sono REM novas descobertas

Afinal para que serve a fase REM onde ocorrem os sonhos e os movimentos rápidos dos olhos? Segundo Matthew Walker, especialista de sono e autor do livro “Why we sleep: Unlocking the power of sleep and dreams”, o sono REM tem duas funções extraordinárias:

  • Gestão e ajuda emocional;
  • Potenciar a creatividade.

Os sonhos que ocorrem nesta fase do sono libertam as memórias da carga emocional associada o que é de extrema importância em casos de memórias traumáticas, sendo a primeira ajuda para ultrapassar esses traumas, desde que a produção de noradrenalina não seja exagerada ou esteja danificada pois nesses casos podem acontecer os mesmos pesadelos recorrentes de que se queixam os doentes com sindrome pós traumático.

Sistema glinfático e limpeza do cérebro

O sistema glinfático foi descrito pela primeira vez em 2012 pela neurocientista dinamarquesa Maiken Nedergaard e tem sido amplamente correlacionado com danos cerebrais pós-AVC, lesões cerebrais traumáticas e doenças neurodegenerativas, entre elas a doença de Alzheimer e outras doenças demenciais. A descoberta foi feita a partir da análise do percurso liquórico in vivo, por meio da técnica de microscopia de dois fótons (onde se utiliza marcadores através de injeções intratecais). Esperava-se observar a circulação liquórica clássica que já havia sido descrita, no entanto foi identificado que, além desse percurso, ocorre também a penetração do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) no parênquima, depois a troca com o líquido intersticial e, por fim, a drenagem do LCR.

O sistema glinfático é uma rede perivascular que atua drenando resíduos tóxicos e metabólitos do Sistema Nervoso Central (SNC) como a proteína β-amiloide, que, quando acumulada, tem uma ação relevante na  fisiopatologia da doença de Alzheimer e facilita a distribuição cerebral de compostos como aminoácidos, glicose e neuro moduladores.

Circulação liquórica

Via clássica

O LCR é produzido nos plexos coroides, localizados nos ventrículos cerebrais (principalmente nos ventrículos laterais) e tem uma produção média de 500ml por dia, tendo um volume circulante de 100ml a 150ml.

Dos ventrículos laterais, ele alcança o III ventrículo a partir do forame de Monro e, por meio do aqueduto do mesencéfalo (ou aqueduto de Sylvius), chega ao IV ventrículo. Nesse local, ele pode difundir-se para o espaço subaracnoídeo medular, pelo forame de Magendie (abertura medial), e para o espaço subaracnoídeo encefálico pelo forame de Luschka (aberturas laterais).

Ele é reabsorvido pelas granulações (ou vilosidades) aracnoides, que são projeções da membrana aracnoide, e drenam para os seios venosos, principalmente o seio sagital superior.

Cérebro humano

Nova via

O LCR presente no espaço peri arterial acompanha as arteríolas e os capilares conforme ocorrem as suas ramificações, penetrando no parênquima cerebral. Nesse local, o líquor comunica-se com o líquido intersticial através de poros na estrutura perivascular, permitindo a passagem das moléculas de menores dimensões e sendo favorecidas pela pulsatilidade arterial, que contribui para essa saída do LCR do espaço peri arterial.

Além disso, as células da glia também realizam um papel fundamental, sobretudo os astrócitos, pois, nas suas regiões mais periféricas (conhecidas como pés dos astrócitos), está presente a AQP4, uma aquaporina que possibilita a passagem de moléculas de água. A partir das junções comunicantes dos astrócitos,  comunicam-se e mantêm um fluxo convectivo desde o espaço peri arterial até o espaço peri venoso.

Limpeza do SNC

O maior detalhe desse mecanismo é que o LCR que penetra no espaço peri venoso não é o mesmo que saiu do espaço peri arterial, pois, durante o fluxo convectivo, ele carrega os resíduos e metabólitos que antes estavam situados no interstício e, por isso, se assemelha ao sistema linfático, sendo uma nova descoberta que explica como ocorre a drenagem no SNC.

Nedergaard M. The Glymphatic System: A Beginner’s Guide. Neurochem Res (2015) 40:2583–2599. Fig.3 doi: 10.1007/s11064-015-1581-6

Envelhecimento

Ao longo do envelhecimento, ocorrem mudanças físicas e metabólicas no corpo humano e algumas dessas alterações podem contribuir para o funcionamento inadequado do sistema glinfático. São exemplos disso o aumento da rigidez arterial em idosos (o que diminui a pulsatilidade e a saída do LCR para o espaço intersticial) e a hipertrofia da GFAP (proteína fibrilar ácida da glia – uma proteína de filamento intermediário expressa no SNC, muito comum em astrócitos, os quais tem a sua comunicação dificultada quando, por ela, sofre alterações estruturais). Além disso, nos estudos de Nedergaard, também se encontrou a perda da polarização perivascular das AQP4 em idosos, alterando a depuração intersticial de solutos e a troca LCR-líquido intersticial.

Uma hipótese que abre novos horizontes para pesquisas em doenças neurodegenerativas é a de que pacientes com essas doenças possam ter os mesmos acometimentos supracitados, no entanto agravados. Dessa maneira, ocorre uma drenagem deficitária que gera acúmulos prejudiciais, como no caso da doença de Alzheimer, em que são encontrados agregados de proteína tau e o acúmulo de β-amiloide.

Sistema glinfático e o sono

O sistema glinfático tem sua maior atividade durante o sono (principalmente no sono profundo, o terceiro estágio do sono não-REM). Imagens feitas a partir da microscopia de dois fótons mostram que, durante o estado de vigília, o influxo de líquor pode ser reduzido em até 90%.

Ainda não se sabe com exatidão o processo fisiológico que gera essa maior atividade durante o sono, mas a noradrenalina parece ser um importante regulador da atividade glinfática pois age durante a vigília, aumentando o volume intracelular e, consequentemente, diminuindo o espaço intersticial. Assim, os mecanismos hidrodinâmicos não são favorecidos para a drenagem durante a vigília, enquanto o inverso acontece durante o sono com a diminuição da noradrenalina, o que propicia a saída do LCR do espaço perivascular.

Um boa noite de sono é por isso essencial para a limpeza e saúde do nosso cérebro!

Sistema imunológico e privação de sono

A privação de sono e o sistema imunológico exercem e sofrem influências mútuas. A privação de sono é considerada uma fonte de stress, uma vez que induz a elevação do cortisol em seres humanos (ou da corticosterona em roedores). Os glucocorticoides, por sua vez, exercem um efeito imunossupressor ou seja fazem com que o nosso sistema imunológico fique mais debilitado e menos eficaz contra a invasão de vírus, bactérias, fungos, parasitas e outros corpos estranhos. Por essas razões, foi proposto que o aumento da ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal seja um importante mediador das alterações imunológicas observadas em pacientes com insónia ou privados de sono.

Estudo: Repercussões imunológicas dos distúrbios do sono

Uma das células mais importantes do nosso sistema imunitário são as chamadas células assassinas naturais (NK), um tipo de glóbulos brancos. Estas detetam as células infetadas e param a sua atividade ou removem-nas antes que novos vírus sejam reproduzidos.

O sono é de extrema importância, para termos células assassinas naturais suficientes no corpo. Assim se não dormimos regularmente e horas suficientes (7.30h), somos muito mais suscetíveis a doenças e infeções. Investigadores estudaram como é que o número de glóbulos brancos se desenvolve sob privação de sono. O resultado foi surpreendente e assustador:

  • Os grupos de teste que dormiram apenas 4 horas em vez de 8 horas tiveram uma redução de 70% na proporção das suas células assassinas naturais (NK).

Este resultado suporta a evidência de uma maior fragilidade e probabilidade de contrair infeções quando temos problemas com a qualidade e quantidade do nosso sono.

Melatonina a hormona do sono o que é?

Formula química:   N-acetil-5-metoxitriptamina

A mensagem de ausência de luz enviada ao cérebro é, em cada período de aproximadamente 24h, repetida e traduzida na libertação de melatonina pelo hipotálamo (mecanismo circadiano de regulação do sono). A melatonina  é uma hormona produzida por diversos animais e plantas. Em animais superiores é produzida e libertada pela glândula Pineal. Quimicamente, é uma indolamina sintetizada a partir do triptofano (aminoácido essencial encontrado nas proteínas) sendo uma molécula anfipática ou seja  devido ao seu caráter anfifílico (uma parte hidrofílica e outra lipofílica), pode atravessar facilmente as membranas celulares por difusão. Em consequência, a melatonina não é armazenada no interior do pinealócito e é imediatamente libertada dentro dos capilares sanguíneos que irrigam a glândula pineal após a sua formação. Assim, a secreção de melatonina depende da sua síntese, que é catalisada por quatro enzimas distintas:

  • Triptofano hidroxilase (TPH),
  • Descarboxilase de L-aminoácidos aromáticos,
  • N-acetiltransferase (NAT),
  • Hidroxi-indol-O-metiltransferase (HIOMT).

Triptofano-serotonina-melatonina

Serotonina (antidepressivo) é precursor da melatonina

No esquema acima descrito é clara a importância da serotonina como precursor da melatonina. Relembro apenas que a serotonina é utilizada por milhões de pessoas em todo o mundo como antidepressivo! A glândula pineal participa na organização temporal dos ritmos biológicos, aturando como mediadora entre o ciclo claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos, incluindo:

  • Regulação endócrina da reprodução,
  • Regulação dos ciclos de atividade-repouso e sono/vigília,
  • Regulação do sistema imunológico, entre outros.

Melatonina e antioxidante mitocondrial

A melatonina e a glutationa (ou glutatião) são os dois mais importantes antioxidantes mitocondriais. A melatonina é um antioxidante antigo. Após o seu desenvolvimento inicial em bactérias, ela foi retida ao longo da evolução, de modo que pode estar ou pode ter estado presente em todas as espécies que existiram. Embora se tenha mantido ao longo da evolução durante a diversificação das espécies, a estrutura química da melatonina nunca mudou; assim, a melatonina presente nos seres humanos atualmente vivos é idêntica à presente nas cianobactérias que existem na Terra há bilhões de anos.

A melatonina na circulação sistémica de mamíferos desaparece rapidamente do sangue, presumivelmente devido à sua captação pelas células, particularmente quando estão sob condições de alto stress oxidativo. A medição da distribuição subcelular da melatonina mostrou que a concentração desta indolamina nas mitocôndrias excede em muito a do sangue. A melatonina presumivelmente entra nas mitocôndrias através de transportadores de oligopeptídeos, PEPT1 e PEPT2.

Assim, a melatonina é direcionada especificamente para as mitocôndrias, onde parece funcionar como um potente antioxidante mitocondrial. Além de ser absorvida da circulação, a melatonina também pode ser produzida nas mitocôndrias.

A origem das mitocôndrias e a melatonina

Durante a evolução, as mitocôndrias provavelmente tiveram origem quando as bactérias formadoras de melatonina foram engolidas como alimento por procariontes ancestrais. Com o tempo, as bactérias engolidas evoluíram para mitocôndrias; isso é conhecido como a teoria endossimbiótica da origem das mitocôndrias. Quando o fizeram, as mitocôndrias mantiveram a capacidade de sintetizar melatonina.

Assim, a melatonina não é apenas absorvida pelas mitocôndrias, mas estes organelos, além de muitas outras funções, provavelmente também produzem melatonina. As altas concentrações da melatonina e as suas múltiplas ações como antioxidante proporcionam uma potente proteção antioxidante a estes organelos que estão expostas a abundantes radicais livres.

Estudo: Melatonin as a mitochondria-targeted antioxidant: one of evolution’s best ideas

Atualmente médicos e investigadores de renome como o cardiologista  Dr. Steven Gundry colocam a hipótese de a principal função do sono ser produzir melatonina para proteger o bom funcionamento das nossas mitocôndrias, pois sem a energia produzida pelas mitocôndrias não estaríamos vivos!

Stress oxidativo e cancro

A mitocôndria é a principal responsável pelo fornecimento de energia, trifosfato de adenosina, ATP (adenosine triphosphate), às células e a maior produtora de espécies reativas do oxigénio (radicais livres), ROS (reactive oxygen species), tais como o anião superóxido (O2.-), o peróxido de hidrogénio (H2O2) e o radical hidroxilo (OH.).

A manutenção de um equilíbrio entre a produção de ROS e as defesas antioxidantes é crucial para o bom funcionamento do organismo humano. No entanto, pode ocorrer um desequilíbrio devido à produção excessiva de ROS ou à deficiência de defesas antioxidantes. A este desequilíbrio dá-se o nome de stress oxidativo. O excesso de ROS pode danificar o DNA, os lípidos ou as proteínas e levar ao aparecimento de diversas doenças, incluindo o cancro.

O genoma mitocondrial é mais suscetível a mutações por possuir limitações nos mecanismos de reparação. As lesões ao nível do DNA mitocondrial (mtDNA) podem ser mutações nas regiões codificantes ou na região D-loop (displacement loop), ou simplesmente alterações do número de cópias de mtDNA. Para se defender do stress oxidativo, o organismo desenvolveu mecanismos de defesa endógena antioxidante. As defesas dividem-se em:

  • Enzimáticas como por exemplo a superóxido dismutase, a glutationa peroxidase e a catalase;
  • Não enzimáticas, como por exemplo as vitaminas A, C e E.

Existe a hipótese de uma alimentação rica em nutrientes com propriedades antioxidantes poder ser benéfica na prevenção contra a oxidação mas ainda sem suporte científico consistente. No entanto, o excesso de nutrientes com propriedades antioxidantes ou mesmo de suplementos antioxidantes podem ser cancerígenos.

Utilização terapêutica da Melatonina

Como dormir rápido e como dormir bem

Em humanos, a melatonina tem como principal função regular o sono ou seja, num ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono, de forma a que possa dormir rápido e dormir bem. Por isso como dormir bem é muito importante então devemos eliminar do ambiente mecanismos que possam acelerar o metabolismo e impedir o sono, mesmo que não percebamos, tais como:

  • Fontes de som,
  • Fontes de luz,
  • Aromas,
  • Calor

Outra função atribuída à melatonina é a de antioxidante, agindo na  recuperação de células epiteliais expostas a radiação ultravioleta e através da administração suplementar, ajudando na recuperação de neurónios afetados pela doença de Alzheimer e por episódios de isquemia (como os resultantes de acidentes vasculares cerebrais) e como complemento em tratamentos para a epilepsia.  Em resumo a melatonina é conhecida como a hormona do sono.

Jet lag o que é?

Jet lag é a alteração do ritmo biológico de 24 horas consecutivas que ocorre após mudanças do fuso horário em longas viagens de avião. Caracteriza-se por problemas físicos e psíquicos, especialmente do ciclo do sono, decorrentes de alterações dos níveis hormonais de hidrocortisona. 

Trata-se de uma condição fisiológica resultante de alterações no ritmo circadiano (distribuição dos períodos de sono-vigília em um ciclo de 24 horas) provocadas por uma viagem, geralmente de aviões a jato (daí o nome em inglês: jet, redução de jet plane, ‘avião a jato’; e lag, ‘atraso, retardamento’), atravessando vários fusos horários. Em consequência, após a viagem, o relógio interno (relógio biológico) não estará ajustado ao horário local. Ocorre então um distúrbio do sono transitório.

Qual a melhor melatonina para o Jet Lag

A melatonina, sob o nome comercial Circadin, é também considerado segura e extremamente eficaz na prevenção ou diminuição dos sintomas de Jet Lag. Especialmente eficaz para quem viaja por mais de 5 zonas horárias, mas pode ser usado para qualquer viagem que ultrapasse mais do que uma zona horária para quem é mais suscetível a sintomas.

Estudo clínicos constataram que a melatonina ajuda a regular o horário orgânico com mais rapidez, criando as condições necessárias para atingir um mais rápido relaxamento e descanso cerebral em viajantes, trazendo rápida adaptação ao novo fuso horário.

Existem também estudo que demonstram que a melatonina age como regulador de cada uma das etapas do balanço energético, tais como:

  • Ingestão alimentar,
  • Fluxo de energia para reserva,
  • Fluxo de energia das reservas
  • Gasto energético.

Comportamentos inadequados como tomar café depois das 18h ou ver televisão até tarde podem dificultar o inicio do sono ou comprometer a sua continuidade, penalizando os processos que dele dependem, como por exemplo a regulação do cortisol que é a hormona do stress. Quanto mais alto for o nível de cortisol no nosso organismo mais ansiedade vamos sentir!

Ritmo circadiano o que é?

Num velho vídeo de Novembro de 2015 Michael Rosbash explica o seu trabalho com Jeffrey C. Hall. Fala neste incrível relógio que temos dentro de nós e que consegue antecipar as mudanças cá fora. “É muito mais vantajoso saber o que vai acontecer do que reagir ao que já aconteceu. E esse é um dos papéis do ritmo circadiano”, diz.

Ritmo circadiano
Fonte: Comité Nobel de fisiologia ou medicina

Cronobiólogos ganham prémios Nobel

São geneticistas e cronobiólogos… uma espécie de “relojoeiros do corpo humano”, a saber:

  • Michael Rosbash,
  • Jeffrey Connor Hall,
  • Michael Warren Young

Estes três cientistas Norte Americanos, conquistaram a 2 de Outubro de 2017, o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina por descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.

Os trabalhos com mais de duas décadas nesta área mostraram como funcionam genes que estão ligados ao sono e à forma como regulamos o nosso metabolismo nas diferentes fases do dia. Os três cientistas norte-americanos revelaram alguns dos importantes circuitos e peças que fazem a complexa máquina do nosso relógio biológico funcionar. E, claro, perceberam onde e como pode avariar.

Relógio biológico antecipa mudanças

Segundo Anna Weddell, do comité do prémio Nobel, os investigadores mostraram, por exemplo, que “precisamos do relógio biológico para antecipar as mudanças que ocorrem durante um dia, não é só para nos adaptarmos a essas mudanças”.

Assim, recorrendo ao modelo da mosca-da-fruta, os investigadores perceberam que o corpo dos animais (incluindo o dos seres humanos) desencadeia uma série de ligações que nos preparam para acordar, mesmo antes de a luz do dia “nos avisar”. Da mesma forma, há uma preparação do organismo para o momento noturno, do sono.

Diogo Pimentel, investigador português na Universidade de Oxford que se dedica a esta área, explica:

“Até hoje não sabemos por que precisamos de dormir, mas já é claro que a regulação do sono obedece a dois processos: o ciclo circadiano (ou relógio) e o sistema homeostático” .

O tal relógio faz com que todos os organismos (incluindo nós) se sincronizem e adaptem a fatores do ambiente externo, sendo a luz o fator principal. Sobre os resultados do trabalho dos cientistas agora premiados com o Nobel da Medicina, Diogo Pimental comenta:

“É de facto uma história de sucesso fantástica e um excelente exemplo de como genes e moléculas são responsáveis por orquestrar o nosso comportamento.”

Genes na regulação do nosso sono

Segundo os prémio Nobel da medicina 2017, os genes mais importantes para o nosso ritmo circadiano são:

  • Gene period (PER) – Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona este gene;
  • Gene timeles (TIM) – Michael Warren Young descobriu este gene;
  • Gene doubletime (DBT) – Michael Warren Young, da Universidade de Rockefeller também identificaram este gene.

Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall são dois amigos de longa data que trabalham juntos há várias décadas. Actualmente, estão na Universidade de Brandeis, no Massachusetts (EUA). Michael Warren Young é um cronobiólogo que investiga no laboratório de genética da Universidade de Rockefeller, em Nova Iorque. Os três estudam o sono, os mecanismos que o nosso relógio biológico usa para se adaptar ao ambiente cá fora.

No centro das investigações destes cientistas está o papel de alguns genes que “participam” neste processo de regulação do ritmo circadiano. Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona o gene period (PER). Isolaram este gene e descobriram que produzia uma proteína que se acumulava nas células durante a noite e degradava-a durante o dia. Ou seja, os níveis estavam sintonizados com o ritmo circadiano (uma palavra que na sua origem em latim quer dizer algo como “cerca de um dia”, 24 horas).

Michael Warren Young descobriu o gene timeles (TIM), outra peça importante nesta máquina. Juntos, os três cientistas perceberam que por trás dos nossos sonos e vigílias estes genes actuam em conjunto formando um sistema de sinais químicos. O investigador da Universidade de Rockefeller identificou ainda um outro gene chamado doubletime (DBT) que era capaz de atrasar a acumulação da proteína PER. Estavam desvendados mecanismos-chave sobre os princípios do relógio biológico.

Mutações genéticas quais as consequências?

Encontrar os genes e a sua função fez com que se concluísse também que mudanças (ou mutações) nestes “genes-relógio” (as peças biológicas do relógio circadiano comparáveis às rodas dentadas de um relógio mecânico) estão associadas a uma série de distúrbios do sono em humanos.

Mesmo algumas formas de depressão podem estar de alguma maneira ligadas ao controlo do ritmo circadiano. Assim, por causa destes três investigadores, hoje sabemos mais sobre os mecanismos que regulam o nosso ritmo circadiano que, por sua vez, regula muitos dos nossos genes.

Funções críticas do relógio biológico

“O relógio biológico regula funções críticas, tais como:

  • Comportamento,
  • Níveis hormonais,
  • Sono,
  • Temperatura corporal,
  • Metabolismo.

O nosso bem-estar é afetado quando existe um desajuste entre o nosso ambiente externo e este relógio biológico interno, o que acontece, por exemplo, quando viajamos em diferentes fusos horários e experimentamos jet lag.

Há também indícios de que os problemas na sincronização de nosso relógio interno com o ambiente e estilo de vida podem estar associados ao aumento do risco de várias doenças”, refere o comunicado de imprensa do comité do Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia.

Causas de insónia

As principais causas de insónia são claramente as seguintes:

  • Ansiedade
  • Depressão
  • Dor

São inúmeras as patologias que podem causar insónia. Desde logo as de caracter psicológico e psiquiátrico são claramente as duas mais importantes.

No entanto todas as patologias ou doenças que possam provocar dor são muito relevantes entre as principais causas de insónia. Assim em todos estes casos com sintomas dolorosos a principal estratégia no combate à insónia passa pela estabilização da patologia primária e nomeadamente o controle da dor durante a noite.

Outras causas frequentes de insónia são a desinformação básica acerca de regras simples mas “obrigatórias” para ajudar o nosso organismo a seguir o ritmo circadiano que marca claramente os nossos ciclos saudáveis de sono. O conjunto de regras simples, que descrevo de seguida, é habitualmente designado de higiene do sono!

Como dormir melhor

Higiene do sono

A higiene do sono é a designação dada ao conjunto de estratégias que englobam hábitos e comportamentos potenciadores de um bom sono, consolidado e recuperador. Frequentemente, os tropeços nestas regras básicas que interferem na psicobiologia humana, associam-se a um sono perturbado passível de se transformar num estado patológico crónico, muitas vezes de difícil retrocesso. Mais adiante neste artigo descrevo todas as regras essenciais para um bom sono incluindo as melhores posições para dormir.

Mais à frente neste post descrevo mais em detalhe a importância destas regras mas algumas das mais simples e de aplicação imediata, são as seguintes:

  • Quarto completamente escuro;
  • TV telemóveis, tablets e aparelhos eletrónicos desligados;
  • Ambiente silencioso;
  • Baixa temperatura ambiente (mas não gelada!);
  • Não beber café  ou chá com cafeína até 6 horas antes de se deitar;
  • Não beber álcool.

Dormir uma sesta é bom ou mau?

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Apesar das diferenças individuais, na mesma pessoa, e em condições normais, a necessidade de sono durante as 24h mantém-se de dia para dia. Por conseguinte se gastarmos parte das horas destinadas ao sono, durante uma sesta a noite será provavelmente mais curta (geralmente com maior dificuldade de iniciar o sono mas também associado à sua interrupção repetida). Tendo esta informação em mente fica também claro que quem dorme uma sesta sente ao acordar desse pequeno sono, em geral, um aumento da concentração e energia que ajuda a passar melhor o que resta do seu dia.

No entanto também sentirá que quando chegar a hora de dormir vai ter dificuldade em adormecer à hora habitual o que vai causar, mais uma vez, a diminuição do tempo e da qualidade do sono nessa noite. No dia seguinte é também provável que volte a sentir a necessidade de uma nova sesta… iniciando uma espécie de ciclo vicioso que só pode ser quebrado com a disciplina de se deitar sempre à mesma hora e ter uma noite de sono de aproximadamente 7 horas e meia.

Exercício físico será que é bom para o sono?

As atividades noturnas devem procurar favorecer o sono e não a vigília. Neste sentido, o exercício físico intenso é, em principio, contra-indicado no horário próximo ao de dormir, já que, devido à ativação intensa generalizada que condiciona, e a um aumento da temperatura corporal, atrasa o inicio do sono. O exercício ligeiro a moderado, por sua vez, promove o sono, ao que parece, através de um mecanismo reflexo. Por outro lado, estratégias de relaxamento, favoráveis a uma inativação geral parecem ser sonogénicas.

Álcool dá sono, isso é bom?

Relaxantes como o álcool só aparentemente facilitam o sono. Na realidade, apesar de poderem diminuir a latência do sono, no decorrer da noite, este passa a ser, significativamente pior, mais superficial e fragmentado, após a ingestão de álcool. Pode até adormecer mais depressa mas a qualidade do sono é muito pior e vai acordar com um enorme cansaço e até dor de cabeça.

Tabaco e influência no sono

O tabaco contém nicotina (um estimulante) e é igualmente prejudicial ao sono, devendo ser evitado. Por outro lado o tabaco é um irritante das mucosas nasais e da garganta o que pode alterar o fluxo de ar e causar o ressonar além de aumentar as probabilidades de desenvolver doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

Última refeição do dia

Uma refeição ligeira, sobretudo contendo alimentos ricos em L-triptofano (uma substância promotora do sono), como o leite, é benéfica, mas as refeições pesadas prejudicam o inicio do sono. Também os líquidos não deverão ser excessivos perto da hora de dormir, devendo mesmo ser evitados por vezes, sobretudo em pessoas cujo sono seja frequentemente interrompido pelas idas à casa de banho.

Quando não tenho sono o que fazer?

Obrigar o sono traz muitas vezes uma frustração acrescida, sendo causa frequente de desenvolvimento de insónia psicofisiológica. Assim, é boa prática deixar a cama quando surgem dificuldades para adormecer. Nessa circunstância, fazer algo relaxante como ler ou ouvir música, pode ser adequado e ajudar o sono a chegar e então encaminhar ao leito.

Dormir demais quais os riscos?

Dormir horas a mais MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

O prolongamento do tempo na cama constitui, muitas vezes, um hábito penalizador do sono, dado que o mesmo se associa a um sono mais superficial e fragmentado e, portanto, com menor rentabilidade. A regularidade de horários reservados ao sono e à vigília também são determinantes de uma boa função do ciclo sono-vigília, já que a falha neste compromisso resulta frequentemente numa perturbação do ritmo circadiano e consequentemente no sono.

1. Aumenta o risco de depressão

Um estudo de 2014, com adultos gémeos, permitiu aos investigadores concluir que dormir muitas horas (mais de nove) aumenta o risco de sintomas depressivos.

2. Pode debilitar o cérebro

Em 2012, uma equipa de cientistas descobriu que mulheres idosas com falta ou excesso de sono viam a sua capacidade cerebral deteriorar-se num espaço de seis anos. Os cérebros das mulheres que dormem mais de nove horas ou menos de cinco registam alterações correspondentes a um envelhecimento de dois anos.

3. Pode dificultar uma gravidez

Depois de analisarem os hábitos de sono de mais de 650 mulheres submetidas a fertilização in vitro, investigadores coreanos concluíram que as taxas de gravidez mais elevadas foram registadas entre as mulheres que dormiam sete a oito horas por noite e as mais baixas entre as que dormiam entre nove a onze.

“Sabemos que os hábitos de sono podem alterar os ritmos circadianos, a produção de hormonas e os ciclos menstruais”, afirmou, em 2013, quando este estudo foi publicado, o endocrinologista Evan Rosenbluth, sublinhando que não foi possível estabelecer uma causalidade clara no caso dos tratamentos para a infertilidade.

4. Pode aumentar o risco de diabetes

Um estudo realizado no Quebec concluiu que quem dorme mais de oito horas por noite têm o dobro das probabilidades de desenvolver diabetes tipo 2, ao longo de um período de seis anos, em comparação com que dorme entre sete a oito horas, mesmo tendo em consideração as diferenças de massa corporal.

5. Pode levar ao aumento de peso

O mesmo grupo de investigadores analisou também o peso e o aumento de gordura entre os participantes, no mesmo período de seis anos, e chegou à conclusão que os que dormiam demais ou de menos ganhavam mais peso do que os que dormiam as recomendadas sete a oito horas por noite.

Os que dormiam nove a dez horas tinham 25% mais probabilidade de aumentar cinco quilos nesses seis anos, mesmo com uma alimentação controlada e atividade física.

6. Pode danificar o coração

Uma investigação apresentada em 2012, nos EUA, revelou a relação entre dormir oito ou mais horas por noite e o aumento de risco de problemas cardíacos. Depois de analisar os dados de mais de 3 mil pessoas, os cientistas descobriram que as que dormiam mais tinham o dobro do risco de angina e 1.1 vezes mais o risco de doença das artérias coronárias.

7. Pode aumentar o risco de morte prematura

Uma análise de 16 estudos diferentes levou um grupo de investigadores a concluir que há um risco de morte prematura – por várias causas – aumentado entre os que dormem mais de oito horas por noite, do total de quase 1,4 milhões de participantes nas várias investigações.




Quantas horas devo dormir?

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Gráfico cansaço vs horas de sono

Este gráfico indica que 8 horas de sono, num adulto em idade ativa,  é o ideal para não acordar cansado. Alguns estudos apontam para 7 horas e meia serem suficientes e até ótimas em muitos adultos em idade ativa. De facto tendo em conta que temos durante a noite vários ciclos de sono de aproximadamente 90 minutos cada tal significa que se acordarmos ao fim de 7 horas e meia estaremos exatamente a terminar o quinto ciclo de sono.

Se continuássemos a dormir o próximo ciclo terminaria cerca de hora e meia depois ou seja faríamos 9 horas de sono desde a hora em que adormecemos. É por isso que, se nos deitarmos à meia noite, geralmente, acordamos mais “bem dispostos” ás 7.30 h do que ás 8.00h apesar de dormirmos mais meia hora!

Dormir demais nos bebés e nas crianças

Nos bebés é hábito dormir muito

Nos bebés já é hábito e saudável dormir muito mais que um adulto. O tempo de sono recomendado por faixa etária varia de especialista para especialista. A American Sleep Association divulgou recentemente novas recomendações onde estabelece períodos mínimos e máximos adequados a cada idade. No entanto, alerta para o facto de que o tempo para um sono reparador varia de acordo com as características pessoais. Refere também que dormir de mais é tão mau como dormir pouco, estabelecendo limites mínimos e máximos aceitáveis.

Dormir pouco qual o risco nas crianças?

Sabia que na infância cerca de 90% da hormona de crescimento é libertada durante o sono?

As crianças que dormem menos tempo do que o aconselhado ou que apresentam distúrbios decorrentes do sono podem ter problemas no desenvolvimento físico, no fortalecimento do sistema imunológico, na consolidação da memória e dificuldades no relaxamento muscular.

Recomendações de horas de sono

Segundo a American Sleep Association estas são as recomendações de horas de sono saudáveis desde os recém nascidos até aos 13 anos de idade:

  • Recém-nascidos (0-3 meses): 14 a 17 horas (anteriormente 12-18)
  • Bebés (4-11 meses): 12-15 horas (anteriormente 14-15)
  • Crianças (1-2 anos): 11-14 horas (anteriormente 12-14)
  • Crianças em idade pré-escolar (3-5 anos): 10-13 horas (anteriormente 11-13)
  • Crianças em idade escolar (6-13 anos): 9-11 horas (anteriormente 10-11)

Pequenos ecrãs impedem crianças de dormir

O sono é prejudicado nas crianças que utilizam disposivos electrónicos
O sono é prejudicado nas crianças que utilizam disposivos electrónicos

As crianças que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ nos seus quartos dormem menos do que as crianças que não têm acesso a estes dispositivos à noite, conclui um estudo norte-americano hoje divulgado. As conclusões da investigação publicadas na revista Pediatrics mostram que ter um chamado “pequeno ecrã” à mão é pior do que ver televisão, no que toca à falta de sono, de acordo com a observação de 2.000 crianças em idade escolar.

No geral, aqueles que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ dormem menos 21 minutos por noite em comparação com os que não usam essa tecnologia e têm mais probabilidade de acusar falta de sono. Já as crianças com televisão no quarto dormem menos 18 minutos do que as que não têm esses aparelhos na mesma divisão em que dormem.

“A presença de pequenos ecrãs, mas não de televisão, no ambiente de sono, está associada com a perceção de descanso ou sono insuficiente”, indica o estudo de Jennifer Falbe, da Universidade da Califórnia..

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Mudança da hora

Sono e dormir melhorsaude.org

Segundo o Dr. Miguel Meira Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, a mudança para a hora de inverno traz “mais riscos que benefícios” devido à “súbita exigência de mudança” do “tempo interno” das pessoas.

Ás 2 horas do dia 30 de Outubro, os relógios vão atrasar uma hora (dormimos mais uma hora), dando início ao horário de inverno, uma mudança que, tem impactos negativos na saúde. Apesar do impacto ser claramente maior no adiantamento (dormimos menos uma hora) que exigimos ao tempo em meados de Março, qualquer das direções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves.

O especialista Miguel Meira Cruz afirma que uma hora a mais de sono pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde ou naqueles que atrasam a sua hora de deitar, como acontece com adolescentes. Porém, na prática, verifica-se que “as atitudes não acompanham as intenções e este ganho tem provavelmente uma influência menor”, sublinha.

Além disso, acrescenta, “os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de inverno”, dado que para “além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afetam o humor”.

Assim alguns dos mais importantes sintomas e consequências causados pela alteração da hora,são os seguintes:

  • Prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça).
  • Alterações de humor;
  • Sonolência que pode originar, por exemplo, acidentes rodoviários;
  • Falta de concentração;
  • Fadiga;

Segundo o Dr Miguel Meira, especialista em medicina de sono, “estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente”. Para o especialista, a mudança da hora “é mais um exemplo do predomínio de interesses económico-financeiros, que vigora no mundo, em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde”.

A alteração proposta originalmente por Benjamim Franklin, tinha como intensão rentabilizar a energia luminosa poupando gastos, mas em rigor, não só não se confirmaram os ganhos teoricamente previstos, como se tem vindo a descobrir perdas importantes de saúde associadas à alteração brusca da hora.

Dormir melhor mas como…?

11 decisões que já esta noite fazem dormir melhor

A verdade é que um bom sono depende de vários fatores simultâneos e que jamais conseguirá dormir bem se não controlar os que listamos de seguida. Na maioria das pessoas basta um destes fatores para não ter uma quantidade e/ou qualidade de sono profundo adequada, mesmo quando julgam que dormem bem! Os registos encefalográficos dos especialistas do sono não deixam dúvidas quanto à fragmentação do sono quando algumas destas condições não são adequadas ao ambiente do quarto onde dorme.

Não esquecer também que dormir bem não é dormir demais!

Aqui ficam as condições essenciais que importa controlar:

  • Não tomar cafeína ( café, chá e chocolate ) até 6 horas antes de dormir para controlar um excesso de estado de vigília noturna e degradação do sono profundo.
  • Vinho, apenas deve beber um copo ao jantar pois apesar de ajudar a adormecer vai degradar a qualidade e quantidade do sono profundo.
  • Baixe a temperatura do quarto pois o cérebro associa o frio com a necessidade de dormir para o organismo gastar menos energia.
  • Não faça exercício á noite pois, como anteriormente detalhamos neste artigo, há libertação de neurotransmissores como a adrenalina que nos tiram o sono.
  • Afaste-se de todos os aparelhos eletrónicos com ecrans ou seja TV, computador, smartphone e tablet, pois a luz emitida por estes gadgets envia ao cérebro a mensagem de que ainda é dia!
  • Não tome líquidos ao deitar, expecto se sentir sede, pois vai aumentar as probabilidades de acordar de noite para urinar e fragmentar o seu sono.
  • Torne o quarto completamente escuro com estores totalmente fechados e/ou cortinas que impeçam a passagem da luz solar. Bastam alguns raios de luz antes de tempo para estimular o despertar e impedir que complete o mínimo de horas de sono necessárias para repor a sua energia.
  • Levanta-se sempre à mesma hora mesmo ao fim de semana para manter o ritmo circadiano natural do seu corpo.
  • Quando o despertador tocar levante de imediato as persianas, afaste as cortinas e deixe entrar o luz do Sol. Fazer o despertador tocar de 10 em 10 minutos só vai fragmentar o seu sono e aumentar o cansaço. A luz é o seu melhor despertador.
  • Controle a ansiedade – As preocupações são constantes, mas não devem acompanhar-nos na cama. Existem formas de reduzir o seu impacto como por exemplo fazer uma lista de preocupações e definir estratégias para as resolver no dia seguinte. O objetivo é lidar, em consciência, com cada uma das preocupações, de tal forma que estas deixem de ser um fator negativo perpetuante.
  • Banho quente – uma a duas horas antes da hora de deitar, ajuda, por mecanismos semelhantes aqueles que acompanham os efeitos do exercício ligeiro a moderado, a uma diminuição da latência do sono (intervalo de tempo que passa desde que uma pessoa se deita até que adormece).

Melhores posições para dormir

Será que a posição que escolhe para dormir é a melhor?  Esse é um dos hábitos que melhores benefícios pode trazer à saúde da sua coluna vertebral e por conseguinte à qualidade do seu sono. De seguida deixamos uma imagem que ilustra quais as melhores posições para dormir e proteger as suas costas. Confirme se a sua está correta senão corrija o mais cedo possível, para bem da sua saúde!

Posições correctas e erradas para dormir

Exames para avaliar a qualidade do sono

Existem 4 exames que têm uma importância muito relevante no diagnóstico correto da qualidade do sono, a saber:

  • Registo do sono profundo,
  • Testes psicológicos,
  • Polissonografia ou estudo do sono,
  • Exames da Tiroide (TSH, T4, T3)

Comprimidos para dormir quais os riscos?

A utilização de comprimidos para dormir é cada vez mais comum. Sabe-se que mais de 25% das insónias estão relacionadas com outras doenças, tais como como:

  • Ansiedade
  • Depressão

A maior parte das pessoas não tem uma boa higiene do sono (hábitos que promovem uma boa noite de sono, como por exemplo deitar a um horário regular, evitar bebidas cafeinadas à tarde e à noite, não estar no computador ou tablet na cama, não ver televisão no quarto, etc).

Nestas situações, recorre-se frequentemente aos chamados comprimidos para dormir. Os mais prescritos são os ansiolíticos tais como:

  • Benzodiazepinas, como o alprazolam (Xanax®), o lorazepam (Lorenin®) e o diazepam (Valium®);
  • Benzodiazepinas mais sedativas, como o estazolam e o loprazolam;
  • Hipnóticos mais recentes e com menor risco de dependência e tolerância, caso dos chamados medicamentos Z, como o zolpidem.

Estes grupos pertencem à categoria dos psicofármacos, cujo consumo tem vindo a aumentar nos últimos anos.

A prescrição deste tipo de medicamentos pode ser necessária para combater rapidamente as insónias e, como tratamento de curta duração, são de facto eficazes e seguros. No entanto, estes fármacos oferecem apenas uma solução a curto prazo e não resolvem o problema das insónias na sua origem, além de comportarem riscos para a saúde quando tomados durante muito tempo (mais de quatro semanas).

Riscos e efeitos adversos dos comprimidos para dormir

Os comprimidos para dormir acarretam riscos de vária ordem a que deve estar atento, tais como:

  • Efeitos secundários como sonolência, confusão e descoordenação motora, mas também um possível agravamento das insónias;
  • Diminuição da atenção, do tempo de reação e da velocidade do desempenho;
  • Tolerância progressiva que obriga à toma de doses cada vez mais elevadas para obter o mesmo efeito;
  • Dependência ou habituação;
  • Potencial de abuso, sobretudo em pessoas com historial de dependência;
  • Síndrome de abstinência, que inclui tremores, agitação psicomotora, suores, palpitações, náuseas e vómitos, desorientação, alucinações e até convulsões, razão pela qual não se deve interromper este tipo de medicação abruptamente;
  • Défices cognitivos e até síndromes demenciais, segundo alguns estudos;
  • Interação com bebidas alcoólicas e outros medicamentos, especialmente os depressores do Sistema Nervoso Central (SNC);
  • Risco aumentado de acidentes de trabalho ou acidentes de viação por sonolência excessiva.

Quem sofre de insónias pode e deve discutir com o seu médico assistente as melhores alternativas aos comprimidos para dormir, o que poderá implicar mudanças nos hábitos e nos estilos de vida, a adoção de uma correta higiene do sono, bem como pequenas medidas comportamentais favorecedoras do seu sono natural. Na verdade, existem muitas outras formas de ter uma boa noite de sono, sem riscos para a sua saúde.

Atenção: Não tome comprimidos para dormir e álcool ao mesmo tempo. Esta mistura explosiva aumenta o efeito sedativo dos medicamentos e pode provocar perda de consciência e depressão respiratória.

Concluindo

O nosso cérebro é uma “máquina verdadeiramente extraordinária” cuja ferramenta mais importante para manter o equilíbrio é o sono. É o sono que nos permite consolidar as nossas memórias “arrumando-as” de maneira a estarem disponíveis quando delas necessitamos! É também o sono que nos permite recarregar a energia para enfrentar um novo dia com raciocínio mais acertado e melhores tomadas de decisões em inúmeras opções de vida do nosso quotidiano. È frequente uma pessoa com uma má noite de sono tomar decisões erradas, algumas das quais podem colocar vidas em perigo tais como na condução de veículos e até na medicina!

O sono tem inclusive influência nas feridas, cujo processo de cicatrização é acelerado durante o sono e também no nosso sistema imunitário que fica fragilizado quando não dormimos o suficiente ou dormimos demais! Resumindo e para ser muito claro…jamais um organismo consegue o equilíbrio com um sono desregulado ou insuficiente!

Se tem dificuldade em dormir ou acorda cansado, melhore a sua “higiene do sono”. Eu próprio tive que “disciplinar o meu sono” com alterações simples como, por exemplo, tornar o quarto completamente escuro pois no meu caso uma ínfima friesta de luz me faz acordar! Desligar atempadamente televisão, telemóvel e tablet pelo menos 1 hora antes de dormir também foi uma medida de extrema importância para melhorar o meu sono. Enfim… siga as recomendações descritas neste artigo e pode ter a certeza que a qualidade do seu sono vai melhorar e vai sentir uma energia extra que julgava impossível!

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Referências:

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Hiperidrose transpiração excessiva causas e tratamentos

A transpiração é uma função corporal normal que ajuda a regular a temperatura corporal. A hiperidrose (H) é caraterizada por uma transpiração em quantidade superior à fisiologicamente necessária para a termorregulação.1-4

Este artigo tem como principal referência o trabalho publicado pela Dra Aurora Simón, Diretora técnica do CIM (Centro de Informação do Medicamento) da Ordem dos Farmacêuticos.

A hiperidrose é uma afeção sem gravidade, mas pode ter consequências sociais e emocionais.2,3,5-7 Têm sido relatados problemas psicológicos,4,8 como baixa autoestima ou dificuldades interpessoais, com impacto negativo nas atividades diárias e no desempenho laboral.8 A transpiração excessiva pode incomodar em atividades que necessitam de precisão1 e causar desconforto, problemas estéticos, receio de apertar as mãos, deterioração do vestuário2 e constrangimento relacionado com possível odor corporal ou com manchas de suor na roupa.4

A prevalência da hiperidrose é difícil de estimar e, provavelmente, é subestimada.9 As estimativas variam de 1-5% da população.2,10 Menos de metade dos afetados fala deste problema com o seu médico.3,10 Geralmente, é uma condição idiopática crónica ou seja hiperidrose primária.1,2 Esta costuma ser localizada; a generalizada parece ser menos comum. 4,5 

Hiperidrose focal primária (HFP)

A hiperidrose focal primária (HFP) é definida por uma transpiração excessiva durante seis meses numa área corporal limitada, com pelo menos dois dos seguintes critérios: 

  • Afetação bilateral e relativamente simétrica, 
  • Ocorrência pelo menos uma vez por semana, 
  • Comprometimento das atividades quotidianas, 
  • Antecedentes familiares, 
  • Não ocorre durante o sono,
  • Inicio antes dos 25 anos. 

Sintomas

Habitualmente, o excesso de transpiração, afeta as axilas, as palmas das mãos e as plantas dos pés. Menos comummente, outros locais, como a face, o couro cabeludo e as áreas inguinais e inframamárias.1-3 

Causas

Até dois terços das pessoas afetadas relatam história familiar,3,6 sugerindo uma predisposição genética.3,4,6,7 Em alguns casos, a hiperidrose focal primária é desencadeada ou acentuada por fatores como emoção, ansiedade ou esforços físicos.1

Glândulas sudoríparas

Em humanos existem três tipos de glândulas sudoríparas: 

  • Écrinas, 
  • Apócrinas,
  • Apoécrinas.2 

As écrinas constituem 90% do número total.5 As glândulas sudoríparas distribuem-se por todo o corpo,2,3,5 mas concentram-se nas palmas das mãos, plantas dos pés e, em menor grau, nas axilas e na face. 3,7

A termorregulação é controlada por estruturas corticais, o hipotálamo anterior e o sistema nervoso autónomo.11 As glândulas écrinas são inervadas pelo sistema nervoso simpático, utilizando a acetilcolina como neurotransmissor primário.2,10,11 Embora os mecanismos exatos não sejam bem compreendidos,3,5,7,11 a hiperidrose focal primária não está relacionada com alterações no número ou tamanho das glândulas écrinas,2,3,10,11 mas sim com uma hiperestimulação dessas glândulas ligada a uma disfunção ou hiperativação do sistema nervoso autónomo,3,11 bem como a uma hipersensibilidade a estímulos (emocionais ou outros).11

Hiperidrose secundária

A hiperidrose secundária, menos comum,4 tem habitualmente uma causa subjacente,10 como condições médicas ou medicamentos.3-5 Pode ser generalizada ou, mais raramente, localizada.3,5,10 

Sintomas

O padrão de sudorese costuma ser unilateral e assimétrico. Ao contrário da hiperidrose focal primária, a hiperidrose secundária costuma ter início após os 25 anos de idade, ocorrendo tanto durante a vigília como durante o sono. 2,5,10 Além disso, uma história familiar é menos comum. 5

Causas

A hiperidrose secundária pode ser causada, entre outras,  por doenças ou condições de saúde, tais como: 

  • Infeções,1,3,10,11 (ex. tuberculose ou VIH),2,10,11 
  • Linfomas, 
  • Cancro, 
  • Hipertiroidismo, 
  • Diabetes mellitus1,4,7,10,11 
  • Hipoglicemia,6,7,10 
  • Doença de Parkinson, 
  • Neuropatias,1,7,11 
  • Feocromocitoma,2,6,7,11 
  • Alcoolismo,3,6,7 
  • Abstinência (cocaína, opioides),4,11,12
  • Menopausa.1,3,4,6,7,11.

Medicamentos que alteram a transpiração

Medicamentos de diversas classes podem influenciar a transpiração. Entre outros destacam-se os seguintes:

  • Antibióticos (ex. ciprofloxacina, claritromicina, cefalosporinas), 
  • Antidepressores, 
  • Antidiabéticos,3,10,13 
  • Antiinflamatórios não esteroides,13,14 
  • Antipsicóticos,7,11,13 
  • Inibidores da acetilcolinesterase,4,13 
  • Antivíricos (ex. aciclovir, ribavirina),10,13 
  • Agonistas colinérgicos,3,10,12
  • Moduladores dos recetores de estrogénios.3,12

Diagnóstico

O diagnóstico de hiperidrose geralmente é feito por avaliação clínica.7 Existem questionários e escalas para determinar a sua gravidade em função do grau de interferência nas atividades diárias.4,7,11 É importante a distinção entre hiperidrose primária e secundária, pois as duas formas podem exigir tratamento diferente. 5

Nos locais com hiperidrose, frequentemente coexistem transtornos cutâneos, como dermatites, eczema atópico, intertrigo, verrugas1 ou dermatofitose.2 A humidade constante pode levar à maceração da pele, aumentando o risco de desenvolvimento de infeções por bactérias e fungos.2,4,5,9

Tratamento da hiperidrose

O objetivo do tratamento da hiperidrose focal primária (HFP) é melhorar os sintomas e a qualidade de vida, reduzindo a produção de suor.8 Na seleção deve ser considerada a localização, a gravidade e as preferências pessoais, bem como questões relacionadas com a segurança e o custo.2 O tratamento da hiperidrose secundária depende da causa subjacente.11 Algumas medidas podem limitar os inconvenientes da hiperidrose. A manutenção da higiene pessoal é indispensável para prevenir as consequências do excesso de humidade na pele.6 Lavar-se frequentemente, secando-se bem,1 evitando produtos para o banho irritantes.6 Preferir vestuário, meias e calçado permeáveis ao ar e em fibras naturais (algodão, lã, couro), mudando-os com frequência,1,6 e não excessivamente ajustados, para facilitar o arejamento.

Antitranspirantes

A aplicação local de antitranspirantes, geralmente à base de sais de alumínio (por ex., cloreto de alumínio), é o tratamento de primeira linha.1-4,11,14 

Os antitranspirantes atuam fisicamente como uma barreira, obstruindo a abertura dos ductos distais das glândulas sudoríparas.2,4,8,10 Também absorvem água, reduzindo a humidade e o pH locais e, portanto, o crescimento bacteriano e fúngico.9

A eficácia dos antitranspirantes tópicos foi demonstrada em alguns ensaios clínicos, mas é variável.6,11 Podem melhorar a hiperidrose palmar e plantar, embora com menor probabilidade de sucesso do que na axilar.2 Os antitranspirantes são comercializados como produtos cosméticos em múltiplas apresentações. A fim de reduzir efeitos indesejáveis, como reações alérgicas, são preferíveis os produtos com um número limitado de compostos.

Cloreto de alumínio hexa-hidratado

O cloreto de alumínio hexa-hidratado, um dos antitranspirantes mais efetivos,15 é usado na hiperidrose axilar, palmar e plantar. 4,14 Os casos mais graves podem precisar de soluções mais fortes (por ex. a 20%, 2,7,8 ou superiores3,13,14). As menos potentes (6,25%) podem ser usadas em pele sensível. 

Usar eficazmente o antitranspirante

Para evitar uma possível irritação da pele, especialmente com o uso de concentrações elevadas,4 o antitranspirante é aplicado idealmente ao deitar, quando a hiperidrose é mínima, devendo permanecer no local por seis a oito horas,2-4,9 e ser lavado pela manhã.2,4 Inicialmente, a aplicação pode ser diária, podendo ser observada melhoria em cerca de uma semana.2,14 O intervalo entre as aplicações pode então ser prolongado,2,3 Em tratamento de manutenção são normalmente aplicados uma vez por semana,2,9 ou de forma menos frequente, dependendo da eficácia e tolerância.

Efeitos adversos dos antitranspirantes

Os antitranspirantes são bem tolerados, mas podem causar irritação cutânea,1,2,6,7,9 especialmente na região axilar.2 Esta pode ser aliviada com corticosteroides de baixa potência em creme.2,8 Evitar a aplicação de produtos com álcool na zona e a depilação 48 horas antes e depois da aplicação.6 Devem ser evitados na testa e zona central da face para não afetar as mucosas.14 

Risco de exposição ao alumínio

Existiu controvérsia sobre a existência de risco de doença de Alzheimer ou de cancro da mama após exposição ao alumínio. Os estudos mais recentes não identificaram nenhum risco significativo. 

Glicopirrónio

O glicopirrónio é um fármaco anticolinérgico que atua nas glândulas sudoríparas inibindo a ação da acetilcolina. Dados limitados sugerem que a aplicação tópica (concentrações de 1-2%) pode ser eficaz.15 Não se encontra comercializado em Portugal. Os potenciais efeitos adversos são irritação local e efeitos anticolinérgicos, como boca seca e midríase.2,15

Toxina botulínica

A toxina botulínica aplicada em injeções intradérmicas locais é usada no tratamento de hiperidrose axilar, palmoplantar ou da face.3 As recomendações colocam-na como tratamento de segunda linha na hiperidrose focal primária.4,9 Numerosos estudos e uma meta-análise confirmam a eficácia da toxina botulínica na hiperidrose axilar.2,11,16 Alguns estudos apoiam também o uso na hiperidrose palmar, sendo mais limitados os dados relativos ao uso na plantar.2 A maioria dos estudos foram realizados com a toxina botulínica A.

A toxina botulínica bloqueia a libertação de acetilcolina dos neurónios colinérgicos que inervam as glândulas écrinas,3 reduzindo a produção de suor. 1-3,7,8,10 Como são sintetizadas novas junções neuromusculares, os efeitos duram cerca de 4 a 9 meses,3,8 sendo necessárias repetições do tratamento. 7 Têm sido relatadas durações de efeito entre 2 a 24 meses. 2,7,9

Habitualmente, são realizadas 10 a 20 injeções intradérmicas em cada axila, espaçadas 1-2 cm,2,4,9 devendo ser realizadas por um médico treinado. As doses dependem da toxina utilizada e da área afetada. 9 Os efeitos indesejáveis incluem reações locais, debilidade muscular, mialgias, disfagias, pneumopatias por inalação, reações anafiláticas1 e hematomas no local da injeção. 2,3,11 

Pode surgir uma hiperidrose compensatória a nível do tronco ou membros.1 A dor durante as injeções é comum. Para a reduzir pode ser aplicado um anestésico tópico, crioanalgesia (sprays refrigerantes ou compressas de gelo) ou a anestesia por vibração.2,4,8 Uma complicação do tratamento na hiperidrose palmar é fraqueza temporária dos músculos da eminência tenar.

O tratamento é contraindicado em distúrbios neuromusculares como miastenia gravis, na gravidez, no aleitamento e na toma de medicamentos que possam interferir na transmissão neuromuscular.8 A toxina botulínica mostrou melhoras na hiperidrose craniofacial em estudos não controlados e relatos de casos. A administração deve ser cuidadosa para evitar defeitos funcionais ou cosméticos. Por ex., a ptose da sobrancelha é uma complicação potencial do tratamento na testa.2

Iontoforese

A iontoforese pode ser útil em pessoas com afetação importante nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés.1-3,14 Embora os estudos sejam limitados, a iontoforese parece aliviar os sintomas em cerca de 85% dos afetados. Consiste na introdução de substâncias ionizadas através da pele pela aplicação de uma corrente elétrica.2,4 Mãos ou pés são colocados num equipamento com água no qual circula uma corrente elétrica de baixa intensidade.1,9 O mecanismo de ação é mal conhecido,3,9 mas acredita-se que iniba a transmissão nervosa simpática, obstruindo as glândulas sudoríparas ao depositar iões e que cause alterações no pH.4 Existem elétrodos especiais usados na hiperidrose axilar.8,15 

Os efeitos colaterais são leves,4,8,14 geralmente, evitáveis com a técnica adequada:8 eritema, vesiculação transitória, parestesia, desconforto,2,4,15 prurido e ressecamento da pele.1,2,11 A aplicação de vaselina antes do tratamento protege de lesões cutâneas.1,2 O tratamento não é adequado para pessoas com pacemaker, epilepsia, gravidez,9,15 próteses ou dispositivos intrauterinos metálicos14 ou na presença de lesões nas mãos ou pés. 9

Tratamento sistémico

Há tratamentos sistémicos eficazes, mas os potenciais efeitos colaterais limitam o uso.8 Um tratamento oral pode ser preferível a outras opções, como cirurgia.16 Os anticolinérgicos inibem a secreção das glândulas écrinas ao bloquear a acetilcolina.8 Têm sido usados por via oral em caso de falta de resposta ao tratamento tópico ou de sintomas mais generalizados. Os mais comummente prescritos são o glicopirrónio e a oxibutinina. 3,4,7,14 

Oxibutinina

Em alguns estudos, a oxibutinina melhorou os sintomas e a qualidade de vida na hiperidrose. 2,3,8 Geralmente, a dose no adulto é de 5 a 10 mg/dia, em duas doses divididas no caso da oxibutinina de libertação imediata. Em alguns casos têm sido utilizadas doses superiores. 2,15 O tratamento pode ser limitado pelos efeitos colaterais, embora possam ser minimizados com o uso da menor dose eficaz. 16 

Glicopirrónio

O glicopirrónio oral mostrou eficácia em alguns estudos. 8,15 As doses em adultos são de 1 a 2 mg/dia,2,15 uma ou duas vezes/dia, mas, ocasionalmente, são necessárias doses superiores.2 

Os potenciais efeitos adversos dos anticolinérgicos incluem: boca seca (o mais comum), retenção urinária, obstipação,3,7,9,11 visão turva,2,8,11 xeroftamia7,8 e cefaleia.2,8,9 São efeitos relativamente frequentes.11 Pode ser necessária a descontinuação do glicopirrónio em até um terço dos indivíduos tratados. São necessários estudos adicionais para confirmar a eficácia e segurança na utilização prolongada.7

Anticolinérgicos contraindicações e efeitos adversos

Os anticolinérgicos são contraindicados em glaucoma de ângulo fechado, síndromes digestivas oclusivas, miastenia, obstrução urinária e insuficiência cardíaca. Deve existir muita precaução em pessoas idosas pelo risco de deterioração cognitiva na utilização prolongada.9

Clonidina agonista alfa-2 adrenérgico

Os dados sobre o uso de clonidina, um agonista alfa-2 adrenérgico, são limitados.8 A hipotensão é um potencial efeito adverso.8,11,15 

Propranolol beta-bloqueador

Em hiperidrose relacionada com eventos emocionais podem ser úteis os beta-bloqueadores. O propranolol deve ser usado com precaução em pessoas com diabetes ou com problemas cardíacos e em idosos. Os efeitos colaterais incluem fadiga, tonturas, hipotensão e obstipação. A principal indicação é a transpiração devida ao medo cénico 4

Benzodiazepinas

As benzodiazepinas ajudam a diminuir a transpiração causada pela ansiedade.4,15 Podem causar sedação, fadiga e confusão, e têm um elevado potencial de abuso e dependência.4 A maioria dos fármacos orais não têm indicação aprovada na hiperidrose, sendo a utilização off-label. Poucos estudos os avaliaram9 e não existem orientações posológicas. São iniciados em doses baixas, que são aumentadas até atingir o efeito desejado, cuidando de não ultrapassar a dose máxima permitida.4

Outras terapias

As técnicas cirúrgicas são reservadas para formas graves e debilitantes sem resposta a outros tratamentos.1-3,8,9,15 Alguns procedimentos visam remover localmente algumas glândulas sudoríparas, geralmente nas axilas.3,9 Por exemplo, a curetagem por sucção minimamente invasiva.2,11 A simpatectomia torácica endoscópica é o último recurso, envolve a interrupção da transmissão nervosa da cadeia simpática torácica superior responsável pela transpiração.2,3,7 Pode causar hiperidrose compensatória em outras áreas corporais, bem como efeitos colaterais que podem ser graves.1,7,8 

Muitas das terapias emergentes foram avaliadas apenas em pequenos estudos, sendo ainda incertos o seu lugar na terapêutica e segurança.9 Dados limitados sugerem que a toxina botulínica tópica, os ultrassons, a terapia com laser2,8,15 e a termólise com micro-ondas8,15 podem ser úteis na hiperidrose axilar.

Acompanhamento da hiperidrose

Os indivíduos com hiperidrose podem sofrer consequências psicológicas, sociais e ocupacionais significativas.2 Em muitos casos, os profissionais de saúde podem subestimar o que as pessoas com hiperidrose vivenciam.5 Os farmacêuticos podem contribuir para que as pessoas sejam mais cientes da existência da hiperidrose e das opções de tratamento, e ajudar a reconhecer uma hiperidrose secundária.4 Deve existir encaminhamento para o médico nas seguintes situações: 

  • Hiperidrose tem início em idade adulta, 
  • Hiperidrose generalizada, 
  • Se existir febre, 
  • Aparição recente, 
  • Dor torácica, 
  • Dispneia ou palpitações, 
  • Perda de peso,
  • Se o problema for maior durante o sono,
  • Se não existir melhora com terapêutica tópica, 
  • Se a hiperidrose estiver associada a muita ansiedade,
  • Se causar problemas na interação social. 6

Produtos usados na hiperidrose

Mas afinal que produtos pode comprar na sua farmácia para mitigar a hiperidrose? A farmacêutica Marta Ferreira, pós-graduada em cosmetologia avançada, destaca alguns que podem ajudar-te bastante a controlar o excesso de transpiração, no seu blog “a pele que habito” e em particular no artigo Transpiração excessiva (Hiperhidrose)| Causas, dicas e produtos.

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17. Marta Ferreira, Farmacêutica e autora do blog “a pele que habito” https://apelequehabito.pt/2019/04/23/transpiracao-excessiva-hiperhidrose-causas-dicas-e-produtos/