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Antinutrientes lectinas fitatos oxalatos e glúten quais os mais perigosos?

Antinutrientes são substâncias químicas encontradas em plantas que impedem o nosso corpo de absorver nutrientes essenciais dos alimentos; Os principais antinutrientes que devemos observar são lectinas, fitatos, glúten e oxalatos, embora nem todos sejam maus;

Algumas pessoas são mais sensíveis aos antinutrientes do que outras; Testa a tua sensibilidade com uma dieta de eliminação para confirmar os sintomas; Comer uma fonte constante de antinutrientes pode levar a problemas intestinais, inflamação, artrite e confusão mental, sendo mais inteligente comer alimentos que não apresentam riscos potenciais;

Alguns dos alimentos que vou referir, principalmente os vegetais, são muitas vezes apontados como saudáveis. Este artigo apenas pretende alertar para a possibilidade de alguns de nós comerem de forma saudável e no entanto descreverem sintomas que são difíceis de explicar, nomeadamente gastrointestinais.

Reagimos de formas diferentes aos mesmos alimentos, uns podem comer tudo o que desejarem sem problemas mas outros reagem de forma mais agressiva a certos antinutrientes, por exemplo as lectinas das plantas.

Assim quem tem sintomas deve tentar identificar os “alimentos culpados” com uma dieta de eliminação individual ou seja deixando de comer apenas um alimento de cada vez para tentar detetar se será esse que está a determinar os maus sintomas.

Antinutrientes o que são?

Antinutrientes são compostos encontrados em alimentos que interferem na absorção de nutrientes e minerais benéficos. Eles impedem que o corpo seja a esponja de micronutrientes eficiente que deveria ser. Extraímos os alimentos e nutrientes que  necessitamos a partir do ambiente que nos rodeia mas a evolução desenvolveu plantas com capacidade de se protegerem de maneira a poderem sobreviver. Os fitoquímicos que consomem nutrientes protegem as plantas comestíveis saborosas de serem devorados até ao ponto de extinção.

Esse sistema de defesa de última geração ensinou aos animais que o consumo excessivo resultava em doenças e às vezes em morte. Os animais evoluíram para conseguirem digerir as plantas ricas em antinutrientes ou para deixarem de as comer.

Os antinutrientes são encontrados em maiores concentrações nos grãos, feijões, leguminosas e nozes, mas também podem ser encontrados em folhas, raízes e frutos de certas variedades de plantas.

Será que temos mesmo de evitar estas plantas?

Nem todos os antinutrientes são maus. É impossível evitá-los todos e não nos sentiremos bem se os cortarmos radicalmente da nossa dieta. Em vez disso, precisamos evitar aqueles que causam grandes danos no nosso intestino ou aqueles que são gatilhos para reações mais agressivas do nosso organismo. Somente eliminando um alimento da dieta e reintroduzindo-o se pode determinar se esse alimento é prejudicial.

As cinco grandes mentiras sobre saúde
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Lectinas

As lectinas são proteínas que causam problemas no sistema digestivo, aderindo à parede intestinal e criando permeabilidade intestinal.1 Quando a comida se move pelo trato gastrointestinal, ela atinge o revestimento do intestino, causando microtrauma. Normalmente, as células e os nossos mecanismos de proteção reparam esses danos  antes que isso leve a qualquer problema real. As lectinas atrapalham esse processo. Elas aderem às paredes do seu intestino, impedindo a reparação. O dano resultante causa inflamação de baixo nível no trato gastrointestinal.

Quando comemos muitas lectinas, a parede intestinal desenvolve “buracos” e o conteúdo passa para a corrente sanguínea, causando a síndrome do intestino permeável.

Existem milhares de variedades de lectinas pois elas estão presentes na maioria das espécies de plantas. Nem todas são tóxicas ou causam danos intestinais. As fontes mais comuns de lectinas incluem:

  • Grãos, 
  • Legumes, 
  • Solanáceas. 

Exemplos de plantas que contêm drasticamente mais lectinas do que outras fontes de alimentos, são os seguintes:

  • Trigo, 
  • Feijão, 
  • Quinoa, 
  • Ervilha, 
  • Amendoim, 
  • Batata branca, 
  • Tomate, 
  • Berinjela. 

Todos são suspeitos e podem causar problemas sem tu saberes! Quanto mais comemos, mais danos causam ao nosso corpo. Em vez disso, concentra-te em obter a maior parte dos nutrientes de alimentos de baixo risco. Dito isto, a sensibilidade à lectina varia muito de pessoa para pessoa. Pode comer lectinas de manhã, ao meio-dia e à noite e nunca ter problemas, no entanto podes ter um amigo que não pode tocar nessas plantas. Sabes que tens um problema com as lectinas se, depois de comer uma refeição rica em lectinas, sentires os seguintes sintomas:

  • Inflamação,
  • Confusão mental,
  • Enxaquecas,
  • Problemas gástricos,
  • Acne
  • Dor nas articulações.

Solanáceas

As lectinas das solanáceas, em particular, são um gatilho autoimune comum e podem causar sensibilidade em muitas pessoas. Para testar a tua sensibilidade, experimenta um almoço cheio de solanáceas tais como tomates, pimentões e batatas e analisa como te sentes depois.

Na maioria das vezes, podes eliminar ou reduzir o número de lectinas na comida cozinhando-a primeiro. O Dr. Steven Gundry, famoso cirurgião cardíaco, pesquisador, médico e autor, explica como diferentes métodos de preparação podem reduzir o teor de lectinas, o que minimiza os efeitos indesejáveis ​​dos antinutrientes.

“O cozimento sob pressão faz  um bom trabalho na destruição das lectinas. A ideia de deixar o feijão de molho com várias trocas de água definitivamente diminui as lectinas. O calor diminui as lectinas”, explica Gundry. “Mas existem documentos muito válidos que mostram que isso provavelmente não é suficiente para indivíduos muito sensíveis.”

Dicas de dieta:

  • Escolhe arroz branco em vez de arroz integral, as lectinas estão na casca do arroz;
  • A batata-doce tem drasticamente menos teor de lectinas do que a batata branca;
  • Evita a manteiga de amendoim pois as lectinas do amendoim causam uma resposta inflamatória na maioria das pessoas e não são destruídas pelo calor;

Ácido fítico (fitatos)

O ácido fítico, também conhecido como fitatos, é um dos antinutrientes mais perigosos, bloqueando a absorção de nutrientes pesados ​​como magnésio, zinco, cálcio e ferro, entre outros. Encontrado em grãos integrais, nozes, soja e sementes, o ácido fítico liga-se a esses minerais, impedindo a sua absorção.

Os fitatos também inibem as enzimas digestivas pepsina, tripsina e amilase. A amilase é necessária para a quebra do amido, enquanto a tripsina e a pepsina estão envolvidas na quebra da proteína. Quando essas enzimas não estão presentes nas quantidades certas, os alimentos não são processados ​​adequadamente e o nosso corpo perde os principais nutrientes.

Se o nosso corpo tem um grande influxo de fitatos, isso significa que há menos nutrientes para distribuir, mas o corpo também é substancialmente menos eficiente em quebrar os macronutrientes nos seus componentes mais básicos e nutritivos.

O nosso corpo pode lidar com uma certa quantidade de fitatos, mas é uma boa ideia eliminar as principais fontes para que os nossos minerais sejam absorvidos. Além disso, removê-los completamente de nossa dieta seria impossível.

Para construir músculos ou queimar gordura, o corpo precisa de uma certa quantidade de proteínas ou carboidratos. No entanto, essa quantidade depende em grande parte de quão saudável é nosso intestino. Isso porque um sistema digestivo otimizado requer menos comida para alimentar o corpo adequadamente.

O ácido fítico é mais concentrado no farelo de grãos, por isso prefere o arroz branco em vez do arroz integral. Nas leguminosas, o ácido fítico é encontrado na camada de cotilédones, que é muito mais difícil de remover, por isso leguminosas como feijão, lentilhas e soja devem ser consumidas com muito cuidado.

Cozinhar certos alimentos que são ricos em fitatos e depois drenar a água ou mergulhá-los em um ácido como limão ou vinagre reduz os fitatos, mas muitos dos grãos e sementes que contêm fitatos são irritantes para o intestino mesmo quando cozidos.

Dicas de dieta:

  • Evite a canola ou outros óleos de sementes; cozinhe com óleo de abacate, óleo de coco ou manteiga/ghee.
  • Evite o feijão pois é rico em carboidratos e não particularmente rico em nutrientes

Ácido oxálico (oxalatos)

Se gostas de batidos de espinafre e couve fica a saber que podes estar a causar mais mal do que bem ao teu organismo! O ácido oxálico é um composto antinutriente encontrado em muitas plantas, como vegetais crucíferos crus tais como:

  • Couve, 
  • Rabanete, 
  • Couve-flor, 
  • Brócolos  
  • Acelga, 
  • Espinafre, 
  • Salsa, 
  • Beterraba, 
  • Pimenta preta, 
  • Chocolate, 
  • Nozes, 
  • Frutas,
  • Feijão.

Quando os oxalatos se ligam ao cálcio no sangue, formam-se pequenos cristais de ácido oxálico que podem ser depositados em qualquer parte do corpo e causar dores musculares. Quando isso acontece nos rins, causa pedras nos rins. Os oxalatos também causam uma condição nas mulheres chamada vulvodinia, que leva ao sexo doloroso por causa dos cristais de ácido oxálico nos lábios.

Em pessoas sensíveis, mesmo pequenas quantidades de oxalatos causam queimação nos olhos, ouvidos, boca e garganta. Consumir grandes quantidades pode causar dor abdominal, fraqueza muscular, náusea e diarreia. As pessoas que comem grandes quantidades de vegetais crus podem ser particularmente suscetíveis.

Como os fitatos, os oxalatos podem ser reduzidos cozinhando e drenando a água, ou mergulhando em ácido. O magnésio e o zinco dietéticos adicionados ligam-se ao ácido oxálico, diminuindo substancialmente a absorção de oxalato.2

Dicas de dieta:

  • Nunca adicione couve crua, espinafre ou acelga a saladas ou batidos. Cozinhe-os a vapor primeiro.
  • Ao temperar as refeições, não use a pimenta preta para evitar oxalatos.

Glúten

O glúten é uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio e aveia que pode causar permeabilidade intestinal (ou seja, intestino permeável). “O problema com o glúten é que nenhum humano pode digeri-lo. É impossível digerir as proteínas do glúten que estão no trigo, cevada e centeio”, segundo o nutricionista certificado Tom O’Bryan, autor de “The Autoimmune Fix”.

O espectro de reação à indigestibilidade do glúten coloca as pessoas em duas categorias: 

  • Sensibilidade ao glúten celíaca 
  • Sensibilidade ao glúten não celíaca.

A maioria da população tem sensibilidade ao glúten não celíaca. Substâncias não digeríveis no sistema digestivo causam uma resposta imune, as respostas imunes assumem a forma de inflamação. A inflamação é, na maioria das vezes, a culpada por trás de nossa névoa cerebral, desconforto digestivo e absorção de nutrientes abaixo do ideal.

Grãos contendo glúten decompõem-se no intestino em compostos opióides chamados gluteomorfinas que acionam os mesmos receptores cerebrais que drogas opiáceas como a heroína, o que significa que são altamente viciantes.

Estruturalmente, o glúten é composto de dois tipos de proteínas de armazenamento, prolaminas e glutelinas.3 As glutelinas à base de trigo são chamadas gluteninas, que consistem em subunidades de alto peso molecular (HMW) e baixo peso molecular (LMW). Os produtos de trigo feitos com níveis mais elevados de HMW tendem a ser mais elásticos e consequentemente mais mastigáveis ​​como a massa de pizza; enquanto níveis mais baixos de HMW tendem a assumir a forma de doces.4 Originalmente, pensava-se que a giladina (a prolamina à base de trigo) era o principal antinutriente que contribui para o glúten, mas foi demonstrado que a glutenina é igualmente tóxica.5 Assim, mesmo quando comemos algo que parece mais leve, estamos a degradar o nosso seu sistema digestivo pois é na mesma uma forma de glúten.

O glúten está escondido em lugares além das fontes óbvias; produtos como molho de soja, cerveja e até carnes processadas contêm glúten o que pode estar prejudicar o nosso desempenho físico e mental.

Dicas de dieta:

  • Substitui qualquer farinha à base de trigo por farinha de mandioca para evitar o glúten;
  • Se bebes álcool, evita a cerveja e bebe vodka de batata ou gim para evitar o glúten em tua bebida.

Referências

1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15302522

2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9096270

3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28244676

4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17995810

5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16772825

Ozempic semaglutido provoca perda de massa óssea? Quais os perigos?

O Ozempic ou semaglutido é um medicamento amplamente utilizado no tratamento da diabetes tipo 2 e, mais recentemente, tem ganho popularidade como uma opção para a perda de peso. No entanto, como qualquer medicamento, o Ozempic apresenta tanto benefícios quanto efeitos adversos que devem ser cuidadosamente considerados. Este artigo explora os mecanismos de ação, benefícios e os potenciais riscos associados ao seu uso.

Relatos como o da cantora americana Avery, que afirmou ter desenvolvido osteoporose após um ano de uso do Ozempic sem supervisão médica, levantaram questões sobre a relação entre o semaglutido e a saúde óssea.

Principais conclusões

  • O Ozempic atua através da regulação dos níveis de glicose e promovendo a sensação de saciedade.
  • Os principais benefícios do Ozempic incluem a melhoria no controle glicémico e a redução do peso corporal.
  • Entre os efeitos adversos mais comuns estão náuseas, vómitos, diarreia , dor abdominal, fadiga e tonturas.
  • O uso prolongado de Ozempic pode levar a riscos como obstrução intestinal grave e desidratação.
  • Formação de cálculos biliares estão descritos como efeitos adversos.
  • A perda de massa óssea é essencialmente um problema da perda rápida de peso sem o acompanhamento nutricional devido.
  • A perda de massa muscular durante o tratamento é frequente.
  • Saúde mental – o uso do Ozempic tem sido associado a alterações no estado emocional dos pacientes tais como depressão, ansiedade e possível ideação suicida.
  • A supervisão médica é crucial para minimizar os riscos e garantir a eficácia do tratamento com Ozempic.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
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Mecanismo de ação do Ozempic

Como funciona o semaglutido

O Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida (ou semaglutido), é um análogo da hormona GLP-1 (glucagon-like peptide-1) mais propriamente da classe dos agonistas dos receptores do GLP-1, da qual também fazem parte os fármacos: liraglutida (Saxenda®), dulaglutida (Trulicity®), exenatida, lixisenatida e tirzepatida (Mounjaro®). Este medicamento atua principalmente no trato gastrointestinal e no sistema nervoso central. A semaglutida estimula a secreção de insulina pelo pâncreas e diminui a secreção de glucagon, mas apenas quando os níveis de glicose no sangue estão elevados. Além disso, retarda o esvaziamento gástrico, promovendo uma sensação de saciedade mais prolongada.

Posologia

Não deve ser administrado por via intravenosa ou intramuscular. Deve ser administrado uma vez por semana a qualquer hora do dia, com ou sem refeições. 

Efeitos no metabolismo da glicose

A semaglutida ajuda a regular os níveis de glicose no sangue através de dois mecanismos principais: aumento da secreção de insulina e redução da secreção de glucagon. Estes efeitos são dependentes dos níveis de glicose, o que minimiza o risco de hipoglicemia. Este duplo mecanismo é crucial para o controle glicémico em pacientes com diabetes tipo 2.

Impacto na sensação de saciedade

O Ozempic também atua nas vias de regulação do apetite no sistema nervoso central. Ao retardar o esvaziamento gástrico, prolonga a sensação de saciedade, o que pode contribuir para a redução do peso corporal. Este efeito é particularmente útil não só para o controle da diabetes, mas também para o tratamento da obesidade.


Diabetes tipo 2 benefícios do tratamento

Melhoria no controle glicémico

O Ozempic® é usado, em conjunto com dieta e exercícios, para tratar pacientes adultos com diabetes tipo 2 não satisfatoriamente controlada. Estudos mostram que o medicamento ajuda a reduzir significativamente os níveis de glicose no sangue, proporcionando um melhor controle glicémico e reduzindo a necessidade de outras medicações antidiabéticas.

Redução do peso corporal

Além de melhorar o controle glicémico, o Ozempic tem como um dos efeitos a perda de peso. Pacientes em tratamento com Ozempic podem perder até 17% do peso corporal, o que contribui para a melhoria dos parâmetros metabólicos, como a redução da taxa de triglicerídeos, colesterol e glicemia. Esta redução de peso é particularmente benéfica para pacientes com diabetes tipo 2, que frequentemente enfrentam desafios relacionados à obesidade.

Prevenção de complicações diabéticas

O uso contínuo de Ozempic pode ajudar na prevenção de complicações diabéticas a longo prazo. Ao melhorar o controle glicémico e promover a perda de peso, o medicamento reduz o risco de complicações como doenças cardiovasculares, neuropatia diabética e retinopatia. A combinação desses benefícios torna o Ozempic uma opção eficaz na gestão abrangente da diabetes tipo 2.

O Ozempic® é uma ferramenta valiosa no tratamento da diabetes tipo 2, oferecendo múltiplos benefícios que vão além do simples controle da glicemia.


Perda de peso

Eficácia na redução de peso

O Ozempic, medicamento da farmacêutica Novo Nordisk, tem ganhado popularidade devido aos seus efeitos significativos na perda de peso. Estudos clínicos indicam que pacientes podem perder até 17% do peso corporal com o uso da medicação. Este efeito é particularmente notável em pacientes obesos, que também apresentam melhorias nos parâmetros metabólicos, como a redução dos níveis de triglicerídeos, colesterol e glicemia.

Comparação com outros medicamentos

Quando comparado com outros medicamentos para perda de peso, o Ozempic demonstra uma eficácia superior. O semaglutido, principal componente do Ozempic, é mais eficaz na redução de peso do que outros fármacos disponíveis no mercado. No entanto, é importante destacar que a dose utilizada nos estudos clínicos (2,4 mg) é superior à dose máxima recomendada para o Ozempic (1 mg).

Estudos clínicos relevantes

Diversos estudos clínicos têm sido conduzidos para avaliar a eficácia do Ozempic na perda de peso. Um dos principais estudos indicou uma perda média de 14,9% do peso total em 17 meses. Estes resultados são promissores, mas é crucial que o uso do medicamento seja supervisionado por um profissional de saúde para evitar efeitos adversos e garantir a segurança do paciente.

O uso do Ozempic para emagrecer deve ser sempre acompanhado por um médico, garantindo que a progressão da dose seja feita corretamente e minimizando riscos como enjoos, vómitos, desidratação e perda de massa muscular.


Perda de massa óssea osteopenia e osteoporose

A osteopenia é caracterizada por uma redução da densidade mineral óssea, sendo considerada um estágio preliminar da osteoporose. Esta última representa uma condição mais severa, onde os ossos se tornam frágeis e suscetíveis a fraturas. Ambas as condições resultam de um desequilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea.

Acresce que o nosso corpo adapta-se ao peso que tem de suportar. Se uma pessoa perde 20 kg em poucos meses o organismo vai tentar adaptar-se diminuindo a massa óssea para valores mais ajustados ao novo peso.

Saúde óssea e ozempic

Relatos recentes, como o da cantora americana Avery, que afirmou ter desenvolvido osteoporose após um ano de uso do Ozempic sem supervisão médica, levantaram questões sobre a relação entre o semaglutido e a saúde óssea.

Contudo, especialistas indicam que não há evidências científicas suficientes para estabelecer uma ligação direta entre o uso do Ozempic e a osteoporose.

O endocrinologista Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, afirma que estudos em modelos animais, especialmente com liraglutido (uma molécula semelhante ao semaglutido), demonstraram aumento na síntese de osteoblastos, células responsáveis pela formação óssea, sugerindo uma possível melhoria na densidade mineral óssea

Fatores Contribuintes

É importante considerar que a perda de peso rápida e significativa, frequentemente associada ao uso de medicamentos como o Ozempic, pode influenciar na saúde óssea. A redução abrupta de peso pode levar à diminuição da densidade óssea, especialmente se não for acompanhada de uma ingestão adequada de nutrientes essenciais, como cálcio e vitamina D.

Além disso, a perda de massa muscular, comum em processos de emagrecimento acelerado, pode contribuir para o aumento do risco de osteoporose.

Recomendações

Para indivíduos a usar semaglutido ou outros medicamentos similares, é fundamental:

  • Acompanhamento médico regular – Garantir que o uso do medicamento seja supervisionado por um profissional de saúde qualificado.
  • Dieta equilibrada – Manter uma alimentação rica em nutrientes essenciais para a saúde óssea, incluindo cálcio e vitamina D.
  • Exercício físico – Incorporar atividades físicas que promovam o fortalecimento ósseo e muscular, como exercícios de resistência e levantamento de peso.

Resumindo, embora tenham suscitado preocupações sobre a relação entre o Ozempic e a saúde óssea, as evidências científicas atuais não suportam uma ligação direta. A perda de massa óssea pode estar mais associada a fatores como perda de peso rápida e ingestão inadequada de nutrientes. Assim, o uso de semaglutido deve ser sempre orientado e monitorizado por profissionais de saúde, assegurando uma abordagem equilibrada que considere todos os aspectos da saúde do paciente.


Efeitos gastrointestinais do Ozempic

Náuseas e vómitos

Durante o tratamento com Ozempic, é comum que os pacientes experimentem náuseas e vómitos. Estes efeitos colaterais podem ser temporários e tendem a diminuir com o tempo. É crucial manter uma boa hidratação para evitar complicações como a desidratação, especialmente em indivíduos com problemas renais.

Diarreia e obstipação

A diarreia e a constipação são outros efeitos adversos frequentes associados ao uso do Ozempic. Estes sintomas podem variar em intensidade e duração, mas geralmente são geridos com ajustes na dieta e hidratação adequada. A monitorização contínua pelo médico é essencial para garantir que os efeitos terapêuticos do medicamento superem os desconfortos gastrointestinais.

Dor abdominal e gases

Dor abdominal e gases são queixas comuns entre os utilizadores de Ozempic. Estes sintomas podem ser desconfortáveis, mas são geralmente transitórios. Aconselha-se aos pacientes que relatem qualquer dor abdominal persistente ao seu médico para uma avaliação mais detalhada.

Manter uma comunicação aberta com o seu médico pode ajudar a gerir eficazmente os efeitos gastrointestinais do Ozempic, garantindo assim uma melhor adesão ao tratamento e otimização dos seus benefícios.


Efeitos adversos comuns do Ozempic

Fadiga e tonturas

A fadiga e as tonturas são efeitos adversos frequentes do uso do Ozempic. Estes sintomas podem ocorrer devido à redução da ingestão alimentar, uma vez que o medicamento promove a sensação de saciedade. É importante monitorizar estes sintomas e consultar um médico se persistirem.

Pulso acelerado

O pulso acelerado é um dos efeitos adversos pouco frequentes associados ao Ozempic. Este sintoma pode ser preocupante e deve ser avaliado por um profissional de saúde para garantir que não há complicações subjacentes.

Erupções cutâneas

As erupções cutâneas são consideradas efeitos adversos graves e, embora sejam raras, podem indicar uma reação alérgica ao medicamento. Caso ocorram, é crucial interromper o uso do Ozempic e procurar assistência médica imediata.


Riscos do Uso Prolongado de Ozempic

Obstrução intestinal

O uso prolongado de Ozempic pode levar ao aumento do volume do intestino delgado, resultando em obstrução intestinal. Este efeito adverso é particularmente preocupante, pois pode necessitar de intervenção médica urgente. É crucial que os pacientes sigam a dosagem prescrita pelo médico para minimizar este risco.

Desidratação e desnutrição

A rápida perda de peso associada ao uso de Ozempic pode causar desidratação e desnutrição. Estes efeitos são frequentemente exacerbados por náuseas, vómitos e diarreia, que são comuns durante o tratamento. Para evitar complicações, é essencial manter uma hidratação adequada e uma dieta equilibrada.

Perda de massa muscular

A perda de peso rápida e não controlada pode também resultar na perda de massa muscular. Este efeito adverso é particularmente relevante para indivíduos que utilizam Ozempic sem supervisão médica adequada. A perda de massa muscular pode comprometer a força física e a qualidade de vida, tornando a supervisão médica indispensável.


Vesícula biliar – efeitos do Ozempic

Formação de cálculos biliares

O uso do Ozempic pode levar à formação de cálculos biliares, especialmente devido à rápida perda de peso que o medicamento pode induzir. A formação de cálculos biliares é um efeito adverso significativo, pois pode causar dor intensa e complicações adicionais.

Impacto da perda rápida de peso

A perda rápida de peso, frequentemente observada em pacientes que utilizam Ozempic, pode aumentar o risco de problemas na vesícula biliar. Este efeito é particularmente preocupante em indivíduos que já possuem predisposição a distúrbios biliares.

Prevenção e tratamento

Para minimizar os riscos associados ao uso de Ozempic, é essencial seguir algumas recomendações:

  • Monitorização regular da função biliar.
  • Manutenção de uma dieta equilibrada e rica em fibras.
  • Hidratação adequada para evitar a formação de cálculos.

É crucial que os pacientes em tratamento com Ozempic sejam acompanhados de perto por profissionais de saúde para prevenir e tratar possíveis complicações na vesícula biliar.


Considerações sobre o Uso Off-Label

Riscos associados

O principal problema apontado pelos médicos em relação ao Ozempic é a forma como muitas pessoas têm utilizado o medicamento. Mesmo que na teoria seja exigida a receita médica para a venda, muitos adquirem o remédio sem indicação médica, e passam a usá-lo sem acompanhamento. Muitos fazem a progressão da dose de forma errada, o que pode causar enjoos, vómitos, desidratação e perda de massa muscular. Isso quando ele não é usado por pessoas que não são obesas e querem perder 3 ou 4 quilos.

Importância da Supervisão Médica

Em caso de dúvidas sobre o uso deste medicamento, converse com o seu médico, farmacêutico ou enfermeiro. A supervisão médica é crucial para garantir a posologia correta e minimizar os riscos de efeitos adversos. A farmacêutica Novo Nordisk, que fabrica o medicamento, reforçou em carta encaminhada à imprensa: “É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label [uso para outra indicação que não a aprovada pela Anvisa], ou seja, em desacordo com a literatura dos seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado para diabetes tipo 2, ainda não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade”.

Casos de Uso Indevido

Entre os efeitos colaterais possíveis do uso do Ozempic, segundo especialistas, estão:

  • Náuseas
  • Inapetência excessiva
  • Diarreia
  • Vómitos
  • Mal-estar
  • Dor de cabeça
  • Dificuldade para se alimentar
  • Desidratação (devido aos vómitos e diarreia)
  • Pedra na vesícula, devido à rápida perda de peso

A experiência terapêutica em pacientes com mais de 75 anos é limitada. Nenhum ajuste de dose é necessário com base na idade de utilização. A experiência com o uso de Ozempic em pacientes com insuficiência hepática grave também é limitada.


Saúde mental e ozempic

O uso do Ozempic tem sido associado a alterações no estado emocional dos pacientes. Alguns estudos indicam que o semaglutido, princípio ativo do Ozempic, pode influenciar os níveis de neurotransmissores no cérebro, o que pode resultar em sintomas de depressão e ansiedade. É crucial que os pacientes relatem qualquer mudança no humor ao seu médico para que ajustes no tratamento possam ser feitos de forma adequada.

A melhoria no controle glicémico e a perda de peso proporcionada pelo Ozempic podem ter um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. No entanto, é importante considerar que os efeitos adversos, como náuseas e fadiga, podem contrabalançar esses benefícios. A avaliação contínua da qualidade de vida é essencial para garantir que o tratamento esteja a proporcionar mais benefícios do que malefícios.

Devido aos potenciais efeitos do Ozempic na saúde mental, o acompanhamento psicológico pode ser uma parte importante do tratamento. Este acompanhamento pode ajudar a identificar e gerir sintomas de depressão e ansiedade, bem como a promover estratégias de coping eficazes. A integração de cuidados psicológicos no plano de tratamento pode melhorar significativamente os resultados para os pacientes.


Saúde ocular e ozempic

Retinopatia diabética

O Ozempic, tem mostrado efeitos positivos na gestão da retinopatia diabética. Esta condição, comum em pacientes com diabetes tipo 2, pode ser mitigada com o uso adequado do medicamento, que ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue. A manutenção de níveis glicémicos estáveis é crucial para prevenir danos à retina.

Lesões nos vasos sanguíneos da retina

O semaglutido também pode ter um impacto positivo na prevenção de lesões nos vasos sanguíneos da retina. Estas lesões são frequentemente causadas por níveis elevados de glicose, que danificam os vasos ao longo do tempo. O uso de Ozempic pode ajudar a reduzir este risco, promovendo uma melhor saúde ocular.

Prevenção e monitorização

Para maximizar os benefícios do Ozempic na saúde ocular, é essencial uma monitorização regular. Consultas oftalmológicas periódicas são recomendadas para avaliar a condição da retina e identificar precocemente quaisquer alterações. Além disso, manter um estilo de vida saudável e seguir as orientações médicas são passos fundamentais para a prevenção de complicações oculares associadas ao diabetes.


Saúde renal e ozempic

Efeitos nos rins

O Ozempic® tem demonstrado ser seguro para pacientes com comprometimento renal leve a moderado, sem necessidade de ajuste de dose. No entanto, a experiência com pacientes que possuem doença renal grave é limitada, e o uso do medicamento não é recomendado para aqueles em estado terminal. É crucial que os pacientes com problemas renais consultem seu médico antes de iniciar o tratamento com Ozempic®.

Prevenção de danos renais

O controle glicémico eficaz proporcionado pelo Ozempic® pode ajudar a prevenir complicações renais em pacientes com diabetes tipo 2. A manutenção de níveis adequados de glicose no sangue é essencial para evitar a progressão de danos renais. Além disso, é importante que os pacientes sigam uma dieta equilibrada e mantenham um estilo de vida saudável.

Hidratação é muito importante

A hidratação adequada é fundamental para pacientes em tratamento com Ozempic®, especialmente aqueles com comprometimento renal. A ingestão suficiente de líquidos ajuda a garantir o bom funcionamento dos rins e a prevenir a desidratação, que pode agravar problemas renais existentes. Recomenda-se que os pacientes discutam suas necessidades de hidratação com um profissional de saúde.

A supervisão médica é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorizar a função renal durante o uso de Ozempic®.

O Ozempic tem mostrado resultados promissores na melhoria da saúde renal em pacientes com diabetes tipo 2. Estudos indicam que este medicamento não só ajuda no controlo da glicemia, mas também pode proteger os rins de danos adicionais. Para saber mais sobre os benefícios do Ozempic e outros tratamentos inovadores, visite o nosso site.

Conclusão

O Ozempic, um medicamento amplamente utilizado para o tratamento da diabetes tipo 2, tem demonstrado eficácia significativa na gestão dos níveis de glicose no sangue e na promoção da perda de peso. No entanto, é crucial reconhecer que o seu uso pode estar associado a uma série de efeitos adversos, especialmente quando utilizado sem a devida orientação médica. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas, diarreia, vómitos e desidratação, que podem impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o uso inadequado do Ozempic pode levar a complicações mais graves, como a formação de cálculos biliares e problemas renais. Portanto, é imperativo que o uso deste medicamento seja sempre supervisionado por um profissional de saúde qualificado, garantindo assim a maximização dos seus benefícios terapêuticos e a minimização dos riscos associados.


Perguntas frequentes sobre ozempic

Quais são os principais efeitos adversos do Ozempic?

Os principais efeitos adversos do Ozempic incluem náuseas, inapetência excessiva, diarreia, vómitos, mal-estar, dor de cabeça, dificuldade para se alimentar e desidratação.

O Ozempic pode causar desidratação?

Sim, o Ozempic pode causar desidratação, especialmente devido aos vómitos e diarreia. É importante beber muitos líquidos durante o tratamento.

O que é o “rosto de Ozempic”?

‘Rosto de Ozempic’ refere-se a uma aparência facial magra e envelhecida que pode ocorrer devido à rápida perda de peso associada ao uso do medicamento.

Efeitos gastrointestinais comuns do Ozempic?

Os efeitos gastrointestinais comuns do Ozempic incluem náuseas, vómitos, diarreia, constipação, dor abdominal e gases.

O uso prolongado de Ozempic pode causar obstrução intestinal?

Sim, o uso prolongado de Ozempic pode levar ao aumento do volume do intestino delgado e, consequentemente, à obstrução intestinal.

Quais são os riscos de usar Ozempic sem supervisão médica?

Usar Ozempic sem supervisão médica pode resultar em dosagem inadequada, causando enjoos, vómitos, desidratação, perda de massa muscular e outros efeitos adversos graves.

O Ozempic pode afetar a saúde mental?

Sim, o Ozempic pode afetar a saúde mental, podendo levar a sintomas de depressão e ansiedade em alguns casos.

Quais são as reações alérgicas possíveis ao Ozempic?

As reações alérgicas ao Ozempic podem incluir erupções cutâneas e, em casos mais raros, outras reações alérgicas graves.


Referências bibliográficas

DOR NO ABDÓMEN DO LADO DIREITO APENDICITE QUAL O PERIGO?




Dor no abdómen do lado direito e qual o perigo de apendicite? Este tipo de dor no abdómen pode estar associada ao apêndice. Assim sendo é fundamental que não deixe a dor chegar a casos extremos, para evitar uma rutura no apêndice e infeções que podem ser muito graves, nomeadamente septicémia.

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

  • Qual a anatomia do abdómen?
  • Apendicite o que é?
  • Onde se localiza?
  • Sintomas da apendicite
  • Apendicite em crianças e adolescentes quais os sintomas?
  • Apendicite em bebés quais os sinais e sintomas?
  • Tratamento qual o melhor?

As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Anatomia do abdómen

Para uma localização e diagnóstico mais adequado da causa da dor abdominal, divide-se o abdómen em 4 quadrantes, conforme descrito na imagem seguinte:

Quadrantes do abdómen melhorsaude.org melhor blog de saude

Apendicite o que é?

A apendicite é uma doença comum causada pela infeção do apêndice. Afeta cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.

Apêndice onde se localiza?

Localização do apêndice melhorsaude.org melhor blog de saude
Localização do apêndice e orgãos próximos

O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pelvis.

Apendice melhorsaude.org melhor blog de saude
Localização do #apêndice

Sintomas da apendicite

O sintomas da apendicite nem sempre se manifestam do lado direito do abdómen. Assim de seguida descrevo os diversos cenários de sintomatologia associada à apendicite.

Dor abdominal típica

  • A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen;
  • Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )

Dor abdominal atípica

  • Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar  à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
  • Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.

Dor abdominal do lado esquerdo

  • Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdómen em posição oposta à habitualmente esperada).
  • Endurecimento da parede do abdómen
  • Enjoos ( em 90% dos casos )
  • Vómitos ( em 90% dos casos )
  • Perda do apetite ( em 90% dos casos )
  • Febre
    • A febre é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
  • Diarreia
  • Prisão de ventre
  • Distensão abdominal
  • Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.

Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.

Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são a dor abdominal, os vómitos e perda do apetite.

Sinais e sintomas em bebés e crianças

O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.

Crianças entre os 5 e os 12 anos

Assim como nos adultos, a dor abdominal e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor no quadrante inferior direito do abdómen – 82%
  • Náuseas – 79%
  • Perda do apetite – 75%
  • Vómitos – 66%
  • Febre – 47%
  • Diarreia- 16%

Crianças entre 1 e os 5 anos

A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.

A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdómen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor abdominal – 94%
  • Febre – 90%
  • Vômitos – 83%
  • Dor à descompressão – 81%
  • Perda do apetite – 74%
  • Rigidez abdominal – 72%
  • Diarreia- 46%
  • A distensão abdominal – 35%

Bebés com menos de 1 ano

Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.

Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Distensão abdominal – 75%
  • Vómitos – 42%
  • Perda do apetite – 40%
  • Dor abdominal – 38%
  • Febre – 33%
  • Inflamação da parede abdominal – 24%
  • Irritabilidade ou letargia – 24%
  • Dificuldade respiratória – 15%
  • Massa abdominal – 12%
  • Sangramento nas fezes – 10%

Tratamento para a apendicite

O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.

Laparoscopia melhorsaude.org melhor blog de saude
Procedimento usa técnicas de Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional

Concluindo

Uma dor aguda do lado direito do abdómen pode não ser nada de grave mas, num adulto ou criança, deve ser valorizada procurando apoio médico para descartar a hipótese de apendicite aguda que pode ser fatal se não for tratada atempadamente. Existem também descritos casos atípicos em que a dor apesar de ter origem no apêndice não se situa do lado direito fazendo com que nesses casos essa dor seja  menos valorizada como sendo potencialmente perigosa! O risco de problemas graves resulta da probabilidade de haver uma rutura do apêndice infetando a cavidade abdominal com risco de septicémia ou seja infeção sistémica generalizada. Não arrisque…proteja-se pela sua saúde!

Fique bem

Franklim A. Moura Fernandes

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Franklim Fernandes ÁREA RESERVADA melhorsaude.org

DOR DE BARRIGA e apendicite melhorsaude.org

Polimedicação vs desprescrição como retirar medicamentos a mais?

Polimedicação vs desprescrição e efeitos adversos que provocam mais prescrição, como travar esse ciclo vicioso? Como farmacêutico comunitário este é um problema de confrontação diária em conversa com os meus utentes. Existem cada vez mais doentes crónicos polimedicados que tomam mais de 10 medicamentos por dia! Os efeitos adversos são inevitáveis mas muitas vezes são erradamente interpretados como novas doenças a tratar! Isto origina tipicamente um ciclo vicioso de polimedicação denominado cascata de prescrição que consiste basicamente na prescrição de mais medicamentos para tratar os efeitos secundários em vez de se tentar a desprescrição ou seja o desmame ou substituição do medicamento que está a causar esse efeito adverso.

Se é certo que em alguns casos graves não é possível retirar o medicamento que causa efeitos adversos noutros é perfeitamente exequível a desprescrição sendo até o mais adequado terapeuticamente… desde que o diagnóstico seja correto! Esta é sempre uma tarefa difícil que deve ser preparada em conjunto pelo médico e farmacêutico que assistem o doente.

Neste artigo descreve-se um caso típico de uma doente crónica idosa que toma 14 medicamentos diferentes por dia e quais os medicamentos que poderiam ser retirados do seu esquema terapêutico aplicando uma desprescrição adequada e segura.

As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Polimedicação caso de estudo

The University of British Columbia caso de estudo: Uma mulher de 70 anos é diagnosticada com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), apneia do sono obstrutiva, disfunção ventricular esquerda com obstrução da via de saída, hipertensão, embolia, insônia, ansiedade, depressão, comprometimento cognitivo leve e laringite inexplicável. Ela toma 14 medicamentos prescritos e 4 suplementos, mas prefere menos. A sua enfermeira de cuidados primários consulta um farmacêutico clínico de ambulatório para uma revisão abrangente da medicação.

A lista de patologias, medicamentos e respetiva posologia está descrita na tabela seguinte:

Coração/pressão arterial:Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC):
1. Espironolactona 25mg/dia de manhã8. Tiotrópio 2,5mcg 2 inalações de manhã
2. Diltiazem 180mg/dia de manhã9. Budesonida 100mcg / formoterol 6mcg 2xdia
3. Bisoprolol 2,5mg/dia de manhã10. Salbutamol 100mcg 3xdia se necessário
4. Furosemida 40mg 2/2 dias de manhãAnsiedade/Depressão/Sono:
5. Rosuvastatina 10mg/dia ao deitar11. Venlafaxina 300mg/dia de manhã
Prevenção de tromboembolismo venoso:12. Mirtazapina 30mg/dia ao deitar
6. Rivaroxabano 20mg/dia à noite13. Clonazepam 0,25mg/dia ao deitar
Suspeita de refluxo gástrico (sem sangramento):14. Melatonina 3mg/dia ao deitar
7. Pantoprazol 40mg/dia de manhã15.-18. Ferro, cálcio, vitamina C e vitamina D
Fonte: The University of British Columbia, Therapeutics letter 138 July-August 2022

Cascatas de prescrição escondidas

Antes inimagináveis, listas de medicamentos intimidadoras agora são comuns.1 A mitigação pode ser mais fácil se os prescritores e farmacêuticos dispensadores reconhecerem o potencial de “cascatas de prescrição” e começarem a “especializar-se” também em desprescrição. Cunhado por dois geriatras em 1995,2 “uma cascata de prescrição começa quando um medicamento é prescrito, ocorre um evento adverso de medicamento que é interpretado erradamente como uma nova condição médica e um medicamento subsequente é prescrito para tratar esse efeito adverso induzido por medicamento.”3 As sequelas também incluem medicamentos não sujeitos a receita médica ou dispositivos médicos (por exemplo, inserção de pacemaker cardíaco).

As potenciais cascatas de prescrição identificadas, neste caso de estudo, são as que constam da tabela seguinte, que apresenta os medicamentos usados (coluna 1), os efeitos adversos mais comuns dessa medicação (coluna 2) e os fármacos acrescentados a esta medicação crónica apenas para combater os efeitos secundários (coluna 3).

MedicamentoEfeito adverso comumCascata de prescrições possível (para combater efeitos adversos)
DiltiazemEdema periféricoFurosemida para tratar edema erradamente diagnosticado como excesso de volume ou insuficiência cardíaca noturna
TiotrópioAnticolinérgico: Rouquidão/laringitePantoprazol para reduzir o ácido gástrico erradamente diagnosticado como refluxo gástrico
BudesonidaCorticosteroide: Candidíase/rouquidãoPantoprazol
MirtazapinaAnticolinérgico: Esvaziamento gástrico deficiente; Rouquidão/laringitePantoprazol
VenlafaxinaNáuseas, indigestão, mal-estar gástricoPantoprazol
VenlafaxinaInsónia, agitação, ansiedadeClonazepam, melatonina, mirtazapina
VenlafaxinaTaquicardia/palpitaçõesBisoprolol com dose aumentada
PantoprazolAbsorção de ferro deficienteSuplemento de ferro
Sulfato de ferro (FeSO4)Náuseas e indigestãoPantoprazol
Fonte: The University of British Columbia, Therapeutics letter 138 July-August 2022

Prescrições adicionadas para combater um ou mais efeitos de medicamentos podem induzir quedas por super sedação, “distúrbio cognitivo leve” ou outros efeitos anticolinérgicos (anti muscarínicos) ou efeitos adversos de um Inibidor da Bomba de Protões (IBP). Dado o interesse dessa mulher em desprescrever, o farmacêutico clínico também questionou outros medicamentos da sua lista.

Efeitos adversos e cascatas de prescrição

Os estudos publicados sobre cascatas de prescrição concentram-se em várias classes de medicamentos.4 Os identificados anteriormente incluem alguns dos 200 medicamentos mais frequentemente prescritos. Descrevo de seguida sete exemplos predominantes sobre possíveis cascatas de prescrição.

Medicamentos anticolinérgicos >> disfunção cognitiva >> medicamentos para a demência

Medicamentos anticolinérgicos (por exemplo, antidepressivos tricíclicos, ciclobenzaprina, mirtazapina, Quetiapina, oxibutinina)5 bloqueiam a neurotransmissão acetilcolinérgica no cérebro, prejudicando a cognição e a memória mesmo na presença de inibidores da acetilcolinesterase (AChE-I: donepezilo, galantamina, rivastigmina).6,7 O declínio cognitivo percebido como uma nova condição ou agravamento da demência pode levar a novas prescrições ou aumento das doses de AChE-I.8,9

Medicamentos para a demência >> incontinência >> medicamentos anticolinérgicos

Por outro lado, os inibidores da acetilcolinesterase (AChE-I) podem causar incontinência urinária ou fecal, que pode causar uma “cascata” para prescrição de um anticolinérgico. Dois estudos encontraram aumento do uso de medicamentos antimuscarínicos da bexiga (por exemplo, oxibutinina) após prescrição de inibidores da colinesterase para demência.10 Bradicardia ou síncope (muscarínica) ou cãibras musculares (nicotínicos) são outros efeitos colinérgicos que podem precipitar novos tratamentos.11-13

Anticolinérgicos >> dispepsia/refluxo >> medicamentos inibidores da bomba de protões

Dispepsia ou azia devido ao esvaziamento gástrico retardado podem ser confundidos com refluxo gastrointestinal espontâneo. Essa associação foi sugerida como uma possível cascata em um estudo que avaliou prescrições de IBPs de longa data.14 Num estudo nos EUA com 248 residentes de casas de repouso, a probabilidade de receber um IBP aumentou com a carga anticolinérgica. Similarmente um grande estudo de coorte, de idosos com demência, na da Nova Escócia sugeriu que os anticolinérgicos aumentaram a prescrição de IBP “consistente com uma cascata de prescrição”.16

Anticolinérgicos >> obstipação >> medicamentos laxantes

A obstipação induzida por medicamentos é uma associação bem conhecida e confirmada por uma revisão sistemática de 2021.17 Entre os residentes de casas de repouso italianas, os antidepressivos tricíclicos aumentaram o uso de laxantes (OR 2,98, IC 95% 1,31-6,77), assim como outros antidepressivos, especialmente mirtazapina ( OR 1,37, IC 95% 1,09-1,71).18

Bloqueadores dos canais de cálcio / gabapentina/pregabalina >> edema >> medicamentos diuréticos

Os bloqueadores dos canais de cálcio dihidropiridínicos (BCC), tais como, por exemplo, amlodipina, lercanidipina, nifedidina e felodipina, frequentemente causam edema dose-dependente, afetando até 30% dos pacientes idosos.19,20 Dois estudos de coorte recentes descobriram que as prescrições de furosemida aumentaram em pessoas que tomam BCC, em comparação com outros anti hipertensivos.21,22 A redução ou interrupção de um BCC pode ser preferível à adição de furosemida, dada a sua multiplicidade efeitos adversos.

A gabapentina e a pregabalina também causam edema periférico dose-dependente. Na dor crônica, isso afeta até 9% das pessoas que tomam gabapentina e 10% para pregabalina (até 4 vezes versus placebo).23-25 Um grande estudo de coorte de Ontário de 2011-2019 encontrou aumento nas prescrições de diuréticos de alça após o início de gabapentina/pregabalina para dor lombar de início recente em idosos (HR: 1,44, IC 95%: 1,23, 1,70; aumento do risco absoluto 0,7%).26 Ambos podem ser associada ao diagnóstico inadequado de insuficiência cardíaca.27

Desordem de movimentos induzida por medicamentos >> medicamentos anti Parkinson

A maioria dos antipsicóticos, alguns antidepressivos e os antieméticos metoclopramida e proclorperazina bloqueiam os recetores de dopamina ou causam distúrbios do movimento por outros mecanismos. Esses eventos adversos podem ser confundidos com a doença de Parkinson.28 Embora um estudo canadiano tenha achado essas cascatas de prescrição incomuns,10 outros veem mais motivos para preocupação. As prescrições de antipsicóticos, antidepressivos e metoclopramida mais recentes e mais antigos foram associadas ao aumento da prescrição subsequente de l-DOPA/carbidopa e outros medicamentos antiparkinsonianos.3,28-32

Hipertensão induzida por medicamentos >> medicamentos anti-hipertensores

Cerca de 15% dos adultos americanos (19% dos adultos com hipertensão) tomam um medicamento que pode aumentar a pressão arterial.33 Antidepressivos (8,7% dos adultos) e AINEs prescritos (6,5%) foram os candidatos potenciais mais frequentes para uma cascata de prescrição pouco reconhecida.

Desprescrição

A desprescrição ou seja prevenir, detetar e reverter cascatas de prescrição não é fácil.34 Os pesquisadores citados nesta Carta propõem uma abordagem abrangente, enquanto a Canadian Deprescribe Network oferece uma mais simples para o público.4,35,36 Reconhecer e intercetar cascatas ainda requer conhecimento e revisão especializada de medicamentos, incluindo atenção a cascatas conhecidas.37 Como um revisor médico rural desta Carta escreveu:

“O problema é em grande parte a nossa mentalidade de tratar reflexivamente novos sintomas com medicamentos, sem primeiro pensar em relação aos efeitos colaterais induzidos por medicamentos em pacientes que já tomam muitos”.

Conclusões

▪ As cascatas de prescrição causam polimedicação e danos evitáveis.

▪ Preveni-los por meio de prescrição cuidadosa baseada em indicação e triagem de cascatas durante as revisões de medicamentos. Utilizar o farmacêutico especializado ou consulta médica quando disponível.

▪ Comece pela familiarização com cascatas envolvendo medicamentos comuns na atenção primária; reduza as doses se a desprescrição parecer muito radical.

▪ Identificar uma cascata de prescrição é um momento de aprendizagem, use-o.

Referências bibliográficas

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35.Farrell B, Galley E, Jeffs L, et al. “Kind of blurry”: Deciphering clues to prevent, investigate and manage prescribing cascades. PLoS One 2022. DOI: 10.1371/journal.pone.0272418 

36.Gagnon C, Currie J, Trimble J. Are you the victim of a prescribing cascade? Canadian Deprescribing Network 2020; https://www.deprescribingnetwork.ca/blog/prescribingcascade 

37.Therapeutics Initiative. Reducing polypharmacy: A logical approach. Therapeutics Letter 90, June-July 2014; https://ti.ubc.ca/letter90

Reducing prescribing cascades https://www.ti.ubc.ca/wordpress/wp-content/uploads/2022/09/138.pdf

Microplásticos no sangue coração e pulmões estratégias de defesa

Os microplásticos  já foram encontrados nos  locais mais remotos do nosso planeta tais como na neve próxima ao pico do Everest, o ponto mais alto da terra, assim como em amostras de água da Fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano. No corpo humano é encontrado em qualquer local que seja procurado, por exemplo,  na placenta, no leite materno, na corrente sanguínea, no coração e nos pulmões. 

Um estudo publicado no periódico JAMA Network Open mostrou que as micropartículas de plástico podem ser encontradas também no cérebro

A poluição por microplásticos emergiu como uma preocupação ambiental e de saúde pública global. Estas partículas minúsculas, resultantes da degradação de materiais plásticos, estão presentes em diversos ambientes e podem entrar no corpo humano através da ingestão de alimentos, inalação de ar contaminado e contacto com produtos que contêm microplásticos. Estudos recentes indicam que os microplásticos podem acumular-se em órgãos vitais, como o coração e o cérebro, levantando preocupações sobre os seus potenciais efeitos adversos na saúde humana. 

Neste artigo vou tratar os seguintes temas:

  • Microplástticos o que são?
  • Causas e fontes de exposição
  • Impactos na saúde humana
  • Microplásticos no sangue, coração, pulmões, cérebro, intestinos, placenta, leite materno, etc
  • Inflamação e stress oxidativo
  • Agentes patogénicos e infeções
  • Disfunção da microbiota intestinal
  • Transporte de substâncias tóxicas
  • Microplásticos mais comuns
  • Estratégias de segurança e mitigação
  • Água de beber, qual o melhor filtro?
  • Métodos de filtração mais eficazes

Um artigo publicado na Nature Medicine por Nihart et al. descobriu que o cérebro humano contém aproximadamente uma colher de microplásticos e nanoplásticos (MNPs), com níveis 3 a 5 vezes maiores naqueles com uma coorte de cérebros falecidos com diagnóstico documentado de demência (com deposição notável nas paredes cerebrovasculares e células imunológicas). Particularmente, descobriu-se que os tecidos cerebrais têm quantidades 7 a 30 vezes maiores de MNPs do que outros órgãos, como fígado ou rim. Também digno de nota, os microplásticos no cérebro eram de tamanho menor (<200 nm) e na maioria das vezes polietileno. Embora a concentração de MNP não tenha sido influenciada por fatores como idade, sexo, raça ou causa da morte, houve um aumento preocupante de 50% na concentração de MNP com base no tempo de morte (2016 versus 2024).

Estas evidências alinham-se com o aumento exponencial observado nas concentrações ambientais de MNP no último meio século. Particularmente, estima-se que, anualmente, existam 10 a 40 milhões de toneladas de emissões de microplásticos para o meio ambiente, com a previsão de dobrar esse número até 2040. O vento e a água podem redistribuir microplásticos e, desde então, foram relatados em diversos locais, desde os sedimentos do fundo do mar até às montanhas mais altas. Os microplásticos são difundidos nos alimentos que comemos, na água que bebemos e no ar que respiramos. Os seres humanos são expostos a MNPs por várias vias, mas o impacto em vários sistemas de órgãos não é totalmente compreendido.

Microplásticos o que são?

Várias definições são encontradas para o termo microplástico, de acordo com a faixa de tamanho das partículas, sendo a mais utilizada a que se refere a esses materiais como partículas de polímeros orgánicos sintéticos com tamanho inferior a 5 mm. Essa definição foi proposta em 2009 pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e, desde então, a maioria das publicações tem a adotado como referência. 

Após um pouco mais de uma década, em 2020, foi publicada a norma intitulada “Plastics – Environmental Aspects – State of Knowledge and Methodologies” (ISO/TR 21960:2020), em que o termo microplástico é definido como qualquer partícula plástica sólida insolúvel em água com dimensões entre 1 µm e 1000 µm. A norma também define o termo “large microplastic” (microplástico grande, em tradução livre), para a faixa de tamanho de 1 a 5 mm.

De modo geral, os microplásticos são definidos como partículas de plástico com menos de 5 mm de diâmetro. Podem ser classificados em primários, quando produzidos intencionalmente para uso em produtos como cosméticos e produtos de higiene pessoal, ou secundários, resultantes da degradação de objetos plásticos maiores no ambiente. Devido ao seu tamanho diminuto, os microplásticos podem ser facilmente ingeridos ou inalados, levando à sua acumulação no organismo humano.

Journal of Hazardous Materials


Causas e fontes de exposição

A exposição humana aos microplásticos ocorre através de várias fontes como alimentos, água, ar contaminado e uso de produtos contendo microplásticos.

Ingestão de alimentos e água

Os microplásticos foram detectados em diversos alimentos, incluindo frutos do mar, sal e água potável. Estima-se que um adulto possa ingerir milhares de partículas de microplástico por ano através da dieta.

Beber água engarrafada introduz milhares de microplásticos no nosso organismo. Segundo Sherri Mason, investigadora da Universidade de Gannon, na Pensilvânia, especialista em poluição por plásticos, descreve a água engarrafada como a maior via de exposição aos microplásticos.

Investigadores descobriram que em média, uma garrafa de água de plástico tem 240.000 partículas de plástico, medindo uma fração da largura de um cabelo humano.

Trocar para água da torneira diminui o risco de ingestão de microplásticos (a água da torneira também contém microplásticos, mas numa quantidade significativamente menor que a água engarrafada em plástico).

No entanto, ferver e filtrar a água pode remover até 90% das partículas de plástico, mas os especialistas alertam para o facto de poder também aumentar a libertação de substâncias químicas tóxicas para a água.

Inalação de ar contaminado

Partículas de microplástico presentes no ar podem ser inaladas, especialmente em ambientes urbanos e industriais. Um estudo estimou que um adulto pode inalar até 170 partículas de microplástico diariamente, embora os efeitos na saúde respiratória ainda não sejam totalmente compreendidos.
Scielo – Microplásticos: Ocorrência ambiental e desafios analíticos

Uso de produtos contendo microplásticos

Produtos de uso diário, como certos cosméticos, pastas de dentes e produtos de limpeza, podem conter microplásticos que entram em contacto direto com o corpo humano. Além disso, o uso de máscaras faciais descartáveis durante a pandemia de COVID-19 levantou preocupações sobre a inalação de microplásticos libertados por estas máscaras.
Cornell University – Disposable face masks: a direct source for inhalation of microplastics


Microplásticos e impactos na saúde humana

A presença de microplásticos no organismo humano pode ter vários efeitos adversos como inflamação, stress oxidativo, disfunção da microbiota intestinal e transporte de substâncias tóxicas.

Sangue e placenta

Em janeiro de 2021, cientistas italianos da Universidade Politécnica de Marche, em Ancona, relataram na Environment International a presença de microplásticos na placenta de mulheres grávidas. Apesar de reconhecerem que os efeitos eram desconhecidos, os cientistas alertaram para o risco de malformação dos fetos, que ainda precisavam ser mais bem estudados. 

Estudo: Plasticenta: First evidence of microplastics in human placenta

Em maio de 2022, pesquisadores da Universidade Vrije, em Amsterdão, nos Países Baixos, revelaram que 77% dos doadores de sangue do país carregavam grande número de partículas plásticas no sangue.

Estudo: Discovery and quantification of plastic particle pollution in human blood

Coração

Um estudo divulgado na revista científica Environmental Science & Technology, descreve que uma equipa médica do Hospital Anzhen, de Pequim, encontrou pela primeira vez microplásticos em corações humanos. Ao avaliar o músculo cardíaco de 15 pacientes que seriam submetidos a uma intervenção cirúrgica, os médicos encontraram nove diferentes tipos de plástico em cinco tecidos cardíacos distintos.

Estudo: Detection of Various Microplastics in Patients Undergoing Cardiac Surgery

Pulmões

Uma equipa do departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), detectou microplasticos em pulmões humanos, como descrito em artigo publicado na Journal of Hazardous Materials em 2021. Os microplásticos estão no ar e é inevitável que sejam inalados. Sabemos que eles chegam aos pulmões, mas ainda precisamos de conhecer qual é o real impacto na saúde humana.

Estudo: Presence of airborne microplastics in human lung tissue

Intestino

Os microplásticos podem estar ligados à doença inflamatória intestinal (DII). Um estudo de pessoas com Doença Inflamatória Intestinal detetou que os doentes tinham mais 50% de microplásticos nas fezes.

Pesquisas anteriores mostraram que os microplásticos podem causar inflamação intestinal e outros problemas intestinais em animais de laboratório, mas a investigação é a primeira a investigar possíveis efeitos em humanos. Os cientistas encontraram 42 pedaços de microplástico por grama em amostras secas de pessoas com DII e 28 pedaços em pessoas saudáveis.

A concentração de microplásticos foi também maior para aqueles com doença inflamatória intestinal mais grave, sugerindo uma ligação entre ambos. No entanto, o estudo não prova uma ligação causal e os cientistas disseram que é necessário fazer mais investigação. Pode ser que a doença inflamatória intestinal faça com que as pessoas retenham mais micropláticos no intestino.

Estudo: Analysis of Microplastics in Human Feces Reveals a Correlation between Fecal Microplastics and Inflammatory Bowel Disease Status

Inflamação e stress oxidativo 

Estudos indicam que os microplásticos podem induzir respostas inflamatórias e aumentar o stress oxidativo nas células humanas, o que pode levar a danos celulares e contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas.

Microorganismos patogénicos e infeções

Os microplasticos comportam-se também como potenciais vetores de transporte de microrganismos, incluindo patogénicos, através da formação de um biofilme na superfície do microplástico. Espécies invasoras também são transportadas por microplésticos e os seus efeitos na biodiversidade do ecossistema ainda são desconhecidos, bem como os prejuízos relacionados com a migração de espécies exóticas para outros habitats.

Disfunção do microbioma intestinal 

A ingestão de microplásticos pode alterar a composição da microbiota intestinal, afetando a digestão e a função imunológica. Estas alterações podem estar associadas a várias condições de saúde, incluindo doenças metabólicas e imunológicas.

Transporte de substâncias tóxicas 

Os microplásticos podem adsorver poluentes orgânicos persistentes e metais pesados presentes no ambiente, atuando como vetores que introduzem estas substâncias tóxicas no organismo humano. Isto pode aumentar a exposição a compostos potencialmente carcinogénicos e disruptores endócrinos.


Microplásticos mais comuns

No meio marinho, os microplásticos são um grupo heterogéneo de partículas (< 5 mm), variando em tamanho, forma e composição química. Encontram-se nos sedimentos, na superfície do mar, na coluna de água e na vida selvagem. A próxima tabela descreve os tipos de polímeros plásticos mais comuns no meio marinho. Destes, os tipos de plástico mais comummente fabricados são o polietileno e o polipropileno.

A tabela seguinte descreve a aplicação comum do plástico encontrado no meio marinho e a frequência do tipo de polímero identificado em 42 estudos de detritos microplásticos recolhidos no mar ou em sedimentos marinhos.


Estratégias de Mitigação

Para reduzir a exposição aos microplásticos e mitigar os seus potenciais efeitos na saúde, podem ser adotadas várias estratégias:

  • Aquecer alimentos no microondas: Evitar ao máximo usar recipientes de plástico para aquecer alimentos no microondas.
  • Armazenamento de alimentos: Usar recipientes de vidro ou aço inoxidável.
  • Filtragem de água: A utilização de sistemas de filtragem de água eficazes pode diminuir a ingestão de microplásticos presentes na água potável.
  • Água engarrafada: Evite comprar água para beber armazenada em garrafas ou garrafões de plástico.
  • Filtragem do ar: Usar filtros de ar HEPA.
  • Redução do uso de plásticos: Diminuir o consumo de produtos plásticos descartáveis e optar por alternativas reutilizáveis pode reduzir a quantidade de microplásticos no ambiente.
  • Escolha de produtos sem microplásticos: Optar por produtos de higiene pessoal e cosméticos que não contenham microplásticos pode reduzir a exposição direta a estas partículas.
  • Políticas públicas e regulamentação: A implementação de políticas que limitem a produção e uso de microplásticos, bem como a promoção de práticas de gestão de resíduos mais eficazes, são essenciais para reduzir a contaminação ambiental e a exposição humana.

Água para beber qual o melhor filtro?

Para minimizar a ingestão de microplásticos e outros contaminantes na água potável, é essencial adotar métodos de filtração eficazes, tanto para a água engarrafada quanto para a da rede pública. A escolha do filtro adequado depende da eficácia na remoção de partículas e da manutenção necessária.

Métodos de Filtração Eficazes:

  1. Filtros de Osmose Reversa: Estes sistemas utilizam uma membrana semipermeável capaz de filtrar partículas até 0,001 mícron, removendo praticamente todos os microplásticos e muitos outros contaminantes. Embora altamente eficazes, são mais onerosos e requerem manutenção regular.
  2. Filtros de Carvão Ativado em Bloco: Filtros de alta qualidade com blocos de carbono podem remover até 100% dos microplásticos conhecidos, além de outros contaminantes como cloro e compostos orgânicos. São uma opção mais acessível e de fácil instalação.
  3. Filtros de Destilação: Este método envolve a evaporação e condensação da água, resultando em H₂O pura e eliminando microplásticos e outros contaminantes. No entanto, é um processo mais lento e pode não ser prático para uso diário.

Recomendações de marcas e 0rodutos:

  • LifeStraw Home: Este filtro remove mais de 30 contaminantes, incluindo bactérias, microplásticos e PFAS, apresentando um design moderno e eficiente.
  • Franke Vital Capsule: Este sistema de filtragem remove microplásticos, pesticidas, hormonas, germes nocivos, cloro e ferrugem, garantindo água de alta qualidade diretamente da torneira.
  • Filtros de Torneira com Bloco de Carbono: Modelos como o EcoPro são eficazes na remoção de microplásticos e outros contaminantes, oferecendo uma solução prática para filtrar a água da torneira.

Considerações Adicionais:

  • Manutenção Regular: Independentemente do tipo de filtro escolhido, é crucial seguir as instruções do fabricante para a substituição dos elementos filtrantes, garantindo a eficácia contínua na remoção de contaminantes.
  • Análise da Qualidade da Água: Antes de selecionar um sistema de filtração, considere realizar uma análise da água da sua região para identificar os contaminantes específicos presentes e escolher o filtro mais adequado às suas necessidades.

Ao implementar um sistema de filtração apropriado e manter uma manutenção adequada, pode-se reduzir significativamente a presença de microplásticos e outros elementos nocivos na água potável, promovendo uma saúde melhor e maior segurança no consumo diário.


Conclusão

A presença de microplásticos no ambiente e a sua potencial acumulação no organismo humano representam uma preocupação emergente para a saúde pública. Embora a compreensão dos seus efeitos ainda esteja em desenvolvimento, as evidências atuais sugerem a necessidade de medidas preventivas para reduzir a exposição e mitigar os riscos associados. Investigações futuras são essenciais para aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos de toxicidade dos microplásticos e desenvolver estratégias eficazes de proteção da saúde humana.

No entanto uma das mais importantes estratégias de defesa é evitar aquecer no micro-ondas alimentos em recipientes de plástico pois potencia de forma relevante a contaminação dos alimentos com microplásticos. A água consumida em garrafas de plástico também deve ser evitada.


Referências Bibliográficas

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  2. Os impactos potenciais dos micro e nanoplásticos em vários sistemas de órgãos em humanos (PubMed janeiro de 2024)
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  4. Detection of microplastics in human lung tissue using μFTIR spectroscopy https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969722020009
  5. Analysis of Microplastics in Human Feces Reveals a Correlation between Fecal Microplastics and Inflammatory Bowel Disease Status https://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/acs.est.1c03924
  6. Presence of airborne microplastics in human lung tissue https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389421010888
  7. Microplastics in Seafood and the Implications for Human Health Microplastics in Seafood and the Implications for Human Health – PMC
  8. Scielo – Microplásticos: Ocorrência ambiental e desafios analíticos
  9. Microplásticos na saúde: como lidar com a contaminação humana no meio da poluição desenfreada https://portugues.medscape.com/verartigo/6511887
  10. El Páis – Así se acumulan los microplásticos en el cuerpo: más en el cerebro y menos en el hígado https://elpais.com/salud-y-bienestar/2025-02-03/asi-se-acumulan-los-microplasticos-en-el-cuerpo-mas-en-el-cerebro-y-menos-en-el-higado.html?utm_source=chatgpt.com
  11. The Guardian – Microplastics may be linked to inflammatory bowel disease, study finds https://www.theguardian.com/society/2021/dec/22/microplastics-may-be-linked-to-inflammatory-bowel-disease-study-finds
  12. Cornell University – Disposable face masks: a direct source for inhalation of microplastics
  13. Presence of airborne microplastics in human lung tissue. Journal of Hazardous Materials. v. 416. ago. 2021.
  14. Plasticenta: First evidence of microplastics in human placenta. Environment International. v. 146. jan. 2021.
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  17. Como filtrar e remover microplásticos da água da torneira?
  18. tappwater.co
  19. Microplásticos: um guia prático para sobreviver à nova praga invisível

Estratégias para mitigar danos do trabalho noturno

Trabalho noturno tem sido associado a uma série de efeitos adversos na saúde, com impacto direto no sono, na saúde mental e física, e na qualidade de vida em geral. Esse tipo de regime interfere no ritmo circadiano, que é o relógio biológico natural do nosso organismo, responsável por regular o sono, o apetite, a temperatura corporal e a libertação de hormonas. Quando há uma interrupção ou desalinhamento desse ritmo, o corpo pode sofrer consequências a curto e longo prazo. Neste artigo detalho como cada uma destas áreas é afetada com base em pesquisas disponíveis.

Sono e trabalho noturno

  • Impacto: Trabalhar de noite interfere com o ritmo circadiano, causando um sono menos profundo e menos reparador, muitas vezes resultando em um sono insuficiente ou de má qualidade durante o dia.
  • Consequências: A privação de sono associada ao trabalho noturno pode levar à insónia crónica e a um aumento do risco de sonolência durante o dia.

Memória e função cognitiva

  • Impacto: O trabalho noturno causa privação de sono e a disrupção do ritmo circadiano prejudicam a memória e o tempo de reação.
  • Consequências: Dificuldades em reter informações e em tomar decisões rápidas são comuns entre trabalhadores noturnos.

Sociabilidade e saúde Mental

  • Impacto: Os trabalhadores noturnos tendem a estar desfasados dos horários dos seus amigos e familiares, diminuindo o convívio social.
  • Consequências: Esse isolamento social e emocional, pode levar a níveis mais elevados de ansiedade e depressão.

Stress e níveis hormonais

  • Impacto: Alterações nos horários de sono e trabalho noturno aumentam os níveis de cortisol, a hormona do stress.
  • Consequências: O aumento crónico do stress está associado ao esgotamento e ao risco de doenças relacionadas como a depressão e ataques de ansiedade.

Músculos e sistema musculoesquelético

  • Impacto: A falta de descanso adequado prejudica a recuperação muscular.
  • Consequências: Os trabalhadores noturnos têm um risco mais elevado de dores e fadiga muscular.

Coração e sistema cardiovascular

  • Impacto: Há uma maior incidência de hipertensão, arritmias e doenças coronárias.
  • Consequências: O trabalho noturno aumenta o risco de doenças cardiovasculares em cerca de 40%.

Tensão arterial e níveis de glicémia

  • Impacto: O stress e a falta de sono podem levar a picos de tensão arterial e resistência à insulina.
  • Consequências: Este efeito pode aumentar o risco de diabetes tipo 2 e hipertensão.

Inflamação e sistema imunitário

  • Impacto: Trabalhadores noturnos apresentam níveis mais altos de marcadores de inflamação e resposta imunitária comprometida.
  • Consequências: A imunidade mais fraca contribui para um risco elevado de infeções e doenças crónicas.

Risco aumentado de cancro

  • A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o trabalho em turnos como “provavelmente cancerígeno”, especialmente devido ao impacto da exposição à luz artificial à noite, que reduz a produção de melatonina, hormona do sono, com atividade anti-inflamatória essencial nas mitocôndrias e que se julga ter uma importante ação anticancerígena.

Sexualidade e relações pessoais

  • Impacto: O stress e o cansaço podem diminuir a libido e afetar a intimidade do casal com o surgimento da disfunção eréctil nos homens e nas mulheres a falta de interesse sexual.
  • Consequências: Relacionamentos interpessoais tendem a ser prejudicados, com uma maior dificuldade em manter relações próximas.

Alimentação

  • Impacto: Horários irregulares aumentam o risco de hábitos alimentares pouco saudáveis, como a ingestão de refeições rápidas e altamente calóricas.
  • Consequências: Esses comportamentos elevam o risco de obesidade, distúrbios metabólicos e diabetes tipo 2.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
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Mitigar os efeitos do trabalho noturno

Se o trabalho em turnos for inevitável, algumas estratégias podem ajudar:

  1. Manter uma rotina consistente nos dias de trabalho e folga.
  2. Criar um ambiente propício ao sono (escuro, silencioso e fresco).
  3. Adotar uma alimentação equilibrada, evitando refeições pesadas antes de dormir.
  4. Praticar exercícios físicos regulares, mas não perto da hora de dormir.
  5. Limitar a exposição à luz azul antes de dormir, mesmo durante o dia.

Alimentação

Para quem trabalha à noite, é fundamental uma alimentação que auxilie na energia, no foco, e que ajude a regular o ciclo de sono. O corpo não está naturalmente programado para funcionar à noite, por isso, os hábitos alimentares devem ser ajustados para minimizar o impacto na saúde. De seguida descrevo algumas dicas e exemplos de alimentos, bebidas, vitaminas, minerais e suplementos que podem ajudar.

Planeamento das refeições

  • Refeição antes do turno: Cerca de uma hora antes de começar a trabalhar, opte por uma refeição equilibrada, rica em proteínas e carboidratos complexos para fornecer energia de longa duração.
  • Lanche durante o turno: É importante comer a cada 4 horas para manter a energia estável, principalmente se o seu trabalho for pesado fisicamente ou intelectualmente desafiante. Snacks leves e saudáveis (sem Açúcar) evitam o cansaço extremo e ajudam na concentração. No entanto para algumas pessoas habituadas ao jejum esta pode ser uma estratégia com efeitos surpreendentes, desde que devidamente hidratados e até suplementados com vitaminas, minerais e probióticos. Conheço bem esta estratégia contra-intuitiva e para mim era a melhor.
  • Refeição após o turno: Esta deve ser uma refeição leve, para não dificultar o sono ou seja sem açúcar, com alguma proteína, hidratos de carbono complexos e um pouco de gordura saudável.

Alimentos recomendados

Antes do turno:

  • Carboidratos complexos: Arroz integral, quinoa, batata-doce, aveia.
  • Proteínas magras: Frango, peru, ovos, tofu.
  • Gorduras saudáveis: Abacate, azeite, frutos secos.

Durante o turno:

  • Snacks saudáveis: Frutas (como maçã, banana, laranja), cenoura, frutos secos (amêndoas, nozes), iogurte natural, barras de cereais integrais sem adição de açúcar.
  • Proteínas fáceis de digerir: Queijo fresco, ovo cozido, hummus com palitos de legumes.

Após o turno:

  • Alimentos leves e calmantes: Sopa de legumes, uma torrada integral com queijo fresco, iogurte com frutos vermelhos, ou um batido de frutas sem exagerar na quantidade de fruta por causa da frutose (açúcar da fruta) que deixa dano no nosso organismo, quando em excesso.

Bebidas

  • Água: Hidrate-se bem ao longo do turno, evitando desidratação que contribui para o cansaço.
  • Chás de ervas: Camomila, erva-cidreira ou valeriana podem ajudar a relaxar e preparar o corpo para o sono após o trabalho.
  • Cafeína moderada: Caso precise de cafeína, tome-a no início do turno e evite-a nas horas finais para não interferir no sono. Opte por café, chá verde, ou mate.

Vitaminas e minerais importantes

  • Vitamina B12 e complexo B: Essenciais para o metabolismo energético e para o sistema nervoso. Fontes: carne magra, ovos, produtos lácteos, cereais enriquecidos.
  • Vitamina D: Para quem trabalha à noite e não se expõe ao sol, é importante manter os níveis de vitamina D. Fontes: peixe gordo (como salmão, sardinha), ovo, e suplementos, se necessário.
  • Magnésio: Ajuda a regular o sono e combate o stress. Fontes: sementes de abóbora, espinafres, nozes, feijão, banana.
  • Potássio e sódio: Para manter o equilíbrio de eletrólitos, o que é essencial para evitar cãibras e fadiga. Fontes: banana, batata-doce, água de coco.

Suplementos

  • Melatonina: Pode ajudar a ajustar o ciclo de sono, especialmente se tomada após o turno, antes de dormir. Consulte um profissional de saúde antes de iniciar.
  • Ómega-3: Auxilia na função cognitiva e na gestão do stress. Pode ser encontrado em peixes gordos ou como suplemento.
  • Multivitamínico: Pode ajudar a cobrir possíveis deficiências, especialmente para quem tem um horário irregular.

A chave é a consistência. Estes hábitos alimentares e a suplementação certa ajudarão o organismo a manter-se ativo durante o turno e a descansar adequadamente depois.

Gestão do stress

Apesar de todas as estratégias, não há milagres se não existir uma boa gestão do stress diário quer seja profissional ou familiar. O impacto de uma ansiedade instalada, crónica e desregulada é brutal para a nossa saúde. Saber estabelecer prioridades, profissionais e pessoais, aceitá-las e ficar de bem com a nossa consciência é o cerne para estabelecer o caminho para uma vida mais tranquila, mesmo com turnos noturnos.

No meu caso foi absolutamente fundamental aceitar tudo o que não posso mudar, não me deixando “ruminar” pelo passado, olhar para o futuro, decidir o que só depende de mim, afastar-me de pessoas tóxicas e tratar da minha saúde para conseguir cuidar dos que me são mais próximos do coração. A consistência desta estratégia mental acaba por nos fazer aproximar das pessoas certas.

Concluindo

Trabalhar em turnos noturnos está ligado a uma série de efeitos adversos à saúde devido à desregulação dos ritmos circadianos, os quais regulam ciclos vitais, como sono, metabolismo e temperatura corporal. Pesquisas indicam que pessoas em turnos noturnos têm maior risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, obesidade, problemas cardíacos e alguns tipos de cancro, incluindo o colorretal. A disrupção do ciclo circadiano pode também afetar a saúde mental, com maior prevalência de insónia, ansiedade e depressão entre esses trabalhadores​

Para mitigar esses efeitos, recomenda-se limitar a alimentação para o horário diurno, o que ajuda a manter o controle da glicose e reduzir o risco de diabetes. Adotar estratégias para melhorar a qualidade do sono, como usar cortinas blackout, evitar luzes artificiais e adaptar o ambiente ao repouso durante o dia, também é essencial. Além disso, algumas pesquisas sugerem que a exposição a luzes escuras ou filtros de luz azul no final do turno noturno pode ajudar a alinhar melhor o relógio biológico​

Pesquisa e Evidência

Para consultar estudos específicos, poderá verificar alguns dos repositórios de artigos científicos, como PubMed, ScienceDirect e Google Scholar, onde encontrará estudos revistos por pares sobre os efeitos do trabalho noturno na saúde. Recomendo procurar artigos com termos como “night shift work health effects” ou “impacto do trabalho noturno na saúde”.

Estudos:

As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Sistema de Ativação Reticular poderoso filtro cerebral do bem e do mal

Sistema de ativação reticular (SAR em português ou RAS em inglês) afinal que influência tem na nossa vida? Quando os eventos negativos se sucedem na vida de alguém será sempre uma coincidência? Quando se interessa por um determinado modelo de automóvel e parece que de repente ele aparece em todo o lado, será coincidência? Quando tem um projeto positivo que começa a desenvolver e parece que, milagrosamente, alguns acontecimentos se alinham para atingir o seu objetivo, será coincidência? Será que existe uma estrutura no nosso cérebro que nos foca, de forma poderosa, não só nos nossos interesse e objetivos iluminantes, se formos conscientemente otimistas, mas também nos eventos negativos, se formos conscientemente pessimistas?

O sistema de ativação reticular (Reticular Activating System ou RAS em inglês) é uma estrutura no tronco cerebral que desempenha um papel crucial na regulação da vigília, estado de alerta e atenção. No fundo apresenta-nos essencialmente o que nos interessa seja negativo ou positivo, esbatendo o contexto para aumentar o nosso foco nesses interesses. Atua como um filtro para as informações sensoriais, permitindo que nos concentremos nos estímulos mais relevantes, ignorando o resto. O RAS tem um impacto significativo no nosso pensamento, perceção e comportamento geral, pois influencia a maneira como processamos e interpretamos o mundo ao nosso redor.

Neste artigo vou descrever:

  • Localização e função do Sistema de Ativação Reticular (RAS);
  • Como funciona o RAS;
  • Impacto no pensamento e perceção;
  • Influência na formação do nosso pensamento;
  • Modulação da perceção da realidade;
  • Benefícios e problemas do RAS;
  • Como potenciar a nossa concentração;
  • Influência na perceção positiva e negativa da vida;
  • Como pode melhorar a nossa vida e relações pessoais;
  • Eliminar pensamentos sombrios, agressivos e ansiosos;
  • Referências científicas;

Sistema de ativação reticular localização e função

O SAR está localizado no tronco encefálico, especificamente na formação reticular, um grupo de núcleos que se estende desde a medula oblonga até o mesencéfalo. O sistema de ativação reticular (RAS) é uma rede de neurónios localizados no tronco cerebral que se projeta anteriormente ao hipotálamo para mediar o comportamento, bem como posteriormente ao tálamo e diretamente ao córtex para ativação de padrões de EEG (Eletroencefalograma) cortical dessincronizados.

Sistema de ativação reticular e a sua localização anatómica no cérebro humano
Sistema de ativação reticular localização anatómica no cérebro humano

O sistema de ativação reticular é um componente da formação reticular em cérebros de vertebrados localizados em todo o tronco cerebral. Entre o tronco cerebral e o córtex, vários circuitos neuronais contribuem para o RAS. Esses circuitos funcionam para permitir que o cérebro module entre ritmos lentos do sono e ritmos rápidos do sono, como visto no EEG. Assim, os núcleos que formam o RAS desempenham um papel significativo na coordenação do ciclo do sono e da vigília. Os agrupamentos de neurónios que juntos compõem o RAS são responsáveis pela atenção, excitação, modulação do tónus muscular e a capacidade de concentração.

O RAS recebe informações de vários sistemas sensoriais, incluindo visão, audição, tato e olfato, integrando essas informações para determinar o nível de excitação e atenção necessários. Envia sinais ao tálamo e ao córtex para ativar ou inibir o fluxo de informações, dependendo da situação.

Impacto no pensamento e perceção

O Sistema de Ativação Reticular desempenha um papel crucial na formação de nosso pensamento e perceção da realidade. Determina quais os estímulos a que prestamos atenção e o que ignoramos, com base nos nossos objetivos, necessidades e experiências passadas. Por exemplo, se estivermos com fome, o RAS torna prioritárias as informações sensoriais relacionadas com a comida e ignorará outros estímulos que não são relevantes para a nossa sobrevivência naquele momento.

O RAS também influencia o nosso humor e emoções, pois regula a libertação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e norepinefrina. Esses neurotransmissores químicos afetam a nossa motivação, prazer e sensação geral de bem-estar, o que pode influenciar a nossa perceção do mundo ao nosso redor.

Benefícios e problemas do Sistema de Ativação Reticular

O RAS tem muitos benefícios, pois permite-nos focar a nossa atenção e conservar a energia mental ao filtrar informações irrelevantes. No entanto, também pode criar problemas, pois pode levar à atenção seletiva e viés, tendências ou preferências de confirmação, onde apenas notamos e lembramos informações que confirmam as nossas crenças e ignoramos informações que as contradizem.

Além disso, o RAS pode ser facilmente influenciado por fatores externos como stress, ansiedade, fadiga e drogas, que podem alterar a nossa perceção da realidade e prejudicar o nosso julgamento. Por exemplo, quando estamos nervosos, ansiosos ou deprimidos, o RAS torna-se mais sensível a estímulos negativos, o que pode levar a uma visão pessimista da vida e afetar o nosso relacionamento com os outros.

Influência na perceção positiva ou negativa

O RAS tem uma influência significativa na forma como percebemos o mundo ao nosso redor, pois filtra e prioriza as informações sensoriais com base nos nossos objetivos, necessidades e experiências passadas. Se tivermos uma mentalidade positiva e focarmos em oportunidades, novos projetos e soluções, o RAS dará prioridade a estímulos que sustentem essa perspetiva, levando a uma atitude mais otimista, inovadora e proativa.

Por outro lado, se tivermos uma mentalidade negativa e focarmos nos problemas e limitações, o RAS priorizará estímulos que confirmem essa perspetiva, levando a uma atitude mais pessimista e reativa. Portanto, é crucial cultivar, de forma consciente, uma mentalidade positiva, com abertura para aceitar visões com outros quadros de referência que não só o nosso ponto de vista, desenvolvendo hábitos saudáveis ​​que apoiem o nosso bem-estar, saúde e melhorem a nossa perceção da realidade.

Melhorar a nossa vida e relações pessoais

Compreender o RAS e o seu impacto no nosso pensamento e perceção pode ajudar-nos a melhorar as nossas vidas e relacionamentos com os outros. Ao aprender a focar a nossa atenção no positivo e desenvolver hábitos saudáveis ​​que apoiem o bem-estar, podemos treinar o nosso RAS para priorizar estímulos que melhorem a nossa sensação de felicidade e realização.

Além disso, ao conhecer o RAS e os seus possíveis vieses ou tendências, podemos ter a mente mais aberta e curiosa, cultivando o interesse por novas experiências e perspetivas que desafiem as nossas crenças e expandam horizontes. Isso pode levar a relacionamentos mais significativos e ricos, do ponto de vista emocional, com os outros e a uma apreciação mais profunda da complexidade e diversidade do mundo ao nosso redor.

Quando temos pensamentos negativos, pessimistas, sombrios, reativos, agressivos e ansiosos de forma permanente… este caminho é possível mas não é fácil! Tem de ser feito de forma consciente e disciplinada durante muitos meses, por vezes anos, aceitando o que não se pode mudar, controlando a nossa agressividade e reatividade, procurando sempre pontos e emoções positivas que possam, de alguma forma, esbater os pensamentos que queremos eliminar… porque pensamentos são apenas isso… pensamentos, não têm existência física, terão sempre a importância que lhes queremos dar… e devem ser controlados, por exemplo com meditação, quando nos fazem reféns duma vida sombria.

Referências científicas:

  1. Neuroanatomy, Reticular Activating System
  2. The reticular activating system: a narrative review of discovery, evolving understanding, and relevance to current formulations of brain death
  3. Differences in the thalamocortical tract of the ascending reticular activating system in disorders of consciousness after hypoxic-ischemic brain injury: A pilot study
  4. Trigeminal, Visceral and Vestibular Inputs May Improve Cognitive Functions by Acting through the Locus Coeruleus and the Ascending Reticular Activating System: A New Hypothesis
  5. Steriade, M., McCormick, D. A., & Sejnowski, T. J. (1993). Thalamocortical oscillations in the sleeping and aroused brain
  6. Moruzzi, G., & Magoun, H. W. (1949). Brain stem reticular formation and activation of the EEG. Electroencephalography and clinical neurophysiology, 1(4), 455-473.
  7. Steriade, M., Datta, S., Pare, D., Oakson, G., & Curro Dossi, R. C. (1990). Neuronal activities in brain-stem cholinergic nuclei related to tonic activation processes in thalamocortical systems. The Journal of Neuroscience, 10(8), 2541-2559.
  8. Foote, S. L., & Morrison, J. F. (1987). Extrathalamic modulation of cortical function. Annual review of neuroscience, 10(1), 67-95.
  9. Iwamoto, E. T., & Jordan, L. M. (1987). Reticulospinal projections to spinal motor nuclei: ultrastructure and synaptic organization of functionally identified and intracellularly labeled neurons in the bullfrog. Journal of Comparative Neurology, 259(3), 381-401.
  10. Steriade, M., & McCarley, R. W. (2005). Brain control of wakefulness and sleep. Springer Science & Business Media.
  11. Siegel, J. M. (2005). Clues to the functions of mammalian sleep. Nature, 437(7063), 1264-1271.

Chás infusões tisanas e medicamentos estratégias de segurança

Chás infusões tisanas e medicamentos qual a influência das infusões e do chá na atividade terapêutica dos medicamentos? Quais as principais interações medicamentosas e efeitos adversos das infusões e chás? Qual a diferença entre chá, infusão e tisana?

Neste artigo vou descrever os principais chás, infusões e tisanas, quais as suas propriedades e interações medicamentosas. A lista de infusões ordenada alfabeticamente com os nomes científicos das plantas entre parênteses, para que possas já identificar a tua infusão habitual, é descrita de seguida:

  1. Ashwagandha (Withania somnifera)
  2. Barbas de Milho (Zea mays)
  3. Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
  4. Canela – Cinnamomum verum (canela-do-ceilão) ou Cinnamomum cassia (canela-cássia)
  5. Carqueja (Baccharis trimera)
  6. Cavalinha (Equisetum arvense)
  7. Cidreira (Melissa officinalis)
  8. Cogumelo juba-de-leão (Hericium erinaceus)
  9. Equinácea (Echinacea purpurea, Echinacea angustifolia ou Echinacea pallida)
  10. Erva-doce (Foeniculum vulgare)
  11. Erva de São Roberto (Geranium robertianum)
  12. Flor de Laranjeira (Citrus aurantium)
  13. Flor de Tília (Tilia cordata ou Tilia platyphyllos)
  14. Frutos Vermelhos (diversas espécies, geralmente Rubus idaeus ou Vaccinium spp.)
  15. Gengibre (Zingiber officinale)
  16. Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
  17. Hipericão (Erva-de-São-João) (Hypericum perforatum)
  18. Hortelã (Mentha spicata ou Mentha piperita)
  19. Jasmim (Jasminum officinale ou Jasminum sambac)
  20. Lavanda (Lavandula angustifolia)
  21. Limonete (Erva-Luísa) (Aloysia citrodora)
  22. Limão (Citrus limon)
  23. Louro (Laurus nobilis)
  24. Macela Cabeças (Achyrocline satureioides)
  25. Malvas (Malva sylvestris)
  26. Pau d’Arco (Tabebuia impetiginosa ou Handroanthus impetiginosus)
  27. Pés de Cereja (Prunus avium)
  28. Quebra-Pedra (Phyllanthus niruri)
  29. Sene (Cassia angustifolia)

Lista de chás referidos no artigo:

  • Chá verde (Camellia sinensis)
  • Chá preto (Camellia sinensis)
  • Chá branco (Camellia sinensis)
  • Chá Oolong (Camellia sinensis)
  • Chá de matcha (Camellia sinensis)
  • Chá imperial (mistura de Camellia sinensis com outras plantas)

Neste artigo vou tratar os seguintes temas:

  • Diferença entre chá, infusão e tisana
  • Plantas mais usadas
  • Propriedades terapêuticas
  • Interações com medicamentos
  • Melhores combinações de plantas para potenciar efeito terapêutico
  • Relaxamento e insónia (melhor tisana)
  • Digestão e alívio de cólicas (melhor tisana)
  • Imunidade melhorada (melhor tisana)
  • Desintoxicação e retenção de líquidos (melhor tisana)
  • Stress e ansiedade (melhor tisana) 
  • Problemas renais e cálculos no rim ou pedra no rim (melhor tisana)
  • Resfriados e tosse (melhor tisana)
  • Obstipação ou intestino preso (melhor tisana)
  • Forma de preparação das tisanas
As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Chás infusões e tisanas qual a diferença?

Embora muitas pessoas acreditem ser a mesma coisa, grande parte das bebidas quentes a que chamamos chá são, na verdade, infusões. Os chás são bebidas feitas a partir de uma única planta, a Camellia sinenses, também conhecida como “Chá-da-Índia”. Assim, bebidas preparadas a partir de outras plantas como cidreira, camomila, erva doce, melissa ou especiarias, são classificadas como infusões.

Com a planta Camellia sinenses, é possível preparar uma enorme variedade de chás, que variam de acordo com o cultivo, nível de fermentação, coleta e preparação das folhas. No geral, os diversos tipos podem ser divididos em quatro grupos:

  • Chá preto,  altamente fermentado e de sabor forte;
  • Chá oolong, de fermentação mediana com sabor intermediário;
  • Chá verde, levemente fermentado e com sabor suave;
  • Chá branco: produzido a partir de folhas jovens e tenras, não fermentado.

Já a infusão é o nome do processo que utiliza água fervente numa substância para extrair os seus princípios ativos e medicinais. Por exemplo, o denominado chá de camomila é na verdade uma infusão.

Chá

  • Origem: O chá propriamente dito vem da planta Camellia sinensis. As variedades de chá (preto, verde, branco, oolong) são todas derivadas dessa planta, com diferenças no processamento e oxidação das folhas.
  • Cafeína: O chá contém cafeína, com níveis que variam dependendo do tipo e do tempo de infusão.
  • Benefícios: Cada tipo de chá oferece diferentes benefícios para a saúde, como antioxidantes, que ajudam na prevenção de doenças.

Infusão

  • Origem: As infusões são feitas com uma variedade de plantas, ervas, flores, frutas e especiarias que não vêm da Camellia sinensis. Exemplos incluem camomila, hortelã, erva-cidreira, erva-doce e hibisco.
  • Cafeína: Geralmente, infusões não contêm cafeína, tornando-as uma boa opção para quem quer evitar esse estimulante.
  • Benefícios: Dependem dos ingredientes usados. Por exemplo, a camomila é conhecida por suas propriedades calmantes, enquanto a hortelã pode ajudar na digestão.

Preparação

Tanto chás quanto infusões são preparados com a imersão das folhas ou partes das plantas em água quente. No entanto, a temperatura da água e o tempo de infusão podem variar dependendo da planta para otimizar o sabor e as propriedades da bebida.

Em resumo, o chá vem exclusivamente da Camellia sinensis e pode conter cafeína, enquanto as infusões são mais diversificadas em termos de ingredientes e geralmente não contêm cafeína.


Tisanas

As tisanas são preparações feitas à base de ervas, flores, folhas, raízes, cascas ou frutos de plantas, geralmente preparadas através de infusão, decocção ou macerado em água quente ou fria. O termo é frequentemente usado como sinónimo de infusões, mas pode ter um significado mais amplo, englobando diferentes métodos de extração dos princípios ativos das plantas.

Características das Tisanas:

  1. Sem cafeína – Ao contrário do chá (que vem da planta Camellia sinensis), as tisanas não contêm cafeína, tornando-as uma opção mais relaxante e versátil.
  2. Diversidade de ingredientes – Podem incluir ervas medicinais (como camomila, hortelã), frutas secas, especiarias (como canela) e até flores (como hibisco ou lavanda).
  3. Uso terapêutico – Muitas tisanas são utilizadas na medicina natural para tratar ou aliviar condições como ansiedade, insónia, problemas digestivos, resfriados e inflamações.
  4. Preparação variada
    • Infusão – Para partes delicadas como folhas e flores.
    • Decocção – Para partes mais duras, como raízes e cascas.
    • Macerado – Deixar os ingredientes em água fria por horas (ideal para extrair certos compostos sensíveis ao calor).

Exemplos de Tisanas

  • Calmantes: Camomila, erva-cidreira, flor de laranjeira.
  • Digestivas: Hortelã, gengibre, erva-doce.
  • Diuréticas: Cavalinha, hibisco, barbas de milho.
  • Imunológicas: Pau d’arco, equinácea, gengibre com limão.

Benefício principal

As tisanas são altamente personalizáveis, podendo ser misturadas de acordo com o gosto ou a necessidade terapêutica de cada pessoa. Assim, as tisanas representam uma prática tradicional e natural de cuidado com a saúde e bem-estar.

Chás infusões e tisanas propriedades e efeitos adversos
Chás infusões e tisanas propriedades e efeitos adversos

Propriedades terapêuticas e interações com medicamentos

De seguida descrevo as propriedade medicinais mais relevantes e as interações medicamentosas mais perigosas.

Chá Verde, Chá Preto, Chá Branco e Chá Oolong

Propriedades:

Interações:

O chá verde, rico em catequinas com forte ação antioxidante, pode interferir na eficácia de anticoagulantes, elevando o risco de formação de coágulos sanguíneos.

  • Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramentos devido à presença de vitamina K (especialmente chá verde).
  • Medicamentos para pressão arterial: Pode interferir no controle da pressão devido ao efeito estimulante da cafeína.
  • Medicamentos para ansiedade e insónia: Pode aumentar os efeitos adversos devido à cafeína.

Infusões

Descrevo de seguida as principais infusões com efeitos medicinais, respetivas propriedades terapêuticas e interações medicamentosas.

Camomila

Camomila propriedades e efeitos adversos
Camomila propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Calmante, anti-inflamatório, auxilia na digestão.

Interações com medicamentos :

A camomila, conhecida pelas suas propriedades digestivas e sedativas, pode potencializar os efeitos de anticoagulantes orais, aumentando o risco de hemorragias. Além disso, em doses elevadas, pode causar paralisia dos músculos lisos do aparelho digestivo, útero e bexiga.

  • Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
  • Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos de medicamentos como os inibidores da MAO.

Cidreira

Cidreira propriedades e efeitos adversos
Cidreira propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Calmante, melhora a digestão, alivia ansiedade.

Interações com medicamentos :

A Cidreira com o sedativo pentobarbital, potencializa o efeito do medicamento. Não é recomendado para hipotensos (pressão baixa).

  • Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
  • Tiróide: Pode interferir no funcionamento da tiróide em doses elevadas.

Flor de Tília

Tília propriedades e efeitos adversos
Tília propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Calmante, diurético leve, ajuda na insónia, ansiedade e problemas respiratórios (tosse e resfriados).

Interações com medicamentos :

  • Sedativos Pode intensificar o efeito sedativo.
  • Diuréticos Pode aumentar o efeito diurético.

Limão

Limão propriedades e efeitos adversos
Limão propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Refrescante, antioxidante, auxilia na digestão.

Interações com medicamentos:

  • Medicamentos para pressão arterial: Pode potencializar o efeito anti-hipertensivo.
  • Antiácidos: Pode alterar a absorção.

Sene

Sene propriedades e efeitos adversos
Sene propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Laxante poderoso, usado para tratar obstipação.

Interações com medicamentos :

  • Laxantes: Pode causar perda excessiva de eletrólitos se usado com outros laxantes.
  • Diuréticos: Pode aumentar o risco de desequilíbrio eletrolítico.
  • Medicamentos cardíacos: Pode interferir devido à perda de potássio, afetando o funcionamento cardíaco.

Hipericão (Erva-de-São-João)

Hipericão propriedades e efeitos adversos
Hipericão propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Antidepressivo natural, anti-inflamatório.

Interações com medicamentos:

A erva-de-São-João, frequentemente utilizada para tratar sintomas de depressão leve, pode interagir com antidepressivos, como a sertralina, levando a efeitos colaterais como sedação excessiva e depressão do sistema nervoso central.

  • Antidepressivos: Pode causar síndrome serotoninérgica se combinado.
  • Anticoncepcionais: Pode reduzir a eficácia.
  • Anticoagulantes: Pode diminuir a eficácia.
  • Imunossupressores: Pode reduzir a eficácia de medicamentos como a ciclosporina.

Gengibre

Gengibre propriedades e efeitos adversos
Gengibre propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Anti-inflamatório, melhora digestão, alivia náuseas.

Interações com medicamentos :

O chá de gengibre, embora popular por causa das suas propriedades anti-inflamatórias, pode aumentar o risco de sangramento quando consumido em grandes quantidades juntamente com anticoagulantes.

  • Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Hipoglicemiantes: Pode potencializar o efeito, causando hipoglicemia.

 Jasmim

Jasmin propriedades e efeitos adversos
Jasmin propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Relaxante, melhora o humor, antioxidante.

Interações com medicamentos : Pode potencializar o efeito de sedativos e ansiolíticos.


Erva-doce

Erva doce propriedades e efeitos adversos
Erva doce propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Digestivo, anti-inflamatório, alivia cólicas.

Interações com medicamentos:

  • Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Estrogénios: Pode interferir na eficácia de terapias hormonais.

Hibisco (rosa ou flor da Jamaica)

Hibisco ou rosa da Jamaica ou flor da Jamaica propriedades e efeitos adversos
Hibisco ou rosa da Jamaica ou flor da Jamaica propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Diurético, antioxidante, ajuda no controle da pressão arterial.

Interações com medicamentos :

  • Antihipertensivos: Pode potencializar o efeito, causando pressão arterial muito baixa.
  • Diuréticos: Pode aumentar o efeito diurético, causando desequilíbrios eletrolíticos.

Hortelã

Hortelã propriedades e efeitos adversos
Hortelã propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Digestivo, alivia dores de cabeça, calmante.

Interações com medicamentos:

  • Antiácidos: Pode interferir na eficácia.
  • Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.

Barbas de Milho

Barbas de milho propriedades e efeitos adversos
Barbas de milho propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Diurético, anti-inflamatório, ajuda na saúde renal.

Interações com medicamentos:

  • Diuréticos: Pode intensificar o efeito, levando a desidratação ou desequilíbrios eletrolíticos.
  • Antihipertensivos: Pode potencializar a redução da pressão arterial.

Pés de Cereja

Pés de cereja propriedades e efeitos adversos
Pés de cereja Prunus avium

Propriedades: Diurético, purificante, usado para tratar problemas renais e urinários.

Interações com medicamentos:

  • Diuréticos: Pode aumentar o efeito diurético, causando desequilíbrios eletrolíticos.
  • Medicamentos para pressão arterial: Pode intensificar o efeito hipotensor.

Erva de São Roberto

Erva de São Roberto propriedades e efeitos adversos
Erva de São Roberto propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Anti-inflamatório, diurético, hemostático.

Interações com medicamentos:

  • Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Diuréticos: Pode potencializar o efeito diurético.

Frutos Vermelhos

Frutos vermelhos framboesas propriedades e efeitos adversos
Frutos vermelhos framboesas propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Antioxidante, anti-inflamatório, fortalece o sistema imunológico.

Interações com medicamentos: Geralmente, tem menos interações, mas em quantidades elevadas, pode interferir na absorção de certos medicamentos.


Cavalinha

Cavalinha propriedades e efeitos adversos
Cavalinha propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Diurético, adstringente, rico em sílica (bom para ossos e unhas), ajuda no tratamento de infeções urinárias e retenção de líquidos.

Interações com medicamentos:

  • Diuréticos: Pode intensificar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
  • Antihipertensivos: Pode diminuir excessivamente a pressão arterial.
  • Lítio: Pode alterar a excreção do lítio, aumentando o risco de efeitos colaterais.

Flor de Laranjeira

Flor de laranjeira propriedades e efeitos adversos
lor de laranjeira propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Calmante, sedativo leve, ajuda na ansiedade, insônia e problemas digestivos.

Interações com medicamentos :

  • Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
  • Antidepressivos: Pode interagir com inibidores da MAO (raro, mas possível).

Limonete (Erva-Luísa)

Limonete (Erva -Luísa) propriedades e efeitos adversos
Limonete (Erva -Luísa) propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Calmante, digestivo, antioxidante, alivia cólicas e problemas gastrointestinais.

Interações com medicamentos :

  • Sedativos: Pode potencializar o efeito sedativo.
  • Medicamentos gastrointestinais: Pode alterar o pH gástrico e interferir na eficácia de alguns medicamentos.

Macela Cabeças

Macela propriedades e efeitos adversos
Macela propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Anti-inflamatório, calmante, digestivo, ajuda a aliviar dores de estômago e cólicas.

Interações com medicamentos :

  • Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Medicamentos gastrointestinais: Pode potencializar ou interferir no efeito.

Malvas

Malva propriedades e efeitos adversos
Malva propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Emoliente, calmante, expetorante, ajuda em problemas respiratórios, digestivos e na inflamação das mucosas.

Interações com medicamentos :

  • Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose no sangue.
  • Medicamentos respiratórios: Pode potencializar o efeito mucolítico.

Pau d’Arco

Pau D´'arco propriedades e efeitos adversos
Pau D´’arco propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Antifúngico, anti-inflamatório, antioxidante, fortalece o sistema imunológico, usado no tratamento de infeções e doenças crónicas.

Interações com medicamentos :

  • Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Imunossupressores: Pode reduzir a eficácia.
  • Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose.

Quebra-Pedra

Quebra-pedra propriedades e efeitos adversos
Quebra-pedra propriedades e efeitos adversos

Propriedades: Diurético, ajuda no tratamento de cálculos renais, anti-inflamatório, protetor hepático.

Interações com medicamentos:

  • Diuréticos: Pode aumentar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
  • Antihipertensivos: Pode reduzir excessivamente a pressão arterial.
  • Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a hipoglicemia.

Equinácea

Equinácea propriedades e efeitos adversos
Equinácea propriedades e efeitos adversos

Propriedades:

  • Fortalece o sistema imunitário;
  • Previne e trata resfriados e gripes;
    • Antiviral e antibacteriano;
    • Anti-inflamatório, útil em infecções respiratórias e problemas de pele.

Interações com medicamentos:

  • Imunossupressores;
    • Pode reduzir a eficácia de medicamentos como ciclosporina, tacrolimus e corticosteroides;
    • Medicamentos para alergias: Pode aumentar o risco de reações alérgicas em pessoas sensíveis;
    • Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
  • Observação: Não é recomendado para uso prolongado (geralmente até 10-14 dias) ou para pessoas com doenças autoimunes.

Canela

Canela propriedades e efeitos adversos
Canela propriedades e efeitos adversos

Propriedades:

  • Antioxidante;
    • Anti-inflamatória e antimicrobiana;
    • Ajuda no controle da glicemia (reduz os níveis de açúcar no sangue);
    • Estimula a circulação e pode ajudar na digestão.

Interações com medicamentos:

  • Anticoagulantes (ex.: varfarina);
    • Pode aumentar o risco de sangramentos, especialmente com o uso de Cinnamomum cassia devido ao alto teor de cumarina;
    • Medicamentos para diabetes – pode potencializar a redução de glicemia, causando hipoglicemia;
    • Antibióticos e hepatotóxicos – pode sobrecarregar o fígado em doses elevadas ou prolongadas;
  • Observação: O consumo em quantidades moderadas é seguro; evite o uso excessivo, especialmente da canela-cássia.

Lavanda

Lavanda propriedades e efeitos adversos
Lavanda propriedades e efeitos adversos

Propriedades

  • Calmante, sedativa e relaxante;
    • Ajuda na ansiedade, insônia e tensão nervosa;
    • Antiespasmódica, útil para aliviar dores musculares e cólicas;
    • Antisséptica, pode ser usada externamente para pequenas feridas e irritações na pele.

Interações com medicamentos:

  • Sedativos (ex.: benzodiazepinas, barbitúricos);
    • Pode intensificar o efeito sedativo, causando sonolência excessiva;
    • Antidepressivos: Pode potencializar o efeito calmante, o que pode levar à sonolência;
    • Anticonvulsivantes: Pode interferir na eficácia ou intensificar os efeitos de medicamentos para convulsões;
  • Observação: Geralmente segura quando consumida em doses moderadas. Evitar o uso excessivo em crianças pequenas e mulheres grávidas sem orientação.

Carqueja

Carqueja propriedades e efeitos adversos
Carqueja propriedades e efeitos adversos

Propriedades:

  • Digestiva;
    • Hepatoprotetora (auxilia na proteção e desintoxicação do fígado);
    • Diurética (ajuda na eliminação de líquidos e no funcionamento renal).
    • Anti-inflamatória e antioxidante;
    • Ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue e é utilizada tradicionalmente no controle da diabetes.

Interações com medicamentos:

  • A Carqueja potencia o efeito do lítio (usado em medicamentos que controlam a depressão);
    • Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a redução da glicose, causando hipoglicemia;
    • Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento devido às suas propriedades circulatórias;
    • Anti-hipertensivos: Pode intensificar o efeito, levando à hipotensão.

Louro

Louro propriedades e efeitos adversos
Louro propriedades e efeitos adversos

Propriedades:

  • Digestiva (ajuda em casos de má digestão e gases);
    • Antisséptica;
    • Antimicrobiana;
    • Anti-inflamatória, útil para aliviar dores articulares;
    • Calmante, podendo ajudar em situações de ansiedade leve.

Interações com medicamentos

  • Sedativos;
    • Pode aumentar a sonolência quando combinado com medicamentos como benzodiazepinas;
    • Anticoagulantes: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
    • Antidiabéticos: Pode reduzir a glicose no sangue, exigindo monitorização para evitar hipoglicemia.

Ashwagandha

Ashwagandha propriedades e efeitos adversos
Ashwagandha propriedades e efeitos adversos
  • Propriedades:
    • Adaptogénica, ajuda o corpo a lidar com o estresse.
    • Reduz a ansiedade e melhora a qualidade do sono.
    • Aumenta a energia, reduzindo o cansaço.
    • Anti-inflamatória, útil para dores musculares e articulares.
  • Interações com Medicamentos:
    • Sedativos: Pode intensificar os efeitos de medicamentos para ansiedade e insónia.
    • Imunossupressores: Pode interferir, já que estimula o sistema imunológico.
    • Medicamentos para a tiroide: Pode potencializar o efeito de medicamentos para hipotireoidismo, causando hiperatividade da tiroide.
  • Observação: Deve ser evitada por grávidas ou lactantes sem orientação médica.

Cogumelo juba-de-leão (Lion’s Mane)

Cogumelo juba-de-leão (Lion´s Mane) propriedades e efeitos adversos
Cogumelo juba-de-leão (Lion´s Mane) propriedades e efeitos adversos
  • Propriedades:
    • Neuroprotetora (ajuda a melhorar a memória e a cognição).
    • Estimula a produção de fator de crescimento nervoso (NGF), auxiliando na regeneração neuronal.
    • Anti-inflamatória e antioxidante.
    • Melhora a saúde gastrointestinal.
  • Interações com Medicamentos:
    • Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos devido à estimulação da regeneração nervosa.
    • Medicamentos imunossupressores: Pode interferir devido ao efeito estimulante no sistema imunológico.
    • Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Observação: Geralmente bem tolerado, mas deve ser consumido com precaução em pessoas com condições autoimunes.

Matcha (chá)

  • Nome Científico: Camellia sinensis (derivado das folhas do chá verde, moídas em pó)
  • Propriedades:
    • Rico em antioxidantes (catequinas) que combatem o envelhecimento celular.
    • Aumenta a energia e a concentração devido ao teor de cafeína e L-teanina.
    • Auxilia no metabolismo e pode ajudar na perda de peso.
    • Melhora a função cerebral e é anti-inflamatório.
  • Interações com Medicamentos:
    • Estimulantes (ex.: anfetaminas): Pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial.
    • Anticoagulantes: O teor de vitamina K pode reduzir a eficácia de medicamentos como a varfarina.
    • Antidepressivos: Pode interagir com medicamentos que atuam no sistema nervoso central.
  • Observação: Evitar o consumo em excesso para prevenir insónia, palpitações ou irritabilidade.

Chá Imperial

  • Propriedades: Pode variar dependendo da composição, mas geralmente inclui uma mistura de ervas como chá verde, ginseng, jasmim, etc., focando em benefícios como antioxidantes, melhora da energia e da função cerebral.
  • Interações: Depende dos ingredientes específicos. Pode ter interações semelhantes às do chá verde (cafeína, anticoagulantes) e ginseng (anticoagulantes, estimulantes).

Essas infusões, especialmente as mais potentes como o sene e o barbas de milho, devem ser usadas com cautela, especialmente em combinação com medicamentos. Consultar um profissional de saúde antes de incluí-las na rotina é sempre recomendável para evitar interações adversas.


Tisanas – combinações terapêuticas

Aqui estão algumas sugestões de combinações de tisanas específicas para diferentes finalidades. Cada uma delas é composta por ingredientes que trabalham em sinergia para promover os efeitos desejados:


Relaxamento e Insónia 🌙

Ingredientes:

  • Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
  • Erva-cidreira (Melissa officinalis)
  • Flor de laranjeira (Citrus aurantium)
  • Lavanda (Lavandula angustifolia) (opcional, para aroma e efeito relaxante)

Modo de preparação:
Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 250 ml de água quente por 5-7 minutos. Beba antes de dormir.


Digestão e alívio de Cólicas 🍵

Ingredientes:

  • Hortelã-pimenta (Mentha piperita)
  • Erva-doce (Foeniculum vulgare)
  • Gengibre (Zingiber officinale)
  • Limonete (Aloysia citrodora)

Modo de preparação:
Use 1 colher de chá de cada ingrediente em 300 ml de água quente. Deixe em infusão por 5-8 minutos. Pode tomar após as refeições.


Imunidade melhorada 💪

Ingredientes:

  • Pau d’arco (Tabebuia impetiginosa)
  • Gengibre (Zingiber officinale)
  • Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
  • Canela em pau (Cinnamomum verum)

Modo de preparação:
Faça uma decocção: ferva 1 colher de chá de pau d’arco e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione gengibre e hibisco e deixe em infusão por 5 minutos. Coe e beba quente.


Desintoxicação e retenção de líquidos 💧

Ingredientes:

  • Cavalinha (Equisetum arvense)
  • Barbas de milho (Zea mays)
  • Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
  • Pés de cereja (Prunus avium)

Modo de preparação:
Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada ingrediente em 500 ml de água quente por 8-10 minutos. Beba ao longo do dia.


Stresse e ansiedade 🌼

Ingredientes:

  • Flor de tília (Tilia cordata)
  • Jasmim (Jasminum officinale)
  • Camomila (Matricaria chamomilla)
  • Limonete (Aloysia citrodora)

Modo de preparação:
Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Adoce com mel, se desejar.


Problemas renais e cálculos (Pedras nos Rins) 💎

Ingredientes:

  • Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)
  • Cavalinha (Equisetum arvense)
  • Barbas de milho (Zea mays)

Modo de preparação:
Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente por 8 minutos. Tome 2-3 vezes ao dia, conforme orientação médica.


Resfriados e tosse 🤧

Ingredientes:

  • Gengibre (Zingiber officinale)
  • Malvas (Malva sylvestris)
  • Erva-doce (Foeniculum vulgare)
  • Canela em pau (Cinnamomum verum)

Modo de preparação:
Ferva gengibre e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione malvas e erva-doce, e deixe em infusão por 5 minutos. Beba quente.


Regular o intestino (obstipação) 🌱

Ingredientes:

  • Sene (Cassia angustifolia) (usar com moderação)
  • Erva-doce (Foeniculum vulgare)
  • Hortelã (Mentha spicata)

Modo de preparação:
Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Tome ocasionalmente, pois o uso contínuo do sene pode causar dependência.


Concluindo

Estas combinações de plantas em chá, infusão ou tisana, devem ser ajustadas ao teu gosto e necessidades terapêuticas, sendo sempre recomendável consultar o médico ou farmacêutico antes de usar ervas para qualquer condição de saúde que te afete, especialmente se está grávida, se tem diagnósticos de doenças graves, se toma algum medicamento importante e/ou é um polimedicado ou seja se toma 4 ou mais medicamentos, para que se analise possíveis interações com as plantas, que tanto podem aumentar como diminuir o efeito terapêutico desses medicamentos.

Bibliografia

As cinco grandes mentiras sobre saúde

Meditação e estratégias para melhorar a saúde mental e física

A meditação é uma prática antiga que tem sido usada há milhares de anos para melhorar a saúde mental e física. Essa prática envolve focar a nossa mente num determinado objeto, pensamento ou atividade para alcançar um estado de relaxamento e paz interior. A meditação demonstrou ter uma ampla gama de benefícios para a saúde mental e física.

Neste artigo vou descrever:

  • História e origem da meditação;
  • Gurus importantes;
  • O significa meditar;
  • O que é um mantra;
  • Benefícios para a saúde física e mental;
  • Técnicas mais eficazes;
  • Técnicas simples e rápidas;
  • Meditação da gratidão;
  • As cinco técnicas da atenção de Thic Nhat Hanh na Arte do Poder;
As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Meditação história e origem

As origens da meditação não são claras, mas acredita -se que tenha começado na Índia antiga onde era praticada como uma disciplina espiritual para ajudar as pessoas a alcançar estados superiores de consciência. . Os primeiros registos escritos de meditação datam de cerca de 1500 a.C. nos Vedas, as antigas escrituras hindus. Os Vedas, uma coleção de textos religiosos, contêm referências à meditação e aos seus benefícios. No budismo, a meditação é parte integrante da religião, e acredita -se que seja um dos caminhos para a iluminação.

A prática da meditação espalhou-se depois para outras partes do mundo, incluindo China, Japão e Médio Oriente. Também foi adotado por várias religiões, incluindo budismo, hinduísmo, jainismo e taoísmo.  A meditação também era praticada na Grécia antiga, no Egito e na China.

Gurus importantes na meditação

Muitos gurus e professores contribuíram para o desenvolvimento e popularização da meditação ao longo dos séculos. Alguns dos mais influentes incluem:

  • Buda – o fundador do budismo, que ensinou a meditação como um caminho para a iluminação;
  • Patanjali – um antigo sábio indiano que escreveu os Yoga Sutras, um texto sobre a prática de yoga e meditação;
  • Maharishi Mahesh Yogi – um guru indiano que popularizou a Meditação Transcendental no Ocidente nas décadas de 1960 e 1970;
  • Thich Nhat Hanh – um mestre zen vietnamita e ativista pela paz que escreveu extensivamente sobre a prática da meditação mindfulness;
  • Deepak Chopra – um médico e autor, ele popularizou a meditação no Ocidente através de seus livros e palestras.
  • Sharon Salzberg – professora de meditação e autora que tem sido fundamental para trazer ao Ocidente a atenção plena sobre a meditação e os seus benefícios.

O que significa meditar

A meditação é uma prática mental que envolve focar a nossa atenção num determinado objeto ou pensamento. Isso pode ser qualquer coisa, desde a nossa respiração até um mantra ou uma visualização. O objetivo da meditação é aquietar ou acalmar a mente e alcançar um estado de paz interior e relaxamento.

O que é um mantra

Um mantra é uma palavra, frase ou som que é repetido durante a meditação ou como um meio de concentrar a mente. A palavra “mantra” vem do sânscrito e é composta por duas partes: “man”, que significa mente e “tra”, que significa instrumento ou ferramenta.

No contexto da meditação, um mantra pode ser usado como uma ferramenta para ajudar a acalmar a mente e aprofundar a concentração. A repetição do mantra pode ajudar a criar uma sensação de clareza e foco mental e também pode servir como uma maneira de se ligar com uma intenção específica ou estado desejado de ser.

Os mantras podem ser específicos para uma tradição espiritual ou religiosa específica, ou podem ser de natureza mais geral e secular. Alguns mantras comuns incluem “Om”, “Om Shanti”, “Sat Nam” e “So Hum”.

É importante observar que a eficácia de um mantra dependerá do indivíduo e que não existe uma abordagem única para a meditação ou a prática do mantra. É recomendável que cada um de nós experimente diferentes mantras e encontre o que ressoa melhor connosco e apoia a nossa prática.

As cinco grandes mentiras sobre saúde
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Benefícios para a saúde física e mental

Foi demonstrado que a meditação traz inúmeros benefícios para a saúde mental e física. Descrevo de seguida  alguns dos mais notáveis.

Benefícios Físicos:

Benefícios mentais:

  • Melhora o foco e a concentração,
  • Reduz sintomas de depressão,
  • Melhora o humor e o bem-estar,
  • Aumenta a autoconsciência,
  • Melhora a regulação emocional,
  • Reduz os sintomas de stress Pós-traumático.

Técnicas mais eficazes

Existem muitos tipos diferentes de técnicas de meditação, cada uma com seus próprios benefícios. Algumas das técnicas de meditação mais eficazes incluem:

  • Meditação Mindfulness – concentrando a nossa atenção no momento presente;
  • Meditação de Amor e bondade – cultivando sentimentos de amor e bondade para connosco e para com os outros;
  • Meditação Transcendental – repetir um mantra para atingir um estado de transcendência;
  • Meditação Body Scan  – concentrando a nossa atenção em diferentes partes do nosso corpo para alcançar o relaxamento;
  • Meditação da consciência da respiração – concentrando-se na respiração para acalmar a mente e o corpo.

Técnicas mais simples e rápidas

Se descobrimos a meditação recentemente ou temos pouco tempo, existem algumas técnicas de meditação simples e rápidas que podemos experimentar:

  • Consciência da respiração – Concentra-te na respiração por alguns minutos, percebendo as sensações de inspirar e expirar.
  • Meditação do Mantra – Repete uma frase ou palavra simples na tua cabeça, e concentra-te no som e no ritmo do mantra.
  • Meditação a pé – Dá um passeio ao ar livre e concentra-te na tua respiração e no que te rodeia. Isso também envolve caminhar devagar e com atenção, concentrando-nos  em cada passo e nas sensações do nosso corpo.

Meditação de gratidão

A meditação da gratidão é uma prática que envolve focar nos aspetos positivos da tua vida e cultivar um sentimento de apreço por eles. Descrevo de seguida uma técnica para praticar a meditação da gratidão:

  1. Encontra um lugar tranquilo e confortável onde te possas sentar ou deitar sem distrações;
  2. Feche os olhos e respira fundo algumas vezes para relaxar o corpo e a mente;
  3. Trás à mente algo ou alguém por quem nutres um sentimento de gratidão. Pode ser uma pessoa, um lugar, uma coisa ou até mesmo uma simples experiência;
  4. Quando te concentras nesse objeto de gratidão, começa a sentir as emoções positivas associadas a ele. Observa as sensações no teu corpo e permite-te experimentar plenamente os sentimentos de alegria, amor ou admiração que surgirem;
  5. Fica com esses sentimentos por alguns momentos, permitindo que eles se expandam e preencham todo o teu ser;
  6. Enquanto continuas a concentrar-te no teu objeto de gratidão, repete para ti mesmo, silenciosamente a frase “Obrigado” ou “Sou grato/a”. Permite que as palavras penetrem e reforcem os teus sentimentos de apreço;
  7. Se a tua mente começar a divagar ou pensamentos negativos surgirem, simplesmente reconhece-os e aceita-os sem julgamento e gentilmente trás a tua atenção de volta ao teu objeto de gratidão;
  8. Continua a concentrar-te na tua gratidão por vários minutos ou pelo tempo que desejares;
  9. Quando estiveres pronto para terminar a meditação, respira fundo algumas vezes e gradualmente trás a tua consciência de volta ao ambiente;
  10. Reserva um momento para refletir sobre como te sentes após a meditação e observa qualquer mudança no teu humor ou perspectiva.

Com a prática regular, a meditação da gratidão pode ajudar-te a cultivar uma visão mais positiva e agradecida da vida e melhora o teu bem-estar geral.

As cinco práticas da atenção

Alguém que amo ofereceu-me um livro, seu, que foi marcante para a sua vida. No livro “A Arte do Poder”, Thich Nhat Hanh descreve cinco práticas de atenção que podem ajudar-nos a cultivar a força interior e transformar, com amor, os nossos relacionamentos com os outros, a saber:

  • Proteção da vida: Para proteger os humanos temos de proteger os elementos não humanos ou seja animais, plantas e minerais. Este é o ensinamento do sutra do diamante;
  • Generosidade: A pobreza está em toda a parte e a desigualdade causa sofrimento. Assim devemos oferecer o nosso tempo, energia e recursos naturais aos que deles necessitam;
  • Proteção dos indivíduos e famílias: Devemos abster-nos de abusos e relações sexuais erradas, desprovidas de amor e de compromissos de longo prazo. Corpo e mente não são duas coisas separadas. Respeitar o corpo também é respeitar a mente. Confundimos sexo com amor mas para existir Amor tem de haver respeito, sem o qual não existe verdadeiro Amor;
  • Comunicação profunda: A fala leviana e a incapacidade de ouvir os outros causa sofrimento. Devemos cultivar palavras afetuosas e melhorar a capacidade de ouvir profundamente de forma a trazer alegria e felicidade aos outros e alivia-los do sofrimento. Devemos aprender a falar com verdade com palavras que inspirem autoconfiança, alegria e esperança. Não devemos espalhar notícias das quais não temos a certeza nem criticar ou condenar sem provas certas.
  • Consumo desatento e excessivo: Devemos cultivar a nossa saúde física e mental, da nossa família e da sociedade em que estamos inseridos comendo, bebendo e consumindo com atenção utilizando alimentos que preservem a paz, bem-estar e alegria do nosso corpo, evitando o álcool e outros alimentos tóxicos assim como qualquer outro produto que possa intoxicar incluindo certos programas de televisão, certas revistas, livros, filmes e conversas. Uma “dieta” adequada que respeite os nossos antepassados, os nossos pais, a nossa sociedade e as gerações futuras é essencial para evitar a violência, o medo, a cólera e a confusão dentro de nós e da nossa sociedade.

Concluindo sobre meditação

Cada um de nós pode adaptar os benefícios da meditação ao seu ritmo de vida e agenda diária marcada pelos ponteiros do tempo que por vezes não dá tréguas. O meu tempo é quase sempre limitado, assim começo o dia com 5 ou 10 minutos sossegado, cruzando as pernas no sofá, em silêncio, desligado de todas as redes, com uma chávena quente de café entre as mãos e aceito todos os pensamentos que me visitem. Nunca dramatizo estas “visitas mentais” apenas as deixo fluir como pensamentos que são, nada mais.

Aceitar os pensamentos negativos sem dramatizar mudou a minha vida, agora quase sempre sou eu que controlo os pensamentos cinzentos e não são eles que controlam a minha agenda. Aceitar o que não podemos mudar é nuclear para uma boa saúde mental.

Quando alguma “ruminação mental” tenta ficar concentro-me na respiração nasal que ativa o nosso sistema nervoso parassimpático e nos tranquiliza. Nestes momentos necessito de fazer um esforço consciente de concentração na respiração de forma a não deixar espaço de entrada aos pensamentos. A pouco e pouco vamos aperfeiçoando a técnica às nossas necessidades.

Durante o dia aproveito os momentos de deslocação a pé para, se necessário, concentrar-me nos meus passos e respirar pelo nariz durante a caminhada e 10 minutos já fazem toda a diferença.

Ser generoso com quem nos rodeia e grato pela vida é um processo de constante evolução, absolutamente extraordinário, que nos pode indicar, de forma luminosa, o caminho certo 🙂

Referências bibliográficas:

  1. Emily K. Lindsay, (2021) – Mindfulness interventions for offsetting health risk following early life stress: Promising directions.
  2. Kuyken et al. (2020) – “Efficacy of mindfulness-based cognitive therapy in prevention of depressive relapse: An individual patient data meta-analysis from randomized trials.” This study found that mindfulness-based cognitive therapy can be effective in preventing depressive relapse in people with a history of depression.
  3. Gariepy et al. (2020) – “Meditation and Blood Pressure: A Systematic Review and Meta-analysis.” This study found that meditation can reduce blood pressure in people with hypertension.
  4. Li et al. (2020) – “Effects of mindfulness-based stress reduction on emotion regulation in adults with autism spectrum disorder: A randomized controlled trial.” This study found that mindfulness-based stress reduction can improve emotion regulation in adults with autism spectrum disorder.
  5. Emily K. Lindsay, Shinzen Young, Kirk Warren Brown,and J. David Creswell (2019) – Mindfulness training reduces loneliness and increases social contact in a randomized controlled trial – ” This study found that mindfulness meditation can reduce feelings of loneliness and increase social connectedness in adults.
  6. Murrant et al. (2019) – “Mindfulness meditation and the experience of parenting: A systematic review of qualitative studies.” This study found that mindfulness meditation can improve parenting practices and increase parental well-being.
  7. Black et al. (2018) – “Mindfulness Meditation and Improvement in Posttraumatic Stress Disorder Symptoms: A Randomized Controlled Trial.” This study found that mindfulness meditation can reduce symptoms of post-traumatic stress disorder (PTSD) and improve resilience.
  8. Hoge et al. (2018) – “The Effect of Mindfulness Meditation Training on Biological Acute Stress Responses in Generalized Anxiety Disorder.” This study found that mindfulness meditation can improve symptoms of generalized anxiety disorder and reduce inflammatory markers.
  9. Pascoe et al. (2017) – “A systematic review of randomized controlled trials on the effects of yoga and mindfulness meditation on sleep quality.” This study found that both yoga and mindfulness meditation can improve sleep quality and reduce symptoms of insomnia.
  1. Goyal et al. (2014) – “Meditation programs for psychological stress and well-being: a systematic review and meta-analysis.” This study found that meditation can reduce symptoms of anxiety, depression and pain.
  2. Zeidan et al. (2015) – “Mindfulness meditation improves cognition: Evidence of brief mental training.” This study found that just a few minutes of mindfulness meditation can reduce pain sensitivity and improve cognitive control.
  3. Tang et al. (2015) – “The neuroscience of mindfulness meditation.” This study found that mindfulness meditation can improve attention, cognitive performance and mood.
  4. Brefczynski-Lewis et al. (2007) – “Neural correlates of attentional expertise in long-term meditation practitioners.” This study found that long-term meditation practice can increase activity in brain regions associated with positive emotions and decrease activity in regions associated with negative emotions.
  5. Chiesa et al. (2011) – “Mindfulness-Based Interventions for Chronic Pain: A Systematic Review of the Evidence.” This study found that mindfulness-based interventions can reduce symptoms of anxiety and depression, and improve quality of life.
  6. Gotink et al. (2016) – “8-week Mindfulness Based Stress Reduction induces brain changes similar to traditional long-term meditation practice – A systematic review.” This study found that mindfulness-based stress reduction can reduce symptoms of depression and anxiety.
  7. Creswell et al. (2014) – “Alterations in Resting-State Functional Connectivity Link Mindfulness Meditation With Reduced Interleukin-6: A Randomized Controlled Trial.” This study found that mindfulness meditation can reduce symptoms of social anxiety and improve neural responses to social stress.

Fibromialgia estratégias de tratamento e pontos de dor




Fibromialgia qual o melhor tratamento, pontos de dor, sintomas e estigmas sociais. Quais os sinais? Quais as causas e fatores de risco? Quais os tratamentos mais eficazes? Que hábitos diários podem ajudar a melhorar? O que nunca deve comer? Porque são muitas vezes mal interpretados os doentes pela sociedade? Por desconhecimento da realidade clínica, muitas vezes as doentes são “rotuladas” de preguiçosas pelos colegas de trabalho e até por algumas pessoas de família… o que é psicologicamente muito duro de aceitar!

Com a informação reunida pelo American College of Rheumatology e pela Associação Portuguesa de doentes com Fibromialgia este artigo pretende ser um contributo importante para doentes, famílias e sociedade interpretarem e apoiarem de forma correta quem padece de fibromialgia.

Leia também: Dores musculares estas são as informações essenciais, toda a verdade!

Neste artigo vou tratar as seguintes questões:

  • Fibromialgia o que é?
  • Qual a prevalência da fibromialgia na população?
  • Fibromialgia qual a história desta doença?
  • Causas e origem fisiopatológica
  • Fatores de risco
  • Quais os sinais que não deve ignorar?
  • Diagnóstico: Quais os critérios ?
  • Dores: Quais os “pontos-gatilho” sensíveis à dor?
  • Quais as manifestações nucleares?
  • Quais as manifestações características?
  • Diagnósticos diferenciais (com outras doenças): Quais os mais importantes?
  • Doenças que podem coexistir com a fibromialgia: Quais são?
  • Tratamento: Como pode tratar a fibromialgia?
  • Qual o tratamento mais eficaz?
  • Exercício físico: Qual o mais adequado?
  • O que acontece se não fizer exercício físico?
  • Hábitos diários: Quais os que podem melhorar os sintomas?
  • Psicologia: Como se sentem psicologicamente os doentes?
  • Família do doente: Qual a reação habitual?
  • Local de trabalho: O que acontece no local de trabalho?
  • Qual a reação da sociedade em geral?

As cinco grandes mentiras sobre saúde
As cinco grandes mentiras sobre saúde

Estudos recentes sobre fibromialgia

Neste segmento descrevo alguns dos mais recentes estudos publicados pela comunidade científica:

Fibromialgia o que é?

A fibromialgia é um síndrome crónico caracterizado por queixas dolorosas neuromusculares difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas. A fibromialgia é uma das doenças reumáticas com maior incidência na atualidade. É uma doença crónica invisível, sobre a qual ainda há muito por saber. A fibromialgia não tem tratamento específico e é capaz de provocar dores intensas, no entanto mantém-se até hoje num relativo anonimato, ao qual não será alheio o facto de apenas ter sido reconhecida como doença pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1970.

Prevalência

Estima-se que atinja entre 2 e 8% da população adulta global e ainda que esteja em clara expansão.

Fibromialgia qual a história desta doença?

historia da fibromialgia melhorsaude.org

Já Hipócrates descreve a dor músculo-esquelética difusa. Os principais pontos históricos da doença, por ordem cronológica, são os seguintes:

  • 1824, Balfour faz a associação entre reumatismo e pontos dolorosos;
  • 1880, Beard classifica como Mielastenia uma síndroma com as características da Fibromialgia;
  • No início do séc xx, Growers introduz o termo “Fibrosite”por supor (algo nunca comprovado), que se trataria de alterações fibromusculares;
  • 1972, Moldofsky identifica as perturbações do sono Nrem;
  • 1977, Smythe e Moldofsky associam a presença de dor crónica e generalizada com pontos dolorosos em locais previsíveis e sono não reparador;
  • 1990, o Colégio Americano de Reumatologia define os critérios de diagnóstico ainda agora utilizados.

Causas fisiopatológicas

Especula-se, ainda, acerca da origem da doença. Sabe-se que os doentes de fibromialgia apresentam:

  • Diminuição de serotonina e ácido 5 – Hidroxindolacético no LCR (líquido cefalorraquidiano) e no plasma;
  • Elevação da substância P no LCR (líquido cefalorraquidiano);
  • Hipovascularização de algumas regiões cerebrais;
  • Alterações no EEG (eletroencefalograma) de sono noturno, na fase NREM (fase de sono profundo onde ocorrem os sonhos);
  • Hipertonia simpática,
  • Alterações da memória recente.

Existem ainda outras alterações, mas todas elas são comuns a outras patologias. O mais provável é que seja uma causa multifatorial.

Fatores de risco

Embora não sejam conhecidas, com rigor, as causas da fibromialgia, sabe-se que as mulheres são quase 10 vezes mais afetadas que os homens. Na verdade, 80 a 90% dos casos diagnosticados são de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos. Supõe-se, por outro lado, que o desenvolvimento da doença também possa ser influenciado por fatores como:

Sintomas dores musculares e fadigafibromialgia melhorsaude.org melhor blog de saude

O sintoma predominante da fibromialgia é a dor muscular. Surgindo, na maior parte dos casos, de forma generalizada mas centrando-se posteriormente em regiões específicas, como o pescoço ou a região lombar, esta assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante. Pode, no entanto, fazer-se acompanhar por outros sintomas, como:

  • Perturbações de sono, presentes em cerca de 70% dos doentes, piorando as dores nos dias que dormem pior. Os registos eletroencefalográficos podem apresentar alterações relacionadas com as perturbações do sono.
  • Fadiga constante, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico. Quando o sintoma dominante é a fadiga a doença tem sido designada por Síndroma da Fadiga Crónica;
  • Dificuldades de concentração;
  • Falta de memória;
  • Dores de cabeça;
  • Espasmos musculares;
  • Rigidez muscular;
  • Formigueiros e inchaços nos dedos das mãos e dos pés, principalmente ao levantar;
  • Distúrbios emocionais, com frequência de ansiedade e às vezes há depressão;
  • Perturbações gastrointestinais em alguns doentes que apresentam queixas gástricas e cólon irritável.

Os sintomas podem, no entanto, variar em intensidade e até mesmo desaparecer e reaparecer de forma esporádica, consoante a hora e o dia, os níveis de stresse e ansiedade ou as mudanças de temperatura. Também podem ser agravados com a atividade física exagerada ou desequilibrada.

Há relatos de casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.

Existem estudos que mostram que pessoas com esta doença, apresentam alterações nos níveis de algumas substâncias importantes, particularmente:

  • Níveis baixos de serotonina;
  • Níveis elevadas de proteína P.

Diagnóstico quais os critérios?

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Descrevo de seguida os critérios de diagnóstico do American College of Rheumatology:

Manifestações nucleares

Dor crónica generalizada, com evolução de, pelo menos, 3 meses, abrangendo a parte superior e inferior do corpo, lado direito e esquerdo, assim como o esquerdo axial.

Dor à pressão, em, pelo menos, 11 de 18 pontos predefinidos, a saber:

  • Ponto occipital – Bilateral, nas inserções do músculo sub-occipital.
  • Ponto cervical inferior – Bilateral, na face anterior dos espaços        intertransversários de C5 e C7
  • Ponto trapézio –  Bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo.
  • Ponto supra espinhoso –  Bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata, junto do bordo interno.
  • Ponto 2ª costela – Bilateral, na junção costo-condral da 2ª costela, imediatamente para fora da junção e na face superior.
  • Ponto epicôndilo – Bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo.
  • Ponto glúteo – Bilateral, no quadrante superior externo da nádega, no folheto anterior do músculo.
  • Ponto grande trocanter – Bilateral, posterior à proeminência trocantérica.
  • Ponto Joelho – Bilateral, na almofada adiposa interna, acima da interlinha articular.

Pontos dolorosos

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Fibromialgia ponto gatilho melhorsaude.org melhor blog de saude

Os pontos dolorosos não são de dor espontânea.

A sua pesquisa deve ser efetuada com uma pressão digital de 4kg.

A dor não deve irradiar.

Manifestações Características

  • Fadiga crónica,
  • Sono não reparador,
  • Parestesias,
  • Rigidez (sobretudo matinal),
  • Edema subjetivo,
  • Cefaleias,
  • Síndroma de colon irritável,
  • Fenómeno de Raynaud,
  • Depressão/ansiedade,
  • Hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura ( tipo síndroma gripal).

O diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames subsidiários caracteristicamente positivos na fibromialgia.

Doenças e diagnósticos diferenciais

Tendo em consideração que os sintomas de fibromialgia são comuns a outras doenças que têm tratamento diferente, sendo que algumas são potencialmente graves em termos de sobrevida, é necessário descartar ou confirmar, previamente, de forma clara a presença, simultânea ou não, das seguintes doenças:

  • Artrite reumatoide;
  • Lupus eritematoso sistémico;
  • Espondilite anquilosante;
  • Polimiosite;
  • Síndroma de Sjörgen;
  • Polimialgia reumática;
  • Osteomalacia ;
  • Osteoporose;
  • Doença vertebral degenerativa;
  • Síndroma de dor miofascial;
  • Hipotiroidismo;
  • Hipertiroidismo;
  • Hiperparatiroidismo;
  • Síndrome paraneoplásico;
  • Miopatia metabólica;
  • Metastização tumoral;
  • Mieloma múltiplo,
  • Polineuropatias;
  • Doença de Parkinson;
  • Sarcoidose;
  • Infeções víricas;
  • Neuroses;
  • Psicoses;
  • Ansiedade;
  • Depressão.

Qualquer destas patologias pode coexistir com a Fibromialgia.

Tratar a fibromialgia

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Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco específico para a doença. Existem, no entanto, medicamentos e técnicas que podem ajudar a aliviar os sintomas, principalmente as dores, a saber:

  • Analgésicos;
  • Relaxantes musculares;
  • Antidepressivos;
  • Massagens;
  • Técnicas de relaxamento.

Tratamento qual o melhor?

O primeiro passo é acreditarmos no sofrimento do doente! Seguidamente, envolver o doente no seu tratamento. Cada sujeito ativo compreendendo e colaborando na responsabilidade do Sucesso / Insucesso.

Deve frisar-se que se trata de uma doença crónica e que o tratamento visa, não a ausência de sintomas, mas o seu controlo. Também teremos que estar preparados para Adaptar os esquemas terapêuticos à evolução das queixas. O tratamento é sempre individual.

Tratamento Farmacológico

O tratamento farmacológico inclui os seguintes medicamentos:

  • Amitriptilina, em doses baixas ( 10mg – 25mg/ dia),
  • Fluoxetina (antidepressivo),
  • Diazepam e outros mio relaxantes (relaxantes musculares),
  • Ansiolíticos,
  • Indutores do sono,
  • Antiepiléticos, (topiramato em doses até 75mg/dia tem-se mostrado útil),
  • Analgésicos como o paracetamol, com e sem codeína, os salicilatos, o tramadol, revelam alguma eficácia.

Os corticosteroides, devido aos efeitos secundários e à quase ineficácia, são de evitar!

Tratamento Psiquiátrico

O apoio psiquiátrico nunca deve ser de descurar, sempre que se revele necessário, sob a orientação de médico psiquiatra com experiência em dor.

Psicoterapia Coadjuvante

Particularmente útil nas áreas Cognitiva / Comportamental:

  • Aprender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
  • Técnicas de Bio Feedback têm-se mostrado úteis.

Fisioterapia é possível

Sim mas apenas quando individualizada e efetivada por técnicos com experiência nestes doentes.

Exercício Físico adequado

Fundamental, o exercício físico mais indicado é adaptado às condições do doente. Aconselha-se, essencialmente:

  • Caminhada,
  • Natação (sem grande esforço), em ambientes agradáveis e tépidos.

É importante não descurar o Exercício Físico, porque a inação para que tendem os doentes de Dor Crónica, acarreta consequências psíquicas e físicas como:

  • Depressão,
  • Obesidade,
  • Atrofia Muscular,
  • Osteoporose,
  • Artralgias,

Estas são situações que acabam também e por si só, gerar doença.

Alimentação faz toda a diferença

Não existem dúvidas que a alimentação pode ter uma influência extraordinária na evolução e sintomatologia da doença.  Cada doente deve tentar identificar principalmente os alimentos que fazem piorar a sua condição de saúde.

No geral deve evitar todos os alimentos fabricados e embalados pois quase sempre tem aditivos alimentares artificiais e teores de açúcar demasiado elevados.

Entre os mais importantes vale a pena estar atento e se necessário eliminar da alimentação diária os seguintes:

  • Aditivos alimentares artificiais como o Glutamato monossódico (MSG) e o Aspartame
  • Glúten
  • Açúcares
  • Enchidos
  • Alimentos fritos que contêm gorduras saturadas de má qualidade
  • Álcool

Também o excesso de peso parece piorar sempre os sintomas dolorosos associados à fibromialgia.

Nutrição e estudos sobre fibromialgia

Os seguintes estudos alertam para a importância do cuidado alimentar para mitigar os sintomas da fibromialgia, a saber:

Stress e hábitos diários

Quais os que melhoram os sintomas?

Adaptar o seu estilo de vida aos sintomas da doença é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim deve tentar aplicar os seguintes hábitos diários:

Psicologia  do doente como se sente?

Como em qualquer outra doença dolorosa crónica e tendencionalmente incapacitante, estes doentes apresentam-se muito queixosos, com níveis de autoestima baixos, angustiados, revoltados, não compreendidos e uma história de grande dificuldade em gerir a sua vida familiar, laboral e social.

Família do doente como reage?

A família é um fator primordial, para o melhor e para o pior, na evolução destes doentes. Muitas vezes não colabora, acusando o doente de “preguiçoso”, “piegas” ou “desequilibrado” emocionalmente. Normalmente, após elucidado, o agregado familiar passa a colaborar, sendo de grande importância, pelo suporte que pode dar ao doente. Por vezes, a própria família precisa de Apoio.

Local de trabalho o que acontece?

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Devido às características da doença, a produtividade diminui, o que, muitas vezes, acarreta acusações dos colegas e superiores hierárquicos, criando um meio hostil. Devem-se diminuir os níveis de Stress do doente, respeitando os seus Ritmos de trabalho e/ou mudando de Actividade profissional.

Sociedade como são tratados os doentes?

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Normalmente, a incapacidade inerente à doença implica uma marcada diminuição da quantidade e qualidade da Vida Social destes doentes, assim como um aumento de gastos com o consumo de Serviços de Saúde e da Segurança Social, com faltas ao trabalho e Reformas precoces.

O Estado português ainda não facilita a estes doentes os direitos que lhes deveriam ser atribuídos, de acordo com o reconhecimento da patologia já existente, revelando-se duplamente penalizante para o doente e agregado familiar.

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Concluindo

Se suspeita que pode sofrer de fibromialgia, consulte o seu médico assistente ou o seu reumatologista. O diagnóstico faz-se quando a dor existe por mais de três meses em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo. Entretanto, realizam-se exames para excluir outras doenças que possam causar as queixas.

Se, infelizmente, já é um doente fibromialgico então não se acomode, adote um estilo de vida saudável com exercício físico e alimentação adequados. Vá ao médico acompanhado por alguém da sua família para que esta fique bem informada sobre a doença e possa dispensar-lhe o apoio positivo que é essencial para evitar outras perturbações psicológicas muitas vezes associadas à doença.

Fique bem!

Franklim Fernandes

Bibliografia:

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