Dor ciática na perna também conhecida por ciatalgia ou simplesmente ciática, é uma alteração da função do maior nervo do corpo humano, o nervo ciático. Pode ser bastante incapacitante e causar dor muito forte. Neste artigo vou falar dos pontos mais importantes como dor ciática tratamentos, sintomas, causas, prevenção e últimas descobertas. Toda a verdade sobre uma dor que pode ser incapacitante para a sua rotina diária… e penalizar muito a sua vida normal!
O nervo ciático, também chamado de nervo isquiático, surge da junção das raízes nervosas que nascem entre a 4ª vértebra lombar e a 3ª vértebra do osso sacro, dando origem a um espesso nervo que desce em direção ao membro inferior. É o maior nervo do corpo humano, percorrendo a nádega, a perna e o pé. É graças a este nervo que os músculos das pernas se movem, permitindo articular os membros inferiores.
Dor ciática o que é?
Trata-se de uma crise aguda de dor forte ao longo do nervo ciático. A dor é provocada por uma irritação ou compressão das raízes do nervo ciático ou outro tipo de lesão no nervo ciático. Pode aparecer na coluna lombar, quando há algum tipo de compressão sobre o nervo ciático. A localização da dor varia consoante as raízes do nervo afetadas,
Sintomas
Os sintomas da dor ciática na perna podem ser diversos e dependentes das raízes do nervo afetadas, podendo resumir-se nos seguintes:
Dor que irradia para uma das nádegas, para a parte posterior e externa da coxa, da perna e do pé ou para o primeiro dedo do pé;
É comum a dor ciática estar associada à dor lombar;
Perda de sensibilidade;
Diminuição da força muscular;
Sensação de formigueiro;
Dores aumentam quando fica de pé ou sentado;
Dor aumenta ao levantar as pernas, nas áreas dolorosas como nádegas, coxa, perna e pé;
Os sintomas podem ser diferentes de pessoa para pessoa. Podem piorar durante a noite. A dor costuma passar ao fim de alguns dias, mas caso o problema persista é muito importante ter um diagnóstico preciso, para evitar o risco de virem a surgir lesões neurológicas irreversíveis.
Um original de Franklim Moura Fernandes
Causas
A principal causa de compressão do nervo ciático e, consequentemente, de dor ciática na perna é a hérnia discal na coluna lombar. A dor ciática pode aparecer nas seguintes situações:
Na região lombar quando há algum tipo de compressão sobre o nervo ciático, provocada por uma hérnia discal, um tumor ou outro tipo de lesão.
No caso da hérnia discal lombar, por exemplo, o anel que circunda o disco intervertebral rompe-se, o núcleo que está no seu interior passa para o canal vertebral e comprime as raízes do nervo, provocando dor.
Gravidez e parto;
Levantamento de coisas pesadas sem fletir os joelhos;
Carregamento excessivo de peso é muitas vezes uma das causas mais comuns da dor ciática por aumentar a pressão nas costas.
Idade avançada torna mais frequente o desgaste das estruturas da coluna vertebral surgindo artroses, que vão afetar a espinal medula e as raízes dos nervos.
Outras causas de compressão do nervo ciático são:
Espondilolistese (deslizamento de uma vértebra sobre a outra),
Traumas, tumores ou infeções da coluna lombar,
Estenose (estreitamento) do canal vertebral onde passa a medula,
Osteófitos (bico de papagaio),
Artrose da coluna.
Síndrome do músculo piriforme. Este problema surge quando o músculo piriforme, localizado na região glútea, sofre um espasmo e provoca compressão do nervo ciático que passa por baixo do mesmo.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco que aumentam a probabilidade de aparecimento de dor ciática são os seguintes:
Posturas incorretas, repetitivas e mantidas durante demasiado tempo;
Sedentarismo;
Obesidade;
História clínica de dores lombares;
Esforços excessivos ou pouco regulados.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado juntando os sintomas descritos pelo doente com a avaliação clínica do médico e da localização da dor. Pode haver necessidade da realização de exames complementares coluna lombar, para se obterem imagens rigorosas da coluna vertebral, dos nervos e das lesões que causam a dor ciática, tais como:
O tratamento inicial da ciatalgia é com medicamentos para controle da dor, tais como anti-inflamatórios ou analgésicos comuns. Em muitos casos, a dor dura poucos dias e desaparece sem nenhuma conduta mais agressiva. O tratamento da dor ciática tem diversas abordagens que podem ser complementares. De seguida descrevo as principais estratégias de tratamento.
Repouso ou atividades leves
O repouso é primeira medida terapêutica a ser tomada no caso de dor ciática. No entanto atividades leves, que não sobrecarregam a coluna, parecem melhorar mais a ciatalgia do que ficar deitado na cama. Natação e fisioterapia costumam ter boa resposta. Em alguns casos, a acupuntura também apresenta bons resultados. De seguida deve consultar um médico especialista em coluna vertebral, tal como um neurocirurgião ou ortopedista.
Medicamentos para dor ciática
Diclofenac (voltaren®) e ibuprofeno (brufen®) são alguns dos anti-inflamatórios que diminuem a inflamação do nervo e a dor. Em casos de dor intensa, podem ser necessários opioides, que são medicamentos derivados da morfina, como o tramadol. O uso de relaxante muscular como o tiocolquicosido ou benzodiazepinas, como o diazepam, também ajudam a diminuir a dor. Como a ciatalgia ou dor ciática é uma dor de origem neurológica, nos medicamentos para dor ciática crónica pode ser necessário usar alguns antidepressivos ou anticonvulsivantes para melhor controlar dores crónicas e fortes.
Dor ciática exercícios
Tanto a fisioterapia como algum exercício físico específico podem ajudar em muitos casos, mas só devem iniciar-se após efetuado o diagnóstico correto e por indicação do médico especialista.
Cirurgia
Está indicada quando a dor é muito intensa e resiste às medidas acima referidas, se surgir diminuição da força muscular ou dormência persistente num membro. O objetivo da intervenção cirúrgica é corrigir a causa da compressão do nervo ciático. A causa mais comum de dor ciática é a hérnia discal e a cirurgia para a sua cura consiste na sua remoção e do disco intervertebral que provoca a compressão.
Prevenção
Devemos cuidar da coluna vertebral ao longo de toda a vida, evitando sobrecarregá-la e fazer treino muscular para manter posturas corretas, em repouso ou durante os movimentos do dia a dia.
Praticar desporto
Praticar exercício físico adequado, sob orientação de técnicos especializados, ajuda a reforçar os músculos que protegem a coluna vertebral. Não se deve fazer exercício físico que ultrapasse as capacidades individuais. A dança é um dos melhores exercícios que se podem fazer pelo equilíbrio muscular, pelo bem-estar e pelo reforço de cálcio nos ossos que proporciona.
Evitar excesso de peso
Evitar pegar em pesos excessivos e fazê-lo sempre com uma postura defensiva: fletir os joelhos e contrair o abdómen, mantendo a coluna direita e pegando nos pesos com ambas as mãos (por exemplo, se vai às compras deve distribuir o peso pelas duas mãos); equilibrar o esforço e a postura.
Posturas corretas
Quando estamos sentados, as costas devem estar totalmente apoiadas na cadeira e os pés bem assentes no chão (pode haver necessidade de usar um pequeno degrau de apoio); o pescoço deve estar sempre direito, o que é particularmente relevante para quem passa horas em frente ao computador. Muito importante é mudar frequentemente de posição, flexibilizando os músculos e as articulações.
Calçado confortável e saudável
Deve ser usado calçado confortável, individualizado, que não afete negativamente a postura. Os saltos dos sapatos, vistos tradicionalmente como inimigos da saúde da coluna vertebral, devem antes ser considerados aliados, por quem os usa. E isto porque o conforto que o calçado proporciona está também relacionado com a altura dos saltos. É claro que não estamos a falar de saltos de 10 cm… mas sim de 2 a 3 cm.
Resumo dos pontos mais relevante sobre dor ciática:
A dor ciática é uma dor lombar que se estende através da nádega até à perna.
A sua origem está na compressão ou inflamação do nervo mais longo do corpo que se chama nervo ciático.
É um nervo que começa na coluna vertebral passa pelas nádegas e desce pela parte de trás da perna.
Muitas vezes confundimos erradamente dor lombar com dor ciática.
A dor pode ser leve ou aguda e é geralmente afiada e intensa.
Este tipo de dor pode causar dificuldades em manter-se de pé ou andar.
Além da dor pode sentir fraqueza muscular e formigueiro na perna, no pé ou nos dedos do pé.
Em alguns casos podem surgir cãibras musculares na nádega ou na perna e diminuição dos reflexos nos joelhos e tornozelos.
Mesmo quando é muito dolorosa a dor ciática raramente se torna crónica, desaparecendo, quase sempre de forma espontânea.
A dor ciática, sendo provocada pela compressão de um nervo, pode acontecer durante a gravidez, parto ou levantamento coisas pesadas.
É raro que a sua causa seja uma hérnia ou tumor.
O carregamento excessivo de peso é muitas vezes uma das causas mais comuns da dor ciática por aumentar a pressão nas costas.
Se acha que tem dor ciática deve consultar o seu médico.
Por vezes a dor ciática pode ser um sinal de alerta de uma hérnia prestes a formar-se.
Outras vezes a dor pode estar associada a um estreitamento do canal vertebral.
Zona da coluna vertebral afetada e padrão de dor que origina
Na maior parte dos casos o médico vai aconselhar repouso e exercícios para fortalecer os músculos das costas.
Para diminuir os sintomas o médico vai prescrever analgésicos fortes e possivelmente encaminha-lo para um fisioterapeuta.
Durante algum tempo não vai poder carregar coisas pesadas.
Quando deixar de sentir dores se continuar a sentir pernas dormentes ou perdas de urina deve de imediato consultar o seu médico.
Se a dor ciática for causada por uma hérnia, a cirurgia parece ser o único tratamento com bons resultados.
Referências:
Prof. Doutor Victor Gonçalves, neurocirurgião e Coordenador da Unidade de Neurocirurgia do Hospital Lusíadas Lisboa
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Pessoas que não consomem álcool podem desenvolver fígado gordo ou esteatose hepática e cirrose não alcoólica que pode tornar-se grave. Descubra toda a verdade sobre este perigo oculto! O que significa, quais os sintomas, quais as causas, qual o melhor tratamento e qual a prevenção mais adequada.
Fígado gordo é um problema de saúde muito importante que pode causar uma grave doença denominada cirrose hepática não alcoólica, que se instala lentamente e afeta milhares de pessoas sem que a maioria se aperceba atempadamente do perigo que corre, pois os sintomas na fase inicial são discretos.
Este artigo pretende ser uma ferramenta importante para ajudar a detetar os sinais precoces desta perigosa condição de saúde, ajudar a corrigir os principais hábitos de vida e erros alimentares e, talvez, salvar muitas vidas!
O fígado é a maior glândula e o maior órgão maciço do corpo humano. Funciona como glândula exócrina, libertando secreções num sistema de canais que se abrem numa superfície externa, e também como glândula endócrina, pois também liberta substâncias no sangue ou nos vasos linfáticos.
Localiza-se no hipocôndrio direito, epigástrio e pequena porção do hipocôndrio esquerdo, sob o diafragma e tem um peso aproximado de 1,3-1,5 kg num homem adulto e ligeiramente menos numa mulher. Em crianças é proporcionalmente maior, pois constitui cerca de 5% do peso total de um recém nascido.
O fígado é o segundo maior órgão do corpo e desempenha inúmeras funções, tanto na digestão e utilização dos nutrientes, como na remoção de substâncias prejudiciais, além de uma boa regulação da coagulação. Em termos simples o figado tem três principais funções:
Digerir alimentos;
Armazenar energia;
Remover substâncias tóxicas.
Em algumas espécies animais o metabolismo alcança a atividade máxima logo depois da alimentação o que diminui a capacidade de reação a estímulos externos. Em outras espécies, o controle metabólico é estável, sem diminuição desta reação. Esta diferença é determinada pela função reguladora do figado, órgão essencial da coordenação fisiológica.
Em mais detalhe, as funções do fígado mais relevantes são as seguintes:
Desintoxicação do organismo;
Produção de bile, cerca de 1,5 litros por dia;
Emulsificação de gorduras facilitando o processo digestivo destas, através da secreção da bile;
Síntese do colesterol;
Reciclagem de hormonas;
Armazenamento das vitaminas A, B12, D, E e K;
Armazenamento de alguns minerais como o ferro;
Conversão de amónia em ureia;
Síntese de protrombina e fibrinogênio (fatores de coagulação do sangue);
Destruição das hemácias (glóbulos vermelhos);
Transformação de glicose em glicogénio;
Síntese, armazenamento e quebra do glicogênio quando é necessária glicose para produção de energia;
Lipogênese, a produção de triacilglicerol (formação de gorduras);
Síntese de albumina (importante para a osmolaridade do sangue);
Síntese de angiotensinógeno (hormona que aumenta a pressão sanguínea quando ativada pela renina);
No primeiro trimestre de gravidez é o principal produtor de eritrócitos, no entanto perde essa função nas últimas semanas de gestação;
Sintese de heparina e vitamina A;
Ação antitóxica importante, processando e eliminando os elementos nocivos de bebidas alcoólicas, café, barbitúricos, gorduras, medicamentos e outras substâncias potencialmente tóxicas;
Fígado gordo ou esteatose hepática (EH) é uma deposição difusa de gordura, principalmente triglicéridos, nos hepatócitos (células do fígado), excedendo habitualmente 5% do peso do fígado.
Numa tese de mestrado em Nutrição da Faculdade de Medicina de Lisboa, citam-se estudos realizados entre 2004 e 2013 que referem prevalência de EH como sendo de 26,0% na China, 21,8% no Japão e 31% nos Estados Unidos, sendo superior em certos grupos étnicos (45% nos hispânicos). Isto significa que em 2020, com o aumento da obesidade na população, os números serão certamente ainda piores!
Dados interessantes sobre a prevalência de figado gordo:
Presente em cerca de 20% a 30% da população independentemente da idade, género ou etnia.
Maior prevalência em homens, principalmente em idades mais avançadas, e também nas mulheres pós-menopáusicas.
Pode atingir cerca de 3% das crianças (com idades próximas aos quatro anos) e 20% a 50% das crianças obesas.
Esteatose hepática classificação
A estetose hepática é habitualmente classificada de acordo com os consumos de álcool (com o cut-off de 20g/d) e após exclusão de hepatites B ou C em:
Esteatose hepática alcoólica (EHA)
Esteatose hepática não alcoólica (EHNA)
Sintomas
A maioria dos doentes não apresenta sintomas numa fase inicial o que torna esta doença ainda mais perigosa pois permite que avance de forma oculta e por vezes até atingir uma fase de difícil reversão. Por vezes, podem surgir as seguintes manifestações clínicas:
Cansaço,
Dor ou desconforto no quadrante superior direito do abdómen,
Perda de apetite,
Náuseas e vómitos,
Dor de cabeça,
Fezes esbranquiçadas,
Sintomas em fase avançada da doença
Numa fase avançada da doença, já com lesão e inflamação do fígado, aparecem os seguintes sintomas:
Icterícia (cor amarelada nos olhos e na pele),
Febre,
Ascite ou barriga inchada (distensão do abdómen por acumulação de líquido).
Causas
Pensa-se que a patogénese destas doenças esteja relacionada com um processo de duas fases, onde numa primeira fase ocorre acumulação de ácidos gordos no fígado, levando à esteatose hepática.
Este desenvolvimento de esteatose está relacionado com o excesso de consumo de álcool no caso da esteatose hepática alcoólica.
A gordura que é ingerida é metabolizada no fígado e noutros tecidos. Se ela for excessiva, fica armazenada no tecido adiposo. Daí pode ser transferida para outros locais e também para o fígado. Noutros casos, a gordura acumula-se neste órgão que se revela incapaz de a transformar para ser eliminada.
Cerca de 80% dos consumidores de álcool desenvolvem esta patologia porque o álcool permite uma rápida acumulação de ácidos gordos no fígado.
Doença do fígado gordo não alcoólica
A esteatose hepática não alcoólica surge em pessoas que não consomem alcool e o seu desenvolvimento está intrinsecamente ligado aos seguintes factores principais:
Obesidade, principalmente visceral;
Dislipidémia (colesterol e triglicéridos elevados);
Resistência à insulina (diabetes).
A acumulação de gordura hepática predispõe o fígado ao dano hepático na segunda fase do processo, onde ocorre necrose, inflamação, fibrose e por fim, cirrose hepática.
As causas secundárias de esteatose hepática não alcoólica ou doença do fígado gordo não alcoólica são diversas, sendo muito importantes as descritas na seguinte tabela.
Causas secundárias da esteatose hepática não alcoólica
Sindrome do intestino irritável também denominado cólon irritável ou colite nervosa
Evolução da doença
A EHNA é uma condição normalmente benigna e reversível, a sua progressão a fibrose e cirrose é denominada esteatohepatite não alcoólica (nonalcoholic steatohepatitis, NASH) e representa um estado mais grave da doença. Estima-se que nos Estados Unidos, a NASH afete cerca de 3-6% da população, com 30% de morbilidade em pacientes obesos.
Não são totalmente compreendidos os determinantes na progressão desta doença, que pode afetar tanto crianças como adultos. Entre 45% e 100% dos pacientes com EH não apresentam sintomas, revelando-se assim, como uma doença “silenciosa”.
A gravidade na EHNA depende não só das consequências tardias, como a cirrose e o carcinoma hepatocelular, mas também das elevadas taxas de eventos cardiovasculares associados, que fazem desta doença um problema de saúde pública relevante
Diagnóstico
As técnicas de diagnóstico mais usadas são as descritas na tabela seguinte.
Técnica de diagnóstico
Objetivo
Ecografia abdominal
Revelar o volume do fígado
Análises ao sangue em doentes obesos, diabéticos e/ou dislipidémicos
Detetar aumento das enzimas hepáticas denominadas transaminases
Biópsia
Confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de inflamação
As principais alterações laboratoriais na esteatose hepática (EH) são as elevações das seguintes enzimas hepáticas:
Aspartato aminotransferase (AST);
Alanina aminotransferase (ALT);
Gamaglutamiltransferase (GGT), esta mais comum no diagnóstico de consumo crónico de álcool.
Biópsia e exames de imagem
As enzimas hepáticas poderão refletir um meio de rastreio, porém não poderão ser meio de diagnóstico na EH, pois cerca de 70% dos indivíduos com EH não apresenta estas alterações enzimáticas. . Atualmente, a biópsia hepática é o exame mais eficaz para o diagnóstico da EH, porém tornaram-se necessárias técnicas de rastreio menos invasivas e mais acessíveis, mas igualmente precisas.
Os exames complementares de imagem (ecografia abdominal, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética) são capazes de identificar a presença de EH de forma rápida e não invasiva para o paciente.
Tratamento e prevenção
Não existem medicamentos eficazes para tratar o fígado gordo. Vale a pena sublinhar que, nas suas fases iniciais, o fígado gordo é reversível mas para que tal acontece é de facto obrigatório que faça alterações alimentares e de estilo de vida. Se não o fizer o “preço a pagar” pode ser a sua vida!
Descrevo de seguida, por experiência pessoal e profissional, as prioridades para reverter, ainda a tempo, o excesso de gordura hepática e visceral. Assim deve controlar os seguintes parâmetros e aplicar os seguintes hábitos:
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
Glicémia (açúcar no sangue) em jejum e 2 horas após refeição, principalmente se já tem diabetes ou está próximo dos valores de referência máximos;
Colesterol LDL;
Triglicéridos;
Eliminar totalmente os hidratos de carbono processados;
Eliminar em geral os alimentos processados que têm excesso de açúcar e óleos vegetais de má qualidade;
Fazer jejum mínimo de 12 horas por dia;
Uma ou duas vezes por semana fazer jejum de 16 horas seguidas;
Caminhar ao ar livre o mais possível;
Fazer exercícios físicos de curta duração mas alta intensidade, bastam 15 minutos por dia destes exercícios.
Dormir pelo menos 7:30 horas de qualidade para não desregular as hormonas que controlam o nosso apetite e nos causam, principalmente, vontade de comer os hidratos de carbono errados (processados) ou em quantidade exagerada.
Controle o stress em excesso pois este quando descontrolado tende a alterar os nossos comportamentos favorecendo os hábitos viciantes incluindo a vontade de ingerir a comida errada em “doses” excessivas.
Complicações do fígado gordo
Embora a maioria dos casos tenha evolução benigna, é possivel a evolução para cirrose que é uma grave doença hepática e potencialmente fatal! Este risco aumenta nos doentes com mais idade, diabéticos e nos que já apresentam inflamação do fígado (chamada esteatohepatite não alcoólica).
Bronzear sem queimar a pele é mais fácil do que se pensa desde que se saiba toda a verdade sobre o bronzeado! Antes de mais convém saber algumas coisas importantes sobre a exposição solar, quais os seu benefícios, malefícios, tipo de pele, qual o protetor mais adequado e qual o tempo que a sua pele aguenta, sem proteção, até fazer uma queimadura. Aprender a reconhecer os sinais perigosos da pele é também uma das rotinas mais importantes para evitar progressão para lesões malignas complicadas de tratar.
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Benefícios do sol
Perigos do sol
Eritema e tempo de queimadura
Quanto tempo demora a aparecer uma queimadura solar
No início do século XX descobriu-se que a exposição à luz solar era um preventivo do raquitismo e mesmo a sua possível cura porque pequenas quantidades de UV são benéficas e essenciais na produção da vitamina D3. Além disso parece claro também que em muitas pessoas existe um benefício psicológico que se expressa num aumento do otimismo e do humor em dias com mais exposição à luz solar.
Perigos do sol
A exposição humana à radiação solar poderá ter efeitos graves sobre a saúde, nomeadamente:
O tempo de formação para o eritema (queimadura solar) é o tempo máximo de exposição ao sol com a pele desprotegida e sem que se tenha dado o eritema. O tempo de formação para o eritema pode ser calculado, para cada tipo de pele, a partir do Índice UV e o valor de 1MED para cada tipo de pele.
Escaldão quanto tempo demora?
O “vermelhão” (mais frequentemente conhecido como “escaldão”), resultante da exposição ao sol, torna-se visível após algumas horas, ocorrendo o eritema nas 3 a 5 horas após a exposição à radiação ultravioleta, alcançando um máximo entre 8 a 24 horas e desvanecendo ao longo de 3 dias.
A vasodilatação dos capilares das áreas expostas inicia-se antes do eritema se tornar visível e isto ocorre da mesma forma para as crianças, jovens, adultos e idosos. Alterações benignas dos melanocitos podem também ocorrer como resultantes de uma sobre-exposição ao UV durante a infância ou a adolescência.
Olhos ao sol, que problemas origina?
Ao contrário da pele humana que parcialmente se adapta à radiação UV (espessura e bronzeado), o olho humano não possui quaisquer mecanismos de adaptação. Como doenças dos olhos, a nível externo, temos principalmente:
Fotoqueratite
Fotocunjuntivite
Podem ocorrer entre 30 minutos e 24 horas após uma exposição prolongada a uma radiação solar intensa, muitas vezes em ambientes altamente refletores, de que é exemplo o caso da “cegueira da neve”. Outros problemas que podem ocorrer nos olhos devido a excesso de exposição solar são:
Pterigium que é uma doença degenerativa que afeta a parte externa dos olhos.
Catarata humana relativa à qual estudos diversos indicam ser a radiação UV um fator de risco no desenvolvimento levando ao aumento da opacidade da lente do olho.
Supressão do sistema imunológico pelo facto daradiação UV induzir e favorecer a progressão de infeções originadas por vírus, bactérias e fungos.
Olhos como proteger bem do sol?
Os olhos deverão ser protegidos por óculos de sol com as seguintes características:
Conter filtros UVA e UVB.
Indicar a categoria de proteção das lentes para a luz visível e ultravioleta, e acordo com a diretiva C. E. 89/686/CEE.
Para uso geral recomenda-se a categoria 3,
Para atividades de alto risco como o montanhismo ou os desportos náuticos se recomenda a categoria 4.
Proteções laterais nos óculos devido à exposição lateral.
A proteção lateral é especialmente importante para as crianças pois a transmitância da radiação UV através dos olhos é mais elevada para criança do que para o adulto – a retina da criança é menos protegida.
Pele como proteger eficazmente?
Para bronzear sem queimar a melhor proteção para a pele é o uso de roupa (camisola, calças, chapéu) adequada. A roupa transparente à radiação UV deverá existir no mercado devidamente identificada como tal. As zonas da pele não cobertas por roupa deverão ser protegidas com um protetor solar contendo filtros de UVA e UVB. Durante as primeiras exposições ao sol recomenda-se o uso de um Fator de Proteção Solar (FPS ou SPF) de pelo menos 30.
Protetor solar qual a aplicação correta?
Deverão existir cuidados especiais com bebés e crianças. É importante notar que o efeito do protetor solar depende não somente da sua qualidade mas também da sua correta aplicação.
O protetor solar deverá ser aplicado de acordo com as instruções do fabricante. Um protetor solar com FPS de pelo menos 15 deverá ser generosamente aplicado de 2 em 2 horas para ter efeito protetor. Deverá também ser aplicado antes da exposição ao sol bem como após o banho de mar ou piscina. Se os protetores solares forem corretamente usados eles poderão constituir uma proteção para o eritema, cancro e fotoenvelhecimento.
Bronzeado como se forma?
Diferente do eritema é o bronzeado, quando a pele é exposta à radiação ultravioleta podem distinguir-se duas reações ao bronzeado:
Uma diz respeito à absorção imediata da radiação UV pela melanina presente na pele, e que lhe confere um tom escuro que desvanece poucas horas após o fim da exposição,
Outra refere-se ao escurecimento da pele que requer cerca de 3 dias a desenvolver. Trata-se de um bronzeado mais persistente e resulta numa intensificação da produção de pigmentação.
No primeiro caso a radiação mais efetiva é a radiação UVA, neste ultimo é a UVB. Um outro efeito da exposição ao UVB é o aumento da espessura da epiderme a qual irá contribuir para a atenuação da radiação UV que penetra nas camadas mais profundos da pele. Uma exposição moderada à radiação UVB mantém a capacidade da pele tolerar novas exposições.
Bronzear sem queimar
A verdade é que a capacidade de ficar bronzeada depende do tipo de pele e não é necessário expor-se ao sol das 11 ás 16 horas ou seja nas horas de maior calor e índice UV mais elevado porque apenas vai aumentar o risco de queimadura e danos oculares e não vai bronzear de forma saudável e duradoura!
Bronzeado e tipo de pele
O bronzeado depende essencialmente do tipo de pele ou seja a pele tipo III e IV bronzeia sempre, a pele tipo II só ás vezes e a pele tipo I nunca bronzeia por mais exposição solar que tenha!
Bronzear sem queimar para ruivas e loiras
Por exemplo uma ruiva nunca bronzeia e uma loira só ás vezes! As morenas… essas bronzeiam sempre… sortudas 🙂
Apresentamos de seguida uma tabela para que possa saber qual o seu tipo de pele.
Fototipo de pele qual o seu?
BRONZEIA
QUEIMA
CABELO
COR OLHOS
I
Nunca
Queima
Ruivo
Azul
II
Às vezes
Às vezes
Loiro
Azul/Verde
III
Sempre
Raramente
Castanho
Cinza/Castanho
IV
Sempre
Raramente
Preto
Castanho
Índice UV o que é?
A necessidade de fazer chegar ao público em geral informação sobre a radiação UV e sobre os seus possíveis efeitos nocivos, levou a comunidade científica a definir um parâmetro que pudesse ser usado como um indicador para as exposições a esta radiação. Este parâmetro chama-se Índice UV (IUV). Assim, o IUV é uma medida dos níveis da radiação solar ultravioleta que efetivamente contribui para a formação de uma queimadura na pele humana (eritema), sendo que a sua formação depende dos tipos de pele (I, II, III, IV) e do tempo máximo de exposição solar com a pele desprotegida.
IUV como varia?
O Índice UV exprime-se numericamente como o resultado da multiplicação do valor médio no tempo da irradiância efetiva (W/m2) por 40. Exemplo: Uma irradiância efetiva de 0.2 W/m2 corresponde a um valor do UVI de 8.0.
O Índice UV varia entre:
menor que 2, Baixo,
3 a 5, Moderado,
6 a 7, Alto,
8 a 9, Muito Alto,
superior a 11 Extremo.
Os valores médios do UV para a latitude de Portugal, enquadram-se para o período compreendido entre os meses de Outubro e Abril entre 3 e 6, o que significa Moderado com possibilidade de Alto em alguns momentos deste período e entre 9 e 10 para o período compreendido entre Maio e Setembro, o que corresponde a Muito Alto.
Guia de medidas de proteção solar
Consulte o nosso guia para aplicação das medidas de proteção para diferentes valores do Índice UV e para uma pele de tipo sensível (pele tipo I e bebés) e para uma pele tipo III, mais tolerante. Este guia é apenas um exemplo de uma forma simples de como o público pode ser sensibilizado e informado.
Guia de medidas de protecção solar para uma pele tipo I ou bebés com elevada fotosensibilidade
Guia de medidas de proteção solar para uma pele tipo III de média fotosensibilidade
Para além do tipo de pele, possíveis reações cutâneas ou oculares podem modificar a eficiência das medidas de proteção. Tais reações de fotossensibilidade poderão ser devidas a um certo número de agentes internos ou externos. Alguns medicamentos, diversos tipos de agentes inflamatórios, produtos antimicrobianos, fragrâncias, plantas, etc., podem causar eritema mesmo para baixas doses de UV.
Protetor solar como escolher e usar?
Os protetores solares atenuam a transmissão da radiação UV na pele. O fator de proteção solar (apresentado pelos protetores solares existentes no mercado) é determinado com base na razão entre as quantidades de radiação UV necessárias para que ocorra a queimadura solar, com protetor solar e sem protetor solar. É importante saber que este efeito de proteção não aumenta linearmente com o FPS. Por exemplo, um FPS de 10 reduz em cerca de 90% a radiação UVB, um FPS de 20 em cerca 95% e um FPS de 30 reduzirá adicionalmente apenas um pouco mais.
Tendo em atenção os danos causados pela radiação UVA recomenda-se a verificação da existência de filtros UVA no produto: por ainda não existir um método padrão para a avaliação dos filtros da radiação UVA nos protetores solares, quando o produto possui filtro para a radiação UVA, tal é referido na embalagem do produto.
Em todos os casos, o protetor solar não deverá ser usado para prolongar o tempo de exposição, mas sim limitar os danos resultantes da exposição ao sol. É esta a razão pela qual os protetores solares se aplicam em zonas não cobertas pela roupa, especialmente em áreas sensíveis como o nariz, o pescoço, os ombros, no peito dos pés, etc.. Para a escolha do protetor solar mais apropriado, existe indicação dos valores de FPS de acordo com os diferentes tipos de pele e valores do Índice UV.
FATORES DE PROTEÇÃO SOLAR RECOMENDADOS PARA DIFERENTES TIPOS DE PELE E DE ÍNDICE UV
ÍNDICE ULTRAVIOLETA
TIPOS DE PELE
I
II
III
IV
1 a 3
15
12
9
6
4 a 6
30
25
15
12
7 a 9
50
40
30
20
superior a 10
60
50
40
30
Concluindo
A proteção solar, principalmente dos bebés, crianças e adultos com pele mais sensível é um tema que está na ordem do dia pela simples razão de que não existem dúvidas sobre o aumento do número de casos de cancros de pele. Nunca é demais lembrar que quanto mais sol em excesso uma criança apanha mais vai aumentar a sua probabilidade de vir a desenvolver cancro de pele na idade adulta!
Mesmo sabendo que existe uma maior e melhor informação para os malefícios do excesso de exposição solar ainda há muitos pais que não protegem adequadamente os seus filhos e a prova está nas praias apinhadas de gente e em particular de crianças nas horas de exposição mais prejudiciais ou seja entre as 11 e as 16 horas!
Talvez se possa convencer alguns esses pais “menos informados” deixando claro que um bronzeado saudável e duradouro consegue-se essencialmente até ás 11horas e depois das 16 horas sendo que as horas de maior calor, entre as 11 e as 16 horas apenas aumentam o risco de queimadura solar e danos oculares!
Micose fungo na unha e unhas fracas onicomicose ou tinha das unhas toda a verdade! Quais os sintomas? Quais as causas? Qual o melhor tratamento? Os fungos nas unhas são muito frequentes, este artigo pretende ser um contributo importante para melhorar a saúde e beleza das suas unhas.
Onicomicose ou tinha das unhas é uma infeção fúngica das unhas. Embora possa afetar todas as unhas, é mais comum nas unhas dos pés. A onicomicose ocorre em cerca de 10% da população adulta. A doença afeta com maior frequência pessoas idosas e é mais comum entre homens do que entre mulheres. Os casos de onicomicose correspondem a cerca de metade dos casos de doenças das unhas.
Anatomia de uma unha
Sintomas de onicomicose
Os sintomas habituais de onicomicose são os seguintes:
Descoloração branca ou amarela da unha,
Espessamento da unha,
Separação da unha da pele.
O diagnóstico é geralmente suspeitado com base na aparência e confirmado com exames de laboratório.
As lesões da unha provocadas pela onicomicose apresentam algumas variações na sua apresentação, dependendo do tipo de fungo e de gravidade da infecção. Em geral, a micose da unha costuma apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
Unha grossa, mais espessa
Unha amarelada, sem brilho e opaca
Unha quebradiça e frágil
Separação da unha do leito ungueal
Distorções na forma da unha
Unha com coloração negra, em casos mais graves.
Causas e fatores de risco
As infecções fúngicas das unhas são geralmente causadas por um fungo que pertence a um grupo denominado dermatófitos, que também pode causar infecções nos pelos do corpo e na pele, como no caso do pé de atleta.
Outro grupo de fungos que também pode causar micoses das unhas são as leveduras. Em regra, as leveduras causam onicomicose nas mãos e os dermatófitos provocam onicomicose nas unhas dos pés. A onicomicose é uma infecção fúngica que pode afectar qualquer parte da unha, incluindo a lâmina, o leito ou a raiz da unha.
Afecta actualmente cerca de 30% da população europeia. Raramente afeta crianças, principalmente devido ao rápido crescimento da unha, que complica o desenvolvimento dos fungos.
Perigos complicações da onicomicose
Em diabéticos ou imunossuprimidos a onicomicose pode servir como porta de entrada para bactérias, favorecendo o surgimento de infecções secundárias, como erisipela ou celulite da perna que é uma infeção grave na pele.
A celulite é uma infecção bacteriana que enolve as camadas interiores da pele e afeta especificamente a derme e gordura subcutânea. A área de infecção é geralmente dolorosa. Os vasos linfáticos podem, ocasionalmente, ser envolvidos e a pessoa pode apresentar febre e sensação de cansaço. Antes de fazer um diagnóstico, infecções mais graves tais uma infecção óssea na base ou a fasciíte necrosante devem ser descartadas.
Sintomas e risco de necrose e amputação
A celulite infecciosa é caracterizada por uma mancha vermelha (eritema), com bordos mal definidos, inflamada (inchada, sensível, dolorosa e quente) e que cresce difusamente. Pode formar pus, abcessos e inflamar nódulos linfáticos. A infecção sistémica, quando as bactérias entram na corrente sanguínea, pode causar febre, mal estar, cansaço e infectar outros órgãos. Em raros casos, penetra para as fáscias e causa necrose com risco de amputação da perna!
Erisipela
Em contraste com a celulite, a erisipela é uma infecção bacteriana que envolve camadas mais superficiais da pele, e apresentam uma área de vermelhidão com bordas definidas, e mais frequentemente é associada a uma febre. é uma infecção bacteriana cutânea (tipo piodermite) causada, principalmente, por Streptococcus β-hemolíticodo grupo A. Outras causas menos frequentes são Streptococos β-hemolítico dos grupos C e G e Staphylococcus aureus.
Lesões na pele como infecção fúngica (ex: onicomicose e outras micoses), picadas de inseto, mordidas e cirurgias podem servir de porta de entrada para as bactérias.
O tratamento geralmente é feito com penicilina V, em casos severos pode-se usar penicilina G. Outras alternativas incluem doxiciclina (no caso de Staphylococcus), ceftriaxona, cefazolina ou em caso de resistências usar vancomicina. Há uma crescente resistência dos Streptococcus tipo A aos macrólidos.
Tratamento da celulite infeciosa
O tratamento geralmente é com antibióticos tomados por via oral, tais como a cefalexina, amoxicilina, ou cloxacillina.
Para aqueles que apresentam alergia grave à penicilina, eritromicina ou clindamicina podem ser usadas. Quando S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) é uma preocupação, doxiciclina ou trimetoprim/sulfametoxazol podem ser recomendados. A preocupação está relacionada com a presença de pus ou infecções anteriores por MRSA. Elevar a área infectada pode ser útil, assim como analgésicos.
Contágio e como se apanha
É uma doença bastante contagiosa, sendo frequente o contágio em locais humidos e quentes como piscinas e balneários públicos, através do uso de toalhas, alicates ou tesouras, mal lavadas ou contaminadas. Pode também ocorrer contágio em casa, pois basta um elemento da família estar contaminado, para contagiar facilmente o resto da família. Banheiras e tapetes de pés, são também locais propícios a contágios.
Não se apanha micose das unhas apenas por apertar a mão ou tocar em objetos manipulados por alguém infectado porque é necessário um contacto mais prolongado ou uma lesão já pré-existente entre a pele e a unha.
As unhas mais comumente afetadas são as dos pés, em consequência do uso de sapatos fechados, o que origina um ambiente ideal (humidade, temperatura e ausência de luz) para o desenvolvimento dos fungos.
O contacto com o fungo por si só não costuma ser suficiente para se adquirir a onicomicose. Geralmente é preciso haver pequenas lesões entre a unha e a pele para que o fungo consiga penetrar por baixo da unha e alojar-se. Também é necessário que a unha seja exposta frequentemente a ambientes húmidos para que o fungo possa multiplicar-se com mais facilidade.
A onicomicose nas unhas dos pés é muito mais comum do que nas unhas das mãos. Os pés costumam estar mais expostos a locais húmidos, não só quando se anda descalço em locais públicos, mas também por passar boa parte do dia fechado dentro de meias e calçados. Calor, falta de luz e humidade é tudo que um fungo deseja para proliferar. Além disso, os dedos dos pés estão no ponto do corpo mais distante do coração, não sendo tão bem vascularizados com os dedos da mão. Deste modo, os anticorpos e as células de defesa do organismo não chegam às unhas dos pés com tanta facilidade quanto a outros pontos do organismo.
Fatores de risco da onicomicose
A presença de alguns fatores favorece a infecção da unha por fungos. Por exemplo, pessoas com pé de atleta, que é uma infecção fúngica da pele dos dedos, têm um maior risco de contrair também infecção fúngica das unhas. Outros fatores de risco são:
Os atletas também são um grupo de risco para onicomicose. porque costumam estar com os pés frequentemente calçados e húmidos pela transpiração, além de terem uma maior incidência de traumas nas unhas devido ao impacto de suas atividades físicas.
Formas mais comuns de onicomicoses
Descrevo de seguida as formas mais comuns de onicomicose e uma imagem para apoiar a distinguir a diferença.
1. Onicomicose subungueal distal
É de longe a forma mais comum e caracteriza-se pela infecção da ponta da unha. O dedo grande do pé é geralmente o primeiro a ser afetado. A infecção começa com uma descoloração esbranquiçada, amarelada ou acastanhada numa das pontas laterais da unha, estendendo-se lentamente por toda unha, em direção à cutícula. A unha pode descolar-se e a ponta costuma partir-se e cair, expondo a pele que serve de leito para a unha.
2. onicomicose subungueal proximal
É a forma menos comum de onicomicose. È parecida com a onicomicose subungueal distal , porém, a progressão ocorre de forma oposta, iniciando-se próxima à cutícula e depois estendendo-se em direção à ponta da unha. Este tipo de micose de unha ocorre geralmente em doentes imunossuprimidos, sendo comum nos indivíduos com HIV.
3. Onicomicose superficial branca
É uma forma comum nas crianças, mas que nos adultos corresponde a apenas 10% dos casos de micose da unha. Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas sobre a superfície da unha, geralmente mais próxima da cutícula do que da ponta. Quando não tratada, as manchas tendem a espalhar-se centrifugamente por toda a unha, deixando-a quase toda branca, além de áspera e quebradiça.
Diagnóstico da onicomicose
Lesões idênticas com causas não fungicas
As lesões das unhas da onicomicose podem ser semelhantes ás lesões da unha de outras doenças, como psoríase, eczemas, traumas, líquen plano, deficiência de ferro, etc. A maioria dos estudos atesta que a onicomicose é responsável por apenas metade dos casos de lesões das unhas. Em várias situações não é possível afirmar que o paciente sofre de onicomicose apenas olhando e examinando a unha.
A imagem seguinte descreve alguns problemas das unhas (sem onicomicoses) cujas causas são diversas nomeadamente falta de hidratação, carências orgânicas, excesso de utilização de acetona, má alimentação e contato com produtos químicos.
É, por isso, importante demonstrar de forma clara a presença do fungo antes de se iniciar o tratamento antifúngico. Para tal, o médico deve fazer uma pequena raspagem da unha, colher amostras e enviar para avaliação laboratorial à procura de fungos.
Tratamento qual o melhor
A micose da unha é uma infecção difícil de tratar porque as unhas crescem lentamente e recebem pouca irrigação sanguínea. Durante muitos anos os medicamentos utilizados para o tratamento da onicomicose não eram muito eficazes e os resultados eram frequentemente decepcionantes. Porém, actualmente, os tratamentos melhoraram substancialmente, principalmente por causa da introdução de medicamentos antifúngicos orais mais eficazes.
Estudos recentes mostram que medicamentos por via oral como Terbinafina e Itraconazol, embora mais agressivos (mais efeitos secundários que os tratamentos tópicos) apresentam taxas de cura mais altas que a Griseofulvina e o Cetoconazol, que eram usadas antigamente.
Taxas de cura dos principais antifúngicos orais:
Terbinafina 250 mg (73 a 79%).
Itraconazol 100 mg (56 a 70%).
Griseofulvina (54 a 66%).
Fluconazol (43 a 52%).
O tratamento com Terbinafina com comprimidos por via oral deve ser feito durante 6 semanas para onicomicose das mãos ou 12 semanas para onicomicose dos pés.
O tratamento tópico da micose de unhas com vernizes, como o Ciclopirox, tem menor eficácia que o tratamento por via oral, mas pode ser usado como complemento da terapêutica com Terbinafina ou Itraconazol.
Uma vez curada a micose de unha, se o doente não tiver cuidado a taxa de reinfecção pode chegar a 50%. Portanto, é preciso ter cuidado com os pés para que a unhas não voltem a ficar colonizadas por fungos.
Efeitos secundários
Os tratamentos por via oral são os mais eficazes mas também os mais agressivos no que concerne a eventuais efeitos secundários, principalmente por causa da duração prolongada dos tratamentos.
Retida do folheto aprovado pelo INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de saúde) a longa lista de efeitos secundários da terbinafina que descrevo de seguida é elucidativa dos riscos associados ao tratamento, embora a maioria sejam classificados de pouco frequentes, raros ou muito raros!
Os problemas hepáticos (figado) embora raros são dos que podem causar problemas mais graves.
Efeitos secundários muito frequentes (podem afetar mais de 1 em cada 10 pessoas):
Sensação de enfartamento,
Perda de apetite,
Mal-estar de estômago (indigestão),
Náuseas, dor abdominal ligeira e diarreia,
Reações alérgicas cutâneas, tais como irritação ou urticária,
Dor nas articulações ou nos músculos.
Efeitos secundários Frequentes (podem afetar até 1 em cada 10 pessoas):
Dor de cabeça.
Efeitos secundários pouco frequentes (podem afetar até 1 em cada 100 pessoas):
Perda ou diminuição do sentido do paladar. Isto resolve-se
geralmente dentro de várias semanas depois de ter parado de tomar o medicamento.
Diminuição do consumo de alimentos, levando a uma perda de
peso significativa em casos graves muito raros.
Efeitos secundários raros (podem afetar até 1 em cada 1000 pessoas):
Dormência ou formigamento
Diminuição da sensibilidade
Tontura
Problemas de fígado.
Efeitos secundários muito raros (podem afetar até 1 em cada 10.000 pessoas):
Problemas de fígado graves,
Reações cutâneas graves (com aparecimento súbito, que
podem ser recorrentes, que se podem espalhar, que podem aparecer sob a forma de
bolhas salientes, que podem ser acompanhadas de comichão e febre),
Exacerbação da psoríase,
Redução de certos tipos de células sanguíneas (neutropenia, agranulocitose, trombocitopenia),
Perda de pelo,
Fadiga,
Reações de hipersensibilidade graves (inchaço da face, olhos e língua, dificuldade em engolir, náuseas e vómitos, fraqueza, tonturas, dificuldade em respirar) ,
Precipitação e exacerbação do lúpus eritematoso dérmico e
sistémico,
Distúrbio menstrual (hemorragia intermenstrual e um ciclo
irregular) em doentes que tomam terbinafina concomitantemente com contracetivos
orais.
Tratamento tópico com cremes e vernizes
O tratamento por via tópica não é geralmente tão eficaz como o efectuado por via oral. No entanto pode ser uma alternativa quando os efeitos secundários dos antifungicos orais não são bem tolerados pelos doentes.
Principais antifúngicos tópicos
Actualmente os principais antifúngicos tópicos usados nas onicomicoses são:
Acido acético
Ciclopirox
Amorolfina
Clotrimazol (apenas depois de removida a parte da unha doente)
Tratamento por via tópica
1ª fase – Remoção da zona infectada da unha
Remover a zona infectada da unha é a 1ª fase para o tratamento da onicomicose. Esta remoção tópica é geralmente executada limando a unha ou aplicando uma pomada de ureia. A aplicação de uma pomada de ureia a 40% amolece e prepara a unha para a remoção da zona afectada com uma espátula própria, sem causar dor.
2ª fase – aplicação de um antifúngico local
Na 2ª fase, o tratamento deve ser completado com um creme antifúngico, de forma a eliminar a infecção na sua origem. A remoção da zona infectada da unha é fundamental para uma acção eficaz do creme antifúngico.
Resumindo as fases do tratamento:
Tratamento em 2 fases que garantem a eliminação da onicomicose;
Remoção da zona infectada da unha de uma forma simples e indolor, preparando-a para a 2º fase do tratamento, que consiste na aplicação de um creme antifúngico;
Melhorias visíveis diariamente.
Prevenção da micose e fungo na unha
A onicomicose pode causar dor, embaraço e interferir com as nossas actividades diárias, reduzindo a nossa qualidade de vida.
Trata-se de uma doença contagiosa, que pode também funcionar como porta de entrada a outro tipo de infecções (ex. bacterianas). Deste modo, é importante iniciar o tratamento logo que detectado o problema, assim como adoptar medidas preventivas de forma a evitar o contágio.
Evitar o contágio do fungo na unha
Use calçado confortável sem saltos ou pontas estreitas e que deixe a pele respirar;
Use meias limpas e troque-as diariamente;
Em caso de infecção, ao vestir-se, calce primeiro as meias para evitar a propagação dos fungos a outras partes do corpo.
Lave os pés diariamente e seque com cuidado a zona entre os dedos;
Utilize chinelos nos balneários públicos;
Não partilhe toalhas ou tapetes de banho;
Corte as unhas e mantenha-as curtas.
Utilize um corta-unhas diferente para as unhas infectadas, de modo a evitar a infecção de outras unhas;
Se tiver Pé-de-Atleta, deve tratá-lo sempre, de forma a evitar que os fungos contagiem as unhas, causando a onicomicose.
Concluindo
As micoses das unhas são infecções fúngicas comuns e contagiosas que embora não sejam graves são portas de entrada para outros microorganismos patogénicos, tais como bactérias, que podem causar infecções secundárias mais severas e agravar problemas de saúde pré-existentes. Devem portanto ser tratadas de imediato porque na primeira oportunidade que o nosso sistema imunitário esteja mais debilitado podem ocorrer infecções sem causa aparente mas que podem ter ocorrido em consequência da porta aberta pela onicomicose!
Falarei também da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,queé uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
Herpes, o que é?
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), qual a diferença?
Quais as principais doenças provocadas pelos vírus da família herpes?
Herpes simples tipos 1 e 2, que partes do corpo afetam?
Qual a causa do herpes labial, oral, genital, face, ocular e cerebral?
Qual a prevalência na população?
Quais os fatores de risco que causam novas crises?
Quais os sintomas?
Quais os sintomas que antecedem e “avisam” que vai chegar nova crise de herpes?
Quais as zonas do corpo que podem ser afetadas por outros vírus da família herpes?
Como se transmite?
Onde se esconde o vírus?
Qual o período de incubação?
Em que altura da vida se contraem os mais comuns vírus da família herpes?
Qual o melhor tratamento e medicamentos usados?
Herpes labial, qual o tratamento?
Aciclovir, quais as reações adversas mais comuns?
Herpes: Será que tem cura?
Quais as lesões parecidas com herpes?
Herpes, quais as complicações possíveis?
Mononucleose ou “doença do beijo”, o que é? Quais as causas? Como proteger-se? Qual o tratamento?
Mononucleose, será que já sabe tudo?
Varicela ou catapora: O que é? Quais os sintomas? Será perigosa?
Quais as complicações da Varicela?
Varicela, se estiver grávida o que deve fazer?
Os sintomas são mais graves na criança ou no adulto?
Varicela, qual o aspeto das borbulhas?
Varicela, como impedir que a criança coce?
Quais as fases da doença?
A varicela pode provocar zona?
Varicela, qual o tratamento?
Existe vacina para a varicela?
Zona: O que é?
Zona: Quais as causas?
Qual a prevalência na população?
Quais os sintomas da zona?
Quais as complicações da zona?
A zona é contagiosa?
Zona, qual o tratamento?
Zona, existe vacina?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Herpes o que é?
O herpes é um vírus comum que pode atingir diversas partes do corpo consoante o seu subtipo. O herpes labial e o genital são infeções virais contagiosas causadas por dois dos subtipos de vírus da família do Herpes vírus humano, composta por 8 subtipos diferentes. Dois dos mais conhecidos e relevantes são os seguintes:
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
Vírus da família Herpes, principais doenças
Cada subtipo do vírus causa doenças completamente distintas umas das outras, tais como:
Herpes labial ( vírus HSV-1);
Herpes genital (vírus HSV-2);
Herpes ocular (vírus HSV-1);
Mononucleose infeciosa ou “Doença do beijo” (vírus Epstein Barr, da família do herpes);
Varicela, no Brasil chama-se catapora (Vírus varicela-zoster, da família do herpes);
Zona (vírus herpes zoster);
Meningoencefalite, pode ser muito grave (vírus HSV-1).
O Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são duas espécies da família do vírus Herpesviridae, responsáveis por infeções em humanos. Todos os vírus da família herpes produzem infeções latentes.
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HVS-2)
As principais diferenças entre HSV-1 e HSV-2 são as seguintes:
HSV-1 costuma causar o herpes labial,
HSV-2 é, em geral, responsável pelo herpes genital.
Deve dizer-se em geral porque como a prática de sexo oral é muito comum, não é raro encontrarmos lesões orais pelo HSV-2 e lesões genitais pelo HSV-1.
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes labial, boca, face, ocular e cérebro
Normalmente associado a infeções dos lábios, da boca e da face. Esse é o vírus mais comum de herpes simples e muitas pessoas têm o primeiro contacto com este vírus na infância. O HSV1 frequentemente causa feridas (lesões) nos lábios e no interior da boca, como aftas, ou infeção do olho (principalmente na conjuntiva e na córnea) e também pode levar a uma infeção no revestimento do cérebro (meningoencefalite). Pode ser transmitido por meio de contacto com a saliva infetada.
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes genital e oral
Normalmente transmitido sexualmente, o HSV-2 provoca comichão e bolhas ou mesmo úlceras e feridas genitais. Entretanto, algumas pessoas com HSV-2 não apresentam quaisquer sinais (latência). A infeção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 pode acontecer se houver contacto oral-genital. Isto é, pode-se contrair herpes genital na boca ou herpes oral na área genital.
Prevalência na população
Herpes labial e genital
Um em cada cinco adultos é portador do HSV-2 e mais da metade da população tem o HSV-1. Porém, muitos portadores não apresentam sintomas.
A infeção pelo Herpes simplex é recorrente, ela vai e volta espontaneamente. Isto ocorre porque o vírus “esconde-se” dentro das células do sistema nervoso impedindo que as defesas do organismo consigam eliminá-las completamente. Quem tem Herpes uma vez, terá herpes o resto da vida.
Fatores de risco que causam nova crise
Herpes labial e genital
De vez em quando o vírus volta a manifestar-se, normalmente em períodos de fragilidade do nosso sistema imunitário. Alguns fatores que podem induzir crises são conhecidos, a saber:
Exposição solar intensa,
Stress emocional,
Menstruação,
Traumas, etc.
A frequência das recorrências é individual.
Sintomas
Herpes labial e genital
A primeira lesão de herpes costuma ser a mais sintomática, por ainda não termos anticorpos formados. Em geral, o quadro é o seguinte:
Múltiplas vesículas (pequenas bolhas) agrupadas, com áreas de inflamação na base e ao redor;
Aftas ou úlceras geralmente na boca, nos lábios, nas gengivas ou nos genitais;
Lesões dolorosas que podem ser acompanhadas de mal estar;
Gânglios ou nódulos linfáticos aumentados no pescoço ou na virilha (geralmente somente no momento inicial da infeção)
Febre especialmente durante o primeiro episódio de infeção;
Lesões genitais ou mesmo orais podem começar com uma sensação de queimadura ou formigueiro.
Sintomas que antecipam nova crise
As recorrências costumam ser menos sintomáticas e mais curtas. Normalmente apresentam alguns sintomas que “avisam” algumas horas antes das vesículas que as lesões do herpes vão reaparecer. Alguns desses sintomas de aviso são os seguintes:
Dor,
Formigueiro ou prurido (comichão) local.
As vesículas podem romper-se, formando pequenas ulcerações que lembram aftas.
Partes do corpo que podem ser afetadas
O HSV-1 e o HSV-2 têm mais afinidade pela mucosa oral e genital, respetivamente. Porém, podem causar infeções em outras partes do corpo, por exemplo:
Estas infeções mais graves costumam ocorrer em doente com imunossupressão como na SIDA (AIDS) e nos transplantados. Uma outra complicação das infeções pelo Herpes vírus é a paralisia facial, chamada de paralisia de Bell.
Transmissão e contágio
A transmissão do herpes ocorre por contacto íntimo com a área infetada. O Herpes vírus é muito contagioso; o período de maior risco de transmissão é durante as crises e nos 2 dias que a antecedem, podendo também ocorrer mesmo quando não há lesões aparentes. Alguns pacientes secretam o vírus mesmo fora das crises, podendo transmiti-lo a qualquer momento, principalmente no HSV-2.
Onde se esconde o vírus?
O herpes vírus sobrevive poucas horas fora de um organismo vivo. Por isso é encontrado principalmente nas seguintes localizações:
Lesões herpéticas,
Saliva,
Sêmen,
Secreções vaginais,
Objetos, como copos e talheres mas é menos comum, uma vez que o vírus com dificuldade fora dos organismos vivos.
Período de incubação
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de 4 dias, em média.
Em que altura da vida se contrai?
O Herpes simples genital é uma DST (doença sexualmente transmissível). Durante a fase ativa deve-se evitar atividade sexual, pois mesmo com o uso de preservativo há risco de contaminação.
O herpes labial (HSV-1) é normalmente adquirido durante a infância,
O herpes genital (HSV-2) é normalmente contraído na vida adulta.
Tratamento
Alguns casos de herpes são leves e não precisam de tratamento a não ser tratamentos tópicos. Mas pessoas que têm surtos graves ou prolongados (principalmente se for o primeiro episódio de infeção), que têm problemas no sistema imunológico ou aquelas que têm recorrência frequente talvez necessitem usar medicamentos antivirais em comprimidos.
Doentes com recorrências graves ou frequentes de herpes oral ou genital podem optar por continuar com os medicamentos antivirais, em comprimidos, para reduzir a frequência e a gravidade dessas recorrências.
Medicamentos
As lesões locais ligeiras não complicadas de herpes labial podem ser tratadas apenas com cremes de aplicação local. As lesões mais graves, extensas, com maior número de lesões, recorrentes ou em doentes imunodeprimidos devem ser tratadas com dosagens mais elevadas de antivirais, tomados por via oral, em comprimidos. Os medicamentos mais usados para o tratamento de herpes simplex, são:
Aciclovir 200 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®), 5xdia, durante 5 dias;
Aciclovir 800 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®)
Aciclovir creme (Zovirax®) 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Aciclovir+Hidrocortisona creme (ZoviDuo®), 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Fanciclovir 125 mg (®)
Fanciclovir 500 mg (Penvir®)
O aciclovir com hidrocortisona (Zoviduo®) é normalmente utilizado no herpes labial nas crises com comichão.
O tratamento com antivirais, como o aciclovir, serve para reduzir o tempo de doença. Quanto mais precocemente forem iniciados, melhor a resposta. No herpes labial pode-se usar pomadas e no genital comprimidos.
Herpes labial, qual o tratamento?
O tratamento do herpes labial depende da gravidade das lesões e frequência das crises. Assim se forem crises pontuais com lesões pouco extensas basta a aplicação local de um creme com aciclovir, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Se lesões foram mais extensas, em maior número ou acontecerem com frequência o seu médico pode optar por uma tratamento mais agressivo, por via oral, com aciclovir 200mg, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Um dos aspetos mais importantes para diminuir a gravidade e extensão das crises é reconhecer ao longo do tempo os sintomas que antecedem o aparecimento das lesões tais como comichão e dor local. Assim que forme sentidos deve de imediato começar a aplicar localmente um creme com aciclovir. Este procedimento é o mais relevante para diminuir a gravidade e duração de uma crise de herpes labial.
Os pensos para o herpes labial são eficazes?
Os pensos disponíveis para o herpes labial não têm atividade antiviral como o aciclovir. Eles são no entanto úteis para cicatrizar mais rapidamente as feridas causadas pelas “borbulhas” do herpes, depois destas rebentarem. O tratamento ideal do herpes labial simples (não complicado) seria:
Aplicar um creme antiviral logo que existissem sintomas que antecedem o aparecimento de uma crise;
Continuar a aplicação do creme com aciclovir, 5xdia, durante 5 dias;
Quando as “borbulhas” rebentarem colocar os pensos sobre as feridas 3xdia, sem nunca deixar de aplicar o creme;
Os pensos não devem ser colocados ao mesmo tempo que o creme porque a aderência à ferida fica muito diminuída ou seja após a aplicação do creme aconselha-se um intervalo de pelo menos 1 a 2 horas para deixar que a absorção do aciclovir se faça e só depois aplicar o penso.
Aciclovir, reações adversas
No tratamento com aciclovir, entre 1% a10% dos doentes podem manifestar os seguintes efeitos secundários:
Dor de cabeça,
Tonturas,
Enjoos,
Vómitos,
Diarreia,
Dores abdominais,
Prurido ou comichão,
Vermelhidão/protuberâncias na pele que podem piorar com exposição solar,
Sensação de fadiga,
Febre.
Herpes tem cura?
O herpes não tem cura nem existe ainda vacina eficaz. O tratamento está realmente indicado nas lesões primárias e nos doentes imunossuprimidos. Nos outros casos, o tratamento não altera muito o curso da crise.
Lesões parecidas com herpes
Outros dois tipos de lesões genitais têm causado algum tipo de confusão com o Herpes. Ambas são assintomáticas e podem afetar a zona genital e a boca a saber:
Manchas de Fordyce, uma espécie de glândulas sebáceas. Não indicam qualquer tipo de doença.
Pápulas peroladas. Também não indicam nenhuma patologia e pode afetar homens e mulheres.
Complicações possíveis
Apesar de não ser uma doença grave, a herpes simples não tratada pode levar a algumas complicações de saúde, como:
Erupção variceliforme (herpes espalhada pela pele),
Encefalite,
Infeção do olho,
Infeção da traqueia,
Meningite,
Pneumonia,
Infeção prolongada grave em indivíduos com sistema imunitário debilitado ou imunossuprimidos.
Mononucleose ou doença do beijo o que é?
A mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens.
Sobre a Mononucleose vamos responder ás seguintes perguntas:
Porque se chama doença do beijo?
Mononucleose como se transmite o vírus?
Quanto tempo pode ficar o vírus no organismo depois dos sintomas desaparecerem?
Quem tiver contraído o vírus não deve beijar ninguém durante muitos meses?
O vírus da mononucleose é muito infecioso?
Quais os sintomas da mononucleose?
Como se diferencia da faringite comum?
A mononucleose provoca manchas no corpo?
É verdade que a mononucleose pode afetar com gravidade o baço?
O fígado pode ser afetado?
Que complicações menos comuns podem acontecer?
Quais os riscos para uma grávida que contraia a mononucleose?
O que é a síndrome de mononucleose?
Qual a diferença entre síndrome de mononucleose e a doença mononucleose infeciosa?
Quais as principais doenças que apresentam quadro de síndrome de mononucleose?
Como se faz o diagnóstico da mononucleose infeciosa?
A varicela ou catapora é uma doença de infância muito vulgar. Todos os anos afeta dezenas de milhar de crianças em Portugal, especialmente durante o Inverno e Primavera. É causada pelo vírus varicela-zoster, um membro da família do vírus herpes, o mesmo que causa herpes zoster (zona). Uma vez debelada, a varicela normalmente não reaparece, no entanto, o vírus permanece alojado no tecido nervoso como que adormecido (não ativo), podendo reativar-se mais tarde, causando zona.
A varicela ou catapora é perigosa?
Quando se detetam os primeiros sintomas é difícil prever até que ponto a varicela poderá ser grave. Apesar de a doença não ser normalmente perigosa em crianças saudáveis, causa mal-estar e pode levar ao absentismo das crianças à escola e dos pais ao emprego. Em crianças mais velhas e em especial nos adultos, os sintomas são normalmente mais graves e podem originar outros problemas.
Complicações
A varicela é uma doença predominantemente da infância, benigna e altamente contagiosa, com taxas de transmissão aos contactos suscetíveis de 61-100%1 . Pode contudo associar-se a complicações graves, associadas a sobre-infecção bacteriana , tais como:
Celulite,
Pneumonia,
Fasceíte,
Choque tóxico.
Pode também associar-se a complicações do próprio Vírus Varicela-zoster (VVZ), tais como:
Cerebelite,
Encefalite,
Pneumonia.
Estas ocorrem sobretudo em situações de imunodeficiência celular, mas também em crianças previamente saudáveis. Nas leucemias e transplante de órgão, cerca de 50% das crianças desenvolvem complicações com uma mortalidade global de 7 a 17% se não forem tratadas com aciclovir.
Se estiver grávida o que deve fazer?
A grávida pode estar sujeita a um risco mais elevado em relação ao aparecimento de complicações com o feto, pelo que deve evitar a exposição à doença. A infeção na grávida acarreta um risco adicional para a mulher, nomeadamente pela maior incidência de pneumonite que, sem tratamento, pode ser fatal em cerca de 40% dos casos . Também no feto, pode ocorrer a síndrome de Varicela Congénita e, no recém-nascido, varicela grave quando a doença materna se manifesta 5 dias antes ou 2 dias após o parto.
Sintomas
A sequência de aparecimento de sintomas é curiosa e é a seguinte:
O primeiro sintoma é febre ligeira;
Um ou dois dias mais tarde aparecem manchas vermelhas normalmente primeiro no couro cabeludo;
Mais tarde as manchas vermelhas espalham-se pela cara, tronco, axilas, braços, pernas, boca e por vezes na traqueia e brônquios.
Começa a surgir comichão.
Uma das caraterísticas diferenciadoras da varicela são as lesões no couro cabeludo ou seja se não existirem lesões na cabeça dificilmente será varicela!
A criança pode também queixar-se de:
Dores de cabeça,
Dores de garganta,
Gânglios linfáticos inflamados e dolorosos,
Dores de estômago,
Cansaço,
Perda de apetite.
Sintomas nas crianças e nos adultos
Crianças com menos de 10 anos têm sintomas mais moderados em relação às mais velhas e aos adultos. Os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves, com um aumento vinte vezes superior na mortalidade entre os 15 e os 44 anos.
Aspeto das borbulhas
São pequenas e vermelhas, provocam comichão e transformam-se em bolhas num curto espaço de tempo (horas). Estas bolhas cheias de líquido (vesículas) secam e formam crostas em alguns dias. Estas borbulhas aparecem durante 5 dias e a maioria forma crosta em 6 a 7 dias Por vezes as borbulhas deixam cicatrizes. É mais provável a formação de cicatrizes se as borbulhas infetarem. É importante impedir que a criança se coce para prevenir o aparecimento de cicatrizes.
Impedir que a criança coce as borbulhas
Impedir a criança de coçar as lesões não é fácil! No entanto os seguintes procedimentos podem ajudar bastante, a saber:
Manter as borbulhas limpas e secas;
Usar loções calmantes e banhos de água morna de 4 em 4 horas nos primeiros dias;
Enxaguar sem esfregar;
Manter as unhas curtas para prevenir eventuais infeções e cicatrizes.
Transmissão da varicela ou catapora
Os outros irmãos se ainda não tiveram varicela têm uma elevada probabilidade (80%-90%) de contágio. Se forem saudáveis o melhor será que tenham a doença enquanto crianças. Assim estarão protegidos de contrair varicela mais tarde, podendo ser então mais grave. Se tiverem problemas de saúde deverá consultar-se o médico.
Os adultos que nunca tiveram varicela poderão contraí-la através dos filhos. Nestes casos é necessário contatar o médico. A varicela é uma doença grave nos adultos.
Uma mulher grávida pode estar sujeita a um risco ainda mais elevado no que respeita ao aparecimento de complicações, devendo evitar a exposição à doença, devido ao risco que isto constituí para o feto. A varicela é também grave para aqueles com um sistema imunitário enfraquecido. Uma criança saudável poderá estar em contacto com adultos com varicela, pois será melhor que tenha a doença em criança.
Entre pessoas como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pelo ar, quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala, ou pelo contacto direto com as lesões do doente.
Fases da doença
Período de incubação
Cerca de 14-15 dias contados a partir do contacto com o infetado.
Período de contágio
A varicela pode ser transmitida a outra pessoa desde aproximadamente 10 dias após ser contagiada até todas as bolhas se transformarem em crostas. O isolamento de um doente infetado previne a transmissão da infeção.
A varicela pode provocar zona?
A infeção por VVZ pode ressurgir anos ou décadas mais tarde na forma de herpes-zoster (HZ) que provoca zona, situação que pode evoluir com complicações semelhantes às da varicela. Esta reativação afeta 10-30% da população e está associada a uma morbilidade e mortalidade significativas nos indivíduos idosos e nos imunocomprometidos.
Tratamento da varicela ou catapora
No caso de ser uma varicela ligeira o tratamento efetuado visa o alívio sintomático:
Paracetamol (Ben-u-ron®) para alívio das dores e febre;
Banhos de água morna para alivio da comichão;
Loções de calamina (Caladryl®) para alivio da comichão;
Desinfetantes para as vesículas (Eosina).
Para os casos mais graves ou doentes com fator de risco elevado existe um medicamento específico para a varicela, que ajuda de forma substancial à redução da duração da doença, permitindo que o doente se sinta melhor num espaço de tempo mais curto. Esse medicamento é o seguinte:
Aciclovir (Zovirax®), do qual já existe genérico em comprimidos e pomada. A dosagem dos comprimidos varia entre 200 e 800 mg.
O Aciclovir inibe a replicação do vírus da varicela por interferência com DNA-polimerase encurtando o período da doença. Além deste medicamento, o tratamento é acompanhado de um anti-histamínico, que reduz a comichão e um desinfetante tópico que diminui o risco de infeção das bolhas rebentadas. Manter uma boa higiene corporal e das roupas evita, também, infeções. Antibióticos poderão ser usados quando existe o risco de infecção.
Crianças varicela e aspirina, perigos!
Não se deve dar ácido acetilsalicílico (aspirina) ou seus derivados às crianças com varicela por poder causar o síndroma de Reye, que é uma complicação grave caracterizada por alterações neurológicas e hepáticas.
Se aparecerem lesões na boca, deve-se dar alimentos moles, bebidas frias e evitar os ácidos e salgados. Nas lesões na área genital poderão usar-se cremes anestésicos. As situações mais graves deverão ser sempre acompanhadas por um médico.
Vacina da varicela ou catapora, existe?
A OMS recomenda que as atuais vacinas contra a varicela só devem ser utilizadas na criança se se assegurar uma cobertura vacinal acima dos 85-90%, pelos riscos que a alteração epidemiológica induzida pode acarretar. A vacina da varicela está disponível nos EUA desde 1995 com recomendação de vacinação universal. Na Europa, encontra-se atualmente recomendada para vacinação universal na Alemanha, Espanha, Itália, Holanda e Suíça.
A vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV). Pode ser administrada a partir dos 12 Meses de idade ou a pessoas que estejam expostas à doença. Se administrada no período de 3 dias após exposição à doença pode prevenir uma infeção clinicamente aparente ou modificar o curso da infeção.
Qual é a vacina contra a Varicela?
A vacina contra a varicela é constituída por Vírus varicela-zoster (VVZ) vivo atenuado (estirpe Oka). É uma vacina segura no imunocompetente. Estão descritos casos raros de encefalite, ataxia, convulsões, neuropatia, eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, acidente vascular cerebral e até morte, mas sem que a relação de causalidade estivesse definitivamente estabelecida. O vírus da vacina da varicela pode causar infeções graves no imunodeprimido estando descrito 2 casos em que o vírus vacinal se tornou resistente ao aciclovir.
ESQUEMA VACINAL
Existem em Portugal duas vacinas comercializadas, a saber:
Varivax®,
Varilrix®.
Ambas estão autorizadas para administração acima dos 12 meses de idade, em doses de 0,5 ml, por via subcutânea. A vacinação contra Varicela requer a administração de duas doses, com intervalo mínimo de 3 meses, para as crianças entre 12 meses e 12 anos de idade. Nos países com recomendação de vacinação universal, a segunda toma é administrada aos 5-6 anos de idade. A partir dos 13 anos o intervalo deve ser de 4 a 8 semanas (Varivax®) 37 ou de 6 a 8 semanas (Varilrix®) 38. A Comissão de Vacinas não estabelece preferência entre as duas vacinas.
Zona o que é?
A Zona Manifesta-se por uma erupção na pele e é provocada pelo mesmo vírus que, geralmente na infância, origina a varicela. Popularmente é conhecida por “cobro” ou “cobrão”, pois a distribuição das lesões cutâneas na pele faz-se muitas vezes lembrar a forma de uma serpente. É uma doença infeciosa provocada pela reativação do mesmo vírus que provoca a varicela. Caracteriza-se por uma erupção cutânea acompanhada de dor intensa, num dos lados do corpo, que ocorre com maior frequência em indivíduos com mais de 50 anos.
Causas da zona
Surge quando a imunidade que se tinha formado contra o vírus diminui. Qualquer pessoa que tenha tido varicela pode vir a desenvolver a doença, sobretudo a partir dos 50 anos. A Zona, também designada por Herpes Zoster, aparece apenas nas pessoas que tiveram varicela em alguma altura da sua vida. Após a varicela, normalmente na infância, o vírus não é eliminado do organismo, e aloja-se num nervo, geralmente junto à espinal medula e aí fica como que adormecido. Pode manter-se assim durante muitos anos.
Esta patologia manifesta-se através de uma erupção cutânea, geralmente na região torácica, que evolui para bolhas dolorosas, que formam crosta e cicatrizam ao fim de semanas. Os tratamentos existentes podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados 72 horas após o início dos sintomas.
O sistema imunitário
Quando as defesas naturais do organismo enfraquecem temporariamente, o vírus pode reativar-se, deslocando-se, então, ao longo do nervo até atingir a pele, onde provoca a erupção característica da Zona. Este processo é quase sempre acompanhado de uma dor localizada muito intensa, pois todo o nervo por onde o vírus se desloca fica muito inflamado.
O enfraquecimento das defesas naturais pode dever-se a fatores como:
Uma infeção prévia (ex.: Gripe);
Uma intervenção dentária;
Abuso do álcool;
Um acontecimento psicologicamente traumatizante;
Tratamento com corticóides, quimioterapia ou radioterapia;
Uma intervenção cirúrgica.
Qual a prevalência na população?
95% da população adulta já teve varicela pelo que tem no organismo o vírus que provoca a zona, estando em risco de desenvolver a doença. Uma em cada quatro pessoas irá desenvolver zona ao longo da vida. O risco de desenvolver a zona duplica aos 50 anos devido ao enfraquecimento do sistema imunitário associado ao envelhecimento.
Sintomas quais são e como evolui?
O primeiro sintoma da Zona é quase sempre a dor intensa localizada, que se sente, às vezes, antes de surgirem as lesões da pele. A maioria dos doentes sente na área afetada dor intensa ou ardor que pode ser constante ou intermitente. Por vezes, estímulos habitualmente não dolorosos, podem provocar dor intensa. Na fase aguda da Zona (quando existe erupção cutânea) a dor está presente, em média, durante 2-4 semanas.
As lesões são pequenas bolhas avermelhadas que surgem progressivamente ao longo de uma faixa estreita de pele. Normalmente, surge uma erupção cutânea unilateral que pode aparecer em muitos locais, mas a localização mais comum é a região do tórax, cabeça e pescoço. A erupção cutânea evolui para vesículas (bolhas) dolorosa. As vesículas passam a feridas em três dias; após uma semana a dez dias as feridas secam e as crostas caem ao fim de duas a três semanas.
Complicações
A principal complicação da Zona é a permanência da dor. Esta dor, a que se dá o nome de neuralgia pós-herpética, pode tronar-se crónica e persistir durante meses ou anos, impedindo muitas vezes o doente de levar uma vida normal e despreocupada. Podem ocorrer outras complicações, como por exemplo quando são atingidos os olhos. Nestes casos, existe o risco de cegueira.
Em 10 a 20% dos casos, a Zona afeta o olho e pode causar alterações da visão ou mesmo cegueira. Pode também provocar perda de audição no lado afetado, assim como infeções cutâneas ou cicatrizes permanentes.
Será contagiosa?
A zona deve-se à reativação do vírus da varicela que ficou latente no organismo, como tal, não é possível contrair através de outras pessoas. Um indivíduo com Zona pode transmitir o vírus a alguém que nunca teve varicela, normalmente a crianças, que desenvolverão a varicela. Sendo a forma de contágio idêntico ao da varicela.
Tratamento da zona
Deve-se ir imediatamente ao médico assim que as bolinhas surgem na pele. Se se sentir uma dor aguda localizada, do tipo queimadura ou facada, mesmo antes das bolhas aparecerem, não se deve adiar a ida ao médico. Quanto mais cedo o médico prescrever o tratamento adequado, mais depressa desaparecerão as feridas e mais hipóteses terá de as dores não continuarem. O tratamento antiviral mais comum é o seguinte:
Aciclovir 800 mg, comprimidos, de 4/4h, saltando a toma noturna.
A Zona não tem cura, contudo, alguns medicamentos podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados nas 72 horas após o início dos sintomas. Os medicamentos para a Zona têm como prioridade máxima o controlo da dor, mas este pode ser difícil e muitas vezes o alívio não é o desejado. É muito importante levar o tratamento até ao fim. Os banhos mornos acalmam a erupção, mas deve evitar-se a aplicação de talco e cremes. Usar roupas soltas e macias, para evitar pressão nas áreas afetadas. Não coçar, nem arrancar as crostas.
Existe vacina?
Sim, está disponível em Portugal, a primeira vacina para a prevenção da zona e da nevralgia pós-herpética, que está nas farmácias, para vacinação de adultos a partir dos 50 anos, numa única administração, mediante prescrição médica. O nome da vacina é o seguinte:
ZOSTAVAX® vacina viva contra a zona (Herpes zoster)
Composição da vacina
Após reconstituição, 1 dose (0,65 ml) contém:
Vírus da varicela-zoster , estirpe Oka/Merck, (vivo, atenuado) não menos de 19400 UFP produzido em células diploides humanas (MRC-5),
UFP = Unidades formadoras de placas.
Esta vacina pode conter quantidades vestigiais de neomicina
Indicações terapêuticas:
ZOSTAVAX está indicado na prevenção do herpes zoster (“zoster” ou zona) e da nevralgia pós-herpética (NPH) relacionada com o herpes zoster. ZOSTAVAX está indicado na imunização de indivíduos com 50 ou mais anos de idade.
Concluindo
A família do vírus HERPES é mais alargada do que a maioria das pessoas julga. Neste artigo tentei mostrar as diversas doenças distintas que se interligam (por exemplo a varicela e a zona) por serem causadas por vírus da mesma família do Herpes. Sendo algumas doenças muito comuns, principalmente o Herpes labial, é de toda a importância conhecer as suas causas, complicações, tratamento e como evitar o seu contágio.
Urticária alérgica causas, sintomas, alimentos mais reativos, tratamento e quanto tempo dura, tudo o que não sabe! O que é uma alergia? E uma urticária? Qual a ligação entre alergia e urticária? Neste artigo vamos desenvolver as respostas sobre a urticária.
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Anatomia da pele
Alergia o que é?
Urticária o que é?
Urticária é contagiosa?
Ligação entre alergia e urticária
Mecanismo de ação da urticária
Tipos de urticária existentes
Urticária aguda
Urticária crónica
Urticárias físicas
Tipos especiais de urticária
Como se faz o diagnóstico?
Como evitar a urticária?
Alimentos e aditivos comuns que podem provocar urticária
Medicamentos mais usados na urticária
Anti-histamínicos, corticoides e outros medicamentos
Antes de mais é sempre útil saber como é constituída a anatomia da nossa pele. Clique nas imagens para ampliar:
Alergia, o que é?
Uma alergia é uma reação de hipersensibilidade, a estímulos externos, mediada pelo sistema imunitário, nomeadamente um tipo de anticorpo com uma importância central em todas as doenças alérgicas, designado imunoglobulina E (IgE).
Urticária o que é?
A urticária não é uma doença mas sim uma síndroma comum, com lesões cutâneas afetando todas as faixas etárias, estimando-se que cerca de 20 a 30% da população, em algum momento da sua vida, tenha pelo menos um episódio de urticária. É caracterizada pelo rápido aparecimento de pápulas (lesões cutâneas ligeiramente elevadas em relação à pele sã), eritematosas (avermelhadas) algumas vezes esbranquiçadas na parte central, acompanhadas de prurido (comichão) ou por vezes sensação de queimadura, desaparecendo por breves segundos após pressão. Estas lesões desaparecem espontaneamente ou com terapêutica anti-histamínica, sem pigmentação residual num período de 24 horas podendo no entanto voltar a aparecer.
Em alguns casos, o edema da derme profunda e sub-cutis pode ser tão importante que dá origem ao aparecimento de angioedema (inchaço), por vezes doloroso em alternativa a pruriginoso, com envolvimento frequente das mucosas, sendo a resolução mais lenta comparativamente à da urticária (até 72 horas).
Decididamente não é contagiosa. Podemos tocar, conviver e estar no mesmo ambiente de doentes com urticária sem nenhum risco de transmissão da doença.
Alergia e urticária, qual a ligação?
Algumas alergias podem provocar sintomas cutâneos com o aparecimento de urticária. São exemplos algumas alergias a alimentos e medicamentos ou seja a urticária é em alguns casos uma consequência da alergia. No entanto tal como vamos descrever neste artigo, existem inúmeras outras causas de urticária que não são do foro alérgico, como por exemplo causas inflamatórias e infeciosas.
Mecanismo da urticária
Após processo de ativação dos mastócitos, pelo alergénio a que o indivíduo está sensibilizado, ou por outros mecanismos de natureza não alérgica, estas células existentes na pele e mucosas, libertam:
Histamina,
Citocinas.
Outros mediadores da inflamação.
Este processo dá início a uma série de alterações bioquímicas e intervenções celulares que culminam com o aparecimento e manutenção das lesões de urticária.
Causas e tipos de urticárias
De seguida descrevemos a classificação dos diferentes tipos que são muito mais diversos do que a maioria das pessoas julga, a saber:
a) Com aparecimento espontâneo de pápulas
b) Físicas
c) Especiais
Urticária com aparecimento espontâneo de pápulas
Aguda
Crónica
1. Urticária aguda– duração inferior a 6 semanas. Mais frequente em doentes com doenças atópicas como rinite, asma ou eczema atópico, e nas crianças e adultos jovens. São provocadas principalmente por:
Reações a medicamentos (alérgicas ou pseudoalérgicas).
2. Urticária crónica – duração superior a 6 semanas, podendo estender-se em aproximadamente 50% dos casos até 6 meses, ou mesmo ter uma duração superior a 10 anos (20% dos casos). Afeta principalmente o sexo feminino, entre os 30 e os 50 anos de idade. As causas principais são:
Reações alérgicas tipo I,
Reações pseudoalérgicas,
Autoimunidade (anticorpos antiFc_RI, anticorpos anti-tiroideus, outras doenças autoimunes),
2a. Urticária crónica contínua– frequência diária ou em quase todos os dias da semana
2b. Urticária crónica recorrente – intervalos livres de dias ou semanas sem sintomas
Urticárias físicas
Dermográfica ou dermografismo
Pressão retardada ou tardia
Contacto ao frio
Contacto ao calor
Solar
Angioedema vibratório
As urticárias físicas embora de natureza crónica, são agrupadas separadamente porque dependem da presença de um factor físico desencadeante e agrupam-se em três tipos, a saber:
1. Urticária dermográfica ou dermatografismo – desencadeada por fricção da pele (aparecimento de pápulas 1 a 5 minutos depois). Afeta principalmente adultos jovens. Duração média 6,5 anos.
2. Urticária de pressão retardada – desencadeada por pressão vertical (aparecimento de pápulas 3 a 8 horas depois). Média de idade de aparecimento é os 30 anos, afetando 2 vezes mais os homens. Duração média 6-9 anos.
3. Urticária de contacto ao frio – desencadeada por ar frio, água ou vento (9 subtipos descritos). Mais frequente em jovens do sexo feminino. Duração média 4,2 anos. Na maioria dos casos, de causa desconhecida embora algumas doenças infeciosas possam estar na origem, tais como:
1. Urticária colinérgica – lesões muito pequenas com halo eritematoso, desencadeadas por breve aumento da temperatura corporal, como por exemplo:
Exercício físico,
Banho quente,
Stress emocional.
Frequente em adultos jovens.
2. Urticária adrenérgica – pequenas lesões eritematosas com halo esbranquiçado, desencadeadas por stress emocional.
3. Urticária de contacto (alérgica ou pseudoalérgica) – nesta há aparecimento de pápulas nos locais em que as substâncias químicas contactam a pele, por exemplo:
Alimentos,
Plantas,
Medicamentos,
Cosméticos,
Químicos industriais,
Produtos animais,
Têxteis.
4. Urticária aquagénica– desencadeada por um alérgeno libertado do estrato córneo da pele, quando em contacto com a água. Cinco vezes mais frequente no sexo feminino, principalmente em adultos jovens.
Um ou mais subtipos de urticária podem coexistir num mesmo doente.
Diagnóstico da urticária
Nas formas agudas, habitualmente, não é necessário qualquer tipo de estudo, uma vez que a relação causa efeito é na maioria das vezes evidente. Na urticária crónica, uma história clínica aprofundada é fundamental para orientar a investigação. O estudo complementar diagnóstico deverá ser direcionado.
Algumas ferramentas orientadas pela suspeição clínica, em muitos casos ajudam ao diagnóstico da urticária crónica. As principais são:
O diário de sintomas,
O registo alimentar,
Testes cutâneos de alergia,
Provas cutâneas específicas do diagnóstico de urticárias físicas,
Teste de soro autólogo,
Estudo laboratorial e imagiológico (radiografia, ecografia),
Provas de provocação com alimentos, medicamentos, ou aditivos alimentares,
Biópsia de pele,
Evitar a urticária mas como?
Algumas medidas podem ser úteis para aliviar o prurido, principalmente à noite: duche tépido e/ou aplicação de loção de calamina ou de creme antipruriginoso. É fundamental a hidratação cutânea com aplicação de emolientes, particularmente nas formas crónicas.
Embora os subtipos de urticária sejam desencadeados por uma grande variedade de fatores, o tratamento da urticária segue alguns princípios básicos, tais como:
Evitar (evicção) ou eliminar os fatores desencadeantes da urticária tais como:
Medicamentos,
Estímulos físicos,
Tratamento de infeções,
Processos inflamatórios crónicos,
Remoção de anticorpos anti-Fc_RI,
Alimentos.
Minimizar os fatores favorecedores de stress e ansiedade.
Alimentos e aditivos que favorecem a libertação de histamina
Os alimentos com maior probabilidade de provocar urticária são:
Atum, bacalhau e crustáceos,
Charcutaria, tal como chouriço e outros enchidos,
Frutos tais como:
banana,
morango,
kiwi,
frutos tropicais quase todos
Frutos secos,
Tomate,
Cogumelos,
Queijos fermentados,
Enlatados,
Pré-cozinhados,
Aromatizantes tais como cacau, baunilha, malte, cola
Especiarias
Edulcorantes, corantes, conservantes e activadores de aroma
Infusões:
café
chá
Gaseificados,
Álcool.
Tratamento e medicamentos mais usados
O tratamento adequado depende da gravidade dos sintomas, história clínica do doente e idade. As classes de medicamentos mais usados são as seguintes:
Anti-histamínicos
Corticosteroides
Anti-leucotrienos
Anti-histamínicos
Anti-histamínicos em monoterapia ou associados. Reservam-se os sedativos para situações clínicas muito particulares e os de aplicação tópica não deverão nunca ser utilizados pois agravam a urticária, por exemplo:
Dimetindeno (Fenistil®)
Difenidramina (Caladryl®)
A urticária provoca lesões cutâneas muitas vezes extensas que podem ser “portas de entrada” para absorção sistémica de anti-histamínicos de aplicação tópica. Estes anti-histamínicos são formulados para atuarem apenas localmente porque geralmente são moléculas da primeira geração de anti-histaminicos e portanto com mais efeitos secundários sistémicos que os seus “parentes” de 2ª geração, nomeadamente atuando sobre o sistema nervoso central e provocando acentuada sonolência.
De seguida descrevo os anti-histamínicos mais usados na urticária e as respetivas dosagens diárias para um adulto com peso normal
Os anti-histamínicos clássicos mais usados, tomam-se em regra, de 8 em 8 horas, por via oral, e são os seguintes:
Dexclorferinamina (Polaramine®) , 2mg/6-8h,
Hidroxicina (Atarax®), 25mg/8h.
Nota: Em Portugal existe um xarope chamado Sinerbe® que é uma associação de Dexclorferinamina (anti-histamínico) + Pseudoefedrina (descongestinante) + Guaiafenesina (fluidificante da expectoração) mas que naturalmente é utilizado apenas nos quadros clínicos com sintomas respiratórios, nomeadamente quando existe simultaneamente congestão nasal com tosse produtiva.
Os anti-histamínicos de 2ª geração mais utilizados, tomam-se em regra, uma vez por dia, por via oral, e são os seguintes:
Loratadina (Claritine®), 10mg/dia;
Desloratadina (Aerius®), 5mg/dia;
Fexofenadina (Telfast®), 180mg/dia;
Cetirizina (Zyrtec®), 10mg/dia;
Levocetirizina (Xyzal®), 5mg/dia;
Mizolastina (Mizolen®), 10mg/dia;
Rupatadina (Rinialer®), 10mg/dia;
Ebastina (Kestine®), 10mg/dia;
Bilastina (Lergonix®, Bilaxten®), 10mg/dia.
Nota: A Bilastina (Lergonis® e Bilaxten®) é o anti-histamínico mais recente disponível no mercado, em Portugal.
Em Portugal os anti-histamínicos genéricos (menor preço) mais utilizados e disponíveis são os seguintes:
Desloratadina,
Cetirizina,
Levocetirizina,
Loratadina,
Ebastina.
Corticosteroides
Corticosteróides sistémicos injetáveis ou administrados por via oral em situações excepcionais, mas sempre acompanhados por terapêutica subsequente com anti-histamínicos em períodos prolongados para controlo clínico sustentado. Os corticoides mais utlizados são:
Prednisolona (Lepicortinolo®)
Prednisona
Anti-leucotrienos
Anti-leucotrienos representam em alguns doentes um benefício adicional, por exemplo:
Montelucaste (Singulair®), 10mg/dia, também disponivel em genérico.
Outros tratamentos
Outros tratamentos poderão ser utilizados em alguns casos particulares mas sempre submetidos a estreita vigilância clínica. Os exemplos mais comuns são:
Imunoglobulinas endovenosas,
Salazopirina,
Ciclosporina A,
Dapsona,
PUVA
Concluindo
A urticária é uma patologia muito comum pois estima-se que 80% das pessoas a desenvolvam pelo menos uma vez na vida. Algumas crises de urticária são mais agressivas ou prolongadas prejudicando de forma significativa a qualidade de vida dos doentes. As lesões em zonas expostas podem ter um aspeto “assustador e contagioso” podendo levar algumas pessoas a sentirem-se socialmente mais inibidas nomeadamente nas situações desencadeadas por stress emocional. Conheça-se melhor a si própria e identifique os fatores que particularmente lhe provocam uma reação de urticária. Evitar os fatores desencadeantes é o melhor remédio!
Fibromialgia qual o melhor tratamento, pontos de dor, sintomas e estigmas sociais. Quais os sinais? Quais as causas e fatores de risco? Quais os tratamentos mais eficazes? Que hábitos diários podem ajudar a melhorar? O que nunca deve comer? Porque são muitas vezes mal interpretados os doentes pela sociedade? Por desconhecimento da realidade clínica, muitas vezes as doentes são “rotuladas” de preguiçosas pelos colegas de trabalho e até por algumas pessoas de família… o que é psicologicamente muito duro de aceitar!
A fibromialgia é um síndrome crónico caracterizado por queixas dolorosas neuromusculares difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas. A fibromialgia é uma das doenças reumáticas com maior incidência na atualidade. É uma doença crónica invisível, sobre a qual ainda há muito por saber. A fibromialgia não tem tratamento específico e é capaz de provocar dores intensas, no entanto mantém-se até hoje num relativo anonimato, ao qual não será alheio o facto de apenas ter sido reconhecida como doença pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1970.
Prevalência
Estima-se que atinja entre 2 e 8% da população adulta global e ainda que esteja em clara expansão.
Fibromialgia qual a história desta doença?
Já Hipócrates descreve a dor músculo-esquelética difusa. Os principais pontos históricos da doença, por ordem cronológica, são os seguintes:
1824, Balfour faz a associação entre reumatismo e pontos dolorosos;
1880, Beard classifica como Mielastenia um síndrome com as características da Fibromialgia;
No início do séc xx, Growers introduz o termo “Fibrosite”por supor (algo nunca comprovado), que se trataria de alterações fibromusculares;
1972, Moldofsky identifica as perturbações do sono Nrem;
1977, Smythe e Moldofsky associam a presença de dor crónica e generalizada com pontos dolorosos em locais previsíveis e sono não reparador;
1990, o Colégio Americano de Reumatologia define os critérios de diagnóstico ainda agora utilizados.
Causas fisiopatológicas
Especula-se, ainda, acerca da origem da doença. Sabe-se que os doentes de fibromialgia apresentam:
Diminuição de serotonina e ácido 5 – Hidroxindolacético no LCR (líquido cefalorraquidiano) e no plasma;
Elevação da substância P no LCR (líquido cefalorraquidiano);
Hipovascularização de algumas regiões cerebrais;
Alterações no EEG (eletroencefalograma) de sono noturno, na fase NREM (fase de sono profundo onde ocorrem os sonhos);
Hipertonia simpática,
Alterações da memória recente.
Existem ainda outras alterações, mas todas elas são comuns a outras patologias. O mais provável é que seja uma causa multifatorial.
Fatores de risco
Embora não sejam conhecidas, com rigor, as causas da fibromialgia, sabe-se que as mulheres são quase 10 vezes mais afetadas que os homens. Na verdade, 80 a 90% dos casos diagnosticados são de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos. Supõe-se, por outro lado, que o desenvolvimento da doença também possa ser influenciado por fatores como:
O sintoma predominante da fibromialgia é a dor muscular. Surgindo, na maior parte dos casos, de forma generalizada mas centrando-se posteriormente em regiões específicas, como o pescoço ou a região lombar, esta assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante. Pode, no entanto, fazer-se acompanhar por outros sintomas, como:
Perturbações de sono, presentes em cerca de 70% dos doentes, piorando as dores nos dias que dormem pior. Os registos eletroencefalográficos podem apresentar alterações relacionadas com as perturbações do sono.
Fadiga constante, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico. Quando o sintoma dominante é a fadiga a doença tem sido designada por Síndroma da Fadiga Crónica;
Os sintomas podem, no entanto, variar em intensidade e até mesmo desaparecer e reaparecer de forma esporádica, consoante a hora e o dia, os níveis de stresse e ansiedade ou as mudanças de temperatura. Também podem ser agravados com a atividade física exagerada ou desequilibrada.
Há relatos de casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.
Existem estudos que mostram que pessoas com esta doença, apresentam alterações nos níveis de algumas substâncias importantes, particularmente:
Dor crónica generalizada, com evolução de, pelo menos, 3 meses, abrangendo a parte superior e inferior do corpo, lado direito e esquerdo, assim como o esquerdo axial.
Dor à pressão, em, pelo menos, 11 de 18 pontos predefinidos, a saber:
Ponto occipital – Bilateral, nas inserções do músculo sub-occipital.
Ponto cervical inferior – Bilateral, na face anterior dos espaços intertransversários de C5 e C7
Ponto trapézio – Bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo.
Ponto supra espinhoso – Bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata, junto do bordo interno.
Ponto 2ª costela – Bilateral, na junção costo-condral da 2ª costela, imediatamente para fora da junção e na face superior.
Ponto epicôndilo – Bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo.
Ponto glúteo – Bilateral, no quadrante superior externo da nádega, no folheto anterior do músculo.
Ponto grande trocanter – Bilateral, posterior à proeminência trocantérica.
Ponto Joelho – Bilateral, na almofada adiposa interna, acima da interlinha articular.
Pontos dolorosos
Os pontos dolorosos não são de dor espontânea.
A sua pesquisa deve ser efetuada com uma pressão digital de 4kg.
A dor não deve irradiar.
Manifestações Características
Fadiga crónica,
Sono não reparador,
Parestesias,
Rigidez (sobretudo matinal),
Edema subjetivo,
Cefaleias,
Síndroma de colon irritável,
Fenómeno de Raynaud,
Depressão/ansiedade,
Hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura ( tipo síndroma gripal).
O diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames subsidiários caracteristicamente positivos na fibromialgia.
Doenças e diagnósticos diferenciais
Tendo em consideração que os sintomas de fibromialgia são comuns a outras doenças que têm tratamento diferente, sendo que algumas são potencialmente graves em termos de sobrevida, é necessário descartar ou confirmar, previamente, de forma clara a presença, simultânea ou não, das seguintes doenças:
Artrite reumatoide;
Lupus eritematoso sistémico;
Espondilite anquilosante;
Polimiosite;
Síndroma de Sjörgen;
Polimialgia reumática;
Osteomalacia ;
Osteoporose;
Doença vertebral degenerativa;
Síndroma de dor miofascial;
Hipotiroidismo;
Hipertiroidismo;
Hiperparatiroidismo;
Síndrome paraneoplásico;
Miopatia metabólica;
Metastização tumoral;
Mieloma múltiplo,
Polineuropatias;
Doença de Parkinson;
Sarcoidose;
Infeções víricas;
Neuroses;
Psicoses;
Ansiedade;
Depressão.
Qualquer destas patologias pode coexistir com a Fibromialgia.
Tratar a fibromialgia
Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco específico para a doença. Existem, no entanto, medicamentos e técnicas que podem ajudar a aliviar os sintomas, principalmente as dores, a saber:
Analgésicos;
Relaxantes musculares;
Antidepressivos;
Massagens;
Técnicas de relaxamento.
Tratamento qual o melhor?
O primeiro passo é acreditarmos no sofrimento do doente! Seguidamente, envolver o doente no seu tratamento. Cada sujeito ativo compreendendo e colaborando na responsabilidade do Sucesso / Insucesso.
Deve frisar-se que se trata de uma doença crónica e que o tratamento visa, não a ausência de sintomas, mas o seu controlo. Também teremos que estar preparados para Adaptar os esquemas terapêuticos à evolução das queixas. O tratamento é sempre individual.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico inclui os seguintes medicamentos:
Amitriptilina, em doses baixas ( 10mg – 25mg/ dia),
Fluoxetina (antidepressivo),
Diazepam e outros mio relaxantes (relaxantes musculares),
Ansiolíticos,
Indutores do sono,
Antiepiléticos, (topiramato em doses até 75mg/dia tem-se mostrado útil),
Analgésicos como o paracetamol, com e sem codeína, os salicilatos, o tramadol, revelam alguma eficácia.
Os corticosteroides, devido aos efeitos secundários e à quase ineficácia, são de evitar!
Tratamento Psiquiátrico
O apoio psiquiátrico nunca deve ser descurado, sempre que se revele necessário, sob a orientação de médico psiquiatra com experiência em dor.
Psicoterapia Coadjuvante
Particularmente útil nas áreas Cognitiva / Comportamental:
Aprender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
Técnicas de Bio Feedback têm-se mostrado úteis.
Fisioterapia é possível
Sim mas apenas quando individualizada e efetivada por técnicos com experiência nestes doentes.
Exercício Físico adequado
Fundamental, o exercício físico mais indicado é adaptado às condições do doente. Aconselha-se, essencialmente:
Caminhada,
Natação (sem grande esforço), em ambientes agradáveis e tépidos.
É importante não descurar o Exercício Físico, porque a inação para que tendem os doentes de Dor Crónica, acarreta consequências psíquicas e físicas como:
Depressão,
Obesidade,
Atrofia Muscular,
Osteoporose,
Artralgias,
Estas são situações que acabam também e por si só, gerar doença.
Alimentação faz toda a diferença
Não existem dúvidas que a alimentação pode ter uma influência extraordinária na evolução e sintomatologia da doença. Cada doente deve tentar identificar principalmente os alimentos que fazem piorar a sua condição de saúde.
No geral deve evitar todos os alimentos fabricados e embalados pois quase sempre tem aditivos alimentares artificiais e teores de açúcar demasiado elevados.
Entre os mais importantes vale a pena estar atento e se necessário eliminar da alimentação diária os seguintes:
Aditivos alimentares artificiais como o Glutamato monossódico (MSG) e o Aspartame
Glúten
Açúcares
Enchidos
Alimentos fritos que contêm gorduras saturadas de má qualidade
Álcool
Também o excesso de peso parece piorar sempre os sintomas dolorosos associados à fibromialgia.
Nutrição e estudos sobre fibromialgia
Os seguintes estudos alertam para a importância do cuidado alimentar para mitigar os sintomas da fibromialgia, a saber:
Adaptar o seu estilo de vida aos sintomas da doença é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim deve tentar aplicar os seguintes hábitos diários:
Evite o stress;
Pratique exercício físico (com um programa adaptado às suas capacidades);
Como em qualquer outra doença dolorosa crónica e tendencialmente incapacitante, estes doentes apresentam-se muito queixosos, com níveis de autoestima baixos, angustiados, revoltados, não compreendidos e uma história de grande dificuldade em gerir a sua vida familiar, laboral e social.
Família do doente como reage?
A família é um fator primordial, para o melhor e para o pior, na evolução destes doentes. Muitas vezes não colabora, acusando o doente de “preguiçoso”, “piegas” ou “desequilibrado” emocionalmente. Normalmente, após elucidado, o agregado familiar passa a colaborar, sendo de grande importância, pelo suporte que pode dar ao doente. Por vezes, a própria família precisa de Apoio.
Local de trabalho o que acontece?
Devido às características da doença, a produtividade diminui, o que, muitas vezes, acarreta acusações dos colegas e superiores hierárquicos, criando um meio hostil. Devem-se diminuir os níveis de stress do doente, respeitando os seus Ritmos de trabalho e/ou mudando de Atividade profissional.
Sociedade como são tratados os doentes?
Normalmente, a incapacidade inerente à doença implica uma marcada diminuição da quantidade e qualidade da Vida Social destes doentes, assim como um aumento de gastos com o consumo de Serviços de Saúde e da Segurança Social, com faltas ao trabalho e reformas precoces.
O Estado português ainda não facilita a estes doentes os direitos que lhes deveriam ser atribuídos, de acordo com o reconhecimento da patologia já existente, revelando-se duplamente penalizante para o doente e agregado familiar.
Concluindo
Se suspeita que pode sofrer de fibromialgia, consulte o seu médico assistente ou o seu reumatologista. O diagnóstico faz-se quando a dor existe por mais de três meses em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo. Entretanto, realizam-se exames para excluir outras doenças que possam causar as queixas.
Se, infelizmente, já é um doente fibromialgico então não se acomode, adote um estilo de vida saudável com exercício físico e alimentação adequados. Vá ao médico acompanhado por alguém da sua família para que esta fique bem informada sobre a doença e possa dispensar-lhe o apoio positivo que é essencial para evitar outras perturbações psicológicas muitas vezes associadas à doença.
Chás infusões tisanas e medicamentos qual a influência das infusões e do chá na atividade terapêutica dos medicamentos? Quais as principais interações medicamentosas e efeitos adversos das infusões e chás? Qual a diferença entre chá, infusão e tisana?
Neste artigo vou descrever os principais chás, infusões e tisanas, quais as suas propriedades e interações medicamentosas. A lista de infusões ordenada alfabeticamente com os nomes científicos das plantas entre parênteses, para que possas já identificar a tua infusão habitual, é descrita de seguida:
Ashwagandha (Withania somnifera)
Barbas de Milho (Zea mays)
Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
Canela – Cinnamomum verum (canela-do-ceilão) ou Cinnamomum cassia (canela-cássia)
Carqueja (Baccharis trimera)
Cavalinha (Equisetum arvense)
Cidreira (Melissa officinalis)
Cogumelo juba-de-leão (Hericium erinaceus)
Equinácea (Echinacea purpurea, Echinacea angustifolia ou Echinacea pallida)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Erva de São Roberto (Geranium robertianum)
Flor de Laranjeira (Citrus aurantium)
Flor de Tília (Tilia cordata ou Tilia platyphyllos)
Frutos Vermelhos (diversas espécies, geralmente Rubus idaeus ou Vaccinium spp.)
Pau d’Arco (Tabebuia impetiginosa ou Handroanthus impetiginosus)
Pés de Cereja (Prunus avium)
Quebra-Pedra (Phyllanthus niruri)
Sene (Cassia angustifolia)
Lista de chás referidos no artigo:
Chá verde (Camellia sinensis)
Chá preto (Camellia sinensis)
Chá branco (Camellia sinensis)
Chá Oolong (Camellia sinensis)
Chá de matcha (Camellia sinensis)
Chá imperial (mistura de Camellia sinensis com outras plantas)
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Diferença entre chá, infusão e tisana
Plantas mais usadas
Propriedades terapêuticas
Interações com medicamentos
Melhores combinações de plantas para potenciar efeito terapêutico
Relaxamento e insónia (melhor tisana)
Digestão e alívio de cólicas (melhor tisana)
Imunidade melhorada (melhor tisana)
Desintoxicação e retenção de líquidos (melhor tisana)
Stress e ansiedade (melhor tisana)
Problemas renais e cálculos no rim ou pedra no rim (melhor tisana)
Resfriados e tosse (melhor tisana)
Obstipação ou intestino preso (melhor tisana)
Forma de preparação das tisanas
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Chás infusões e tisanas qual a diferença?
Embora muitas pessoas acreditem ser a mesma coisa, grande parte das bebidas quentes a que chamamos chá são, na verdade, infusões. Os chás são bebidas feitas a partir de uma única planta, a Camellia sinenses, também conhecida como “Chá-da-Índia”. Assim, bebidas preparadas a partir de outras plantas como cidreira, camomila, erva doce, melissa ou especiarias, são classificadas como infusões.
Com a planta Camellia sinenses, é possível preparar uma enorme variedade de chás, que variam de acordo com o cultivo, nível de fermentação, coleta e preparação das folhas. No geral, os diversos tipos podem ser divididos em quatro grupos:
Chá oolong, de fermentação mediana com sabor intermediário;
Chá verde, levemente fermentado e com sabor suave;
Chá branco: produzido a partir de folhas jovens e tenras, não fermentado.
Já a infusão é o nome do processo que utiliza água fervente numa substância para extrair os seus princípios ativos e medicinais. Por exemplo, o denominado chá de camomila é na verdade uma infusão.
Chá
Origem: O chá propriamente dito vem da planta Camellia sinensis. As variedades de chá (preto, verde, branco, oolong) são todas derivadas dessa planta, com diferenças no processamento e oxidação das folhas.
Cafeína: O chá contém cafeína, com níveis que variam dependendo do tipo e do tempo de infusão.
Benefícios: Cada tipo de chá oferece diferentes benefícios para a saúde, como antioxidantes, que ajudam na prevenção de doenças.
Infusão
Origem: As infusões são feitas com uma variedade de plantas, ervas, flores, frutas e especiarias que não vêm da Camellia sinensis. Exemplos incluem camomila, hortelã, erva-cidreira, erva-doce e hibisco.
Cafeína: Geralmente, infusões não contêm cafeína, tornando-as uma boa opção para quem quer evitar esse estimulante.
Benefícios: Dependem dos ingredientes usados. Por exemplo, a camomila é conhecida por suas propriedades calmantes, enquanto a hortelã pode ajudar na digestão.
Preparação
Tanto chás quanto infusões são preparados com a imersão das folhas ou partes das plantas em água quente. No entanto, a temperatura da água e o tempo de infusão podem variar dependendo da planta para otimizar o sabor e as propriedades da bebida.
Em resumo, o chá vem exclusivamente da Camellia sinensis e pode conter cafeína, enquanto as infusões são mais diversificadas em termos de ingredientes e geralmente não contêm cafeína.
Tisanas
As tisanas são preparações feitas à base de ervas, flores, folhas, raízes, cascas ou frutos de plantas, geralmente preparadas através de infusão, decocção ou macerado em água quente ou fria. O termo é frequentemente usado como sinónimo de infusões, mas pode ter um significado mais amplo, englobando diferentes métodos de extração dos princípios ativos das plantas.
Características das Tisanas:
Sem cafeína – Ao contrário do chá (que vem da planta Camellia sinensis), as tisanas não contêm cafeína, tornando-as uma opção mais relaxante e versátil.
Diversidade de ingredientes – Podem incluir ervas medicinais (como camomila, hortelã), frutas secas, especiarias (como canela) e até flores (como hibisco ou lavanda).
Uso terapêutico – Muitas tisanas são utilizadas na medicina natural para tratar ou aliviar condições como ansiedade, insónia, problemas digestivos, resfriados e inflamações.
Preparação variada
Infusão – Para partes delicadas como folhas e flores.
Decocção – Para partes mais duras, como raízes e cascas.
Macerado – Deixar os ingredientes em água fria por horas (ideal para extrair certos compostos sensíveis ao calor).
Exemplos de Tisanas
Calmantes: Camomila, erva-cidreira, flor de laranjeira.
Digestivas: Hortelã, gengibre, erva-doce.
Diuréticas: Cavalinha, hibisco, barbas de milho.
Imunológicas: Pau d’arco, equinácea, gengibre com limão.
Benefício principal
As tisanas são altamente personalizáveis, podendo ser misturadas de acordo com o gosto ou a necessidade terapêutica de cada pessoa. Assim, as tisanas representam uma prática tradicional e natural de cuidado com a saúde e bem-estar.
Chás infusões e tisanas propriedades e efeitos adversos
Propriedades terapêuticas e interações com medicamentos
De seguida descrevo as propriedade medicinais mais relevantes e as interações medicamentosas mais perigosas.
O chá verde, rico em catequinas com forte ação antioxidante, pode interferir na eficácia de anticoagulantes, elevando o risco de formação de coágulos sanguíneos.
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramentos devido à presença de vitamina K (especialmente chá verde).
Medicamentos para ansiedade e insónia: Pode aumentar os efeitos adversos devido à cafeína.
Infusões
Descrevo de seguida as principais infusões com efeitos medicinais, respetivas propriedades terapêuticas e interações medicamentosas.
Camomila
Camomila propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, anti-inflamatório, auxilia na digestão.
Interações com medicamentos :
A camomila, conhecida pelas suas propriedades digestivas e sedativas, pode potencializar os efeitos de anticoagulantes orais, aumentando o risco de hemorragias. Além disso, em doses elevadas, pode causar paralisia dos músculos lisos do aparelho digestivo, útero e bexiga.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos de medicamentos como os inibidores da MAO.
Cidreira
Cidreira propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, melhora a digestão, alivia ansiedade.
Interações com medicamentos :
A Cidreira com o sedativo pentobarbital, potencializa o efeito do medicamento. Não é recomendado para hipotensos (pressão baixa).
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Tiróide: Pode interferir no funcionamento da tiróide em doses elevadas.
Flor de Tília
Tília propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, diurético leve, ajuda na insónia, ansiedade e problemas respiratórios (tosse e resfriados).
Interações com medicamentos :
Sedativos – Pode intensificar o efeito sedativo.
Diuréticos – Pode aumentar o efeito diurético.
Limão
Limão propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Refrescante, antioxidante, auxilia na digestão.
Interações com medicamentos:
Medicamentos para pressão arterial: Pode potencializar o efeito anti-hipertensivo.
Antiácidos: Pode alterar a absorção.
Sene
Sene propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Laxante poderoso, usado para tratar obstipação.
Interações com medicamentos :
Laxantes: Pode causar perda excessiva de eletrólitos se usado com outros laxantes.
Diuréticos: Pode aumentar o risco de desequilíbrio eletrolítico.
Medicamentos cardíacos: Pode interferir devido à perda de potássio, afetando o funcionamento cardíaco.
A erva-de-São-João, frequentemente utilizada para tratar sintomas de depressão leve, pode interagir com antidepressivos, como a sertralina, levando a efeitos colaterais como sedação excessiva e depressão do sistema nervoso central.
Antidepressivos: Pode causar síndrome serotoninérgica se combinado.
Anticoncepcionais: Pode reduzir a eficácia.
Anticoagulantes: Pode diminuir a eficácia.
Imunossupressores: Pode reduzir a eficácia de medicamentos como a ciclosporina.
O chá de gengibre, embora popular por causa das suas propriedades anti-inflamatórias, pode aumentar o risco de sangramento quando consumido em grandes quantidades juntamente com anticoagulantes.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Hipoglicemiantes: Pode potencializar o efeito, causando hipoglicemia.
Jasmim
Jasmin propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Relaxante, melhora o humor, antioxidante.
Interações com medicamentos : Pode potencializar o efeito de sedativos e ansiolíticos.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Diuréticos: Pode potencializar o efeito diurético.
Frutos Vermelhos
Frutos vermelhos framboesas propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Antioxidante, anti-inflamatório, fortalece o sistema imunológico.
Interações com medicamentos: Geralmente, tem menos interações, mas em quantidades elevadas, pode interferir na absorção de certos medicamentos.
Cavalinha
Cavalinha propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Diurético, adstringente, rico em sílica (bom para ossos e unhas), ajuda no tratamento de infeções urinárias e retenção de líquidos.
Interações com medicamentos:
Diuréticos: Pode intensificar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
Antihipertensivos:Pode diminuir excessivamente a pressão arterial.
Lítio: Pode alterar a excreção do lítio, aumentando o risco de efeitos colaterais.
Flor de Laranjeira
lor de laranjeira propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, sedativo leve, ajuda na ansiedade, insônia e problemas digestivos.
Interações com medicamentos :
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Antidepressivos: Pode interagir com inibidores da MAO (raro, mas possível).
Limonete (Erva-Luísa)
Limonete (Erva -Luísa) propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, digestivo, antioxidante, alivia cólicas e problemas gastrointestinais.
Interações com medicamentos :
Sedativos:Pode potencializar o efeito sedativo.
Medicamentos gastrointestinais: Pode alterar o pH gástrico e interferir na eficácia de alguns medicamentos.
Macela Cabeças
Macela propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Anti-inflamatório, calmante, digestivo, ajuda a aliviar dores de estômago e cólicas.
Interações com medicamentos :
Anticoagulantes:Pode aumentar o risco de sangramento.
Medicamentos gastrointestinais: Pode potencializar ou interferir no efeito.
Malvas
Malva propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Emoliente, calmante, expetorante, ajuda em problemas respiratórios, digestivos e na inflamação das mucosas.
Interações com medicamentos :
Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose no sangue.
Medicamentos respiratórios: Pode potencializar o efeito mucolítico.
Pau d’Arco
Pau D´’arco propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Antifúngico, anti-inflamatório, antioxidante, fortalece o sistema imunológico, usado no tratamento de infeções e doenças crónicas.
Interações com medicamentos :
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
Imunossupressores:Pode reduzir a eficácia.
Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose.
Quebra-Pedra
Quebra-pedra propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Diurético, ajuda no tratamento de cálculos renais, anti-inflamatório, protetor hepático.
Interações com medicamentos:
Diuréticos: Pode aumentar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
Antihipertensivos: Pode reduzir excessivamente a pressão arterial.
Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a hipoglicemia.
Equinácea
Equinácea propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Fortalece o sistema imunitário;
Previne e trata resfriados e gripes;
Antiviral e antibacteriano;
Anti-inflamatório, útil em infecções respiratórias e problemas de pele.
Interações com medicamentos:
Imunossupressores;
Pode reduzir a eficácia de medicamentos como ciclosporina, tacrolimus e corticosteroides;
Medicamentos para alergias: Pode aumentar o risco de reações alérgicas em pessoas sensíveis;
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
Observação: Não é recomendado para uso prolongado (geralmente até 10-14 dias) ou para pessoas com doenças autoimunes.
Canela
Canela propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Antioxidante;
Anti-inflamatória e antimicrobiana;
Ajuda no controle da glicemia (reduz os níveis de açúcar no sangue);
Estimula a circulação e pode ajudar na digestão.
Interações com medicamentos:
Anticoagulantes (ex.: varfarina);
Pode aumentar o risco de sangramentos, especialmente com o uso de Cinnamomum cassia devido ao alto teor de cumarina;
Medicamentos para diabetes – pode potencializar a redução de glicemia, causando hipoglicemia;
Antibióticos e hepatotóxicos – pode sobrecarregar o fígado em doses elevadas ou prolongadas;
Observação: O consumo em quantidades moderadas é seguro; evite o uso excessivo, especialmente da canela-cássia.
Lavanda
Lavanda propriedades e efeitos adversos
Propriedades
Calmante, sedativa e relaxante;
Ajuda na ansiedade, insônia e tensão nervosa;
Antiespasmódica, útil para aliviar dores musculares e cólicas;
Antisséptica, pode ser usada externamente para pequenas feridas e irritações na pele.
Interações com medicamentos:
Sedativos (ex.: benzodiazepinas, barbitúricos);
Pode intensificar o efeito sedativo, causando sonolência excessiva;
Antidepressivos:Pode potencializar o efeito calmante, o que pode levar à sonolência;
Anticonvulsivantes: Pode interferir na eficácia ou intensificar os efeitos de medicamentos para convulsões;
Observação: Geralmente segura quando consumida em doses moderadas. Evitar o uso excessivo em crianças pequenas e mulheres grávidas sem orientação.
Carqueja
Carqueja propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Digestiva;
Hepatoprotetora (auxilia na proteção e desintoxicação do fígado);
Diurética (ajuda na eliminação de líquidos e no funcionamento renal).
Anti-inflamatória e antioxidante;
Ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue e é utilizada tradicionalmente no controle da diabetes.
Interações com medicamentos:
A Carqueja potencia o efeito do lítio (usado em medicamentos que controlam a depressão);
Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a redução da glicose, causando hipoglicemia;
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento devido às suas propriedades circulatórias;
Anti-hipertensivos: Pode intensificar o efeito, levando à hipotensão.
Louro
Louro propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Digestiva (ajuda em casos de má digestão e gases);
Antisséptica;
Antimicrobiana;
Anti-inflamatória, útil para aliviar dores articulares;
Calmante, podendo ajudar em situações de ansiedade leve.
Interações com medicamentos
Sedativos;
Pode aumentar a sonolência quando combinado com medicamentos como benzodiazepinas;
Anticoagulantes: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
Antidiabéticos: Pode reduzir a glicose no sangue, exigindo monitorização para evitar hipoglicemia.
Ashwagandha
Ashwagandha propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Adaptogénica, ajuda o corpo a lidar com o estresse.
Reduz a ansiedade e melhora a qualidade do sono.
Aumenta a energia, reduzindo o cansaço.
Anti-inflamatória, útil para dores musculares e articulares.
Interações com Medicamentos:
Sedativos: Pode intensificar os efeitos de medicamentos para ansiedade e insónia.
Imunossupressores: Pode interferir, já que estimula o sistema imunológico.
Medicamentos para a tiroide: Pode potencializar o efeito de medicamentos para hipotireoidismo, causando hiperatividade da tiroide.
Observação: Deve ser evitada por grávidas ou lactantes sem orientação médica.
Cogumelo juba-de-leão (Lion’s Mane)
Cogumelo juba-de-leão (Lion´s Mane) propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Neuroprotetora (ajuda a melhorar a memória e a cognição).
Estimula a produção de fator de crescimento nervoso (NGF), auxiliando na regeneração neuronal.
Anti-inflamatória e antioxidante.
Melhora a saúde gastrointestinal.
Interações com Medicamentos:
Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos devido à estimulação da regeneração nervosa.
Medicamentos imunossupressores: Pode interferir devido ao efeito estimulante no sistema imunológico.
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
Observação: Geralmente bem tolerado, mas deve ser consumido com precaução em pessoas com condições autoimunes.
Matcha (chá)
Nome Científico:Camellia sinensis (derivado das folhas do chá verde, moídas em pó)
Propriedades:
Rico em antioxidantes (catequinas) que combatem o envelhecimento celular.
Aumenta a energia e a concentração devido ao teor de cafeína e L-teanina.
Auxilia no metabolismo e pode ajudar na perda de peso.
Melhora a função cerebral e é anti-inflamatório.
Interações com Medicamentos:
Estimulantes (ex.: anfetaminas): Pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Anticoagulantes: O teor de vitamina K pode reduzir a eficácia de medicamentos como a varfarina.
Antidepressivos: Pode interagir com medicamentos que atuam no sistema nervoso central.
Observação: Evitar o consumo em excesso para prevenir insónia, palpitações ou irritabilidade.
Chá Imperial
Propriedades: Pode variar dependendo da composição, mas geralmente inclui uma mistura de ervas como chá verde, ginseng, jasmim, etc., focando em benefícios como antioxidantes, melhora da energia e da função cerebral.
Interações: Depende dos ingredientes específicos. Pode ter interações semelhantes às do chá verde (cafeína, anticoagulantes) e ginseng (anticoagulantes, estimulantes).
Essas infusões, especialmente as mais potentes como o sene e o barbas de milho, devem ser usadas com cautela, especialmente em combinação com medicamentos. Consultar um profissional de saúde antes de incluí-las na rotina é sempre recomendável para evitar interações adversas.
Tisanas – combinações terapêuticas
Aqui estão algumas sugestões de combinações de tisanas específicas para diferentes finalidades. Cada uma delas é composta por ingredientes que trabalham em sinergia para promover os efeitos desejados:
Relaxamento e Insónia 🌙
Ingredientes:
Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
Erva-cidreira (Melissa officinalis)
Flor de laranjeira (Citrus aurantium)
Lavanda (Lavandula angustifolia) (opcional, para aroma e efeito relaxante)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 250 ml de água quente por 5-7 minutos. Beba antes de dormir.
Digestão e alívio de Cólicas 🍵
Ingredientes:
Hortelã-pimenta (Mentha piperita)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Gengibre (Zingiber officinale)
Limonete (Aloysia citrodora)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada ingrediente em 300 ml de água quente. Deixe em infusão por 5-8 minutos. Pode tomar após as refeições.
Imunidade melhorada 💪
Ingredientes:
Pau d’arco (Tabebuia impetiginosa)
Gengibre (Zingiber officinale)
Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
Canela em pau (Cinnamomum verum)
Modo de preparação: Faça uma decocção: ferva 1 colher de chá de pau d’arco e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione gengibre e hibisco e deixe em infusão por 5 minutos. Coe e beba quente.
Desintoxicação e retenção de líquidos 💧
Ingredientes:
Cavalinha (Equisetum arvense)
Barbas de milho (Zea mays)
Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
Pés de cereja (Prunus avium)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada ingrediente em 500 ml de água quente por 8-10 minutos. Beba ao longo do dia.
Stresse e ansiedade 🌼
Ingredientes:
Flor de tília (Tilia cordata)
Jasmim (Jasminum officinale)
Camomila (Matricaria chamomilla)
Limonete (Aloysia citrodora)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Adoce com mel, se desejar.
Problemas renais e cálculos (Pedras nos Rins) 💎
Ingredientes:
Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)
Cavalinha (Equisetum arvense)
Barbas de milho (Zea mays)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente por 8 minutos. Tome 2-3 vezes ao dia, conforme orientação médica.
Resfriados e tosse 🤧
Ingredientes:
Gengibre (Zingiber officinale)
Malvas (Malva sylvestris)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Canela em pau (Cinnamomum verum)
Modo de preparação: Ferva gengibre e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione malvas e erva-doce, e deixe em infusão por 5 minutos. Beba quente.
Regular o intestino (obstipação) 🌱
Ingredientes:
Sene (Cassia angustifolia) (usar com moderação)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Hortelã (Mentha spicata)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Tome ocasionalmente, pois o uso contínuo do sene pode causar dependência.
Concluindo
Estas combinações de plantas em chá, infusão ou tisana, devem ser ajustadas ao teu gosto e necessidades terapêuticas, sendo sempre recomendável consultar o médico ou farmacêutico antes de usar ervas para qualquer condição de saúde que te afete, especialmente se está grávida, se tem diagnósticos de doenças graves, se toma algum medicamento importante e/ou é um polimedicado ou seja se toma 4 ou mais medicamentos, para que se analise possíveis interações com as plantas, que tanto podem aumentar como diminuir o efeito terapêutico desses medicamentos.
O óxido nítrico com a formula química NO, é uma molécula sinalizadora crucial no organismo, desempenhando papéis importantes na vasodilatação, comunicação neuronal, defesa imunológica e metabolismo mitocondrial. A produção de NO é regulada por vários fatores, incluindo a microbiota intestinal, a alimentação, o consumo de açúcar e práticas como a meditação e o canto de mantras. Entender como essas variáveis influenciam a produção de NO pode ser fundamental para otimizar a saúde cardiovascular e cerebral. Este artigo explora a inter-relação entre o NO e esses fatores, destacando como adotar práticas alimentares e comportamentais saudáveis pode contribuir para o bem-estar geral.
Desinfetar e lavar os dentes em excesso é perigoso!
Sabia que quem faz ativamente a desinfeção da boca, com colutórios e múltiplas lavagens de dentes diárias, tem um risco muito aumentado de hipertensão e diversas doenças crónicas como diabetes e Alzheimer? Todos queremos ter dentes bonitos e boca saudável mas a lavagem e desinfeção excessiva só aumenta a probabilidade de termos problemas de sangramento das gengivas e doenças crónicas, pois destrói a nossa microbiota oral (bactérias boas) o que significa não conseguirmos produzir óxido nítrico na boca, além de ficar mais permeável à entrada de bactérias e vírus na corrente sanguínea, por causa das zonas de sangramento expostas.
Esta produção de NO na boca é muito importante durante o envelhecimento mas também nos casos de sedentarismo onde outras vias de produção de NO estão comprometidas.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
O que é o Óxido Nítrico (NO)?
O óxido nítrico é uma molécula produzida endogenamente no corpo, principalmente pela ação das enzimas óxido nítrico sintase (NOS), que convertem a L-arginina em NO. O NO é vital para a vasodilatação, um processo que permite o aumento do fluxo sanguíneo, e para a regulação da pressão arterial. Além disso, o NO também exerce efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, sendo importante na defesa contra patógenos e na comunicação entre as células nervosas. O NO é, portanto, uma molécula sinalizadora essencial que impacta diretamente a saúde vascular, cerebral e imunológica.
Em 2007, o Dr. Bryan e a sua equipa demonstraram que o óxido nítrico atua como uma hormona endócrina, com efeitos sistémicos além das células onde é produzido. Após sua produção, o NO é rapidamente convertido em nitrito e S-nitrosoglutationa, moléculas mais estáveis que prolongam a sua ação no organismo .
O endotélio, camada interna dos vasos sanguíneos, é uma fonte principal de NO, funcionando como uma glândula endócrina que regula o fluxo sanguíneo para diversos órgãos. A deficiência de NO está associada a doenças crónicas como hipertensão, Alzheimer, disfunção erétil e doenças cardiovasculares.
A) Vaso sanguíneo sem produção de NO
B) Vaso sanguíneo mais dilatado com produção de NO
Locais de produção de NO no corpo humano (ordem decrescente de importância fisiológica e volume)
A produção endotelial representa a maior fonte fisiológica de NO, responsável pela manutenção do tónus vascular e perfusão tecidular.
A produção via iNOS nos macrófagos ocorre em situações inflamatórias e infecciosas, sendo muito elevada mas transitória e localizada.
A conversão via microbiota oral e intestinal é crucial quando a via enzimática está comprometida (ex. envelhecimento, sedentarismo).
A prática de exercício físico aumenta eNOS e nNOS no músculo esquelético e promove uma maior biodisponibilidade de NO.
Como aumentar ou proteger a produção de óxido nítrico
A produção de óxido nítrico pode ser estimulada ou simplesmente protegida de forma a manter a sua atividade normal. De seguida descrevo de forma resumida e simples, o conhecimento científico mais relevante para proteger o nosso organismo no que concerne à produção de óxido nítrico, complementando algumas dicas já acima referidas.
Microbiota intestinal: Um aliado na produção de NO
A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na conversão de nitratos e nitritos presentes na dieta em óxido nítrico. Microorganismos específicos, tanto na boca quanto no intestino, ajudam a transformar os nitratos, provenientes de alimentos como beterraba e folhas verdes, em nitrito, que pode ser convertido em NO pelo organismo. Estudos indicam que uma microbiota balanceada favorece a produção de NO e a regulação da pressão arterial, além de melhorar a resistência à insulina.
Certos alimentos ricos em nitratos, como vegetais de folhas verdes, beterraba e rúcula, são eficazes na promoção da produção de NO. Além disso, alimentos ricos em L-arginina, como nozes, sementes e leguminosas, também aumentam a disponibilidade dessa molécula no organismo. O consumo de alimentos ricos em antioxidantes, como frutas vermelhas e cítricas, também ajuda a proteger o NO da degradação, maximizando seus efeitos benéficos na circulação e saúde cardiovascular.
O consumo excessivo de açúcar pode prejudicar a produção de óxido nítrico. Níveis elevados de glicose no sangue reduzem a biodisponibilidade de NO, o que compromete a função endotelial e pode resultar em problemas vasculares. Além disso, o consumo excessivo de açúcar promove o estresse oxidativo, o que contribui para a degradação do NO e acelera o processo de envelhecimento dos vasos sanguíneos.
Práticas de respiração profunda e a entoação de sons têm mostrado influenciar positivamente a produção de óxido nítrico. A respiração nasal, por exemplo, promove a liberação de NO nos seios nasais. Além disso, a prática de técnicas respiratórias como o pranayama tem sido associada ao aumento da produção de NO, que pode ter efeitos benéficos na redução da pressão arterial e no aumento do bem-estar geral.
Além de uma alimentação saudável e práticas respiratórias, outros hábitos também desempenham um papel fundamental na produção de óxido nítrico. Exercícios físicos regulares estimulam a enzima endothelial nitric oxide synthase (eNOS), aumentando a produção de NO. Além disso, dormir bem, reduzir o estresse e evitar o uso excessivo de antibióticos ajudam a manter os níveis de NO e a saúde geral.
Limitações e Controvérsias na Ciência do Óxido Nítrico
Embora os benefícios do óxido nítrico (NO) sejam bem documentados, existem limitações importantes no estado atual da investigação:
Conversão de nitratos na microbiota varia entre indivíduos: A eficiência na conversão de nitrato → nitrito → NO depende da composição da microbiota oral e intestinal, que varia significativamente entre indivíduos (Kapil et al., 2013). Intervenções dietéticas nem sempre produzem efeitos consistentes.
Falta de estudos de longa duração: Muitos estudos que mostram benefícios de alimentos ricos em nitratos ou respiração consciente são de curto prazo ou com amostras pequenas. Faltam ensaios clínicos randomizados de longo prazo.
Práticas como mantra e respiração ainda carecem de mecanismos robustamente descritos: Embora haja evidências iniciais de aumento da produção de NO com práticas como bhramari pranayama ou entoação de “Om”, os estudos disponíveis são limitados e em sua maioria realizados com metodologias heterogêneas (Telles et al., 2010).
Uso de suplementos de NO: A suplementação com L-arginina ou nitratos ainda é controversa em algumas populações (ex.: cardíacos), pois há riscos associados a interações com medicamentos e efeitos adversos.
A produção de óxido nítrico é um exemplo de como pequenos hábitos podem gerar grandes benefícios. Uma dieta rica em vegetais com nitrato, a manutenção de uma microbiota saudável, a prática de exercícios físicos regulares e de técnicas respiratórias profundas podem, em conjunto, aumentar os níveis de NO de forma natural. Embora práticas como a entoação de mantras e o uso de suplementos de nitrato ainda necessitem de mais evidência robusta, os dados atuais são promissores. Adotar uma abordagem integrada e baseada em evidências permite cuidar do sistema cardiovascular e do bem-estar geral de maneira acessível e sustentável.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Óxido nítrico vs óxido nitroso
Vamos à explicação clara e científica da diferença entre óxido nítrico (NO) e óxido nitroso (N₂O) — dois compostos frequentemente confundidos, mas com estruturas, funções e aplicações muito distintas.
Tratamento de hipertensão pulmonar, disfunção erétil (via L-arginina ou nitratos)
Anestesia leve, sedação em odontologia e partos
Administração
Gás inalado controlado em UCI; ou indiretamente por via oral através de nitratos
Gás inalado com máscara (mistura com oxigénio)
Riscos
Em excesso, pode gerar radicais livres (peroxinitrito)
Pode causar euforia, tontura, défice de B12 crónico
🌍 Outras Aplicações
Contexto
Óxido Nítrico (NO)
Óxido Nitroso (N₂O)
Ambiente
Pode contribuir para poluição do ar em emissões industriais
Potente gás de efeito estufa (~300x mais que CO₂)
Indústria
Subproduto em fábricas químicas
Usado como propulsor em aerossóis e naves espaciais
Recreativo
—
Sim, inalado como “gás hilariante” com riscos sérios
🧬 Conclusão Rápida
Óxido Nítrico (NO)
Óxido Nitroso (N₂O)
Natural no corpo?
✅ Sim
❌ Não
Usado em medicina?
✅ Sim
✅ Sim
Produzido por células humanas?
✅ Sim
❌ Não
Função principal
Comunicação celular e vasodilatação
Anestesia e sedação
Risco ambiental
Médio (reações com outros poluentes)
Elevado (potente gás de estufa)
Informação científica adicional
O óxido nítrico (NO) é uma molécula sinalizadora essencial para a saúde humana, desempenhando papéis cruciais na regulação da pressão arterial, função imunológica e desempenho cognitivo. Este artigo baseia-se e cita o trabalho do Dr. Nathan S. Bryan, bioquímico e fisiologista molecular, sendo uma autoridade reconhecida internacionalmente na investigação do óxido nítrico, com mais de duas décadas de contribuições científicas significativas na área.
O óxido nítrico é produzido naturalmente no organismo através de duas vias principais:
Via enzimática: Envolve a conversão de L-arginina em NO pela ação da enzima óxido nítrico sintase (eNOS).
Via dietética: Depende da ingestão de nitratos e nitritos presentes em vegetais de folhas verdes e beterraba, que são convertidos em NO com a ajuda de bactérias redutoras de nitrato na cavidade oral e ácido gástrico adequado.
A produção eficiente de NO é vital para a vasodilatação, regulação da pressão arterial, função imunológica e neurotransmissão.
Estratégias para restaurar os níveis de óxido nítrico
Com o envelhecimento, a produção de NO diminui, contribuindo para o declínio funcional. O Dr. Bryan desenvolveu abordagens para restaurar os níveis de NO, incluindo:
Pastilhas sublinguais: Formuladas para liberar NO diretamente na cavidade oral, aproveitando a via dietética de produção.
Soro ativador de NO para a pele: Projetado para combater os sinais de envelhecimento cutâneo, melhorando a circulação e a regeneração celular .N1O1 Nitric Oxide – Boost Your Health
Essas intervenções visam restaurar a produção de NO de forma segura e eficaz, promovendo benefícios sistêmicos.
Implicações clínicas e terapêuticas
A restauração dos níveis de óxido nítrico tem implicações terapêuticas significativas:
Saúde cardiovascular: Melhora da função endotelial e regulação da pressão arterial.
Função cognitiva: Potencial redução do risco de doenças neurodegenerativas.
Desempenho sexual: Melhoria da função erétil e saúde sexual geral.
Regeneração celular: Promoção da cicatrização e saúde da pele.
Óxido nítrico a hormona mestre
A maioria das pessoas conhece a importância das hormonas. Na verdade, existe uma enorme indústria de clínicas de reposição hormonal em todo o mundo. Toda a gente sabe que quanto mais velhos ficamos, menos o nosso corpo produz hormonas naturais, incluindo testosterona nos homens e estrogénio nas mulheres. O período em que o organismo deixa de produzir estas hormonas é chamado de andropausa nos homens e menopausa nas mulheres.
A reposição hormonal traz benefícios incríveis para a saúde quando feita corretamente. Há muitas outras hormonas importantes que também devemos considerar, como a hormona tiroideia, o cortisol e muitas outras.
A maioria das pessoas não pensa no óxido nítrico como uma hormona, mas em 2007, o laboratório do Dr. Nathan Bryan foi o primeiro a demonstrar que o óxido nítrico agia como uma hormona.
As hormonas são substâncias químicas que atuam como moléculas mensageiras no organismo. Depois de serem produzidos numa parte do corpo, viajam para outras partes do corpo para afetar atividades específicas. Antes desse estudo em 2007, acreditava-se que o óxido nítrico só poderia atuar na célula em que era produzido (autócrina) ou numa célula vizinha (parácrina).
Glutationa e metabolitos mais estáveis
Os estudos mostraram que o óxido nítrico produzido num único órgão ou compartimento tinha efeitos sistémicos que podiam sinalizar e proteger todos os outros órgãos. Isto foi uma viragem de jogo na bioquímica e fisiologia do óxido nítrico. Mas a questão era como é que isso poderia ser feito, uma vez que o óxido nítrico, uma vez produzido, desaparece em menos de um segundo.
A resposta está nos metabolitos mais estáveis que forma quando produzidos no organismo. O óxido nítrico é convertido em nitrito e também se liga à glutationa uma vez produzida para formar uma molécula chamada S-nitrosoglutationa. Estas duas moléculas prolongam a semi-vida biológica do óxido nítrico de 1 milissegundo para dezenas de minutos e horas. Isto permite que o óxido nítrico afete muitos outros órgãos sistemicamente e atue como uma hormona.
Endotélio, o nosso maior órgão e glândula endócrina
A célula mais interna dos nossos vasos sanguíneos chama-se endotélio. O endotélio é o nosso maior órgão e o principal local de produção de óxido nítrico, o que o torna também uma glândula endócrina que segrega gás NO mediante estimulação.
Cada órgão do corpo é controlado pelo seu próprio suprimento sanguíneo. O fornecimento de sangue a cada órgão é regulado pela função das suas próprias células endoteliais e pela sua capacidade de produzir óxido nítrico.
Sabemos há séculos que toda a doença crónica grave se caracteriza pela diminuição do aporte sanguíneo e pela redução da circulação nesse órgão. Vemos isso na doença de Alzheimer, doenças cardíacas, doenças renais, doenças pulmonares, doenças gastrointestinais e outras. Sem circulação suficiente, o oxigénio e os nutrientes não conseguem chegar a estes órgãos e estes começam a falhar. Há um aumento da inflamação, do stress oxidativo e da disfunção imunológica que resultam da diminuição do fluxo sanguíneo e da produção de óxido nítrico.
Semelhante à diminuição da produção de testosterona nos testículos dos homens ou à diminuição da produção de estrogénio nos ovários das mulheres, se houver uma diminuição da produção de óxido nítrico no endotélio, teremos sintomas e o aparecimento de muitas doenças.
Da mesma forma, se repormos as hormonas em falta e restaurarmos a produção normal do organismo, podemos reverter muitos sintomas e realmente travar a progressão da doença.
Precisamos de repor e restaurar a produção de óxido nítrico para combater os efeitos do envelhecimento e das doenças relacionadas com a idade. A questão é: como fazê-lo de forma segura e eficaz?
Fornecer óxido nítrico ao corpo
Com base num estudo de 2007 publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, provou-se que tudo o que tínhamos de fazer era gerar óxido nítrico num único compartimento biológico e, em seguida, os efeitos hormonais entrariam em vigor. Não precisamos de aplicar injeções de testosterona nos testículos para que funcione. Podemos aplicá-lo no músculo e depois fará o seu trabalho.
Da mesma forma, não precisamos de produzir óxido nítrico apenas no endotélio, podemos produzi-lo em qualquer parte do corpo e terá os seus efeitos. Foi por isso que foi escolhida a boca ou cavidade oral como compartimento para gerar gás óxido nítrico.
O Dr. Nathan Bryan foi o primeiro a produzir uma forma sólida de dose de gás óxido nítrico. A base é que uma pastilha de desintegração oral se dissolveria lentamente na boca e, à medida que se dissolve, os ingredientes ativos se juntariam para produzir gás de óxido nítrico. Quando o fazemos, o óxido nítrico e as moléculas de sinalização produzidas a partir do gás NO tornam-se sistémicas e o óxido nítrico desempenha a sua função hormonal.
Os benefícios para a saúde são mensuráveis e profundos
Temos uma melhor circulação, um melhor fornecimento de oxigénio, uma melhor função das células estaminais, uma redução da inflamação, uma redução do stress oxidativo e uma melhor função imunitária. Basicamente, reverte todas as causas e consequências conhecidas de todas as principais doenças crónicas.
Como repomos a hormona óxido nítrico?
Existem centenas de produtos denominados óxido nítrico no mercado. Quase todos eles não oferecem qualquer benefício terapêutico. O Dr. Nathan Bryan sublinha que só a sua formulação única de pastilhas oro dispersíveis pode produzir uma dose eficaz de óxido nítrico capaz de efeitos terapêuticos anti-inflamatórios e cardioprotetores.
Apesar desta componente “comercial” que sempre me obriga a tentar descartar o interesse monetário das empresas interessadas, parece-me, até prova em contrário, que o Dr. Nathan Bryan apresenta uma longa história de conhecimento comprovada em estudos científicos credíveis que foram publicados em jornais e revistas científicas de referência e descritos no final deste artigo.
O Dr. Bryan fundou empresas como a Bryan Therapeutics Inc., focadas no desenvolvimento de terapias baseadas em NO para diversas condições clínicas.
Conclusão
O óxido nítrico é fundamental para a manutenção da saúde e prevenção de doenças crônicas. As pesquisas do Dr. Nathan S. Bryan destacam a importância de estratégias para restaurar os níveis de NO, oferecendo abordagens inovadoras para o envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida.
Piscina e doenças toda a verdade sobre as diversas doenças que pode apanhar na água da piscina! Um dia na piscina a descontrair, nadar e relaxar pode ser magnífico! No entanto se a água das piscinas não estiver bem tratada o dia pode acabar em pesadelo com a “hospedagem” no nosso organismo de vírus, bactérias e parasitas que provocam doenças que podem ser muito perigosas!
A água da piscina é geralmente uma água artificial no sentido em que raramente é usada água captada directamente do mar ou de um rio com água de alta qualidade não poluida. Sendo assim tem de ser cuidadosamente tratada para eliminar inumeros microorganismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas patogénicos que estão sempre á espreita de uma oportunidade de se instalarem num hospedeiro humano e conseguirem reproduzir-se mais depressa!
Além disso os tratamentos quimicos aplicados á água da piscina também têm os seus efeitos adversos no organismo humano. Assim descrevo de seguida algumas doenças que, se não tiver cuidado, pode apanhar na sua visita á piscina.
Otite externa
Também designada otite de surfista ou de mergulhador. É provocada habitualmente pela entrada de água no ouvido, associada a um quadro clínico de otalgia (dor de ouvido). Ocorre frequentemente após entrada de água no ouvido ou em situações de infeção e eczema do canal auditivo externo. Trata-se de uma inflamação da orelha externa e do canal auditivo.
Os vírus e as bactérias que provocam diarreia são a principal fonte de contágio nas piscinas. De acordo com o CDC, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, quem estiver ou tenha estado com diarreia nas últimas duas semanas corre o risco de contaminar a água da piscina com germes e transmitir o problema a outras pessoas. Os germes que causam diarreia conseguem sobreviver vários dias antes de serem eliminados pelo cloro. Para ficar doente basta engolir uma pequena quantidade da água infectada das piscinas.
Giardíase
A giardíase é uma infeção intestinal causada por um parasita microscópico. Pode provocar sintomas como cólicas abdominais, flatulência, náuseas e episódios de diarreia. A infeção pode ser causada por parasitas encontrados em riachos, lagos, piscinas ou zonas aquáticas de recreação. A maneira mais comum de se infetar com giardíase é engolir água contaminada, por exemplo da piscina.
Animais e crianças que usam fraldas e pessoas com diarreia podem acidentalmente contaminar piscinas e spas. É mais frequente em crianças e em doentes com infeção por VIH/SIDA, fibrose quística e outras formas de imunodeficiência pois têm um sistema imunitário mais frágil. Num trabalho realizado na região Norte de Portugal, em crianças com idades entre um e cinco anos, foi detetada uma taxa de infeção de 3,4% por Giardia lamblia.
Criptosporidíase é uma doença causada pelos parasitas unicelulares coccidios Cryptosporidium parvum e C.hominis. Estes podem ser ingeridos juntamente com comida ou água contaminada. Infetam o intestino, onde se reproduzem. Em pessoas imunosuprimidas causam gastroenterite, diarreia, dor abdominal e náuseas. Uma pessoa com diarreia e com este tipo de bactéria pode facilmente contaminar a água.
Legionella
Na legionella segundo explica o médico e patologista clínico Germano de Sousa, a infeção pela bactéria legionella pneumophila pode causar a febre de Pontiac (manifestação ligeira da bactéria com sintomas semelhantes a uma gripe) e a Doença dos Legionários, a manifestação mais grave, que consiste num tipo de pneumonia potencialmente letal.
A legionella está geralmente presente em ecossistemas naturais de água doce e quente, como a superfície de lagos, rios, águas termais, tanques, mas também piscinas. A infeção ocorre por inalação (via respiratória) de aerossóis/gotículas contaminados pela bactéria, através dos chuveiros domésticos, torres de arrefecimento, sistemas de climatização, instalações termais, saunas e jacuzzis e que chegam aos pulmões. Não existe transmissão de pessoa para pessoa, nem pela ingestão de água contaminada.
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos lembra que os nadadores e utilizadores da piscina queixam-se recorrentemente de ardor nos olhos, irritação nasal ou dificuldades em respirar. A investigação revelou que estes sintomas surgem devido à acumulação de substâncias irritantes na água e no ar, conhecidas como cloraminas. Essa irritação é provocada pela combinação do cloro com sub-produtos. Estes subprodutos são o resultado da ligação do suor, urina e outros resíduos dos nadadores/utilizadores ao cloro.
Dermatite ou foliculite
É uma inflamação dos folículos capilares causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. A foliculite é sobretudo diagnosticada em pessoas que usam jacuzzi, sauna, piscina ou banheira de hidromassagem. Qualquer pessoa exposta a água contaminada com esta bactéria pode contrair este tipo de foliculite. Trata-se de uma inflamação da raiz dos pelos que, normalmente, pode ser tratada em casa com o uso de sabão anti-séptico ou fármacos prescritos por clínicos. Os sintomas de foliculite por Pseudomonas aeruginosa aparecem primeiro como caroços, prurido e pequenas espinhas com pus. As erupções de foliculite tipicamente surgem no tronco, axilas e partes superiores dos braços e pernas.
Piolhos
Os piolhos não são susceptíveis de serem transmitidos através da água das piscinas. Embora os níveis de cloro da piscina também não matem os piolhos, estes dificilmente conseguem sobreviver debaixo de água uma vez que não se conseguem parasitar. Porém, os piolhos podem espalhar-se em balneários. Basta partilhar toalhas, escovas de cabelo, toucas ou outros itens que tenham estado em contacto com o cabelo de uma pessoa infetada para adquirir a “praga”.
Infeções estafilocócicas
Embora não tenha havido relatos de transmissão deste tipo de bactéria através de águas de recreio, há um risco potencial de propagação das doenças causadas pela bactéria staphylococcus aureus em instalações de recreio através do contacto com a infeção de pessoa para pessoa ou através de objetos e superfícies contaminadas.
Trata-se de uma bactéria que vive muitas vezes no nariz ou na pele de pessoas saudáveis. Pode provocar doenças, que vão desde uma simples infeção (espinhas, furúnculos e celulites) até infecões graves (pneumonia, meningite, endocardite, síndrome do choque tóxico, septicemia e outras), dependendo do sistema imunitário e do historial clínico de cada pessoa.
Os sintomas mais comuns deste tipo de infeções são náuseas e vómitos, por vezes acompanhados por diarreia e dores abdominais. A melhor forma de as evitar é não frequentar águas de recreio se tiver infeções cutâneas ou irritações da pele, manter todas as superfícies tocadas ou manipuladas com frequência limpas e não partilhar objetos pessoais como lâminas ou escovas.
Teníase
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alerta para vários cuidados a ter de forma a evitar este tipo de doença, embora admita que dificilmente a teníase se propague através da água das piscinas. Esta infeção ocorre quando uma pessoa engole ovos de ténia presentes em superfícies ou dedos contaminados. Esta instituição lembra que os fatos de banho devem ser lavados e secos a cada utilização. Por outro lado, todas as pessoas devem lavar as mãos antes e depois de usar a casa da banho.
Molusco contagioso vírus ou Molluscum contagiosum virus
O vírus Molusco contagioso ou Molluscum contagiosum é uma doença dermatológica causada pelo Molluscum contagiosum. Caracteriza-se por bolhas rosadas ou brancas pela pele em qualquer parte do corpo e podem dar comichão. É mais comum em crianças dos 0 aos 12 anos de idade e transmitido por contato físico. Desaparecem sozinhas em 6 a 12 meses, mas podem deixar cicatrizes.
Como se transmite?
O vírus é transmitido por contato físico ou por tecidos, por exemplo tocando a mão de alguém que coçou uma bolha causada por molusco contagioso ou compartilhando toalhas. Pode ser transmitido através de contato sexual. É mais comum em locais húmidos e com muita gente a viver na mesma casa que partilham as mesmas toalhas e roupas, uma vez que essas condições são favoráveis para a transmissão do vírus. É mais comum em crianças e imunodeprimidos.
Parâmetros microbiológicos de avaliação obrigatória
Os parâmetros microbiológicos avaliados são no caso das piscinas de utilização colectiva os referenciados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, IP (INSA), e por outros documentos oficiais. Para o caso das piscinas de empreendimentos turísticos e de hidroterapia e com fins terapêuticos, são os indicados no Decreto-Regulamentar n.º 5/97, de 31 de Março:
Germes totais 37ºC (às 48 horas para piscinas de utilização colectiva, e às 24 horas para piscinas de empreendimentos turísticos, de hidroterapia e com fins terapêuticos)
Coliformes totais
Escherichia coli
Enterococos fecais
Estafilococos produtores de coagulase
Total de Estafilococos
Pseudomonas aeruginosa
Legionella (desejável nos jacúzis)
Parâmetros físico-químicos mínimos para avaliação
Os parâmetros físico-químicos mínimos para avaliação, devendo a sua determinação ser feita sistematicamente no local de colheita, são os seguintes:
Temperatura
Cloro residual livre
Cloro combinado
Bromo total
pH (quando não houver possibilidade de determinação laboratorial)
A determinar em laboratório:
pH
Turvação
Condutividade
Oxidabilidade
Cloretos
Amoníaco (a pedido da Autoridade de Saúde)
Considera-se desejável, quando se justifique, proceder-se à determinação de:
Ácido isocianúrico (quando forem utilizados como desinfectantes os derivados de ácido isocianúrico)
Antes de escolher uma piscina tente informar-se sobre a qualidade da água, frequência das análises e resultados disponiveis para consulta pública. Se conhecer alguém que tenha frequentado a piscina pergunte se houve algum problema de saúde nos dias seguintes a ter estado na piscina.
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