Micose fungo na unha e unhas fracas onicomicose ou tinha das unhas toda a verdade! Quais os sintomas? Quais as causas? Qual o melhor tratamento? Os fungos nas unhas são muito frequentes, este artigo pretende ser um contributo importante para melhorar a saúde e beleza das suas unhas.
Onicomicose ou tinha das unhas é uma infeção fúngica das unhas. Embora possa afetar todas as unhas, é mais comum nas unhas dos pés. A onicomicose ocorre em cerca de 10% da população adulta. A doença afeta com maior frequência pessoas idosas e é mais comum entre homens do que entre mulheres. Os casos de onicomicose correspondem a cerca de metade dos casos de doenças das unhas.
Anatomia de uma unha
Sintomas de onicomicose
Os sintomas habituais de onicomicose são os seguintes:
Descoloração branca ou amarela da unha,
Espessamento da unha,
Separação da unha da pele.
O diagnóstico é geralmente suspeitado com base na aparência e confirmado com exames de laboratório.
As lesões da unha provocadas pela onicomicose apresentam algumas variações na sua apresentação, dependendo do tipo de fungo e de gravidade da infecção. Em geral, a micose da unha costuma apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
Unha grossa, mais espessa
Unha amarelada, sem brilho e opaca
Unha quebradiça e frágil
Separação da unha do leito ungueal
Distorções na forma da unha
Unha com coloração negra, em casos mais graves.
Causas e fatores de risco
As infecções fúngicas das unhas são geralmente causadas por um fungo que pertence a um grupo denominado dermatófitos, que também pode causar infecções nos pelos do corpo e na pele, como no caso do pé de atleta.
Outro grupo de fungos que também pode causar micoses das unhas são as leveduras. Em regra, as leveduras causam onicomicose nas mãos e os dermatófitos provocam onicomicose nas unhas dos pés. A onicomicose é uma infecção fúngica que pode afectar qualquer parte da unha, incluindo a lâmina, o leito ou a raiz da unha.
Afecta actualmente cerca de 30% da população europeia. Raramente afeta crianças, principalmente devido ao rápido crescimento da unha, que complica o desenvolvimento dos fungos.
Perigos complicações da onicomicose
Em diabéticos ou imunossuprimidos a onicomicose pode servir como porta de entrada para bactérias, favorecendo o surgimento de infecções secundárias, como erisipela ou celulite da perna que é uma infeção grave na pele.
A celulite é uma infecção bacteriana que enolve as camadas interiores da pele e afeta especificamente a derme e gordura subcutânea. A área de infecção é geralmente dolorosa. Os vasos linfáticos podem, ocasionalmente, ser envolvidos e a pessoa pode apresentar febre e sensação de cansaço. Antes de fazer um diagnóstico, infecções mais graves tais uma infecção óssea na base ou a fasciíte necrosante devem ser descartadas.
Sintomas e risco de necrose e amputação
A celulite infecciosa é caracterizada por uma mancha vermelha (eritema), com bordos mal definidos, inflamada (inchada, sensível, dolorosa e quente) e que cresce difusamente. Pode formar pus, abcessos e inflamar nódulos linfáticos. A infecção sistémica, quando as bactérias entram na corrente sanguínea, pode causar febre, mal estar, cansaço e infectar outros órgãos. Em raros casos, penetra para as fáscias e causa necrose com risco de amputação da perna!
Erisipela
Em contraste com a celulite, a erisipela é uma infecção bacteriana que envolve camadas mais superficiais da pele, e apresentam uma área de vermelhidão com bordas definidas, e mais frequentemente é associada a uma febre. é uma infecção bacteriana cutânea (tipo piodermite) causada, principalmente, por Streptococcus β-hemolíticodo grupo A. Outras causas menos frequentes são Streptococos β-hemolítico dos grupos C e G e Staphylococcus aureus.
Lesões na pele como infecção fúngica (ex: onicomicose e outras micoses), picadas de inseto, mordidas e cirurgias podem servir de porta de entrada para as bactérias.
O tratamento geralmente é feito com penicilina V, em casos severos pode-se usar penicilina G. Outras alternativas incluem doxiciclina (no caso de Staphylococcus), ceftriaxona, cefazolina ou em caso de resistências usar vancomicina. Há uma crescente resistência dos Streptococcus tipo A aos macrólidos.
Tratamento da celulite infeciosa
O tratamento geralmente é com antibióticos tomados por via oral, tais como a cefalexina, amoxicilina, ou cloxacillina.
Para aqueles que apresentam alergia grave à penicilina, eritromicina ou clindamicina podem ser usadas. Quando S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) é uma preocupação, doxiciclina ou trimetoprim/sulfametoxazol podem ser recomendados. A preocupação está relacionada com a presença de pus ou infecções anteriores por MRSA. Elevar a área infectada pode ser útil, assim como analgésicos.
Contágio e como se apanha
É uma doença bastante contagiosa, sendo frequente o contágio em locais humidos e quentes como piscinas e balneários públicos, através do uso de toalhas, alicates ou tesouras, mal lavadas ou contaminadas. Pode também ocorrer contágio em casa, pois basta um elemento da família estar contaminado, para contagiar facilmente o resto da família. Banheiras e tapetes de pés, são também locais propícios a contágios.
Não se apanha micose das unhas apenas por apertar a mão ou tocar em objetos manipulados por alguém infectado porque é necessário um contacto mais prolongado ou uma lesão já pré-existente entre a pele e a unha.
As unhas mais comumente afetadas são as dos pés, em consequência do uso de sapatos fechados, o que origina um ambiente ideal (humidade, temperatura e ausência de luz) para o desenvolvimento dos fungos.
O contacto com o fungo por si só não costuma ser suficiente para se adquirir a onicomicose. Geralmente é preciso haver pequenas lesões entre a unha e a pele para que o fungo consiga penetrar por baixo da unha e alojar-se. Também é necessário que a unha seja exposta frequentemente a ambientes húmidos para que o fungo possa multiplicar-se com mais facilidade.
A onicomicose nas unhas dos pés é muito mais comum do que nas unhas das mãos. Os pés costumam estar mais expostos a locais húmidos, não só quando se anda descalço em locais públicos, mas também por passar boa parte do dia fechado dentro de meias e calçados. Calor, falta de luz e humidade é tudo que um fungo deseja para proliferar. Além disso, os dedos dos pés estão no ponto do corpo mais distante do coração, não sendo tão bem vascularizados com os dedos da mão. Deste modo, os anticorpos e as células de defesa do organismo não chegam às unhas dos pés com tanta facilidade quanto a outros pontos do organismo.
Fatores de risco da onicomicose
A presença de alguns fatores favorece a infecção da unha por fungos. Por exemplo, pessoas com pé de atleta, que é uma infecção fúngica da pele dos dedos, têm um maior risco de contrair também infecção fúngica das unhas. Outros fatores de risco são:
Os atletas também são um grupo de risco para onicomicose. porque costumam estar com os pés frequentemente calçados e húmidos pela transpiração, além de terem uma maior incidência de traumas nas unhas devido ao impacto de suas atividades físicas.
Formas mais comuns de onicomicoses
Descrevo de seguida as formas mais comuns de onicomicose e uma imagem para apoiar a distinguir a diferença.
1. Onicomicose subungueal distal
É de longe a forma mais comum e caracteriza-se pela infecção da ponta da unha. O dedo grande do pé é geralmente o primeiro a ser afetado. A infecção começa com uma descoloração esbranquiçada, amarelada ou acastanhada numa das pontas laterais da unha, estendendo-se lentamente por toda unha, em direção à cutícula. A unha pode descolar-se e a ponta costuma partir-se e cair, expondo a pele que serve de leito para a unha.
2. onicomicose subungueal proximal
É a forma menos comum de onicomicose. È parecida com a onicomicose subungueal distal , porém, a progressão ocorre de forma oposta, iniciando-se próxima à cutícula e depois estendendo-se em direção à ponta da unha. Este tipo de micose de unha ocorre geralmente em doentes imunossuprimidos, sendo comum nos indivíduos com HIV.
3. Onicomicose superficial branca
É uma forma comum nas crianças, mas que nos adultos corresponde a apenas 10% dos casos de micose da unha. Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas sobre a superfície da unha, geralmente mais próxima da cutícula do que da ponta. Quando não tratada, as manchas tendem a espalhar-se centrifugamente por toda a unha, deixando-a quase toda branca, além de áspera e quebradiça.
Diagnóstico da onicomicose
Lesões idênticas com causas não fungicas
As lesões das unhas da onicomicose podem ser semelhantes ás lesões da unha de outras doenças, como psoríase, eczemas, traumas, líquen plano, deficiência de ferro, etc. A maioria dos estudos atesta que a onicomicose é responsável por apenas metade dos casos de lesões das unhas. Em várias situações não é possível afirmar que o paciente sofre de onicomicose apenas olhando e examinando a unha.
A imagem seguinte descreve alguns problemas das unhas (sem onicomicoses) cujas causas são diversas nomeadamente falta de hidratação, carências orgânicas, excesso de utilização de acetona, má alimentação e contato com produtos químicos.
É, por isso, importante demonstrar de forma clara a presença do fungo antes de se iniciar o tratamento antifúngico. Para tal, o médico deve fazer uma pequena raspagem da unha, colher amostras e enviar para avaliação laboratorial à procura de fungos.
Tratamento qual o melhor
A micose da unha é uma infecção difícil de tratar porque as unhas crescem lentamente e recebem pouca irrigação sanguínea. Durante muitos anos os medicamentos utilizados para o tratamento da onicomicose não eram muito eficazes e os resultados eram frequentemente decepcionantes. Porém, actualmente, os tratamentos melhoraram substancialmente, principalmente por causa da introdução de medicamentos antifúngicos orais mais eficazes.
Estudos recentes mostram que medicamentos por via oral como Terbinafina e Itraconazol, embora mais agressivos (mais efeitos secundários que os tratamentos tópicos) apresentam taxas de cura mais altas que a Griseofulvina e o Cetoconazol, que eram usadas antigamente.
Taxas de cura dos principais antifúngicos orais:
Terbinafina 250 mg (73 a 79%).
Itraconazol 100 mg (56 a 70%).
Griseofulvina (54 a 66%).
Fluconazol (43 a 52%).
O tratamento com Terbinafina com comprimidos por via oral deve ser feito durante 6 semanas para onicomicose das mãos ou 12 semanas para onicomicose dos pés.
O tratamento tópico da micose de unhas com vernizes, como o Ciclopirox, tem menor eficácia que o tratamento por via oral, mas pode ser usado como complemento da terapêutica com Terbinafina ou Itraconazol.
Uma vez curada a micose de unha, se o doente não tiver cuidado a taxa de reinfecção pode chegar a 50%. Portanto, é preciso ter cuidado com os pés para que a unhas não voltem a ficar colonizadas por fungos.
Efeitos secundários
Os tratamentos por via oral são os mais eficazes mas também os mais agressivos no que concerne a eventuais efeitos secundários, principalmente por causa da duração prolongada dos tratamentos.
Retida do folheto aprovado pelo INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de saúde) a longa lista de efeitos secundários da terbinafina que descrevo de seguida é elucidativa dos riscos associados ao tratamento, embora a maioria sejam classificados de pouco frequentes, raros ou muito raros!
Os problemas hepáticos (figado) embora raros são dos que podem causar problemas mais graves.
Efeitos secundários muito frequentes (podem afetar mais de 1 em cada 10 pessoas):
Sensação de enfartamento,
Perda de apetite,
Mal-estar de estômago (indigestão),
Náuseas, dor abdominal ligeira e diarreia,
Reações alérgicas cutâneas, tais como irritação ou urticária,
Dor nas articulações ou nos músculos.
Efeitos secundários Frequentes (podem afetar até 1 em cada 10 pessoas):
Dor de cabeça.
Efeitos secundários pouco frequentes (podem afetar até 1 em cada 100 pessoas):
Perda ou diminuição do sentido do paladar. Isto resolve-se
geralmente dentro de várias semanas depois de ter parado de tomar o medicamento.
Diminuição do consumo de alimentos, levando a uma perda de
peso significativa em casos graves muito raros.
Efeitos secundários raros (podem afetar até 1 em cada 1000 pessoas):
Dormência ou formigamento
Diminuição da sensibilidade
Tontura
Problemas de fígado.
Efeitos secundários muito raros (podem afetar até 1 em cada 10.000 pessoas):
Problemas de fígado graves,
Reações cutâneas graves (com aparecimento súbito, que
podem ser recorrentes, que se podem espalhar, que podem aparecer sob a forma de
bolhas salientes, que podem ser acompanhadas de comichão e febre),
Exacerbação da psoríase,
Redução de certos tipos de células sanguíneas (neutropenia, agranulocitose, trombocitopenia),
Perda de pelo,
Fadiga,
Reações de hipersensibilidade graves (inchaço da face, olhos e língua, dificuldade em engolir, náuseas e vómitos, fraqueza, tonturas, dificuldade em respirar) ,
Precipitação e exacerbação do lúpus eritematoso dérmico e
sistémico,
Distúrbio menstrual (hemorragia intermenstrual e um ciclo
irregular) em doentes que tomam terbinafina concomitantemente com contracetivos
orais.
Tratamento tópico com cremes e vernizes
O tratamento por via tópica não é geralmente tão eficaz como o efectuado por via oral. No entanto pode ser uma alternativa quando os efeitos secundários dos antifungicos orais não são bem tolerados pelos doentes.
Principais antifúngicos tópicos
Actualmente os principais antifúngicos tópicos usados nas onicomicoses são:
Acido acético
Ciclopirox
Amorolfina
Clotrimazol (apenas depois de removida a parte da unha doente)
Tratamento por via tópica
1ª fase – Remoção da zona infectada da unha
Remover a zona infectada da unha é a 1ª fase para o tratamento da onicomicose. Esta remoção tópica é geralmente executada limando a unha ou aplicando uma pomada de ureia. A aplicação de uma pomada de ureia a 40% amolece e prepara a unha para a remoção da zona afectada com uma espátula própria, sem causar dor.
2ª fase – aplicação de um antifúngico local
Na 2ª fase, o tratamento deve ser completado com um creme antifúngico, de forma a eliminar a infecção na sua origem. A remoção da zona infectada da unha é fundamental para uma acção eficaz do creme antifúngico.
Resumindo as fases do tratamento:
Tratamento em 2 fases que garantem a eliminação da onicomicose;
Remoção da zona infectada da unha de uma forma simples e indolor, preparando-a para a 2º fase do tratamento, que consiste na aplicação de um creme antifúngico;
Melhorias visíveis diariamente.
Prevenção da micose e fungo na unha
A onicomicose pode causar dor, embaraço e interferir com as nossas actividades diárias, reduzindo a nossa qualidade de vida.
Trata-se de uma doença contagiosa, que pode também funcionar como porta de entrada a outro tipo de infecções (ex. bacterianas). Deste modo, é importante iniciar o tratamento logo que detectado o problema, assim como adoptar medidas preventivas de forma a evitar o contágio.
Evitar o contágio do fungo na unha
Use calçado confortável sem saltos ou pontas estreitas e que deixe a pele respirar;
Use meias limpas e troque-as diariamente;
Em caso de infecção, ao vestir-se, calce primeiro as meias para evitar a propagação dos fungos a outras partes do corpo.
Lave os pés diariamente e seque com cuidado a zona entre os dedos;
Utilize chinelos nos balneários públicos;
Não partilhe toalhas ou tapetes de banho;
Corte as unhas e mantenha-as curtas.
Utilize um corta-unhas diferente para as unhas infectadas, de modo a evitar a infecção de outras unhas;
Se tiver Pé-de-Atleta, deve tratá-lo sempre, de forma a evitar que os fungos contagiem as unhas, causando a onicomicose.
Concluindo
As micoses das unhas são infecções fúngicas comuns e contagiosas que embora não sejam graves são portas de entrada para outros microorganismos patogénicos, tais como bactérias, que podem causar infecções secundárias mais severas e agravar problemas de saúde pré-existentes. Devem portanto ser tratadas de imediato porque na primeira oportunidade que o nosso sistema imunitário esteja mais debilitado podem ocorrer infecções sem causa aparente mas que podem ter ocorrido em consequência da porta aberta pela onicomicose!
Falarei também da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,queé uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
Herpes, o que é?
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), qual a diferença?
Quais as principais doenças provocadas pelos vírus da família herpes?
Herpes simples tipos 1 e 2, que partes do corpo afetam?
Qual a causa do herpes labial, oral, genital, face, ocular e cerebral?
Qual a prevalência na população?
Quais os fatores de risco que causam novas crises?
Quais os sintomas?
Quais os sintomas que antecedem e “avisam” que vai chegar nova crise de herpes?
Quais as zonas do corpo que podem ser afetadas por outros vírus da família herpes?
Como se transmite?
Onde se esconde o vírus?
Qual o período de incubação?
Em que altura da vida se contraem os mais comuns vírus da família herpes?
Qual o melhor tratamento e medicamentos usados?
Herpes labial, qual o tratamento?
Aciclovir, quais as reações adversas mais comuns?
Herpes: Será que tem cura?
Quais as lesões parecidas com herpes?
Herpes, quais as complicações possíveis?
Mononucleose ou “doença do beijo”, o que é? Quais as causas? Como proteger-se? Qual o tratamento?
Mononucleose, será que já sabe tudo?
Varicela ou catapora: O que é? Quais os sintomas? Será perigosa?
Quais as complicações da Varicela?
Varicela, se estiver grávida o que deve fazer?
Os sintomas são mais graves na criança ou no adulto?
Varicela, qual o aspeto das borbulhas?
Varicela, como impedir que a criança coce?
Quais as fases da doença?
A varicela pode provocar zona?
Varicela, qual o tratamento?
Existe vacina para a varicela?
Zona: O que é?
Zona: Quais as causas?
Qual a prevalência na população?
Quais os sintomas da zona?
Quais as complicações da zona?
A zona é contagiosa?
Zona, qual o tratamento?
Zona, existe vacina?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Herpes o que é?
O herpes é um vírus comum que pode atingir diversas partes do corpo consoante o seu subtipo. O herpes labial e o genital são infeções virais contagiosas causadas por dois dos subtipos de vírus da família do Herpes vírus humano, composta por 8 subtipos diferentes. Dois dos mais conhecidos e relevantes são os seguintes:
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
Vírus da família Herpes, principais doenças
Cada subtipo do vírus causa doenças completamente distintas umas das outras, tais como:
Herpes labial ( vírus HSV-1);
Herpes genital (vírus HSV-2);
Herpes ocular (vírus HSV-1);
Mononucleose infeciosa ou “Doença do beijo” (vírus Epstein Barr, da família do herpes);
Varicela, no Brasil chama-se catapora (Vírus varicela-zoster, da família do herpes);
Zona (vírus herpes zoster);
Meningoencefalite, pode ser muito grave (vírus HSV-1).
O Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são duas espécies da família do vírus Herpesviridae, responsáveis por infeções em humanos. Todos os vírus da família herpes produzem infeções latentes.
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HVS-2)
As principais diferenças entre HSV-1 e HSV-2 são as seguintes:
HSV-1 costuma causar o herpes labial,
HSV-2 é, em geral, responsável pelo herpes genital.
Deve dizer-se em geral porque como a prática de sexo oral é muito comum, não é raro encontrarmos lesões orais pelo HSV-2 e lesões genitais pelo HSV-1.
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes labial, boca, face, ocular e cérebro
Normalmente associado a infeções dos lábios, da boca e da face. Esse é o vírus mais comum de herpes simples e muitas pessoas têm o primeiro contacto com este vírus na infância. O HSV1 frequentemente causa feridas (lesões) nos lábios e no interior da boca, como aftas, ou infeção do olho (principalmente na conjuntiva e na córnea) e também pode levar a uma infeção no revestimento do cérebro (meningoencefalite). Pode ser transmitido por meio de contacto com a saliva infetada.
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes genital e oral
Normalmente transmitido sexualmente, o HSV-2 provoca comichão e bolhas ou mesmo úlceras e feridas genitais. Entretanto, algumas pessoas com HSV-2 não apresentam quaisquer sinais (latência). A infeção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 pode acontecer se houver contacto oral-genital. Isto é, pode-se contrair herpes genital na boca ou herpes oral na área genital.
Prevalência na população
Herpes labial e genital
Um em cada cinco adultos é portador do HSV-2 e mais da metade da população tem o HSV-1. Porém, muitos portadores não apresentam sintomas.
A infeção pelo Herpes simplex é recorrente, ela vai e volta espontaneamente. Isto ocorre porque o vírus “esconde-se” dentro das células do sistema nervoso impedindo que as defesas do organismo consigam eliminá-las completamente. Quem tem Herpes uma vez, terá herpes o resto da vida.
Fatores de risco que causam nova crise
Herpes labial e genital
De vez em quando o vírus volta a manifestar-se, normalmente em períodos de fragilidade do nosso sistema imunitário. Alguns fatores que podem induzir crises são conhecidos, a saber:
Exposição solar intensa,
Stress emocional,
Menstruação,
Traumas, etc.
A frequência das recorrências é individual.
Sintomas
Herpes labial e genital
A primeira lesão de herpes costuma ser a mais sintomática, por ainda não termos anticorpos formados. Em geral, o quadro é o seguinte:
Múltiplas vesículas (pequenas bolhas) agrupadas, com áreas de inflamação na base e ao redor;
Aftas ou úlceras geralmente na boca, nos lábios, nas gengivas ou nos genitais;
Lesões dolorosas que podem ser acompanhadas de mal estar;
Gânglios ou nódulos linfáticos aumentados no pescoço ou na virilha (geralmente somente no momento inicial da infeção)
Febre especialmente durante o primeiro episódio de infeção;
Lesões genitais ou mesmo orais podem começar com uma sensação de queimadura ou formigueiro.
Sintomas que antecipam nova crise
As recorrências costumam ser menos sintomáticas e mais curtas. Normalmente apresentam alguns sintomas que “avisam” algumas horas antes das vesículas que as lesões do herpes vão reaparecer. Alguns desses sintomas de aviso são os seguintes:
Dor,
Formigueiro ou prurido (comichão) local.
As vesículas podem romper-se, formando pequenas ulcerações que lembram aftas.
Partes do corpo que podem ser afetadas
O HSV-1 e o HSV-2 têm mais afinidade pela mucosa oral e genital, respetivamente. Porém, podem causar infeções em outras partes do corpo, por exemplo:
Estas infeções mais graves costumam ocorrer em doente com imunossupressão como na SIDA (AIDS) e nos transplantados. Uma outra complicação das infeções pelo Herpes vírus é a paralisia facial, chamada de paralisia de Bell.
Transmissão e contágio
A transmissão do herpes ocorre por contacto íntimo com a área infetada. O Herpes vírus é muito contagioso; o período de maior risco de transmissão é durante as crises e nos 2 dias que a antecedem, podendo também ocorrer mesmo quando não há lesões aparentes. Alguns pacientes secretam o vírus mesmo fora das crises, podendo transmiti-lo a qualquer momento, principalmente no HSV-2.
Onde se esconde o vírus?
O herpes vírus sobrevive poucas horas fora de um organismo vivo. Por isso é encontrado principalmente nas seguintes localizações:
Lesões herpéticas,
Saliva,
Sêmen,
Secreções vaginais,
Objetos, como copos e talheres mas é menos comum, uma vez que o vírus com dificuldade fora dos organismos vivos.
Período de incubação
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de 4 dias, em média.
Em que altura da vida se contrai?
O Herpes simples genital é uma DST (doença sexualmente transmissível). Durante a fase ativa deve-se evitar atividade sexual, pois mesmo com o uso de preservativo há risco de contaminação.
O herpes labial (HSV-1) é normalmente adquirido durante a infância,
O herpes genital (HSV-2) é normalmente contraído na vida adulta.
Tratamento
Alguns casos de herpes são leves e não precisam de tratamento a não ser tratamentos tópicos. Mas pessoas que têm surtos graves ou prolongados (principalmente se for o primeiro episódio de infeção), que têm problemas no sistema imunológico ou aquelas que têm recorrência frequente talvez necessitem usar medicamentos antivirais em comprimidos.
Doentes com recorrências graves ou frequentes de herpes oral ou genital podem optar por continuar com os medicamentos antivirais, em comprimidos, para reduzir a frequência e a gravidade dessas recorrências.
Medicamentos
As lesões locais ligeiras não complicadas de herpes labial podem ser tratadas apenas com cremes de aplicação local. As lesões mais graves, extensas, com maior número de lesões, recorrentes ou em doentes imunodeprimidos devem ser tratadas com dosagens mais elevadas de antivirais, tomados por via oral, em comprimidos. Os medicamentos mais usados para o tratamento de herpes simplex, são:
Aciclovir 200 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®), 5xdia, durante 5 dias;
Aciclovir 800 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®)
Aciclovir creme (Zovirax®) 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Aciclovir+Hidrocortisona creme (ZoviDuo®), 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Fanciclovir 125 mg (®)
Fanciclovir 500 mg (Penvir®)
O aciclovir com hidrocortisona (Zoviduo®) é normalmente utilizado no herpes labial nas crises com comichão.
O tratamento com antivirais, como o aciclovir, serve para reduzir o tempo de doença. Quanto mais precocemente forem iniciados, melhor a resposta. No herpes labial pode-se usar pomadas e no genital comprimidos.
Herpes labial, qual o tratamento?
O tratamento do herpes labial depende da gravidade das lesões e frequência das crises. Assim se forem crises pontuais com lesões pouco extensas basta a aplicação local de um creme com aciclovir, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Se lesões foram mais extensas, em maior número ou acontecerem com frequência o seu médico pode optar por uma tratamento mais agressivo, por via oral, com aciclovir 200mg, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Um dos aspetos mais importantes para diminuir a gravidade e extensão das crises é reconhecer ao longo do tempo os sintomas que antecedem o aparecimento das lesões tais como comichão e dor local. Assim que forme sentidos deve de imediato começar a aplicar localmente um creme com aciclovir. Este procedimento é o mais relevante para diminuir a gravidade e duração de uma crise de herpes labial.
Os pensos para o herpes labial são eficazes?
Os pensos disponíveis para o herpes labial não têm atividade antiviral como o aciclovir. Eles são no entanto úteis para cicatrizar mais rapidamente as feridas causadas pelas “borbulhas” do herpes, depois destas rebentarem. O tratamento ideal do herpes labial simples (não complicado) seria:
Aplicar um creme antiviral logo que existissem sintomas que antecedem o aparecimento de uma crise;
Continuar a aplicação do creme com aciclovir, 5xdia, durante 5 dias;
Quando as “borbulhas” rebentarem colocar os pensos sobre as feridas 3xdia, sem nunca deixar de aplicar o creme;
Os pensos não devem ser colocados ao mesmo tempo que o creme porque a aderência à ferida fica muito diminuída ou seja após a aplicação do creme aconselha-se um intervalo de pelo menos 1 a 2 horas para deixar que a absorção do aciclovir se faça e só depois aplicar o penso.
Aciclovir, reações adversas
No tratamento com aciclovir, entre 1% a10% dos doentes podem manifestar os seguintes efeitos secundários:
Dor de cabeça,
Tonturas,
Enjoos,
Vómitos,
Diarreia,
Dores abdominais,
Prurido ou comichão,
Vermelhidão/protuberâncias na pele que podem piorar com exposição solar,
Sensação de fadiga,
Febre.
Herpes tem cura?
O herpes não tem cura nem existe ainda vacina eficaz. O tratamento está realmente indicado nas lesões primárias e nos doentes imunossuprimidos. Nos outros casos, o tratamento não altera muito o curso da crise.
Lesões parecidas com herpes
Outros dois tipos de lesões genitais têm causado algum tipo de confusão com o Herpes. Ambas são assintomáticas e podem afetar a zona genital e a boca a saber:
Manchas de Fordyce, uma espécie de glândulas sebáceas. Não indicam qualquer tipo de doença.
Pápulas peroladas. Também não indicam nenhuma patologia e pode afetar homens e mulheres.
Complicações possíveis
Apesar de não ser uma doença grave, a herpes simples não tratada pode levar a algumas complicações de saúde, como:
Erupção variceliforme (herpes espalhada pela pele),
Encefalite,
Infeção do olho,
Infeção da traqueia,
Meningite,
Pneumonia,
Infeção prolongada grave em indivíduos com sistema imunitário debilitado ou imunossuprimidos.
Mononucleose ou doença do beijo o que é?
A mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens.
Sobre a Mononucleose vamos responder ás seguintes perguntas:
Porque se chama doença do beijo?
Mononucleose como se transmite o vírus?
Quanto tempo pode ficar o vírus no organismo depois dos sintomas desaparecerem?
Quem tiver contraído o vírus não deve beijar ninguém durante muitos meses?
O vírus da mononucleose é muito infecioso?
Quais os sintomas da mononucleose?
Como se diferencia da faringite comum?
A mononucleose provoca manchas no corpo?
É verdade que a mononucleose pode afetar com gravidade o baço?
O fígado pode ser afetado?
Que complicações menos comuns podem acontecer?
Quais os riscos para uma grávida que contraia a mononucleose?
O que é a síndrome de mononucleose?
Qual a diferença entre síndrome de mononucleose e a doença mononucleose infeciosa?
Quais as principais doenças que apresentam quadro de síndrome de mononucleose?
Como se faz o diagnóstico da mononucleose infeciosa?
A varicela ou catapora é uma doença de infância muito vulgar. Todos os anos afeta dezenas de milhar de crianças em Portugal, especialmente durante o Inverno e Primavera. É causada pelo vírus varicela-zoster, um membro da família do vírus herpes, o mesmo que causa herpes zoster (zona). Uma vez debelada, a varicela normalmente não reaparece, no entanto, o vírus permanece alojado no tecido nervoso como que adormecido (não ativo), podendo reativar-se mais tarde, causando zona.
A varicela ou catapora é perigosa?
Quando se detetam os primeiros sintomas é difícil prever até que ponto a varicela poderá ser grave. Apesar de a doença não ser normalmente perigosa em crianças saudáveis, causa mal-estar e pode levar ao absentismo das crianças à escola e dos pais ao emprego. Em crianças mais velhas e em especial nos adultos, os sintomas são normalmente mais graves e podem originar outros problemas.
Complicações
A varicela é uma doença predominantemente da infância, benigna e altamente contagiosa, com taxas de transmissão aos contactos suscetíveis de 61-100%1 . Pode contudo associar-se a complicações graves, associadas a sobre-infecção bacteriana , tais como:
Celulite,
Pneumonia,
Fasceíte,
Choque tóxico.
Pode também associar-se a complicações do próprio Vírus Varicela-zoster (VVZ), tais como:
Cerebelite,
Encefalite,
Pneumonia.
Estas ocorrem sobretudo em situações de imunodeficiência celular, mas também em crianças previamente saudáveis. Nas leucemias e transplante de órgão, cerca de 50% das crianças desenvolvem complicações com uma mortalidade global de 7 a 17% se não forem tratadas com aciclovir.
Se estiver grávida o que deve fazer?
A grávida pode estar sujeita a um risco mais elevado em relação ao aparecimento de complicações com o feto, pelo que deve evitar a exposição à doença. A infeção na grávida acarreta um risco adicional para a mulher, nomeadamente pela maior incidência de pneumonite que, sem tratamento, pode ser fatal em cerca de 40% dos casos . Também no feto, pode ocorrer a síndrome de Varicela Congénita e, no recém-nascido, varicela grave quando a doença materna se manifesta 5 dias antes ou 2 dias após o parto.
Sintomas
A sequência de aparecimento de sintomas é curiosa e é a seguinte:
O primeiro sintoma é febre ligeira;
Um ou dois dias mais tarde aparecem manchas vermelhas normalmente primeiro no couro cabeludo;
Mais tarde as manchas vermelhas espalham-se pela cara, tronco, axilas, braços, pernas, boca e por vezes na traqueia e brônquios.
Começa a surgir comichão.
Uma das caraterísticas diferenciadoras da varicela são as lesões no couro cabeludo ou seja se não existirem lesões na cabeça dificilmente será varicela!
A criança pode também queixar-se de:
Dores de cabeça,
Dores de garganta,
Gânglios linfáticos inflamados e dolorosos,
Dores de estômago,
Cansaço,
Perda de apetite.
Sintomas nas crianças e nos adultos
Crianças com menos de 10 anos têm sintomas mais moderados em relação às mais velhas e aos adultos. Os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves, com um aumento vinte vezes superior na mortalidade entre os 15 e os 44 anos.
Aspeto das borbulhas
São pequenas e vermelhas, provocam comichão e transformam-se em bolhas num curto espaço de tempo (horas). Estas bolhas cheias de líquido (vesículas) secam e formam crostas em alguns dias. Estas borbulhas aparecem durante 5 dias e a maioria forma crosta em 6 a 7 dias Por vezes as borbulhas deixam cicatrizes. É mais provável a formação de cicatrizes se as borbulhas infetarem. É importante impedir que a criança se coce para prevenir o aparecimento de cicatrizes.
Impedir que a criança coce as borbulhas
Impedir a criança de coçar as lesões não é fácil! No entanto os seguintes procedimentos podem ajudar bastante, a saber:
Manter as borbulhas limpas e secas;
Usar loções calmantes e banhos de água morna de 4 em 4 horas nos primeiros dias;
Enxaguar sem esfregar;
Manter as unhas curtas para prevenir eventuais infeções e cicatrizes.
Transmissão da varicela ou catapora
Os outros irmãos se ainda não tiveram varicela têm uma elevada probabilidade (80%-90%) de contágio. Se forem saudáveis o melhor será que tenham a doença enquanto crianças. Assim estarão protegidos de contrair varicela mais tarde, podendo ser então mais grave. Se tiverem problemas de saúde deverá consultar-se o médico.
Os adultos que nunca tiveram varicela poderão contraí-la através dos filhos. Nestes casos é necessário contatar o médico. A varicela é uma doença grave nos adultos.
Uma mulher grávida pode estar sujeita a um risco ainda mais elevado no que respeita ao aparecimento de complicações, devendo evitar a exposição à doença, devido ao risco que isto constituí para o feto. A varicela é também grave para aqueles com um sistema imunitário enfraquecido. Uma criança saudável poderá estar em contacto com adultos com varicela, pois será melhor que tenha a doença em criança.
Entre pessoas como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pelo ar, quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala, ou pelo contacto direto com as lesões do doente.
Fases da doença
Período de incubação
Cerca de 14-15 dias contados a partir do contacto com o infetado.
Período de contágio
A varicela pode ser transmitida a outra pessoa desde aproximadamente 10 dias após ser contagiada até todas as bolhas se transformarem em crostas. O isolamento de um doente infetado previne a transmissão da infeção.
A varicela pode provocar zona?
A infeção por VVZ pode ressurgir anos ou décadas mais tarde na forma de herpes-zoster (HZ) que provoca zona, situação que pode evoluir com complicações semelhantes às da varicela. Esta reativação afeta 10-30% da população e está associada a uma morbilidade e mortalidade significativas nos indivíduos idosos e nos imunocomprometidos.
Tratamento da varicela ou catapora
No caso de ser uma varicela ligeira o tratamento efetuado visa o alívio sintomático:
Paracetamol (Ben-u-ron®) para alívio das dores e febre;
Banhos de água morna para alivio da comichão;
Loções de calamina (Caladryl®) para alivio da comichão;
Desinfetantes para as vesículas (Eosina).
Para os casos mais graves ou doentes com fator de risco elevado existe um medicamento específico para a varicela, que ajuda de forma substancial à redução da duração da doença, permitindo que o doente se sinta melhor num espaço de tempo mais curto. Esse medicamento é o seguinte:
Aciclovir (Zovirax®), do qual já existe genérico em comprimidos e pomada. A dosagem dos comprimidos varia entre 200 e 800 mg.
O Aciclovir inibe a replicação do vírus da varicela por interferência com DNA-polimerase encurtando o período da doença. Além deste medicamento, o tratamento é acompanhado de um anti-histamínico, que reduz a comichão e um desinfetante tópico que diminui o risco de infeção das bolhas rebentadas. Manter uma boa higiene corporal e das roupas evita, também, infeções. Antibióticos poderão ser usados quando existe o risco de infecção.
Crianças varicela e aspirina, perigos!
Não se deve dar ácido acetilsalicílico (aspirina) ou seus derivados às crianças com varicela por poder causar o síndroma de Reye, que é uma complicação grave caracterizada por alterações neurológicas e hepáticas.
Se aparecerem lesões na boca, deve-se dar alimentos moles, bebidas frias e evitar os ácidos e salgados. Nas lesões na área genital poderão usar-se cremes anestésicos. As situações mais graves deverão ser sempre acompanhadas por um médico.
Vacina da varicela ou catapora, existe?
A OMS recomenda que as atuais vacinas contra a varicela só devem ser utilizadas na criança se se assegurar uma cobertura vacinal acima dos 85-90%, pelos riscos que a alteração epidemiológica induzida pode acarretar. A vacina da varicela está disponível nos EUA desde 1995 com recomendação de vacinação universal. Na Europa, encontra-se atualmente recomendada para vacinação universal na Alemanha, Espanha, Itália, Holanda e Suíça.
A vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV). Pode ser administrada a partir dos 12 Meses de idade ou a pessoas que estejam expostas à doença. Se administrada no período de 3 dias após exposição à doença pode prevenir uma infeção clinicamente aparente ou modificar o curso da infeção.
Qual é a vacina contra a Varicela?
A vacina contra a varicela é constituída por Vírus varicela-zoster (VVZ) vivo atenuado (estirpe Oka). É uma vacina segura no imunocompetente. Estão descritos casos raros de encefalite, ataxia, convulsões, neuropatia, eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, acidente vascular cerebral e até morte, mas sem que a relação de causalidade estivesse definitivamente estabelecida. O vírus da vacina da varicela pode causar infeções graves no imunodeprimido estando descrito 2 casos em que o vírus vacinal se tornou resistente ao aciclovir.
ESQUEMA VACINAL
Existem em Portugal duas vacinas comercializadas, a saber:
Varivax®,
Varilrix®.
Ambas estão autorizadas para administração acima dos 12 meses de idade, em doses de 0,5 ml, por via subcutânea. A vacinação contra Varicela requer a administração de duas doses, com intervalo mínimo de 3 meses, para as crianças entre 12 meses e 12 anos de idade. Nos países com recomendação de vacinação universal, a segunda toma é administrada aos 5-6 anos de idade. A partir dos 13 anos o intervalo deve ser de 4 a 8 semanas (Varivax®) 37 ou de 6 a 8 semanas (Varilrix®) 38. A Comissão de Vacinas não estabelece preferência entre as duas vacinas.
Zona o que é?
A Zona Manifesta-se por uma erupção na pele e é provocada pelo mesmo vírus que, geralmente na infância, origina a varicela. Popularmente é conhecida por “cobro” ou “cobrão”, pois a distribuição das lesões cutâneas na pele faz-se muitas vezes lembrar a forma de uma serpente. É uma doença infeciosa provocada pela reativação do mesmo vírus que provoca a varicela. Caracteriza-se por uma erupção cutânea acompanhada de dor intensa, num dos lados do corpo, que ocorre com maior frequência em indivíduos com mais de 50 anos.
Causas da zona
Surge quando a imunidade que se tinha formado contra o vírus diminui. Qualquer pessoa que tenha tido varicela pode vir a desenvolver a doença, sobretudo a partir dos 50 anos. A Zona, também designada por Herpes Zoster, aparece apenas nas pessoas que tiveram varicela em alguma altura da sua vida. Após a varicela, normalmente na infância, o vírus não é eliminado do organismo, e aloja-se num nervo, geralmente junto à espinal medula e aí fica como que adormecido. Pode manter-se assim durante muitos anos.
Esta patologia manifesta-se através de uma erupção cutânea, geralmente na região torácica, que evolui para bolhas dolorosas, que formam crosta e cicatrizam ao fim de semanas. Os tratamentos existentes podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados 72 horas após o início dos sintomas.
O sistema imunitário
Quando as defesas naturais do organismo enfraquecem temporariamente, o vírus pode reativar-se, deslocando-se, então, ao longo do nervo até atingir a pele, onde provoca a erupção característica da Zona. Este processo é quase sempre acompanhado de uma dor localizada muito intensa, pois todo o nervo por onde o vírus se desloca fica muito inflamado.
O enfraquecimento das defesas naturais pode dever-se a fatores como:
Uma infeção prévia (ex.: Gripe);
Uma intervenção dentária;
Abuso do álcool;
Um acontecimento psicologicamente traumatizante;
Tratamento com corticóides, quimioterapia ou radioterapia;
Uma intervenção cirúrgica.
Qual a prevalência na população?
95% da população adulta já teve varicela pelo que tem no organismo o vírus que provoca a zona, estando em risco de desenvolver a doença. Uma em cada quatro pessoas irá desenvolver zona ao longo da vida. O risco de desenvolver a zona duplica aos 50 anos devido ao enfraquecimento do sistema imunitário associado ao envelhecimento.
Sintomas quais são e como evolui?
O primeiro sintoma da Zona é quase sempre a dor intensa localizada, que se sente, às vezes, antes de surgirem as lesões da pele. A maioria dos doentes sente na área afetada dor intensa ou ardor que pode ser constante ou intermitente. Por vezes, estímulos habitualmente não dolorosos, podem provocar dor intensa. Na fase aguda da Zona (quando existe erupção cutânea) a dor está presente, em média, durante 2-4 semanas.
As lesões são pequenas bolhas avermelhadas que surgem progressivamente ao longo de uma faixa estreita de pele. Normalmente, surge uma erupção cutânea unilateral que pode aparecer em muitos locais, mas a localização mais comum é a região do tórax, cabeça e pescoço. A erupção cutânea evolui para vesículas (bolhas) dolorosa. As vesículas passam a feridas em três dias; após uma semana a dez dias as feridas secam e as crostas caem ao fim de duas a três semanas.
Complicações
A principal complicação da Zona é a permanência da dor. Esta dor, a que se dá o nome de neuralgia pós-herpética, pode tronar-se crónica e persistir durante meses ou anos, impedindo muitas vezes o doente de levar uma vida normal e despreocupada. Podem ocorrer outras complicações, como por exemplo quando são atingidos os olhos. Nestes casos, existe o risco de cegueira.
Em 10 a 20% dos casos, a Zona afeta o olho e pode causar alterações da visão ou mesmo cegueira. Pode também provocar perda de audição no lado afetado, assim como infeções cutâneas ou cicatrizes permanentes.
Será contagiosa?
A zona deve-se à reativação do vírus da varicela que ficou latente no organismo, como tal, não é possível contrair através de outras pessoas. Um indivíduo com Zona pode transmitir o vírus a alguém que nunca teve varicela, normalmente a crianças, que desenvolverão a varicela. Sendo a forma de contágio idêntico ao da varicela.
Tratamento da zona
Deve-se ir imediatamente ao médico assim que as bolinhas surgem na pele. Se se sentir uma dor aguda localizada, do tipo queimadura ou facada, mesmo antes das bolhas aparecerem, não se deve adiar a ida ao médico. Quanto mais cedo o médico prescrever o tratamento adequado, mais depressa desaparecerão as feridas e mais hipóteses terá de as dores não continuarem. O tratamento antiviral mais comum é o seguinte:
Aciclovir 800 mg, comprimidos, de 4/4h, saltando a toma noturna.
A Zona não tem cura, contudo, alguns medicamentos podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados nas 72 horas após o início dos sintomas. Os medicamentos para a Zona têm como prioridade máxima o controlo da dor, mas este pode ser difícil e muitas vezes o alívio não é o desejado. É muito importante levar o tratamento até ao fim. Os banhos mornos acalmam a erupção, mas deve evitar-se a aplicação de talco e cremes. Usar roupas soltas e macias, para evitar pressão nas áreas afetadas. Não coçar, nem arrancar as crostas.
Existe vacina?
Sim, está disponível em Portugal, a primeira vacina para a prevenção da zona e da nevralgia pós-herpética, que está nas farmácias, para vacinação de adultos a partir dos 50 anos, numa única administração, mediante prescrição médica. O nome da vacina é o seguinte:
ZOSTAVAX® vacina viva contra a zona (Herpes zoster)
Composição da vacina
Após reconstituição, 1 dose (0,65 ml) contém:
Vírus da varicela-zoster , estirpe Oka/Merck, (vivo, atenuado) não menos de 19400 UFP produzido em células diploides humanas (MRC-5),
UFP = Unidades formadoras de placas.
Esta vacina pode conter quantidades vestigiais de neomicina
Indicações terapêuticas:
ZOSTAVAX está indicado na prevenção do herpes zoster (“zoster” ou zona) e da nevralgia pós-herpética (NPH) relacionada com o herpes zoster. ZOSTAVAX está indicado na imunização de indivíduos com 50 ou mais anos de idade.
Concluindo
A família do vírus HERPES é mais alargada do que a maioria das pessoas julga. Neste artigo tentei mostrar as diversas doenças distintas que se interligam (por exemplo a varicela e a zona) por serem causadas por vírus da mesma família do Herpes. Sendo algumas doenças muito comuns, principalmente o Herpes labial, é de toda a importância conhecer as suas causas, complicações, tratamento e como evitar o seu contágio.
Fibromialgia qual o melhor tratamento, pontos de dor, sintomas e estigmas sociais. Quais os sinais? Quais as causas e fatores de risco? Quais os tratamentos mais eficazes? Que hábitos diários podem ajudar a melhorar? O que nunca deve comer? Porque são muitas vezes mal interpretados os doentes pela sociedade? Por desconhecimento da realidade clínica, muitas vezes as doentes são “rotuladas” de preguiçosas pelos colegas de trabalho e até por algumas pessoas de família… o que é psicologicamente muito duro de aceitar!
A fibromialgia é um síndrome crónico caracterizado por queixas dolorosas neuromusculares difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas. A fibromialgia é uma das doenças reumáticas com maior incidência na atualidade. É uma doença crónica invisível, sobre a qual ainda há muito por saber. A fibromialgia não tem tratamento específico e é capaz de provocar dores intensas, no entanto mantém-se até hoje num relativo anonimato, ao qual não será alheio o facto de apenas ter sido reconhecida como doença pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1970.
Prevalência
Estima-se que atinja entre 2 e 8% da população adulta global e ainda que esteja em clara expansão.
Fibromialgia qual a história desta doença?
Já Hipócrates descreve a dor músculo-esquelética difusa. Os principais pontos históricos da doença, por ordem cronológica, são os seguintes:
1824, Balfour faz a associação entre reumatismo e pontos dolorosos;
1880, Beard classifica como Mielastenia um síndrome com as características da Fibromialgia;
No início do séc xx, Growers introduz o termo “Fibrosite”por supor (algo nunca comprovado), que se trataria de alterações fibromusculares;
1972, Moldofsky identifica as perturbações do sono Nrem;
1977, Smythe e Moldofsky associam a presença de dor crónica e generalizada com pontos dolorosos em locais previsíveis e sono não reparador;
1990, o Colégio Americano de Reumatologia define os critérios de diagnóstico ainda agora utilizados.
Causas fisiopatológicas
Especula-se, ainda, acerca da origem da doença. Sabe-se que os doentes de fibromialgia apresentam:
Diminuição de serotonina e ácido 5 – Hidroxindolacético no LCR (líquido cefalorraquidiano) e no plasma;
Elevação da substância P no LCR (líquido cefalorraquidiano);
Hipovascularização de algumas regiões cerebrais;
Alterações no EEG (eletroencefalograma) de sono noturno, na fase NREM (fase de sono profundo onde ocorrem os sonhos);
Hipertonia simpática,
Alterações da memória recente.
Existem ainda outras alterações, mas todas elas são comuns a outras patologias. O mais provável é que seja uma causa multifatorial.
Fatores de risco
Embora não sejam conhecidas, com rigor, as causas da fibromialgia, sabe-se que as mulheres são quase 10 vezes mais afetadas que os homens. Na verdade, 80 a 90% dos casos diagnosticados são de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos. Supõe-se, por outro lado, que o desenvolvimento da doença também possa ser influenciado por fatores como:
O sintoma predominante da fibromialgia é a dor muscular. Surgindo, na maior parte dos casos, de forma generalizada mas centrando-se posteriormente em regiões específicas, como o pescoço ou a região lombar, esta assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante. Pode, no entanto, fazer-se acompanhar por outros sintomas, como:
Perturbações de sono, presentes em cerca de 70% dos doentes, piorando as dores nos dias que dormem pior. Os registos eletroencefalográficos podem apresentar alterações relacionadas com as perturbações do sono.
Fadiga constante, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico. Quando o sintoma dominante é a fadiga a doença tem sido designada por Síndroma da Fadiga Crónica;
Os sintomas podem, no entanto, variar em intensidade e até mesmo desaparecer e reaparecer de forma esporádica, consoante a hora e o dia, os níveis de stresse e ansiedade ou as mudanças de temperatura. Também podem ser agravados com a atividade física exagerada ou desequilibrada.
Há relatos de casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.
Existem estudos que mostram que pessoas com esta doença, apresentam alterações nos níveis de algumas substâncias importantes, particularmente:
Dor crónica generalizada, com evolução de, pelo menos, 3 meses, abrangendo a parte superior e inferior do corpo, lado direito e esquerdo, assim como o esquerdo axial.
Dor à pressão, em, pelo menos, 11 de 18 pontos predefinidos, a saber:
Ponto occipital – Bilateral, nas inserções do músculo sub-occipital.
Ponto cervical inferior – Bilateral, na face anterior dos espaços intertransversários de C5 e C7
Ponto trapézio – Bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo.
Ponto supra espinhoso – Bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata, junto do bordo interno.
Ponto 2ª costela – Bilateral, na junção costo-condral da 2ª costela, imediatamente para fora da junção e na face superior.
Ponto epicôndilo – Bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo.
Ponto glúteo – Bilateral, no quadrante superior externo da nádega, no folheto anterior do músculo.
Ponto grande trocanter – Bilateral, posterior à proeminência trocantérica.
Ponto Joelho – Bilateral, na almofada adiposa interna, acima da interlinha articular.
Pontos dolorosos
Os pontos dolorosos não são de dor espontânea.
A sua pesquisa deve ser efetuada com uma pressão digital de 4kg.
A dor não deve irradiar.
Manifestações Características
Fadiga crónica,
Sono não reparador,
Parestesias,
Rigidez (sobretudo matinal),
Edema subjetivo,
Cefaleias,
Síndroma de colon irritável,
Fenómeno de Raynaud,
Depressão/ansiedade,
Hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura ( tipo síndroma gripal).
O diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames subsidiários caracteristicamente positivos na fibromialgia.
Doenças e diagnósticos diferenciais
Tendo em consideração que os sintomas de fibromialgia são comuns a outras doenças que têm tratamento diferente, sendo que algumas são potencialmente graves em termos de sobrevida, é necessário descartar ou confirmar, previamente, de forma clara a presença, simultânea ou não, das seguintes doenças:
Artrite reumatoide;
Lupus eritematoso sistémico;
Espondilite anquilosante;
Polimiosite;
Síndroma de Sjörgen;
Polimialgia reumática;
Osteomalacia ;
Osteoporose;
Doença vertebral degenerativa;
Síndroma de dor miofascial;
Hipotiroidismo;
Hipertiroidismo;
Hiperparatiroidismo;
Síndrome paraneoplásico;
Miopatia metabólica;
Metastização tumoral;
Mieloma múltiplo,
Polineuropatias;
Doença de Parkinson;
Sarcoidose;
Infeções víricas;
Neuroses;
Psicoses;
Ansiedade;
Depressão.
Qualquer destas patologias pode coexistir com a Fibromialgia.
Tratar a fibromialgia
Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco específico para a doença. Existem, no entanto, medicamentos e técnicas que podem ajudar a aliviar os sintomas, principalmente as dores, a saber:
Analgésicos;
Relaxantes musculares;
Antidepressivos;
Massagens;
Técnicas de relaxamento.
Tratamento qual o melhor?
O primeiro passo é acreditarmos no sofrimento do doente! Seguidamente, envolver o doente no seu tratamento. Cada sujeito ativo compreendendo e colaborando na responsabilidade do Sucesso / Insucesso.
Deve frisar-se que se trata de uma doença crónica e que o tratamento visa, não a ausência de sintomas, mas o seu controlo. Também teremos que estar preparados para Adaptar os esquemas terapêuticos à evolução das queixas. O tratamento é sempre individual.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico inclui os seguintes medicamentos:
Amitriptilina, em doses baixas ( 10mg – 25mg/ dia),
Fluoxetina (antidepressivo),
Diazepam e outros mio relaxantes (relaxantes musculares),
Ansiolíticos,
Indutores do sono,
Antiepiléticos, (topiramato em doses até 75mg/dia tem-se mostrado útil),
Analgésicos como o paracetamol, com e sem codeína, os salicilatos, o tramadol, revelam alguma eficácia.
Os corticosteroides, devido aos efeitos secundários e à quase ineficácia, são de evitar!
Tratamento Psiquiátrico
O apoio psiquiátrico nunca deve ser descurado, sempre que se revele necessário, sob a orientação de médico psiquiatra com experiência em dor.
Psicoterapia Coadjuvante
Particularmente útil nas áreas Cognitiva / Comportamental:
Aprender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
Técnicas de Bio Feedback têm-se mostrado úteis.
Fisioterapia é possível
Sim mas apenas quando individualizada e efetivada por técnicos com experiência nestes doentes.
Exercício Físico adequado
Fundamental, o exercício físico mais indicado é adaptado às condições do doente. Aconselha-se, essencialmente:
Caminhada,
Natação (sem grande esforço), em ambientes agradáveis e tépidos.
É importante não descurar o Exercício Físico, porque a inação para que tendem os doentes de Dor Crónica, acarreta consequências psíquicas e físicas como:
Depressão,
Obesidade,
Atrofia Muscular,
Osteoporose,
Artralgias,
Estas são situações que acabam também e por si só, gerar doença.
Alimentação faz toda a diferença
Não existem dúvidas que a alimentação pode ter uma influência extraordinária na evolução e sintomatologia da doença. Cada doente deve tentar identificar principalmente os alimentos que fazem piorar a sua condição de saúde.
No geral deve evitar todos os alimentos fabricados e embalados pois quase sempre tem aditivos alimentares artificiais e teores de açúcar demasiado elevados.
Entre os mais importantes vale a pena estar atento e se necessário eliminar da alimentação diária os seguintes:
Aditivos alimentares artificiais como o Glutamato monossódico (MSG) e o Aspartame
Glúten
Açúcares
Enchidos
Alimentos fritos que contêm gorduras saturadas de má qualidade
Álcool
Também o excesso de peso parece piorar sempre os sintomas dolorosos associados à fibromialgia.
Nutrição e estudos sobre fibromialgia
Os seguintes estudos alertam para a importância do cuidado alimentar para mitigar os sintomas da fibromialgia, a saber:
Adaptar o seu estilo de vida aos sintomas da doença é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim deve tentar aplicar os seguintes hábitos diários:
Evite o stress;
Pratique exercício físico (com um programa adaptado às suas capacidades);
Como em qualquer outra doença dolorosa crónica e tendencialmente incapacitante, estes doentes apresentam-se muito queixosos, com níveis de autoestima baixos, angustiados, revoltados, não compreendidos e uma história de grande dificuldade em gerir a sua vida familiar, laboral e social.
Família do doente como reage?
A família é um fator primordial, para o melhor e para o pior, na evolução destes doentes. Muitas vezes não colabora, acusando o doente de “preguiçoso”, “piegas” ou “desequilibrado” emocionalmente. Normalmente, após elucidado, o agregado familiar passa a colaborar, sendo de grande importância, pelo suporte que pode dar ao doente. Por vezes, a própria família precisa de Apoio.
Local de trabalho o que acontece?
Devido às características da doença, a produtividade diminui, o que, muitas vezes, acarreta acusações dos colegas e superiores hierárquicos, criando um meio hostil. Devem-se diminuir os níveis de stress do doente, respeitando os seus Ritmos de trabalho e/ou mudando de Atividade profissional.
Sociedade como são tratados os doentes?
Normalmente, a incapacidade inerente à doença implica uma marcada diminuição da quantidade e qualidade da Vida Social destes doentes, assim como um aumento de gastos com o consumo de Serviços de Saúde e da Segurança Social, com faltas ao trabalho e reformas precoces.
O Estado português ainda não facilita a estes doentes os direitos que lhes deveriam ser atribuídos, de acordo com o reconhecimento da patologia já existente, revelando-se duplamente penalizante para o doente e agregado familiar.
Concluindo
Se suspeita que pode sofrer de fibromialgia, consulte o seu médico assistente ou o seu reumatologista. O diagnóstico faz-se quando a dor existe por mais de três meses em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo. Entretanto, realizam-se exames para excluir outras doenças que possam causar as queixas.
Se, infelizmente, já é um doente fibromialgico então não se acomode, adote um estilo de vida saudável com exercício físico e alimentação adequados. Vá ao médico acompanhado por alguém da sua família para que esta fique bem informada sobre a doença e possa dispensar-lhe o apoio positivo que é essencial para evitar outras perturbações psicológicas muitas vezes associadas à doença.
Piscina e doenças toda a verdade sobre as diversas doenças que pode apanhar na água da piscina! Um dia na piscina a descontrair, nadar e relaxar pode ser magnífico! No entanto se a água das piscinas não estiver bem tratada o dia pode acabar em pesadelo com a “hospedagem” no nosso organismo de vírus, bactérias e parasitas que provocam doenças que podem ser muito perigosas!
A água da piscina é geralmente uma água artificial no sentido em que raramente é usada água captada directamente do mar ou de um rio com água de alta qualidade não poluida. Sendo assim tem de ser cuidadosamente tratada para eliminar inumeros microorganismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas patogénicos que estão sempre á espreita de uma oportunidade de se instalarem num hospedeiro humano e conseguirem reproduzir-se mais depressa!
Além disso os tratamentos quimicos aplicados á água da piscina também têm os seus efeitos adversos no organismo humano. Assim descrevo de seguida algumas doenças que, se não tiver cuidado, pode apanhar na sua visita á piscina.
Otite externa
Também designada otite de surfista ou de mergulhador. É provocada habitualmente pela entrada de água no ouvido, associada a um quadro clínico de otalgia (dor de ouvido). Ocorre frequentemente após entrada de água no ouvido ou em situações de infeção e eczema do canal auditivo externo. Trata-se de uma inflamação da orelha externa e do canal auditivo.
Os vírus e as bactérias que provocam diarreia são a principal fonte de contágio nas piscinas. De acordo com o CDC, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, quem estiver ou tenha estado com diarreia nas últimas duas semanas corre o risco de contaminar a água da piscina com germes e transmitir o problema a outras pessoas. Os germes que causam diarreia conseguem sobreviver vários dias antes de serem eliminados pelo cloro. Para ficar doente basta engolir uma pequena quantidade da água infectada das piscinas.
Giardíase
A giardíase é uma infeção intestinal causada por um parasita microscópico. Pode provocar sintomas como cólicas abdominais, flatulência, náuseas e episódios de diarreia. A infeção pode ser causada por parasitas encontrados em riachos, lagos, piscinas ou zonas aquáticas de recreação. A maneira mais comum de se infetar com giardíase é engolir água contaminada, por exemplo da piscina.
Animais e crianças que usam fraldas e pessoas com diarreia podem acidentalmente contaminar piscinas e spas. É mais frequente em crianças e em doentes com infeção por VIH/SIDA, fibrose quística e outras formas de imunodeficiência pois têm um sistema imunitário mais frágil. Num trabalho realizado na região Norte de Portugal, em crianças com idades entre um e cinco anos, foi detetada uma taxa de infeção de 3,4% por Giardia lamblia.
Criptosporidíase é uma doença causada pelos parasitas unicelulares coccidios Cryptosporidium parvum e C.hominis. Estes podem ser ingeridos juntamente com comida ou água contaminada. Infetam o intestino, onde se reproduzem. Em pessoas imunosuprimidas causam gastroenterite, diarreia, dor abdominal e náuseas. Uma pessoa com diarreia e com este tipo de bactéria pode facilmente contaminar a água.
Legionella
Na legionella segundo explica o médico e patologista clínico Germano de Sousa, a infeção pela bactéria legionella pneumophila pode causar a febre de Pontiac (manifestação ligeira da bactéria com sintomas semelhantes a uma gripe) e a Doença dos Legionários, a manifestação mais grave, que consiste num tipo de pneumonia potencialmente letal.
A legionella está geralmente presente em ecossistemas naturais de água doce e quente, como a superfície de lagos, rios, águas termais, tanques, mas também piscinas. A infeção ocorre por inalação (via respiratória) de aerossóis/gotículas contaminados pela bactéria, através dos chuveiros domésticos, torres de arrefecimento, sistemas de climatização, instalações termais, saunas e jacuzzis e que chegam aos pulmões. Não existe transmissão de pessoa para pessoa, nem pela ingestão de água contaminada.
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos lembra que os nadadores e utilizadores da piscina queixam-se recorrentemente de ardor nos olhos, irritação nasal ou dificuldades em respirar. A investigação revelou que estes sintomas surgem devido à acumulação de substâncias irritantes na água e no ar, conhecidas como cloraminas. Essa irritação é provocada pela combinação do cloro com sub-produtos. Estes subprodutos são o resultado da ligação do suor, urina e outros resíduos dos nadadores/utilizadores ao cloro.
Dermatite ou foliculite
É uma inflamação dos folículos capilares causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. A foliculite é sobretudo diagnosticada em pessoas que usam jacuzzi, sauna, piscina ou banheira de hidromassagem. Qualquer pessoa exposta a água contaminada com esta bactéria pode contrair este tipo de foliculite. Trata-se de uma inflamação da raiz dos pelos que, normalmente, pode ser tratada em casa com o uso de sabão anti-séptico ou fármacos prescritos por clínicos. Os sintomas de foliculite por Pseudomonas aeruginosa aparecem primeiro como caroços, prurido e pequenas espinhas com pus. As erupções de foliculite tipicamente surgem no tronco, axilas e partes superiores dos braços e pernas.
Piolhos
Os piolhos não são susceptíveis de serem transmitidos através da água das piscinas. Embora os níveis de cloro da piscina também não matem os piolhos, estes dificilmente conseguem sobreviver debaixo de água uma vez que não se conseguem parasitar. Porém, os piolhos podem espalhar-se em balneários. Basta partilhar toalhas, escovas de cabelo, toucas ou outros itens que tenham estado em contacto com o cabelo de uma pessoa infetada para adquirir a “praga”.
Infeções estafilocócicas
Embora não tenha havido relatos de transmissão deste tipo de bactéria através de águas de recreio, há um risco potencial de propagação das doenças causadas pela bactéria staphylococcus aureus em instalações de recreio através do contacto com a infeção de pessoa para pessoa ou através de objetos e superfícies contaminadas.
Trata-se de uma bactéria que vive muitas vezes no nariz ou na pele de pessoas saudáveis. Pode provocar doenças, que vão desde uma simples infeção (espinhas, furúnculos e celulites) até infecões graves (pneumonia, meningite, endocardite, síndrome do choque tóxico, septicemia e outras), dependendo do sistema imunitário e do historial clínico de cada pessoa.
Os sintomas mais comuns deste tipo de infeções são náuseas e vómitos, por vezes acompanhados por diarreia e dores abdominais. A melhor forma de as evitar é não frequentar águas de recreio se tiver infeções cutâneas ou irritações da pele, manter todas as superfícies tocadas ou manipuladas com frequência limpas e não partilhar objetos pessoais como lâminas ou escovas.
Teníase
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alerta para vários cuidados a ter de forma a evitar este tipo de doença, embora admita que dificilmente a teníase se propague através da água das piscinas. Esta infeção ocorre quando uma pessoa engole ovos de ténia presentes em superfícies ou dedos contaminados. Esta instituição lembra que os fatos de banho devem ser lavados e secos a cada utilização. Por outro lado, todas as pessoas devem lavar as mãos antes e depois de usar a casa da banho.
Molusco contagioso vírus ou Molluscum contagiosum virus
O vírus Molusco contagioso ou Molluscum contagiosum é uma doença dermatológica causada pelo Molluscum contagiosum. Caracteriza-se por bolhas rosadas ou brancas pela pele em qualquer parte do corpo e podem dar comichão. É mais comum em crianças dos 0 aos 12 anos de idade e transmitido por contato físico. Desaparecem sozinhas em 6 a 12 meses, mas podem deixar cicatrizes.
Como se transmite?
O vírus é transmitido por contato físico ou por tecidos, por exemplo tocando a mão de alguém que coçou uma bolha causada por molusco contagioso ou compartilhando toalhas. Pode ser transmitido através de contato sexual. É mais comum em locais húmidos e com muita gente a viver na mesma casa que partilham as mesmas toalhas e roupas, uma vez que essas condições são favoráveis para a transmissão do vírus. É mais comum em crianças e imunodeprimidos.
Parâmetros microbiológicos de avaliação obrigatória
Os parâmetros microbiológicos avaliados são no caso das piscinas de utilização colectiva os referenciados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, IP (INSA), e por outros documentos oficiais. Para o caso das piscinas de empreendimentos turísticos e de hidroterapia e com fins terapêuticos, são os indicados no Decreto-Regulamentar n.º 5/97, de 31 de Março:
Germes totais 37ºC (às 48 horas para piscinas de utilização colectiva, e às 24 horas para piscinas de empreendimentos turísticos, de hidroterapia e com fins terapêuticos)
Coliformes totais
Escherichia coli
Enterococos fecais
Estafilococos produtores de coagulase
Total de Estafilococos
Pseudomonas aeruginosa
Legionella (desejável nos jacúzis)
Parâmetros físico-químicos mínimos para avaliação
Os parâmetros físico-químicos mínimos para avaliação, devendo a sua determinação ser feita sistematicamente no local de colheita, são os seguintes:
Temperatura
Cloro residual livre
Cloro combinado
Bromo total
pH (quando não houver possibilidade de determinação laboratorial)
A determinar em laboratório:
pH
Turvação
Condutividade
Oxidabilidade
Cloretos
Amoníaco (a pedido da Autoridade de Saúde)
Considera-se desejável, quando se justifique, proceder-se à determinação de:
Ácido isocianúrico (quando forem utilizados como desinfectantes os derivados de ácido isocianúrico)
Antes de escolher uma piscina tente informar-se sobre a qualidade da água, frequência das análises e resultados disponiveis para consulta pública. Se conhecer alguém que tenha frequentado a piscina pergunte se houve algum problema de saúde nos dias seguintes a ter estado na piscina.
Dor de barriga apendicite e outros perigos, toda a verdade! Quais as dores mais perigosas? Quais as causas? Quais os perigos? Quais os órgãos envolvidos? Quais os sinais de alarme? A região abdominal é aquela que possui mais órgãos no nosso corpo, aumentando as probabilidades de doer devido a uma vasta quantidade de causas e doenças diferentes. A dor abdominal, chamada popularmente de dor de barriga, pode ser simplesmente fruto de uma obstipação pontual mas é muitas vezes um desafio para o médico, dada a grande quantidade de diagnósticos diferenciais possíveis.
Na maioria das vezes, a dor de barriga é uma condição de saúde benigna e autolimitada. Certamente que já teve uma dor de barriga de leve intensidade, que desapareceu sem necessidade de tratamento médico. No entanto, quando a dor abdominal é de forte intensidade ou há outros sintomas associados, como febre, vómitos, prostração ou diarreia com sangue, a avaliação de um médico é necessária.
A dor abdominal pode ser aguda ou crónica e requer, frequentemente, uma ida ao médico. Uma criança com dor abdominal é sempre motivo de preocupação para os pais, o que leva frequentemente a recorrer ao médico.
Sintomas e sinais de alarme na dor abdominal aguda
Caraterística da dor abdominal crónica
Sinais de alarme na dor abdominal crónica
Dor abdominal funcional
Crianças com dor abdominal funcional
Dor do lado direito do abdómen, quais as causas mais comuns?
Dores no centro da barriga, quais as causas mais comuns?
Dor no baixo ventre, quais as causas mais comuns?
Dores do lado esquerdo do abdómen, quais as causas mais comuns?
Apendicite, quais os perigos?
Apendicite o que é?
Sintomas de apendicite
Apendicite em bebés, crianças e adolescentes
Tratamento para a apendicite
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Órgãos da região abdominal
Todos os órgãos que se encontram dentro da cavidade abdominal e da cavidade pélvica podem causar dor de barriga. Algumas vezes, os órgãos da cavidade torácica também podem causar dor abdominal, como é o caso do coração ou das inflamações nas bases dos pulmões.
Os órgãos dentro do abdómen que podem causar dor abdominal são:
Fígado,
Vesícula biliar,
Vias biliares,
Pâncreas,
Baço,
Estômago,
Rins,
Glândulas suprarrenais,
Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo),
Cólon (incluindo apêndice).
Já os órgãos dentro da pelve são:
Ovários,
Trompas,
Útero,
Bexiga,
Próstata,
Reto,
Sigmoide (porção final do intestino grosso).
Quadrantes abdominais
Para tornar mais fácil a localização dos órgãos na grande cavidade abdominopélvica, os anatomistas dividiram a cavidade abdominopélvica em nove regiões, sendo definidas da seguinte forma:
Região Hipocondríaca Direita
Região Epigástrica
Região Hipocondríaca Esquerda
Região Lateral Direita
Região Umbilical
Região Lateral Esquerda
Região Inguinal Direita
Região Púbica (Hipogástrica)
Região Inguinal Esquerda
Outro modo mais simples de dividir a cavidade abdominopélvica é em Quatro Quadrantes. Esse método é frequentemente utilizado para localizar uma dor ou descrever a localização de um tumor. Os planos sagital, mediano e transversal passam através do umbigo e dividem a região abdominopélvica nos quatro quadrantes seguintes:
Quadrante superior direito
Quadrante superior esquerdo
Quadrante inferior direito
Quadrante inferior esquerdo
Quadrante superior direito:
Lobo direito do fígado
Vesícula biliar
Piloro
Duodeno
Cabeça do pâncreas
Flexura hepática do cólon
Partes do cólon ascendente e transverso
Quadrante superior esquerdo:
Lobo esquerdo do fígado
Estômago
Corpo do pâncreas
Flexura esplénica do cólon
Partes do cólon transverso e descendente
Quadrante inferior direito:
Ceco e apêndice
Parte do cólon ascendente
Parte do ovário na mulher
Quadrante inferior esquerdo:
Cólon sigmoide
Parte do cólon descendente
Parte do ovário na mulher
Dor de barriga aguda
A dor abdominal aguda é um sintoma comum em várias patologias, tais como:
Para facilitar o diagnóstico, deve ser feita uma história detalhada sobre a origem e evolução dos sintomas. Diversos fatores são importantes no processo de diagnóstico, a saber:
Idade;
Tipo de dor;
Localização da dor;
Duração da dor;
Hora do dia;
Presença de outros sintomas tais como:
Febre,
Náuseas,
Vómitos,
Sintomas urinários,
Alterações do trânsito intestinal.
Sinais de alarme na dor abdominal aguda
Na maioria das situações benignas a dor de barriga localiza-se no umbigo ou em volta deste. As crianças com dor abdominal vomitam frequentemente, mas a maioria das vezes os vómitos desaparecem rapidamente. Além da sensação de doença (sentir-se doente), alguns sinais de alarme que aconselham consulta médica são:
Dor localizada em outras áreas, principalmente no quadrante inferior direito do abdómen levantando a hipótese de apendicite;
Dor com duração superior a 24h,
Febre alta,
Palidez,
Sudação (suar sem razão aparente),
Prostração (fadiga),
Recusa em brincar,
Recusa em beber ou comer,
Vómitos persistentes (já amarelados/verdes ou com sangue),
Laivos de sangue na diarreia ou alterações na pele.
Dor abdominal crónica, sintomas
A dor abdominal crónica é um motivo muito frequente de consulta, sobretudo no sexo feminino. Os doentes geralmente têm uma sintomatologia pouco específica e na investigação dessas situações apenas em 10% se encontra uma causa orgânica, como por exemplo:
Doença de refluxo gastroesofágico;
Úlceras gástricas;
Gastrite;
Alergia alimentar;
Intolerância à lactose,
Doença inflamatória do intestino;
Doença celíaca;
Litíase biliar;
Pancreatite;
Parasitose.
Sinais de alarme na dor abdominal crónica
As seguintes condições de saúde devem ser motivo de alarme e consulta médica:
Dor que acorda a criança a meio da noite;
Dor bem localizada e longe do umbigo;
Vómitos persistentes (sobretudo biliosos);
Diarreia crónica grave;
Febre;
Perda de peso;
Atraso de crescimento,
Exantema cutâneo,
Dor articular;
Sangue nas fezes;
Fístula/fissura anal;
História familiar de doença péptica e /ou doença inflamatória do intestino;
Idade inferior a quatro anos.
Dor abdominal funcional
A dor abdominal funcional caracteriza-se por ter uma causa funcional ou seja não identificada com testes laboratoriais. São diversos os factores implicados nestas queixas abdominais sendo os mais importantes os seguintes:
Stress psicológico;
Hipersensibilidade visceral;
Distúrbios da motilidade gastrointestinal.
Crianças com dor abdominal funcional
Crianças com sintomas funcionais têm geralmente as seguintes características pessoais:
Tímidas,
Ansiosas,
Perfeccionistas,
Interiorizam muito os seus problemas.
Estas crianças têm episódios curtos de dor abdominal periumbilical (na zona do umbigo) que não se relacionam temporalmente com a ingestão de alimentos, defecação ou exercício. Por vezes têm algumas características e sintomas associados a saber:
Cefaleias,
Fadiga,
Dores no corpo,
Mantêm o apetite e um bom desenvolvimento de peso e estatura;
O seu exame físico e os exames complementares não revelam alterações;
Muitas vezes há história familiar de enxaqueca ou de dor abdominal recorrente.
A aceitação por parte dos pais e pela criança da possibilidade de existir uma causa biopsicológica para a doença é um fator importante para a resolução dos sintomas.
Causas da dor do lado direito do abdómen
As dores de barriga no lado direito podem ser dividas em dores no quadrante superior direito e quadrante inferior direito.
Quadrante superior direito do abdómen
As principais causas de dor neste quadrante são:
Causadas pelo fígado e pela vesícula, com destaque para a cólica biliar, provocada por pedra na vesícula ou colecistite.
Inflamações do fígado, como nos casos de hepatite viral, também podem causar dor nesta região.
Lesões na porção inferior do pulmão direito podem ser uma causa de dor abdominal à direita sem origem no abdômen.
Quadrante inferior direito do abdómen
Neste quadrante as causas intestinais são as mais prevalentes, com destaque para:
Apendicite;
Nas mulheres, problemas no ovário, como a presença de um quisto, também são muito comuns;
Uma gravidez ectópica na trompa direita;
Problemas no testículo;
Cálculo renal que tenha migrado para a região inferior do ureter podem manifestar-se com dor no quadrante inferior do abdômen (esquerdo ou direito);
Dor de origem muscular deve ser pensada, caso o paciente tenha feito esforço excessivo recentemente.
Dor no centro da barriga
A dor no centro da barriga, também chamada dor na boca do estômago, é geralmente provocada por problemas estomacais. A gastrite ou a úlcera péptica são as causas mais comuns. Problemas do pâncreas, como a pancreatite, costumam causar intensa dor de barriga em toda a parte superior, podendo irradiar para as costas. Tanto os problemas do estômago como os do pâncreas podem causar uma dor descrita como dor no fundo da barriga.
Dor de origem muscular também pode afectar esta região.
O infarte agudo do miocárdio, em alguns casos, pode irradiar para a região central do abdômen, podendo ser confundido inicialmente com algum problema de estômago.
Dor no baixo ventre
Dores abdominais que se localizam no chamado de baixo ventre ou região hipogástrica, são geralmente provocadas por:
Bexiga ou útero, este último, obviamente, só no caso das mulheres.
Infeção urinária (cistite) e cólica menstrual são as causas mais comuns.
Quadros diarreicos, como gastroenterite viral ou intoxicação alimentar também podem causar dor nesta região, mas geralmente são mais dispersos por todo o abdómen.
Gravidez não costuma causar dor, apenas uma sensação de peso. Porém, em caso de aborto, podem haver cólicas intensas.
Dor no lado esquerdo do abdómen
Assim como do lado direito, as dores de barriga no lado esquerdo podem ser dividas em dores no quadrante superior e quadrante inferior.
Quadrante superior esquerdo
As dores mais comuns neste quadrante têm as seguintes origens:
Musculares;
Estômago;
Raramente, o baço, órgão localizado abaixo das costelas do lado esquerdo do abdómen;
Dor epigástrica;
Enfarte também pode causar dor no quadrante superior esquerdo da barriga.
Problemas na base do pulmão esquerdo também podem ser a causa.
Região central e inferior do abdómen esquerdo
Os problemas intestinais costumam ser as principais causas:
Gastroenterites,
Diverticulite.
Nas mulheres com dor no quadrante inferior esquerdo, problemas nos ovários e uma possível gravidez ectópica devem sempre ser lembrados.
Apendicite, quais os perigos?
Para uma localização e diagnóstico mais adequado da causa da dor abdominal, divide-se o abdómen em 4 quadrantes, conforme descrito na imagem seguinte:
Apendicite
A apendicite é uma doença comum causada pela infeção do apêndice. Afeta cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.
Apêndice o que é? Onde se localiza?
Localização do apêndice e órgãos próximos
O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pélvis.
Localização do #apêndice
Sintomas da apendicite
O sintomas da apendicite nem sempre se manifestam do lado direito do abdómen. Assim de seguida descrevo os diversos cenários de sintomatologia associada à apendicite.
Dor abdominal típica:
A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen;
Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )
Dor abdominal atípica:
Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.
Dor abdominal do lado esquerdo:
Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdómen em posição oposta à habitualmente esperada).
Endurecimento da parede do abdómen
Enjoos ( em 90% dos casos )
Vómitos ( em 90% dos casos )
Perda do apetite ( em 90% dos casos )
Febre
A febre é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
Diarreia
Prisão de ventre
Distensão abdominal
Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.
Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.
Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são a dor abdominal, os vómitos e perda do apetite.
Sintomas em bebés, crianças e adolescentes
O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.
Crianças entre 5 e os 12 anos (sintomas)
Assim como nos adultos, a dor de barriga e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor no quadrante inferior direito do abdómen – 82%
Náuseas – 79%
Perda do apetite – 75%
Vómitos – 66%
Febre – 47%
Diarreia- 16%
Crianças de 1 a 5 anos de idade
A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.
A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdómen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor abdominal – 94%
Febre – 90%
Vômitos – 83%
Dor à descompressão – 81%
Perda do apetite – 74%
Rigidez abdominal – 72%
Diarreia- 46%
A distensão abdominal – 35%
Bebés ou crianças com menos de 1 ano
Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.
Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Distensão abdominal – 75%
Vómitos – 42%
Perda do apetite – 40%
Dor abdominal – 38%
Febre – 33%
Inflamação da parede abdominal – 24%
Irritabilidade ou letargia – 24%
Dificuldade respiratória – 15%
Massa abdominal – 12%
Sangramento nas fezes – 10%
Tratamento para a apendicite
O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.
Procedimento usa técnicas de Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional
Concluindo
O nosso corpo é uma “máquina extraordinária” com mecanismos que nos alertam quando algo está errado e pode vir a ser potencialmente perigoso e ás vezes fatal! As dores são o melhor e mais forte exemplo desse mecanismo de defesa. Conheça melhor o seu corpo, preste atenção aos seus sinais porque quase sempre significam um pedido de ajuda para evitar a queda num “precipício” com consequências graves para a sua saúde!
Fique bem!
Franklim Fernandes
Referências:
Dr. Houman Danesh, do Hospital Mt. Sinai, em Nova Iorque;
Dr. Pedro Pinheiro, especialista em Medicina Interna e Nefrologista. Títulos reconhecidos pela Universidade do Porto e pelo Colégio Português de Nefrologia.
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Dor de garganta quais as causas? Viral ou bacteriana? Quais os perigos incluindo para o coração? Qual o melhor tratamento? Faringite, laringite e amigdalite, quais as diferenças? São imensas as “pastilhas” que existem para tratar a dor de garganta! Este artigo pretende ser uma ferramenta útil para estar informado sobre a melhor escolha para cada caso… porque as dores de garganta não são todas iguais e algumas podem ser mais graves que outras!
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
Dor de garganta, o que é?
Causas crónicas da dor de garganta, quais são?
Faringite, laringite e amigdalite, quais as diferenças?
Quanto tempo dura?
Riscos e perigos porque deve ter cuidado?
Viral ou bacteriana?
Vírus e bactérias envolvidos, quais são?
Amigdalite o que é?
Causas da amigdalite quais são?
Tratamento da amigdalite qual o melhor?
Origem viral ou bacteriana?
Causas crónicas da dor de garganta quais são?
Medicamentos podem causar dor de garganta?
Sintomas associados à dor de garganta quais são?
Qual a diferença entre rouquidão e laringite?
Quais os sintomas graves de laringite nas crianças e latentes?
Quais os sintomas das dores de garganta graves?
Quais os grupos de risco?
Como tratar a dor de garganta?
Quais os tratamentos não farmacológicos?
Quais os tratamentos farmacológicos?
Quais as marcas de partilhas para a garganta mais utilizadas? E os preços?
Quais as que têm ação antibiótica, anti-inflamatória, antissética e anestésica?
Afinal quais são as melhores pastilhas para a dor de garganta?
A “dor de garganta” é caracterizada por picadas e dor ao deglutir os alimentos ou apenas a saliva. Normalmente não perturba de forma significativa a vida do doente embora em alguns casos se possa associar a dor de cabeça e mal-estar geral.
Cerca de 90% das dores de garganta apresentadas na Farmácia são de origem viral e resolvem-se naturalmente no espaço de 7 dias apenas com hidratação e toma de analgésicos e anti-inflamatórios locais ou sistémicos.
Os restantes 10% dos casos de dor de garganta são geralmente causados por:
Entre as causas crónicas de dor de garganta destacam-se as seguintes:
Alterações na respiração quando esta se faz mais pela boca do que pelo nariz o que origina a secura as mucosas da garganta;
Faringite crónica atrófica;
Reduzida ingestão de líquidos e atrofia glandular, principalmente nos idosos;
Refluxo esofágico;
Contacto com substâncias irritantes como o fumo do tabaco, solventes e corpos estranhos;
Inalação de corticoides;
Alguns medicamentos como anti-histamínicos, diuréticos, antidepressivos, e anti parkinsónicos.
Faringite Laringite e Amigdalite
As diferenças entre amigdalite, faringite e laringite estão na localização em que a inflamação ocorre na garganta e nos sintomas que elas manifestam. Assim temos:
Amigdalite é uma inflamação nas amígdalas;
Faringite é uma inflamação na faringe;
Laringite é uma inflamação na laringe.
Duração de uma crise
Sem tratamento normalmente dura entre 3 a 7 dias.
Riscos da infeção de garganta
Em alguns casos a infeção de garganta pode causar as seguintes patologias:
Dores de garganta, como faringites e amidalites, mal curadas, podem causar febre reumática que é uma reação do organismo a infeções causadas por bactérias estreptococos beta-hemolíticos do grupo A.
Como consequência da febre reumática podem ocorrer os seguintes problemas de saúde:
Dores nas articulações;
Coreia de Sydenham (distúrbio neurológico que causa movimentos involuntários e abruptos principalmente nas extremidades e na face). Também conhecida por Coreia reumática de Sydenham ou a dança de São Vito sendo um distúrbio neurológico afeta a coordenação motora de 20 a 40% dos portadores de febre reumática, principalmente entre meninas e/ou crianças e adolescentes;
Reações dermatológicas como manchas avermelhadas (eritema);
Doença cardíaca.
Doença cardíaca
A febre reumática não é a única maneira da dor de garganta evoluir para um problema cardíaco, mas é a mais importante. Uma dor de garganta pode ser causada por bactérias, vírus e fungos, que ao entrarem na circulação sanguínea, podem-se alojar no coração e originar lesões cardíacas.
Dos doentes com infeções de garganta oriundas de estreptococos beta-hemolíticos grupo A, apenas cerca de 0,3% dos casos desenvolvem a febre reumática aguda e destes um terço apresentam cardiopatia reumática.
Doenças cardíacas com origem em dores/infeções de garganta podem afetar qualquer pessoa, mas na infância e nas pessoas imunodeprimidas, regista-se maior prevalência. Por isso, a melhor maneira de diagnosticar se a febre reumática causou algum dano ao coração é através de um ecocardiograma transtoráxico.
As bactérias que afetam a garganta podem alterar algumas estruturas do coração como as válvulas cardíacas mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar.
Válvulas cardíacas
As válvulas cardíacas regulam o fluxo sanguíneo através das quatro câmaras do coração – duas câmaras circulares pequenas superiores (átrios) e duas câmaras maiores em formato de cone inferiores (ventrículos). Cada ventrículo tem uma válvula de entrada e outra de saída. Cada válvula é composta por abas (cúspides ou folhetos) que se abrem e fecham como portas de um só sentido.
No ventrículo direito, a válvula de entrada é a válvula tricúspide, que se abre desde o átrio direito, e a válvula de saída é a válvula pulmonar, que se abre para a artéria pulmonar.
Lesões cardíacas graves
As válvulas são danificadas e podem ficar muito fechadas, o que se denomina estenose ou podem ficar muito abertas, como nos casos das insuficiências. Se o comprometimento severo dessas válvulas acontecer é recomendável operar restaurando a válvula (valvuloplastia) ou substituindo-a por uma prótese.
Prevenção de doença cardíaca
Dores de garganta são infeções comuns, mas é preciso tomar as devidas precauções para evitar que evoluam para uma patologia mais grave. A medida mais eficaz para prevenir as infeções bacterianas de garganta por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, é a administração de antibióticos e a extração da amídala, em casos extremos.
Faringite o que é?
A faringe é a parede localizada no final da boca. A faringite normalmente é causada por vírus ou bactérias, sendo a infecção viral a mais comum. Também pode ter como causas a sinusite e refluxo gastroesofágico.
Faringite viral ou bacteriana ?
A faringite, na maior parte dos casos é de origem viral ( 80 a 90% ) pelo que não devem ser usados antibióticos porque são ineficazes e fragilizam o nosso sistema imunitário.
Sintomas da faringite
Os sintomas são semelhantes nas faringites virais e bacterianas e incluem:
Dor de garganta
Dificuldade em engolir.
A membrana mucosa que reveste a faringe pode estar inflamada e coberta por uma membrana branca ou por pus se for de origem bacteriana.
Neste caso de origem bacteriana é habitual ocorrer:
Febre
Inflamação dos gânglios linfáticos do pescoço.
As faringites podem complicar-se, causando infeções como otite, sinusite ou com formação de abcesso em torno das amígdalas.
Diagnostico da Faringite
O exame médico, em muitos casos, permite a realização do diagnóstico da faringite.
Em alguns casos, recomenda-se a colheita de exsudado da garganta que será enviado para o laboratório com o propósito de se identificar a causa da faringite.
Poderão, ainda, ser solicitadas análises ao sangue, onde se poderá detetar, por exemplo, uma contagem elevada de glóbulos brancos, sugestiva de processo inflamatório e/ou infecioso.
Tratamento da Faringite
Os sintomas podem ser aliviados recorrendo a analgésicos, pastilhas para a garganta ou gargarejos de água morna com sal.
É importante não esquecer que a crianças ou adolescentes com menos de 18 anos não deve ser administrada aspirina porque pode provocar a síndroma de Reye, que corresponde a uma doença muito grave, de rápida progressão e frequentemente fatal, que atinge o cérebro e o fígado.
Os antibióticos não têm interesse se a infeção for viral, mas serão receitados se o médico suspeitar que a infeção tem uma origem bacteriana. Caso contrário, não se administram antibióticos até que as análises de laboratório tenham confirmado um diagnóstico de faringite bacteriana.
Se as análises indicarem que a faringite é provocada por uma infeção estreptocócica, o antibiótico mais indicado é a penicilina. Em caso de alergia à penicilina, existem antibióticos alternativos como a eritromicina.
Vírus que causam a dor de garganta
Alguns dos mais importantes originam a faringite virica, tais como:
Vírus Coxsackie
Vírus Gingivitis herpética
Vírus da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes chamado vírus Epstein-Barr (EBV), transmitido através da saliva. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens e os sintomas habituais são febre, dor de garganta e aumento do volume dos gânglios linfáticos.
Bactérias que causam a dor de garganta
A mais comum e significativa origina a faringite estreptocócica, a saber:
Estreptococos beta-hemolíticos do grupo A ( por exemplo a amigdalite bacteriana )
Prevenir a Faringite
Os microrganismos virais e bacterianos que causam faringite são contagiosos. Como tal, a melhor prevenção é uma boa higiene:
lavar as mãos regularmente, sobretudo depois de utilizar instalações sanitárias, antes e depois de comer e sempre que se espirra ou tosse;
não partilhar alimentos, copos ou talheres;
tossir ou espirrar para um lenço de papel que deve ser eliminado;
recorrer a soluções alcoólicas para lavar as mãos sempre que não exista disponibilidade de água e sabonete;
evitar tocar em telefones públicos ou beber água de fontes públicas;
limpar regularmente telefones, comandos remotos e teclados de computador com soluções desinfetantes;
fazer o mesmo sempre que se viaja;
evitar contacto próximo com pessoas que estejam doentes.
É também importante permanecer em casa em dias com maior índice de poluição, utilizar máscaras quando se fazem limpezas para se evitar a inalação de partículas de pó, deixar de fumar e evitar a exposição a fumo de tabaco, bem como utilizar humidificadores em casa se o ar for muito seco.
Laringite o que é?
A laringe faz a ligação entre a faringe a traqueia e é onde estão localizadas as cordas vocais. A maioria das laringites são causadas por vírus ou esforço vocal excessivo. Outras causas de laringite incluem:
Abuso de bebidas alcoólicas;
Sinusites recorrentes;
Tabagismo;
Fumaças;
Refluxo gastroesofágico;
Substâncias alérgicas.
Sintomas de Laringite
Rouquidão;
Dor na garganta;
Tosse seca.
Amigdalite o que é?
A amigdalite é a inflamação e o inchaço nas amígdalas. Amígdalas são gânglios linfáticos localizados na parte superior da garganta e na parte de trás da boca. Elas ajudam a manter bactérias e outros germes longe de locais em que possam causar infeções.
Comparação entre uma garganta normal e com amigdalite. As amígdalas são gânglios linfáticos
Causas da amigdalite
Amigdalite é geralmente causada por vírus, mas também pode haver infeção bacteriana. A bactéria mais comum entre as causas de amigdalite é a Streptococcus pyogenes, mais conhecida como estreptococo do grupo A, também responsável por exemplo pela faringite. Outras bactérias também podem estar envolvidas no desenvolvimento da doença.
Sintomas da amigdalite
Amígdalas inchadas e vermelhas
Manchas brancas ou amareladas nas amígdalas
Dor de garganta
Dificuldade e dor ao engolir
Febre
Nódulos linfáticos no pescoço
Voz rouca
Dor de estômago, especialmente em crianças pequenas
Mau hálito
Dor de cabeça
Pescoço rígido.
Tratamento da amigdalite
Se uma bactéria como uma estreptocócica for a causa da amigdalite, serão receitados antibióticos para curar a infeção. Os antibióticos podem ser ministrados por injeção ou por via oral durante dez dias.
Além disso aconselham-se as seguintes medidas:
Repouso
Beber líquidos leves, frios ou mornos (não quentes)
Fazer gargarejos com água morna salgada
Usar pastilhas para reduzir a dor (as pastilhas não devem ser usadas em crianças porque podem causar engasgamento)
Tomar medicamentos vendidos sem receita para reduzir a dor e a febre. NÃO dê aspirina a crianças. A aspirina está associada a casos de síndrome de Reye
Humidificar o ar para, assim evitar a irritação na garganta.
Diagnóstico: vírica ou bacteriana?
Como sabemos se a dor de garganta é de origem vírica ou bacteriana?
A dor de garganta de origem bacteriana mais comum (faringite estreptocócica) geralmente tem alguns sintomas mais agressivos, tais como :
Febre superior a 38,3⁰C
Placas brancas purulentas na garganta
Adenopatias ( aumento de tamanho de alguns gânglios linfáticos por exemplo situados do pescoço )
Gânglios linfáticos do pescoço inflamados
Sintomas da dor de garganta vírica
Associada a uma constipação
Não há febre alta
Não existem placas brancas na garganta
A infeção vírica é o mais habitual em 80% dos casos de dor de garganta.
Causas crónicas da dor de garganta
Algumas das causas crónicas da dor de garganta são as seguintes:
Alterações na respiração pela boca
Faringite crónica atrófica
Reduzida ingestão de líquidos ( por exemplo nos idosos )
Atrofia glandular
Refluxo esofágico
Substâncias irritantes ( por exemplo o fumo do tabaco )
Medicamentos podem causar dor de garganta?
Alguns medicamentos de facto podem causar dor de garganta, a saber:
Corticoides inalados ( por exemplo para a asma )
Anti-histamínicos ( por exemplo para alergias e congestão nasal )
Diuréticos
Antidepressivos
Anti parkinsónicos
Sintomas associados à dor de garganta
Num quadro mais amplo os seguintes sintomas aparecem muitas vezes associados à dor de garganta:
Constipação
Catarro
Tosse
Rouquidão
Rouquidão e laringite, diferenças
A rouquidão :
É causada pela inflamação das cordas vocais na laringe
Pode prolongar-se vários dias ou semanas
Necessita de descansar a voz
Geralmente a dor de garganta é de intensidade moderada ou inexistente
A laringite :
Geralmente causada por uma infeção viral localizada na laringe
Normalmente associada a dor de garganta
Passa em poucos dias
Normalmente não precisa de apoio médico
Localização anatómica da faringe e da laringe
Sintomas graves de laringite, nas crianças e latentes
Alguns sintomas nas crianças e lactentes necessitam de encaminhamento para o médico, a saber:
Tosse ferina ( Coqueluche ) – é uma infeção causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. Essa doença é caracterizada por febre e tosse seca. Hoje em dia, a tosse ferina, ou coqueluche, é pouco frequente no mundo, graças às vacinas específicas contra a doença. O problema é altamente contagioso e evolui entre 4 a 6 semanas. Essa doença é típica do inverno e pode atacar as crianças já nas primeiras semanas de vida.
Dificuldades respiratórias
Estridor – O estridor é um som semelhante ao grasnar e é predominantemente inspiratório; é consequência de uma obstrução parcial da garganta (faringe), da caixa dos órgãos da fonação (laringe) ou da traqueia.
A intensidade do estridor costuma ser suficiente para se poder ouvir a certa distância, mas por vezes pode ser percetível só durante uma respiração profunda. O som é provocado por uma corrente de ar turbulenta através de uma via aérea superior que se estreitou.
Nas crianças, a causa pode ser uma infeção da epiglote ou a aspiração de um corpo estranho.
Nos adultos, pode tratar-se de um tumor, de um abcesso, de uma tumefação (edema) da via aérea superior ou de um mau funcionamento das cordas vocais.
O estridor pode ser um sintoma de uma afeção potencialmente mortal, que requer atenção urgente. Nesses casos, introduz-se um tubo através da boca ou do nariz (intubação traqueal) ou diretamente na traqueia (traqueotomia) para permitir que o ar ultrapasse a obstrução e assim salvar a vida da pessoa.
Sintomas graves!
Disfagia ao deglutir– O termo disfagia pode referir-se tanto à dificuldade de iniciar a deglutição (geralmente denominada disfagia orofaríngea) quanto à sensação de que alimentos sólidos e/ou líquidos estão retidos de algum modo na sua passagem da boca para o estômago (geralmente denominada disfagia esofágica).
Disfagia, portanto, é a perceção de que há um impedimento para engolir.
Dificuldade respiratória
Febre superior a 38,3⁰C
Gânglios linfáticos inflamados ou sensíveis no pescoço
Exsudado faríngeo ou das amígdalas
Doentes de risco para apoio médico imediato
Alguns grupos de doentes têm um risco acrescido de complicações pelo que devem ser de imediato consultados pelo médico se apresentarem dores de garganta. Os principais grupos de risco são:
Doentes crónicos
Doentes com febre reumática
Imunodeprimidos
VIH positivos
Diabéticos
Em tratamento quimioterápico
Tratamentos da dor de garganta
Como tratar a dor de garganta ? Existem tratamentos não farmacológicos e também medicamentos para ajudar
Tratamentos não farmacológicos
Evitar irritantes da faringe:
Tabaco
Bebidas muito quentes ou frias
Alimentos ásperos que podem “arranhar” a garganta ao serem deglutidos
Ingerir líquidos abundantemente, sobretudo nas crianças, para uma hidratação adequada, até que a urina fique de cor amarelo claro ou transparente
Gargarejar com água morna salgada 4xdia
Usar rebuçados sem açúcar, excepto nas crianças por risco de engasgamento
Lavar as mãos com frequência para evitar o contágio
Tapar a boca ao tossir para evitar contágio
Usar aerossóis de hidratação para reduzir a secura da garganta
Evitar mudança de ambientes quentes para ambientes frios porque a contração dos vasos sanguíneos provocada pelo frio diminui a irrigação sanguínea na garganta, dificultando a chegada de leucócitos para combater o vírus ou a bactéria.
Evitar o ar-condicionado porque, tendencialmente, seca o ambiente
Tratamentos farmacológicos
Mecanismo de acção do flurbiprofeno que tem acção anti-inflamatória
Anti-inflamatórios locais
Descrevo alguns dos anti-inflamatórios que podem ser comprados sem receita médica:
Flurbiprofeno 8,75mg, pastilhas, chupar cada 3 a 4 horas, máximo 5xdia
Benzidamida 3mg, pastilhas, chupar 3xdia
Antissépticos locais
Descrevo alguns dos antissépticos que podem ser comprados sem receita médica:
Clorhexidina 3mg, pastilhas, chupar 4xdia
Hexetidina 2mg/ml ou 1mg/ml, spray solução, 1-2 aplicações, 4xdia
Álcool diclorobenzílico 1,2mg/Amilmetacresol 0,6mg pastilhas, cada 1-2 horas
Cetilpiridínio 1mg, pastilhas, cada 1-2 horas
Cloreto de dequalínio 0,25mg, comp. Bucais, cada 2h, máximo 8xdia
Brometo de domifeno 0,5mg, comprimidos orodispersiveis, máx. 8xdia
Iodeto de tibezónio, 5mg, 0,5ml, pastilhas, solução 6xdia
Amilmetacresol 0,6mg, pastilhas
Antibióticos locais
Descrevo um dos poucos que pode ser comprado sem receita médica, pois tem uma ação antibiótica local muito limitada. A saber:
A tirotricina (Hydrotricine®) fundamenta a sua atividade na aplicação das propriedades antibióticas, solubilizada e superativada, para o tratamento das doenças da boca e da faringe.
Exerce sobre os germes responsáveis pelas afeções da
boca e garganta uma ação inibidora e bactericida. A apresentação na forma de pastilhas tem a vantagem de permitir pôr a mucosa bucal em contacto com uma forte concentração de tirotricina permitindo a obtenção de um efeito terapêutico rápido.
Anestésicos locais
Benzocaína
Oxibuprocaina
Tetracaína
Medicamentos de ação sistémica
Estes são medicamentos de ação sistémica que necessitam regra geral de receita médica. A saber:
Paracetamol500-1000mg, 3xdia ( 8/8h ). A partir dos 6 anos de idade já pode aplicar-se um supositório de 500mg, no máximo de 8/8h, durante 2 a 3 dias. Nos adultos a dosagem eficaz é de 1000mg de 8/8h durante 2 a 3 dias. Tem um efeito analgésico (diminui a dor) e antipirético (diminui a febre). Não tem efeito anti-inflamatório.
Ibuprofeno, 400-600mg, 2-3xdia ( 400mg de 8/8h ou 600mg de 12/12h ). O ibuprofeno tem efeito anti-inflamatório ( diminui a inflamação ), analgésico ( diminui a dor ) e antipirético ( diminui a febre ).
Antibióticos de ação sistémica
Estes antibióticos são sempre vendidos obrigatoriamente com apresentação de uma prescrição médica. A sua escolha depende obviamente do diagnóstico do médico que tenta descobrir qual a bactéria que está na origem da infeção, gravidade, evidencia clínica de resistência anterior do doente a certos antibióticos , etc.
Os mais usuais na prescrição ambulatória são os seguintes:
Amoxicilna
Amoxicilina + ácido clavulânico
Claritromicina
Azitromicina
Penicilina injectável
Cefuroxima
Marcas de pastilhas mais conhecidas?
Mebocaína® forte 24 pastilhas
Mebocaína® anti-inflam 20 comprimidos de chupar
Strepfen® 24 pastilhas
Strepsils® 24 pastilhas
Tantum verde® 20 pastilhas
Drill® 24 pastilhas
Hydrotricine® 24 pastilhas
Tabela das pastilhas mais utilizadas para a dor de garganta e respetivas ações terapêuticas.
Os preços são meramente indicativos e podem não estar atualizados.
Concluindo
Afinal quais são as melhores pastilhas para a garganta ?
A escolha mais adequada depende da origem viral ou bacteriana da dor de garganta.
Dor de garganta de origem viral:
É a mais comum ( cerca de 80% dos casos ) sendo neste caso indicada uma acção anti-inflamatória e analgésica, complementada por uma acção anestésica se a dor for muito forte, por exemplo:
Mebocaína® anti-inflam
Strepfen®
Dor de garganta de origem bacteriana:
É muito menos frequente, sendo neste caso indicada uma acção antibiótica, antissética, complementada por uma acção anestésica se a dor for muito intensa, por exemplo:
Mebocaína® forte
Hydrotricine®
E pronto… 🙂 depois de tanta coisa dita sobre dor de garganta, sabemos que vai ficar muito mais fácil tratar e até escolher o tratamento mais adequado com a ajuda….claro… do seu médico ou farmacêutico!
Fique bem
Franklim A. Moura Fernandes
As cinco grandes mentiras sobre saúde
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Pedra no rim ou calculo renal… toda a verdade! Como prevenir? Quais as causas de pedra nos rins sintomas e como eliminar? O que não posso comer? Como tratar? Tudo o que não sabe neste artigo com a ajuda da Associação Portuguesa de Urologia.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
Pedras ou cálculos no aparelho urinário: O que são?
Qual a anatomia do aparelho urinário?
Cálculos renias: Como se formam?
Pedra no rim: Qual a composição?
Quais as alterações metanólicas que podem levar à formação de cálculos urinários?
Que tipos de cálculos urinários existem?
Quais os perigos da manutenção dos cálculos no aparelho urinário?
Pedra no rim: Quais os factores de risco?
Deve diminuir-se o consumo de cálcio na alimentação?
Deve ou não evitar-se os suplementos com cálcio?
Quais os sintomas de pedra no rim?
Cólica renal: Quais as fases?
Como tratar a pedra no rim?
Quais as medidas para prevenção da pedra no rim?
Qual o tratamento para os diferentes tipos de calculos?
Qual a lista de alimentos a evitar?
Pedra no rim ou cálculos no aparelho urinário
A pedra no rim, também conhecida como cálculo renalou litíase renal, é uma doença muito comum, causada pela cristalização de sais mineiras presentes na urina. A crise de cólica renal é um dos eventos mais dolorosos que um paciente pode experimentar durante a vida. A dor causada pelo cálculo renal é muitas vezes descrita como sendo pior do que a de um parto, fractura óssea, ferimentos por arma de fogo ou queimaduras.
Anatomia do aparelho urinário
Neste tema é essencial conhecer um pouco da anatomia do aparelho urinário para se perceber melhor os sintomas e perigos desta condição de saúde.
Cálculos renais como se formam?
A pedra no rim é uma formação sólida composta por minerais que surge dentro dos rins. Mais de 70% das pedras são compostas por sais de cálcio, como oxalato de cálcio e fosfato de cálcio. Também existem cálculos à base de ácido úrico, estruvita (magnésio + amônia + fosfato) e cistina.
Entender a formação das pedras é simples. Imaginem um copo cheio de água clara e transparente. Se colocarmos um pouco de sal, este se diluirá e tornará a água um pouco turva. Se continuarmos a deitar sal no copo, a água ficará cada vez menos clara, até ao ponto em que o sal começará a precipitar-se (acumular-se) no fundo do copo. A precipitação acontece quando a água fica saturada com sal, isto é, a quantidade de água presente já não é suficiente para diluir o sal.
Este é o princípio da formação dos cálculos. Quando a quantidade de água na urina não é suficiente para dissolver todos os sais presentes na mesma, estes retornam à sua forma sólida e precipitam nas vias urinárias. Os sais precipitados na urina tendem a aglomerar-se, formando, com o passar do tempo, as pedras.
Esta precipitação dos sais presentes na urina ocorre basicamente por dois motivos:
Falta de água para diluir
Excesso de sais para serem diluídos
A maioria dos casos de cálculos renais ocorre por falta de água para diluir a urina adequadamente, tendo como origem a pouca ingestão de líquidos. Porém, há um grupo de pacientes que mesmo bebendo bastante água ao longo do dia continua a formar pedras. São as pessoas com alterações na composição natural da urina, apresentando excesso de sais minerais, em geral, excesso de cálcio. A quantidade de cálcio na urina é tão grande que mesmo com um boa ingestão de água este ainda consegue precipitar-se.
Composição da pedra no rim
A litíase urinária, também designada por urolitíase é uma doença que se deve à formação de cálculos, vulgarmente denominados “pedras”, no aparelho urinário. Os cálculos urinários são estruturas sólidas que resultam da aglomeração de cristais. Estes, por sua vez, formam-se devido a uma alteração metabólica (bioquímica) crónica do organismo que determina um aumento da excreção urinária de substâncias promotoras da formação de cálculos, tais como:
Cálcio
Ácido úrico
Oxalato
Fosfato
Pode também acontecer em simultâneo ou não uma diminuição da excreção de substâncias inibidores da cristalização (por exemplo o citrato e magnésio).
Causas e alterações metabólicas
As alterações metabólicas mais frequentes que podem criar condições para a formação de cálculos são:
Aumento da excreção urinária de cálcio (hipercalciúria)
Aumento da excreção urinária de ácido úrico (hiperuricosúria)
Aumento da excreção urinária de oxalato (hiperoxalúria)
Diminuição da excreção urinária de citrato (hipocitratúria)
Diminuição da excreção urinária magnésio (hipomagnesiúria)
Tipos de cálculos urinários
A composição química dos cristais determina o tipo de cálculo formado. Deste modo, existem vários tipos de cálculos, nomeadamente:
Oxalato de cálcio (60%),
Oxalato de cálcio associado a fosfato de cálcio (20%),
Ácido úrico (8%),
Estruvite (8%),
Fosfato de cálcio (2%),
Cistina e outros componentes (2%).
Consequências e perigos no aparelho urinário
A permanência de cálculos no aparelho urinário pode não causar qualquer sintoma ou, pelo contrário, desencadear sintomas muito intensos, nomeadamente a cólica renal e complicações clínicas graves, que podem terminar em insuficiência renal crónica.
Aproximadamente uma em cada 100 pessoas desenvolve cálculos urinários ao longo da vida. Cerca de 80% destas pessoas eliminam a pedra espontaneamente, juntamente com a urina. Os 20% restantes necessitam de alguma forma de tratamento.
Factores de risco mais comuns
Ter água suficiente na urina é essencial para prevenir a formação de cálculos. Os doentes que costumam desenvolver cálculos bebem, em média, menos 300 a 500 ml de água por dia quando comparados com pessoas que nunca tiveram pedra nos rins. Pessoas que vivem em países de clima tropical ou trabalham em locais muitos quentes devem procurar se manter sempre bem hidratadas para evitar a produção de uma urina muito concentrada.
Excesso de vitamina C aumenta a excreção renal de oxalato, aumentando o risco de pedras de oxalato de cálcio.
Pessoas que já tiveram pelo menos um episódio de cálculo renal ou que tenham história familiar de pedra no rim devem urinar pelo menos 2 litros por dia. Como ninguém vai recolher urina o dia inteiro para medir o volume, uma dica é acompanhar a cor da urina. Uma urina bem diluída tem odor fraco e coloração clara, quase transparente. Se a sua urina está muito amarelada, isto indica desidratação.
Em relação à dieta, existem alguns hábitos que podem aumentar a incidência de pedras nos rins, principalmente se o doente já tiver concentrações de cálcio na urina mais elevadas que a média da população. Dietas ricas em sal, proteínas e açúcares são fatores de risco.
Outros fatores de risco
Entre os diversos factores de risco para o surgimento de cálculos renais destacam-se ainda os seguintes:
Obesidade,
Idade acima de 40 anos,
Hipertensão,
Gota,
Diabetes,
Sexo masculino
Aumento de peso muito rápido.
Medicamentos como fatores de risco
Várias medicações podem ter como efeito colateral a formação de pedra. Os mais comuns incluem:
Indinavir,
Atazanavir,
Guaifenesina,
Triantereno,
Silicato e drogas à base de sulfonamidas,
Sulfassalazina,
Sulfadiazina.
Consumo de cálcio na alimentação e suplementos de cálcio
Curiosamente, apesar da maioria dos cálculos serem compostos de cálcio e surgirem por excesso de cálcio na urina, não há necessidade de restringir o consumo do mesmo na dieta mas sim aumentar a ingestão de água para niveis saudáveis (1,5 a 2 litros/dia). A restrição, aliás, pode ser prejudicial. Se está a perder cálcio em excesso na urina e não o repõe com a dieta, o seu organismo vai buscar o cálcio que precisa aos ossos, podendo levar à osteoporose precoce. O único cuidado deve ser com os suplementos de cálcio, já que o consumo destes, principalmente quando em jejum, parece aumentar o risco de pedra nos rins.
Sintomas da pedra no rim
Muitos pacientes possuem pedras nos seus rins e não apresentam sintomas. Se a pedra se formar dentro do rim e ficar parada dentro do mesmo, o paciente pode ficar anos assintomático. Muitas pessoas descobrem o cálculo renal por acaso, durante um exame de imagem abdominal, como ultrassom ou tomografia computadorizada, solicitados por qualquer outro motivo.
Pedras muito pequenas, menores que 3 milímetros (0,3 centímetros), podem percorrer todo o sistema urinário e serem eliminadas na urina sem provocar maiores sintomas. O paciente começa a urinar e de repente nota que caiu uma pedrinha na sanita.
O sintoma clássico do cálculo renal, chamado cólica renal, surge quando uma pedra de pelo menos 4 mm (0,4 cm) fica impactada em algum ponto do ureter (tubo que leva a urina do rim à bexiga), causando obstrução e dilatação do sistema urinário.
A cólica renal é habitualmente uma fortíssima dor lombar, que costuma ser a pior dor que o paciente já teve na vida. A cólica renal deixa o paciente inquieto, procurando em vão uma posição que lhe proporcione alívio. Ao contrário das dores da coluna, que melhoram com o repouso e pioram com o movimento, a cólica renal dói intensamente. Por vezes, a dor é tão intensa que vem acompanhada de náuseas e vômitos. Sangue na urina é frequente e ocorre por lesão direta do cálculo no ureter.
Cólica renal quais as fases?
A cólica renal costuma ter três fases: 1. A dor inicia-se subitamente e atinge o pico de intensidade em mais ou menos 1 ou 2 horas. 2. Após atingir o máximo de intensidade, a dor da cólica renal permanece assim por mais 1 a 4 horas, em média, deixando o paciente “enlouquecido” de dor. 3 A dor começa a aliviar espontaneamente e ao longo de mais 2 horas tende a desaparecer.
Em alguns desafortunados, o processo todo chega a durar mais de 12 horas, caso o mesmo não procure atendimento médico.
Se a pedra ficar impactada na metade inferior do ureter, a cólica renal pode irradiar para a perna, grandes lábios ou testículos. Também é possível que a pedra consiga atravessar todo o ureter, ficando impactada somente na uretra, que é o ponto de menor diâmetro do sistema urinário. Neste caso a dor ocorre na região pélvica e vem acompanhada de ardência ao urinar e sangramento. Muitas vezes o paciente consegue reconhecer que há uma pedra na sua uretra, na iminência de sair.
Geralmente, pedras menores que 0,5 cm costumam sair espontaneamente pela urina. As que medem entre 0,5 e 0,8 cm têm dificuldade em ser expelidas. Podem até sair, mas custam muito. Cálculos maiores que 0,9 cm são grandes demais e não passam pelo sistema urinário, sendo necessária uma intervenção médica para eliminá-los.
Estes cálculos grandes podem ficar impactados no ureter, provocando uma obstrução à drenagem da urina e consequente dilatação do rim, a qual damos o nome de hidronefrose. A urina não consegue ultrapassar a obstrução e acaba ficando retida dentro do rim. As hidronefroses graves devem ser corrigidas o quanto antes, pois quanto maior o tempo de obstrução, maiores as probabilidades de lesões irreversíveis do rim obstruído.
Tratamento da litíase urinária
O tratamento da litíase urinária é efectuado em três fases, a saber:
Inicialmente é necessário o tratamento urgente para alívio da dor (cólica renal).
Posteriormente é efectuado o tratamento da litíase propriamente dita, com remoção do(s) cálculo(s).
A última fase consiste no tratamento profiláctico ou preventivo da formação de novos cálculos, que deve ser feito para o resto da vida.
Qual a importância da prevenção e tratamento médico da litíase urinária?
Como a formação dos cálculos urinários se deve a uma disfunção metabólica crónica, uma vez formado um primeiro cálculo, a pessoa estará sempre susceptível à formação de novos cálculos (mesmo que o primeiro seja removido).
Estima-se que cerca de 50% dos doentes não tratados, a quem foi diagnosticado um cálculo urinário, irá desenvolver um novo cálculo nos próximos 5 a 10 anos. Daí a grande importância de medidas de prevenção e tratamento médico, com as quais é possível reduzir, em mais de 80% dos doentes, o crescimento de cálculos já existentes, e a formação de novos cálculos.
Prevenção
A prevenção da formação de novos cálculos engloba medidas gerais recomendadas a todos os doentes com litíase e o tratamento medicamentoso específico para um doente a quem foi detectada uma alteração metabólica responsável pela formação de um determinado tipo de cálculo urinário.
Após o primeiro diagnóstico de litíase urinária, e antes de tomar qualquer medida preventiva, o doente deve consultar o médico urologista. Em consulta, é efectuada uma avaliação clínica para determinar qual o tipo de cálculo formado e a alteração metabólica em causa. De acordo com os dados obtidos são requisitados um conjunto de exames, ao sangue e à urina que, no seu conjunto, se designam por avaliação ou estudo metabólico. É possível fazer um diagnóstico específico da alteração metabólica em 97% dos casos.
Composição do cálculo renal
A constituição química do cálculo só pode ser diagnosticada definitivamente mediante a análise bioquímica do cálculo urinário, pelo que se o cálculo foi removido será enviado para análise. Se não foi removido, o doente deverá ser instruído sobre das técnicas para recuperação do cálculo que eventualmente eliminará. Por exemplo, urinar para um passador ou para um filtro de papel. Quando for recuperado, o cálculo deve ser guardado num frasco a seco (não em água, álcool ou qualquer outro líquido).
Concluída esta avaliação clínica o urologista está em condições de indicar se apenas medidas gerais são suficientes ou se é necessário associar o tratamento específico, para prevenção da formação de novos cálculos.
Prevenção da litíase urinária
As medidas gerais de prevenção da litíase consistem:
Aumento da ingestão de líquidos
Alterações gerais na alimentação
Aumento da ingestão de líquidos
Os doentes devem beber cerca de 2 litros de líquidos por dia (3 litros em dias de maior calor) para tornar a urina menos concentrada e dificultar a formação de novos cálculos. Todavia, não é qualquer tipo de líquido que pode ser ingerido. Os mais recomendados são:
Água
Sumo de laranja
Sumo de limão
Sumo de maça
Líquidos a evitar
Os líquidos a evitar para prevenir crises são os seguintes:
Chá preto
Café
Refrigerantes à base de cola (Ex: Coca-cola®, Pepsi®)
É a medida mais importante pois na ausência de qualquer outro tratamento pode diminuir a formação de litíase em cerca de 60 % dos doentes.
Alimentos a evitar se tem pedra nos rins
As recomendações que se seguem podem ser feitas pelo médico urologista a todos os doentes com litíase urinária sem necessidade de apoio de um nutricionista, a saber:
Diminuir para quantidades moderadas a ingestão de leite e derivados (alimentos ricos em cálcio), geralmente duas vezes ao dia. No entanto, não se recomenda a restrição total de alimentos ricos em do cálcio na dieta. Exemplo: leite ao pequeno-almoço e um iogurte ou um pedaço de queijo com pão ao lanche;
Diminuir para quantidades moderadas a ingestão de carne preferindo as carnes magras (não carnes vermelhas), para reduzir a ingestão de proteínas;
Diminuir a quantidade de sal na preparação dos alimentos e evitar alimentos salgados como presunto, mortadela ou salsicha;
Preferir o pão integral e de centeio aos pães brancos fermentados;
Diminuir a ingestão gordura para quantidades moderadas;
Substituir o açúcar por adoçante;
Diminuir a ingestão de leguminosas como feijão e lentilha, que não devem ser consumidas mais do que uma vez por dia.
Alimentos que deve ingerir
Recomenda-se ainda a ingestão regular dos seguintes alimentos devido ao alto teor de substâncias inibidoras da formação de todos os tipos de cálculo:
Arroz,
Batatas (excepto batata doce),
Clara de ovo,
Margarina,
Óleos vegetais,
Mel,
Maionese,
Bolachas de água e sal,
Abacaxi,
Uva,
Melancia,
Pêra,
Cereja.
Por outro lado, os alimentos indicados na tabela anexa devem ser evitados ou consumidos em quantidades moderadas por todos os doentes com litíase urinária.
O tratamento específico para os diferentes tipos de cálculos renais, engloba alterações na dieta de modo a restringir ou eliminar alimentos ricos em substâncias que estão implicadas na formação de um determinado tipo de cálculo num doente específico. Estas recomendações deverão ser efetuadas com o apoio de um nutricionista. Quando as alterações na dieta falham na prevenção, está indicada, em alguns doentes, a utilização de medicamentos específicos.
Cálcio
Como os cálculos de cálcio representam 80% de todos os cálculos urinários, as alterações gerais na dieta anteriormante referidas são geralmente suficientes para a prevenção da sua formação. Quando as medidas anteriores não são suficientes, medicamentos diuréticos (tiazidas) e citrato de potássio oral (Uralit U®) são prescritos.
Oxalato de cálcio
Para além das medidas para a prevenção dos cálculos de cálcio em geral, devem ser evitados os alimentos ricos em oxalato, tais como:
Batata-doce
Beterraba
Espinafre
Chocolate
Café
Chá
Refrigerantes à base de cola
Frutos secos (sobretudo nozes)
Ácido úrico
A prevenção da formação de cálculos de ácido úrico implica a normalização da excreção desta substância na urina. Isto é conseguido através de uma diminuição da ingestão dos seguintes alimentos:
Se estas medidas dietéticas se revelam insuficientes, poderá estar indicada a administração do medicamento alopurinol (Zyloric®)
Estruvite
Os cálculos de estruvite, ou cálculos infecciosos, são causados por infecções urinárias de repetição do aparelho urinário por determinado tipo de bactérias.
Além da eliminação completa dos cálculos, a prevenção de infecções urinárias de repetição poderá implicar a utilização prolongada de antibióticos específicos para o referido tipo de bactérias, para manutenção de urina estéril. Em casos particulares, poderá utilizar-se ácido acetohidroxâmico.
Cistina
Para a prevenção destes cálculos com cistina recomenda-se a terapêutica com citrato de potássio oral e captopril.
Concluindo
A litíase urinária é uma doença crónica com tendência para a recorrência. A avaliação clínica adequada permite na grande maioria dos casos um diagnóstico da causa da litíase e a orientação para o tratamento medicamentoso que, associado ao reforço hídrico e alterações da dieta, permitem evitar ou reduzir significativamente a formação de cálculos em mais de 80% dos doentes. No entanto, a prevenção desta doença exige um compromisso na realização dos tratamentos prescritos, dado que a prevenção de novos cálculos deve ser feita para resto da vida.
Triglicerídeos, triglicéridos ou triacilgliceróis (sinónimos) altos, causas, medicamentos a verdade . Qual o seu verdadeiro perigo? Funções biológicas, sintomas de hipertrigliceridémia, causas, dieta e tudo o que ainda não sabe tem resposta neste artigo. Porque sobem os triglicéridos? Quais as causas? Que alimentos pode e não pode comer? Qual o melhor tratamento? Os triglicéridos, também chamados de triglicerídeos, são as principais gorduras do nosso organismo e compõem a maior parte das gorduras de origem vegetal e animal.
Os triglicerídeos presentes no nosso corpo podem ser adquiridos através da alimentação ou produzidos pelo nosso fígado. Os triglicéridos são importantes, pois servem de reserva energética para os momentos de jejum prolongado ou alimentação insuficiente. Quando há um excesso de triglicerídeos a circular no sangue, dizemos que está instalada uma hipertrigliceridémia.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
Triglicerídeos: O que são?
Estudos recentes o que dizem?
Quais os 6 tipos de gordura?
Lipoproteínas transportadoras de triglicéridos
Colesterol e triglicerídeos: Quais as diferenças?
Qual o mais perigoso? Colesterol ou triglicerídeos?
Níveis sanguíneos de triglicerídeos: Quais os valores normais?
Qual a importância do rácio triglicéridos/colesterol HDL
Causas de hipertrigliceridémia: Quais as mais importantes?
Dieta: Qual a importância nos triglicerídeos?
Quando aumenta os triglicerídeos também aumenta o colesterol?
Triglicerídeos altos: É possível mesmo fazendo uma alimentação saudável?
Alimentos que fazem aumentar os triglicerídeos: Quais são?
Quais os alimentos que pode comer?
Sintomas quando os triglicerídeos estão altos: Quais são?
Complicações da hipertrigliceridémia: Quais são?
Tratamento para baixar os triglicerídeos: Qual o melhor?
Dieta: Como baixar os triglicerídeos?
Jejum intermitente ajuda a baixar os triglicerídeos?
Fibratos: O que são?
Produtos naturais para baixar os triglicerídeos: Quais os melhores?
Os triglicéridos são a forma de gordura mais comum no nosso corpo, sendo usados para fornecer energia ao nosso organismo. Quando a quantidade de triglicéridos está elevada, eles são armazenados nos tecidos adiposos (tecidos gordurosos) para o caso de serem necessários no futuro.
As gorduras acumuladas, por exemplo, nos quadris ou na barriga, são na verdade “armazéns” de triglicéridos que estão em excesso.
Os triglicéridos estão presentes em vários alimentos comuns da nossa dieta, mas a maior parte costuma ser produzida pelo nosso fígado. Quando comemos hidratos de carbono em excesso (doces, massas, pães, etc.), o fígado recolhe esses açúcares a mais e transforma-os em triglicéridos, para que possam ser armazenados nos tecidos adiposos, servindo como reserva energética.
Estrutura química
Triglicerídeos (também designados triacilgliceróis, gorduras ou gorduras neutras) são ésteres constituídos por três resíduos de ácidos gordos e um resíduo de glicerol (ver figura). Esta é a forma principal de armazenamento celular e transporte dos ácidos gordos.
Nos triglicerídeos os três grupos hidroxilo (-OH) do glicerol são esterificados com o grupo carboxilo dos ácidos gordos.
Se os três ácidos gordos que constituem os triglicerídeos são os mesmos, designam-se triglicerídeos simples. No entanto, os triglicerídeos de ocorrência natural são mais comummente constituídos por uma mistura de ácidos gordos diferentes.
Os triglicerídeos são constituídos por moléculas apolares, pois os grupos polares dos seus precursores (grupos hidroxilo do glicerol e grupo carboxilo dos ácidos gordos) foram perdidos com a formação da ligação éster. Por esta razão são constituídos por moléculas muito hidrofóbicas, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como o benzeno.
Gordura branca e gordura castanha ou marrom
No corpo humano existem 2 tipos de gordura principais, a branca e a castanha. Nas células, os triglicerídeos ficam armazenados em gotas lipídicas no citosol. Nos vertebrados existem células especializadas para o armazenamento dos triglicerídeos, os adipócitos. Existem principalmente 2 tipos de adipócitos:
Adipócitos brancos – ricos em gordura e com poucas mitocôndrias, sendo principalmente armazenada na zona subcutânea e abdominal;
Adipócitos castanhos ou marron – com muito menos gordura armazenada e mais mitocôndrias o que lhes permite produzir muito mais energia. Tanto em adultos quanto em bebês, o tecido adiposo marrom está presente na região do pescoço, abaixo da clavícula e ao longo da coluna vertebral.
Quais os 6 Tipos de gordura?
Frequentemente, quando se fala de gordura, referimo-nos à acumulação de tecido adiposo em regiões como abdómen, coxas, glúteos ou braços. De facto essa gordura existe e em excesso pode causar prejuízos à saúde, no entanto não é a única presente no nosso organismo. Conheça os 6 tipos de gordura no seu corpo.
1. Gordura essencial
É uma gordura extremamente importante para o funcionamento do nosso corpo. A gordura essencial é encontrada nos órgãos e tecidos, incluindo nervos, cérebro, coração, pulmões, fígado e glândulas mamárias, aquela que serve como substrato energético para os órgãos, aquela que tem função de isolante térmico, reserva de energia.
2. Gordura branca
Um pouco mais perigosa, essa gordura costuma acumular-se pelo corpo em maior quantidade quando abusamos de uma dieta mais calórica e não fazemos nenhuma atividade física. É a gordura responsável pela maior reserva de triglicerídeos do corpo,
A gordura branca é aquela acumulada debaixo da pele, mais difícil de sair. Por outro lado, ela serve de proteção principalmente para os órgãos, absorvendo impactos do dia a dia. As mulheres têm mais tendência a acumular gordura branca do que os homens.
3. Gordura castanha
A gordura castanha é considerada a gordura boa. É responsável pelo isolamento térmico do organismo, no qual estimula a queima calórica e, consequentemente, o emagrecimento, ou seja, se está com frio, esta gordura castanha trabalha para aquecer o nosso corpo queimando calorias. Inclusive, um estudo de Harvard mostrou que, de facto, essa gordura é ativada pelo frio, afetando diretamente as reservas da gordura branca. Assim, pode ajudar-nos bastante pois incrivelmente, a gordura castanha (marrom) queima a gordura branca para produzir calor e energia,
4. Gordura bege
Esse tipo de gordura é capaz de transformar a gordura má em gordura boa. Tem origem na gordura branca e a principal fonte de ativação destas células é uma molécula chamada irisina. Pesquisas atuais feitas em ratos trazem indícios de que a irisina seja liberada durante a prática de exercícios, estimulando o corpo a queimar gordura.
5. Gordura subcutânea
A gordura subcutânea localiza-se logo abaixo da camada mais externa da pele. Esta é a que podemos beliscar com os dedos. A gordura subcutânea cobre os músculos abdominais e, se temos muita, não seremos capazes de ver os seus músculos abdominais.
6. Gordura visceral
Esta gordura precisa de ser acompanhada com cuidado. A gordura visceral está localizada atrás da parede abdominal, nos órgãos e no interior da cavidade peritoneal. E afeta de forma negativa a saúde, aumentando o processo inflamatório do organismo. Em parte, porque ele liberta substâncias chamadas adipocinas, que são proteínas de sinalização celular que aumentam a pressão arterial e influenciam a insulina.
A gordura visceral também diminui a quantidade de adiponectina no corpo, uma hormona essencial para a queima de gordura, que ajuda a acelerar o metabolismo. A combinação da diminuição da sensibilidade à insulina, hipertensão e triglicéridos elevadas, muitas vezes pode resultar em aterosclerose, colesterol elevado LDL (o mau) e é um fator importante para o desenvolvimento de diabetes.
Reserva de energia
Esta reserva de energia pode ser mobilizada pela ação de lípases, que são enzimas responsáveis pela hidrólise dos triglicerídeos, libertando os respetivos ácidos gordos e o glicerol. A oxidação completa de 1 g de triglicerídeos fornece cerca de 38 kJ de energia, enquanto as proteínas e carboidratos fornecem somente cerca de 17 kJ/g.
No fígado, a hidrólise de triglicerídeos fornece ácidos gordos para β-oxidação, sinalização e substratos para a formação de triglicerídeos de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL).
Os Triglicerídeos não conseguem atravessar nas membranas celulares. Uma enzima especial localizada nas paredes dos vasos sanguíneos chamada lipoproteína lípase (LPL) cataboliza os triglicerídeos para libertar ácidos gordos e glicerol.
Lipoproteínas
lipoproteína é o conjunto molecular responsável pelo transporte dos lípidos, incluindo os triglicéridos, em meios líquidos, pois não sendo hidrossolúveis não se misturam facilmente com o plasma sanguíneo. As gorduras são revestidas com fosfolipídeos, colesterol e proteínas; a parte proteica é denominada apoproteína.
A imagem seguinte mostra a composição das diferentes lipoproteínas e a diferente quantidade de triglicéridos que cada uma transporta sendo a quilomicron (chylomicron) e a VLDL a mais ricas em triglicéridos.
Os triglicerídeos não estão presentes no sangue em si na forma livre pois são hidrofóbicos e portanto não se misturam em ambientes hidrossolúveis como o plasma sanguíneo. Os triglicerídeos são um dos principais componentes das apolipoproteínas (ou simplesmente lipoproteínas) tais como:
Quilomicron (Chylomicron);
VLDL – lipoproteína de muito baixa densidade;
IDL – lipoproteína de densidade intermediária;
LDL – lipoproteína de baixa densidade, conhecido como “colesterol mau”;
HDL -lipoproteína de alta densidade, também conhecido como “colesterol bom”.
É muito importante saber quais as lipoproteínas que estão aumentadas ou diminuídas e a sua verdadeira ligação a determinadas doenças, nomeadamente cardiovasculares.
VLDL e triglicéridos
Os triglicerídeos viajam pela corrente sanguínea ligados, principalmente, à lipoproteína VLDL (Very Low Density Lipoprotein), uma lipoproteína semelhante à HDL e LDL que transportam principalmente colesterol pelo sangue, embora também tenham triglicéridos na sua composição, conforme imagem já descrita atrás.
Colesterol vs triglicerídeos
Apesar de ambos serem considerados “gorduras” têm estruturas químicas bem diferentes. O colesterol é um esteroide com estruturas hexagonais quimicamente estáveis, enquanto o triglicérido é a junção de uma molécula de glicerol com 3 ácidos gordos que podem ser menos estáveis pois sofrem mais facilmente processos de oxidação, principalmente se as cadeias de ácidos gordos forem insaturadas.
Funções diferentes
Para além de constituírem uma importante reserva energética, os triglicerídeos, nomeadamente o tecido adiposo, funciona como isolante térmico (ajudando a manter a temperatura corporal) e como proteção contra os choques mecânicos (protegendo os órgão internos).
A principal diferença de funções entre o colesterol e os triglicerídeos é que os triglicerídeos são “queimados” e utilizados para criar mais energia quando necessário, enquanto que o colesterol é utilizado para outras importantes funções orgânicas, tais como auxiliar de digestão e a produção de hormonas. O colesterol é também uma parte essencial da estrutura das membranas celulares.
Outra diferença fundamental entre os dois é que os níveis de colesterol são afetados pela quantidade de gordura que consumimos enquanto os níveis de triglicerídeos são afetados pela quantidade de calorias que ingerimos, mesmo que as calorias não venham de gorduras mas, por exemplo, dos hidratos de carbono como os alimentos refinados com açucares!
Mais perigoso colesterol ou triglicerídeos?
Bem, ambos são perigosos e podem levar a complicações similares, tais como doença cardíaca e acidente vascular cerebral, no entanto níveis elevados de colesterol têm provado levar a doenças cardíacas, e altos níveis de triglicerídeos tendem a ser um sinal de alerta. Uma das principais razões para isso pode ser devido ao facto de que é muito mais difícil baixar os níveis de colesterol do que os níveis de triglicerídeos.
Valores normais
O excesso de triglicerídeos no sangue está associado à deposição de gorduras nos vasos sanguíneos e aterosclerose, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Todas as pessoas acima dos 20 anos devem medir os níveis de colesterol e triglicerídeos pelo menos uma vez a cada 5 anos.
Os valores da concentração de triglicéridos no sangue classificam-se da seguinte forma em miligramas por decilitro de sangue (mg/dl):
Normal – abaixo de 150 mg/dL.
Moderado – entre 150 e 199 mg/dL.
Alto – entre 200 e 499 mg/dL.
Muito alto – maior ou igual a 500 mg/dL.
Rácio triglicéridos/ colesterol HDL
O rácio triglicerídeos/colesterol HDL deve ser inferior a 2. Lembre-se de dividir os seus níveis de triglicerídeos pelo colesterol “bom” HDL. O nível de triglicerídeos/HDL considerado ideal é 2 ou menos; 4 é alto e 6 ou mais é considerado muito alto.
Hipertrigliceridémia quais as causas?
Os níveis de triglicerídeos podem aumentar por vários motivos. Algumas pessoas apresentam alterações genéticas que predispõem à hipertrigliceridémia, outras desenvolvem triglicerídeos altos secundariamente a uma dieta hipercalórica ou à presença de determinadas doenças. Entre as condições de saúde que mais frequentemente provocam hipertrigliceridémia estão:
Haver pessoas na família com os triglicéridos e colesterol elevados;
Entre parêntesis descreve-se o grau de diagnóstico estimado para estas condições de saúde metabólica que passam quase completamente despercebidas pelos médicos. A saber:
Pré-diabetes (~90% não diagnosticada)
Apneia do sono (~90% não diagnosticada)
Fígado gordo (~90% não diagnosticada)
Resistência á insulina (praticamente 100% não diagnosticada)
Óleos vegetais polinsaturados (PUFAs)
Os PUFAs do inglês Poliunsaturated Fatty Acids ou seja os óleos vegetais ricos em ácidos gordos polinsaturados como os Omega-3 e Omega-6, ao contrário do que se fala nas redes sociais, podem causar graves problemas metabólicos quando usamos os óleos e gorduras erradas nas proporções erradas! Mais á frente descrevo lista das gorduras saudáveis, razoáveis e más para a nossa saúde.
Pare de comer óleos vegetais ricos em PUFAs
Uma das atitudes mais poderosas para protegermos a nossa saúde e que pode ser feita de imediato é parar de comer óleos vegetais com alto teor de PUFA (sigla em Inglês para ácido gordo polinsaturado). Os óleos vegetais com alto teor de PUFA estão em todos os tipos de “junk food”, fast food e alimentos processados. Nos últimos 110 anos, a nossa ingestão de PUFA aumentou 20 vezes, ou seja, 2000%!!!
Gorduras boas, razoáveis e más
É claro que as gorduras não são todas iguais no que concerne á proteção da nossa saúde. Apesar de necessitarmos de um pouco de ácidos gordos polinsaturados essenciais como os ômega-3 e ômega-6 a comunicação social e alguns especialistas da saúde mal informados, convenceram-nos nos últimos anos que comer gorduras polinsaturadas é que era bom… e pior ainda passaram a mensagem que quanto mais melhor ou pelo menos bem mais do que verdadeiramente necessitamos na nossa dieta!
No entanto esqueceram-se de nos dizer que os PUFAs são ácidos gordos mais instáveis devido ás duplas ligações das suas estruturas químicas quando comparados com as gorduras saturadas de qualidade. A razão para esta instabilidade é a facilidade com que os PUFA reagem com o oxigénio para formar radicais livres que provocam inflamação!
Quando nascemos, temos uma quantidade relativamente normal de PUFA na nossa gordura corporal. Quando a nossa dieta é muito alta em PUFA, a concentração destes ácidos gordos polinsaturados na nossa gordura corporal aumenta. Existe um limite, que é diferente para todos, em que a concentração de PUFA atinge um valor elevado que leva a gordura corporal a não funcionar adequadamente e passamos a desenvolver sintomas de disfunção metabólica.
Boas gorduras, as mais importantes são as seguintes:
Azeite
Óleo de abacate
Óleo de amendoim
Óleo de coco
Óleo de amêndoa
Óleo de noz macadâmia
Manteiga
Manteiga de cacau
Banha
Palma não refinada
Óleo de palmiste
Más gorduras, as mais importantes são as seguintes:
Óleo de soja
Óleo de canóla
Óleo de girassol
Óleo de milho
Óleo de cártamo
Óleo de sementes de algodão
Óleo hidrogenado
Palma refinada
Óleo de grão-de-bico artesanal (restaurantes)
Óleo de farelo de arroz (restaurantes)
Margarina
Maioria da maionese, molhos e cereais.
Hipoglicémia é sinal de alarme
Os sintomas mais comuns são geralmente diagnosticados como hipoglicemia. Se começar a apresentar hipoglicemia, então vai a caminho de desenvolver uma condição metabólica chamada resistência à insulina, que é a disfunção hormonal subjacente à diabetes tipo 2.
Todas as condições subjacentes na lista já atrás descrita são distúrbios metabólicos relacionados com a resistência à insulina ou resultam do tratamento de condições inflamatórias relacionadas. Durante quase duas décadas, na sua prática médica a Dra Catherine Shanahan, concentrou-se na reversão de doenças metabólicas e inflamatórias como diabetes, obesidade e hipertensão com dieta. Nesse período, entendeu que a causa número um de doenças metabólicas é a ingestão de demasiados PUFA. Muitos médicos especializados em medicina metabólica chegaram à mesma conclusão.
Demasiado PUFA promove a ARDS
Síndrome de Descompensação Respiratória Aguda (ARDS)
O excesso de PUFA na gordura corporal também nos coloca em risco de insuficiência respiratória por COVID-19. Quando sofremos de uma pneumonia, o apetite cai imenso e geralmente não vamos comer. Quando não comemos, o nosso corpo liberta gordura corporal na corrente sanguínea (na forma de ácidos gordos livres, também chamados ácidos gordos não esterificados, ou NEFA).
Se ingerimos óleos vegetais suficientes para desenvolver uma das condições subjacentes listadas acima, uma proporção perigosamente alta de ácidos gordos na corrente sanguínea será PUFAs. Os PUFAs são perigosos porque reagem com o oxigênio de maneiras que levam a grandes quantidades de inflamação. A inflamação faz a diferença entre um caso de pneumonia do qual podemos recuperar por conta própria e um caso de ARDS que nos leva para os cuidados intensivos.
Se não existissem óleos vegetais com alto teor de PUFA e, a propósito, não existiam antes da era industrial, esta pandemia de COVID-19 não seria tão mortal. Se o seu médico não lhe falou sobre os perigos do alto consumo de óleos vegetais ricos em PUFA, é porque apenas os médicos mais atualizados e interessados em medicina metabólica sabem o que significa PUFA, sem mencionar por que é prejudicial.
Triglicéridos e colesterol aumentam juntos?
O aumento dos triglicerídeos pode ou não vir acompanhado de alterações no colesterol. As duas situações mais comuns são:
Triglicéridos e colesterol LDL ( colesterol mau ) elevados ou
Triglicerídeos elevados e HDL (colesterol bom) baixo.
O aumento isolado dos triglicéridos, sem alterações do colesterol, não é habitual.
Dieta saudável e triglicerídeos altos é possível?
Existem algumas formas de hipertrigliceridémia familiar, que são alterações de origem genética, que fazem com que o paciente produza triglicéridos em excesso, independentemente da sua dieta. Nestes casos é possível que o paciente apresente níveis graves de triglicéridos, às vezes acima dos 1000 mg/dL.
Alimentos e aumento de triglicerídeos
Uma dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos é um importante fator de risco para hipertrigliceridémia. Aconselha-se, por isso, uma alimentação pobre em gorduras, de forma a manter os níveis de triglicéridos normais. Deve evitar comer:
Alimentos gordos,
Cozinhados em manteiga ou óleo,
Fritos e refogados,
Produtos ricos em açúcar ou sal,
Carnes vermelhas (especialmente suíno),
Enlatados e conservas,
Molhos sintéticos (contrariamente aos de ervas ou caseiros que não sejam apimentados).
Se tiver triglicéridos elevados, descrevo de seguida alguns dos alimentos que deve evitar a todo o custo, a saber:
Refrigerantes ou qualquer outra bebida rica em açúcar
Bebidas alcoólicas
Doces e chocolate
Pão
Biscoitos
Massas e Pizzas
Batata
Gelados e Iogurte congelado
Tortas
Bolos
Leite integral
Fritos
Queijos gordurosos
Quando for comprar comida, procure ler as informações nutricionais no verso de cada alimento e evite produtos ricos nos seguintes açúcares:
Sacarose
Glicose
Frutose
Xarope de milho
Maltose
Melaço
A lista de alimentos acima descrita está longe do fim! Qualquer alimento rico em hidratos de carbono e/ou gorduras saturadas pode causar aumento dos triglicerídeos. Mais à frente, na parte de tratamento da hipertrigliceridémia, daremos alguns conselhos sobre a melhor dieta para baixar os triglicerídeos.
Alimentos que pode comer
Nos alimentos que pode consumir destacamos:
Café,
Chá,
Sumos de fruta naturais,
Leite desnatado,
Iogurtes magros ou naturais,
Kefir
Queijos de cabra ou ovelha,
Pão integral,
Hortaliças,
Verduras e legumes,
Carne branca (sobretudo de aves),
Peixe,
Fruta.
Sintomas de triglicerídeos altos
Em geral, a hipertrigliceridémia não provoca sintomas. É impossível saber se seus triglicerídeos estão altos ou baixos sem realizar exames de sangue.
Pacientes com as formas familiares de hipertrigliceridémia, geralmente com valores de triglicéridos cronicamente acima dos 500mg/dL, podem apresentar xantomas, que são depósitos subcutâneos de colesterol sob a forma de nódulos ou placas amareladas, que ocorrem frequentemente nas palmas das mãos, ao redor dos olhos, nos pés ou nas articulações.
Hipertrigliceridémia e consequências
Embora a relação entre triglicéridos altos e risco cardiovascular tenha sido questionada no passado, com os atuais estudos tornou-se claro que pacientes com hipertrigliceridémia apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, particularmente doenças coronárias.
Permanece incerto, porém, se esta associação é causada diretamente pelos triglicerídeos altos ou por outros fatores associados à hipertrigliceridémia, como obesidade, diabetes e níveis elevados de colesterol LDL e níveis baixos de colesterol HDL.
Níveis elevados de triglicerídeos também estão associados a um maior depósito de gorduras no fígado, provocando uma alteração conhecida como esteatose hepática. Valores bastantes elevados de triglicéridos podem desencadear uma infeção no pâncreas (pancreatite), que se manifesta por dor abdominal (barriga) intensa e numa fase posterior febre.
Tratamento da hipertrigliceridémia
O principal objetivo do tratamento da hipertrigliceridémia é reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Ainda não se sabe se a simples redução dos valores dos triglicéridos é suficiente para obter estes resultados.
Por isso, a “gestão” da hipertrigliceridémia deve sempre incluir medidas de tratamento que se sabe que são benéficas para pacientes com alto risco cardiovascular, a saber:
Dieta equilibrada
Prática de exercícios físicos
Perda de peso
Controle do diabetes
Controle do colesterol LDL e HDL
Dieta para baixar os triglicerídeos
Em relação à dieta, pacientes com triglicerídeos elevados devem evitar alimentos ricos em hidratos de carbono e gorduras.
Devem preferir os seguintes alimentos:
Fibras
Peixes e alimentos ricos em gordura insaturada e pobre em gorduras saturadas
Pães, biscoitos e cereais que contenham aveia, grãos integrais, cevada, milho, arroz ou trigo como primeiro ingrediente
Prefira o arroz integral e as massas à base de trigo integral
Nas bebidas, evite o álcool e os refrigerantes
Leite desnatado
Quando pensamos em baixar o colesterol LDL o mais importante é evitar alimentos gordurosos. Quando pensamos em baixar os triglicerídeos, limitar o consumo de hidratos de carbono e calorias é o tratamento mais eficaz.
Jejum intermitente ajuda a baixar os triglicerídeos?
Sim, um dos benefícios do jejum intermitente é baixar os níveis de triglicerídeos. Aconselha-se a começar pelo jejum mais fácil de fazer que dura 12 horas e começa após o jantar, inclui as horas de sono e continua até ao dia seguinte até perfazer 12 horas, Por exemplo acabar o jantar ás 20 h e não comer nada até ás 8 do dia seguinte. Este jejum é mais fácil mas deve ser feito diariamente.
Medicamentos para os triglicerídeos quais os mais eficazes?
Nos doentes com triglicerídeos acima de 200 mg/dL, o tratamento com medicamentos deve ser considerado. É importante destacar que o uso de medicamentos para controlar a hipertrigliceridémia de modo algum exclui a necessidade do paciente mudar hábitos de vida.
Se não houver controle na dieta, perda de peso, controle do diabetes e aumento da carga de exercícios físicos, o beneficio do tratamento farmacológico ficará muito aquém do desejado.
Se além da hipertrigliceridémia o paciente também tiver níveis elevados de colesterol, o uso das estatinas, deve ser considerado. As mais usadas são:
Sinvastatina (Zocor®),
Pravastatina (Pravacol®),
Rosuvastatina (Crestor®),
Atorvastatina (Zarator®).
Estas drogas agem mais sob o colesterol, mas também tem algum efeito sobre os níveis de triglicéridos.
Fibratos o que são?
Os fibratos são drogas mais específicas para reduzir níveis de triglicerídeos, podendo alcançar reduções de até 70% em alguns casos. Estas drogas, porém, não agem sobre os valores de colesterol. Os mais utilizados são:
Gemfibrozil (Lopid®, Lipoite Forte),
Fenofibrato (Catalip®, Lipofen® e Supralip®)
Bezafibrato (Bezalip® e Bezalip Retard®),
Ciprofibrato (Fibranin® e Lipanor®).
Se houver necessidade de associar uma estatina a um fibrato, o Fenofibrato deve ser a droga de escolha pois apresenta menos riscos de interação medicamentosa.
EPA e DHA (ômega 3) são eficazes?
O suporte científico sobre os benefícios do EPA e DHA não são consensuais. Assim suplementos ricos em óleo de peixe ricos em ácidos gordos ômega 3) parecem ser eficazes para redução da hipertrigliceridémia. No entanto, para existir esse efeito, as doses devem ser elevadas, acima de doses 3 gramas por dia, o que significa pelo menos 4 cápsulas por dia. Estas dosagens elevadas podem de facto baixar os triglicéridos mas ao mesmo tempo causar efeitos secundários, nomeadamente gastrointestinais!
Os óleos de peixe ricos em ácidos gordos ômega 3 mais utilizados são:
Ácido eicosapentaenoico ( EPA )
Ácido docosaexaenoico ( DHA )
Alguns doentes não toleram doses muito altas de óleo de peixe, apresentando diarreia e cólicas abdominais.
Concluindo
Atualmente os triglicéridos podem ser medidos facilmente numa Farmácia perto de si, após um jejum, se possível, de 12 horas para conseguir um resultado mais rigoroso. Se se sente bem de saúde faça, pelo menos uma vez por ano, os testes para conhecer os seus valores em jejum de Glicémia, Colesterol e Triglicerídeos. Se estiver tudo bem ótimo está de parabéns! Mas se algum desses valores estiver fora dos valores de referência então ainda vai a tempo de falar ao seu médico e corrigir o que for necessário para evitar problemas cardiovasculares muito graves! O ditado é antigo mas é verdadeiro: Prevenir é o melhor remédio!
Fique bem!
Franklim Fernandes
Referências
H. Lodish, Molecular cell biology, Fifth Edition, W. H. Freeman: New York, 2004, ISBN: 0716743663
A. Lehninger, D. Nelson, M. Cox, Lehninger principles of biochemistry , Fifth Edition, W.H. Freeman: New York, 2008, ISBN: 9780716771081.
R. Garrett, C. Grisham, Biochemistry, Third Edition, Brooks Cole: 2004, ISBN: 0534490336.
Como dormir melhor mas não dormir demais? Melatonina porque é tão importante? Será que dormimos para produzir melatonina e proteger as nossas mitocôndrias? Sono, insónia, ciclos de sono, sistema glinfático, quais os segredos? Como posso dormir sem usar medicamentos? Quais os medicamentos mais usados para dormir? Quais os efeitos secundários dos comprimidos para dormir? Quais as razões para não dormir demais? Segundo a American Sleep Association vários estudos têm demonstrado que horas a mais de sono têm também consequências negativas para a saúde. Descrevo as 7 principais razões para não dormir demais mas também qual a importância de dormir melhor? Porque é importante dormir melhor? O que se passa durante o sono? Quais as regras essenciais para criar um “santuário para o seu sono” e acordar com mais energia.
Este artigo pretende ser um guia para a ajudar a saber como dormir melhor, como dormir rápido, como dormir cedo e alcançar um sono de excelência, adormecer mais rápido, dormir mais profundamente, sonhar menos, acordar menos vezes durante a noite e de manhã levantar-se na hora certa para si e com muito mais energia! Acha que não consegue? Siga até ao fim as informações e instruções deste artigo e talvez a sua vida mude para sempre! Nunca saberá se não colocar em prática o que eu também fiz com o meu próprio sono!
Neste artigo vou tratar as seguintes questões:
Sono o que é?
Quais as principais funções do sono?
Ciclos do sono como funcionam?
O que se passa durante o sono?
Sistema glinfático de limpeza do cérebro, o que é?
Imunidade como é afetada pela privação de sono?
Qual a hormona do sono?
Melatonina porque é tão importante?
Serotonina, que é usada como antidepressivo, qual a relação com a melatonina?
Proteção das mitocôndrias pela ação antioxidante da melatonina!
Stress oxidativo e cancro!
Melatonina, qual a melhor utilização terapêutica?
Jet lag o que é?
Como utilizar a melatonina para tratar o Jet lag?
Ritmo circadiano o que é?
Premio Nobel o que dizem os cientistas sobre o sono?
Quais os genes com mais influência no ritmo circadiano?
Causas de insónia, quais as principais?
Higiene do sono o que é isso?
Dormir uma sesta é bom ou mau?
Exercício físico será que faz bem ao sono?
O álcool dá sono, isso é bom ou mau?
Tabaco como influencia o sono?
Última refeição do dia para potenciar o sono!
Não tenho sono, o que devo fazer?
Dormir demais aumenta o risco de depressão?
Dormir demais pode debilitar o cérebro?
Qual a influência na gravidez?
Qual a influência na diabetes?
Qual a influência no peso?
Dormir demais trás consequências cardíacas?
Será que aumenta o risco de morte prematura?
Quantas horas devo dormir?
Qual o grau de cansaço ao acordar em função das horas de sono?
Qual o risco de dormir demais nos bebés e crianças?
Qual o risco de dormir de menos nas crianças?
Quais as recomendações de tempo de sono nas crianças?
Quando sonhamos?
Sonhamos todos os dias?
É verdade que paralisámos durante uma parte do sono?
O que acontece quando muda a hora em Outubro e em Março?
Como dormir melhor?
Quais as melhores posições para dormir?
Medicamentos para dormir, quais os mais utilizados e quais os riscos?
Sono o que é?
Segundos especialistas em medicina do sono este é um estado essencial à vida. Não há qualquer dúvida sobre a sua importância para a saúde geral e mesmo para a sobrevivência. Dormir é, aliás, um comportamento inato, partilhado por todo o reino animal, ainda que, do ponto de vista neurofisiológico possam existir diferenças entre espécies, sobretudo de natureza conceptual.
Sono qual a sua função?
O sono tem funções verdadeiramente extraordinárias e a produção de melatonina, com a sua potente ação antioxidante nas mitocôndrias celulares, tem uma importância extrema na produção e manutenção saudável da nossa energia diária e, portanto, da saúde no geral pois sem energia celular não existimos! A natureza encarregou-se de nos munir com um duplo mecanismo de controlo sobre a função do sono, determinando assim que, um acumular de cansaço, iniciado com o despertar, permita uma maior propensão para um sono (mecanismo homeostático de regulação do sono) que será sempre mais proveitoso em horário noturno.
A ausência de luz, percebida por células especializadas da retina do olho, passa a mensagem ao cérebro, mais propriamente ao relógio biológico nele contido, de que é altura de encerrar os olhos, de diminuir a atividade e dormir, para voltarmos a acordar pela manhã, quando o sol raiar e quando o repouso do sono tiver sido rentável para a recuperação geral.
Principais funções do sono
Durante o nosso sono ocorrem funções essenciais para a nossa saúde e sobrevivência. Algumas das mais importantes são as seguintes:
Produção de melatonina que tem uma função antioxidante, de enorme importância, nas mitocôndrias que são os organelos responsáveis pela produção de energia das nossas células e que necessitam de reparação diária devido à sua função de extrema exigência na produção da energia que produz uma carga elevada de radicais livres!
Consolidação da memória e capacidade cognitiva, como se durante o sono se arrumasse cada memória na respetiva “gaveta” de forma a que seja mais fácil encontra-la quando necessitarmos dessa memória;
Limpeza dos sulcos cerebrais, através do fluido espinal e cerebral, que impede a acumulação de proteínas residuais tóxicas acumuladas durante o dia, como a proteína beta amiloide, que se julga estar associada à doença de Alzheimer;
Regeneração acelerada das nossas feridas influenciando o grau de inflamação adequado para uma melhor reparação;
Reparação de lesões cerebrais;
Fortalecimento do nosso sistema imunitário;
Processamento emocional e gestão de stress, associado à fase REM.
Ciclos de sono enquanto dormimos
O que se passa durante o sono é verdadeiramente extraordinário!
Numa noite de sono ocorrem vários ciclos. Cada ciclo de sono tem cinco fases e dura cerca de 90 minutos podendo chegar aos 120 minutos, havendo portanto vários ciclos consecutivos, separados por microdespertares, dos quais geralmente não temos consciência se tivermos um sono saudável! Durante uma noite completa e saudável de sono um adulto deve fazer 5 ciclos de aproximadamente 90 minutos cada (450 minutos) ou seja cerca de 7 horas e meia de sono.
Normalmente percorrem fases distintas do sono a cada 90 a 120 minutos durante a noite com três fases do sono com movimento não rápido dos olhos (NREM) e uma fase com movimento rápido dos olhos (REM).
Sono da fase N1 (NREM 1)- superficial e relativamente curto;
Sono da fase N2 (NREM 2) – A maior parte do tempo do nosso sono é passada nesta fase;
Sono profundo da fase N3 (NREM 3)- Tem início, aproximadamente, 30 minutos após adormecer e ocorre principalmente durante a primeira metade da noite, nas primeiras 4 horas de sono;
Sono REM – A primeira fase REM tem início, aproximadamente, 80 minutos após adormecer. No decorrer da noite é gasto mais tempo nesta fase REM caracterizada por rápidos movimentos oculares (Rapid eye movements) e onde os sonhos acontecem;
Despertares breves – chamados de fase W ocorrem durante a noite, mas a pessoa adormecida geralmente desconhece a maioria deles. Os microdespertares mais relevantes ocorrem, aproximadamente , 3 horas e 6 horas após adormecermos. O acordar ocorre após cerca de 7:30h a 8:00h de sono.
Fonte: Manual MSD – Visão geral do sono.
Assim a sequência de fases durante uma normal e saudável noite de sono, é normalmente a seguinte:
Vigília
NREM 1
NREM 2
NREM 3 (sono profundo)
NREM 2
REM
NREM 1
NREM 2
NREM 3 (sono profundo)
NREM 2
NREM 3 (sono profundo)
NREM 2
REM
NREM 1
Microdespertar (após 3 horas de sono, aproximadamente)
NREM 1
NREM 2
NREM 3 (sono profundo)
NREM 2
NREM 1
NREM 2
REM
NREM 1
NREM 2
REM
NREM 1
NREM 2
Microdespertar (após 6 horas de sono, aproximadamente)
NREM 2
REM
NREM 1
NREM 2
REM
NREM 1
NREM 2
Acordar (após 7 horas e 30 minutos a 8 horas de sono, aproximadamente).
Resumindo o número total de cada uma das fases de sono durante uma normal e saudável noite de sono, será o seguinte:
NREM 1 – 9 fases
NREM 2 – 13 fases
NREM 3 de sono profundo – 4 fases (durante as primeiras 4 horas de sono)
REM de sonhos – 6 fases.
Microdespertares – 2
Ondas cerebrais
Fases do sono e respetivas ondas cerebrais. As fases 3 e 4 são de sono profundo. A fase REM é quando acontecem os sonhos. As fases de vigília são caracterizadas por ondas cerebrais rápidas de pequena amplitude denominadas ondas Beta. Na fase de sono profundo as ondas cerebrais são mais lentas e de maior amplitude e denominam-se onda Delta. Curiosamente na fase de sono REM as ondas cerebrais registadas voltam a ser mais rápidas e de menor amplitude ou seja semelhantes a uma fase de vigília, talvez devido ao facto de os sonhos acontecerem essencialmente nessa fase REM onde acontecem movimentos oculares rápidos.
Fonte: Laboratório de Neurogenética / Núcleo de Cognição e Sistemas Complexos / Centro de MatemáticaComputação e Cognição / Universidade Federal do ABC
Sonhos e fase REM
Geralmente, apenas sonhamos na fase de sono profundo REM (Rapid Eye Movement) onde existem rápidos movimentos de olhos que se julga acompanharem as peripécias que ocorrem nos nossos sonhos. Se acordarmos durante esta fase do sono vamos lembrar-nos deles com muito maior detalhe mas se dormirmos descansadamente até ao fim não vamos lembrar-nos de nada e isso é que é saudável pois significa que terminamos sem precalços esse ciclo de sonho.
Sono REM e paralisia muscular
Quando adormecemos o cérebro desliga algumas funções motoras para nossa proteção. Durante a fase de sono profundo REM ficamos com uma espécie de “paralisia motora” ou seja vivemos os sonhos mental e visualmente mas não conseguimos mexer-nos!
Como seria o nosso sono se durante a fase de sonhos reagíssemos também “fisicamente” ás experiências aí vivenciadas? Certamente não teríamos um sono descansado e poderíamos até, em alguns sonhos mais “agressivos”, magoar-nos gravemente ou magoar quem dorme connosco!
Sono REM novas descobertas
Afinal para que serve a fase REM onde ocorrem os sonhos e os movimentos rápidos dos olhos? Segundo Matthew Walker, especialista de sono e autor do livro “Why we sleep: Unlocking the power of sleep and dreams”, o sono REM tem duas funções extraordinárias:
Gestão e ajuda emocional;
Potenciar a creatividade.
Os sonhos que ocorrem nesta fase do sono libertam as memórias da carga emocional associada o que é de extrema importância em casos de memórias traumáticas, sendo a primeira ajuda para ultrapassar esses traumas, desde que a produção de noradrenalina não seja exagerada ou esteja danificada pois nesses casos podem acontecer os mesmos pesadelos recorrentes de que se queixam os doentes com sindrome pós traumático.
Sistema glinfático e limpeza do cérebro
O sistema glinfático foi descrito pela primeira vez em 2012 pela neurocientista dinamarquesa Maiken Nedergaard e tem sido amplamente correlacionado com danos cerebrais pós-AVC, lesões cerebrais traumáticas e doenças neurodegenerativas, entre elas a doença de Alzheimer e outras doenças demenciais. A descoberta foi feita a partir da análise do percurso liquórico in vivo, por meio da técnica de microscopia de dois fótons (onde se utiliza marcadores através de injeções intratecais). Esperava-se observar a circulação liquórica clássica que já havia sido descrita, no entanto foi identificado que, além desse percurso, ocorre também a penetração do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) no parênquima, depois a troca com o líquido intersticial e, por fim, a drenagem do LCR.
O sistema glinfático é uma rede perivascular que atua drenando resíduos tóxicos e metabólitos do Sistema Nervoso Central (SNC) como a proteína β-amiloide, que, quando acumulada, tem uma ação relevante na fisiopatologia da doença de Alzheimer e facilita a distribuição cerebral de compostos como aminoácidos, glicose e neuro moduladores.
Circulação liquórica
Via clássica
O LCR é produzido nos plexos coroides, localizados nos ventrículos cerebrais (principalmente nos ventrículos laterais) e tem uma produção média de 500ml por dia, tendo um volume circulante de 100ml a 150ml.
Dos ventrículos laterais, ele alcança o III ventrículo a partir do forame de Monro e, por meio do aqueduto do mesencéfalo (ou aqueduto de Sylvius), chega ao IV ventrículo. Nesse local, ele pode difundir-se para o espaço subaracnoídeo medular, pelo forame de Magendie (abertura medial), e para o espaço subaracnoídeo encefálico pelo forame de Luschka (aberturas laterais).
Ele é reabsorvido pelas granulações (ou vilosidades) aracnoides, que são projeções da membrana aracnoide, e drenam para os seios venosos, principalmente o seio sagital superior.
Nova via
O LCR presente no espaço peri arterial acompanha as arteríolas e os capilares conforme ocorrem as suas ramificações, penetrando no parênquima cerebral. Nesse local, o líquor comunica-se com o líquido intersticial através de poros na estrutura perivascular, permitindo a passagem das moléculas de menores dimensões e sendo favorecidas pela pulsatilidade arterial, que contribui para essa saída do LCR do espaço peri arterial.
Além disso, as células da glia também realizam um papel fundamental, sobretudo os astrócitos, pois, nas suas regiões mais periféricas (conhecidas como pés dos astrócitos), está presente a AQP4, uma aquaporina que possibilita a passagem de moléculas de água. A partir das junções comunicantes dos astrócitos, comunicam-se e mantêm um fluxo convectivo desde o espaço peri arterial até o espaço peri venoso.
Limpeza do SNC
O maior detalhe desse mecanismo é que o LCR que penetra no espaço peri venoso não é o mesmo que saiu do espaço peri arterial, pois, durante o fluxo convectivo, ele carrega os resíduos e metabólitos que antes estavam situados no interstício e, por isso, se assemelha ao sistema linfático, sendo uma nova descoberta que explica como ocorre a drenagem no SNC.
Ao longo do envelhecimento, ocorrem mudanças físicas e metabólicas no corpo humano e algumas dessas alterações podem contribuir para o funcionamento inadequado do sistema glinfático. São exemplos disso o aumento da rigidez arterial em idosos (o que diminui a pulsatilidade e a saída do LCR para o espaço intersticial) e a hipertrofia da GFAP (proteína fibrilar ácida da glia – uma proteína de filamento intermediário expressa no SNC, muito comum em astrócitos, os quais tem a sua comunicação dificultada quando, por ela, sofre alterações estruturais). Além disso, nos estudos de Nedergaard, também se encontrou a perda da polarização perivascular das AQP4 em idosos, alterando a depuração intersticial de solutos e a troca LCR-líquido intersticial.
Uma hipótese que abre novos horizontes para pesquisas em doenças neurodegenerativas é a de que pacientes com essas doenças possam ter os mesmos acometimentos supracitados, no entanto agravados. Dessa maneira, ocorre uma drenagem deficitária que gera acúmulos prejudiciais, como no caso da doença de Alzheimer, em que são encontrados agregados de proteína tau e o acúmulo de β-amiloide.
Sistema glinfático e o sono
O sistema glinfático tem sua maior atividade durante o sono (principalmente no sono profundo, o terceiro estágio do sono não-REM). Imagens feitas a partir da microscopia de dois fótons mostram que, durante o estado de vigília, o influxo de líquor pode ser reduzido em até 90%.
Ainda não se sabe com exatidão o processo fisiológico que gera essa maior atividade durante o sono, mas a noradrenalina parece ser um importante regulador da atividade glinfática pois age durante a vigília, aumentando o volume intracelular e, consequentemente, diminuindo o espaço intersticial. Assim, os mecanismos hidrodinâmicos não são favorecidos para a drenagem durante a vigília, enquanto o inverso acontece durante o sono com a diminuição da noradrenalina, o que propicia a saída do LCR do espaço perivascular.
Um boa noite de sono é por isso essencial para a limpeza e saúde do nosso cérebro!
Sistema imunológico e privação de sono
A privação de sono e o sistema imunológico exercem e sofrem influências mútuas. A privação de sono é considerada uma fonte de stress, uma vez que induz a elevação do cortisol em seres humanos (ou da corticosterona em roedores). Os glucocorticoides, por sua vez, exercem um efeito imunossupressor ou seja fazem com que o nosso sistema imunológico fique mais debilitado e menos eficaz contra a invasão de vírus, bactérias, fungos, parasitas e outros corpos estranhos. Por essas razões, foi proposto que o aumento da ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal seja um importante mediador das alterações imunológicas observadas em pacientes com insónia ou privados de sono.
Uma das células mais importantes do nosso sistema imunitário são as chamadas células assassinas naturais (NK), um tipo de glóbulos brancos. Estas detetam as células infetadas e param a sua atividade ou removem-nas antes que novos vírus sejam reproduzidos.
O sono é de extrema importância, para termos células assassinas naturais suficientes no corpo. Assim se não dormimos regularmente e horas suficientes (7.30h), somos muito mais suscetíveis a doenças e infeções. Investigadores estudaram como é que o número de glóbulos brancos se desenvolve sob privação de sono. O resultado foi surpreendente e assustador:
Os grupos de teste que dormiram apenas 4 horas em vez de 8 horas tiveram uma redução de 70% na proporção das suas células assassinas naturais (NK).
Este resultado suporta a evidência de uma maior fragilidade e probabilidade de contrair infeções quando temos problemas com a qualidade e quantidade do nosso sono.
Melatonina a hormona do sono o que é?
Formula química: N-acetil-5-metoxitriptamina
A mensagem de ausência de luz enviada ao cérebro é, em cada período de aproximadamente 24h, repetida e traduzida na libertação de melatonina pelo hipotálamo (mecanismo circadiano de regulação do sono). A melatonina é uma hormona produzida por diversos animais e plantas. Em animais superiores é produzida e libertada pela glândula Pineal. Quimicamente, é uma indolamina sintetizada a partir do triptofano (aminoácido essencial encontrado nas proteínas) sendo uma molécula anfipática ou seja devido ao seu caráter anfifílico (uma parte hidrofílica e outra lipofílica), pode atravessar facilmente as membranas celulares por difusão. Em consequência, a melatonina não é armazenada no interior do pinealócito e é imediatamente libertada dentro dos capilares sanguíneos que irrigam a glândula pineal após a sua formação. Assim, a secreção de melatonina depende da sua síntese, que é catalisada por quatro enzimas distintas:
Triptofano hidroxilase (TPH),
Descarboxilase de L-aminoácidos aromáticos,
N-acetiltransferase (NAT),
Hidroxi-indol-O-metiltransferase (HIOMT).
Serotonina (antidepressivo) é precursor da melatonina
No esquema acima descrito é clara a importância da serotonina como precursor da melatonina. Relembro apenas que a serotonina é utilizada por milhões de pessoas em todo o mundo como antidepressivo! A glândula pineal participa na organização temporal dos ritmos biológicos, aturando como mediadora entre o ciclo claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos, incluindo:
Regulação endócrina da reprodução,
Regulação dos ciclos de atividade-repouso e sono/vigília,
Regulação do sistema imunológico, entre outros.
Melatonina e antioxidante mitocondrial
A melatonina e a glutationa (ou glutatião) são os dois mais importantes antioxidantes mitocondriais. A melatonina é um antioxidante antigo. Após o seu desenvolvimento inicial em bactérias, ela foi retida ao longo da evolução, de modo que pode estar ou pode ter estado presente em todas as espécies que existiram. Embora se tenha mantido ao longo da evolução durante a diversificação das espécies, a estrutura química da melatonina nunca mudou; assim, a melatonina presente nos seres humanos atualmente vivos é idêntica à presente nas cianobactérias que existem na Terra há bilhões de anos.
A melatonina na circulação sistémica de mamíferos desaparece rapidamente do sangue, presumivelmente devido à sua captação pelas células, particularmente quando estão sob condições de alto stress oxidativo. A medição da distribuição subcelular da melatonina mostrou que a concentração desta indolamina nas mitocôndrias excede em muito a do sangue. A melatonina presumivelmente entra nas mitocôndrias através de transportadores de oligopeptídeos, PEPT1 e PEPT2.
Assim, a melatonina é direcionada especificamente para as mitocôndrias, onde parece funcionar como um potente antioxidante mitocondrial. Além de ser absorvida da circulação, a melatonina também pode ser produzida nas mitocôndrias.
A origem das mitocôndrias e a melatonina
Durante a evolução, as mitocôndrias provavelmente tiveram origem quando as bactérias formadoras de melatonina foram engolidas como alimento por procariontes ancestrais. Com o tempo, as bactérias engolidas evoluíram para mitocôndrias; isso é conhecido como a teoria endossimbiótica da origem das mitocôndrias. Quando o fizeram, as mitocôndrias mantiveram a capacidade de sintetizar melatonina.
Assim, a melatonina não é apenas absorvida pelas mitocôndrias, mas estes organelos, além de muitas outras funções, provavelmente também produzem melatonina. As altas concentrações da melatonina e as suas múltiplas ações como antioxidante proporcionam uma potente proteção antioxidante a estes organelos que estão expostas a abundantes radicais livres.
Atualmente médicos e investigadores de renome como o cardiologista Dr. Steven Gundry colocam a hipótese de a principal função do sono ser produzir melatonina para proteger o bom funcionamento das nossas mitocôndrias, pois sem a energia produzida pelas mitocôndrias não estaríamos vivos!
Stress oxidativo e cancro
A mitocôndria é a principal responsável pelo fornecimento de energia, trifosfato de adenosina, ATP (adenosine triphosphate), às células e a maior produtora de espécies reativas do oxigénio (radicais livres), ROS (reactive oxygen species), tais como o anião superóxido (O2.-), o peróxido de hidrogénio (H2O2) e o radical hidroxilo (OH.).
A manutenção de um equilíbrio entre a produção de ROS e as defesas antioxidantes é crucial para o bom funcionamento do organismo humano. No entanto, pode ocorrer um desequilíbrio devido à produção excessiva de ROS ou à deficiência de defesas antioxidantes. A este desequilíbrio dá-se o nome de stress oxidativo. O excesso de ROS pode danificar o DNA, os lípidos ou as proteínas e levar ao aparecimento de diversas doenças, incluindo o cancro.
O genoma mitocondrial é mais suscetível a mutações por possuir limitações nos mecanismos de reparação. As lesões ao nível do DNA mitocondrial (mtDNA) podem ser mutações nas regiões codificantes ou na região D-loop (displacement loop), ou simplesmente alterações do número de cópias de mtDNA. Para se defender do stress oxidativo, o organismo desenvolveu mecanismos de defesa endógena antioxidante. As defesas dividem-se em:
Enzimáticas como por exemplo a superóxido dismutase, a glutationa peroxidase e a catalase;
Não enzimáticas, como por exemplo as vitaminas A, C e E.
Existe a hipótese de uma alimentação rica em nutrientes com propriedades antioxidantes poder ser benéfica na prevenção contra a oxidação mas ainda sem suporte científico consistente. No entanto, o excesso de nutrientes com propriedades antioxidantes ou mesmo de suplementos antioxidantes podem ser cancerígenos.
Utilização terapêutica da Melatonina
Como dormir rápido e como dormir bem
Em humanos, a melatonina tem como principal função regular o sono ou seja, num ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono, de forma a que possa dormir rápido e dormir bem. Por isso como dormir bem é muito importante então devemos eliminar do ambiente mecanismos que possam acelerar o metabolismo e impedir o sono, mesmo que não percebamos, tais como:
Fontes de som,
Fontes de luz,
Aromas,
Calor
Outra função atribuída à melatonina é a de antioxidante, agindo na recuperação de células epiteliais expostas a radiação ultravioleta e através da administração suplementar, ajudando na recuperação de neurónios afetados pela doença de Alzheimer e por episódios de isquemia (como os resultantes de acidentes vasculares cerebrais) e como complemento em tratamentos para a epilepsia.Em resumo a melatonina é conhecida como a hormona do sono.
Jet lag o que é?
Jet lag é a alteração do ritmo biológico de 24 horas consecutivas que ocorre após mudanças do fuso horário em longas viagens de avião. Caracteriza-se por problemas físicos e psíquicos, especialmente do ciclo do sono, decorrentes de alterações dos níveis hormonais de hidrocortisona.
Trata-se de uma condição fisiológica resultante de alterações no ritmo circadiano (distribuição dos períodos de sono-vigília em um ciclo de 24 horas) provocadas por uma viagem, geralmente de aviões a jato (daí o nome em inglês: jet, redução de jet plane, ‘avião a jato’; e lag, ‘atraso, retardamento’), atravessando vários fusos horários. Em consequência, após a viagem, o relógio interno (relógio biológico) não estará ajustado ao horário local. Ocorre então um distúrbio do sono transitório.
Qual a melhor melatonina para o Jet Lag
A melatonina, sob o nome comercial Circadin, é também considerado segura e extremamente eficaz na prevenção ou diminuição dos sintomas de Jet Lag. Especialmente eficaz para quem viaja por mais de 5 zonas horárias, mas pode ser usado para qualquer viagem que ultrapasse mais do que uma zona horária para quem é mais suscetível a sintomas.
Estudo clínicos constataram que a melatonina ajuda a regular o horário orgânico com mais rapidez, criando as condições necessárias para atingir um mais rápido relaxamento e descanso cerebral em viajantes, trazendo rápida adaptação ao novo fuso horário.
Existem também estudo que demonstram que a melatonina age como regulador de cada uma das etapas do balanço energético, tais como:
Ingestão alimentar,
Fluxo de energia para reserva,
Fluxo de energia das reservas
Gasto energético.
Comportamentos inadequados como tomar café depois das 18h ou ver televisão até tarde podem dificultar o inicio do sono ou comprometer a sua continuidade, penalizando os processos que dele dependem, como por exemplo a regulação do cortisol que é a hormona do stress. Quanto mais alto for o nível de cortisol no nosso organismo mais ansiedade vamos sentir!
Ritmo circadiano o que é?
Num velho vídeo de Novembro de 2015 Michael Rosbash explica o seu trabalho com Jeffrey C. Hall. Fala neste incrível relógio que temos dentro de nós e que consegue antecipar as mudanças cá fora. “É muito mais vantajoso saber o que vai acontecer do que reagir ao que já aconteceu. E esse é um dos papéis do ritmo circadiano”, diz.
Fonte: Comité Nobel de fisiologia ou medicina
Cronobiólogos ganham prémios Nobel
São geneticistas e cronobiólogos… uma espécie de “relojoeiros do corpo humano”, a saber:
Michael Rosbash,
Jeffrey Connor Hall,
Michael Warren Young
Estes três cientistas Norte Americanos, conquistaram a 2 de Outubro de 2017, o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina por descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.
Os trabalhos com mais de duas décadas nesta área mostraram como funcionam genes que estão ligados ao sono e à forma como regulamos o nosso metabolismo nas diferentes fases do dia. Os três cientistas norte-americanos revelaram alguns dos importantes circuitos e peças que fazem a complexa máquina do nosso relógio biológico funcionar. E, claro, perceberam onde e como pode avariar.
Relógio biológico antecipa mudanças
Segundo Anna Weddell, do comité do prémio Nobel, os investigadores mostraram, por exemplo, que “precisamos do relógio biológico para antecipar as mudanças que ocorrem durante um dia, não é só para nos adaptarmos a essas mudanças”.
Assim, recorrendo ao modelo da mosca-da-fruta, os investigadores perceberam que o corpo dos animais (incluindo o dos seres humanos) desencadeia uma série de ligações que nos preparam para acordar, mesmo antes de a luz do dia “nos avisar”. Da mesma forma, há uma preparação do organismo para o momento noturno, do sono.
Diogo Pimentel, investigador português na Universidade de Oxford que se dedica a esta área, explica:
“Até hoje não sabemos por que precisamos de dormir, mas já é claro que a regulação do sono obedece a dois processos: o ciclo circadiano (ou relógio) e o sistema homeostático” .
O tal relógio faz com que todos os organismos (incluindo nós) se sincronizem e adaptem a fatores do ambiente externo, sendo a luz o fator principal. Sobre os resultados do trabalho dos cientistas agora premiados com o Nobel da Medicina, Diogo Pimental comenta:
“É de facto uma história de sucesso fantástica e um excelente exemplo de como genes e moléculas são responsáveis por orquestrar o nosso comportamento.”
Genes na regulação do nosso sono
Segundo os prémio Nobel da medicina 2017, os genes mais importantes para o nosso ritmo circadiano são:
Gene period (PER) – Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona este gene;
Gene timeles (TIM) – Michael Warren Young descobriu este gene;
Gene doubletime (DBT) – Michael Warren Young, da Universidade de Rockefeller também identificaram este gene.
Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall são dois amigos de longa data que trabalham juntos há várias décadas. Actualmente, estão na Universidade de Brandeis, no Massachusetts (EUA). Michael Warren Young é um cronobiólogo que investiga no laboratório de genética da Universidade de Rockefeller, em Nova Iorque. Os três estudam o sono, os mecanismos que o nosso relógio biológico usa para se adaptar ao ambiente cá fora.
No centro das investigações destes cientistas está o papel de alguns genes que “participam” neste processo de regulação do ritmo circadiano. Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona o gene period (PER). Isolaram este gene e descobriram que produzia uma proteína que se acumulava nas células durante a noite e degradava-a durante o dia. Ou seja, os níveis estavam sintonizados com o ritmo circadiano (uma palavra que na sua origem em latim quer dizer algo como “cerca de um dia”, 24 horas).
Michael Warren Young descobriu o gene timeles (TIM), outra peça importante nesta máquina. Juntos, os três cientistas perceberam que por trás dos nossos sonos e vigílias estes genes actuam em conjunto formando um sistema de sinais químicos. O investigador da Universidade de Rockefeller identificou ainda um outro gene chamado doubletime (DBT) que era capaz de atrasar a acumulação da proteína PER. Estavam desvendados mecanismos-chave sobre os princípios do relógio biológico.
Mutações genéticas quais as consequências?
Encontrar os genes e a sua função fez com que se concluísse também que mudanças (ou mutações) nestes “genes-relógio” (as peças biológicas do relógio circadiano comparáveis às rodas dentadas de um relógio mecânico) estão associadas a uma série de distúrbios do sono em humanos.
Mesmo algumas formas de depressão podem estar de alguma maneira ligadas ao controlo do ritmo circadiano. Assim, por causa destes três investigadores, hoje sabemos mais sobre os mecanismos que regulam o nosso ritmo circadiano que, por sua vez, regula muitos dos nossos genes.
Funções críticas do relógio biológico
“O relógio biológico regula funções críticas, tais como:
Comportamento,
Níveis hormonais,
Sono,
Temperatura corporal,
Metabolismo.
O nosso bem-estar é afetado quando existe um desajuste entre o nosso ambiente externo e este relógio biológico interno, o que acontece, por exemplo, quando viajamos em diferentes fusos horários e experimentamos jet lag.
Há também indícios de que os problemas na sincronização de nosso relógio interno com o ambiente e estilo de vida podem estar associados ao aumento do risco de várias doenças”, refere o comunicado de imprensa do comité do Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia.
Causas de insónia
As principais causas de insónia são claramente as seguintes:
Ansiedade
Depressão
Dor
São inúmeras as patologias que podem causar insónia. Desde logo as de caracter psicológico e psiquiátrico são claramente as duas mais importantes.
No entanto todas as patologias ou doenças que possam provocar dor são muito relevantes entre as principais causas de insónia. Assim em todos estes casos com sintomas dolorosos a principal estratégia no combate à insónia passa pela estabilização da patologia primária e nomeadamente o controle da dor durante a noite.
Outras causas frequentes de insónia são a desinformação básica acerca de regras simples mas “obrigatórias” para ajudar o nosso organismo a seguir o ritmo circadiano que marca claramente os nossos ciclos saudáveis de sono. O conjunto de regras simples, que descrevo de seguida, é habitualmente designado de higiene do sono!
Como dormir melhor
Higiene do sono
A higiene do sono é a designação dada ao conjunto de estratégias que englobam hábitos e comportamentos potenciadores de um bom sono, consolidado e recuperador. Frequentemente, os tropeços nestas regras básicas que interferem na psicobiologia humana, associam-se a um sono perturbado passível de se transformar num estado patológico crónico, muitas vezes de difícil retrocesso. Mais adiante neste artigo descrevo todas as regras essenciais para um bom sono incluindo as melhores posições para dormir.
Mais à frente neste post descrevo mais em detalhe a importância destas regras mas algumas das mais simples e de aplicação imediata, são as seguintes:
Quarto completamente escuro;
TV telemóveis, tablets e aparelhos eletrónicos desligados;
Ambiente silencioso;
Baixa temperatura ambiente (mas não gelada!);
Não beber café ou chá com cafeína até 6 horas antes de se deitar;
Não beber álcool.
Dormir uma sesta é bom ou mau?
Apesar das diferenças individuais, na mesma pessoa, e em condições normais, a necessidade de sono durante as 24h mantém-se de dia para dia. Por conseguinte se gastarmos parte das horas destinadas ao sono, durante uma sesta a noite será provavelmente mais curta (geralmente com maior dificuldade de iniciar o sono mas também associado à sua interrupção repetida). Tendo esta informação em mente fica também claro que quem dorme uma sesta sente ao acordar desse pequeno sono, em geral, um aumento da concentração e energia que ajuda a passar melhor o que resta do seu dia.
No entanto também sentirá que quando chegar a hora de dormir vai ter dificuldade em adormecer à hora habitual o que vai causar, mais uma vez, a diminuição do tempo e da qualidade do sono nessa noite. No dia seguinte é também provável que volte a sentir a necessidade de uma nova sesta… iniciando uma espécie de ciclo vicioso que só pode ser quebrado com a disciplina de se deitar sempre à mesma hora e ter uma noite de sono de aproximadamente 7 horas e meia.
Exercício físico será que é bom para o sono?
As atividades noturnas devem procurar favorecer o sono e não a vigília. Neste sentido, o exercício físico intenso é, em principio, contra-indicado no horário próximo ao de dormir, já que, devido à ativação intensa generalizada que condiciona, e a um aumento da temperatura corporal, atrasa o inicio do sono. O exercício ligeiro a moderado, por sua vez, promove o sono, ao que parece, através de um mecanismo reflexo. Por outro lado, estratégias de relaxamento, favoráveis a uma inativação geral parecem ser sonogénicas.
Álcool dá sono, isso é bom?
Relaxantes como o álcool só aparentemente facilitam o sono. Na realidade, apesar de poderem diminuir a latência do sono, no decorrer da noite, este passa a ser, significativamente pior, mais superficial e fragmentado, após a ingestão de álcool. Pode até adormecer mais depressa mas a qualidade do sono é muito pior e vai acordar com um enorme cansaço e até dor de cabeça.
Tabaco e influência no sono
O tabaco contém nicotina (um estimulante) e é igualmente prejudicial ao sono, devendo ser evitado. Por outro lado o tabaco é um irritante das mucosas nasais e da garganta o que pode alterar o fluxo de ar e causar o ressonar além de aumentar as probabilidades de desenvolver doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
Última refeição do dia
Uma refeição ligeira, sobretudo contendo alimentos ricos em L-triptofano (uma substância promotora do sono), como o leite, é benéfica, mas as refeições pesadas prejudicam o inicio do sono. Também os líquidos não deverão ser excessivos perto da hora de dormir, devendo mesmo ser evitados por vezes, sobretudo em pessoas cujo sono seja frequentemente interrompido pelas idas à casa de banho.
Quando não tenho sono o que fazer?
Obrigar o sono traz muitas vezes uma frustração acrescida, sendo causa frequente de desenvolvimento de insónia psicofisiológica. Assim, é boa prática deixar a cama quando surgem dificuldades para adormecer. Nessa circunstância, fazer algo relaxante como ler ou ouvir música, pode ser adequado e ajudar o sono a chegar e então encaminhar ao leito.
Dormir demais quais os riscos?
O prolongamento do tempo na cama constitui, muitas vezes, um hábito penalizador do sono, dado que o mesmo se associa a um sono mais superficial e fragmentado e, portanto, com menor rentabilidade. A regularidade de horários reservados ao sono e à vigília também são determinantes de uma boa função do ciclo sono-vigília, já que a falha neste compromisso resulta frequentemente numa perturbação do ritmo circadiano e consequentemente no sono.
1. Aumenta o risco de depressão
Um estudo de 2014, com adultos gémeos, permitiu aos investigadores concluir que dormir muitas horas (mais de nove) aumenta o risco de sintomas depressivos.
2. Pode debilitar o cérebro
Em 2012, uma equipa de cientistas descobriu que mulheres idosas com falta ou excesso de sono viam a sua capacidade cerebral deteriorar-se num espaço de seis anos. Os cérebros das mulheres que dormem mais de nove horas ou menos de cinco registam alterações correspondentes a um envelhecimento de dois anos.
3. Pode dificultar uma gravidez
Depois de analisarem os hábitos de sono de mais de 650 mulheres submetidas a fertilização in vitro, investigadores coreanos concluíram que as taxas de gravidez mais elevadas foram registadas entre as mulheres que dormiam sete a oito horas por noite e as mais baixas entre as que dormiam entre nove a onze.
“Sabemos que os hábitos de sono podem alterar os ritmos circadianos, a produção de hormonas e os ciclos menstruais”, afirmou, em 2013, quando este estudo foi publicado, o endocrinologista Evan Rosenbluth, sublinhando que não foi possível estabelecer uma causalidade clara no caso dos tratamentos para a infertilidade.
4. Pode aumentar o risco de diabetes
Um estudo realizado no Quebec concluiu que quem dorme mais de oito horas por noite têm o dobro das probabilidades de desenvolver diabetes tipo 2, ao longo de um período de seis anos, em comparação com que dorme entre sete a oito horas, mesmo tendo em consideração as diferenças de massa corporal.
5. Pode levar ao aumento de peso
O mesmo grupo de investigadores analisou também o peso e o aumento de gordura entre os participantes, no mesmo período de seis anos, e chegou à conclusão que os que dormiam demais ou de menos ganhavam mais peso do que os que dormiam as recomendadas sete a oito horas por noite.
Os que dormiam nove a dez horas tinham 25% mais probabilidade de aumentar cinco quilos nesses seis anos, mesmo com uma alimentação controlada e atividade física.
6. Pode danificar o coração
Uma investigação apresentada em 2012, nos EUA, revelou a relação entre dormir oito ou mais horas por noite e o aumento de risco de problemas cardíacos. Depois de analisar os dados de mais de 3 mil pessoas, os cientistas descobriram que as que dormiam mais tinham o dobro do risco de angina e 1.1 vezes mais o risco de doença das artérias coronárias.
7. Pode aumentar o risco de morte prematura
Uma análise de 16 estudos diferentes levou um grupo de investigadores a concluir que há um risco de morte prematura – por várias causas – aumentado entre os que dormem mais de oito horas por noite, do total de quase 1,4 milhões de participantes nas várias investigações.
Quantas horas devo dormir?
Este gráfico indica que 8 horas de sono, num adulto em idade ativa, é o ideal para não acordar cansado. Alguns estudos apontam para 7 horas e meia serem suficientes e até ótimas em muitos adultos em idade ativa. De facto tendo em conta que temos durante a noite vários ciclos de sono de aproximadamente 90 minutos cada tal significa que se acordarmos ao fim de 7 horas e meia estaremos exatamente a terminar o quinto ciclo de sono.
Se continuássemos a dormir o próximo ciclo terminaria cerca de hora e meia depois ou seja faríamos 9 horas de sono desde a hora em que adormecemos. É por isso que, se nos deitarmos à meia noite, geralmente, acordamos mais “bem dispostos” ás 7.30 h do que ás 8.00h apesar de dormirmos mais meia hora!
Dormir demais nos bebés e nas crianças
Nos bebés já é hábito e saudável dormir muito mais que um adulto. O tempo de sono recomendado por faixa etária varia de especialista para especialista. A American Sleep Association divulgou recentemente novas recomendações onde estabelece períodos mínimos e máximos adequados a cada idade. No entanto, alerta para o facto de que o tempo para um sono reparador varia de acordo com as características pessoais. Refere também que dormir de mais é tão mau como dormir pouco, estabelecendo limites mínimos e máximos aceitáveis.
Dormir pouco qual o risco nas crianças?
Sabia que na infância cerca de 90% da hormona de crescimento é libertada durante o sono?
As crianças que dormem menos tempo do que o aconselhado ou que apresentam distúrbios decorrentes do sono podem ter problemas no desenvolvimento físico, no fortalecimento do sistema imunológico, na consolidação da memória e dificuldades no relaxamento muscular.
Recomendações de horas de sono
Segundo a American Sleep Association estas são as recomendações de horas de sono saudáveis desde os recém nascidos até aos 13 anos de idade:
Recém-nascidos (0-3 meses): 14 a 17 horas (anteriormente 12-18)
Crianças em idade pré-escolar (3-5 anos): 10-13 horas (anteriormente 11-13)
Crianças em idade escolar (6-13 anos): 9-11 horas (anteriormente 10-11)
Pequenos ecrãs impedem crianças de dormir
O sono é prejudicado nas crianças que utilizam disposivos electrónicos
As crianças que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ nos seus quartos dormem menos do que as crianças que não têm acesso a estes dispositivos à noite, conclui um estudo norte-americano hoje divulgado. As conclusões da investigação publicadas na revista Pediatrics mostram que ter um chamado “pequeno ecrã” à mão é pior do que ver televisão, no que toca à falta de sono, de acordo com a observação de 2.000 crianças em idade escolar.
No geral, aqueles que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ dormem menos 21 minutos por noite em comparação com os que não usam essa tecnologia e têm mais probabilidade de acusar falta de sono. Já as crianças com televisão no quarto dormem menos 18 minutos do que as que não têm esses aparelhos na mesma divisão em que dormem.
“A presença de pequenos ecrãs, mas não de televisão, no ambiente de sono, está associada com a perceção de descanso ou sono insuficiente”, indica o estudo de Jennifer Falbe, da Universidade da Califórnia..
Mudança da hora
Segundo o Dr. Miguel Meira Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, a mudança para a hora de inverno traz “mais riscos que benefícios” devido à “súbita exigência de mudança” do “tempo interno” das pessoas.
Ás 2 horas do dia 30 de Outubro, os relógios vão atrasar uma hora (dormimos mais uma hora), dando início ao horário de inverno, uma mudança que, tem impactos negativos na saúde. Apesar do impacto ser claramente maior no adiantamento (dormimos menos uma hora) que exigimos ao tempo em meados de Março, qualquer das direções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves.
O especialista Miguel Meira Cruz afirma que uma hora a mais de sono pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde ou naqueles que atrasam a sua hora de deitar, como acontece com adolescentes. Porém, na prática, verifica-se que “as atitudes não acompanham as intenções e este ganho tem provavelmente uma influência menor”, sublinha.
Além disso, acrescenta, “os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de inverno”, dado que para “além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afetam o humor”.
Assim alguns dos mais importantes sintomas e consequências causados pela alteração da hora,são os seguintes:
Prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça).
Alterações de humor;
Sonolência que pode originar, por exemplo, acidentes rodoviários;
Falta de concentração;
Fadiga;
Segundo o Dr Miguel Meira, especialista em medicina de sono, “estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente”. Para o especialista, a mudança da hora “é mais um exemplo do predomínio de interesses económico-financeiros, que vigora no mundo, em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde”.
A alteração proposta originalmente por Benjamim Franklin, tinha como intensão rentabilizar a energia luminosa poupando gastos, mas em rigor, não só não se confirmaram os ganhos teoricamente previstos, como se tem vindo a descobrir perdas importantes de saúde associadas à alteração brusca da hora.
Dormir melhor mas como…?
11 decisões que já esta noite fazem dormir melhor
A verdade é que um bom sono depende de vários fatores simultâneos e que jamais conseguirá dormir bem se não controlar os que listamos de seguida. Na maioria das pessoas basta um destes fatores para não ter uma quantidade e/ou qualidade de sono profundo adequada, mesmo quando julgam que dormem bem! Os registos encefalográficos dos especialistas do sono não deixam dúvidas quanto à fragmentação do sono quando algumas destas condições não são adequadas ao ambiente do quarto onde dorme.
Não esquecer também que dormir bem não é dormir demais!
Aqui ficam as condições essenciais que importa controlar:
Não tomar cafeína( café, chá e chocolate ) até 6 horas antes de dormir para controlar um excesso de estado de vigília noturna e degradação do sono profundo.
Vinho, apenas deve beber um copo ao jantar pois apesar de ajudar a adormecer vai degradar a qualidade e quantidade do sono profundo.
Baixe a temperatura do quarto pois o cérebro associa o frio com a necessidade de dormir para o organismo gastar menos energia.
Não faça exercício á noite pois, como anteriormente detalhamos neste artigo, há libertação de neurotransmissores como a adrenalina que nos tiram o sono.
Afaste-se de todos os aparelhos eletrónicos com ecrans ou seja TV, computador, smartphone e tablet, pois a luz emitida por estes gadgets envia ao cérebro a mensagem de que ainda é dia!
Não tome líquidos ao deitar, expecto se sentir sede, pois vai aumentar as probabilidades de acordar de noite para urinar e fragmentar o seu sono.
Torne o quarto completamente escuro com estores totalmente fechados e/ou cortinas que impeçam a passagem da luz solar. Bastam alguns raios de luz antes de tempo para estimular o despertar e impedir que complete o mínimo de horas de sono necessárias para repor a sua energia.
Levanta-se sempre à mesma hora mesmo ao fim de semana para manter o ritmo circadiano natural do seu corpo.
Quando o despertador tocar levante de imediato as persianas, afaste as cortinas e deixe entrar o luz do Sol. Fazer o despertador tocar de 10 em 10 minutos só vai fragmentar o seu sono e aumentar o cansaço. A luz é o seu melhor despertador.
Controle a ansiedade – As preocupações são constantes, mas não devem acompanhar-nos na cama. Existem formas de reduzir o seu impacto como por exemplo fazer uma lista de preocupações e definir estratégias para as resolver no dia seguinte. O objetivo é lidar, em consciência, com cada uma das preocupações, de tal forma que estas deixem de ser um fator negativo perpetuante.
Banho quente – uma a duas horas antes da hora de deitar, ajuda, por mecanismos semelhantes aqueles que acompanham os efeitos do exercício ligeiro a moderado, a uma diminuição da latência do sono (intervalo de tempo que passa desde que uma pessoa se deita até que adormece).
Melhores posições para dormir
Será que a posição que escolhe para dormir é a melhor? Esse é um dos hábitos que melhores benefícios pode trazer à saúde da sua coluna vertebral e por conseguinte à qualidade do seu sono. De seguida deixamos uma imagem que ilustra quais as melhores posições para dormir e proteger as suas costas. Confirme se a sua está correta senão corrija o mais cedo possível, para bem da sua saúde!
Exames para avaliar a qualidade do sono
Existem 4 exames que têm uma importância muito relevante no diagnóstico correto da qualidade do sono, a saber:
Registo do sono profundo,
Testes psicológicos,
Polissonografia ou estudo do sono,
Exames da Tiroide (TSH, T4, T3)
Comprimidos para dormir quais os riscos?
A utilização de comprimidos para dormir é cada vez mais comum. Sabe-se que mais de 25% das insónias estão relacionadas com outras doenças, tais como como:
Ansiedade
Depressão
A maior parte das pessoas não tem uma boa higiene do sono (hábitos que promovem uma boa noite de sono, como por exemplo deitar a um horário regular, evitar bebidas cafeinadas à tarde e à noite, não estar no computador ou tablet na cama, não ver televisão no quarto, etc).
Nestas situações, recorre-se frequentemente aos chamados comprimidos para dormir. Os mais prescritos são os ansiolíticos tais como:
Benzodiazepinas, como o alprazolam (Xanax®), o lorazepam (Lorenin®) e o diazepam (Valium®);
Benzodiazepinas mais sedativas, como o estazolam e o loprazolam;
Hipnóticos mais recentes e com menor risco de dependência e tolerância, caso dos chamados medicamentos Z, como o zolpidem.
Estes grupos pertencem à categoria dos psicofármacos, cujo consumo tem vindo a aumentar nos últimos anos.
A prescrição deste tipo de medicamentos pode ser necessária para combater rapidamente as insónias e, como tratamento de curta duração, são de facto eficazes e seguros. No entanto, estes fármacos oferecem apenas uma solução a curto prazo e não resolvem o problema das insónias na sua origem, além de comportarem riscos para a saúde quando tomados durante muito tempo (mais de quatro semanas).
Riscos e efeitos adversos dos comprimidos para dormir
Os comprimidos para dormir acarretam riscos de vária ordem a que deve estar atento, tais como:
Efeitos secundários como sonolência, confusão e descoordenação motora, mas também um possível agravamento das insónias;
Diminuição da atenção, do tempo de reação e da velocidade do desempenho;
Tolerância progressiva que obriga à toma de doses cada vez mais elevadas para obter o mesmo efeito;
Dependência ou habituação;
Potencial de abuso, sobretudo em pessoas com historial de dependência;
Síndrome de abstinência, que inclui tremores, agitação psicomotora, suores, palpitações, náuseas e vómitos, desorientação, alucinações e até convulsões, razão pela qual não se deve interromper este tipo de medicação abruptamente;
Défices cognitivos e até síndromes demenciais, segundo alguns estudos;
Interação com bebidas alcoólicas e outros medicamentos, especialmente os depressores do Sistema Nervoso Central (SNC);
Risco aumentado de acidentes de trabalho ou acidentes de viação por sonolência excessiva.
Quem sofre de insónias pode e deve discutir com o seu médico assistente as melhores alternativas aos comprimidos para dormir, o que poderá implicar mudanças nos hábitos e nos estilos de vida, a adoção de uma correta higiene do sono, bem como pequenas medidas comportamentais favorecedoras do seu sono natural. Na verdade, existem muitas outras formas de ter uma boa noite de sono, sem riscos para a sua saúde.
Atenção: Não tome comprimidos para dormir e álcool ao mesmo tempo. Esta mistura explosiva aumenta o efeito sedativo dos medicamentos e pode provocar perda de consciência e depressão respiratória.
Concluindo
O nosso cérebro é uma “máquina verdadeiramente extraordinária” cuja ferramenta mais importante para manter o equilíbrio é o sono. É o sono que nos permite consolidar as nossas memórias “arrumando-as” de maneira a estarem disponíveis quando delas necessitamos! É também o sono que nos permite recarregar a energia para enfrentar um novo dia com raciocínio mais acertado e melhores tomadas de decisões em inúmeras opções de vida do nosso quotidiano. È frequente uma pessoa com uma má noite de sono tomar decisões erradas, algumas das quais podem colocar vidas em perigo tais como na condução de veículos e até na medicina!
O sono tem inclusive influência nas feridas, cujo processo de cicatrização é acelerado durante o sono e também no nosso sistema imunitário que fica fragilizado quando não dormimos o suficiente ou dormimos demais! Resumindo e para ser muito claro…jamais um organismo consegue o equilíbrio com um sono desregulado ou insuficiente!
Se tem dificuldade em dormir ou acorda cansado, melhore a sua “higiene do sono”. Eu próprio tive que “disciplinar o meu sono” com alterações simples como, por exemplo, tornar o quarto completamente escuro pois no meu caso uma ínfima friesta de luz me faz acordar! Desligar atempadamente televisão, telemóvel e tablet pelo menos 1 hora antes de dormir também foi uma medida de extrema importância para melhorar o meu sono. Enfim… siga as recomendações descritas neste artigo e pode ter a certeza que a qualidade do seu sono vai melhorar e vai sentir uma energia extra que julgava impossível!
Quais as 7 dores que nunca deves ignorar? Dor e sinal de perigo: Dores banais podem esconder doenças muito graves! Segundo a OMS a gestão de todo o tipo de dor é importante. No entanto existem algumas dores que não devem, nunca, ser desvalorizadas porque podem alertar, atempadamente, para problemas muito graves, podendo mesmo, em certos casos, salvar-lhe a vida!
Há dores que têm causas banais e bem identificadas tais como uma “canelada” a jogar à bola com os seus amigos, uma martelada que acertou no dedo e não no prego, maus jeitos, demasiado tempo em cima de saltos altos, carteiras e pastas pesadas, enfim… dores não faltam e estas são frequentes e contornáveis com alguma facilidade.
Este artigo oferece um detalhe extraordinário de 7 doenças muito graves porque se pretende, verdadeiramente, explicar de forma clara e tecnicamente rigorosa, o perigo enorme de não serem detetadas em tempo útil.
É portanto um artigo extenso mas repartido em 7 blocos que podem ser lidos de forma separada pelo facto de descreverem doenças graves muito distintas. No final não se esqueça de PARTILHAR com os seus amigos, com a certeza que este artigo pode salvar vidas!
Tratam-se de dores que podem parecer banais mas que, na verdade, são bem capazes de esconder problemas muito graves, a saber:
Dor nas omoplatas ( ombros )
Dor de cabeça
Dor aguda do lado direito do abdómen
Acordar com dores de dentes
Dor na zona central das costas e simultaneamente febre
Cólicas menstruais fortes
Dor aguda na zona mole da parte detrás do joelho, entre a barriga da perna e a articulação do joelho
Dor no ombro
Pode ser sinal de que um ataque cardíaco poderá estar para breve. Se a esta dor se juntarem sintomas de falta de ar, náuseas, indigestão ou azia, o melhor é correr para o médico mais próximo.
Ataque cardíaco o que é?
Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado. Se o fluxo sanguíneo não for restaurado rapidamente, essa seção do músculo cardíaco ficará danificada devido à falta de oxigênio e começará a morrer.
Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado
O ataque cardíaco é uma das principais causas de morte, tanto em homens como em mulheres.
Eventualmente, uma placa pode romper, causando coágulo sanguíneo na superfície da placa. Se o coágulo ficar muito grande, ele pode bloquear totalmente ou quase totalmente o fluxo de sangue rico em oxigênio para a parte do músculo cardíaco alimentado pela artéria.
Durante um ataque cardíaco, se o bloqueio na artéria coronária não for tratado rapidamente, o músculo cardíaco começa a morrer e a ser substituído por tecido cicatrizado. Este dano do coração pode não ser óbvio, ou pode causar problemas graves de longo prazo.
Sequelas permanentes
Problemas graves relacionados com ataque cardíaco podem incluir:
Insuficiência cardíaca
Arritmias cardíacas potencialmente fatais.
Insuficiência cardíaca é uma condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente pelo corpo. Fibrilação ventricular é uma arritmia séria que pode causar morte se não for tratada rapidamente.
Tratamento
Atualmente há tratamentos para ataques cardíacos que salvam vidas e previnem incapacidades graves. O tratamento é mais eficiente quando começa dentro de 1 hora após os sintomas do ataque cardíaco.
Dor de cabeça
É importante que a pessoa saiba avaliar a intensidade da dor para que a distinga facilmente de uma enxaqueca. Esta dor não deve cair no esquecimento, principalmente a repentina e que aparece de forma intensa. Sabia que estas dores inesperadas e fortes podem ser sinal do crescimento de um aneurisma cerebral?
Neste caso é importante que a pessoa saiba avaliar a intensidade da dor para que a distinga facilmente de uma enxaqueca.
Aneurisma cerebral o que é?
As artérias do nosso corpo são vasos sanguíneos com uma parede muscular muito resistente, capazes de suportar a pressão que o sangue exerce dentro delas.
Se por algum motivo um ponto da artéria se tornar mais fraco, ela deixará de ser capaz de suportar a pressão sanguínea, cedendo lentamente, formando uma área dilatada, como se fosse um saco ou um balão.
O aneurisma tem uma parede muito mais fraca que a artéria saudável e, por isso, apresenta grande risco de rotura, podendo causar hemorragias cerebrais graves.
No ponto onde a parede da artéria é mais fraca forma-se um balão que pode rebentar
Prevalência na população em geral
Estima-se que até 5% da população tenha pelo menos um aneurisma cerebral. 20% destes possuem dois ou mais aneurismas ao mesmo tempo.
Os aneurismas são mais comuns nas mulheres e em pessoas acima dos 50 anos. A taxa de hemorragia intracraniana por rotura de um aneurisma cerebral, porém, é de apenas 10 para cada 100.000 pessoas.
Portanto, pode-se concluir que, apesar do aneurisma cerebral não ser uma situação rara, a maioria deles não se rompe. Na verdade, a maioria dos aneurismas não causa sintomas e o paciente nem sequer desconfia que o tem.
No entanto, o aneurisma cerebral, quando rompe, causa a morte em 50% dos doentes mesmo depois de socorridos.
Fatores de risco
O doente não costuma nascer com um aneurisma ou seja aparece ao longo da vida. Geralmente são precisos mais de um fator agindo em simultâneo para que um aneurisma seja formado. Entre os fatores de risco mais comuns estão:
Algumas doenças genéticas também podem ser causadoras de aneurisma cerebral, a saber:
Rins policísticos
Displasia fibromuscular.
Síndrome de Osler-Weber-Rendu.
Coartação da aorta.
Síndrome de Moyamoya.
Síndrome de Marfan.
Síndrome de Ehlers-Danlos.
Pseudoxantoma elástico.
Deficiência de Alfa1-antitripsina.
Lúpus eritematoso sistêmico
Anemia falciforme
Neurofibromatose tipo 1
Esclerose múltipla
Algumas das doenças acima são raras, outras são relativamente comuns. Devemos dar atenção especial à doença policística renal, que é uma desordem comum, 1 a cada 400 pessoas e pode aumentar o risco de aneurismas cerebrais até 7 vezes.
Sintomas
A maioria dos aneurismas cerebrais são pequenos e não provoca nenhum sinal ou sintoma. Muitos são descobertos acidentalmente durante exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonâncias magnéticas do crânio, solicitados por outro motivo qualquer.
Apesar de ser habitualmente assintomático, dependendo da localização e do tamanho, o aneurisma pode comprimir algumas áreas cerebrais importantes, provocando sintomas. Os mais comuns são:
Dores de cabeça
Visão turva
Alterações da pupila,
Formigueiro, dormência ou paralisia de um lado da face.
Porém, a situação mais comum é o aneurisma permanecer silencioso, causando sintomas apenas no momento em que ocorre a rotura.
A rotura de um aneurisma cerebral provoca um AVC hemorrágico, que é uma emergência médica gravíssima, com elevada mortalidade. Quando um aneurisma se rompe ele geralmente provoca a chamada hemorragia subaracnoide, que é causada pelo sangramento para o espaço subaracnoide, local das meninges onde circula o liquor. Este tipo de hemorragia é típica de aneurismas rotos.
#AVC isquémico vs #AVC hemorrágico
Quando o sangue escapa para o espaço subaracnoide, o paciente apresenta sintomas súbitos. Ajuda médica deve ser procurada imediatamente se o paciente apresentar subitamente um ou mais dos sintomas abaixo:
A pior dor de cabeça da sua vida
Perda da consciência.
Crise convulsiva
Rigidez da nuca.
Vômitos em jato.
Visão turva ou dupla.
Dor súbita acima ou atrás do olho, com dificuldade de visão
Dificuldade em caminhar ou forte tontura repentina
Fraqueza e dormência em um lado do corpo.
Aneurisma cerebral qual o risco de rotura?
O risco de um aneurisma cerebral se romper está diretamente relacionado com o seu tamanho e à velocidade de crescimento. Aneurismas de baixo risco são aqueles com menos de 5 a 7 milímetros (0,5 a 0,7 centímetros) de diâmetro e sem crescimento ao longo de vários meses. Quanto maior é o aneurisma, mais fraca é sua parede e maior é a chance deste continuar crescendo até se romper.
Além do tamanho e da velocidade de crescimento, outro fator importante no risco de rotura é a localização do aneurisma dentro do cérebro. Aneurismas da circulação posterior, envolvendo as artérias do sistema vertebro-basilar ou comunicantes posteriores, apresentaram as maiores taxas de rotura.
Estudos mostram que aneurismas maiores que 2,5 cm, localizados nas artérias posteriores do cérebro, apresentam um risco de sangramento acima de 50% em um período de 5 anos.
Os dois exames mais usados para se diagnosticar e acompanhar um aneurisma cerebral são a angiorressonância magnética nuclear e a angiotomografia computadorizada do crânio
Tratamento do aneurisma cerebral
A decisão de se tratar um aneurisma cerebral sem rotura depende do risco de rotura que o mesmo apresenta a curto/médio prazo. Aneurismas pequenos em locais com baixo índice de sangramento podem ser apenas observados.
Estes aneurismas de baixo risco podem ser monitorados anualmente com exames de ressonância magnética ou tomografia computadorizada durante três anos seguidos. Se o aneurisma se mantiver estável, pode-se espaçar os exames para a cada 2 ou 5 anos.
Se for possível detetar que o aneurisma surgiu recentemente (como no caso do paciente ter uma tomografia recente sem evidências de aneurismas), os primeiros exames devem ser feitos com intervalos de 6 meses, porque os aneurismas novos são os que têm maior risco de crescimento.
No caso de aneurismas grandes, com elevado risco de rotura, ou nos aneurismas que já se romperam, o tratamento é cirúrgico, visando a interrupção do fluxo sanguíneo para o local do aneurisma, preservando a passagem do sangue pela artéria. No caso de um aneurisma com rotura, a cirurgia é obviamente urgente.
Processo de #embolização de um #aneurisma
A embolização do aneurisma é um método menos invasivo que a cirurgia e tem ganhado popularidade nos últimos anos. O processo é semelhante a um cateterismo. O cirurgião insere um cateter numa artéria, geralmente na virilha, que é empurrado através até ao aneurisma.
Quando chega ao aneurisma, um fio de platina maleável é implantado dentro do mesmo, interrompendo o fluxo sanguíneo e provocando uma trombose do aneurisma.
Dor no abdómen do lado direito
É, na maioria dos casos, associada ao apêndice. É fundamental que a pessoa não deixe a dor chegar a casos extremos, se não arrisca uma rutura no apêndice e consequentes infeções que podem ser muito graves nomeadamente septicémia.
Apendicite o que é?
A apendicite é uma doença comum, que acomete cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.
Localização do apêndice e órgãos próximos
O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pélvis.
Localização do #apêndice
Sintomas
O sintomas mais comuns da apendicite são os seguintes:
Dor abdominal típica
A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen
Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )
Dor abdominal atípica
Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.
Dor do lado esquerdo
Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdômen em posição oposta àquela esperada).
Endurecimento da parede do abdómen
Enjoos ( em 90% dos casos )
Vômitos ( em 90% dos casos )
Perda do apetite ( em 90% dos casos )
Febre é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
Diarreia
Prisão de ventre
Distensão abdominal
Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.
Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.
Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são:
Dor abdominal
Vômitos
Perda do apetite.
Bebés, crianças e adolescentes
O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.
Crianças entre 5 e 12 anos
Assim como nos adultos, a dor abdominal e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor no quadrante inferior direito do abdômen – 82%
Náuseas – 79%
Perda do apetite – 75%
Vômitos – 66%
Febre – 47%
Diarreia- 16%
Crianças entre 1 e 5 anos
A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.
A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdômen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor abdominal – 94%
Febre – 90%
Vômitos – 83%
Dor à descompressão – 81%
Perda do apetite – 74%
Rigidez abdominal – 72%
Diarreia- 46%
A distensão abdominal – 35%
Crianças com menos de 1 ano
Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.
Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Distensão abdominal – 75%
Vômitos – 42%
Perda do apetite – 40%
Dor abdominal – 38%
Febre – 33%
Inflamação da parede abdominal – 24%
Irritabilidade ou letargia – 24%
Dificuldade respiratória – 15%
Massa abdominal – 12%
Sangramento nas fezes – 10%
Tratamento
O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.
Procedimento usa técnicas de #Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional
Dor de dentes ao acordar: Bruxismo
Também não deve ser uma situação tida como normal. Esta pode ser uma consequência do bruxismo noturno e de uma inflamação, causada pelo desgaste do esmalte. Além disso, esta dor pode ser causada por elevados níveis de stresse.
Bruxismo noturno o que é?
O bruxismo noturno é um distúrbio do sono caracterizado pelo apertar e ranger dos dentes, de forma involuntária, aplicando uma força excessiva sobre a musculatura mastigatória. A palavra bruxismo do sono vem do grego brycheinm, que significa ranger dos dentes.
Bruxismo diurno e noturno, diferenças
O bruxismo diurno é diferente do bruxismo noturno (ou do sono). Assim, o bruxismo diurno é caracterizado por uma atividade semivoluntária da mandíbula, que aperta os dentes enquanto a pessoa se encontra acordada e, geralmente, não ocorre o ranger de dentes, estando relacionado com um tique ou hábito.
O bruxismo do sono é uma atividade inconsciente de ranger ou apertar os dentes, com produção de sons, enquanto o indivíduo está a dormir. O bruxismo noturno é um problema que afeta sobretudo as crianças podendo também afetar os adultos.
Sequelas
Dentes ficarem doloridos ou soltos, e, às vezes, partes dos dentes são literalmente desgastados;
Destruição do osso circunvizinho e do tecido da gengiva que pode ser grave;
Tensões ao nível das articulações temporomandibulares (ATM) que pode causar desgastes e eventuais problemas graves.
Causas do bruxismo noturno
As causas do bruxismo do sono são multifatoriais e ainda pouco conhecidas mas existem algumas hipóteses, a saber:
A má oclusão dentária e
tensão emocional podem estar relacionadas a este distúrbio.
Sintomas do bruxismo noturno
O ruído característico do ranger dos dentes
Desgaste dentário
Hipertrofia dos músculos mastigatórios e temporais
Dores de cabeça
Disfunção das articulações temporomandibulares
Má qualidade de sono
Sonolência diurna
Sintomas do #bruxismo
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela observação de um desgaste dentário anormal, ruídos de ranger de dentes durante o sono e desconforto muscular mandibular.
A polissonografia registra os episódios de ranger dos dentes, permitindo identificar alterações do sono e microdespertares. As alterações predominam na fase 2 do sono não REM e nas transições entre as fases do sono. A polissonografia permite ainda o diagnóstico de outros distúrbios do sono, tais como ronco, apneia do sono, movimentos periódicos dos membros, distúrbio comportamental do sono REM e outros.
Tratamento do bruxismo noturno
O tratamento deve ser individualizado para cada paciente. Como o bruxismo do sono tem causas variadas, o tratamento também segue na mesma orientação.
O uso de placas orais moles (silicone) ou duras (acrílico) visa a proteção dos dentes prevenindo o desgaste dentário ou fraturas durante o sono;
Psicoterapia;
Intervenção odontológica;
Intervenção farmacológica e suas combinações, de acordo com o perfil do paciente.
Aplicações locais de toxina botulínica nos músculos envolvidos têm sido utilizadas em casos de bruxismo do sono que não respondem ao tratamento convencional.
Dor na zona central das costas com febre
Estes dois sintomas associados são graves e devem levá-lo de imediato ao médico. A causa? Uma infeção renal. A estes sintomas podem juntar-se ainda náuseas e desconfortos no estômago ou mesmo uma primeira infeção urinária.
Infeção urinária o que é?
Infeção urinária é qualquer quadro infecioso que aconteça no trato urinário, composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, a saber:
As infeções urinárias baixas são aquelas que acorrem na bexiga e/ou na uretra.
As infeções urinárias altas ocorrem quando há comprometimento de pelo menos um dos rins.
Anatomia do trato urinário
Infeções na bexiga, na uretra e no rim
Conforme o local do trato urinário onde se localiza o foco infecioso, a denominação utilizada é distinta. Assim temos:
Cistite – infeção da bexiga;
Uretrite – infeção da uretra;
Pielonefrite – infeção renal (infeção mais grave ).
#Uretrite é uma infeção da uretra, #cistite é uma infeção da bexiga e #pielonefrite é uma infeção do rim
Pielonefrite
A pielonefrite é uma infeção bacteriana de um ou ambos os rins. A infeção renal é um caso potencialmente grave, porque ataca um órgão vital. É um quadro que pode ter gravidade semelhante a uma pneumonia.
Se não tratada a tempo e corretamente, pode levar à septicémia que pode ser mortal por falência de vários outros órgãos.
Na grande maioria dos casos responde bem aos antibióticos. Os casos que evoluem de forma negativa são aqueles que esperaram muito tempo para receber tratamento ou quando o doente já se encontra muito debilitado por outras doenças.
A pielonefrite é uma frequente causa de formação de cicatrizes nos rins, podendo levar à perda parcial da função renal, principalmente nos doentes que têm infeções recorrentes.
Causas da pielonefrite
A infeção dos rins acontece de duas formas, a saber:
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.
Menos frequente é a colonização assintomática da bexiga por bactérias que também pode ser a fonte de uma infeção renal. Nestes casos, o doente tem bactérias na bexiga mas não apresenta sintomas pois estas estão apenas colonizar. Por esta razão nem todas as pessoas relatam sintomas de cistite antes do surgimento da pielonefrite.
O segundo modo de infeção dos rins é pelo sangue, quando uma bactéria que está a provocar uma infeção em algum local do nosso organismo viaja pela corrente sanguínea e se aloja no rim. Esta via é muito menos frequente do que a via ascendente.
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas #cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.
Infeção renal fatores de risco
Além da cistite, que é o principal fator de risco, existem outras situações que podem aumentar o risco de infeção dos rins, a saber:
Uso de cateteres vesicais (algália);
Cirurgias urológicas;
Cálculos renais;
Anormalidades anatómicas do trato urinário;
Doenças da próstata que causam obstrução do fluxo da urina.
Doentes de risco
Os doentes de maior risco são os que apresentam um sistema imunológico frágil, tais como:
Diabéticos
Insuficientes renais
Cirróticos
Portadores do vírus HIV
Doentes a tomar medicamentos imunossupressores apresentam um risco maior de contrair uma cistite que evolua para pielonefrite.
Sintomas de pielonefrite
Os sintomas típicos da pielonefrite são:
Febre
Dor lombar
Náuseas
Vómitos
Mal estar geral
Podem haver também sintomas de cistite, como dor ao urinar e vontade de urinar com frequência, mesmo quando a bexiga está vazia. Outro sinal comum é a presença de sangue na urina (hematúria), que se apresenta normalmente como uma urina cor de Coca-Cola.
Pielonefrite é clinicamente dividida em 3 categorias:
Pielonefrite aguda não complicada.
Pielonefrite aguda complicada.
Pielonefrite crónica.
Pielonefrite aguda não complicada
Ocorre normalmente em mulheres jovens, sem antecedentes de doenças ou alterações na anatomia do sistema urinário. O quadro clínico é de febre alta, calafrios, náuseas, vómitos e dor lombar. Os sintomas de cistite, como ardência ao urinar, podem ou não estar presentes.
Assim como nas cistites, a principal bactéria causadora de pielonefrite é a Escherichia coli. Só há necessidade de internamento em casos mais graves. Se o doente tiver bom estado geral e for capaz de tomar antibióticos por via oral, o tratamento pode ser feito em casa.
Pielonefrite aguda complicada
A pielonefrite complicada é aquela que evolui com abscesso dentro ou ao redor dos rins, necrose da papila renal ou produção de gases dentro do rim, um quadro chamado pielonefrite enfisematosa.
A pielonefrite complicada normalmente ocorre em pessoas com obstrução do trato urinário, bactérias resistentes aos antibióticos ou em diabéticos.
O quadro clínico é igual ao da pielonefrite não complicada, porém apresenta pouca resposta aos antibióticos. O paciente pode apresentar uma resposta apenas parcial, com uma pequena melhoria, mas com fadiga, mal estar, falta de apetite e náuseas que persistem por vários dias.
Uma pielonefrite que não melhora completamente após antibioterapia apropriada deve ser estudadas com exames de imagens, como tomografia computadorizada e ultrassom (ecografia), para investigação de anormalidades que possam estar a perpetuar a infeção.
Pielonefrite crónica
A pielonefrite crónica é um quadro de infeção urinária recorrente, habitualmente associada a malformações urinárias, obstruções por cálculos renais ou refluxo vesico-ureteral (refluxo da urina da bexiga de volta para o ureter e rins). Costuma levar à cicatrização do rim e à insuficiência renal crónica, principalmente em crianças com refluxo urinário.
#Cálculos renais tratados com ultrassons
Sequelas da pielonefrite
Como já referido, se a pielonefrite não for tratada corretamente com antibióticos, existe um risco grande de evolução para sepsis grave. As bactérias presentes nos rins conseguem facilmente alcançar a corrente sanguínea, espalhando-se por todo o organismo, podendo levar à falência de múltiplos órgãos e até ser mortal!
Outro problema da pielonefrite, principalmente se recorrente, é a lesão permanente do rim. Doentes com pielonefrite crónica podem evoluir com insuficiência renal terminal e necessitar de hemodiálise!
Rim normal vs rim com #insuficiência #renal
Diagnóstico
O diagnóstico da infeção renal é geralmente feito apenas com os sintomas clínicos. Exames laboratoriais ajudam a confirmar o diagnóstico:
O hemograma tipicamente apresenta uma elevação da contagem de leucócitos;
A PCR ( Proteína C Reativa ) encontra-se elevada;
No exame de urina é comum a presença de pus (leucócitos na urina) e sangue (hemácias na urina).
A urocultura deve ser sempre solicitada, pois ela é capaz de identificar a bactéria que está a provocar a pielonefrite, ajudando na escolha de antibióticos adequados.
No entanto como a urocultura demora pelo menos 48 horas para ficar pronta, não devemos esperar o seu resultado para começar o tratamento com antibióticos. Após o resultado sair, o médico decide se mantém o esquema antibiótico inicial ou muda para um mais adequado ao qual a bactéria seja sensível.
Tratamento da pielonefrite
Em geral, o tratamento da pielonefrite é feito em meio hospitalar com antibióticos intravenosos. Se o paciente tiver boa saúde e ainda estiver com bom estado geral, ele pode receber a primeira dose por via intravenosa e depois completar o resto do tratamento em casa com antibióticos por via oral. Na maioria dos casos, porém, o paciente encontra-se muito debilitado sendo quase sempre necessários 2 a 3 dias de internamento para controlar a infeção.
Nos pacientes com pielonefrite crónica, a avaliação do urologista é necessária. Muitas vezes, o paciente precisa de ser submetido a uma cirurgia para correção de anormalidades anatómicas do sistema urinário que estejam a perpetuar uma infeção dos rins.
Pielonefrite será contagiosa?
A pielonefrite não é uma doença contagiosa, portanto, não há risco de contaminação de familiares ou pessoas próximas. A pielonefrite deve ser sempre tratada com antibióticos. Medicamentos ditos “naturais” podem proporcionar alívio temporário, no entanto apenas adiam o tratamento correto da infeção, acarretando riscos graves para o doente.
Dor tipo cólicas menstruais
Não devem ser tidas como habituais, muito menos quando acontecem mesmo na presença de medicamentos contra tal. Estas dores podem estar a sugerir uma endometriose, condição que pode levar à infertilidade.
Endometriose o que é?
A endometriose é uma doença caracterizada pela existência de tecido uterino em regiões do corpo que não o útero, geralmente na pelve, ovários ou intestinos. A endometriose é uma condição benigna que, entretanto, pode ser muito debilitante, pois costuma estar associada a dor crónica e infertilidade.
Endométrio o que é?
Localização anatómica do #endométrio
Endométrio é uma fina membrana que recobre a camada interna do útero. Durante o ciclo menstrual o endométrio sofre transformações induzidas pelas variações hormonais, cresce e torna-se um tecido rico em vasos sanguíneos.
O endométrio cresce para ficar apto a receber e nutrir o embrião em caso de gravidez. Quando o ciclo termina e o óvulo não foi fecundado, essa parede espessa do endométrio desaba e é expelida para fora do útero. Este processo é a menstruação.
Localização do tecido endometrial
A endometriose pode ocorrer em diversos pontos do organismo
A endometriose é uma doença caracterizada pelo aparecimento de pedaços de tecido endometrial fora da parede interna do útero. A endometriose pode aparecer na bexiga, intestinos, apêndice, vagina, ureter e raramente órgãos distantes da pelve como pulmões e sistema nervoso central.
Também podem surgir tecidos de endométrio em cicatrizes cirúrgicas do abdómen e pelve. Os locais mais comuns onde ocorre a endometriose são, por ordem decrescente, os seguintes:
Ovário;
Regiões ao redor do útero incluindo o fundo de saco de Douglas e ligamentos uterinos;
Porção exterior do útero;
Trompas de Falópio;
Regiões finais do intestino.
A endometriose pode surgir em vários locais diferentes ao mesmo tempo, podendo coexistir em 3 ou 4 órgãos diferentes.
Sequelas da endometriose
Este endométrio em locais atípicos reage aos estímulos hormonais do ciclo menstrual exatamente como o endométrio dentro do útero, ou seja, acontece proliferação e depois sangra, causando, a curto prazo, irritação e a longo prazo fibrose dos tecidos ao redor. Esta característica é a responsável pelos principais sintomas da endometriose cujas causas ainda não são completamente conhecidas.
Prevalência
Estima-se que até 10% das mulheres tenham a doença. Cerca de 80% dos casos de dor pélvica crónica em mulheres são causados pela endometriose. A faixa etária mais atingida é a de 25 a 35 anos.
Sintomas da endometriose
O sintoma mais comum da #endometriose é a dor associada ao período menstrual
Dependendo do local onde ocorre a endometriose, a paciente pode apresentar um quadro clínico que varia desde assintomático, até dor constante e ininterrupta.
No entanto, o sintoma mais comum da endometriose é a dor associada ao período menstrual, pois, como já referido, assim como o endométrio normal dentro do útero, o pedaço de tecido endometrial exterior também sangra no final do ciclo menstrual. A endometriose é uma causa comum de dismenorreia secundária ( cólica menstrual ).
Os sintomas da endometriose podem ser alguns dos seguintes:
Dor associada ao período menstrual ( dismenorreia )
Sangramento em excesso durante a menstruação
Sangue na urina
Sangue nas fezes
Inflamação e dor intensa na zona abdominal
Infertilidade
Dor durante a relação sexual ( dispareunia )
Diarreia
Obstipação ( prisão de ventre )
Fadiga crónica
Sangramento nos tecidos
Existe sangramento nos tecidos afetados pela endometriose? A resposta é sim, e é um sinal muito importante para a deteção do local da lesão e portanto para um diagnóstico e tratamento atempado. Assim conforme o local afetado temos:
Bexiga – Se a endometriose está localizada na bexiga, é possível haver sangue na urina;
Intestinos – Se estiver nos intestinos poderá haver sangue nas fezes;
Abdómen e pelve – A presença de endometriose na cavidade abdominal ou na pelve faz com que haja sangramento para essas cavidades, causando intensa inflamação e dor.
Causa de infertilidade
A endometriose também está muito associada a infertilidade, pois os ovários são um dos locais mais frequentemente afetados, causando inflamação crônica, cicatrização e adesões dos ovários e trompas.
A endometriose que afeta a parte externa do útero também pode levar a deformidades do mesmo e de áreas da pelve, tornando o aparelho ginecológico inapto para uma gravidez.
Risco de cancro
A endometriose, quando afeta os ovários, parece aumentar o risco de cancro dos ovários. Curiosamente o uso de pílulas anticoncecionais parece reduzir este risco.
Diagnóstico
Em muitas mulheres o quadro clínico de dor pélvica cíclica é bastante sugestivo, porém insuficiente para se estabelecer o diagnóstico. Exames de imagem com a ultrassonografia podem ajudar a descartar outras causas para os sintomas, como tumores, mas também raramente conseguem fechar o diagnóstico da endometriose.
Para se ter certeza do diagnóstico é preciso olhar diretamente para dentro da pelve e abdómen, o que só é possível através da laparoscopia, um procedimento cirúrgico. Durante a laparoscopia é possível procurar o tecido implantado e fazer as respetivas biópsias, quando necessário.
Tratamento da endometriose
Uso de anti-inflamatórios, no início do tratamento (estes medicamentos são apenas sintomáticos e não atuam diretamente na doença);
Uso de anticoncecionais orais (ajuda a controlar o ciclo hormonal, reduz os sangramentos e consequentemente a dor);
Uso da GnRH, uma hormona que causa uma menopausa temporária, impedindo a liberação de estrogênios e cessando a menstruação. O tratamento reduz a dor em 80% dos doentes e ajuda a diminuir o tamanho da endometriose. Pode ser usada até 12 meses;
Laparoscopia (cirurgia que remove os tecidos endometriais em excesso).
Cirurgia para endometriose
A cirurgia é indicada nos casos de dor severa, grande sangramento, infertilidade ou ausência de resposta ao tratamento clínico. A cirurgia visa a remoção dos tecidos endometriais e fibroses ou adesões que possam já existir. Atualmente a cirurgia mais usada é a laparoscopia. Em casos muitos graves, com múltiplos implantes de endometriose, pode ser necessária a remoção de todo útero e/ou ovários.
Dor aguda na zona mole da parte de trás do joelho, entre a barriga da perna e a “dobradiça”
Esta dor aguda na zona mole da parte de trás do joelho, entre a barriga da perna e a “dobradiça”, pode indicar a chegada de uma trombose venosa profunda, principalmente se a esta dor se juntar um vermelhão e calor na área.
Trombose venosa profunda (TVP) o que é?
Trombose é um termo médico que indica a formação de um ou mais coágulos de sangue dentro de um vaso sanguíneo, provocando interrupção ou grave limitação do fluxo de sangue no mesmo. A trombose pode ocorrer dentro de artérias, o que leva a quadros de isquemia ou enfarte, ou em veias, provocando quadros de trombose venosa.
A forma de trombose venosa mais comum é a chamada trombose venosa profunda (TVP), que ocorre nas veias da perna, coxas ou região pélvica, caracterizando-se por quadro de edemas e dor no membro afetado.
Trombose é um termo médico que indica a formação de um ou mais coágulos de sangue dentro de um vaso sanguíneo, provocando interrupção ou grave limitação do fluxo de sangue no mesmo
Trombose o que é?
A formação de coágulos é um complexo mecanismo de defesa que impede que o paciente fique a sangrar indefinidamente quando um do seus vasos sanguíneos sofra uma lesão.
O sistema de coagulação é responsável por manter o sangue na sua forma líquida, mas é altamente eficaz em induzir a sua solidificação sempre que a parede de uma veia ou artéria sofrer alguma lesão.
Imediatamente após um vaso sofrer uma lesão, o sistema de coagulação começa a agir de forma a criar um coágulo que funcione como tampão para estancar a saída de sangue para fora da circulação sanguínea.
Na imensa maioria dos casos, a formação de coágulos acontece sem problemas, limitando-se apenas à parede do vaso ferido e aos tecidos por onde o sangue extravasou, sem interferir de forma relevante no fluxo de sangue dentro do vaso.
Em pessoas saudáveis, há um fino equilíbrio entre os fatores que impedem a coagulação e os fatores que estimulam a formação de coágulos, de forma a que o doente não forme coágulos espontaneamente nem corra risco de sangramentos com traumas mínimos do dia-a-dia.
Trombose venosa e trombose arterial
As tromboses venosas e arteriais manifestam-se clinicamente de forma diferente, uma vez que veias e artérias possuem funções distintas no organismo.
As artérias são os vasos responsáveis por levar sangue rico em oxigênio e nutrientes aos tecidos, enquanto as veias são os vasos que fazem o sentido oposto, escoando o sangue já utilizado pelos tecidos de volta ao coração e aos pulmões para ele ser novamente oxigenado.
Trombose arterial
Se a trombose ocorrer dentro de uma artéria, ela impede que o sangue chegue aos órgãos e tecidos nutridos por essa artéria, causando isquemia e enfartes. As situações mais conhecidas de trombose arterial são o enfarte agudo do miocárdio e o AVC.
Trombose venosa
Quando a trombose ocorre dentro de uma veia, obstrui o escoamento do sangue, fazendo com que o mesmo fique preso naquela região. A forma mais comum de trombose venosa é a trombose dos membros inferiores, afetando as veias profundas e de maior calibre da perna, coxa ou pélvis.
A forma mais comum de #trombose venosa é a trombose dos membros inferiores, afetando as veias profundas e de maior calibre da perna, coxa ou pélvis.
Neste caso, o sangue chega normalmente ao membro inferior afetado, mas não consegue retornar, pois, como uma das veias está trombosada, uma das principais, senão a principal, via de escoamento encontra-se obstruída.
O sangue, para retornar, precisa encontrar uma ou mais vias colaterais, que são normalmente veias de menor calibre, incapazes, a curto prazo, de conseguir escoar adequadamente todo o fluxo de sangue.
Causas da trombose venosa
Em situações normais o sangue deve sempre permanecer na sua forma líquida, fluindo livremente pela circulação sanguínea. A formação de um coágulo (trombo) dentro de uma veia é uma evento não natural, que ocorre devido a basicamente três fatores, conhecidos como tríade de Virchow:
Redução do fluxo de sangue no vaso
O equilíbrio entre fatores que favorecem a coagulação e fatores que impedem a coagulação desaparece quando o fluxo de sangue se torna mais lento. A estase sanguínea é uma situação que estimula a ação dos fatores de coagulação, aumentando o risco do surgimento de um trombo.
Lesão da parede do vaso sanguíneo
Sempre que a parede de um vaso sanguíneo sofre uma lesão, o sistema de coagulação é ativado para a formação de um coágulo tampão, de forma a impedir perdas sanguíneas para fora do vaso. Dependendo do grau e da localização do trauma, a formação de um grande trombo pode ocorrer.
Alterações dos componentes do sangue
Se o paciente tiver alguma doença que altere de forma relevante os componentes do sangue, principalmente os fatores que favorecem ou impedem a coagulação, o equilíbrio necessário do sistema de coagulação desaparece, aumentando o risco do surgimento de trombos dentro dos vasos.
Em geral, sempre que o doente apresenta uma trombose, um ou mais dos 3 fatores descritos acima estão presentes na sua génese.
Fatores de risco
Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento de trombose, principalmente dos membros inferiores. Os mais importante são as trombofilias, doenças do sangue que fazem com que o sistema de coagulação fique desregulado, criando um estado de hipercoagulabilidade e grande risco para formação de trombos. Entre as trombofilias mais comuns, podemos destacar:
– Mutação do Fator V de Leiden.
– Mutação do gene do gene da protrombina.
– Deficiência de proteína S.
– Deficiência de proteína C.
– Deficiência de antitrombina.
– Disfibrinogenemia.
– Anticorpo anti-fosfolipídeo.
Felizmente, apesar de serem um fortíssimo fator de risco para trombose, as trombofilias são doenças pouco comuns. A maioria dos casos de trombose são causadas por outros fatores, a saber:
Cirurgia,
Traumas,
Longas viagens sentado,
Cancro,
Insuficiência cardíaca,
Gravidez.
Cirurgia
Doentes submetidos a procedimentos cirúrgicos, principalmente cirurgias na região pélvica e membros inferiores, apresentam elevado risco de formação de trombos nos membros inferiores. O efeito dos anestésicos, a própria manipulação dos vasos sanguíneos e tecidos subjacentes durante o ato cirúrgico e o prolongado tempo sem se levantar no pós-operatório tornam as cirurgia um evento com elevado risco de trombose venosa profunda.
Quando andamos, o impacto dos pés no chão e a contração dos músculos, ajudam a empurrar o sangue nas veias das pernas para cima, em direção ao coração. Ficar muito tempo deitado, principalmente para quem tem insuficiência venosa, favorece a estase do sangue nos membros inferiores.
Traumas
Por motivos semelhantes aos da cirurgia, grandes traumatismos também são importantes fatores de risco para a trombose venosa profunda, não só pelo impacto nos vasos sanguíneos, mas também pelo tempo que o paciente fica imobilizado na cama depois do acidente.
Síndrome da classe económica
Longas viagens de avião, principalmente superiores a 8 horas, podem facilitar a surgimento de trombose venosa profunda, principalmente em indivíduos com outros fatores de risco, como obesidade, varizes, tabagismo, gravidez, etc. Já notou como os seus pés ficam inchados e os sapatos ficam mais difíceis de calçar após uma longa viagem de avião?
O facto de ficar sentado longas horas, com as pernas dobradas, dificulta o retorno do sangue venoso para o coração, favorecendo a estase e, consequentemente, a formação de trombos.
#Sindrome da classe económica
Cancro
Alguns tumores malignos produzem substâncias que aumentam a coagulação do sangue, favorecendo a formação de trombos. Para esses doentes obviamente o risco de trombose está aumentado.
Insuficiência cardíaca
Doentes com insuficiência cardíaca apresentam um coração fraco, com dificuldade em bombear o sangue pelo corpo, levando à estagnação de sangue nos membros inferiores e favorecendo a formação de coágulos.
Gravidez
Alterações hormonais aumentam a capacidade de coagulação das grávidas. Além disso, conforme o útero cresce, a veia cava vai sendo comprimida, o que dificulta o escoamento do sangue vindo das veias dos membros inferiores. As grávidas apresentam um risco 5 vezes maior de desenvolverem tromboses do que mulheres não grávidas da mesma idade.
Além dos já descritos, existem diversos outros fatores de risco para trombose venosa profunda, valendo a pena citar os seguintes:
Obesidade
Tabagismo
Anticoncecionais hormonais
Idade acima de 60 anos.
Síndrome nefrótica
Medicamentos, como tamoxifeno, eritropoietina, talidomida e reposição hormonal na menopausa.
História familiar de trombose.
Policitemia vera.
Trombocitopenia essencial.
Doença inflamatória intestinal
Uso de cateter venoso central na veia femoral.
Sintomas de trombose venosa profunda
Os sintomas da TVP dependem do tamanho do trombo e do grau de obstrução da veia afetada. Tratando-se de veias profundas, longe da pele, é perfeitamente possível o paciente ter uma trombose e não apresentar sintomas. Quando o trombo é suficientemente grande para comprometer o fluxo de sangue na veia, os principais sintomas são:
Inchaço
Dor
Aumento de temperatura e vermelhidão do membro afetado
Uma perna que se subitamente começa a doer e se torna mais inchada que a outra é um sinal que deve sempre levantar a suspeita de trombose.
Diagnóstico
O diagnóstico da TVP costuma ser feito com a ultrassonografia com doppler das veias dos membros inferiores. Outros exames, como a angiorressonância magnética ou angiotomografia computadorizada também podem ser usados.
Sequelas e riscos
O grande perigo da TVP é o risco de um pedaço do trombo se soltar e viajar pela corrente sanguínea até um dos pulmões, provocando um quadro chamado tromboembolismo pulmonar (TEP). Trombos pequenos causam enfarte pulmonar localizado, que se manifestam clinicamente como dor torácica e súbita falta de ar.
Dependendo do tamanho do êmbolo (pedaço do trombo que se soltou), o mesmo pode obstruir grandes vasos pulmonares, como a artéria pulmonar, impedindo que o sangue chegue a um dos pulmões. Neste caso, o coração pode entrar em colapso, pois ele tenta bombear o sangue em direção ao pulmão, mas não consegue, devido à grande obstrução à sua frente.
O paciente com tromboembolismo maciço costuma evoluir rapidamente para paragem cardíaca e morte.
As TVP que ocorrem nas veias mais superiores do membro inferior, como as veias poplíteas, femoral ou ilíaca são as que têm mais riscos de soltar êmbolos. As tromboses que ocorrem nas veias abaixo do joelho são menos perigosas, pois apresentam, menor risco de #tromboembolismo pulmonar ( TEP )?
Tratamento
O tratamento da TVP tem os seguintes objetivos:
Reduzir o risco de embolização para os pulmões
Impedir o crescimento do trombo
Impedir a formação de novos trombos.
Se não tratados, cerca de 1 a cada 2 pacientes com TVP nas veias mais superiores do membro inferior irá apresentar embolia pulmonar. Isso significa que se não tratado, a TVP é um quadro com inaceitável risco de morte.
A anticoagulação do sangue com heparina fracionada ou heparina de baixo peso molecular é eficaz em reduzir o risco de TEP e da formação de novos trombos. Após 5 dias de heparina, que é administrada com injeções subcutâneas, o doente fica a tomar apenas anticoagulantes em comprimido, como a varfarina. A varfarina é mantida por 3 a 6 meses dependendo da gravidade e dos fatores de risco do doente.
O paciente com TVP deve permanecer em repouso absoluto na cama durante os primeiros dias de anticoagulação, pois a mobilização do membro afetado aumenta o risco de embolização.
Nos doentes que apresentam contra-indicação a anticoagulantes ou que, apesar da anticoagulação, continue a apresentar novos episódios de tromboembolismo, indica-se a implantação de um filtro na veia cava.
O filtro de veia cava é uma espécie de rede que fica localizada dentro da veia cava, na região abdominal, e impede que êmbolos ou trombos, provenientes dos membros inferiores consigam chegar aos pulmões.
Prevenção
A prevenção da TVP é essencial nos pacientes com elevado risco, nomeadamente aqueles com trombofilias ou que foram submetidos recentemente a cirurgias. Nas trombofilias, a prevenção deve ser feita com o uso de anticoagulantes para o resto da vida. Nos casos de pacientes submetidos à cirurgia, indica-se, no pós-operatório imediato, o uso de meias de compressão e baixas doses de heparina, caso o doente precise de ficar acamado.
O ideal é que todo paciente recém-operado se levante e ande assim que possível. O simples facto do paciente poder dar alguns passos ao longo do dia já reduz muito o risco de TVP. Nas longas viagens de avião, aconselha-se que a pessoa se levante a cada 2 horas e dê uma caminhada pelo avião. Evitar bebidas alcoólicas e manter-se bem hidratados também são importantes.
Concluindo
O nosso corpo é uma “máquina extraordinária” com mecanismos que nos alertam quando algo está errado e pode vir a ser potencialmente perigoso ou até por vezes fatal! As dores são o melhor e mais forte exemplo desse mecanismo de defesa. Conheça melhor o seu corpo, preste atenção aos seus sinais porque quase sempre significam um pedido de ajuda para evitar a queda num “precipício” com consequências graves para a sua saúde! Toda a dor forte ou persistente deve ser investigada e tratada rapidamente pelo seu médico!
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Referências:
Organização Mundial de Saúde (OMS);
Dr. Houman Danesh, do Hospital Mt. Sinai, em Nova Iorque;
Dr. Pedro Pinheiro, especialista em Medicina Interna e Nefrologista. Títulos reconhecidos pela Universidade do Porto e pelo Colégio Português de Nefrologia.
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