Os microplásticos já foram encontrados nos locais mais remotos do nosso planeta tais como na neve próxima ao pico do Everest, o ponto mais alto da terra, assim como em amostras de água da Fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano. No corpo humano é encontrado em qualquer local que seja procurado, por exemplo, na placenta, no leite materno, na corrente sanguínea, no coração e nos pulmões.
Um estudo publicado no periódico JAMA Network Open mostrou que as micropartículas de plástico podem ser encontradas também no cérebro.
A poluição por microplásticos emergiu como uma preocupação ambiental e de saúde pública global. Estas partículas minúsculas, resultantes da degradação de materiais plásticos, estão presentes em diversos ambientes e podem entrar no corpo humano através da ingestão de alimentos, inalação de ar contaminado e contacto com produtos que contêm microplásticos. Estudos recentes indicam que os microplásticos podem acumular-se em órgãos vitais, como o coração e o cérebro, levantando preocupações sobre os seus potenciais efeitos adversos na saúde humana.
Um artigo publicado na Nature Medicine por Nihart et al. descobriu que o cérebro humano contém aproximadamente uma colher de microplásticos e nanoplásticos (MNPs), com níveis 3 a 5 vezes maiores naqueles com uma coorte de cérebros falecidos com diagnóstico documentado de demência (com deposição notável nas paredes cerebrovasculares e células imunológicas). Particularmente, descobriu-se que os tecidos cerebrais têm quantidades 7 a 30 vezes maiores de MNPs do que outros órgãos, como fígado ou rim. Também digno de nota, os microplásticos no cérebro eram de tamanho menor (<200 nm) e na maioria das vezes polietileno. Embora a concentração de MNP não tenha sido influenciada por fatores como idade, sexo, raça ou causa da morte, houve um aumento preocupante de 50% na concentração de MNP com base no tempo de morte (2016 versus 2024).
Estas evidências alinham-se com o aumento exponencial observado nas concentrações ambientais de MNP no último meio século. Particularmente, estima-se que, anualmente, existam 10 a 40 milhões de toneladas de emissões de microplásticos para o meio ambiente, com a previsão de dobrar esse número até 2040. O vento e a água podem redistribuir microplásticos e, desde então, foram relatados em diversos locais, desde os sedimentos do fundo do mar até às montanhas mais altas. Os microplásticos são difundidos nos alimentos que comemos, na água que bebemos e no ar que respiramos. Os seres humanos são expostos a MNPs por várias vias, mas o impacto em vários sistemas de órgãos não é totalmente compreendido.
Microplásticos o que são?
Várias definições são encontradas para o termo microplástico, de acordo com a faixa de tamanho das partículas, sendo a mais utilizada a que se refere a esses materiais como partículas de polímeros orgánicos sintéticos com tamanho inferior a 5 mm. Essa definição foi proposta em 2009 pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e, desde então, a maioria das publicações tem a adotado como referência.
Após um pouco mais de uma década, em 2020, foi publicada a norma intitulada “Plastics – Environmental Aspects – State of Knowledge and Methodologies” (ISO/TR 21960:2020), em que o termo microplástico é definido como qualquer partícula plástica sólida insolúvel em água com dimensões entre 1 µm e 1000 µm. A norma também define o termo “large microplastic” (microplástico grande, em tradução livre), para a faixa de tamanho de 1 a 5 mm.
De modo geral, os microplásticos são definidos como partículas de plástico com menos de 5 mm de diâmetro. Podem ser classificados em primários, quando produzidos intencionalmente para uso em produtos como cosméticos e produtos de higiene pessoal, ou secundários, resultantes da degradação de objetos plásticos maiores no ambiente. Devido ao seu tamanho diminuto, os microplásticos podem ser facilmente ingeridos ou inalados, levando à sua acumulação no organismo humano.
A exposição humana aos microplásticos ocorre através de várias fontes como alimentos, água, ar contaminado e uso de produtos contendo microplásticos.
Ingestão de alimentos e água
Os microplásticos foram detectados em diversos alimentos, incluindo frutos do mar, sal e água potável. Estima-se que um adulto possa ingerir milhares de partículas de microplástico por ano através da dieta.
Beber água engarrafada introduz milhares de microplásticos no nosso organismo. Segundo Sherri Mason, investigadora da Universidade de Gannon, na Pensilvânia, especialista em poluição por plásticos, descreve a água engarrafada como a maior via de exposição aos microplásticos.
Investigadores descobriram que em média, uma garrafa de água de plástico tem 240.000 partículas de plástico, medindo uma fração da largura de um cabelo humano.
Trocar para água da torneira diminui o risco de ingestão de microplásticos (a água da torneira também contém microplásticos, mas numa quantidade significativamente menor que a água engarrafada em plástico).
No entanto, ferver e filtrar a água pode remover até 90% das partículas de plástico, mas os especialistas alertam para o facto de poder também aumentar a libertação de substâncias químicas tóxicas para a água.
Inalação de ar contaminado
Partículas de microplástico presentes no ar podem ser inaladas, especialmente em ambientes urbanos e industriais. Um estudo estimou que um adulto pode inalar até 170 partículas de microplástico diariamente, embora os efeitos na saúde respiratória ainda não sejam totalmente compreendidos. Scielo – Microplásticos: Ocorrência ambiental e desafios analíticos
Uso de produtos contendo microplásticos:
Produtos de uso diário, como certos cosméticos, pastas de dentes e produtos de limpeza, podem conter microplásticos que entram em contacto direto com o corpo humano. Além disso, o uso de máscaras faciais descartáveis durante a pandemia de COVID-19 levantou preocupações sobre a inalação de microplásticos libertados por estas máscaras. Cornell University – Disposable face masks: a direct source for inhalation of microplastics
Microplásticos e impactos na saúde humana
A presença de microplásticos no organismo humano pode ter vários efeitos adversos como inflamação, stress oxidativo, disfunção da microbiota intestinal e transporte de substâncias tóxicas.
Sangue e placenta
Em janeiro de 2021, cientistas italianos da Universidade Politécnica de Marche, em Ancona, relataram na Environment International a presença de microplásticos na placenta de mulheres grávidas. Apesar de reconhecerem que os efeitos eram desconhecidos, os cientistas alertaram para o risco de malformação dos fetos, que ainda precisavam ser mais bem estudados.
Em maio de 2022, pesquisadores da Universidade Vrije, em Amsterdão, nos Países Baixos, revelaram que 77% dos doadores de sangue do país carregavam grande número de partículas plásticas no sangue.
Um estudo divulgado na revista científica Environmental Science & Technology, descreve que uma equipa médica do Hospital Anzhen, de Pequim, encontrou pela primeira vez microplásticos em corações humanos. Ao avaliar o músculo cardíaco de 15 pacientes que seriam submetidos a uma intervenção cirúrgica, os médicos encontraram nove diferentes tipos de plástico em cinco tecidos cardíacos distintos.
Uma equipa do departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), detectou microplasticos em pulmões humanos, como descrito em artigo publicado na Journal of Hazardous Materials em 2021. Os microplásticos estão no ar e é inevitável que sejam inalados. Sabemos que eles chegam aos pulmões, mas ainda precisamos de conhecer qual é o real impacto na saúde humana.
Os microplásticos podem estar ligados à doença inflamatória intestinal (DII). Um estudo de pessoas com Doença Inflamatória Intestinal detetou que os doentes tinham mais 50% de microplásticos nas fezes.
Pesquisas anteriores mostraram que os microplásticos podem causar inflamação intestinal e outros problemas intestinais em animais de laboratório, mas a investigação é a primeira a investigar possíveis efeitos em humanos. Os cientistas encontraram 42 pedaços de microplástico por grama em amostras secas de pessoas com DII e 28 pedaços em pessoas saudáveis.
A concentração de microplásticos foi também maior para aqueles com doença inflamatória intestinal mais grave, sugerindo uma ligação entre ambos. No entanto, o estudo não prova uma ligação causal e os cientistas disseram que é necessário fazer mais investigação. Pode ser que a doença inflamatória intestinal faça com que as pessoas retenham mais micropláticos no intestino.
Estudos indicam que os microplásticos podem induzir respostas inflamatórias e aumentar o stress oxidativo nas células humanas, o que pode levar a danos celulares e contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas.
Microorganismos patogénicos e infeções
Os microplasticos comportam-se também como potenciais vetores de transporte de microrganismos, incluindo patogénicos, através da formação de um biofilme na superfície do microplástico.Espécies invasoras também são transportadas por microplésticos e os seus efeitos na biodiversidade do ecossistema ainda são desconhecidos, bem como os prejuízos relacionados com a migração de espécies exóticas para outros habitats.
Disfunção do microbioma intestinal
A ingestão de microplásticos pode alterar a composição da microbiota intestinal, afetando a digestão e a função imunológica. Estas alterações podem estar associadas a várias condições de saúde, incluindo doenças metabólicas e imunológicas.
Transporte de substâncias tóxicas
Os microplásticos podem adsorver poluentes orgânicos persistentes e metais pesados presentes no ambiente, atuando como vetores que introduzem estas substâncias tóxicas no organismo humano. Isto pode aumentar a exposição a compostos potencialmente carcinogénicos e disruptores endócrinos.
Microplásticos mais comuns
No meio marinho, os microplásticos são um grupo heterogéneo de partículas (< 5 mm), variando em tamanho, forma e composição química. Encontram-se nos sedimentos, na superfície do mar, na coluna de água e na vida selvagem. A próxima tabela descreve os tipos de polímeros plásticos mais comuns no meio marinho. Destes, os tipos de plástico mais comummente fabricados são o polietileno e o polipropileno.
A tabela seguinte descreve a aplicação comum do plástico encontrado no meio marinho e a frequência do tipo de polímero identificado em 42 estudos de detritos microplásticos recolhidos no mar ou em sedimentos marinhos.
Para reduzir a exposição aos microplásticos e mitigar os seus potenciais efeitos na saúde, podem ser adotadas várias estratégias:
Aquecer alimentos no microondas: Evitar ao máximo usar recipientes de plástico para aquecer alimentos no microondas.
Armazenamento de alimentos: Usar recipientes de vidro ou aço inoxidável.
Filtragem de água: A utilização de sistemas de filtragem de água eficazes pode diminuir a ingestão de microplásticos presentes na água potável.
Água engarrafada: Evite comprar água para beber armazenada em garrafas ou garrafões de plástico.
Filtragem do ar: Usar filtros de ar HEPA.
Redução do uso de plásticos: Diminuir o consumo de produtos plásticos descartáveis e optar por alternativas reutilizáveis pode reduzir a quantidade de microplásticos no ambiente.
Escolha de produtos sem microplásticos: Optar por produtos de higiene pessoal e cosméticos que não contenham microplásticos pode reduzir a exposição direta a estas partículas.
Políticas públicas e regulamentação: A implementação de políticas que limitem a produção e uso de microplásticos, bem como a promoção de práticas de gestão de resíduos mais eficazes, são essenciais para reduzir a contaminação ambiental e a exposição humana.
Água para beber qual o melhor filtro?
Para minimizar a ingestão de microplásticos e outros contaminantes na água potável, é essencial adotar métodos de filtração eficazes, tanto para a água engarrafada quanto para a da rede pública. A escolha do filtro adequado depende da eficácia na remoção de partículas e da manutenção necessária.
Métodos de Filtração Eficazes:
Filtros de Osmose Reversa: Estes sistemas utilizam uma membrana semipermeável capaz de filtrar partículas até 0,001 mícron, removendo praticamente todos os microplásticos e muitos outros contaminantes. Embora altamente eficazes, são mais onerosos e requerem manutenção regular.
Filtros de Carvão Ativado em Bloco: Filtros de alta qualidade com blocos de carbono podem remover até 100% dos microplásticos conhecidos, além de outros contaminantes como cloro e compostos orgânicos. São uma opção mais acessível e de fácil instalação.
Filtros de Destilação: Este método envolve a evaporação e condensação da água, resultando em H₂O pura e eliminando microplásticos e outros contaminantes. No entanto, é um processo mais lento e pode não ser prático para uso diário.
Recomendações de marcas e 0rodutos:
LifeStraw Home: Este filtro remove mais de 30 contaminantes, incluindo bactérias, microplásticos e PFAS, apresentando um design moderno e eficiente.
Franke Vital Capsule: Este sistema de filtragem remove microplásticos, pesticidas, hormonas, germes nocivos, cloro e ferrugem, garantindo água de alta qualidade diretamente da torneira.
Filtros de Torneira com Bloco de Carbono: Modelos como o EcoPro são eficazes na remoção de microplásticos e outros contaminantes, oferecendo uma solução prática para filtrar a água da torneira.
Considerações Adicionais:
Manutenção Regular: Independentemente do tipo de filtro escolhido, é crucial seguir as instruções do fabricante para a substituição dos elementos filtrantes, garantindo a eficácia contínua na remoção de contaminantes.
Análise da Qualidade da Água: Antes de selecionar um sistema de filtração, considere realizar uma análise da água da sua região para identificar os contaminantes específicos presentes e escolher o filtro mais adequado às suas necessidades.
Ao implementar um sistema de filtração apropriado e manter uma manutenção adequada, pode-se reduzir significativamente a presença de microplásticos e outros elementos nocivos na água potável, promovendo uma saúde melhor e maior segurança no consumo diário.
Conclusão
A presença de microplásticos no ambiente e a sua potencial acumulação no organismo humano representam uma preocupação emergente para a saúde pública. Embora a compreensão dos seus efeitos ainda esteja em desenvolvimento, as evidências atuais sugerem a necessidade de medidas preventivas para reduzir a exposição e mitigar os riscos associados. Investigações futuras são essenciais para aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos de toxicidade dos microplásticos e desenvolver estratégias eficazes de proteção da saúde humana.
No entanto uma das mais importantes estratégias de defesa é evitar aquecer no micro-ondas alimentos em recipientes de plástico pois potencia de forma relevante a contaminação dos alimentos com microplásticos. A água consumida em garrafas de plástico também deve ser evitada.
Dores musculares e lombalgia (Low Back Pain) toda a verdade! Qual o melhor tratamento? Segundo a American Chiropractic Association no seu artigo Back Pain Facts and Statistics dores musculares em geral e as lombalgias em particular têm uma incidência muito elevada na população e muitas vezes em associação com dores osteoarticulares são um enorme fator causal de absentismo laboral e perda acentuada de qualidade de vida. Este artigo pretende ser um contributo importante para prevenir e tratar de forma mais eficaz as principais dores musculares e dessa forma melhorar muito a qualidade de vida dos doentes.
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Qual a anatomia da coluna vertebral?
Em quantas regiões se divide a coluna vertebral?
O que são os músculos?
Quais as funções dos músculos?
Que tipos de músculos existem?
Quais os músculos controlados pela nossa vontade?
Qual a diferença entre músculos esqueléticos, lisos e cardíacos?
Que tipo de dores musculares existem?
Porque temos dores musculares?
Quais as causas mais comuns de dores musculares?
O que fazer se surgir dor muscular súbita e intensa?
Em que situações deve consultar-se com urgência o médico?
Quais os sintomas mais comuns que acompanham a dor?
O que é uma lombalgia?
Quais as causas de lombalgia?
Quais os sinais de doença grave associados a lombalgia?
Quais os fatores de risco para a lombalgia?
Que tipos de lombalgia existem?
Qual o melhor tratamento para a lombalgia?
Quais os fármacos utilizados no tratamento da lombalgia?
Quais as medidas não farmacológicas que ajudam a prevenir ou melhorar a lombalgia?
Devo aplicar calor ou frio na minha lombalgia?
Quais as abordagens terapêuticas mais eficazes na lombalgia crónica?
Quais os conselhos mais importantes para os doentes com lombalgia?
Para as dores musculares, no geral, quais os tratamentos farmacológicos mais eficazes?
Quais os melhores exercícios para a dor lombar?
Estar sentado na secretária: Qual a melhor posição?
Conduzir: Qual a melhor posição?
Estar de pé num transporte público: Qual a melhor posição?
Quais as melhores posições para dormir?
Que outras posturas diárias posso melhorar?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Qual a anatomia da coluna vertebral?
A coluna vertebral divide-se em 5 regiões:
Região cervical
Região torácica
Região lombar
Região do sacro
Cóccix
Músculos o que são?
Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.
Os músculos são os tecidos responsáveis pelos movimentos dos animais, tanto os movimentos voluntários, com os quais o animal interage com o meio ambiente, como os movimentos dos seus órgãos internos, o coração ou o intestino.
Os músculos são constituídos por tecido muscular e caracterizam-se pela sua contratilidade, funcionando pela contração e extensão das suas fibras. A contração muscular ocorre com a saída de um impulso elétrico do sistema nervoso central que é conduzido ao músculo através de um nervo.
Esse estímulo elétrico desencadeia o potencial de ação, que resulta na entrada de sódio (necessário à contração) dentro da célula, e a saída de potássio da mesma, assim estimulando a libertação do cálcio que esta armazenado no Retículo Sarcoplasmático ou RS presentes no sarcoplasma (citoplasma da célula muscular). Em termos científicos, as etapas são:
Despolarização do sarcolema;
estimulação do retículo sarcoplasmático e
ação do cálcio e de ATP, provocando o deslizamento da actina sobre a miosina (é a contração muscular).
Os músculos esqueléticos ou voluntários são os órgãos ativos do movimento, transmitindo movimento aos ossos sobre os quais se inserem. Têm uma variedade grande de tamanho e formato, de acordo com a sua disposição, local de origem e inserção e controlam a postura do corpo do animal.
O ser humano possui aproximadamente 639 músculos. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora.
Funções dos músculos
Os músculos têm essencialmente cinco funções, a saber:
Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam na manutenção das posições corporais, como ficar em pé ou sentar.
Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor libertado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Tipos de músculos
Existem três tipos de tecidos musculares, a saber:
Estriado esqueléticos
Lisos
Estriado cardíaco
Estriados esqueléticos
Os músculos estriados esqueléticos contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio ótico. Os músculos esqueléticos consistem são cerca de 650 músculos fixos aos ossos. Estes músculos esqueléticos são controlados conscientemente pelo córtex motor (pré-central) e pré-frontal do cérebro.
Lisos
Os músculos lisos localizam-se nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdominal e pélvica têm acção involuntária controlada pelo sistema nervoso autónomo.
Estriado cardíaco
O músculo estriado cardíaco representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário ou seja não depende da nossa vontade e tem um ritmo de contração e relaxamento próprio (auto ritmicidade).
Anatomia dos musculo esquelético
Este é o tipo de músculo que mais temos consciência porque depende da nossa vontade ou seja a contração e relaxamento destes músculos é voluntária.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fibras musculares. Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
Anatomia do músculo liso
Dores musculares ou mialgias
As dores musculares também designadas por mialgias podem, em determinadas situações, causar incómodo e até mesmo afetar a vida normal do doente. Nalgumas situações, como as cãibras ou cãibras, pode haver espasmos e dores musculares muito intensas. As dores musculares podem ser divididas em dois grupos:
As que afetam o corpo todo, isto é, quando todos os músculos estão comprometidos,
As que afetam um músculo em particular, isto é, uma parte do corpo.
Nas dores musculares podem também estar envolvidas as articulações tornando difícil, por vezes, a avaliação do problema.
Causas das dores musculares
A dor muscular está, geralmente, relacionada com:
Tensão, sobrecarga ou lesão muscular provocada por um exercício ou por um trabalho fisicamente excessivo. Nesta situação a dor muscular apenas afeta um músculo específico e, por ter início logo após o esforço, a sua associação é normalmente evidente.
As dores musculares quando generalizadas podem estar associadas a situações infeciosas como a gripe ou doenças que afetam o tecido conjuntivo como por exemplo o lúpus.
No caso da dor muscular intensa, súbita, sem explicação ou se durar mais que 5 dias, no caso de infeção no local das dores, no caso de problemas de circulação na área onde as dores musculares se manifestam, o doente deve ser encaminhado para avaliação médica. Caso o doente esteja a tomar medicamentos deverá ser realizada a avaliação da farmacoterapia de modo a poder relacionar algum medicamento com o problema apresentado.
Quando consultar com urgência o médico?
As situações descritas de seguida podem sinalizar uma patologia grave pelo que devem ser avaliadas pelo médico urgentemente, a saber:
As dores musculares localizadas são comuns e podem comprometer mais do que um músculo. As dores musculares também podem envolver os seguintes tecidos:
Ligamentos,
Tendões,
Fáscia,
Tecidos moles que ligam os músculos,
Ossos,
Órgãos.
A dor pode ficar localizada na região muscular afetada, podendo incluir:
Limitação de movimento nos membros associados,
Inflamação dos tendões,
Dor de cabeça.
As dores musculares generalizadas podem estar associadas a uma inflamação como a gripe ou estar relacionada com outros sintomas.
Lombalgia
A lombalgia, ou dor na zona lombar da coluna vertebral, é uma queixa extremamente comum que afeta adversamente a capacidade funcional e a qualidade de vida.
A coluna lombar está sujeita a diversas patologias mecânico- degenerativas devido à sua ampla mobilidade e ao facto de suportar muito peso. A maioria dos indivíduos irá padecer de lombalgia aguda alguma vez ao longo da sua vida.Todos os escalões etários são afetados por lombalgias; contudo, a maior prevalência ocorre na idade adulta. O primeiro episódio geralmente ocorre entre os 30 e os 50 anos, altura em que ocorre o pico da sua incidência. É uma das patologias que provoca maior absentismo laboral, incapacidade e
recurso aos serviços de saúde.
Causas da lombalgia
A larga maioria dos doentes apresenta lombalgia inespecífica, isto é, dor que não é atribuível a uma condição ou anomalia específica.Apenas uma pequena percentagem dos doentes sofre de uma patologia orgânica reconhecida, mais frequentemente envolvendo os discos intervertebrais. Os fatores mecânicos, relacionados com a postura e com esforços físicos não mostraram relação causal com o surgimento de lombalgia em diversas revisões sistemáticas. Causas sérias, tais como inflamatórias, infeciosas ou neoplásicas são raras.
Sinais de causa grave para a lombalgia
Os sinais que podem indicar uma causa grave para a lombalgia e requerer o encaminhamento para o médico incluem, entre outros, os seguintes:
Perda de peso,
Historial de cancro,
Febre,
Dor persistente e progressiva que não é aliviada pela
medicação, repouso ou imobilização,
Lombalgia que agrava à noiteou em decúbito,
Doença sistémica
Fraqueza,
Dormência ou formigueiros associados à dor,
Incontinência urinária ou fecal ou dificuldades na micção,
Idade inferior a 20 ou superior a 55 anos,
Alterações da marcha,
Dor na zona lombar ou na anca, que irradia pela parte posterior
da coxa até à perna,
Dor associada a um evento traumático,
Alterações neurológicas progressivas,
Uso de corticosteróides sistémicos,
Drogas intravenosas,
Infeção recente.
Fatores de risco para a lombalgia
A maioria dos estudos prospetivos não conseguiu identificar muitos fatores de risco fortes e modificáveis para o aparecimento do primeiro episódio de lombalgia, no entanto alguns estudos parecem indicar os seguintes fatores de risco:
Os indivíduos com ocupações que requeiram esforços físicos intensos parecem estar em maior risco.
Os doentes obesos ou com excesso de peso têm risco aumentado de lombalgiae existe também uma ligeira associação com o tabagismo.
A prática de exercício físico apresenta uma relação não linear com o risco de lombalgia estando um estilo de vida sedentário, e a prática de atividades intensas ambos relacionados a um risco maior.
É mais comum em mulheres.
Fatores psicológicos, como stress,depressão ou ansiedade também podem estar associados a maior risco.
Têm sido apontados ainda outros fatores predisponentes, entre os quais:
Conduzir,
Estar de pé, ou sentado imóvel, por períodos prolongados,
Levantar objetos pesados,
Efetuar esforços intensos subitamente,
Estar exposto a vibrações,
Usar sapatos inadequados,
Dormir numa postura incorreta e sobre um colchão inapropriado.
Tratamento para a lombalgia
Os objetivos do tratamento da lombalgia aguda são: aliviar ador, melhorar a função, reduzir o absentismo laboral e desenvolver estratégias para lidar com o problema, através da educação do doente. O tratamento da lombalgia deve ser iniciado prematuro para reduzir o risco de desenvolvimento de dor crónica, que representa a maioria dos custos de saúde associados à lombalgia.
Existem três tipos de lombalgia, a saber:
Aguda se a sua duração for inferior a 6 semanas,
Subaguda se a duração for entre 6-12 semanas,
Crónica se persistir por mais de 12 semanas.
Lombalgia aguda
A evidência disponível indica que o repouso no leito atrasa a recuperação e não é recomendado.O doente deve ser aconselhado a manter a atividade ou retomá-Ia o quanto antes.
Paracetamol
Em situações simples,tem sido indicado como de primeira escolha.Contudo, evidências recentes apontam para que os benefícios associados ao seu uso sejam diminutos. Tem a vantagem de estar associado a um pequeno risco de efeitos adversos graves mas, pelo risco de hepatotoxicidade, deve ser respeitada a posologia máxima recomendada.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)
São provavelmente mais eficazes, mas estão associados a uma maior
frequência de efeitos adversos e devem reservar-se para os doentes que não respondam ao paracetamol, contudo, são muitas vezes prescritos como primeira escolha.Nenhum AINE parece ser superior aos restantes, pelo que pode ser considerada a mudança para outro, no caso de o primeiro se revelar ineficaz. O seu uso está associado a efeitos adversos gastrointestinais, renais e cardiovasculares, pelo que se recomenda a avaliação prévia destes fatores de risco e o uso da menor dose eficaz, para minimizar potenciais efeitos adversos.
Se o doente não sentir melhorias no intervalo de 1 a 2 semanas de tratamento, deverá averiguar-se se este tem tomado a medicação corretamente e rever eventuais sinais de patologia mais grave.
Relaxantes musculares
Se estes tratamentos não demonstrarem ser ineficazes, poderão ser tentados relaxantes musculares como a tizanidina ou a ciclobenzaprine, se bem que os efeitos adversos limitem o seu uso. Existe evidência da sua eficácia bem como de que o seu uso simultâneo com paracetamol ou AINEs possa ter efeitos benéficos na diminuição da dor.Outra alternativa são as benzodiazepinas como o diazepam, apenas por curtos períodos devido ao risco de dependência e pela escassa evidência relativamente ao seu benefício
Combinações de fármacos e opióides
Pode também ser tentada uma combinação de analgésicos, como o paracetamol com uma dose terapêutica de codeína. Se o alívio continuar a ser insuficiente, deve então ser tentado um opióide mais potente. Os opióides apresentam um benefício moderado na dor grave e incapacitante que não responda ao paracetamol e aos AINE se usados de forma criteriosa e por um curto intervalo de tempo.
Contra-irritantes
Entre outros fármacos que têm sido utilizados incluem-se medicamentos tópicos como os contra-irritantes.Os fármacos contra-irritantes apresentam propriedades analgésicas ao aproveitarem os mecanismos fisiológicos de modulação da sensação dolorosa, baseado no efeito paradoxal de alívio de uma dor intensa causado ao produzir uma dor mais ligeira. Podem ser classificados em quatro grandes grupos:
Rubefacientes, como o salicilato de metilo e outros salicilatos, que
produzem irritação local e calor;
Irritantes, como a capsaícina, que produz dor localizada na zona de aplicação;
Refrescantes, como o mentol ou a cânfora que estimulam as terminações nervosas do frio;
Vasodilatadores, como o nicotinato de metilo, que produzem uma sensação localizada de calor.
Calor ou frio qual o melhor?
Têm também sido utilizadas abordagens não farmacológicas no tratamento da lombalgia. A aplicação local de calor tem sido preconizada, evidenciado benefício no alívio da dor. Deve ser aplicado cerca de 20 minutos, 3 a 4 vezes por dia, mas não em lesões recentes ( <48h) ou áreas inflamadas, dado que irá intensificar a vasodilatação e exacerbar o dano nos tecidos.
Não deverá igualmente ser aplicado em pele danificada ou com outros agentes tópicos. A aplicação de gelo tem sido igualmente recomendada, especialmente nos primeiros 2-3 dias. Existe também alguma evidência de benefício para a manipulação espinaI.
Lombalgia crónica
A lombalgia aguda pode converter-se em crónica em alguns doentes. Segundo algumas fontes pode ocorrer até 8% dos casos, mas outros apontam para que ocorra em cerca de 10-15% dos doentes. O tratamento da lombalgia crónica é difícil uma vez que tende a não melhorar com o tempo e consome muitos recursos de saúde.
Pode ser necessária terapêutica de longo prazo, quer contínua, ou episódica. Os doentes devem ser encorajados a manterem-se ativos e continuarem com as suas atividades normais tanto quanto possível. Recomenda-se:
Educação do doente,
AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteroides)
Opióides fracos (por curto prazo),
Manipulação espinaI,
Exercício.
O papel dos analgésicos é o de controlar a dor para que o doente se mantenha ativo. Devem ser usados somente a curto prazo, durante recorrências ou períodos de exacerbação dos sintomas. Outros fármacos que podem ser considerados incluem os anti depressivos tricíclicose a capsaícina tópica. Apesar da escassa evidência, têm sido tentadas outras abordagens tais como:
Estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS),
Tração,
Acupunctura,
Massagens,
Exercícios específicos,
Suporte lombar,
Yoga.
Deve ser tido em consideração que as expectativas de benefício, por parte do doente, podem influenciar os resultados de diferentes terapias.
Existe evidência moderada de que programas de exercício dirigidos por fisioterapeutas podem reduzir a taxa de recorrências, aumentar o intervalo de tempo entre episódios e diminuir o recurso a serviços de saúde. Se uma lombalgia crónica não melhora com os tratamentos habituais, é muito importante uma abordagem multidisciplinar.
Conselhos mais importantes
O prognóstico é geralmente bastante favorável. Muitos dos casos são autolimitadose resolvem-se com pouca intervenção. A maioria dos doentes com lombalgias recupera relativamente depressa com elevada probabilidade de melhoria ao longo do primeiro mês.
Os doentes devem ser aconselhados a manter-se tão ativos quanto possível, dentro dos limites de tolerância da dor, e a retomarem as suas atividades normais o mais depressa possível.Interromper as atividades laborais aumenta o risco de cronicidade‘ e quanto mais prolongada for a inatividade, maior é o risco de invalidez permanente.
Os doentes devem ser encorajados a praticar exercício, já que este diminui as recorrências, reduz o absentismo e a utilização de recursos de saúde.Evidência proveniente de revisões sistemáticas de ensaios relativos a prevenção de lombalgias revela que apenas as intervenções que consistem em exercício físico se mostram eficazes. Além disso, também proporciona outros benefícios para a saúde, a nível cardiovascular e ósseo. O médico ou o fisioterapeuta também poderão aconselhar exercícios específicos para tratamento e prevenção das lombalgias.
Prevenção das lombalgias
Entre as medidas que podem ser recomendadas para prevenção das lombalgias, principalmente da sua recorrência, incluem-se:
Dormir sobre um colchão firme, mas não excessivamente duro, com uma almofada preferencialmente baixa, para não forçar o pescoço, em posição lateral com os joelhos dobrados, com uma almofada entre as pernas, ou dorsal com uma almofada sob os joelhos;
Levantar objetos pesados mediante flexão dos membros, de modo a evitar sobrecarga na zona lombar, evitando sujeitar a coluna a movimentos de torsão e flexão e mantendo o objeto encostado ao corpo;
Evitar a permanência em pé durante demasiado tempo, de forma estática, com os pés no mesmo plano. Quando se trabalha de pé, deverá mudar-se a posição dos pés e repousar alternadamente os pés sobre um banco;
Na posição sentada, manter as costas direitas e apoiadas no encosto, utilizar uma cadeira ajustável em altura e com apoio de braços e uma mesa à altura dos cotovelos, apoiando os pés sobre um banco, de modo a que os joelhos fiquem mais elevados do que as ancas;
Manter-se fisicamente ativo;
Deixar de fumar;
Não utilizar saltos altos;
Manter um peso adequado.
Tratamentos mais eficazes
Terapêutica não farmacológica
Em muitas situações de dores musculares é possível aplicar um tratamento sem intervenção de medicamentos. Assim pode tentar:
Evitar esforços excessivos,
Aplicar gelo nas primeiras horas posteriores ao trauma,
Realizar exercício com moderação,
Dormir bem,
Evitar atividade aeróbicas de alto impacto,
Realizar massagem de relaxamento ou fisioterapia se prescrita.
Terapêutica farmacológica
De seguida listamos alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento das dores musculares, descrevendo o princípio ativo e entre parêntesis um exemplo geralmente da marca mais conhecida.
Fármacos para tratamento oral:
Paracetamol (Ben-uron®), 500-1000mg (comp.), 1 comp. PO cada 4-6h, máx.: 4000mg/ dia.
Fármacos contendo anti-inflamatórios não esteroides (ou análogos) de uso tópico de composição variada:
Estes medicamentos são de composição variada e podem estar em associação com as seguintes substâncias ativas: ácido salicílico, nicotinato de benzilo, mentol, heparina, cânfora, entre outras tradicionalmente usadas. Os principais medicamentos contendo anti-inflamatóprios não esteroides para aplicação tópica, são:
Symphytum officinale, (creme), aplicar 4xdia.
Salicilato de metilo (comp. variada), (creme, pomada), aplicar 3-4xdia.
Descrevemos de seguida alguns exercícios que ajudam a evitar a lombalgia:
Melhor posição na secretária
Melhor posição para Conduzir
Melhor posição para dormir
Posturas a melhorar
Concluindo
O nosso organismo tem inúmeros músculos e qualquer um deles pode sofre uma lesão que eventualmente pode causar dor. Existem no entanto três pontos chave que devo destacar:
As dores musculares associadas a um trauma ligeiro ou esforço muscular passam, normalmente, entre 3 a 5 dias.
Dores musculares com início súbito e intenso devem ser avaliadas pelo médico.
Nas dores musculares pode haver envolvimento osteo-artrósico ou seja dos ossos e articulações vizinhos do músculo lesionado.
Existem também inúmeros exercícios que pode e deve fazer em casa e posturas que pode alterar no seu dia-a-dia para se proteger de dores musculares e em particular das lombalgias. Quando a dor se instala a utilização inicial de frio pode ter efeitos muito benéficos e até evitar a utilização de medicação.
Uma dor seja ela qual for nunca deve ser ignorada pois é um sinal de aviso, do nosso corpo, para algo que não está a correr bem! Se essa dor for repentina, intensa ou frequente consulte de imediato o médico.
Frieiras do frio ou eritema pérnio, tratamentos causas e toda a verdade! Em Portugal frieira é um termo usado para descrever uma doença (eritema pérnio) com, sintomas dermatológicos, provocada pela exposição ao frio não causada por um fungo (micose). No Brasil o termo frieira tem um significado diferente pois descreve uma micose na pele causada por fungos, como por exemplo a micose no pé o chamado “pé-de-atleta“. Esta clarificação é muito importante pois sendo este um Blog visitado por toda a comunidade de língua Portuguesa de quando em vez os significados da nossa língua materna divergem. Para saber tudo sobre frieira/micose leia o artigo seguinte.
Neste artigo vou falar das frieiras causadas pelo frio e não de micoses. No entanto, quem estiver interessado em micoses pode ler um dos posts mais partilhados do blog sobre sobre pé-de-atleta efungos nas unhas aqui!
Quando deve consultar o médico por causa das frieiras?
Os cremes com cortisona ajudam ou não?
Existem produtos naturais eficazes?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Frieiras ou eritema pérnio
Eritema pérnio ou frieira é uma doença provocada pela exposição ao frio que atinge, sobretudo, as zonas mais expostas ao ar e humidade, tais como:
Mãos,
Pés,
Nariz,
Orelhas.
Pode também aparecer, embora menos frequentemente, nas seguintes partes do corpo:
Cotovelos,
Joelhos,
Partes inferiores das pernas.
Eritema pérnio mecanismo de formação
As frieiras são fruto de uma resposta anormal dos vasos sanguíneos às variações de temperatura.
Nos dias mais frios, mais húmidos e com mais vento, os vasos sanguíneos que irrigam as extremidades do nosso corpo, principalmente mãos, pés e orelhas, contraem para manter a temperatura corporal. Assim, as zonas do corpo onde essa contração ocorre tornam-se mais frias, ficando até, por vezes, dormentes.
Quando estas zonas são reaquecidas, principalmente se acontecer de forma muito rápida, dá-se uma dilatação “agressiva” destes vasos sanguíneos, que deixam extravasar algum líquido do seu interior para o exterior. Este líquido provoca algum edema ou inchaço local originando uma resposta inflamatória, que leva ao aparecimento do desconforto associado às frieiras.
Importante: Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras raramente surgem.
Sintomas
Manifesta-se por uma inflamação dolorosa da pele que fica branca, fria, insensível, com comichão, inchada e vermelha. Em casos mais graves, podem levar à formação de bolhas e dar origem a feridas ulceradas e dolorosas que podem infetar e aí sim causar lesões graves… cuidado!
Se tal acontecer consulte um médico com urgência para tratar a infeção.
Mãos com frieiras simples, sem bolhas nem feridas.
Mãos com frieiras graves, já com bolhas
Quanto tempo dura uma crise?
Esta não é uma resposta simples! Normalmente as frieiras duram cerca de uma semana, mas podem prolongar-se por mais tempo.
Grupos de risco mais sensíveis
As pessoas que sofrem mais de frieiras são as que desenvolvem uma reação anormal ao frio. Têm dificuldade em manter a temperaturacorporal das zonas expostas, por alterações verificadas nos pequenos vasos sanguíneos superficiais que se contraem e apertam excessivamente (vasoconstrição), não permitindo que o sangue circule, normalmente, até às extremidades e aqueça a pele. Os principais grupos de risco são os seguintes:
Mulheres jovens, sobretudo se já sofrem de Doença de Raynaud;
Idosos;
Fumadores, pois o tabaco é extremamente nocivo para a circulação sanguínea.
Causas
Na sua origem parecem intervir fatores genéticos, hormonais (as mulheres possuem pior circulação nas extremidades e reagem pior a mudanças de temperatura, devido nomeadamente às alterações menstruais) e problemas circulatórios.
As condições climatéricas tais como o frio e a humidade são fatores desencadeantes e agravantes. A doença é mais frequente nos meses de inverno e nas regiões com temperaturas mais baixas e húmidas (a humidade aumenta a condutividade do frio) e em particular nos meios rurais. Aqui, também, relacionada com o tipo de trabalho realizado na agricultura que expõe as pessoas mais frequentemente ao frio.
Tratamento
O melhor tratamento é a prevenção! Assim deve proteger diariamente a pele das zonas suscetíveis logo nos primeiros dias de frio. Repito a nota importante já referida neste artigo:
"Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras não surgem"
Os cuidados preventivos, que evitam o contacto com diferenças bruscas de temperatura (principalmente passar rapidamente de um ambiente frio para um ambiente quente), são essenciais para evitar o aparecimento das queixas, sendo as medidas mais eficazes as seguintes:
Casas bem aquecidas;
Usar roupas adequadas (luvas, calçado apropriado, gorros de lã, etc.) de proteção contra o frio;
Se tiver tendência para sofrer de frieiras deve proteger-se do frio, cobrindo as zonas afetadas com roupa de preferência de lã;
Melhoram com o calor pouco intenso e com a massagem suave da zona afetada;
O exercício físico moderado é útil, pois ativa a circulação sanguínea aumentando a temperatura corporal;
Não deve aquecer diretamente as mãos no calorífero a altas temperaturas pois isso provoca uma dilatação exagerada dos vasos sanguíneos e posterior edema;
Evitar lavagens repetidas das mãos por causa da louça e outras atividades domésticas pois originam diferenças de temperatura bruscas e facilitam o aparecimento de frieiras.
Ginkgo biloba
Ginkgo Biloba (Fonte: www.pixabay.com free foto)
Ginkgo biloba, também conhecida pelos nomes populares nogueira-do-japão, árvore-avenca ou simplesmente ginkgo, é uma árvore de origem chinesa considerada um fóssil vivo, pois existia já no tempo dos dinossauros, há mais de 200 milhões de anos. É símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas no Japão.
Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando perceberam que a planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada.
As suas folhas têm sido frequentemente usadas no combate aos radicais livres e como auxiliar da oxigenação cerebral, embora não exista unanimidade científica sobre os seus efeitos benéficos.
Bioactivo Ginkgo biloba em comprimidos é um suplemento feito com plantas naturais, contém Ginkgo biloba, que ajuda a função cognitiva, como memória e concentração, além disso, Ginkgo biloba apoia a circulação sanguínea, ou seja, é bom para mãos e pés frios.
Componentes activos
Extracto de Ginkgo Biloba 60 mg
Ginkgoflavona-glicósidos 14,4 mg
Terpenolactonas 3,6 mg
Tomar 2 comprimidos por dia, ou segundo a indicação do médico. Engolir os comprimidos inteiros, em simultâneo, à refeição, acompanhados de um copo de água.
Interações e efeitos adversos
Pessoas que tomam anti-coagulantes orais devem evitar a utilização de Ginkgo Biloba.
Em alguns pacientes pode fazer baixar demasiado a tensão arterial originando a sensação de tonturas.
Se sofre de doença grave e toma algum medicamento, deverá consultar o seu médico antes de tomar BioActivo Biloba.
Creme para tratar as frieiras
Uma boa hidratação da pele ajuda mas por si só não é suficiente para proteger a mesma do aparecimento de frieiras. Assim, os cremes preventivos apenas reforçam a sua função de barreira protetora, sendo necessários cremes com funções terapêuticas suplementares, como alguns dos que de seguida descrevo.
Existe algum creme á venda na Farmácia que seja mais eficaz? Sim, existe um creme utilizado com eficácia, desde que não se trate de frieiras graves e feridas complicadas, a saber:
Trata-se de um creme regenerador, que tem as seguintes propriedades terapêuticas:
Ação antisséptica,
Rubefaciente,
Hidratante,
Antipruriginosa.
Regenera, protege e cuida a pele exposta ao frio e alivia a comichão provocada pelas frieiras. Aplique nas pele 3xdia durante 7 dias.
Creme para frieiras e pele gretada
Existe algum creme que possa utilizar-se quando temos frieiras e pele gretada? Sim, existe um creme que trata não só as frieiras mas também é adequado se existirem gretas, a saber:
Stop Frieiras possuí um elevado conteúdo em fitocêuticos e baseia-se nos benefícios terapêuticos do uso tradicional e milenar das plantas. A sua fórmula exclusiva foi desenvolvida com uma elevada quantidade de princípios ativos de origem vegetal para garantir esses benefícios.
Princípios ativos presentes vs propriedades reconhecidas:
Ginkgo-Biloba – estimulante da microcirculação da pele.
Aloé vera – hidratante, anti-inflamatório, regenerador e cicatrizante.
Escina – melhorara a circulação no tratamento da insuficiência venosa.
Bisabolol – cicatrizante, anti-irritante e anti-inflamatório.
Alantoína – humectante, anti-idade e cicatrizante/renovador celular.
Glicerina – excelente poder hidratante.
Menthyl Lactate – efeito refrescante, ajuda a diminuir a sensação de ardor e a vermelhidão.
Akilhiver creme
Akilhiver Creme Frieiras assegura a regeneração cutânea, hidrata, atenua as sensações de desconforto (formigueiro e prurido), reforça a resistência da pele ao frio e a circulação venosa.
Como tratamento aplique através de movimentos circulares sobre as zonas sujeitas a frieiras. Como prevenção aplique diariamente em toda a superfície das mãos e pés, até 3xdia durante 7 dias.
Quando deve consultar o médico?
As frieiras são difíceis de tratar e podem persistir por vários anos. Em geral curam-se por si só, apenas com o recurso às medidas preventivas. No entanto em casos graves podem ter utilidade fármacos com acção vasodilatadora que melhoram a circulação do sanguínea nas extremidades. Também deve solicitar um conselho médico se as frieiras criarem bolhas ou ulcerarem, pois podem necessitar de cuidados especiais.
Cremes com “cortisona” ajudam?
É errado aplicar cremes com cortisona, pois estes produzem uma vasoconstrição secundária, que vai agravar ainda mais o problema circulatório que é a causa desta doença. Muitas pessoas aplicam estes cremes por causa da eficácia sobre o prurido ou comichão mas os efeitos secundários podem ser bastante graves pois as chamadas “cortisonas” deprimem o sistema imunitário e, no que concerne à pele, aceleram muito o seu envelhecimento degradando, por isso, a capacidade da pele se regenerar e “Auto proteger”!
Produtos naturais são eficazes?
Existem produtos “naturais” usados nas frieiras, mas sem estudos científicos que comprovem quaisquer benefícios no seu tratamento, pelo que devem ser evitados. Muitos deles, para além de não terem utilidade terapêutica, podem causar ainda mais irritação na pele.
Concluindo
As frieiras são uma doença que afeta imensas mulheres jovens e idosos mais sensíveis ao frio. Não é uma doença grave se for tratada atempadamente. Se tal não acontecer e houver descuido pode evoluir para formas mais graves com formação de bolhas e feridas abertas. Esta situação mais severa pode, principalmente em doentes com o sistema imunitário debilitado, ser uma “porta de entrada” para todo o tipo de vírus, bactérias e fungos que desencadeiam infeções potencialmente graves para o organismo.
Resumindo, não se descuide e se tiver frieiras trate de imediato essa situação, evitando diferenças bruscas de temperatura, protegendo a pele do frio, aquecendo moderadamente a pele e aplicando um creme adequado e hidratante tal como referido neste artigo.
Referências
Dr. Manuel Soares, Médico de Clínica Geral e Familiar;
Azia refluxo pirose enfartamento gases são problemas digestivos muito comuns principalmente em épocas festivas! Quais as causas, sinais e perigos? Que medicamentos podem piorar os sintomas? Qual o melhor tratamento e como conseguir rápido alívio dos sintomas? Como recuperar dos excessos das épocas especiais como Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversários, festas e férias?
Dispepsia sintomas, causas, prevenção e diagnóstico.
Qual a anatomia do estômago?
Azia ou pirose: O que é?
Quais os sintomas?
Refluxo gastroesofágico: O que é?
Qual a anatomia do estômago?
Qual a causa da azia?
Que medicamentos podem provocar azia?
Quais os anti-inflamatórios menos agressivos para o estômago?
Anti-inflamatórios de última geração: Serão uma boa alternativa?
Ansiolíticos e contraceptivos orais podem provocar refluxo?
Idade e azia ou refluxo: Qual a relação?
Gravidez e azia ou refluxo: O que acontece nessa fase?
O que pode tomar uma grávida para a azia?
Que factores agravam a azia e refluxo?
Que alimentos agravam a azia e refluxo?
Quais os sinais de alarme para pedir apoio médico urgente?
Como melhorar a azia e refluxo?
Quais os medicamentos mais utilizados para a azia e refluxo
Quais os efeitos secundários e interacções mais frequentes dos antiácidos?
Digestão
O que acontece durante a digestão? O sistema digestivo para levar a cabo, com sucesso, o processo de digestão total dos alimentos, é composto pelas seguintes quatro etapas essenciais:
Mastigação – acontece na boca e reduz os alimentos a um bolo alimentar pela ação mecânica de mastigar e também pela ação enzimática da saliva;
Processamento químico e enzimático – acontece principalmente no estômago com pela ação do ácido clorídrico e da enzima pepsina, entre outras; Esta é a etapa mais importante na digestão das proteinas;
Processamento no intestino delgado – absorve macromoléculas e nutrientes para a corrente sanguinea;
Fermentação e remoção da água – acontece no cólon (intestino grosso);
As substâncias simples da nossa alimentação, como a água, os sais minerais e as vitaminas (excepto a vitamina B12), são absorvidas ao longo do tubo digestivo sem sofrerem transformações. No entanto, as macromoléculas, como proteínas, gorduras e hidratos de carbono, têm de ser transformadas em moléculas pequenas e menos complexas para serem absorvidas, assim:
Proteínas são desdobradas em polipéptidos, péptidos e aminoácidos;
Hidratos de carbono são transformados em açúcares simples (monossacarídeos) como a glicose, a frutose e a galactose, entre outros;
Gorduras são parcialmente separadas em ácidos gordos e glicerinas.
Quanto tempo demora a digestão?
O tempo de digestão difere de pessoa para pessoa e entre os sexos. Após comermos, os alimentos demoram cerca de seis a oito horas até passarem do estômago para o intestino delgado.
De seguida, passam ao intestino grosso (cólon), dando-se a absorção de água e finalmente o excedente é eliminado nas fezes.
Local do sistema digestivo
Função primária
Tempo que ficam os alimentos a digerir
Boca
Digestão mecânica e química
1 minuto
Esófago
Transportar os alimentos depois de deglutidos
3 segundos
Estômago
Digestão mecânica e química
2 a 4 horas
Intestino delgado
Digestão mecânica e química
3 a 5 horas
Intestino grosso
Absorção de água
> 10 horas
Em geral os alimentos demoram cerca de 24 a 72 horas desde o momento em que são mastigados até serem eliminados nas fezes os resíduos que o nosso organismo não conseguiu utilizar.
Se estiver mais de 72 horas sem defecar isso é um sintoma de obstipação que pode ser perigoso!
Os sintomas de má digestão ou dispepsia são muitas vezes recorrentes e normalmente dividem-se em dois grupos:
Sensação de dor, ardor ou desconforto na região do estômago ou parte superior do abdómen;
Dificuldade em digerir os alimentos, seja por uma saciedade precoce ou por sensação de enfartamento após as refeições.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a dispepsia é mais frequente nos países com um estilo de vida ocidentalizado, afetando cerca de 20 a 40% da população.
A dispepsia ou indigestão é muito comum e afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, existem hábitos e condições de saúde que fazem aumentar os riscos, tais como:
Comer em excesso e demasiado depressa, sobretudo alimentos ricos em gordura;
Consumir bebidas alcoólicas em excesso;
Ser fumador;
Consumir fármacos que irritem o estômago como a aspirina e anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno ou diclofenac;
Ter uma úlcera ou qualquer outra doença do sistema digestivo;
Estar sujeito a stress emocional, ansiedade ou depressão.
Prevenção
Diagnóstico
Existem diversos exames de diagnóstico que podem despistar a dispepsia. Uma vez que os sintomas são idênticos para as formas orgânicas e funcionais desta doença, a endoscopia digestiva alta é o exame mais importante para a obtenção de um diagnóstico.
Consiste na observação direta do revestimento interno do esófago, estômago e duodeno. Complementarmente deve realizar-se uma pesquisa pela infeção por Helicobacter pylori através de uma biópsia.
As análises sanguíneas e a ecografia abdominal são outro instrumento de diagnóstico, de modo a avaliar a saúde dos órgãos anexos ao estômago, como o pâncreas, fígado, vesícula e vias biliares.
Estômago qual a anatomia?
O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado abaixo do diafragma, acima do pâncreas, entre o esôfago e o duodeno. No estômago, os alimentos são pré-digeridos e esterilizados, seguindo para o intestino, onde são absorvidos.
Em humanos, o estômago tem um volume de cerca de 50 ml (mililitros) quando vazio. Depois de uma refeição, geralmente expande-se para suportar cerca de 1 litro de comida, mas pode expandir-se até 4 litros.
O estômago apresenta duas comunicações:
Uma superior chamada cárdia, que o comunica ao esôfago
Outra inferior, chamada piloro, que o comunica ao intestino delgado.
O estômago tem duas classificações, uma cirúrgica e outr anatómica.
Na classificação cirúrgica é subdividido em:
Cárdia,
Fundo,
Corpo,
Antro,
Piloro,
Curvatura menor,
Curvatura maior,
Face anterior,
Face posterior.
Na sua classificação anatómica o estômago é dividido em:
Porção vertical chamada trituradora,
Porção horizontal chamada evacuadora.
Função
O estômago tem uma função essencial na digestão dos alimentos. No seu interior situam-se as glândulas gástricas que produzem o suco gástrico. As células da parede do estômago estão protegidas contra a forte acidez do suco gástrico, porque produzem e libertam um muco que forma uma espessa camada protetora.
No estômago, o suco gástrico é misturado com os alimentos a digerir, através dos movimentos peristálticos, e o bolo alimentar é transformado em quimo. O suco gástrico é muito rico em enzimas digestivas com particular destaque para a pepsina que é responsável pela digestão das proteínas. Assim é aqui que se incia o processo de digestão das proteínas considerado um dos mais importantes mecanismos para o bom funcionamento do nosso corpo.
Proteção contra bactérias, vírus e fungos
A forte acidez do estômago também serve de barreira protetora contra a entrada de microrganismos patogénicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas pois dificilmente algum consegue escapar com vida até ao intestino!
O adjetivo gástrico refere-se ao estômago. Assim, a retirada cirúrgica do estômago ou parte dele chama-se gastrectomia. A colocação de tubos no estômago através do abdômen chama-se gastrostomia. A modificação do estômago chama-se gastroplastia.
Helicobacter pylori
Apesar dos ácidos presentes no estômago nos manterem protegidos contra os principais agentes infeciosos, existem muitos estudos que apontam para que a bactéria Helicobacter pylori seja responsável pela maioria dos casos de gastrite crónica, úlceras gástricas e cancro do estômago (nos casos de adenocarcinoma e linfoma MALT – tipo específico de linfoma da mucosa do estômago).
Azia ou Pirose e refluxo
A azia ou pirose manifesta-se por uma sensação de ardor na parte posterior do esterno e que se estende desde a parte superior do estômago até à boca podendo haver refluxo ou regurgitação com sabor ácido ou amargo.
Sintomas mais comuns
A azia manifesta-se das seguintes formas:
Ardor incómodo na linha média da parte superior do estômago (epigastro) e que se pode estender para a parte posterior do esterno.
O ardor pode sentir-se apenas na parte do esterno mas pode também sentir-se na garganta, provocando um sabor amargo na boca.
Pode haver dor.
Causas da Azia
Os sintomas da azia são causados pelos conteúdos do refluxo esofágico, de natureza ácida, no esófago, que irritam a superfície sensível da mucosa. Trata-se de um problema de saúde que não causa transtorno em pessoas saudáveis, salvo se a sua frequência e intensidade aumentar. Poderá, no entanto, em alguns casos, ser sinal de problemas de saúde mais sérios.
Uma das causas mais comuns da irritação esofágica é a própria doença de refluxo esofágico devida a deficiências do esfíncter esofágico inferior. Também a hérnia do hiato pode provocar acidez resultado de parte do estômago escapar pelo diafragma, embora não se manifestem sintomas em todos os doentes.
Medicamentos que podem provocar azia
Alguns medicamentos podem provocar irritação gastro esofágica, a saber:
Ácido acetil salicílico (AAS) – Ex. Aspirina®
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE), tais como, Brufen® (ibuprofeno), Voltaren® (diclofenac), Nimed® (nimesulide), Naprosyn® (naproxeno). Profenid® (cetoprofeno), piroxicam,
Diazepam (Valium®)
Alprazolam (Xanax®)
Contraceptivos orais
Alendronato, utilizado na osteoporose
Corticoides, utilizados no combate à inflamação
Antagonistas do canais de cálcio, utilizados em algumas doenças cardiovasculares
Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, utilizados como antidepressivos
Clopidogrel, utilizado para evitar a formação de coágulos em doentes de risco ou com doença cardiovascular
Digoxina, utilizada como cardiotónico no tratamento da insuficiência cardiaca e taquicardia
Teofilina, utilizada como broncodilatador
Eritromicina é um antibiótico
Tetraciclinas é uma classe de antibióticos
Suplementos de ferro, utilizados, por exemplo, no tratamento de muitas anemia
Potássio
Anti-inflamatórios menos agressivos
Praticamente todos os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) clássicos referem como reações adversas problemas de irritação gástrica que podem manifestar-se também quando a administração é parenteral ou retal. O ibuprofeno (Brufen®) e o diclofenac (Voltaren®) parecem ter menor risco de toxicidade gástrica, situando-se numa posição intermédia o naproxeno e o AAS e, com maior risco o piroxicam, o cetoprofeno, entre outros.
Anti-inflamatórios de última geração
Existe uma classe de anti-inflamatórios mais recente, Os anti-inflamatórios não esteroides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase-2 (Coxibes) são fármacos utilizados no tratamento da dor e inflamação crónica, principalmente em patologias de origem musculoesquelética, como:
Artrite reumatoide,
Osteoartrose,
Espondilite anquilosante.
Os Coxibes mais prescritos são os seguintes:
Celecoxib (Celebrex®, Solexa®))
Etoricoxib (Arcoxia®, Exxiv®)
Os Coxibes têm como objetivo a inibição seletiva de uma das isoformas da enzima ciclo-oxigenase, a COX-2, que regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Existe evidência clínicas de que os Coxibes podem também atuar na prevenção de cancros e na doença de Alzheimer, devido à indução da COX-2 em diversos tecidos.
Os Coxibes possuem eficácia terapêutica semelhante aos anti-inflamatórios não esteróides clássicos, no entanto, demonstram uma diminuição significativa dos efeitos adversos gastrointestinais, característicos dessa classe. Contudo, só após a sua comercialização foi possível observar o aumento do risco cardiovascular associado ao tratamento com Coxibes. A análise do estudo VIGOR levantou as primeiras dúvidas, mas foram os resultados do estudo APPROVe que desencadearam a retirada voluntária do Vioxx® em setembro de 2004, seguindo-se a retirada de mais dois fármacos desta classe.
A publicação de diversos ensaios clínicos evidenciam o aumento generalizado do risco cardiovascular, que inclui aumento do risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, sendo que estes efeitos adversos agravam-se em doentes com antecedentes de risco cardiovascular.
Na sequência destes resultados, as entidades internacionais, FDA e EMA, emitiram advertências de utilização dos Coxibes, devendo estes ser prescritos na menor dose eficaz, durante o mais curto intervalo de tempo, a fim de evitar o riso associado ao tratamento prolongado. Torna-se assim premente a avaliação dos benefícios gastrointestinais e dos riscos cardiovasculares dos Coxibes, de modo a aferir a segurança da sua utilização
Ansiolíticos contracetivos e alendronato
Os ansiolíticos diazepam (Valium®) e alprazolam (Xanax®), os contracetivos orais (pílula contracetiva) e o alendronato, utilizado para tratar a osteoporose, podem provocar o relaxamento do esfíncter do esófago facilitando o refluxo do ácido do estômago para o esófago e provocar irritação da mucosa do esófago.
Entre alguns outros medicamentos que se relacionam com a toxicidade gástrica podemos referir os seguintes dos quais refiro entre parêntesis a utilização terapêutica:
Corticoides (inflamação e alergias);
Antagonistas dos canais de cálcio (hipertensão);
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (antidepressivos);
Clopidogrel (anticoagulante);
Suplementos de ferro (anemia);
Digoxina (insuficiência cardíaca);
Teofilina (asma);
Eritromicina (infeções);
Tetraciclinas (infeções);
Potássio (acne, prisão de ventre, cãibras, fraqueza muscular).
Idade e aparecimento de azia
Os sintomas de refluxo esofágico ocorrem mais frequentemente em doentes de idade superior a 55 anos. A azia não ocorre normalmente em crianças, embora possa ocorrer em adultos jovens e particularmente em grávidas.
Azia na gravidez
Estes são alguns dos sintomas típicos durante a gravidez :
Dor por trás da costelas e ruídos estomacais
Estômago pesado, dilatado e desconfortável depois de comer
Cãibras estomacais, arrotos e libertação de gases (flatulência)
Sensação de ardor no peito ou na garganta depois de comer
Sensação de mal-estar a acumulação de gases
Fluido quente, ácido ou salgado, no fundo da garganta e dificuldade em engolir.
Sintomas de azia na gravidez
Muitas mulheres sofrem pela primeira vez de azia durante a gravidez. Na verdade, entre 40% a 80% das mulheres grávidas sofrem de azia. E não é difícil perceber porquê – o seu corpo está a sofrer muitas alterações hormonais e físicas.
Durante a gravidez, o seu corpo produz uma hormona, a progesterona, que torna a digestão mais lenta e relaxa a válvula muscular entre o esófago e o estômago, aumentando o risco de refluxo ácido. Em resultado, existe um maior risco de passagem dos ácidos estomacais para o esófago, provocando uma sensação de ardor no peito e na garganta. À medida que o feto cresce, a pressão no estômago aumenta, forçando a entrada dos ácidos estomacais no esófago e causando refluxo gastroesofágico.
Estes sintomas têm mais tendência a ocorrer depois das refeições e quando a mulher se dobra ou deita, mas depois do parto a pressão no estômago desaparece, tal como os sintomas associados.
Grávida com azia como tratar?
Os comprimidos mastigáveis ou pastilhas que associam carbonato de cálcio 680 mg e carbonato de magnésio 80 mg (Ex. Rennie®), são adequadas para o alívio dos sintomas relacionados com a produção de ácidos gástricos durante a gravidez e a amamentação, uma vez que os seus ingredientes (cálcio e magnésio) existem naturalmente no organismo e nos alimentos, desde que sejam cumpridas as indicações de toma e evitada a ingestão prolongada de dosagens elevadas.
A dose habitual é 1 ou 2 pastilhas, até 3 vezes ao dia (de preferência 1 hora após as refeições e antes de deitar). No caso de azia ou dor de estômago mais intensa, pode aumentar a dose até ao máximo 8 vezes por dia.
Fatores que agravam a azia
Os fatores que agravam a doença podem ajudar a avaliar o problema. Na azia pode haver agravamento com:
Aumento de peso,
Quando o doente está na posição horizontal,
Quando o doente faz uma refeição abundante.
Alimentos que agravam a azia
Identificar os alimentos que possam provocar a acidez é de extrema importância para melhorar os sintomas, a saber:
Café ou bebidas com cafeína,
Bebidas alcoólicas,
Refrigerantes com gás,
Comidas muito gordurosas
Comidas temperadas,
Chocolate,
Menta,
Citrinos,
Derivados do tomate.
Sinais de alarme para apoio médico urgente
Idade inferior a 6 anos
Idade superior a 75 anos
Sintomas presentes durante mais de 3 meses num ano
Sangue nas fezes
Perda de mais de 10% da massa corporal
Icterícia
Náuseas e vómitos persistentes
História prévia de ulcera péptica
Causa psicológica ou psiquiátrica ( Ex: ansiedade)
História familiar de cancro gastroesofágico
Cirurgia prévia a cancro gástrico
Consumo crónico de álcool
Tabagismo
Por vezes a dor surge repentinamente ou de modo muito severo podendo irradiar para as costas e braços. Nesta situação a dor pode mimetizar um enfarte o que exige um urgente encaminhamento médico. Alguns doentes que pensam estar a ter um problema de azia/acidez podem estar a ter, na verdade, um ataque cardíaco.
Pode haver dificuldade de deglutição e por vezes há regurgitação devido a obstrução do esófago o que pode pressupor um cancro.
Crianças com sintomas de azia
O aumento da frequência e da intensidade
Ineficácia após 7 dias de tratamento
Tratar a azia mas como?
Existem diversas medidas e atitudes que podem ajudar a evitar ou melhorar os sintomas de azia, a saber:
Evitar o excesso de peso.
Evitar comidas abundantes.
Comer em pequenas quantidades.
Coma com tempo e mastigue os alimentos devagar.
Sente-se direito quando comer e não coma no sofá.
Não coma tarde, nem “à pressa”.
Tentar comer 2 a 3 horas antes de se deitar.
Identificar e evitar os alimentos que possam provocar a acidez, tais como o café ou bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, refrigerantes com gás, comidas muito gordurosas ou temperadas, chocolate e menta, citrinos e derivados do tomate.
Não fumar ou pelo menos reduzir a frequência.
Evitar roupa ajustada ou cintos apertados.
Evitar exercício intenso, se este piorar a azia.
Se tem tendência a sintomas noturnos, deverá erguer-se ligeiramente com a ajuda de algumas almofadas
Medicamentos para tratar azia
Existem diversas classes de medicamentos que podem ser utilizados para tratar os sintomas e efeitos prejudiciais da azia e refluxo do ácido gástrico. As principais são as seguintes:
Alginatos (ex: alginato de sódio);
Antiácidos clássicos (ex: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio fosfato de alumínio, Magaldrato);
Inibidores da bomba de protões (ex: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol).
Alginatos em associação com antiácidos
Alginato de sódio 250 mg + bicarbonato de sódio 133,5 mg + carbonato de cálcio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 2 a 4 comprimidos até 4Xdia (Gaviscon®)
Alginato de sódio 500 mg + bicarbonato de sódio 267 mg + carbonato de cálcio 160 mg/10 mg, saquetas, 1 a 2 saquetas 4x/dia (Gaviscon Duefet®)
Alívio rápido dos sintomas
Como atuam estas associações de alginatos com antiácidos?
Estas associações funcionam de duas maneiras para aliviar de forma eficaz os sintomas de azia e indigestão:
1) O alginato de sódio começa por formar uma camada espessa no topo dos conteúdos do estômago, assim que entra em contacto com os ácidos do estômago. Esta camada funciona como uma forte barreira física e ajuda a manter os conteúdos do estômago no interior do estômago, onde pertencem, e não no esófago, onde são prejudiciais.
2) A associação de antiácidos (carbonato de cálcio com bicarbonato de sódio) neutraliza o ácido gástrico, proporcionando alívio rápido da indigestão e da azia.
Vídeos demonstrativos:
Antiácidos
Carbonato de dihidróxido de alumínio e sódio 340 mg, pastilhas, 1-2 comp. 4xdia. (Kompensan®)
Hidróxido de alumínio 240 mg, comprimidos mastigáveis, 1-4 comp. 4Xdia.
Carbonato de cálcio 680 mg, carbonato de magnésio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 1-2 comp. até máx. 8Xdia (Rennie®)
Hidróxido de alumínio 200 mg, hidróxido de magnésio 200 mg, dimeticone 26,25 mg, comprimidos mastigáveis, 2-4 comp. 4Xdia.
Fosfato de alumínio, 12,38 g de gel de fosfato de alumínio a 20%, saquetas, 1-2 saq. 3Xdia.
Hidróxido de magnésio, 83mg/ml, suspensão, 5-15mI3Xdia.
Bicarbonato de sódio 2081.8 mg, comprimidos efervescentes, 2 comp. até 4Xdia.
Magnésio e Alumínio
Os antiácidos compostos por sais de alumínio e de magnésio em associação podem parecer ideais, pois um componente completa o outro. O hidróxido de alumínio dissolve-se lentamente no estômago causando um alívio prolongado. Já os sais de magnésio agem rapidamente, neutralizando os ácidos com eficácia. Os fármacos que contêm ambos os componentes causam alívio rápido e prolongado.
Carbonato de cálcio
Este foi o principal antiácido durante muito tempo. Atua rapidamente, neutralizando os ácidos por um tempo significativo. Outro ponto positivo, é que esta é uma fonte económica de cálcio. No entanto corre-se o risco de sobredosagem deste mineral, uma vez que a quantidade máxima diária não deve superar 2000 mg,
Bicarbonato de sódio
Este foi utilizado durante décadas como neutralizante da acidez. É uma ótima solução, a curto prazo, para a má digestão. Contudo, seu uso exagerado pode provocar quebra do equilíbrio ácido-base do organismo, resultando em uma alcalose metabólica. Além disso a sua concentração de sódio também pode levar a problemas em indivíduos com insuficiência cardíaca e hipertensão.
Os sais de magnésio têm ainda efeito laxante, enquanto os sais de alumínio são obstipantes; sendo assim, é comum encontrar associações entre ambos os fármacos, visando minimizar estes efeitos colaterais.
Inibidores da Bomba de protões
Os inibidores da bomba de protões (IBPs) reduzem a produção de ácido pela diminuição da atividade da bomba de protões no estômago. Isso acontece porque um dos componentes vitais do ácido, o hidrogénio, já não pode ser produzido.
Os IBPs proporcionam um alívio prolongado, no entanto o início de ação demora algum tempo. Algumas pessoas continuam a ter sintomas de azia e indigestão, mesmo a tomar IBPs. No entanto, os alginatos, como Gaviscon®, podem ser tomados em simultâneo com os IBPs para ajudar a aliviar os sintomas.
São exemplos de IBPs os seguintes:
Omeprazol 10 e 20 mg,
Lansoprazol 15 e 30 mg,
Pantoprazol 20 e 40 mg
Esomeprazol 20 e 40 mg
Os inibidores da bomba de protões são geralmente tomados 1xdia, de manhã em jejum.
Os principais efeitos adversos e interações da terapêutica farmacológica para a azia, com antiácidos, são os seguintes:
Alergia
Obstipação
Redução da absorção de alguns antibióticos tais como as tetraciclinas, quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina, ofloxacina e levofloxacina) e cefalosporinas. Estas reduções de absorção podem atingir os 90% e são devidas à formação de quelatos insolúveis entre os medicamentos e os iões de alumínio
A ação de glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a levotiroxina, e o eltrombopag (Revolade®), pode ser afetada se tomar antiácidos ao mesmo tempo. É conveniente fazer um intervalo de 1-2 horas entre a toma do antiácido e a toma de outro medicamento.
Concluindo
A azia é um sintoma comum e na maioria das vezes é transitório. As medidas não farmacológicas podem ser efetivas no tratamento da azia. Os antiácidos de ação rápida são a primeira opção. A dor provocada pela azia pode ser confundida com um ataque cardíaco mas também pode mascarar um enfarte a decorrer, pelo que deve sempre, por precaução, procurar apoio médico urgente. Nas grávidas a azia é frequente e transitória desaparecendo em regra após a gravidez. A azia deve sempre ser tratada porque se trata de ácido do estômago que escapa para o esófago e “queima” deixando lesões locais que se forem frequentes podem degenerar para doença grave!
Falta de ar ou dispneia, é um sintoma não uma doença. Pode indicar que o oxigénio não está a chegar às células e tecidos do organismo em quantidade suficiente, sendo por conseguinte um sinal de alarme!
Falta de ar o que é exactamente?
A falta de ar caracteriza-se por desconforto ou dificuldade em respirar, podendo associar-se a outros sinais tais como:
Aperto no peito,
Cansaço,
Fadiga ao realizar tarefas diárias simples como andar, subir escadas ou comer.
Causas
A falta de ar pode ter diversas cusas tais como:
Oxigénio abaixo dos níveis desejáveis como por exemplo, a grandes altitudes;
Obstrução das vias aéreas;
Problema no coração ou obstrução à circulação sanguínea;
Níveis de glóbulos vermelhos/hemoglobina, que transportam o oxigénio no sangue, demasiado baixos;
Problema nos pulmões que impede as trocas gasosas.
Doenças que causam falta de ar
Diversas doenças podem ter como sintoma a falta de ar, a saber:
Asma;
DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica);
Pneumonia;
Tuberculose;
Infeção respiratória;
Infeção pulmonar;
Edema pulmonar;
Enfarte do miocárdio;
Insuficiência cardíaca;
Anemia;
Anafilaxia (reação alérgica grave);
Ansiedade;
Crise de pânico.
Exames para detetar niveis de oxigénio
Exames simples permitem saber se os níveis de oxigénio estão baixos ou se a falta de ar é provocada por ansiedade ou crise de pânico. Os mais utilizados são:
Oxímetro de pulso – é um exame não invasivo que permite medir a saturação de oxigénio que deve estar acima dos 95%;
Gasometria arterial – feita através de exame de sangue.
Saturação de oxigénio
Saturação de oxigênio usa o termo saturação para indicar a quantidade (em %) de um gás num líquido, neste caso em particular do oxigénio no sangue. Em medicina mede-se a saturação de oxigênio em fluídos corporais, principalmente no sangue.
Assim o termo saturação de oxigênio emprega-se para referir o nível de oxigenação do sangue. A oxigenação produz-se quando as moléculas de oxigênio entram nos tecidos do corpo. Por exemplo, o sangue oxigena-se nos pulmões, onde as moléculas de oxigênio viajam do ar para o sangue e combinam-se com a hemoglobina formando a oxi-hemoglobina, e com ela chegam a todo o corpo.
A saturação de oxigênio no sangue, concretamente a saturação arterial de oxigênio (SaO2), é um importante parâmetro para avaliar a função respiratória. Em muitos casos, segundo o quadro clínico, a idade e a situação do paciente, permite tirar conclusões sobre a função e a atividade do pulmão.
Pressão parcial de oxigênio (pO2)
O uso mais corrente da saturação em medicina é o nível de saturação de oxigénio no sangue arterial mediante o método da pulsioximetría para poder detectar a insuficiência respiratória. É muito importante a monitorização do paciente durante a anestesia geral utilizada nas cirurgias ou durante a oxigenoterapia de um doente com falta de ar. Mede-se a % de oxigénio ligada à hemoglobina do sangue (oxi-hemoglobina).
Os valores de saturação expressam-se com a abreviatura “S”, acrescentando o símbolo químico do oxigênio (SO2).
A baixas pressões parciais de oxigénio, a maioria da hemoglobina está desoxigenada. Cerca de 90% (o valor varia segundo o contexto clínico), a saturação de oxigénio aumenta de acordo com uma curva de dissociação de oxi-hemoglobina e aproxima-se de 100% a pressões parciais de oxigênio superiores aos 10 kPa.
O gráfico em forma de curva mostra que a % de hemoglobina saturada de oxigénio está diretamente relacionada com a pressão arterial parcial de oxigênio (pO2). Quanto mais alta é a pressão parcial do oxigênio (pO2) mais alta é a saturação de oxigénio no sangue arterial (SaO2). Devido à dependência da afinidade do oxigénio com a hemoglobina, que depende do número de moléculas de O2 já ligadas, esta relação não é linear. A curva do oxigénio ligado à hemoglobina mostra uma pendente em forma de “S”.
A medida da saturação realiza-se com o oxímetro de pulso e baseia-se no princípio de absorção de uma luz característica pela oxi-hemoglobina. O valor da saturação de oxigénio no sangue para os humanos está na faixa de 95-99%. Para os fumadores, estes valores são mais baixos.
Uma saturação de oxigénio no sangue inferior ao 90% implica uma hipoxia que pode ser originada, entre outras causas, por uma anemia. Um dos sintomas de uma baixa saturação de oxigênio no sangue é a cianose.
Morte eminente e saturação de oxigénio
Em doentes terminais, por exemplo na sequência de processos oncológicos, um dos indicadores de probabilidade de morte eminente, no espaço de 48 horas, é a conjugação do nível de saturação de oxigénio abaixo de 90% em simultâneo com uma baixa acentuada da pressão arterial.
Para prever a morte de um paciente em estado terminal, esta é uma das métricas mais usadas juntamente com sons respiratórios associados com o movimento das secreções e a confusão mental.
Tratamento
O tratamento dependerá sempre da causa subjacente pois as causas de falta de ar são muito diversas . Assim, o tratamento poderá consistir na administração de:
Antibióticos se causa for doença infeciosa bacteriana;
Corticoides por via inalatória, oral ou outra se a doença for, por exemplo, asma ou outras doenças inflamatórias sem vestígios de infeção;
Broncodilatadores se necessário (ex: salbutamol);
Oxigénio, incluindo através de máscara, ventilação mecânica ou mesmo intubação se SaO2 < 90%.
Prevenção
Há um conjunto de recomendações que ajudam a prevenir a falta de ar, a saber:
Evitar fatores de risco, como tabagismo, obesidade e sedentarismo;
Se tem asma, evite os alergénios que podem provocar falta de ar;
Use a medicação de acordo com a prescrição médica, mesmo que se sinta bem;
Se tem asma transporte consigo um broncodilatador de efeito rápido como o salbutamol, para usar em caso de broncospasmo repentino, sem obstrução das vias aéreas;
Mantenha-se ativo;
Treine a respiração com algumas técnicas respiratórias;
Faça exercício para fortalecer os músculos da caixa torácica (sob recomendação e orientação de um profissional de saúde).
Sinais de emergência
O sinal de perigo eminente mais simples de detetar é um tom arroxeado em zonas como os lábios, nariz ou dedos, sendo uma pista clara de falta de oxigenação dos tecidos. Procure ajuda médica imediata.
Adesão ao tratamento
As pessoas com determinadas doenças respiratórias podem ter falta de ar quando não tomam os medicamentos ou quando não os tomam conforme prescrição médica por pensarem que já não precisam.
Concluindo
Um sintoma de falta de ar é sempre grave mesmo quando a causa não tenha o dramatismo proporcional ao sintoma. A falta de ar cauisa desde logo um significativo aumento da ansiedade do paciente que liberta uma cascata de respostas inflamatórias que por vezes pioram a sintomatologia e criam um ciclo de pãnico dificil de controlar. Neste caso um pedido de ajuda médica urgente (ligar 112) é sempre a escolha correta para tratar e identificar a causa dessa crise de falta de ar. Se no entanto a falta de ar se instalar de forma mais lenta e progressiva deve contactar a linha de saúde 24 (808242424) para uma avalição preliminar e encaminhamento adequado.
A varíola dos macacos (Monkeypox ou mpox) foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para pesquisa, daí o nome “monkeypox”.
Segundo o Manual MSD a varíola do macaco, assim como a varíola, é um membro do grupo dos ortopoxvírus. Apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola. Embora o reservatório seja desconhecido, os principais candidatos são pequenos roedores (p. ex., esquilos) nas florestas tropicais da África, principalmente na África Ocidental e Central.
A doença em humanos ocorre na África esporadicamente e em epidemias ocasionais. A maioria dos casos notificados ocorreu na República Democrática do Congo. Desde 2016, também foram notificados casos confirmados em Serra Leoa, Libéria, República Centro-Africana, República do Congo e Nigéria, que sofreu o maior surto recente.
Acredita-se que um aumento recente de 20 vezes na incidência seja decorrente da interrupção da vacinação contra a varíola em 1980; as pessoas que receberam a vacina contra a varíola, mesmo > 25 anos antes, têm menor risco de varíola símia. Casos da varíola símia na África também estão a aumentar porque as pessoas estão a invadir cada vez mais os habitats dos animais que carregam o vírus.
Nos EUA, em 2003, ocorreu uma epidemia de varíola do macaco quando roedores infetados, importados da África como animais de estimação, disseminaram o vírus para cães de estimação que, então, infetaram pessoas no Meio Oeste. Essa epidemia teve 35 casos confirmados, 13 prováveis e 22 suspeitos em 6 estados, mas não houve mortes.
Depois de a Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença, a Organização Mundial de Saúde alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
O mpox transmite-se sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual. A nova variante, clade I, pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022. A quase totalidade dos casos são homens, com idades entre os 19 e os 64 anos. Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.
Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infetar terceiros sem saber que estão infetadas.
Sinais e sintomas
Em humanos, os sintomas da varíola são semelhantes, mas mais leves do que os sintomas da varíola. Monkeypox começa com febre, dor de cabeça, dores musculares e exaustão. A principal diferença entre os sintomas da varíola e da varíola do macaco é que a varíola do macaco faz com que os gânglios linfáticos inchem (linfadenopatia), enquanto a varíola não. O período de incubação (tempo desde a infecção até os sintomas) da varíola dos macacos é geralmente de 7 a 14 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.
A doença começa com:
Febre
Dor de cabeça
Dores musculares
Dor nas costas
Linfonodos inchados
Arrepios
Exaustão
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões progridem através dos seguintes estágios antes de cair:
Máculas
Pápulas
Vesículas
Pústulas
Escaras
A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas. Na África, a varíola dos macacos causa a morte de até 1 em cada 10 pessoas que contraem a doença.
Transmissão
A varíola símia é provavelmente transmitida de animais através de secreções fisiológicas, como gotículas de saliva ou respiratórias ou contato com exsudato de feridas. A transmissão de um indivíduo para outro ocorre de modo ineficaz e acredita-se que ocorra principalmente por meio de grandes gotículas respiratórias via contato direto e pessoal prolongado. A taxa geral de ataque secundário depois do contato com uma fonte humana conhecida é de 3%, e taxas de ataque de até 50% foram relatadas em pessoas que vivem com uma pessoa infetada pela varíola do macaco. Também foi documentada transmissão em ambientes hospitalares. A maioria dos pacientes é criança. Na África, a taxa de casos fatais varia de 4 a 22%.
Diagnóstico
Clinicamente, a varíola símia é semelhante à varíola; entretanto, as lesões cutâneas ocorrem com mais frequência em surtos e a linfadenopatia ocorre na varíola símia, mas não na varíola humana. Infecção bacteriana secundária da pele e dos pulmões pode ocorrer.
A diferenciação clínica entre varíola do macaco e varíola e varicela (um herpesvírus, não um vírus pox) pode ser difícil. O diagnóstico da varíola símia é por cultura, PCR (polymerase chainreaction), exame imuno-histoquímico ou microscopia eletrônica, dependendo de quais testes estão disponíveis.
Tratamento
Não há tratamento seguro e comprovado para infecção por vírus da varíola do macaco. O tratamento da varíola símia é de suporte. Fármacos potencialmente úteis incluem:
Tecovirimat – fármaco antiviral tecovirimat, aprovado pela US Food and Drug Administration (FDA)] para o tratamento da varíola;
O fármaco antiviral cidofovir ou brincidofovir (CMX001)
Todas esses fármacos têm atividade contra a varíola símia in vitro e em modelos experimentais. Mas nenhum desses fármacos foi estudado ou utilizado em áreas endêmicas para tratar a varíola do macaco.
Prevenção
ACAM200 e JYNNEOSTM (também conhecido como Imvamune ou Imvanex) são as duas vacinas atualmente licenciadas nos Estados Unidos para prevenir a varíola. JYNNEOS também é licenciado especificamente para prevenir a varíola dos macacos.
A nova vacina contra varíola JYNNEOS foi autorizada pela FDA em 2019 para a prevenção tanto da varíola símia quanto da varíola. A aprovação foi baseada em dados sobre imunogenicidade e eficácia obtidos de estudos com animais. O Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) está atualmente avaliando a JYNNEOS para a proteção daqueles em risco de exposição ocupacional ao ortopoxvírus. A JYNNEOS não está disponível ao público.
Dados prévios da África sugerem que a vacina contra varíola é pelo menos 85% eficaz na prevenção da varíola símia, pois o vírus desta doença está intimamente relacionado com o vírus que causa a varíola.
Nolen LD, Osadebe L, Katomba J, et al: Extended human-to-human transmission during a monkeypox outbreak in the Democratic Republic of the Congo. Emerg Infect Dis 22 (6):1014–1021, 2016. doi: 10.3201/eid2206.150579;
Doenças de verão mais comuns toda a verdade. No verão não são apenas os escaldões que prejudicam a saúde, existem outras complicações que podem mesmo estragar as férias. Descrevo aqueles que são os oitos problemas de saúde mais comuns no verão e que são muitas vezes desvalorizados e alguns podem ser bastante perigosos!
Irritações nos olhos
Os óculos de sol podem não ser suficientes para a proteção dos olhos durante o verão. Mesmo que estejam colocados, os raios ultravioletas, as poeiras, pólenes e até mesmo cloro da água das piscinas podem causar serias irritações, como é o caso da inflamação na córnea ou conjuntivite.
Sintomas:
Dores
Visão nublada.
Prurido
Olho vermelho
Tratamento:
O tratamento principal passa por evitar as causas da irritação que muitas vezes é conhecida e recorrente em anos anteriores. A alergia aos pólenes é um exemplo flagrante em que deve evitar-se a saída para o exterior em dias quente e ventosos.
A aplicação local de um anti-histamínico em gotas oculares ou a toma de comprimidos é necessária com frequência quando os sintomas de prurido e irritação já se manifestam.
Quando o sintoma é dor ocular é urgente uma consulta médica.
É no verão que os jantares de família e entre amigos mais acontecem, mas é também nesta estação do ano que as indisposições são mais frequentes. Entre comidas menos frescas ou escolhas menos adequadas para a temperatura ambiente, as intoxicações alimentares podem estragar uma viagem, principalmente se for ao estrangeiro e os níveis de higiene não estiverem assegurados.
Sintomas:
Cólicas,
Enjoos,
Diarreia
Vómitos.
Tratamento:
A hidratação é fundamental para controlar o mau estar e “limpar” o organismo. Uma consulta médica é necessária quando os sintomas são mais agressivos nomeadamente febre, vómitos ou diarreia.
O calor pede muitas idas à água mas os mergulhos mal calculados ou as ondas mais agressivas com entrada de água nos ouvidos podem provocar vários problemas.
Sintomas:
Dores
Zumbidos
Dores de cabeça
Prevenção e tratamento:
Para prevenir esta situação, é recomendado o uso de tampões e a limpeza dos ouvidos após os mergulhos. Quando já existe otite é necessária uma consulta médica por causa do risco de infeção.
Comum nos dias em que os níveis de pólenes estão mais elevados, esta doença começa por parecer uma mera alergia mas pode mesmo acabar no aparecimento de eczemas.
Sintomas:
Tosse
Corrimento nasal
Prurido
Dores de cabeça
Cansaço
Tratamento
Evitar a todo o custo sair à rua principalmente junto de zonas arborizadas, em dias de calor e vento de forma a evitar os pólenes e a reação de hipersensibilidade.
Se já está com uma crise então deve tomar um anti-histamínico como a cetirizina, loratadina e a desloratadina. Pode usar um spray nasal vasoconstritor , como o ácido cromoglicico, para aliviar os sintomas do nariz e um colírio anti-histamínico se houver sintomas oculares como prurido e lacrimejo mais intenso. Em casos mais graves a consulta médica é necessária e pode acrescentar um corticosteroide para controlar os sintomas mais agressivos.
A exposição excessiva ao sol e sem proteção provoca queimaduras usualmente chamadas de “escaldões”. Contudo, esta situação (muito comum no verão) é extremamente agressiva para a pele, podendo originar infeções e, nos casos mais graves, ao aparecimento de cancro na pele.
Sintomas:
Pele vermelha e quente
Suores frios,
Dores,
Cansaço,
Náusea,
Dores de cabeça,
Febre
Confusão
Tratamento:
Aplicar um gel com ação calmante sobre a pele afetada
Beber mais água
Tomar um anti-histamínico em comprimidos
Consultar com urgência um médico em caso de ser extensa a área do corpo afetada e/ou apresentar dores, febre, confusão e náuseas
As idas ao campo podem ser ótimas para relaxar mas podem também ser propícias a infeções bacterianas como a doença de Lyme. Transmitida por carraças, esta doença pode ser das mais graves a acontecer no verão.
Médicos dizem que está subdiagnosticada, não é de notificação obrigatória e pensava-se que não existia cá nem no resto da Europa. Só que nos últimos anos foram detetados milhares de casos.
Se algum dia foi mordido por uma carraça e tempos depois – meses, um ano, cinco, uma década ou mais – lhe diagnosticaram um problema ao nível do sistema nervoso central, talvez valha a pena perguntar ao seu médico o que acha sobre a despistagem da doença de Lyme. A mesma que se pode confundir com esclerose múltipla, artrite reumatoide ou fibromialgia, mas que será combatida com antibiótico. Trata-se, afinal, de uma bactéria, do género Borrelia (Borrelia burgdorferi) que se transmite através da mordida da carraça, mas que ainda está subdiagnosticada no nosso país.
Contudo, a transmissão apenas acontece se a carraça estiver em contacto com a pele da pessoa pelo menos 36 horas.
Sintomas:
Inchaço no local da picada
Dores nas articulações
Sintomas gripais
Febre,
Calafrios
Dores de cabeça.
Tratamento:
Se for picado por uma carraça deve imediatamente consultar um médico para avaliar o risco de infeção.
O calor provoca desidratação e temperaturas elevadas no corpo, que levam a que a pessoa se sinta cansada e sem forças. A hidratação, mais uma vez, é fundamental para manter o corpo com a temperatura ideal. Além disso, o exercício físico nos dias de calor deve ser moderado.
Erupções cutâneas
Seja por insolações, picadas de mosquitos ou eczemas provocados por irritações, as erupções cutâneas são comuns e podem provocar outros problemas dermatológicos.
Sintomas
São muito variados os sinais de erupções cutâneas.
Pele vermelha
Pele a descamar
Borbulhas
Prurido
Tratamento:
O tratamento depende do risco de infeção das lesões e da sua quantidade ou seja quanto mais lesões maior o risco de algumas infetarem. Deve ser dada especial atenção e consulta assistência médica se aparecer febre e dor local nas lesões. Nunca é demais lembrar que uma lesão na pele, principalmente quando existe ferida é uma porta de entrada de fungos, vírus e bactérias que podem estar na origem das mais variadas doenças.
Esquizofrenia (schizophrenia) 30 respostas essenciais! Segundo a Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia (AEAPE) a doença mental e a esquizofrenia em particular são condições de saúde sub-diagnosticadas e de enorme dificuldade de gestão no que concerne à vida relacional e social dos doentes e suas famílias. Tratam-se de problemas muito graves que podem destruir a vida de muitas pessoas se o diagnóstico não for atempado, correto e a abordagem terapêutica e apoio familiar não for adequado!
Este artigo pretende ser um contributo para melhorar a escassa informação da população em geral sobre esta doença mental em particular.
Neste artigo vou responder ás seguintes 30 questões:
O que é a esquizofrenia?
O que é uma alucinação?
O que são delírios?
Quais os sinais precoces de esquizofrenia?
Qual a prevalência da esquizofrenia na população?
Como evoluíram os medicamentos para a esquizofrenia e os antipsicóticos de 1ª geração?
Quais os novos antipsicóticos de 2ª geração?
Os antipsicóticos provocam dependência?
Os antipsicóticos provocam ou não um efeito “zombie”?
O que acontece se interromper a medicação?
Quais os efeitos secundários?
O que é a Discinesia tardia?
Qual a relação entre o tabaco e a esquizofrenia?
Qual o impacto da esquizofrenia?
O abuso de substância ilícitas pode causar esquizofrenia?
Como se faz o diagnóstico da esquizofrenia?
Quais as causas?
De que forma a família e os amigos podem ajudar?
O que pode esperar dos médicos responsáveis pelo tratamento?
Os esquizofrénicos são violentos e agressivos?
O que costumam sentir os familiares?
Como gerir os sentimentos?
Como lidar com o doente diariamente?
O que fazer quando o doente chega a casa após internamento?
Quais as atitudes corretas da família para ajudar o doente?
Quais as técnicas mais úteis?
O que se deve evitar no contacto com o doente?
Como promover uma melhor adesão à terapêutica?
Qual o papel dos medicamentos?
Quais as principais causas da falta de adesão ao tratamento?
No final disponibilizamos, na nossa área reservada, o relatório sobre saúde mental em Portugal vs Europa e EUA. Conheça os dados e tabelas mais surpreendentes desse relatório!
Esquizofrenia o que é?
A Esquizofrenia é uma perturbação psiquiátrica, provavelmente das mais angustiantes e incapacitantes. A esquizofrenia é muitas vezes descrita de forma incorreta como “dupla personalidade”. Este termo pode constituir a tradução literal mas a esquizofrenia é na realidade uma patologia do cérebro, que afeta de forma grave o modo de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o comportamento em geral.
As pessoas com esquizofrenia sofrem de sintomas psicóticos. Entre estes, contam-se:
Alucinações (por ex. ver ou ouvir coisas que não existem),
Delírios (ter crenças de natureza bizarra ou paranoide que não são verdadeiras),
comportamento agressivo,
Insónia,
Alterações da memória e da concentração
Medo intenso.
Os delírios e as alucinações são exemplos de sintomas denominados “positivos”.
Os “sintomas negativos” também surgem na esquizofrenia:
As pessoas ficam ausentes e alheadas,
Mostram muito pouca iniciativa,
Não conseguem sentir prazer e
Têm uma vida emocional pobre
Muitas vezes, as pessoas com esquizofrenia isolam-se socialmente, e têm grandes dificuldades nas relações interpessoais, sobretudo em situações de maior stress. Todos estes sintomas originam alterações na maneira de ser da pessoa, que começa também a ter dificuldades no desempenho escolar e/ou laboral.
Uma importante característica reside no facto de as pessoas com esquizofrenia não acreditarem que estas ideias/sintomas se devem a uma doença, algo que os médicos denominam falta de “insight” ou de “juízo crítico”. Este é um fator determinante para o atraso na busca de ajuda médica, mas também para a aceitação do tratamento necessário.
Alucinações
Uma alucinação surge quando alguém vê, ouve, saboreia ou sente coisas que na verdade “não existem”. As alucinações mais frequentes na esquizofrenia são auditivas, e mais especificamente auditivo-verbais (i.e. a pessoa ouve vozes a falar consigo sem estar ninguém por perto). Alguns doentes podem “sentir” bichos debaixo da pele ou dispositivos dentro do corpo, e também podem achar que a comida tem um sabor diferente. As alucinações podem surgir em pessoas sob o efeito de drogas ou em indivíduos com esquizofrenia. As alucinações podem ser muito assustadoras, pois para os doentes são “reais”.
Delírios
Os delírios são crenças falsas, de natureza bizarra ou paranoide, que não são partilhadas pelo resto da sociedade ou do meio em que o indivíduo vive. Os delírios mais comuns na esquizofrenia têm a ver com a perseguição e os indivíduos acham que existe uma conspiração para os prejudicar ou a alguém que lhes é querido. Também é frequente acreditarem que são Deus, a Virgem Maria ou alguém importante, ou que foram imbuídos de uma missão neste Mundo. Os delírios podem ser bizarros e os doentes acreditarem que o seu pensamento é manipulado por máquinas ou extraterrestres.
Os delírios têm de tal modo um papel importante na vida da pessoa, que a mesma é drasticamente afetada. Por exemplo, se as pessoas que estão a sofrer de delírios pensam que alguém as está a tentar envenenar, poderão deixar de se alimentar, ou ser eles a preparar a comida, ou só comer comida embalada.
Primeiros sinais
Os primeiros sinais da esquizofrenia aparecem tipicamente na adolescência ou no início da idade adulta. Os sintomas da doença são difíceis de identificar, sobretudo na fase inicial, pois confundem-se com “queixas” habituais nesta fase da vida. Habitualmente o comportamento da pessoa muda, e esta começa a isolar-se e a achar que o Mundo está diferente e que algo de estranho vai acontecer. É muito comum surgir tristeza, ansiedade, dificuldades com o sono e/ou com o apetite e outras queixas relativamente inespecíficas. A doença pode demorar semanas a anos a manifestar-se completamente, e quando surgem os sintomas mais típicos (i.e. alucinações e delírios) diz-se que o doente teve um 1º surto psicótico. Estes sintomas deixam as pessoas afetadas pela doença muito limitadas na sua capacidade de interagir com outras pessoas e de manter o seu ritmo de vida habitual.
Sinais precoces
Isolamento social e deixar de passar muito tempo com pessoas da mesma idade;
Perda de memória, por exemplo esquecer-se onde as coisas foram colocadas;
Alterações da perceção: quando os objetos mudam de forma ou de cor;
Paranoia: pensam que alguém está a falar acerca delas e que as coisas estão a ser feitas “nas suas costas”;
Preocupação extrema com religião, filosofia, o paranormal, etc.; ou mesmo tornar-se membro de uma seita ou culto;
Alterações do pensamento: argumentos incoerentes, ilógicos ou demasiadamente abstratos;
Dificuldade em manter a atenção: distrair-se com facilidade;
Tristeza ou depressão;
Agressividade, irritabilidade ou hostilidade inesperada;
Falta de energia;
Falta de prazer nas atividades que lhe eram habituais;
Perturbações do sono: muitas não conseguindo dormir noites seguidas;
Medo, tremor das mãos ou voz trémula;
Perda de apetite, ou apetite voraz;
Prevalência na população
A esquizofrenia afeta entre 1% das pessoas durante a sua vida. A esquizofrenia surge em todo o mundo, sendo a prevalência da doença muito semelhante entre os diferentes países. Os homens e as mulheres têm risco idêntico de desenvolver a doença; contudo, nos homens a doença manifesta-se habitualmente entre os 16 e os 25 anos, enquanto que nas mulheres tal acontece um pouco mais tarde, entre os 25 e os 30 anos.
Medicamentos e outros tratamentos
Os medicamentos e outros tratamentos para a esquizofrenia, quando usados regularmente e de acordo com a prescrição, podem ajudar a reduzir e a controlar os sintomas incapacitantes da doença. No entanto, algumas pessoas não conseguem obter ajuda considerável a partir dos tratamentos disponíveis pois interrompem prematuramente o tratamento devido aos efeitos secundários desagradáveis dos mesmos, por não acreditarem que têm uma doença psiquiátrica, ou por outras razões. Mesmo quando o tratamento é eficaz, as consequências da doença são persistentes (tais como dificuldades relacionais e de integração, dificuldades cognitivas, estigma e sintomas residuais) e podem ser muito difíceis e limitantes para os doentes, impedindo-os de terem uma vida normal.
Evolução do tratamento
Os primeiros medicamentos eficazes para o tratamento da esquizofrenia foram desenvolvidos na década de 50 do século XX. Existe uma série de medicamentos antipsicóticos diferentes, ditos “convencionais”. Estes medicamentos parecem atuar sobretudo através da redução dos efeitos do neurotransmissor dopamina no cérebro. A sua principal eficácia consiste no tratamento dos sintomas positivos, o que permite a muitos doentes permanecerem fora do hospital e desempenharem relativamente bem as suas funções na comunidade.
No entanto, os antipsicóticos convencionais não parecem ser tão eficazes nos sintomas negativos da esquizofrenia nem nos sintomas relacionados com o humor (sintomas afetivos). Além disso, alguns doentes podem responder de forma incompleta ou mesmo não responder a estes medicamentos. Os antipsicóticos convencionais apresentam também uma série de efeitos adversos desagradáveis e os doentes podem ter a necessidade de tomar outros medicamentos para contrariar e reduzir estes efeitos. Os efeitos secundários podem contribuir para que os doentes não tomem os seus medicamentos (falta de adesão), o que pode levar ao reaparecimento dos sintomas da esquizofrenia e a novos episódios (recaídas).
No final do século XX, surgiram diversos medicamentos eficazes para a esquizofrenia com um perfil de efeitos secundários diferente dos antipsicóticos mais antigos e eficácia semelhante.
Novos medicamentos
Os novos antipsicóticos, também chamados atípicos ou de 2ª geração, parecem bloquear quer os efeitos da dopamina quer da serotonina e parecem ter efeito numa gama mais alargada de sintomas da esquizofrenia. De facto, são eficazes no tratamento das alucinações e dos delírios e podem ser úteis noutros sintomas, como os sintomas negativos da doença (por ex. falta de motivação ou a pobre expressão emocional).
A grande maioria das pessoas com esquizofrenia mostram melhoria substancial quando tratadas com medicamentos antipsicóticos. De facto, quando existe a certeza que o indivíduo tem o diagnóstico de esquizofrenia, deverá ser tratado com fármacos antipsicóticos pelo menos por um período de tempo.
Principais antipsicóticos
Antipsicóticos de 1º geração
Os principais antipsicóticos de 1ª geração e as doses mais eficazes são os seguintes:
Clorpromazina (Largactil®), de 50mg duas vezes ao dia até 100mg quatro vezes ao dia;
Haloperidol(Haldol®)/Flupentixol(Fluanxol®), de 1mg por dia a 5mg quatro vezes ao dia;
Supiride (Dogmatil®), de 100mg duas vezes ao dia a 200mg quatro vezes ao dia;
Antipsicóticos de 2ª geração
Os antipsicóticos de segunda geração são prescritos em doses francamente mais baixas, aliás em consonância, também, com a evidência de que é em doses mais baixas que são mais úteis. Os principais antipsicóticos de 2ª geração e as doses mais eficazes são os seguintes:
Risperidona (Risperdal®), de 1-6mg ao dia;
Olanzapina (Zyprexa®), de 10-20mg ao dia;
Clozapina (Leponex®), de 400-600mg ao dia;
Como frequentemente os antipsicóticos não permitem resultados satisfatórios, há a prática de lhes associar outros fármacos tais como:
Benzodiazepinas,
Antidepressivos,
Anticonvulsivantes,
Outros antipsicóticos.
Por outro lado, sabendo-se dos riscos e problemas que este tipo de fármacos comporta, a boa prática consistirá, exatamente, em prescrever as doses mínimas possíveis, devendo, sempre que possível, a farmacoterapia ser combinada com terapias psicológicas (Healy, 2005).
Efeitos secundários dos antipsicóticos
Os antipsicóticos podem originar uma grande variedade de reações adversas. Essas reações poderão estender-se à generalidade dos sistemas corporais. Uma das consequências mais graves é o chamado síndroma neuroléptico tardio, que pode ser fatal e que pode provocar:
Catatonia: A Catatonia é uma perturbação do comportamento motor que pode ter tanto uma causa psicológica ou neurológica. A sua forma mais conhecida envolve uma posição rígida e imóvel que pode durar horas, dias ou semanas. Mas também pode se referir a agitação motora sem propósito mesmo sem estímulos ambientais. Uma forma menos extrema de catatonia envolve atividade motora muito lenta
Disartria: Disartria é uma perturbação neurológica caracterizada pela dificuldade em articular as palavras de maneira correta.
Febre,
Mudanças na pressão sanguínea,
Rigidez muscular,
Estupor: Estupor é um estado de consciência ou sensibilidade apenas parcial ou insensibilidade acompanhada por pronunciada diminuição da faculdade de exibir reações motoras.
Taquicardia: Taquicardia é um termo médico utilizado para designar um aumento da frequência cardíaca. Convenciona-se como normal no ser humano com mais de 15 anos, uma frequência cardíaca entre 60 e 100 batimentos por minuto.A partir de 100, inclusive, considera-se que há taquicardia.
Sintomas extrapiramidais induzidos por neurolépticos (SEP)
Tomados como um conjunto, os vários distúrbios poderão agrupar-se num vasto padrão de reações ou sintomas extrapiramidais. Segundo Pagliaro & Pagliaro (1998), cerca de 30% das pessoas medicadas com “antipsicóticos” desenvolvem algum tipo de reação extrapiramidal. Numa população clínica de 4000 pessoas tratadas com neurolépticos, Ayd (1991, citado por Cohen, 1997) estimou em cerca de 62% a percentagem de pessoas afetadas por SEP desencadeados por aquele tipo de medicação.
Uma das particularidades mais perturbantes nos SEP é a sua semelhança com distúrbios psicopatológicos comuns. Daí que possam não ser reconhecidos como provocados pela própria medicação e ser atribuídos a outras causas. Daqui resulta, frequentemente, que as pessoas são reforçadas nessa mesma medicação ou iniciadas noutras medicações. Acrescente-se que, além do mais, estes SEP são muitas vezes irreversíveis (mesmo depois de retirada da medicação).
As reações extrapiramidais incluem a ACATÍSIA (impossibilidade da pessoa estar quieta, não conseguindo manter-se sentada em sossego ou dormir), DISQUINÉSIA (perturbação nos movimentos musculares voluntários), DISTONIA (ocorrência de súbitos espasmos musculares, particularmente afetando a cabeça e pescoço) e outros, como a lentificação da fala, a hipersalivação (a pessoa “baba-se”), o PARKINSONISMO (com bradiquinésia, fazer “caretas”, rigidez no rosto, tremores).
De notar que cada um destes síndromas pode ocorrer isoladamente ou concomitantemente com qualquer um dos outros. Qualquer um deles, para além do mais, poderá aparecer em qualquer momento do tratamento com neurolépticos (podem ser dias ou meses após o início da sua toma).
Os antipsicóticos provocam habituação?
Os doentes e as suas famílias ficam muitas vezes preocupados com os medicamentos antipsicóticos utilizados para tratar a esquizofrenia. Além das preocupações relativas aos efeitos secundários, preocupam-se com o facto de estes medicamentos poderem levar à habituação. No entanto, os fármacos antipsicóticos não produzem (euforia) nem dependência (vício) nas pessoas que os tomam.
Antipsicóticos e efeito “zombie”
Uma outra ideia errada relativa aos medicamentos antipsicóticos consiste em considerar que estes atuam como uma espécie de controladores da mente ou como um “colete-de-forças químico”. Se usados nas doses apropriadas, os fármacos antipsicóticos não põem as pessoas “como zombies” nem lhes retiram a sua livre decisão. Embora estes fármacos possam ser sedativos, este efeito pode ser útil em circunstâncias especiais (tal como no início do tratamento, especialmente se o indivíduo estiver muito agitado e/ou com insónia grave). No entanto, a utilidade destes fármacos não se deve à sua capacidade sedativa, mas sim à capacidade em reduzir as alucinações, os delírios, a agitação e outros sintomas associados a um episódio/surto psicótico. Desta forma, os medicamentos antipsicóticos acabam por ajudar os indivíduos com esquizofrenia a lidar com o mundo duma forma mais racional.
Os antipsicóticos reduzem o risco de episódios psicóticos futuros em doentes que recuperaram dum episódio agudo (evitam uma recaída). No entanto, na maioria dos casos em que o tratamento é interrompido, a recaída acaba por acontecer, habitualmente passadas semanas ou meses. Se bem que não seja correto dizer que o tratamento continuado “evita” o aparecimento de recaídas, sem dúvida que reduz a frequência e intensidade das mesmas. O tratamento dos sintomas psicóticos graves exige geralmente doses mais elevadas do que as utilizadas para o tratamento de manutenção. Se os sintomas reaparecem com uma dose mais baixa, um aumento temporário pode prevenir o aparecimento duma recaída completa.
O que acontece se interromper a medicação?
Uma vez que as recaídas são mais prováveis quando os medicamentos antipsicóticos são interrompidos ou tomados de forma irregular, é muito importante que as pessoas com esquizofrenia colaborem com os seus médicos e famílias de forma a manterem-se fiéis ao seu esquema de tratamento. Isto envolve tomar o medicamento apropriado na dose correta e nas alturas certas do dia, ir às consultas médicas e seguir de forma escrupulosa todos os outros procedimentos relacionados com o tratamento. Embora isto seja muitas vezes difícil para as pessoas com esquizofrenia, tal fardo pode tornar-se mais leve com a ajuda de várias estratégias e consequentemente pode conseguir-se uma melhoria da qualidade de vida.
Efeitos secundários
Os antipsicóticos, tais como quase todos os medicamentos, para além dos seus efeitos benéficos podem ter efeitos indesejáveis. Durante a fase inicial do tratamento, os doentes podem queixar-se de:
Sonolência,
Agitação,
Espasmos musculares,
Tremor,
Secura de boca,
Visão turva.
A maioria deles pode ser corrigida com a diminuição da dose ou podem ser controlados com outros medicamentos. A resposta ao tratamento com antipsicóticos e os efeitos secundários associados variam de doente para doente. Determinados doentes podem responder melhor a um fármaco que a outro.
Discinesia tardia
Os efeitos dos antipsicóticos quando tomados a longo-prazo, podem colocar um problema consideravelmente mais grave. A discinesia tardia (DT) é uma situação que se caracteriza por movimentos involuntários, na maioria das vezes afetando a boca, lábios e língua e algumas vezes o tronco ou outras partes do corpo tais como os braços e as pernas. Ocorre em cerca de 15 a 20% dos doentes que foram medicados com os antipsicóticos mais antigos (i.e. convencionais) durante muitos anos, mas a discinesia tardia também pode surgir em doentes medicados com estes fármacos durante períodos mais curtos de tempo. Na maioria dos casos, os sintomas da discinesia tardia são ligeiros e o doente pode nem ter consciência deles, mas em alguns casos podem ser muito graves e incapacitantes.
Os novos antipsicóticos (i.e. atípicos ou de 2ª geração) parecem ter um risco muito menor de produzir DT que os fármacos mais antigos. No entanto, o risco não é nulo e por sua vez podem produzir outros efeitos secundários tais como:
Sonolência,
Aumento de peso,
Aumento do colesterol
Embora os medicamentos mais recentes sejam geralmente melhor tolerados que os convencionais, o perfil de efeitos adversos dos antipsicóticos atípicos varia de fármaco para fármaco, e estas diferenças podem afetar a adesão do doente ao esquema de tratamento. No entanto, os novos antipsicóticos constituem um avanço muito importante no tratamento destes doentes, e a optimização do seu uso em doentes com esquizofrenia é um tema atualmente objeto de investigação aprofundada.
Impacto da esquizofrenia
A maioria das pessoas com esquizofrenia sofre ao longo das suas vidas, perdendo desta forma oportunidades de carreira e de relacionamento com outros indivíduos. Como consequência da falta de compreensão por parte da sociedade relativamente à doença, as pessoas com esquizofrenia muitas vezes sentem-se isoladas e estigmatizadas, e podem ter relutância ou dificuldade em falar sobre a sua doença. Embora a disponibilidade de novos medicamentos com menos efeitos secundários tenha melhorado a vida de muitos doentes, atualmente apenas uma pessoa em cada cinco das afetadas pode atingir a “recuperação” da doença, sendo que uma em cada dez pessoas com esquizofrenia acaba por cometer suicídio.
De todas as doenças mentais, a esquizofrenia é provavelmente a que apresenta mais dificuldades para todos os envolvidos. Os doentes sofrem, sem qualquer dúvida, uma enorme perturbação das suas vidas. No entanto, as famílias e os amigos são também profundamente afetados, devido à angústia de verem os efeitos da doença no seu ente querido, e como resultado da sobrecarga derivada da necessidade de assistência ao doente.
Enfrentar os sintomas da esquizofrenia pode ser especialmente difícil para os membros da família que se recordam de como a pessoa era ativa e dinâmica antes de ficar doente. Apesar de existirem inequívocas evidências do contrário, algumas pessoas ainda acreditam que a causa da esquizofrenia são maus pais ou falta de força de vontade. Ora, tal não é de todo o caso. A esquizofrenia é uma doença complexa, que se pensa ser devida a vários fatores atuando em conjugação. Estes fatores parecem incluir:
Influências genéticas,
Traumatismos (lesões) do cérebro na altura da gravidez ou após o nascimento,
Efeitos sociais e/ou stress,
Consumo de algumas drogas.
Outros parâmetros podem também ser importantes, mas nenhum fator pode ser incriminado isoladamente como causa da esquizofrenia. Em vez disso, pensa-se que cada um destes fatores pode aumentar o risco de que uma pessoa venha a manifestar a doença.
Abuso de substâncias ilícitas
O abuso de substâncias ilícitas é uma preocupação comum das famílias de pessoas com esquizofrenia. Uma vez que algumas pessoas que abusam de fármacos, apresentam sintomas semelhantes aos das que sofrem de esquizofrenia, as pessoas com esta doença podem ser olhadas erradamente como pessoas que tomaram “muitas drogas”.
As pessoas que têm esquizofrenia muitas vezes consomem álcool e/ou drogas de forma excessiva e podem ter reações particularmente negativas a certas drogas. O abuso de substâncias pode também reduzir a efetividade do tratamento para a esquizofrenia. Os estimulantes (por ex. anfetaminas e cocaína) parecem ser especialmente prejudiciais em doentes com esquizofrenia, e algumas pessoas sofrem um agravamento dos sintomas quando consomem estas drogas. O abuso de substâncias também reduz a probabilidade dos doentes seguirem o plano de tratamento recomendado pelos seus médicos.
Relação com o tabaco
A forma mais comum de dependência de substâncias em doentes com esquizofrenia é a dependência de nicotina por consumo excessivo de tabaco. A prevalência do tabagismo em doentes com esquizofrenia é cerca de três vezes superior à da população em geral, mas a relação entre o tabaco e a esquizofrenia é complexa. Embora as pessoas com esquizofrenia possam fumar para se “automedicarem” e aliviarem alguns dos seus sintomas, o tabaco parece interferir com o efeito de alguns fármacos antipsicóticos, pelo que os doentes que fumam muito podem necessitar de doses mais elevadas de medicação antipsicótica.
Diagnóstico
A maioria das doenças psiquiátricas são muito difíceis de diagnosticar e a esquizofrenia não constitui exceção, uma vez que não existem testes ou exames que possam identificar quem tem a doença. O diagnóstico depende da exclusão de outras causas que possam originar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia (tais como abuso de drogas, epilepsia, tumores cerebrais, doenças da tiróide, entre outras). É importante excluir outras doenças, porque algumas vezes as pessoas têm sintomas mentais graves devido a doenças médicas subjacentes que não são diagnosticadas. Por este motivo, deve ser colhida uma história clínica, ser realizado um exame físico e pedidos exames laboratoriais ou imagiológicos (por ex. TAC cranioencefálica). Além disso, como algumas drogas podem causar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, estas substâncias devem ser pesquisadas em amostras de sangue ou de urina dos doentes em causa.
Após terem sido excluídas outras causas, o médico deve então efetuar um diagnóstico, baseando-se nos sintomas observados no doente e descritos pelo mesmo e pela família. Isto pode provocar problemas e atrasos no diagnóstico porque muitos sintomas podem só ser evidentes quando a doença já está avançada. De facto, para que se possa estabelecer um diagnóstico formal, os sintomas devem estar presentes durante pelo menos seis meses.
Perguntas e Respostas
Quais são as “causas” da esquizofrenia?
Não existe uma causa única para a esquizofrenia. Tal como as doenças cardíacas, muitas doenças resultam de vários fatores genéticos, ambientais e outros. Pode também ser o que acontece na esquizofrenia. Não compreendemos ainda completamente todos os fatores que estão na base da esquizofrenia, mas os especialistas concordam que a doença é devida a anomalias na função cerebral, algumas das quais ainda não são completamente conhecidas.
A esquizofrenia é uma doença da mente, e os seus sintomas são atribuíveis a anomalias na transferência e processamento de informação dentro do cérebro. As células nervosas no cérebro (i.e os neurónios) comunicam umas com as outras libertando substâncias químicas (neurotransmissores) a partir das suas terminações nervosas. Muitos dos sintomas da esquizofrenia foram associados a anomalias na atividade de certos neurotransmissores específicos, nomeadamente da Dopamina.
Qual o impacto da genética familiar?
A investigação em famílias com vários indivíduos afetados pela esquizofrenia indica que a vulnerabilidade à doença é genética. Uma criança cujo progenitor tenha esquizofrenia tem uma probabilidade de cerca de 10% de desenvolver a doença. Comparativamente, o risco de esquizofrenia na população em geral é de cerca de 1%. No entanto, entre indivíduos com esquizofrenia que tenham um gémeo idêntico e que assim partilham o mesmo património genético, há apenas uma possibilidade de 50% de que ambos os gémeos sejam afetados pela doença. Isto demonstra que a informação genética não é determinante para a manifestação da doença, sendo importante a combinação de vários fatores de risco.
De que forma a família e os amigos podem ajudar?
Se tiver sido diagnosticada esquizofrenia a algum membro da sua família, você pode desempenhar um papel muito importante ao oferecer-lhe apoio e ao ajudá-lo a receber os cuidados médicos adequados. É importante ter uma boa compreensão da doença. O médico envolvido deve estar preparado para responder a qualquer questão que você possa ter sobre o que é a esquizofrenia e de que forma deve ser tratada.
É provável que no caso de ter um familiar com esquizofrenia, lhe seja pedido em determinada altura que converse com um médico sobre o seu familiar e que lhe descreva o seu comportamento. As pessoas com esquizofrenia algumas vezes não são capazes de fornecer muita informação durante uma consulta. Algumas vezes, apenas a família ou outros próximos da pessoa com esquizofrenia estarão conscientes do comportamento estranho ou de ideias bizarras que a pessoa tenha exprimido. Uma vez que os doentes podem não dar voluntariamente essa informação durante uma consulta, os membros da família ou os amigos devem solicitar para falarem com a pessoa que avalia o doente de modo que toda a informação relevante possa ser tomada em consideração.
Esteja preparado para dar informações e formular questões ao médico. Ajudará saber algo sobre a história clínica da sua família e que medicamentos o seu familiar está a tomar. Pode também querer questionar o médico sobre os medicamentos, efeitos secundários, riscos para a saúde a longo-prazo e hospitalização. É boa ideia anotar previamente as suas perguntas e ter papel e caneta consigo no caso de pretender tomar notas.
O que pode esperar dos médicos responsáveis pelo tratamento do seu familiar com esquizofrenia?
Como parte do processo de diagnóstico e de tratamento, o psiquiatra efetuará o seguinte:
Colher uma história completa
Investigar sintomas que possam ser devidos a outras doenças (físicas e psiquiátricas), pedindo os exames adequados
Obter informações relativamente a outras medicações antipsicóticas
Ajustar o tratamento quando necessário
Rever a medicação regularmente
Estar interessando no bem estar global do doente e fazer as referências indicadas para os cuidados posteriores, alojamento, suporte social e ajuda financeira
Explicar de forma clara o que está a acontecer e o que está a ser planeado para o tratamento do doente
Envolver a família no processo de tratamento.
Devido à natureza da doença, algumas pessoas com esquizofrenia podem negar que necessitam de medicação, e podem recusar a toma dos fármacos prescritos ou deixar de os tomar devido aos efeitos secundários indesejados. Pode ser difícil para os doentes lembrarem-se de tomar a medicação devido à desorganização do pensamento que é característica das pessoas com esquizofrenia. Se os familiares ou os amigos estiverem envolvidos no processo de tratamento, eles podem dar suporte inestimável, ao verificarem a toma dos medicamentos por parte do doente, instigando-os a tomá-los quando se esquecem de o fazer, ou lembrando-os dos problemas que possam ter ocorrido em ocasiões prévias quando decidiram deixar de tomar a medicação.
É também importante assegurar que uma pessoa com esquizofrenia continue a receber tratamento após a hospitalização. Um doente pode interromper a medicação ou deixar de acorrer às consultas, o que muitas vezes conduz ao reaparecimento dos sintomas. Encorajar o/a doente a continuar o tratamento e assisti-lo/a no processo terapêutico pode influenciar de forma positiva a recuperação. Sem tratamento, algumas pessoas com esquizofrenia ficam de tal modo psicóticas e desorganizadas que não podem cuidar das suas necessidades básicas, tais como alimentarem-se, vestirem-se ou protegerem-se. Não raramente, as pessoas com doenças mentais graves acabam nas ruas ou na prisão, onde acabam por não receber o tipo de tratamento de que necessitam.
Os que estão próximos das pessoas com esquizofrenia não estão seguros sobre o que responder quando os doentes fazem afirmações que parecem estranhas ou falsas. Para o indivíduo com esquizofrenia, as crenças bizarras ou alucinações parecem bem reais; não são apenas fantasias imaginárias. Em vez de “ir na onda” dos delírios da pessoa, os membros da família ou os amigos podem dizer à pessoa que não vêem as coisas da mesma maneira ou que não concordam com as suas conclusões, embora reconhecendo que as coisas podem parecer de maneira diferente para o doente.
Registar os tipos de sintomas e quando aparecem para prever melhor o futuro
Pode ser também útil, para aqueles que conhecem bem a pessoa com esquizofrenia, manter um registo de quais os tipos de sintomas que apareceram, que medicações (incluindo doses) foram tomadas e quais os efeitos que os vários tratamentos condicionaram. Ao conhecer quais os sintomas que estiveram presentes antes, os familiares podem saber melhor o que procurar no futuro. As famílias podem mesmo ser capazes de identificar alguns sinais precoces de alarme ou potenciais recaídas, tais como a tendência para o isolamento ou alterações no padrão de sono, mesmo ainda numa fase precoce e melhor do que os próprios doentes.
Assim, o reaparecimento da psicose pode ser detetado precocemente e o tratamento pode prevenir uma recaída completa. Além disso, a família sabendo quais as medicações que ajudaram o doente ou que lhe causaram efeitos indesejáveis no passado, pode ajudar quem tem a tarefa de tratar o doente a escolher a melhor alternativa terapêutica mais rapidamente.
Suporte e encorajamento
Além do envolvimento na procura de auxílio ao doente, a família, os amigos e os colegas podem proporcionar suporte e encorajamento à pessoa com esquizofrenia para que volte a recuperar as suas capacidades. É importante que os objetivos sejam realistas, uma vez que um doente que se sente pressionado e/ou repetidamente criticado pelos outros irá provavelmente sentir stress levando ao agravamento dos sintomas. Tal como qualquer outra pessoa, os doentes com esquizofrenia precisam de saber quando estão a fazer as coisas corretamente. Uma abordagem positiva pode ser útil e talvez mais eficaz a longo prazo que as críticas. Este conselho aplica-se a qualquer pessoa que entre em contacto com o doente.
A família, a doença e o doente
Os esquizofrénicos são violentos e agressivos?
Nem todos os doentes com esquizofrenia são violentos. A violência que pode surgir em algumas fases da doença tem a ver com o sofrimento e desorientação sentidos pelo doente em momentos de agravamento da doença.
Por isso, é necessário aprender a lidar com estas situações. Eis alguns conselhos.
O que costumam sentir os familiares?
Quando a família toma conhecimento de que o seu familiar tem esquizofrenia, as suas emoções são comparáveis às que sentiria perante uma notícia de um acidente grave ou de uma catástrofe.
Alguns dos sentimentos mais frequentemente relatados são:
Tristeza: “Sentimo-nos como se tivéssemos perdido um filho.”
Ansiedade: “Temos medo de o deixar sozinho ou de ferir os seus sentimentos.”
Medo: “Pode fazer-nos mal? Pode magoar-se a si ou aos outros.”
Vergonha e culpa: “Somos culpados.”, “Que vão pensar de nós?”
Isolamento: “Ninguém nos compreende.”
Ressentimento: “Porque nos aconteceu isto a nós?”
Preocupação com o futuro: “Quem vai tratar dele quando nós não estivermos?”
Ciúme: “Os irmãos ficam ciumentos com a atenção que recebe.”
Depressão: “Não conseguimos evitar chorar.”
Negação da doença: “Isto não pode acontecer na nossa família.”
Negação da gravidade da doença: “Isto vai passar. É só uma fase.”
Culparem-se uns aos outros: “Se tivesses feito isto, se não tivesses dito aquilo…”
Falar constantemente da doença: “Passámos a vida toda a tentar entender o que tinha.”
Problemas no casal: “Irritas-te demasiado.”
Divórcio: “Não suporto mais esta situação caótica.”
Como gerir os sentimentos?
Reconhecer estes sentimentos e declará-los abertamente num diálogo familiar pode ajudar a aliviar tensões, evitar ruturas e clarificar os papéis de cada um dos membros. Deste modo a família pode tornar-se numa equipa eficiente que poderá apoiar o trabalho dos terapeutas e maximizar o efeito da medicação.
Há alguns conselhos que podem ajudar a viver melhor com a doença mental na família:
É importante aceitar que esta doença não tem cura.
Não se deve sentir culpado.
É normal sentir rancor. Os sentimentos de revolta são naturais, já que esta doença afeta muito o funcionamento familiar.
Aceitar que a doença mental é tão difícil para quem a sofre, como para a família.
É normal que após uma fase de negação, de tristeza e de raiva, surjam sentimentos de aceitação e compreensão.
Não se deve sentir envergonhado pela doença mental de um familiar. É comum encontrar estigma e preconceitos em qualquer lado, mas isso é apenas um sinal de medo e ignorância.
Apesar do doente poder ter comportamentos que considera estranhos, deve compreender que estes resultam da doença, e desse modo não se sentir tão magoado.
Deve reconhecer a coragem do doente em lidar com a sua doença.
É importante saber que, embora a sintomatologia possa variar ao longo do tempo, a doença persiste.
É importante impor limites claros. O facto de o seu familiar ter capacidades limitadas, não significa que não se possa esperar mais nada dele.
Não deve ter receio em perguntar ao doente se está a pensar magoar-se. O risco de suicídio é real.
As necessidades do doente nem sempre estão em primeiro lugar: se você não consegue cuidar de si, também não vai conseguir cuidar do seu familiar.
Não deve assumir todas as responsabilidades no tratamento do doente. Procure partilhá-las com mais alguém.
Deve ter consciência que não é um profissional. O seu papel é de irmão, filho ou pai/mãe…
Não se deve sentir sozinho. Partilhar pensamentos e sentimentos em grupos de autoajuda é muito benéfico e enriquecedor.
Deve pedir ao médico todas as informações e esclarecimentos sobre a doença que necessite.
Como gerir o doente no dia-a-dia?
Doente chega a casa após um internamento:
Gerir os sentimentos
Algumas estratégias podem ajudar as famílias a lidar com o doente neste início do período estável. Fale com o seu médico sobre quais as melhores estratégias a usar depois de uma crise aguda.
Fale lentamente e em tom baixo. Use frases curtas e simples para evitar mal-entendidos. Se for necessário, repita as frases e perguntas, usando as mesmas palavras.
Explique o que está a fazer e porquê. Por exemplo, “Estou a arrumar a roupa limpa no teu armário e podes escolher o que quiseres vestir.”
Organize a sua rotina diária. Seja consistente e quando disser que vai fazer alguma coisa, evite mudar de ideias.
Elogie-o frequentemente (por ex. ao pentear-se após vários dias sem o ter feito, diga-lhe como lhe fica bem).
Reduza a tensão e o stress (por ex. se comer à mesa com o resto da família for um esforço demasiado grande, não o obrigue).
Procure estratégias para que tome a medicação, mas evitando a violência.
Em doentes estabilizados:
Gradualmente, o doente poderá assumir certas responsabilidades.
Fale com ele sobre como se sentiria fazendo mais coisas.
Comece por uma melhor gestão da higiene pessoal, vestir-se e comer em horários estabelecidos.
Dê-lhe tarefas em casa que estejam dentro das suas possibilidades. Verifique se prefere trabalhar sozinho ou com outros.
Dê-lhe ânimo, mas não o pressione para participar em atividades de grupo. Talvez seja preferível 1 ou 2 amigos a jantar em casa, que um evento familiar numeroso.
Procure saber o que prefere fazer no seu passeio semanal. Talvez tomar um café numa pastelaria lhe seja mais fácil que um almoço no restaurante.
Não seja curioso. Não lhe pergunte constantemente em que está a pensar ou porque faz determinada coisa. Prefira conversas sobre temas externos, como por exemplo “Viste o novo programa na televisão?…”
Compreenda que lhe pode ser difícil manter uma conversa, mas que a sua companhia pode ser agradável em qualquer outra atividade. Talvez gostasse que lhe lesse alguma coisa.
Evite a crítica constante. Trate dos comportamentos que o incomodam de forma direta e franca. Por exemplo, a higiene pessoal costuma ser uma fonte de irritação para a família, mas nada resolveria dizendo “porque não tomas banho?” ou “que mal que cheiras!”. Seria melhor apresentar o problema de outra maneira: “para mim é importante que tomes banho; podíamos chegar a um acordo para que tomes banho todos os dias?”
Para que colabore, “esqueça-se” de algumas coisas, por exemplo: “esqueci-me do leite, podes trazer-mo?”
Estimule-o a ter algumas responsabilidades deixando, por exemplo, uma nota com instruções sobre como começar a preparar o almoço em caso de você chegar tarde. E, então, chegue tarde.
Mostre-lhe como lidar com o pânico em público, depois de uma situação de stress. Por exemplo, leve-o até à casa-de-banho e deixe-o tranquilo até que passe o medo.
Lembre-se de que, muitas vezes, você é o seu único amigo. Trate-o como tal. Convide-o a ver um filme, por exemplo.
Tente sempre pôr-se no lugar dele. Respeite os seus sentimentos. Se ele sentir medo, não lhe diga “não sejas tonto, não tenhas medo!”. Permita-lhe sentir medo dizendo-lhe, por exemplo: “Não faz mal que sintas medo. Senta-te ao meu lado até que passe”.
Respeite os seus sentimentos. Se o incomoda que fale sobre esquizofrenia ou algum outro tema na frente dos outros, não o faça.
Resumo de conselhos à família:
Seja amigável, sereno e alegre.
Aceite a situação.
Reserve um tempo para o ouvir.
Trate-o com ternura.
Inclua-o e respeite-o.
Algumas técnicas úteis:
Fale lenta, calma e claramente.
Use frases curtas e simples.
Dê uma só instrução ou ordem de cada vez.
Espere o momento adequado.
Evitar (especialmente numa crise):
Olhá-lo insistentemente nos olhos.
Impedir-lhe a passagem.
Ser arrogante, altivo ou hipercrítico.
Encurralá-lo em situações em que não se sinta confortável.
Mostrar-se melancólico ou triste.
Contacto físico (tocar o doente) quando está zangado.
Discutir com ele na presença de outras pessoas.
Falar demasiado ou dar sermões.
Ser intolerante, mentiroso ou demasiado exigente.
Gritar ou ser sarcástico.
Dez mandamentos de ternura e compreensão:
Dê-lhe atenção.
Faça-o sentir-se à vontade e confortável.
Alegre-se com ele nos seus pequenos sucessos.
Escute-o com atenção e envolva-o nas conversas familiares.
Partilhe o seu tempo com ele.
Elogie-o.
Compreenda-o, pondo-se no seu lugar.
Seja seu companheiro.
Estimule-o nos seus projetos.
Incuta-lhe esperança.
Adesão à Terapêutica
O papel dos medicamentos
Os medicamentos são uma parte fundamental do tratamento da esquizofrenia.
A função dos medicamentos é:
Controlar os sintomas
Evitar recaídas
O tratamento é prolongado (habitualmente durante toda a vida) e não deve ser interrompido sob nenhum pretexto ou circunstância, salvo indicação médica para tal.
A interrupção do tratamento é a principal causa de agravamento da doença (recaídas). Tal como na diabetes ou na hipertensão, o doente deve tomar a medicação e ser acompanhado regularmente pelo seu médico.
Os medicamentos não são “drogas” e não causam habituação.
Não se destinam a controlar a mente, nem a agir como um “colete químico”.
Não há medicamentos que curem a esquizofrenia, tal como não há medicamentos que curem muitas outras doenças, como a asma, a hipertensão, a diabetes ou a epilepsia.
Para reduzir o risco de agravamento da doença, é muito importante cumprir as tomas da medicação como indicado pelo médico.
O que significa “falta de adesão ao tratamento”?
Pode falar-se em falta de adesão ao tratamento quando:
Ocorrem falhas na toma da medicação, ainda que sejam apenas algumas tomas.
Não se toma a dose indicada pelo médico.
Não se respeitam os horários indicados pelo médico.
Não se cumprem as indicações do médico.
Se interrompe totalmente a terapêutica.
Se falta à consulta.
Não se fazem os exames pedidos.
Causas da falta de adesão ao tratamento
Existem múltiplos motivos que podem dificultar a adesão ao tratamento. Os mais comuns são:
Esquecimento.
O doente não reconhece que está doente e não fica convencido da necessidade de tomar a medicação.
Falta de eficácia do medicamento.
Complexidade do tratamento.
O tratamento exige várias tomas diárias.
O doente sente-se melhor e acha que já não precisa da medicação.
Os efeitos secundários da medicação são intoleráveis.
Os familiares ou amigos propõem parar a medicação porque o doente parece estar bem.
Falta de medicação.
Os sintomas negativos que reduzem o interesse no tratamento.
Concluindo
Neste artigo mostramos a complexidade e dificuldade de gerir a doença mental e a esquizofrenia em particular. O diagnóstico é difícil, o doente muitas vezes não reconhece nem aceita a doença, a família não sabe como lidar com o doente e este por sua vez sem o apoio e a compreensão familiar necessária fica cada vez pior, tornando-se também um problema social!
A doença mental grave é o parente pobre do apoio social do estado precisamente por serem doentes que não aceitam/reconhecem a sua própria doença e por conseguinte mesmo havendo um diagnóstico não aderem muitas vezes de forma correta e regular à medicação que os pode tornar estáveis e permitir uma vida digna!
Pessoalmente julgo que um dos caminhos evidentes para melhorar este panorama é a informação à população sobre os sinais precoces e sintomas das principais doenças mentais que são de forma geral desconhecidos ou mal interpretados. Por outro lado, na doença mental, existem demasiados casos em que o internamento compulsivo (difícil do ponto de vista legal) é o único caminho para começar um tratamento e demonstrar ao doente que tem um problema que necessita de tratamento.
Quando um doente que tinha alucinações ou delírios percebe que estes sintomas desaparecem ou ficam controlados com o tratamento iniciado é claro que as possibilidades de aceitar a sua doença aumentam muito e isso é uma condição básica para poderem melhorar e ter uma vida digna com a sua família!
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Disponivel na nossa área reservada relatório detalhado sobre saúde mental em Portugal vs Europa e EUA. Leia as tabelas e conheça as surpresas evidenciadas pelo relatório:
Depressão e qual o melhor antidepressivo, toda a verdade! Qual a influência do excesso de peso e da insónia na melhor escolha? O que é depressão? Como se faz o diagnóstico Quais as causas? Quais os sintomas? Quais os melhores tratamentos para a depressão? Este artigo pretende ser um contributo importante no apoio a todos os doentes com depressão e que necessitam de uma abordagem realmente eficaz, alicerçada no conhecimento da doença e das reações do doente nomeadamente em relação ás posturas, linguagens e frases a utilizar para aumentar a autoestima do doente.
Como sociedade e civilização estamos a passar um mau bocado com níveis de desigualdade alarmantes quer na vertente financeira quer no acesso a cuidados de saúde de qualidade. Os níveis de depressão são alarmantes e continuam a aumentar alimentados em grande parte pelas redes sociais que mostram a vida de muitos “influencers” falsamente felizes deixando muitos jovens que os seguem a pensar que as suas vidas são miseráveis… quando são apenas vidas normais com coisas boas e coisas menos boas!
Todos precisamos de alguém que nos mostre as coisas boas da vida, aceite as más, quando não podem ser mudadas, e siga em frente pois temos, quase sempre, a decisão e o poder de optar e mudar para melhor!
Para manter um cérebro sem depressão é no entanto necessário reforçar pilares básicos como dormir pelo menos 7:30h, caminhar ou fazer exercício ao ar livre, conversar e ter uma alimentação saudável.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
Como reconhecer uma depressão?
Quais os sintomas mais comuns de depressão?
Qual ao exemplo de um cenário de depressão?
Como ajudar um ou uma adolescente ou jovem adulto deprimido?
Que atitudes e posturas devemos utilizar para abordar alguém deprimido?
Porque é importante não julgar e escutar com atenção?
Como informar e apoiar da melhor forma?
Como ajudar a procurar um apoio profissional?
Como incentivar o recurso a outros apoios?
Quais as causas da depressão?
Quais os hábitos que podem proteger-nos da depressão?
Qual a diferença entre depressão e ansiedade?
Qual o tratamento mais usado para a depressão?
Quais as 10 classes de antidepressores?
Quais os efeitos secundários mais relevantes?
Quais os melhores antidepressores?
O que é a Fluoxetina?
Fluoxetina: Como atua e como tomar?
Quanto tempo demora a atuar a fluoxetina?
Fluoxetina será que emagrece?
Quais os efeitos secundários e contraindicações?
Quais os medicamentos que podem provocar interações graves?
Depressão o que é?
A depressão é uma condição clínica caraterizada por um sentimento de tristeza e pela perda de interesse por atividades que antes eram tidas como agradáveis. Para ser considerada uma perturbação e não uma reação normal, estes sintomas devem persistir durante, pelo menos, duas semanas e ser, geralmente, acompanhados por:
A depressão afeta ao longo da vida cerca de 20% da população portuguesa e é considerada a principal causa de incapacidade e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis. Cerca de metade das pessoas que têm um episódio de depressão recuperam e não voltam a tê-lo. No entanto, depois de três episódios, o risco de reincidência aproxima-se dos 100% se não existir tratamento de prevenção.
Mecanismos fisiopatológicos
Existem atualmente várias teorias que tentam explicar os mecanismos fisiopatológicos das perturbações depressivas. A teoria das monoaminas baseia-se na ideia de que a depressão resulta de uma diminuição da atividade dos sistemas noradrenérgicos e/ou serotoninérgicos.
Apesar de comummente aceite, esta teoria apresenta algumas limitações que outros estudos tentaram ultrapassar, como:
Teoria que aponta a falha dos mecanismos de regulação homeostáticos nos sistemas neurotransmissores;
Hipótese de a diminuição da atividade dopaminérgica no sistema mesolímbico contribuir para o aparecimento destas perturbações.
Sintomas mais comuns
Alguns dos sinais mais comuns de depressão, são os seguintes:
Sensação persistente de tristeza;
Menor interesse por atividades do quotidiano, mesmo que antes fossem prazerosas;
Sensação de culpa ou falta de esperança para o futuro;
Fadiga crónica;
Insónias ou hipersónia (dormir em demasia);
Variações abruptas de peso;
Alterações ao nível da cognição (memória, concentração e raciocínio);
Diminuição da autoestima e da autoconfiança.
Causas da depressão
As causas da depressão continuam a ser um mistério! Afinal porque é que pessoas com vidas organizadas, famílias amigas, sem problemas financeiros… enfim vidas sem razões para se sentirem tristes entram em depressão? Não sabemos, embora saibamos que a serotonina parece ter um papel importante nessa evolução pois baixo níveis de serotonina estão quase sempre associados a casos de depressão. O que precisamos descobrir são as situações pessoais, sociais, alimentares ou outras que causam essa diminuição de serotonina. Entre as mais comuns encontramos as seguintes:
Desemprego;
Divórcio;
Stress prolongado;
Discussões em casa;
Discussões no trabalho;
Bulling;
Chantagem emocional;
Doenças graves;
Deixar de comer, por razões de saúde, alimentos de que gosta muito;
Alterações hormonais, principalmente a diminuição de estrogênios, que ocorre durante a gravidez, no pós-parto e na menopausa;
Medicamentos como a Levodopa, Alprazolam, Sinvastatina e o Aciclovir, podem causar depressão devido a diminuição da produção da serotonina;
A Inês tem 16 anos. Tem-se sentido muito triste durante as últimas semanas, sendo encontrada pelos amigos a chorar sem motivo ou razão aparente. Sente-se sempre cansada e tem problemas em manter o sono.
Perdeu o apetite e ultimamente os amigos reparam que tem vindo a perder peso. Tem dificuldade em concentra-se nos estudos e as suas notas têm vindo a descer. As tarefas do dia-a-dia parecem-lhe muito difíceis, pelo que tem adiado a realização dos trabalhos escolares e faltou a varias reuniões de trabalho de grupo a que pertencia.
A relação com os amigos começou a alterar-se há algum tempo e manifesta-se extremamente crítica acerca de si, dizendo que não é capaz de fazer nada corretamente e que tudo o que de mau se passa é culpa sua. Quando os amigos a convidam para sair, recusa e evita todas as atividades que antes a divertiam. Os seus pais e amigos estão muito preocupados com ela.
Como ajudar alguém com depressão?
As seguintes cinco ações, que de seguida descrevo em detalhe, são essenciais para se conseguir ajudar alguém com depressão. São elas as seguintes:
Aproximar-se da pessoa, observar e ajudar;
Não julgar e escutar com atenção;
Informar e apoiar;
Procurar ajuda profissional especializada;
Incentivar o recurso a outros apoios.
1.ª AÇÃO:
Aproximar-se da pessoa, observar e ajudar
Podes reparar que existem sinais de alerta, por exemplo, choro fácil, expressão triste, isolamento e mudança na relação com os amigos, dificuldade de concentração, confusão, pessimismo, apatia e cansaço, baixa autoestima e uma má imagem de si… Sendo amigo da Inês, podes aproximar-te dela e abordá-la para tentares perceber o que se passa e há quanto tempo ela se sente assim.
Esta abordagem deve ser pensada e planeada. Não fales com a Inês acerca deste assunto em qualquer lugar, tenta escolher um local que seja confortável e familiar e onde possam conversar sem que haja risco de serem interrompidos ou escutados. A casa de um de vós pode ser um bom sítio. Outra alternativa é um jardim ou um lugar calmo.
Se te sentires nervoso ou inseguro enquanto estás a falar com a Inês, não te preocupes, é normal. Apesar deste nervosismo, começa a conversa utilizando frases que possam ser entendidas como de preocupação, apoio, interesse e incentivo, como por exemplo:
Estou preocupado contigo e quero ajudar-te para que te sintas melhor;
Sabes que estou disponível para te ouvir, quando te sentires à vontade para falar; – Sou teu amigo e sabes que tens o meu apoio.
Não utilizes, em momento algum da conversa, frases que possam ser entendidas como uma acusação, julgamento, incentivos negativos ou de desvalorização do que a Inês sente, tais como:
– A forma como te tens comportado não é correta! – O teu distanciamento vai-te fazer perder os amigos! – Andas triste, mas isso passa! – Tens tudo, não tens motivo nenhum para andares assim! – Precisas de beber uns copos com a malta!
Não te esqueças que, da mesma forma que tu podes reagir de várias maneiras a esta situação, a Inês também pode manifestar diferentes reações a esta conversa. Pode ficar aliviada por admitir que alguma coisa se passa e que é um problema, pode ficar incomodada e zangada, ou então negar que exista um problema. É importante que mantenhas a calma, e nunca digas: «ok, não queres falar, o problema é teu». Mesmo nessa situação, a tua intervenção foi muito importante porque mostraste a tua disponibilidade. O primeiro passo foi dado.
2.ª AÇÃO:
Não julgar e escutar com atenção
Escutares a Inês é muito importante, porque este é o momento em que ela te vai contar o que se passa, como se sente e o que a faz sentir assim. Apesar de poder ser difícil para ti, é importante que não a julgues ou formes quaisquer juízos de valor acerca daquilo que ela está a contar. O que estás a ouvir, mesmo que te pareça absurdo num primeiro momento, é fundamental que ela sinta que pode confiar e contar contigo. Deves deixá-la falar e não fazer comentários do tipo: «estás a gozar, certo?». Se te perguntar o que pensas, nunca respondas sem refletir bem sobre o assunto, para teres a certeza que falas com ela com uma «mente aberta».
Enquanto estás a escutar a Inês podes sentir-te assustado, triste ou frustrado com aquilo que estás a ouvir, no entanto não deves manifestar emoções negativas. Tenta manter a calma e continua a escutá-la com respeito.
Não te esqueças que este momento pode ser embaraçoso, pois o que ela te está a contar são os seus sentimentos, o que é um sinal de confiança que não deves desvalorizar. Aquilo que a Inês quer, enquanto fala contigo, é que a escutes, que mostres compreensão acerca da sua situação e que faças com que ela sinta que tu percebes aquilo por que ela está a passar. É importante que te certifiques que estás a perceber tudo o que ela te diz, mesmo que tenhas de lhe perguntar mais do que uma vez ou que tenhas de resumir todas as informações que ela te dá. Por exemplo, podes usar a frase: «aquilo que tu me estás a tentar dizer ou disseste é que…»
Para que a comunicação seja eficaz, deves ter em mente três princípios: aceitação, honestidade e empatia.
A aceitação significa que deves respeitar o que a Inês está a passar, bem como valorizar os seus sentimentos e crenças, mesmo que sejam diferentes dos teus;
A honestidade quer dizer que deves ser verdadeiro no teu comportamento, não agindo de forma oposta, isto é, dizer que compreendes e depois afastares-te dela. Não te esqueças que ela confiou em ti;
A empatia significa que és capaz de imaginar o que ela está a passar e consegues colocar-te no lugar dela, ou seja, se ela te estivesse a ajudar, e o que seria se estivesses tu a viver essa situação.
Quando a Inês estiver a falar contigo, evita expressar as tuas convicções pessoais ou reações negativas que possam ser vistas como um julgamento, tais como:
– Acho que não tens razões nenhumas para te sentires assim! – Tens noção que há pessoas com vidas piores que a tua? – Anima-te! Aprende a controlar os teus sentimentos! – Tens que andar com a vida para a frente! – É normal andar assim de vez em quando!
Lembra-te sempre que o comportamento da Inês é causado pelo seu problema e não por teimosia ou fraqueza pessoal. Não esqueças, também, que nem sempre é fácil falar acerca de nós e do que sentimos. Tenta ser paciente, mesmo que ela tenha dificuldades em falar ou fale de forma mais lenta, e não a interrompas quando ela o estiver a fazer.
Muitas vezes as nossas expressões faciais e corporais dizem mais que as palavras. Além de respeitar os seus silêncios, deves adotar uma postura amigável, sem fazer cara de admirado, de quem está a fazer um frete ou a apanhar uma seca. Não cruzes os braços pois pode significar que estás na defensiva e tens medo dela. Se puderes, não estejas de frente para ela, mas sim ao seu lado, para não a pressionares. Podes manter o contacto visual, de um modo que ela se sinta confortável. Se ela estiver sentada, senta-te também. Se ela estiver de pé e achares melhor, senta-te para que ela perceba que não tens pressa.
3.ª AÇÃO:
Informar e apoiar
Depois de escutares a Inês torna-se mais fácil seres capaz de lhe prestar apoio e procurar informação útil. É muito importante que ela sinta que a tua preocupação é genuína e que a compreendes. Sê paciente e atencioso para que ela não sinta que a vais abandonar.
Não te esqueças que a Inês se sente fragilizada e está vulnerável, por isso trata-a com respeito e dignidade, não receando ouvir as suas decisões, sentimentos e crenças, mesmo que ela, em alguns momentos, possa não ser simpática contigo.
Lembra-te que não sabes como reagirias se estivesses a passar por esta situação! Acima de tudo, não a culpes pelo seu estado, muito pelo contrário, diz-lhe que a culpa não é dela e demonstra-lhe o teu apoio para ultrapassar esta situação. É importante que não desvalorizes aquilo pelo qual ela está a passar e o que sente. Evita frases como:
– Não me parece que estejas tão mal como pensas! – Tenta andar com um sorriso nos lábios, vais sentir-te melhor! – A andares triste é que não melhoras, de certeza!
Fá-la acreditar que há esperança que ela melhore e que venha a sentir-se melhor. Contudo, evita fazer promessas que não possas cumprir. Se prometeres estar com ela nesta fase, está mesmo e cumpre, pois é uma forma de ajuda. Pensa sempre que ela tem um problema e que até a tarefa mais simples do dia a dia lhe pode ser muito difícil de realizar. Podes utilizar frases como:
– A seguir à tempestade vem sempre a bonança! – Não há mal que sempre dure! – Não há rosas sem espinhos!
Podes, também, oferecer-lhe a tua ajuda na realização de algumas tarefas em que ela necessite de auxílio. No entanto, tem cuidado, para não adotares uma atitude de superproteção (fazer todas as atividades dela, por exemplo trabalhos escolares), tratá-la como se ela fosse incapaz (dizer: deixa estar que eu faço, tu não estás em condições) ou então que apenas dependa de ti para executar estas tarefas (há momentos em que não podes ou não vais estar presente). Quando estiveres a falar com ela não utilizes um tom de voz que possa parecer que estás a falar para uma criança.
Existe informação disponível que podes procurar e fornecer sobre apoio a problemas de saúde mental, como é este caso. Procura informação correta e apropriada para a situação e idade da Inês. Se sabes pouco sobre o assunto, assume e procura a informação com ela.
Não cedas à tentação de querer descobrir o problema, querendo agir como um profissional que não és, ou ainda pensar que és a única opção que ela tem. És amigo, a tua ajuda é valiosa mas não és a pessoa que vai resolver o problema.
4.ª AÇÃO:
Procurar ajuda profissional especializada
Se os problemas já se prolongam há algum tempo, por exemplo 2 ou 3 semanas e a situação está a afetar o dia a dia da Inês, é fundamental que a encorajes a procurar ajuda especializada ou então que a acompanhes na procura. A maioria das pessoas com sintomatologia depressiva só procura ajuda especializada quando alguém a sugere, sendo por vezes mesmo uma «obrigação» imposta. Contudo, esta última opção depende da família. Quanto a ti, é preferível que a informes sobre as opções de ajuda disponíveis. Lembra-te que quanto mais cedo a Inês procurar ajuda, maior é a probabilidade de ela ultrapassar a situação.
Se a Inês admitir que precisa de ajuda, informa-te e discute com ela as várias opções de profissionais disponíveis. Se ela não souber onde pode procurar ajuda, incentiva-a e acompanha-a nessa busca, mesmo que demore algum tempo. É fundamental que não desistam!
Devido à sua situação, a Inês pode não querer ajuda. Neste caso, procura perceber as suas razões, pois podem estar relacionadas com os preconceitos ainda existentes relativamente às fontes de ajuda. O teu apoio pode ser essencial para que ela consiga ultrapassar os seus medos. Se mesmo assim ela não quiser procurar ajuda profissional, lembra-lhe sempre que tem o teu apoio caso mude de ideias. É de considerar a possibilidade de contactares os seus pais. Contudo deves centra-te na procura de ajuda sem revelares pormenores desnecessários. Tal não implica que estejas a trair a sua confiança, pois procuras a melhor forma de a ajudar. Sê compreensivo, positivo e encorajador. Não desistas de a ajudar.
5.ª AÇÃO:
Incentivar o recurso a outros apoios
Encoraja a Inês a procurar outros apoios, tais como a família e os amigos. Se for necessário contacta também organizações que disponibilizem informação e prestem apoio a pessoas que estão a passar pela mesma situação. Esclarece as tuas dúvidas. A recuperação da Inês pode ser mais rápida e eficaz se ela se sentir apoiada e confortável no ambiente que a rodeia.
Incentiva-a a utilizar estratégias de autoajuda, no entanto, não te esqueças que o interesse dela pode depender da fase da perturbação e da intensidade dos seus sintomas. Quem avalia esse estado é o profissional de saúde adequado, por exemplo, se acompanhares a Inês a uma consulta médica no centro de saúde, ela depois poderá ser encaminhada para os profissionais mais adequados para o tratamento do seu problema.
Ansiedade ou depressão?
Clique na imagem para saber a resposta:
Depressão e ansiedade qual a diferença
Ansiedade
A ansiedade pode manifestar-se através de sintomas físicos e psicológicos. É normalmente caracterizada por uma preocupação excessiva face a uma situação futura. Não se vive bem o presente, sempre com inquietação pelo futuro. Quando controlada, é uma reação natural do organismo a possíveis ameaças, que permite que nos mantenhamos alerta para qualquer perigo que possa surgir.
No entanto, por vezes a ansiedade apresenta-se de forma intensa, prolongada e sem causa aparente. Nestes casos, as pessoas tendem a isolar-se e a evitar quaisquer situações que considerem perigosas, mesmo quando não o são.
Tipos de ansiedade
De forma simples a ansiedade pode ser de dois tipos:
Generalizada e constante;
Específica, manifestando-se em situações especiais.
Em relação a situações específicas temos os seguintes exemplos mais comuns:
Ataques de pânico;
Perturbações obsessivo-compulsivas;
Agorafobia (medo de espaços abertos ou no meio de uma multidão);
Ansiedade social;
Stresse pós-traumático.
Medicamentos antidepressores
Segundo o Centro de Informação do Medicamento (CIM) da Ordem dos Farmacêuticos, a utilização de fármacos antidepressores tem aumentado significativamente durante a última década. Entre as possíveis razões para este facto estão não só o aumento do número de antidepressores disponíveis e a maior amplitude de indicações terapêuticas, mas também uma maior sensibilização para a doença e aceitação para o tratamento por parte dos doentes e da sociedade. Existem disponíveis no mercado várias classes de antidepressores, com diferentes propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas, diferentes perfis de segurança e com uma grande amplitude de indicações terapêuticas. Em geral, os antidepressores têm eficácia semelhante, quando administrados em doses comparáveis.
Qual o melhor antidepressor?
A escolha do antidepressor deverá ter como base a sua tolerabilidade, segurança, menor custo, história individual do doente e os antecedentes de resposta a tratamentos realizados anteriormente. Independentemente do antidepressor escolhido, o seu início de ação não é imediato. Em média, a redução de cerca de 50% da intensidade dos sintomas ocorre entre as 4 e as 8 semanas após a instituição da terapêutica, altura em que se deve proceder a uma reavaliação clínica do doente.
Tempo de resposta terapêutica
Se não houver uma resposta adequada à terapêutica, poderá ser necessário alterar o antidepressor instituído ou associar um outro antidepressor com um mecanismo de ação diferente e complementar. Nos casos particulares de depressão psicótica, é recomendado associar-se ao tratamento com antidepressor um antipsicótico. Na maioria dos doentes o tratamento antidepressivo deve prolongar-se por 9 a 12 meses após uma resposta terapêutica adequada.
Tratamento mais usado
O cloridrato de fluoxetina, também conhecida pelo seu nome comercial mais famoso, Prozac, é um medicamento antidepressivo que pertence à classe do inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). A fluoxetina é o mais antigo e o mais estudado antidepressivo do grupo dos ISRS, tendo sido lançada no mercado em 1987.
Apesar de ser classificada como antidepressivo, a fluoxetina pode também ser usada para vários outros distúrbios, tais como transtorno obsessivo-compulsivo, bulimia nervosa e síndrome do pânico.
A tabela de classificação de antidepressores que descrevo de seguida, está atualizada e indica de forma clara as diferentes classes farmacoterapêuticas em que se dividem os diversos antidepressores disponíveis no mercado, o nome dos fármacos e os neurotransmissores sobre os quais exercem efeito terapêutico.
Fonte: CIM (Centro de Informação do Medicamento) da Ordem dos Farmacêuticos
Antidepressores tricíclicos (ADTs)
Os fármacos pertencentes à classe do antidepressores tricíclicos são os seguintes:
Imipramina
Amitriptilina
Clomipramina
Maprotilina
Dosulepina
Nortriptilina
Estes foram os primeiros antidepressores a surgir. Foram sintetizados a partir da cloropromazina, um antipsicótico que tem uma estrutura química com três anéis benzénicos, daí a designação de compostos tricíclicos. São fármacos muito eficazes, mas associados a múltiplos efeitos secundários e toxicidade quando ingeridos em sobredosagem.
Todos os antidepressores tricíclicos bloqueiam a recaptação de noradrenalina (NA). Contudo, existem alguns mecanismos de ação paralelos como a inibição do transportador de serotonina e o antagonismo dos recetores serotoninérgicos 5HT2A e 5HT2C.
Adicionalmente, os ADTs também podem apresentar propriedades antagonistas dos recetores de histamina H1, α-adrenérgicos, muscarínicos e podem bloquear os canais de sódio sensíveis à voltagem, estando estas ações associadas aos seguintes efeitos secundários:
Bloqueio canais de Na+ sensíveis à voltagem – a sobredosagem pode originar convulsões, coma, arritmias, paragem cardíaca e morte.
Por este motivo esta classe farmacológica não constitui a primeira linha de tratamento, sendo utilizada normalmente em doentes refratários.
Antidepressores tricíclicos e afins
Posteriormente, desenvolveram-se outras moléculas com as mesmas características farmacológicas, mas com diferentes estruturas químicas. Surgiram assim o grupo dos tetracíclicos e os grupos com estruturas afins. O conjunto destas moléculas representa atualmente um grupo heterogéneo com eficácia reconhecida, designados por anti-depressores tricíclicos e afins, cujos mais utilizados são:
Trazodona;
Mirtazapina.
Antagonista e inibidor da recaptação da serotonina
Trazodona
A trazodona atua inibindo a recaptação de serotonina, bem como por bloqueio dos recetores 5HT2A e 5HT2C. Além disso, é também capaz de bloquear os recetores α-adrenérgicos e H1. O seu efeito antidepressor é dose-dependente, sendo nas doses mais baixas (25 mg-100 mg) utilizado como hipnótico e nas doses mais altas (150 mg-600 mg) utilizado como antidepressor.
Ação noradrenérgica e serotoninérgica específica
Mirtazapina
A mirtazapina aumenta a transmissão serotoninérgica e noradrenérgica, bloqueando também os recetores α-adrenérgicos. Adicionalmente, tem atividade antagonista dos recetores histamínicos H1, que está associada
às suas propriedades sedativas. Praticamente não possui atividade anticolinérgica e, em doses terapêuticas, tem efeitos limitados sobre o sistema cardiovascular (por exemplo, hipotensão ortostática).
Quando comparada com outros antidepressores serotoninérgicos apresenta menos efeitos secundários gastrointestinais. No entanto, pode induzir um aumento de apetite e de peso, o que a torna uma opção terapêutica interessante, por exemplo nos idosos mais frágeis, mas que pode ser uma limitação importante a ser considerada.
Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)
Moclobemida
A partir da década de 60 do século XX foram desenvolvidos fármacos que inibem o metabolismo das catecolaminas. Estes fármacos atuam por inibição enzimática da monoaminoxidase (MAO), a enzima responsável pelo metabolismo da serotonina, noradrenalina, dopamina (DA) e tiramina na fenda sináptica. Existe uma importante interação fármaco-alimento associada a esta classe. A tiramina é uma monoamina derivada da tirosina, presente em várias bebidas e alimentos fermentados, como queijo e vinho.
O facto de não haver uma inibição seletiva da MAO no sistema nervoso central, faz com que esta enzima também seja inibida no intestino e fígado. Assim, ocorre uma diminuição da degradação da tiramina absorvida destes alimentos, o que pode resultar num aumento da concentração de NA (sódio) e consequentemente num aumento de
risco de crise hipertensiva (pressão arterial elevada). Uma vez que desta classe farmacológica a moclobemida é o único inibidor que é reversível, é aquele que menor interação apresenta com os alimentos.
A moclobemida, em regra, não é bem tolerada, apresentando um perfil de interações fármaco-fármaco significativo e efeitos secundários frequentes, como sedação, confusão mental, perda de coordenação motora, xerostomia, retenção urinária, obstipação e aumento de peso. Por este motivo o uso deste fármaco está reservado a casos de depressão resistente ao tratamento.
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs)
Os fármacos pertencentes à classe do inibidores seletivos da recaptação da serotonina são os seguintes:
Fluoxetina
Sertralina
Paroxetina
Citalopram
Escitalopram
Fluvoxamina
A tentativa de criar moléculas que mantivessem as propriedades antidepressoras e determinassem menos ou diferentes reações adversas em relação aos tricíclicos e afins levou ao desenvolvimento dos ISRSs.
Responsáveis por uma inibição seletiva e potente da recaptação de serotonina (5HT), estes fármacos apresentam uma eficácia semelhante aos antidepressores tricíclicos, mas com melhor tolerabilidade e menor toxicidade em caso de sobredosagem, sendo por isso os mais usados numa primeira linha de tratamento das perturbações depressivas.
Os efeitos adversos mais comuns são no trato gastrointestinal, geralmente dose-dependentes. Cerca de 20% dos doentes tem queixas de náuseas, que frequentemente resolvem com a continuação do tratamento. Alguns doentes podem apresentar queixas de disfunção sexual, que é reversível com a descontinuação da terapêutica. A suspensão abrupta do tratamento com os ISRSs pode induzir síndrome de privação, pelo que a descontinuação do tratamento deve ser feita gradualmente.
Outra importante característica desta classe farmacológica é o facto de inibirem o CYP450, sendo por isso necessário, aquando da instituição desta terapêutica, avaliar o risco de interação farmacocinética.
Inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSNs)
Os fármacos pertencentes à classe do inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina, são os seguintes:
Venlafaxina
Duloxetina
Milnaciprano
Outra classe de antidepressores de aparecimento posterior é a dos IRSNs. Esta classe terapêutica apresenta uma ação dupla, inibindo os transportadores da serotonina e da noradrenalina. São ainda capazes de
uma ligeira inibição da recaptação da DA. Como não têm afinidade para os recetores α-adrenérgicos, H1 ou M1, apresentam um perfil de reações adversas mais favorável em relação aos ISRSs e aos ADTs. No entanto, destaca-se o risco de aumento da tensão arterial, dose dependente, bem como o risco de arritmia, em situações de sobredosagem, o que faz com que esta classe deva ser utilizada
com precaução em doentes com patologia cardíaca significativa.
Tal como nos ISRSs, alguns doentes podem apresentar disfunção sexual, reversível com a descontinuação da terapêutica. De realçar ainda o menor efeito nas enzimas de metabolização hepática, em comparação
com os ISRSs.
Inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina (ISRNAs)
Reboxetina
A reboxetina é um fármaco inibidor potente e altamente seletivo da recaptação da noradrenalina. Tem apenas um efeito fraco na recaptação de 5HT e não afeta a captação de DA. Por não apresentar afinidade significativa para os recetores adrenérgicos e muscarínicos tem menos efeitos secundários que os inibidores da recaptação de serotonina e
noradrenalina.
Inibidor seletivo da recaptação da dopamina e noradrenalina
Bupropiom
O bupropiom tem um mecanismo de ação distinto pois é um inibidor seletivo da recaptação neuronal das catecolaminas (NA e DA), desprovido de efeitos serotoninérgicos, estando associado a um perfil diferente de reações adversas. É menos propenso a induzir efeitos adversos relacionados com a 5HT, como por exemplo a disfunção sexual e o ganho de peso. No entanto, em doses mais elevadas, este fármaco pode aumentar significativamente o risco de convulsões, devendo ser
utilizado com precaução em doentes com epilepsia ou em doentes a tomar concomitantemente fármacos que diminuam o limiar convulsivo. Além do seu efeito antidepressor, está também indicado como adjuvante
em programas de cessação do consumo de nicotina.
Agonista do recetor da melatonina e antagonista do recetor da serotonina
Agomelatina
Em 2010, foi comercializada a agomelatina, um agonista melatoninérgico (recetores MT1 e MT2) e um antagonista 5HT2C. Não tem efeito na absorção das monoaminas nem afinidade para os recetores α e β adrenérgicos, histaminérgicos, colinérgicos, dopaminérgicos e benzodiazepínicos. Por ser capaz de ressincronizar os ritmos circadianos tem demonstrado eficácia nas perturbações depressivas relacionadas com stresse e ansiedade.
Modulador e estimulante da serotonina
Vortioxetina
O antidepressor mais recentemente introduzido no mercado é a vortioxetina. Este tem uma ação moduladora direta da atividade dos recetores serotoninérgicos e inibe o transportador da serotonina. Por ter uma ação em vários recetores 5-HT (antagonista dos recetores 5-HT3, 5-HT7 e 5-HT1D, agonista parcial do recetor 5-HT1B, agonista
do recetor 5-HT1A e inibidor do transportador 5-HT), é capaz de modular a neurotransmissão em vários sistemas, incluindo predominantemente o sistema da serotonina, mas provavelmente também os sistemas da noradrenalina, dopamina, histamina, acetilcolina, GABA e glutamato. Esta atividade multimodal é considerada responsável
pelos efeitos antidepressores e de tipo ansiolítico e pela melhoria da função cognitiva, aprendizagem e memória.
Efeitos secundários
Os antidepressores podem ter efeitos secundários de primeira toma, que surgem tipicamente na fase inicial do tratamento e têm tendência a regredir após a primeira semana de tratamento, tais como:
Náuseas;
Cefaleias.
No entanto, outras reações tendem a persistir durante o tratamento e a sua avaliação deve ser individualizada, tais como:
Efeitos anticolinérgicos;
Disfunção sexual.
Síndrome serotoninérgica
Antidepressores que aumentem a atividade da serotonina, em especial se forem utilizados em associação, podem estar relacionados com a síndrome serotoninérgica. Causada por um aumento excessivo da serotonina na fenda sináptica, esta síndrome é caracterizada por:
Hipertermia (elevação da temperatura corporal);
Rigidez muscular;
Mioclonias (espasmos musculares rápidos e repentinos);
Tremores;
Instabilidade autonómica (pulso ou pressão arterial irregular, sudorese, taquicardia, midríase, diaforese e disritmia cardíaca);
Confusão;
Irritabilidade;
Agitação.
Pode evoluir para o coma ou até mesmo para a morte.
Risco de suicídio
É ainda de ressalvar que transversalmente a todas as classes de antidepressores pode estar associado um risco de suicídio, pelo que alterações mentais e comportamentais que apareçam no decorrer da terapêutica devem ser monitorizadas e avaliadas com precaução.
Doentes obesos
Os doentes obesos devem evitar os antidepressores com efeito antagonista H1 que provocam excesso de peso, tais como:
Antidepressores tricíclicos (ADTs) como imipramina, amitriptilina, clomipramina, maprotilina, dosulepina e nortriptilina;
Trazodona;
Mirtazapina;
Bupropiom.
Doentes com insónia
Os doentes com dificuldade em dormir que tenham peso normal, pelo contrário, podem ser favorecidos pelos ADTs, trazodona e mirtazapina se tomados à noite, pois são antidepressores que provocam sonolência.
A agomelatina é atualmente um dos mais usados nestes doentes com insónia pois é um agonista melatoninérgico ou seja favorece a produção de melatonina (hormona do sono) e ressincroniza os ritmos circadianos.
Crianças e adolescentes
A depressão nas crianças e adolescentes é uma patologia multifatorial que afeta cerca de 2% das crianças e 4 a 8% dos adolescentes, sendo ainda pouco diagnosticada. Pode surgir na sequência de acontecimentos traumáticos para a criança ou o adolescente, ou estar relacionada com alterações bioquímicas que afetam o sistema nervoso central.
Os sinais e sintomas da depressão nos adolescentes não diferem muito daqueles que se encontram nos adultos, nomeadamente sentimentos de
tristeza, ansiedade e desmotivação, distúrbios do sono e do apetite, entre outros. No que diz respeito às crianças, predominam sintomas de irritabilidade e agressividade.
A abordagem terapêutica da depressão nas crianças e adolescentes inclui a intervenção cognitiva-comportamental e, quando necessário, terapêutica farmacológica, embora os dados que suportam a eficácia dos
antidepressores em crianças e adolescentes sejam escassos. A fluoxetina e o escitalopram são antidepressores aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da depressão em doentes com mais de 8 e 12 anos, respetivamente.
A EMA também aprovou a utilização de fluoxetina nas mesmas condições. Contudo, a utilização off label de outros antidepressores (ex. outros ISRS, bupropiom, venlafaxina, duloxetina ou mirtazapina) para a terapêutica da depressão nestas faixas etárias é também uma realidade, sobretudo em situações em que não há resposta adequada aos fármacos aprovados.
É ainda importante referir que, no início do tratamento, todos os antidepressores podem aumentar o pensamento e o comportamento
suicida em crianças, adolescentes e adultos jovens de 18 a 24 anos de idade, pelo que é necessário estar particularmente atento a este risco.
Mulher grávida e latente
A utilização de antidepressores na gravidez está associada com o aumento do risco de aborto espontâneo. No entanto, a depressão
não tratada durante a gravidez e no período pós-parto pode representar um risco tanto para a mãe como para o filho.
Mulheres grávidas com depressão têm mais tendência para o consumo de drogas de abuso, nicotina e álcool, bem como tendem a descurar os cuidados pré-natais e a nutrição. Considerada como o maior fator de risco para o desenvolvimento de depressão pós-parto e para o aparecimento de efeitos negativos na interação mãe-bebé, uma depressão não tratada na gravidez pode condicionar o normal desenvolvimento do feto, bem como influenciar os futuros comportamentos do filho, podendo mesmo apresentar efeitos tardios na criança como atrasos no desenvolvimento e linguagem, distúrbios mentais e problemas comportamentais.
Assim, é importante que não se interrompa o tratamento antidepressivo durante a gravidez e que este seja instituído sempre que o benefício terapêutico que se obtém da utilização de antidepressores se sobreponha ao risco da depressão durante a gravidez e no período pós-parto, tanto para a mãe, como para o filho.
A escolha terapêutica mais adequada nesta fase é aquela que origina o mínimo possível de exposição fetal ou do recém-nascido. Desta forma, as características farmacocinéticas dos diferentes fármacos têm de ser avaliadas, sendo mais seguros os que apresentam menor capacidade de atravessar a barreira placentária e de passar para o leite materno.
Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina não demonstraram ser especialmente teratogénicos, com a maioria dos estudos a defender a segurança da fluoxetina e da sertralina. Esta última tem-se destacado
por ter uma menor distribuição placentária e, durante a lactação, produzir níveis indetetáveis no plasma da criança.
Depressão no idoso
A depressão nos indivíduos idosos é frequente, sendo muitas vezes acompanhada por perda de iniciativa, perda de apetite, insónia, fadiga, queixas físicas, perda de interesse nas atividades da vida diária e alteração nas funções cognitivas, nomeadamente dificuldades de concentração, distração ou defeitos de memória. De uma forma geral, em relação à abordagem farmacológica, deve iniciar-se com metade da dose inicial em relação a adultos jovens e deve ser feito um aumento da dose de uma forma mais lenta.
Os idosos podem precisar de 6 a 12 semanas de tratamento para atingir a resposta antidepressiva desejada. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina costumam ser considerados antidepressores de primeira escolha em indivíduos idosos, sendo que o bupropiom, a
venlafaxina e a mirtazapina também são eficazes e bem tolerados.
Fluoxetina mecanismo de ação
O mecanismo de ação da fluoxetina é o mesmo de todos os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina.
A serotonina é um neurotransmissor, ou seja, é uma substância envolvida na comunicação entre os neurônios. A serotonina age sobre a regulação do humor, das emoções, do sono e do apetite. Níveis reduzidos de serotonina no sistema nervoso central podem causar depressão do humor, alterações de comportamento, e ainda provocam distúrbios no sono e no apetite.
A quantidade de serotonina disponível para os neurónios depende da quantidade produzida e da quantidade removida (recaptada) no cérebro. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina agem diminuindo a taxa de remoção da serotonina da fenda sináptica, local onde este neurotransmissor exerce suas ações.
Deste modo, os ISRS fazem com que a serotonina permaneça disponível por mais tempo para os neurônios, levando a uma melhora do humor dos pacientes.
Indicação terapêutica
Sendo um antidepressivo, é claro que a principal indicação da fluoxetina é para o tratamento da depressão. Contudo, esta não é única. A fluoxetina também é eficaz no tratamento de outros distúrbios de origem psiquiátrica, como, por exemplo:
Transtorno obsessivo-compulsivo,
Bulimia nervosa,
Síndrome do pânico,
Stress pós-traumático,
Tratamento auxiliar na fibromialgia,
Tensão pré-menstrual.
Posologia
A fluoxetina pode ser tomada em qualquer horário e a sua absorção não é influenciada pela alimentação. O medicamento costuma ser tomado em dose única diária, mas doses acima de 20 mg podem ser divididas em 2 tomadas ao longo do dia.
A dose efetiva da fluoxetina costuma ser de 20 mg por dia, porém, para minimizar os efeitos colaterais, o seu médico pode iniciar o tratamento com uma dose de apenas 10 mg por dia, autorizando o aumento para 20 mg após 1 semana.
Esta prática costuma ser comum quando o paciente é idoso. A dose da fluoxetina pode ser progressivamente elevada em 10 a 20 mg a cada 4 semanas até que o efeito desejado seja alcançado.
Quanto tempo demora a fazer efeito?
Os efeitos clínicos da fluoxetina demoram cerca de 15 a 20 dias para se tornarem evidentes, por isso, não indicamos elevações da dose com menos de 1 mês de tratamento. A dose máxima recomendada é 80 mg por dia. Na maioria dos casos, o paciente consegue controle dos seus sintomas com doses entre 20 e 40 mg por dia.
Fluoxetina emagrece?
Apesar de ser uma pergunta pertinente e frequentemente feita na Internet, ela não tem uma resposta única. A fluoxetina emagrece? Depende, às vezes sim outras vezes não. O melhor será perguntar se provoca alterações de peso!
A fluoxetina provoca alterações no peso?
Sim, a fluoxetina pode provocar alterações no peso, seja para mais ou para menos. Ambos os casos costumam estar ligados ao controle da depressão e da ansiedade. A maioria dos pacientes depressivos ou com pânico perdem o apetite e emagrecem.
Conforme a fluoxetina exerce seus efeitos, a depressão e a ansiedade vão sendo controladas e o apetite retorna. Por isso, o paciente ganha peso. O oposto também pode ser real.
O consumo exagerado de alimentos pode ser um sintoma de doença psiquiátrica, que passa a ser controlado conforme a fluoxetina passa a agir. Em alguns doentes, a fluoxetina pode provocar perda de apetite como efeito colateral. nestes casos, ela pode levar à perda de peso.
Efeitos secundários da fluoxetina
Os efeitos secundários mais frequentes da fluoxetina são, por ordem decrescente, os seguintes:
Insónia (10% to 33%),
Náuseas (12% to 29%),
Diarreia (8% to 18%),
Sonolência (5% to 17%),
Diminuição do apetite (4% to 17%),
Ansiedade (6% to 15%),
Tremores (3% to 13%),
Diminuição da libido ou desejo sexual (1% to 11%),
Impotência sexual (7%),
Ejaculação retardada (7%).
Em geral, os efeitos adversos da fluoxetina surgem no início do tratamento e desaparecem com o tempo. A fluoxetina parece ser o antidepressivo ISRS que menos provoca efeitos colaterais na área sexual.
Contraindicações principais
A principal contraindicação da fluoxetina é o seu uso em doentes que estejam a tomar ou que tenham tomado, nos últimos 14 dias, medicamentos antidepressivos que pertençam a classe dos inibidores da monoamina oxidase (IMAO) (ex: Isocarboxazida, Fenelzina ou Tranilcipromina).
Fluoxetina, situações de especial cuidado
A fluoxetina deve ser utilizada com cuidado em doentes com:
Diabetes, pois há um maior risco de hipoglicemia;
Doenças hepática;
Doentes em fase maníaca, pois pode agravar os sintomas;
Doença bipolar (maníaco-depressivo), pois é pouco eficaz.
Consumo de álcool, pois aumenta o risco de efeitos secundários.
Fluoxetina, gravidez e amamentação
Apesar de não ser totalmente contraindicada, a fluoxetina costuma ser evitada na gravidez, já que existem outros antidepressivos mais seguros, como a Sertralina. O mesmo raciocínio vale para as mulheres que estão a amamentar.
Interações perigosas
Alguns medicamentos não devem ser usados em associação com a fluoxetina. Os principais são:
Haloperidol
Ivabradina
Triptofano
Linezolide
Propafenona
Tamoxifeno
Concluindo
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A Covid longa (CL), também conhecida como síndrome pós-Covid, é uma condição que afeta algumas pessoas após a infeção inicial pelo SARS-CoV-2. Afeta já mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo e os números continuam a aumentar. Mesmo após a recuperação da fase aguda da doença, muitos pacientes continuam a experienciar uma variedade de sintomas debilitantes que podem durar semanas, meses ou até mais, com particular relevância nos doentes que tiveram infeção moderada a grave. Este artigo explora os mecanismos de ação do vírus, os grupos de risco, sintomas comuns, diagnóstico, prevenção, impacto na qualidade de vida e as pesquisas recentes.
Descreve-se de seguida a estrutura deste artigo e os pontos mais relevantes nele tratados:
Principais Conclusões
Mecanismos de Ação do SARS-CoV-2 no Corpo Humano
Danos pulmonares
Complicações cardiovasculares
Impactos no Sistema Nervoso
Grupos de risco
Pacientes hospitalizados
Indivíduos com comorbidades
Não vacinados
Sintomas comuns
Fadiga crónica
Problemas respiratórios persistentes
Distúrbios neurológicos
Diagnóstico
Desafios no diagnóstico
Importância do acompanhamento médico
Exames e avaliações necessárias
Prevenção
Importância da vacinação
Medidas de prevenção durante a infeção
Cuidados pós-infeção
Impacto da Covid longa na qualidade de vida
Consequências psicológicas
Limitações físicas
Reintegração social
Pesquisas e estudos recentes
Conclusão
Perguntas frequentes
Principais conclusões
A Covid longa pode afetar qualquer pessoa que tenha sido infetada pelo SARS-CoV-2, independentemente da gravidade inicial da infeção.
Os sintomas da Covid longa são variados e podem incluir fadiga crónica, problemas respiratórios persistentes e distúrbios neurológicos.
Pacientes hospitalizados, indivíduos com comorbidades e não vacinados estão em maior risco de desenvolver Covid longa.
O diagnóstico da Covid longa é desafiador e requer um acompanhamento médico cuidadoso e exames específicos.
A vacinação e medidas de prevenção durante e após a infeção são cruciais para reduzir o risco de desenvolver Covid longa.
Mecanismos de ação do SARS-CoV-2 no corpo humano
Danos pulmonares
O SARS-CoV-2 infecta vários tipos de células humanas, causando um desequilíbrio nas suas proteínas e no seu metabolismo. Este desequilíbrio resulta na liberação de proteínas inflamatórias chamadas citoquinas, que iniciam um processo inflamatório nos pulmões. A inflamação pulmonar pode levar a dificuldades respiratórias graves e, em casos extremos, à Síndrome Aguda Respiratória Grave (SARG).
Complicações cardiovasculares
A inflamação causada pelo vírus não se limita aos pulmões. As citoquinas inflamatórias podem-se espalhar pelo corpo, afetando também o coração. Isto pode resultar em miocardite, arritmias e outras complicações cardiovasculares. A resposta inflamatória exacerbada é um dos principais mecanismos que levam a estas complicações.
Impactos no sistema nervoso
O SARS-CoV-2 também pode afetar o sistema nervoso, causando uma variedade de sintomas neurológicos. A inflamação e a resposta imunológica podem levar a condições como encefalite, perda de olfato e paladar, e até mesmo acidentes vasculares cerebrais. Estes impactos no sistema nervoso são uma área de estudo contínuo, dada a sua complexidade e gravidade.
Grupos de risco para Covid longa
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de CL são a asma, diabetes mellitus tipo 2, obesidade, depressão clínica pré-existente, hipotiroidismo, COVID-19 grave que exigiu hospitalização e um maior número de sintomas durante a infeção aguda. Outros fatores de risco para a CL incluem a presença de determinados sintomas durante a doença aguda – falta de ar (dispneia), fadiga, dores de cabeça, anosmia, mialgia, idade avançada, sexo feminino, privação socioeconómica e pertença a uma minoria étnica. Vários outros fatores contribuintes podem aumentar o risco de desenvolver LC, como a reativação viral de Epstein-Barr induzida por COVID, a presença de autoanticorpos pré-existentes no momento da infeção e uma carga viral elevada de SARS-CoV-2 durante a infeção aguda.
Pacientes hospitalizados
Pessoas que sofreram uma doença COVID-19 mais grave, especialmente aquelas que foram hospitalizadas ou precisaram de cuidados intensivos, estão em maior risco de desenvolver Covid longa. A gravidade da infeção inicial pode levar a danos prolongados em vários sistemas do corpo, aumentando a probabilidade de sintomas persistentes.
Indivíduos com comorbidades
Indivíduos que tinham comorbidades antes do COVID-19, como diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas, também apresentam um risco elevado. Essas condições preexistentes podem agravar a resposta inflamatória do corpo ao vírus, resultando numa recuperação mais lenta e em sintomas prolongados.
Não vacinados
Se as vacinas provarem a sua eficácia e segurança com estudos independentes, então os não vacinados contra a Covid-19 têm maior risco de desenvolver Covid longa quando comparado com pessoas que foram vacinadas. Não se vacinar aumenta a probabilidade de ter a condição, pois a vacinação ajuda a reduzir a gravidade da infeção inicial e, consequentemente, a probabilidade de sintomas persistentes.
Sintomas comuns
Fadiga crónica
A fadiga crónica é um dos sintomas mais reportados por pacientes com Covid longa. Este cansaço extremo pode interferir significativamente na vida diária, tornando tarefas simples extenuantes. Além disso, a fadiga pode ser acompanhada por mal-estar após esforço físico ou mental, dificultando ainda mais a recuperação.
Problemas respiratórios persistentes
Os problemas respiratórios são uma das principais queixas. Tosse persistente, dificuldade para respirar e dor de garganta são comuns. Estes sintomas podem variar em intensidade e, às vezes, desaparecer e voltar novamente, complicando o diagnóstico e o tratamento.
Distúrbios neurológicos
A Covid longa também pode causar uma série de distúrbios neurológicos. Pacientes relatam tonturas ao levantar, mudanças na perceção de cheiro ou sabor e mesmo depressão e ansiedade. Estes sintomas neurológicos podem ser debilitantes e requerem acompanhamento médico contínuo.
Sintomas e efeitos adversos da covid longa podem ser variados e persistentes, afetando múltiplos sistemas do corpo humano.
Diagnóstico da Covid longa
Desafios no diagnóstico
Diagnosticar pode ser um processo complexo. Muitas vezes, as avaliações clínicas e os resultados de exames, como análises de sangue, radiografias de tórax e eletrocardiogramas, podem apresentar resultados normais. Ferramentas diagnósticas são fundamentais para mitigar os desafios, mas não há um teste específico para identificar a condição. É crucial relatar todos os sinais e sintomas a um profissional de saúde para um diagnóstico preciso.
Importância do acompanhamento médico
O acompanhamento médico contínuo é essencial para a gestão da Covid longa. Um profissional de saúde de confiança deve avaliar criteriosamente as queixas e o contexto dos sintomas. Este acompanhamento permite um cuidado adequado e um tratamento personalizado, ajustando-se às necessidades de cada paciente.
Exames e avaliações necessárias
Para um diagnóstico mais preciso, diversos exames podem ser realizados, incluindo:
Análises de sangue
Radiografias de tórax
Eletrocardiogramas
Estes exames ajudam a conhecer os sistemas e órgãos afetados e a identificar as evidências. A combinação de diferentes ferramentas diagnósticas pode fornecer uma visão mais abrangente do quadro clínico do paciente.
Prevenção
Importância da vacinação
Se a segurança, qualidade e eficácia das vacinas for comprovada por estudos independentes, então a vacinação atualizada pode ajudar a prevenir a covid longa e formas graves da doença.
Medidas de prevenção durante a infeção
Para minimizar o risco de covid longa, é fundamental adotar medidas preventivas durante a infeção. Isso inclui o uso de máscaras, higienização frequente das mãos e o distanciamento social. Essas práticas ajudam a reduzir a carga viral e, consequentemente, a gravidade da infeção.
Cuidados pós-infeção
Após a recuperação inicial da covid-19, é importante continuar com cuidados de saúde. Acompanhamento médico regular e a realização de exames podem detectar precocemente quaisquer complicações. Além disso, manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e exercícios físicos, pode contribuir para uma recuperação mais completa.
A prevenção é a melhor estratégia para evitar os efeitos debilitantes da covid longa. Proteger-se e proteger os outros é um ato de responsabilidade coletiva.
Impacto na qualidade de vida
A Covid longa tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, afetando tanto o bem-estar físico quanto o psicológico. As sequelas da covid-19 afetam qualidade de vida, segundo especialistas, e podem se prolongar por pelo menos três meses após a infeção. Este impacto é multifacetado e pode variar de pessoa para pessoa, mas há alguns aspetos comuns que merecem destaque.
Consequências psicológicas
Os pacientes frequentemente relatam sintomas como ansiedade, depressão e stresse pós-traumático. A incerteza sobre a duração dos sintomas e a falta de respostas claras podem agravar esses problemas psicológicos. É crucial que os pacientes recebam apoio psicológico adequado para lidar com essas questões.
Limitações físicas
A Covid longa pode causar fadiga crónica, dores musculares e articulares e dificuldades respiratórias persistentes. Essas limitações físicas podem impedir a realização de atividades diárias e reduzir a capacidade de trabalho, impactando negativamente a qualidade de vida.
Reintegração social
A reintegração social pode ser um desafio para aqueles que sofrem de Covid longa. A estigmatização e a falta de compreensão por parte da sociedade podem levar ao isolamento social. Programas de apoio comunitário e a sensibilização pública são essenciais para facilitar a reintegração desses indivíduos na sociedade.
Pesquisas e estudos recentes
Estudos recentes têm revelado informações cruciais sobre a Covid longa. Um estudo norte-americano identificou que 64% das pessoas que tiveram a forma grave da doença continuavam com um ou mais sintomas depois de um ano. Outra pesquisa, publicada na eClinicalMedicine, revelou que já foram identificados 203 sintomas associados à Covid longa, afetando 10 órgãos diferentes do corpo humano.
Diversas instituições estão na vanguarda das pesquisas sobre a Covid longa. A Fiocruz, por exemplo, acompanhou pacientes por 14 meses para entender melhor a síndrome. Outras instituições, como o CDC e a OPAS, também estão realizando estudos significativos para mapear os efeitos a longo prazo da doença.
As perspetivas futuras para o entendimento da Covid longa são promissoras. Os pesquisadores estão focados em identificar biomarcadores que possam prever a suscetibilidade à condição. Além disso, há um esforço contínuo para desenvolver tratamentos mais eficazes e estratégias de reabilitação para os afetados.
Pesquisas e estudos recentes sobre Covid Longa têm revelado informações cruciais para a compreensão e tratamento desta condição debilitante. Para saber mais sobre os últimos avanços e tratamentos, visite o nosso site e explore os artigos mais recentes.
Conclusão
A Covid longa representa um desafio significativo para a saúde pública, afetando uma ampla gama de indivíduos, independentemente da gravidade inicial da infecção. Estudos indicam que pessoas não vacinadas, aquelas com comorbidades pré-existentes e pacientes que sofreram casos graves de Covid-19 estão em maior risco. A complexidade dos sintomas e a dificuldade de diagnóstico tornam essencial a consulta com profissionais de saúde para um acompanhamento adequado. A prevenção, através da vacinação e de medidas de proteção, continua a ser a melhor estratégia para mitigar os efeitos a longo prazo desta doença. É imperativo que a comunidade científica continue a investigar e a compreender melhor a Covid longa para desenvolver intervenções eficazes e melhorar a qualidade de vida dos afetados.
Perguntas frequentes
O que é Covid longa?
Covid longa, também conhecida como pós-Covid, é uma condição onde indivíduos que foram infectados pelo SARS-CoV-2 continuam a experienciar sintomas mesmo após a fase aguda da infecção ter terminado.
Quais são os sintomas comuns?
Os sintomas comuns incluem fadiga crônica, problemas respiratórios persistentes, distúrbios neurológicos, mal-estar após esforço e febre.
Quem está mais exposto?
Pessoas que tiveram casos graves de Covid-19, aquelas com comorbidades pré-existentes e indivíduos que não foram vacinados estão mais propensos a desenvolver Covid longa.
Como é diagnosticada?
O diagnóstico da Covid longa pode ser desafiador, pois não há um teste específico. É necessário relatar os sintomas a um profissional de saúde, que fará uma avaliação detalhada do quadro clínico e histórico do paciente.
É possível prevenir?
Sim, a vacinação é uma das principais medidas de prevenção. Além disso, seguir as recomendações de prevenção durante a infeção e cuidar da saúde no período pós-infeção são importantes.
Pode afetar crianças?
Sim, a Covid longa pode afetar qualquer pessoa que foi infectada pelo SARS-CoV-2, incluindo crianças, jovens e adultos, mesmo aqueles que tiveram sintomas leves durante a infecção.
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