Dor no abdómen do lado direito e qual o perigo de apendicite? Este tipo de dor no abdómen pode estar associada ao apêndice. Assim sendo é fundamental que não deixe a dor chegar a casos extremos, para evitar uma rutura no apêndice e infeções que podem ser muito graves, nomeadamente septicémia.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
Qual a anatomia do abdómen?
Apendicite o que é?
Onde se localiza?
Sintomas da apendicite
Apendicite em crianças e adolescentes quais os sintomas?
Apendicite em bebés quais os sinais e sintomas?
Tratamento qual o melhor?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Anatomia do abdómen
Para uma localização e diagnóstico mais adequado da causa da dor abdominal, divide-se o abdómen em 4 quadrantes, conforme descrito na imagem seguinte:
Apendicite o que é?
A apendicite é uma doença comum causada pela infeção do apêndice. Afeta cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.
Apêndice onde se localiza?
Localização do apêndice e orgãos próximos
O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pelvis.
Localização do #apêndice
Sintomas da apendicite
O sintomas da apendicite nem sempre se manifestam do lado direito do abdómen. Assim de seguida descrevo os diversos cenários de sintomatologia associada à apendicite.
Dor abdominal típica
A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen;
Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )
Dor abdominal atípica
Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.
Dor abdominal do lado esquerdo
Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdómen em posição oposta à habitualmente esperada).
Endurecimento da parede do abdómen
Enjoos ( em 90% dos casos )
Vómitos ( em 90% dos casos )
Perda do apetite ( em 90% dos casos )
Febre
A febre é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
Diarreia
Prisão de ventre
Distensão abdominal
Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.
Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.
Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são a dor abdominal, os vómitos e perda do apetite.
Sinais e sintomas em bebés e crianças
O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.
Crianças entre os 5 e os 12 anos
Assim como nos adultos, a dor abdominal e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor no quadrante inferior direito do abdómen – 82%
Náuseas – 79%
Perda do apetite – 75%
Vómitos – 66%
Febre – 47%
Diarreia- 16%
Crianças entre 1 e os 5 anos
A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.
A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdómen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Dor abdominal – 94%
Febre – 90%
Vômitos – 83%
Dor à descompressão – 81%
Perda do apetite – 74%
Rigidez abdominal – 72%
Diarreia- 46%
A distensão abdominal – 35%
Bebés com menos de 1 ano
Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.
Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente.
A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:
Distensão abdominal – 75%
Vómitos – 42%
Perda do apetite – 40%
Dor abdominal – 38%
Febre – 33%
Inflamação da parede abdominal – 24%
Irritabilidade ou letargia – 24%
Dificuldade respiratória – 15%
Massa abdominal – 12%
Sangramento nas fezes – 10%
Tratamento para a apendicite
O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.
Procedimento usa técnicas de Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional
Concluindo
Uma dor aguda do lado direito do abdómen pode não ser nada de grave mas, num adulto ou criança, deve ser valorizada procurando apoio médico para descartar a hipótese de apendicite aguda que pode ser fatal se não for tratada atempadamente. Existem também descritos casos atípicos em que a dor apesar de ter origem no apêndice não se situa do lado direito fazendo com que nesses casos essa dor seja menos valorizada como sendo potencialmente perigosa! O risco de problemas graves resulta da probabilidade de haver uma rutura do apêndice infetando a cavidade abdominal com risco de septicémia ou seja infeção sistémica generalizada. Não arrisque…proteja-se pela sua saúde!
Polimedicação vs desprescrição e efeitos adversos que provocam mais prescrição, como travar esse ciclo vicioso? Como farmacêutico comunitário este é um problema de confrontação diária em conversa com os meus utentes. Existem cada vez mais doentes crónicos polimedicados que tomam mais de 10 medicamentos por dia! Os efeitos adversos são inevitáveis mas muitas vezes são erradamente interpretados como novas doenças a tratar! Isto origina tipicamente um ciclo vicioso de polimedicação denominado cascata de prescrição que consiste basicamente na prescrição de mais medicamentos para tratar os efeitos secundários em vez de se tentar a desprescrição ou seja o desmame ou substituição do medicamento que está a causar esse efeito adverso.
Se é certo que em alguns casos graves não é possível retirar o medicamento que causa efeitos adversos noutros é perfeitamente exequível a desprescrição sendo até o mais adequado terapeuticamente… desde que o diagnóstico seja correto! Esta é sempre uma tarefa difícil que deve ser preparada em conjunto pelo médico e farmacêutico que assistem o doente.
Neste artigo descreve-se um caso típico de uma doente crónica idosa que toma 14 medicamentos diferentes por dia e quais os medicamentos que poderiam ser retirados do seu esquema terapêutico aplicando uma desprescrição adequada e segura.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Polimedicação caso de estudo
The University of British Columbia caso de estudo: Uma mulher de 70 anos é diagnosticada com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), apneia do sono obstrutiva, disfunção ventricular esquerda com obstrução da via de saída, hipertensão, embolia, insônia, ansiedade, depressão, comprometimento cognitivo leve e laringite inexplicável. Ela toma 14 medicamentos prescritos e 4 suplementos, mas prefere menos. A sua enfermeira de cuidados primários consulta um farmacêutico clínico de ambulatório para uma revisão abrangente da medicação.
A lista de patologias, medicamentos e respetiva posologia está descrita na tabela seguinte:
Antes inimagináveis, listas de medicamentos intimidadoras agora são comuns.1 A mitigação pode ser mais fácil se os prescritores e farmacêuticos dispensadores reconhecerem o potencial de “cascatas de prescrição” e começarem a “especializar-se” também em desprescrição. Cunhado por dois geriatras em 1995,2 “uma cascata de prescrição começa quando um medicamento é prescrito, ocorre um evento adverso de medicamento que é interpretado erradamente como uma nova condição médica e um medicamento subsequente é prescrito para tratar esse efeito adverso induzido por medicamento.”3 As sequelas também incluem medicamentos não sujeitos a receita médica ou dispositivos médicos (por exemplo, inserção de pacemaker cardíaco).
As potenciais cascatas de prescrição identificadas, neste caso de estudo, são as que constam da tabela seguinte, que apresenta os medicamentos usados (coluna 1), os efeitos adversos mais comuns dessa medicação (coluna 2) e os fármacos acrescentados a esta medicação crónica apenas para combater os efeitos secundários (coluna 3).
Medicamento
Efeito adverso comum
Cascata de prescrições possível (para combater efeitos adversos)
Diltiazem
Edema periférico
Furosemida para tratar edema erradamente diagnosticado como excesso de volume ou insuficiência cardíaca noturna
Tiotrópio
Anticolinérgico: Rouquidão/laringite
Pantoprazol para reduzir o ácido gástrico erradamente diagnosticado como refluxo gástrico
Prescrições adicionadas para combater um ou mais efeitos de medicamentos podem induzir quedas por super sedação, “distúrbio cognitivo leve” ou outros efeitos anticolinérgicos (anti muscarínicos) ou efeitos adversos de um Inibidor da Bomba de Protões (IBP). Dado o interesse dessa mulher em desprescrever, o farmacêutico clínico também questionou outros medicamentos da sua lista.
Efeitos adversos e cascatas de prescrição
Os estudos publicados sobre cascatas de prescrição concentram-se em várias classes de medicamentos.4 Os identificados anteriormente incluem alguns dos 200 medicamentos mais frequentemente prescritos. Descrevo de seguida sete exemplos predominantes sobre possíveis cascatas de prescrição.
Medicamentos anticolinérgicos >> disfunção cognitiva >> medicamentos para a demência
Medicamentos anticolinérgicos (por exemplo, antidepressivos tricíclicos, ciclobenzaprina, mirtazapina, Quetiapina, oxibutinina)5 bloqueiam a neurotransmissão acetilcolinérgica no cérebro, prejudicando a cognição e a memória mesmo na presença de inibidores da acetilcolinesterase (AChE-I: donepezilo, galantamina, rivastigmina).6,7 O declínio cognitivo percebido como uma nova condição ou agravamento da demência pode levar a novas prescrições ou aumento das doses de AChE-I.8,9
Medicamentos para a demência >> incontinência >> medicamentos anticolinérgicos
Por outro lado, os inibidores da acetilcolinesterase (AChE-I) podem causar incontinência urinária ou fecal, que pode causar uma “cascata” para prescrição de um anticolinérgico. Dois estudos encontraram aumento do uso de medicamentos antimuscarínicos da bexiga (por exemplo, oxibutinina) após prescrição de inibidores da colinesterase para demência.10 Bradicardia ou síncope (muscarínica) ou cãibras musculares (nicotínicos) são outros efeitos colinérgicos que podem precipitar novos tratamentos.11-13
Anticolinérgicos >> dispepsia/refluxo >> medicamentos inibidores da bomba de protões
Dispepsia ou azia devido ao esvaziamento gástrico retardado podem ser confundidos com refluxo gastrointestinal espontâneo. Essa associação foi sugerida como uma possível cascata em um estudo que avaliou prescrições de IBPs de longa data.14 Num estudo nos EUA com 248 residentes de casas de repouso, a probabilidade de receber um IBP aumentou com a carga anticolinérgica. Similarmente um grande estudo de coorte, de idosos com demência, na da Nova Escócia sugeriu que os anticolinérgicos aumentaram a prescrição de IBP “consistente com uma cascata de prescrição”.16
A obstipação induzida por medicamentos é uma associação bem conhecida e confirmada por uma revisão sistemática de 2021.17 Entre os residentes de casas de repouso italianas, os antidepressivos tricíclicos aumentaram o uso de laxantes (OR 2,98, IC 95% 1,31-6,77), assim como outros antidepressivos, especialmente mirtazapina ( OR 1,37, IC 95% 1,09-1,71).18
Bloqueadores dos canais de cálcio / gabapentina/pregabalina >> edema >> medicamentos diuréticos
Os bloqueadores dos canais de cálcio dihidropiridínicos (BCC), tais como, por exemplo, amlodipina, lercanidipina, nifedidina e felodipina, frequentemente causam edema dose-dependente, afetando até 30% dos pacientes idosos.19,20 Dois estudos de coorte recentes descobriram que as prescrições de furosemida aumentaram em pessoas que tomam BCC, em comparação com outros anti hipertensivos.21,22 A redução ou interrupção de um BCC pode ser preferível à adição de furosemida, dada a sua multiplicidade efeitos adversos.
A gabapentina e a pregabalina também causam edema periférico dose-dependente. Na dor crônica, isso afeta até 9% das pessoas que tomam gabapentina e 10% para pregabalina (até 4 vezes versus placebo).23-25 Um grande estudo de coorte de Ontário de 2011-2019 encontrou aumento nas prescrições de diuréticos de alça após o início de gabapentina/pregabalina para dor lombar de início recente em idosos (HR: 1,44, IC 95%: 1,23, 1,70; aumento do risco absoluto 0,7%).26 Ambos podem ser associada ao diagnóstico inadequado de insuficiência cardíaca.27
Desordem de movimentos induzida por medicamentos >> medicamentos anti Parkinson
A maioria dos antipsicóticos, alguns antidepressivos e os antieméticos metoclopramida e proclorperazina bloqueiam os recetores de dopamina ou causam distúrbios do movimento por outros mecanismos. Esses eventos adversos podem ser confundidos com a doença de Parkinson.28 Embora um estudo canadiano tenha achado essas cascatas de prescrição incomuns,10 outros veem mais motivos para preocupação. As prescrições de antipsicóticos, antidepressivos e metoclopramida mais recentes e mais antigos foram associadas ao aumento da prescrição subsequente de l-DOPA/carbidopa e outros medicamentos antiparkinsonianos.3,28-32
Hipertensão induzida por medicamentos >> medicamentos anti-hipertensores
Cerca de 15% dos adultos americanos (19% dos adultos com hipertensão) tomam um medicamento que pode aumentar a pressão arterial.33 Antidepressivos (8,7% dos adultos) e AINEs prescritos (6,5%) foram os candidatos potenciais mais frequentes para uma cascata de prescrição pouco reconhecida.
Desprescrição
A desprescrição ou seja prevenir, detetar e reverter cascatas de prescrição não é fácil.34 Os pesquisadores citados nesta Carta propõem uma abordagem abrangente, enquanto a Canadian Deprescribe Network oferece uma mais simples para o público.4,35,36 Reconhecer e intercetar cascatas ainda requer conhecimento e revisão especializada de medicamentos, incluindo atenção a cascatas conhecidas.37 Como um revisor médico rural desta Carta escreveu:
“O problema é em grande parte a nossa mentalidade de tratar reflexivamente novos sintomas com medicamentos, sem primeiro pensar em relação aos efeitos colaterais induzidos por medicamentos em pacientes que já tomam muitos”.
Conclusões
▪ As cascatas de prescrição causam polimedicação e danos evitáveis.
▪ Preveni-los por meio de prescrição cuidadosa baseada em indicação e triagem de cascatas durante as revisões de medicamentos. Utilizar o farmacêutico especializado ou consulta médica quando disponível.
▪ Comece pela familiarização com cascatas envolvendo medicamentos comuns na atenção primária; reduza as doses se a desprescrição parecer muito radical.
▪ Identificar uma cascata de prescrição é um momento de aprendizagem, use-o.
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Os microplásticos já foram encontrados nos locais mais remotos do nosso planeta tais como na neve próxima ao pico do Everest, o ponto mais alto da terra, assim como em amostras de água da Fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano. No corpo humano é encontrado em qualquer local que seja procurado, por exemplo, na placenta, no leite materno, na corrente sanguínea, no coração e nos pulmões.
A poluição por microplásticos emergiu como uma preocupação ambiental e de saúde pública global. Estas partículas minúsculas, resultantes da degradação de materiais plásticos, estão presentes em diversos ambientes e podem entrar no corpo humano através da ingestão de alimentos, inalação de ar contaminado e contacto com produtos que contêm microplásticos. Estudos recentes indicam que os microplásticos podem acumular-se em órgãos vitais, como o coração e o cérebro, levantando preocupações sobre os seus potenciais efeitos adversos na saúde humana.
Várias definições são encontradas para o termo microplástico, de acordo com a faixa de tamanho das partículas, sendo a mais utilizada a que se refere a esses materiais como partículas de polímeros orgánicos sintéticos com tamanho inferior a 5 mm. Essa definição foi proposta em 2009 pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e, desde então, a maioria das publicações tem a adotado como referência.
Após um pouco mais de uma década, em 2020, foi publicada a norma intitulada “Plastics – Environmental Aspects – State of Knowledge and Methodologies” (ISO/TR 21960:2020), em que o termo microplástico é definido como qualquer partícula plástica sólida insolúvel em água com dimensões entre 1 µm e 1000 µm. A norma também define o termo “large microplastic” (microplástico grande, em tradução livre), para a faixa de tamanho de 1 a 5 mm.
De modo geral, os microplásticos são definidos como partículas de plástico com menos de 5 mm de diâmetro. Podem ser classificados em primários, quando produzidos intencionalmente para uso em produtos como cosméticos e produtos de higiene pessoal, ou secundários, resultantes da degradação de objetos plásticos maiores no ambiente. Devido ao seu tamanho diminuto, os microplásticos podem ser facilmente ingeridos ou inalados, levando à sua acumulação no organismo humano.
A exposição humana aos microplásticos ocorre através de várias fontes como alimentos, água, ar contaminado e uso de produtos contendo microplásticos.
Ingestão de alimentos e água
Os microplásticos foram detectados em diversos alimentos, incluindo frutos do mar, sal e água potável. Estima-se que um adulto possa ingerir milhares de partículas de microplástico por ano através da dieta.
Inalação de ar contaminado
Partículas de microplástico presentes no ar podem ser inaladas, especialmente em ambientes urbanos e industriais. Um estudo estimou que um adulto pode inalar até 170 partículas de microplástico diariamente, embora os efeitos na saúde respiratória ainda não sejam totalmente compreendidos. Scielo – Microplásticos: Ocorrência ambiental e desafios analíticos
Uso de produtos contendo microplásticos:
Produtos de uso diário, como certos cosméticos, pastas de dentes e produtos de limpeza, podem conter microplásticos que entram em contacto direto com o corpo humano. Além disso, o uso de máscaras faciais descartáveis durante a pandemia de COVID-19 levantou preocupações sobre a inalação de microplásticos libertados por estas máscaras. Cornell University – Disposable face masks: a direct source for inhalation of microplastics
Microplásticos e impactos na saúde humana
A presença de microplásticos no organismo humano pode ter vários efeitos adversos como inflamação, stress oxidativo, disfunção da microbiota intestinal e transporte de substâncias tóxicas.
Sangue e placenta
Em janeiro de 2021, cientistas italianos da Universidade Politécnica de Marche, em Ancona, relataram na Environment International a presença de microplásticos na placenta de mulheres grávidas. Apesar de reconhecerem que os efeitos eram desconhecidos, os cientistas alertaram para o risco de malformação dos fetos, que ainda precisavam ser mais bem estudados.
Em maio de 2022, pesquisadores da Universidade Vrije, em Amsterdão, nos Países Baixos, revelaram que 77% dos doadores de sangue do país carregavam grande número de partículas plásticas no sangue.
Um estudo divulgado na revista científica Environmental Science & Technology, descreve que uma equipa médica do Hospital Anzhen, de Pequim, encontrou pela primeira vez microplásticos em corações humanos. Ao avaliar o músculo cardíaco de 15 pacientes que seriam submetidos a uma intervenção cirúrgica, os médicos encontraram nove diferentes tipos de plástico em cinco tecidos cardíacos distintos.
Uma equipa do departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), detectou microplasticos em pulmões humanos, como descrito em artigo publicado na Journal of Hazardous Materials em 2021. Os microplásticos estão no ar e é inevitável que sejam inalados. Sabemos que eles chegam aos pulmões, mas ainda precisamos de conhecer qual é o real impacto na saúde humana.
Os microplásticos podem estar ligados à doença inflamatória intestinal (DII). Um estudo de pessoas com Doença Inflamatória Intestinal detetou que os doentes tinham mais 50% de microplásticos nas fezes.
Pesquisas anteriores mostraram que os microplásticos podem causar inflamação intestinal e outros problemas intestinais em animais de laboratório, mas a investigação é a primeira a investigar possíveis efeitos em humanos. Os cientistas encontraram 42 pedaços de microplástico por grama em amostras secas de pessoas com DII e 28 pedaços em pessoas saudáveis.
A concentração de microplásticos foi também maior para aqueles com doença inflamatória intestinal mais grave, sugerindo uma ligação entre ambos. No entanto, o estudo não prova uma ligação causal e os cientistas disseram que é necessário fazer mais investigação. Pode ser que a doença inflamatória intestinal faça com que as pessoas retenham mais micropláticos no intestino.
Estudos indicam que os microplásticos podem induzir respostas inflamatórias e aumentar o stress oxidativo nas células humanas, o que pode levar a danos celulares e contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas.
Microorganismos patogénicos e infeções
Os microplasticos comportam-se também como potenciais vetores de transporte de microrganismos, incluindo patogénicos, através da formação de um biofilme na superfície do microplástico.Espécies invasoras também são transportadas por microplésticos e os seus efeitos na biodiversidade do ecossistema ainda são desconhecidos, bem como os prejuízos relacionados com a migração de espécies exóticas para outros habitats.
Disfunção do microbioma intestinal
A ingestão de microplásticos pode alterar a composição da microbiota intestinal, afetando a digestão e a função imunológica. Estas alterações podem estar associadas a várias condições de saúde, incluindo doenças metabólicas e imunológicas.
Transporte de substâncias tóxicas
Os microplásticos podem adsorver poluentes orgânicos persistentes e metais pesados presentes no ambiente, atuando como vetores que introduzem estas substâncias tóxicas no organismo humano. Isto pode aumentar a exposição a compostos potencialmente carcinogénicos e disruptores endócrinos.
Microplásticos mais comuns
No meio marinho, os microplásticos são um grupo heterogéneo de partículas (< 5 mm), variando em tamanho, forma e composição química. Encontram-se nos sedimentos, na superfície do mar, na coluna de água e na vida selvagem. A próxima tabela descreve os tipos de polímeros plásticos mais comuns no meio marinho. Destes, os tipos de plástico mais comummente fabricados são o polietileno e o polipropileno.
A tabela seguinte descreve a aplicação comum do plástico encontrado no meio marinho e a frequência do tipo de polímero identificado em 42 estudos de detritos microplásticos recolhidos no mar ou em sedimentos marinhos.
Para reduzir a exposição aos microplásticos e mitigar os seus potenciais efeitos na saúde, podem ser adotadas várias estratégias:
Redução do uso de plásticos: Diminuir o consumo de produtos plásticos descartáveis e optar por alternativas reutilizáveis pode reduzir a quantidade de microplásticos no ambiente.
Filtragem de água: A utilização de sistemas de filtragem de água eficazes pode diminuir a ingestão de microplásticos presentes na água potável.
Escolha de produtos sem microplásticos: Optar por produtos de higiene pessoal e cosméticos que não contenham microplásticos pode reduzir a exposição direta a estas partículas.
Políticas públicas e regulamentação: A implementação de políticas que limitem a produção e uso de microplásticos, bem como a promoção de práticas de gestão de resíduos mais eficazes, são essenciais para reduzir a contaminação ambiental e a exposição humana.
Água para beber qual o melhor filtro?
Para minimizar a ingestão de microplásticos e outros contaminantes na água potável, é essencial adotar métodos de filtração eficazes, tanto para a água engarrafada quanto para a da rede pública. A escolha do filtro adequado depende da eficácia na remoção de partículas e da manutenção necessária.
Métodos de Filtração Eficazes:
Filtros de Osmose Reversa: Estes sistemas utilizam uma membrana semipermeável capaz de filtrar partículas até 0,001 mícron, removendo praticamente todos os microplásticos e muitos outros contaminantes. Embora altamente eficazes, são mais onerosos e requerem manutenção regular.
Filtros de Carvão Ativado em Bloco: Filtros de alta qualidade com blocos de carbono podem remover até 100% dos microplásticos conhecidos, além de outros contaminantes como cloro e compostos orgânicos. São uma opção mais acessível e de fácil instalação.
Filtros de Destilação: Este método envolve a evaporação e condensação da água, resultando em H₂O pura e eliminando microplásticos e outros contaminantes. No entanto, é um processo mais lento e pode não ser prático para uso diário.
Recomendações de marcas e 0rodutos:
LifeStraw Home: Este filtro remove mais de 30 contaminantes, incluindo bactérias, microplásticos e PFAS, apresentando um design moderno e eficiente.
Franke Vital Capsule: Este sistema de filtragem remove microplásticos, pesticidas, hormonas, germes nocivos, cloro e ferrugem, garantindo água de alta qualidade diretamente da torneira.
Filtros de Torneira com Bloco de Carbono: Modelos como o EcoPro são eficazes na remoção de microplásticos e outros contaminantes, oferecendo uma solução prática para filtrar a água da torneira.
Considerações Adicionais:
Manutenção Regular: Independentemente do tipo de filtro escolhido, é crucial seguir as instruções do fabricante para a substituição dos elementos filtrantes, garantindo a eficácia contínua na remoção de contaminantes.
Análise da Qualidade da Água: Antes de selecionar um sistema de filtração, considere realizar uma análise da água da sua região para identificar os contaminantes específicos presentes e escolher o filtro mais adequado às suas necessidades.
Ao implementar um sistema de filtração apropriado e manter uma manutenção adequada, pode-se reduzir significativamente a presença de microplásticos e outros elementos nocivos na água potável, promovendo uma saúde melhor e maior segurança no consumo diário.
Conclusão
A presença de microplásticos no ambiente e a sua potencial acumulação no organismo humano representam uma preocupação emergente para a saúde pública. Embora a compreensão dos seus efeitos ainda esteja em desenvolvimento, as evidências atuais sugerem a necessidade de medidas preventivas para reduzir a exposição e mitigar os riscos associados. Investigações futuras são essenciais para aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos de toxicidade dos microplásticos e desenvolver estratégias eficazes de proteção da saúde humana.
Chás infusões tisanas e medicamentos qual a influência das infusões e do chá na atividade terapêutica dos medicamentos? Quais as principais interações medicamentosas e efeitos adversos das infusões e chás? Qual a diferença entre chá, infusão e tisana?
Neste artigo vou descrever os principais chás, infusões e tisanas, quais as suas propriedades e interações medicamentosas. A lista de infusões ordenada alfabeticamente com os nomes científicos das plantas entre parênteses, para que possas já identificar a tua infusão habitual, é descrita de seguida:
Ashwagandha (Withania somnifera)
Barbas de Milho (Zea mays)
Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
Canela – Cinnamomum verum (canela-do-ceilão) ou Cinnamomum cassia (canela-cássia)
Carqueja (Baccharis trimera)
Cavalinha (Equisetum arvense)
Cidreira (Melissa officinalis)
Cogumelo juba-de-leão (Hericium erinaceus)
Equinácea (Echinacea purpurea, Echinacea angustifolia ou Echinacea pallida)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Erva de São Roberto (Geranium robertianum)
Flor de Laranjeira (Citrus aurantium)
Flor de Tília (Tilia cordata ou Tilia platyphyllos)
Frutos Vermelhos (diversas espécies, geralmente Rubus idaeus ou Vaccinium spp.)
Pau d’Arco (Tabebuia impetiginosa ou Handroanthus impetiginosus)
Pés de Cereja (Prunus avium)
Quebra-Pedra (Phyllanthus niruri)
Sene (Cassia angustifolia)
Lista de chás referidos no artigo:
Chá verde (Camellia sinensis)
Chá preto (Camellia sinensis)
Chá branco (Camellia sinensis)
Chá Oolong (Camellia sinensis)
Chá de matcha (Camellia sinensis)
Chá imperial (mistura de Camellia sinensis com outras plantas)
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Diferença entre chá, infusão e tisana
Plantas mais usadas
Propriedades terapêuticas
Interações com medicamentos
Melhores combinações de plantas para potenciar efeito terapêutico
Relaxamento e insónia (melhor tisana)
Digestão e alívio de cólicas (melhor tisana)
Imunidade melhorada (melhor tisana)
Desintoxicação e retenção de líquidos (melhor tisana)
Stress e ansiedade (melhor tisana)
Problemas renais e cálculos no rim ou pedra no rim (melhor tisana)
Resfriados e tosse (melhor tisana)
Obstipação ou intestino preso (melhor tisana)
Forma de preparação das tisanas
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Chás infusões e tisanas qual a diferença?
Embora muitas pessoas acreditem ser a mesma coisa, grande parte das bebidas quentes a que chamamos chá são, na verdade, infusões. Os chás são bebidas feitas a partir de uma única planta, a Camellia sinenses, também conhecida como “Chá-da-Índia”. Assim, bebidas preparadas a partir de outras plantas como cidreira, camomila, erva doce, melissa ou especiarias, são classificadas como infusões.
Com a planta Camellia sinenses, é possível preparar uma enorme variedade de chás, que variam de acordo com o cultivo, nível de fermentação, coleta e preparação das folhas. No geral, os diversos tipos podem ser divididos em quatro grupos:
Chá oolong, de fermentação mediana com sabor intermediário;
Chá verde, levemente fermentado e com sabor suave;
Chá branco: produzido a partir de folhas jovens e tenras, não fermentado.
Já a infusão é o nome do processo que utiliza água fervente numa substância para extrair os seus princípios ativos e medicinais. Por exemplo, o denominado chá de camomila é na verdade uma infusão.
Chá
Origem: O chá propriamente dito vem da planta Camellia sinensis. As variedades de chá (preto, verde, branco, oolong) são todas derivadas dessa planta, com diferenças no processamento e oxidação das folhas.
Cafeína: O chá contém cafeína, com níveis que variam dependendo do tipo e do tempo de infusão.
Benefícios: Cada tipo de chá oferece diferentes benefícios para a saúde, como antioxidantes, que ajudam na prevenção de doenças.
Infusão
Origem: As infusões são feitas com uma variedade de plantas, ervas, flores, frutas e especiarias que não vêm da Camellia sinensis. Exemplos incluem camomila, hortelã, erva-cidreira, erva-doce e hibisco.
Cafeína: Geralmente, infusões não contêm cafeína, tornando-as uma boa opção para quem quer evitar esse estimulante.
Benefícios: Dependem dos ingredientes usados. Por exemplo, a camomila é conhecida por suas propriedades calmantes, enquanto a hortelã pode ajudar na digestão.
Preparação
Tanto chás quanto infusões são preparados com a imersão das folhas ou partes das plantas em água quente. No entanto, a temperatura da água e o tempo de infusão podem variar dependendo da planta para otimizar o sabor e as propriedades da bebida.
Em resumo, o chá vem exclusivamente da Camellia sinensis e pode conter cafeína, enquanto as infusões são mais diversificadas em termos de ingredientes e geralmente não contêm cafeína.
Tisanas
As tisanas são preparações feitas à base de ervas, flores, folhas, raízes, cascas ou frutos de plantas, geralmente preparadas através de infusão, decocção ou macerado em água quente ou fria. O termo é frequentemente usado como sinónimo de infusões, mas pode ter um significado mais amplo, englobando diferentes métodos de extração dos princípios ativos das plantas.
Características das Tisanas:
Sem cafeína – Ao contrário do chá (que vem da planta Camellia sinensis), as tisanas não contêm cafeína, tornando-as uma opção mais relaxante e versátil.
Diversidade de ingredientes – Podem incluir ervas medicinais (como camomila, hortelã), frutas secas, especiarias (como canela) e até flores (como hibisco ou lavanda).
Uso terapêutico – Muitas tisanas são utilizadas na medicina natural para tratar ou aliviar condições como ansiedade, insónia, problemas digestivos, resfriados e inflamações.
Preparação variada
Infusão – Para partes delicadas como folhas e flores.
Decocção – Para partes mais duras, como raízes e cascas.
Macerado – Deixar os ingredientes em água fria por horas (ideal para extrair certos compostos sensíveis ao calor).
Exemplos de Tisanas
Calmantes: Camomila, erva-cidreira, flor de laranjeira.
Digestivas: Hortelã, gengibre, erva-doce.
Diuréticas: Cavalinha, hibisco, barbas de milho.
Imunológicas: Pau d’arco, equinácea, gengibre com limão.
Benefício principal
As tisanas são altamente personalizáveis, podendo ser misturadas de acordo com o gosto ou a necessidade terapêutica de cada pessoa. Assim, as tisanas representam uma prática tradicional e natural de cuidado com a saúde e bem-estar.
Chás infusões e tisanas propriedades e efeitos adversos
Propriedades terapêuticas e interações com medicamentos
De seguida descrevo as propriedade medicinais mais relevantes e as interações medicamentosas mais perigosas.
O chá verde, rico em catequinas com forte ação antioxidante, pode interferir na eficácia de anticoagulantes, elevando o risco de formação de coágulos sanguíneos.
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramentos devido à presença de vitamina K (especialmente chá verde).
Medicamentos para ansiedade e insónia: Pode aumentar os efeitos adversos devido à cafeína.
Infusões
Descrevo de seguida as principais infusões com efeitos medicinais, respetivas propriedades terapêuticas e interações medicamentosas.
Camomila
Camomila propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, anti-inflamatório, auxilia na digestão.
Interações com medicamentos :
A camomila, conhecida pelas suas propriedades digestivas e sedativas, pode potencializar os efeitos de anticoagulantes orais, aumentando o risco de hemorragias. Além disso, em doses elevadas, pode causar paralisia dos músculos lisos do aparelho digestivo, útero e bexiga.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos de medicamentos como os inibidores da MAO.
Cidreira
Cidreira propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, melhora a digestão, alivia ansiedade.
Interações com medicamentos :
A Cidreira com o sedativo pentobarbital, potencializa o efeito do medicamento. Não é recomendado para hipotensos (pressão baixa).
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Tiróide: Pode interferir no funcionamento da tiróide em doses elevadas.
Flor de Tília
Tília propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, diurético leve, ajuda na insónia, ansiedade e problemas respiratórios (tosse e resfriados).
Interações com medicamentos :
Sedativos – Pode intensificar o efeito sedativo.
Diuréticos – Pode aumentar o efeito diurético.
Limão
Limão propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Refrescante, antioxidante, auxilia na digestão.
Interações com medicamentos:
Medicamentos para pressão arterial: Pode potencializar o efeito anti-hipertensivo.
Antiácidos: Pode alterar a absorção.
Sene
Sene propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Laxante poderoso, usado para tratar obstipação.
Interações com medicamentos :
Laxantes: Pode causar perda excessiva de eletrólitos se usado com outros laxantes.
Diuréticos: Pode aumentar o risco de desequilíbrio eletrolítico.
Medicamentos cardíacos: Pode interferir devido à perda de potássio, afetando o funcionamento cardíaco.
A erva-de-São-João, frequentemente utilizada para tratar sintomas de depressão leve, pode interagir com antidepressivos, como a sertralina, levando a efeitos colaterais como sedação excessiva e depressão do sistema nervoso central.
Antidepressivos: Pode causar síndrome serotoninérgica se combinado.
Anticoncepcionais: Pode reduzir a eficácia.
Anticoagulantes: Pode diminuir a eficácia.
Imunossupressores: Pode reduzir a eficácia de medicamentos como a ciclosporina.
O chá de gengibre, embora popular por causa das suas propriedades anti-inflamatórias, pode aumentar o risco de sangramento quando consumido em grandes quantidades juntamente com anticoagulantes.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Hipoglicemiantes: Pode potencializar o efeito, causando hipoglicemia.
Jasmim
Jasmin propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Relaxante, melhora o humor, antioxidante.
Interações com medicamentos : Pode potencializar o efeito de sedativos e ansiolíticos.
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode aumentar o risco de sangramento.
Diuréticos: Pode potencializar o efeito diurético.
Frutos Vermelhos
Frutos vermelhos framboesas propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Antioxidante, anti-inflamatório, fortalece o sistema imunológico.
Interações com medicamentos: Geralmente, tem menos interações, mas em quantidades elevadas, pode interferir na absorção de certos medicamentos.
Cavalinha
Cavalinha propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Diurético, adstringente, rico em sílica (bom para ossos e unhas), ajuda no tratamento de infeções urinárias e retenção de líquidos.
Interações com medicamentos:
Diuréticos: Pode intensificar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
Antihipertensivos:Pode diminuir excessivamente a pressão arterial.
Lítio: Pode alterar a excreção do lítio, aumentando o risco de efeitos colaterais.
Flor de Laranjeira
lor de laranjeira propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, sedativo leve, ajuda na ansiedade, insônia e problemas digestivos.
Interações com medicamentos :
Sedativos: Pode intensificar o efeito sedativo.
Antidepressivos: Pode interagir com inibidores da MAO (raro, mas possível).
Limonete (Erva-Luísa)
Limonete (Erva -Luísa) propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Calmante, digestivo, antioxidante, alivia cólicas e problemas gastrointestinais.
Interações com medicamentos :
Sedativos:Pode potencializar o efeito sedativo.
Medicamentos gastrointestinais: Pode alterar o pH gástrico e interferir na eficácia de alguns medicamentos.
Macela Cabeças
Macela propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Anti-inflamatório, calmante, digestivo, ajuda a aliviar dores de estômago e cólicas.
Interações com medicamentos :
Anticoagulantes:Pode aumentar o risco de sangramento.
Medicamentos gastrointestinais: Pode potencializar ou interferir no efeito.
Malvas
Malva propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Emoliente, calmante, expetorante, ajuda em problemas respiratórios, digestivos e na inflamação das mucosas.
Interações com medicamentos :
Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose no sangue.
Medicamentos respiratórios: Pode potencializar o efeito mucolítico.
Pau d’Arco
Pau D´’arco propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Antifúngico, anti-inflamatório, antioxidante, fortalece o sistema imunológico, usado no tratamento de infeções e doenças crónicas.
Interações com medicamentos :
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
Imunossupressores:Pode reduzir a eficácia.
Antidiabéticos: Pode interferir nos níveis de glicose.
Quebra-Pedra
Quebra-pedra propriedades e efeitos adversos
Propriedades: Diurético, ajuda no tratamento de cálculos renais, anti-inflamatório, protetor hepático.
Interações com medicamentos:
Diuréticos: Pode aumentar o efeito, causando desequilíbrios eletrolíticos.
Antihipertensivos: Pode reduzir excessivamente a pressão arterial.
Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a hipoglicemia.
Equinácea
Equinácea propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Fortalece o sistema imunitário;
Previne e trata resfriados e gripes;
Antiviral e antibacteriano;
Anti-inflamatório, útil em infecções respiratórias e problemas de pele.
Interações com medicamentos:
Imunossupressores;
Pode reduzir a eficácia de medicamentos como ciclosporina, tacrolimus e corticosteroides;
Medicamentos para alergias: Pode aumentar o risco de reações alérgicas em pessoas sensíveis;
Anticoagulantes/antiplaquetários: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
Observação: Não é recomendado para uso prolongado (geralmente até 10-14 dias) ou para pessoas com doenças autoimunes.
Canela
Canela propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Antioxidante;
Anti-inflamatória e antimicrobiana;
Ajuda no controle da glicemia (reduz os níveis de açúcar no sangue);
Estimula a circulação e pode ajudar na digestão.
Interações com medicamentos:
Anticoagulantes (ex.: varfarina);
Pode aumentar o risco de sangramentos, especialmente com o uso de Cinnamomum cassia devido ao alto teor de cumarina;
Medicamentos para diabetes – pode potencializar a redução de glicemia, causando hipoglicemia;
Antibióticos e hepatotóxicos – pode sobrecarregar o fígado em doses elevadas ou prolongadas;
Observação: O consumo em quantidades moderadas é seguro; evite o uso excessivo, especialmente da canela-cássia.
Lavanda
Lavanda propriedades e efeitos adversos
Propriedades
Calmante, sedativa e relaxante;
Ajuda na ansiedade, insônia e tensão nervosa;
Antiespasmódica, útil para aliviar dores musculares e cólicas;
Antisséptica, pode ser usada externamente para pequenas feridas e irritações na pele.
Interações com medicamentos:
Sedativos (ex.: benzodiazepinas, barbitúricos);
Pode intensificar o efeito sedativo, causando sonolência excessiva;
Antidepressivos:Pode potencializar o efeito calmante, o que pode levar à sonolência;
Anticonvulsivantes: Pode interferir na eficácia ou intensificar os efeitos de medicamentos para convulsões;
Observação: Geralmente segura quando consumida em doses moderadas. Evitar o uso excessivo em crianças pequenas e mulheres grávidas sem orientação.
Carqueja
Carqueja propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Digestiva;
Hepatoprotetora (auxilia na proteção e desintoxicação do fígado);
Diurética (ajuda na eliminação de líquidos e no funcionamento renal).
Anti-inflamatória e antioxidante;
Ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue e é utilizada tradicionalmente no controle da diabetes.
Interações com medicamentos:
A Carqueja potencia o efeito do lítio (usado em medicamentos que controlam a depressão);
Medicamentos para diabetes: Pode potencializar a redução da glicose, causando hipoglicemia;
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento devido às suas propriedades circulatórias;
Anti-hipertensivos: Pode intensificar o efeito, levando à hipotensão.
Louro
Louro propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Digestiva (ajuda em casos de má digestão e gases);
Antisséptica;
Antimicrobiana;
Anti-inflamatória, útil para aliviar dores articulares;
Calmante, podendo ajudar em situações de ansiedade leve.
Interações com medicamentos
Sedativos;
Pode aumentar a sonolência quando combinado com medicamentos como benzodiazepinas;
Anticoagulantes: Pode interferir na coagulação, aumentando o risco de hemorragias;
Antidiabéticos: Pode reduzir a glicose no sangue, exigindo monitorização para evitar hipoglicemia.
Ashwagandha
Ashwagandha propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Adaptogénica, ajuda o corpo a lidar com o estresse.
Reduz a ansiedade e melhora a qualidade do sono.
Aumenta a energia, reduzindo o cansaço.
Anti-inflamatória, útil para dores musculares e articulares.
Interações com Medicamentos:
Sedativos: Pode intensificar os efeitos de medicamentos para ansiedade e insónia.
Imunossupressores: Pode interferir, já que estimula o sistema imunológico.
Medicamentos para a tiroide: Pode potencializar o efeito de medicamentos para hipotireoidismo, causando hiperatividade da tiroide.
Observação: Deve ser evitada por grávidas ou lactantes sem orientação médica.
Cogumelo juba-de-leão (Lion’s Mane)
Cogumelo juba-de-leão (Lion´s Mane) propriedades e efeitos adversos
Propriedades:
Neuroprotetora (ajuda a melhorar a memória e a cognição).
Estimula a produção de fator de crescimento nervoso (NGF), auxiliando na regeneração neuronal.
Anti-inflamatória e antioxidante.
Melhora a saúde gastrointestinal.
Interações com Medicamentos:
Antidepressivos: Pode potencializar os efeitos devido à estimulação da regeneração nervosa.
Medicamentos imunossupressores: Pode interferir devido ao efeito estimulante no sistema imunológico.
Anticoagulantes: Pode aumentar o risco de sangramento.
Observação: Geralmente bem tolerado, mas deve ser consumido com precaução em pessoas com condições autoimunes.
Matcha (chá)
Nome Científico:Camellia sinensis (derivado das folhas do chá verde, moídas em pó)
Propriedades:
Rico em antioxidantes (catequinas) que combatem o envelhecimento celular.
Aumenta a energia e a concentração devido ao teor de cafeína e L-teanina.
Auxilia no metabolismo e pode ajudar na perda de peso.
Melhora a função cerebral e é anti-inflamatório.
Interações com Medicamentos:
Estimulantes (ex.: anfetaminas): Pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Anticoagulantes: O teor de vitamina K pode reduzir a eficácia de medicamentos como a varfarina.
Antidepressivos: Pode interagir com medicamentos que atuam no sistema nervoso central.
Observação: Evitar o consumo em excesso para prevenir insónia, palpitações ou irritabilidade.
Chá Imperial
Propriedades: Pode variar dependendo da composição, mas geralmente inclui uma mistura de ervas como chá verde, ginseng, jasmim, etc., focando em benefícios como antioxidantes, melhora da energia e da função cerebral.
Interações: Depende dos ingredientes específicos. Pode ter interações semelhantes às do chá verde (cafeína, anticoagulantes) e ginseng (anticoagulantes, estimulantes).
Essas infusões, especialmente as mais potentes como o sene e o barbas de milho, devem ser usadas com cautela, especialmente em combinação com medicamentos. Consultar um profissional de saúde antes de incluí-las na rotina é sempre recomendável para evitar interações adversas.
Tisanas – combinações terapêuticas
Aqui estão algumas sugestões de combinações de tisanas específicas para diferentes finalidades. Cada uma delas é composta por ingredientes que trabalham em sinergia para promover os efeitos desejados:
Relaxamento e Insónia 🌙
Ingredientes:
Camomila (Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile)
Erva-cidreira (Melissa officinalis)
Flor de laranjeira (Citrus aurantium)
Lavanda (Lavandula angustifolia) (opcional, para aroma e efeito relaxante)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 250 ml de água quente por 5-7 minutos. Beba antes de dormir.
Digestão e alívio de Cólicas 🍵
Ingredientes:
Hortelã-pimenta (Mentha piperita)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Gengibre (Zingiber officinale)
Limonete (Aloysia citrodora)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada ingrediente em 300 ml de água quente. Deixe em infusão por 5-8 minutos. Pode tomar após as refeições.
Imunidade melhorada 💪
Ingredientes:
Pau d’arco (Tabebuia impetiginosa)
Gengibre (Zingiber officinale)
Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
Canela em pau (Cinnamomum verum)
Modo de preparação: Faça uma decocção: ferva 1 colher de chá de pau d’arco e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione gengibre e hibisco e deixe em infusão por 5 minutos. Coe e beba quente.
Desintoxicação e retenção de líquidos 💧
Ingredientes:
Cavalinha (Equisetum arvense)
Barbas de milho (Zea mays)
Hibisco (Hibiscus sabdariffa)
Pés de cereja (Prunus avium)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada ingrediente em 500 ml de água quente por 8-10 minutos. Beba ao longo do dia.
Stresse e ansiedade 🌼
Ingredientes:
Flor de tília (Tilia cordata)
Jasmim (Jasminum officinale)
Camomila (Matricaria chamomilla)
Limonete (Aloysia citrodora)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Adoce com mel, se desejar.
Problemas renais e cálculos (Pedras nos Rins) 💎
Ingredientes:
Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)
Cavalinha (Equisetum arvense)
Barbas de milho (Zea mays)
Modo de preparação: Faça uma infusão de 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente por 8 minutos. Tome 2-3 vezes ao dia, conforme orientação médica.
Resfriados e tosse 🤧
Ingredientes:
Gengibre (Zingiber officinale)
Malvas (Malva sylvestris)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Canela em pau (Cinnamomum verum)
Modo de preparação: Ferva gengibre e canela por 10 minutos. Retire do fogo, adicione malvas e erva-doce, e deixe em infusão por 5 minutos. Beba quente.
Regular o intestino (obstipação) 🌱
Ingredientes:
Sene (Cassia angustifolia) (usar com moderação)
Erva-doce (Foeniculum vulgare)
Hortelã (Mentha spicata)
Modo de preparação: Use 1 colher de chá de cada erva em 300 ml de água quente. Infusão por 5-7 minutos. Tome ocasionalmente, pois o uso contínuo do sene pode causar dependência.
Concluindo
Estas combinações de plantas em chá, infusão ou tisana, devem ser ajustadas ao teu gosto e necessidades terapêuticas, sendo sempre recomendável consultar o médico ou farmacêutico antes de usar ervas para qualquer condição de saúde que te afete, especialmente se está grávida, se tem diagnósticos de doenças graves, se toma algum medicamento importante e/ou é um polimedicado ou seja se toma 4 ou mais medicamentos, para que se analise possíveis interações com as plantas, que tanto podem aumentar como diminuir o efeito terapêutico desses medicamentos.
Fibromialgia qual o melhor tratamento, pontos de dor, sintomas e estigmas sociais. Quais os sinais? Quais as causas e fatores de risco? Quais os tratamentos mais eficazes? Que hábitos diários podem ajudar a melhorar? O que nunca deve comer? Porque são muitas vezes mal interpretados os doentes pela sociedade? Por desconhecimento da realidade clínica, muitas vezes as doentes são “rotuladas” de preguiçosas pelos colegas de trabalho e até por algumas pessoas de família… o que é psicologicamente muito duro de aceitar!
A fibromialgia é um síndrome crónico caracterizado por queixas dolorosas neuromusculares difusas e pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas. A fibromialgia é uma das doenças reumáticas com maior incidência na atualidade. É uma doença crónica invisível, sobre a qual ainda há muito por saber. A fibromialgia não tem tratamento específico e é capaz de provocar dores intensas, no entanto mantém-se até hoje num relativo anonimato, ao qual não será alheio o facto de apenas ter sido reconhecida como doença pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1970.
Prevalência
Estima-se que atinja entre 2 e 8% da população adulta global e ainda que esteja em clara expansão.
Fibromialgia qual a história desta doença?
Já Hipócrates descreve a dor músculo-esquelética difusa. Os principais pontos históricos da doença, por ordem cronológica, são os seguintes:
1824, Balfour faz a associação entre reumatismo e pontos dolorosos;
1880, Beard classifica como Mielastenia uma síndroma com as características da Fibromialgia;
No início do séc xx, Growers introduz o termo “Fibrosite”por supor (algo nunca comprovado), que se trataria de alterações fibromusculares;
1972, Moldofsky identifica as perturbações do sono Nrem;
1977, Smythe e Moldofsky associam a presença de dor crónica e generalizada com pontos dolorosos em locais previsíveis e sono não reparador;
1990, o Colégio Americano de Reumatologia define os critérios de diagnóstico ainda agora utilizados.
Causas fisiopatológicas
Especula-se, ainda, acerca da origem da doença. Sabe-se que os doentes de fibromialgia apresentam:
Diminuição de serotonina e ácido 5 – Hidroxindolacético no LCR (líquido cefalorraquidiano) e no plasma;
Elevação da substância P no LCR (líquido cefalorraquidiano);
Hipovascularização de algumas regiões cerebrais;
Alterações no EEG (eletroencefalograma) de sono noturno, na fase NREM (fase de sono profundo onde ocorrem os sonhos);
Hipertonia simpática,
Alterações da memória recente.
Existem ainda outras alterações, mas todas elas são comuns a outras patologias. O mais provável é que seja uma causa multifatorial.
Fatores de risco
Embora não sejam conhecidas, com rigor, as causas da fibromialgia, sabe-se que as mulheres são quase 10 vezes mais afetadas que os homens. Na verdade, 80 a 90% dos casos diagnosticados são de mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos. Supõe-se, por outro lado, que o desenvolvimento da doença também possa ser influenciado por fatores como:
O sintoma predominante da fibromialgia é a dor muscular. Surgindo, na maior parte dos casos, de forma generalizada mas centrando-se posteriormente em regiões específicas, como o pescoço ou a região lombar, esta assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante. Pode, no entanto, fazer-se acompanhar por outros sintomas, como:
Perturbações de sono, presentes em cerca de 70% dos doentes, piorando as dores nos dias que dormem pior. Os registos eletroencefalográficos podem apresentar alterações relacionadas com as perturbações do sono.
Fadiga constante, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico. Quando o sintoma dominante é a fadiga a doença tem sido designada por Síndroma da Fadiga Crónica;
Os sintomas podem, no entanto, variar em intensidade e até mesmo desaparecer e reaparecer de forma esporádica, consoante a hora e o dia, os níveis de stresse e ansiedade ou as mudanças de temperatura. Também podem ser agravados com a atividade física exagerada ou desequilibrada.
Há relatos de casos de fibromialgia que começam depois de uma infeção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.
Existem estudos que mostram que pessoas com esta doença, apresentam alterações nos níveis de algumas substâncias importantes, particularmente:
Dor crónica generalizada, com evolução de, pelo menos, 3 meses, abrangendo a parte superior e inferior do corpo, lado direito e esquerdo, assim como o esquerdo axial.
Dor à pressão, em, pelo menos, 11 de 18 pontos predefinidos, a saber:
Ponto occipital – Bilateral, nas inserções do músculo sub-occipital.
Ponto cervical inferior – Bilateral, na face anterior dos espaços intertransversários de C5 e C7
Ponto trapézio – Bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo.
Ponto supra espinhoso – Bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata, junto do bordo interno.
Ponto 2ª costela – Bilateral, na junção costo-condral da 2ª costela, imediatamente para fora da junção e na face superior.
Ponto epicôndilo – Bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo.
Ponto glúteo – Bilateral, no quadrante superior externo da nádega, no folheto anterior do músculo.
Ponto grande trocanter – Bilateral, posterior à proeminência trocantérica.
Ponto Joelho – Bilateral, na almofada adiposa interna, acima da interlinha articular.
Pontos dolorosos
Os pontos dolorosos não são de dor espontânea.
A sua pesquisa deve ser efetuada com uma pressão digital de 4kg.
A dor não deve irradiar.
Manifestações Características
Fadiga crónica,
Sono não reparador,
Parestesias,
Rigidez (sobretudo matinal),
Edema subjetivo,
Cefaleias,
Síndroma de colon irritável,
Fenómeno de Raynaud,
Depressão/ansiedade,
Hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura ( tipo síndroma gripal).
O diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames subsidiários caracteristicamente positivos na fibromialgia.
Doenças e diagnósticos diferenciais
Tendo em consideração que os sintomas de fibromialgia são comuns a outras doenças que têm tratamento diferente, sendo que algumas são potencialmente graves em termos de sobrevida, é necessário descartar ou confirmar, previamente, de forma clara a presença, simultânea ou não, das seguintes doenças:
Artrite reumatoide;
Lupus eritematoso sistémico;
Espondilite anquilosante;
Polimiosite;
Síndroma de Sjörgen;
Polimialgia reumática;
Osteomalacia ;
Osteoporose;
Doença vertebral degenerativa;
Síndroma de dor miofascial;
Hipotiroidismo;
Hipertiroidismo;
Hiperparatiroidismo;
Síndrome paraneoplásico;
Miopatia metabólica;
Metastização tumoral;
Mieloma múltiplo,
Polineuropatias;
Doença de Parkinson;
Sarcoidose;
Infeções víricas;
Neuroses;
Psicoses;
Ansiedade;
Depressão.
Qualquer destas patologias pode coexistir com a Fibromialgia.
Tratar a fibromialgia
Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco específico para a doença. Existem, no entanto, medicamentos e técnicas que podem ajudar a aliviar os sintomas, principalmente as dores, a saber:
Analgésicos;
Relaxantes musculares;
Antidepressivos;
Massagens;
Técnicas de relaxamento.
Tratamento qual o melhor?
O primeiro passo é acreditarmos no sofrimento do doente! Seguidamente, envolver o doente no seu tratamento. Cada sujeito ativo compreendendo e colaborando na responsabilidade do Sucesso / Insucesso.
Deve frisar-se que se trata de uma doença crónica e que o tratamento visa, não a ausência de sintomas, mas o seu controlo. Também teremos que estar preparados para Adaptar os esquemas terapêuticos à evolução das queixas. O tratamento é sempre individual.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico inclui os seguintes medicamentos:
Amitriptilina, em doses baixas ( 10mg – 25mg/ dia),
Fluoxetina (antidepressivo),
Diazepam e outros mio relaxantes (relaxantes musculares),
Ansiolíticos,
Indutores do sono,
Antiepiléticos, (topiramato em doses até 75mg/dia tem-se mostrado útil),
Analgésicos como o paracetamol, com e sem codeína, os salicilatos, o tramadol, revelam alguma eficácia.
Os corticosteroides, devido aos efeitos secundários e à quase ineficácia, são de evitar!
Tratamento Psiquiátrico
O apoio psiquiátrico nunca deve ser de descurar, sempre que se revele necessário, sob a orientação de médico psiquiatra com experiência em dor.
Psicoterapia Coadjuvante
Particularmente útil nas áreas Cognitiva / Comportamental:
Aprender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
Técnicas de Bio Feedback têm-se mostrado úteis.
Fisioterapia é possível
Sim mas apenas quando individualizada e efetivada por técnicos com experiência nestes doentes.
Exercício Físico adequado
Fundamental, o exercício físico mais indicado é adaptado às condições do doente. Aconselha-se, essencialmente:
Caminhada,
Natação (sem grande esforço), em ambientes agradáveis e tépidos.
É importante não descurar o Exercício Físico, porque a inação para que tendem os doentes de Dor Crónica, acarreta consequências psíquicas e físicas como:
Depressão,
Obesidade,
Atrofia Muscular,
Osteoporose,
Artralgias,
Estas são situações que acabam também e por si só, gerar doença.
Alimentação faz toda a diferença
Não existem dúvidas que a alimentação pode ter uma influência extraordinária na evolução e sintomatologia da doença. Cada doente deve tentar identificar principalmente os alimentos que fazem piorar a sua condição de saúde.
No geral deve evitar todos os alimentos fabricados e embalados pois quase sempre tem aditivos alimentares artificiais e teores de açúcar demasiado elevados.
Entre os mais importantes vale a pena estar atento e se necessário eliminar da alimentação diária os seguintes:
Aditivos alimentares artificiais como o Glutamato monossódico (MSG) e o Aspartame
Glúten
Açúcares
Enchidos
Alimentos fritos que contêm gorduras saturadas de má qualidade
Álcool
Também o excesso de peso parece piorar sempre os sintomas dolorosos associados à fibromialgia.
Nutrição e estudos sobre fibromialgia
Os seguintes estudos alertam para a importância do cuidado alimentar para mitigar os sintomas da fibromialgia, a saber:
Adaptar o seu estilo de vida aos sintomas da doença é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim deve tentar aplicar os seguintes hábitos diários:
Evite o stresse;
Pratique exercício físico (com um programa adaptado às suas capacidades);
Como em qualquer outra doença dolorosa crónica e tendencionalmente incapacitante, estes doentes apresentam-se muito queixosos, com níveis de autoestima baixos, angustiados, revoltados, não compreendidos e uma história de grande dificuldade em gerir a sua vida familiar, laboral e social.
Família do doente como reage?
A família é um fator primordial, para o melhor e para o pior, na evolução destes doentes. Muitas vezes não colabora, acusando o doente de “preguiçoso”, “piegas” ou “desequilibrado” emocionalmente. Normalmente, após elucidado, o agregado familiar passa a colaborar, sendo de grande importância, pelo suporte que pode dar ao doente. Por vezes, a própria família precisa de Apoio.
Local de trabalho o que acontece?
Devido às características da doença, a produtividade diminui, o que, muitas vezes, acarreta acusações dos colegas e superiores hierárquicos, criando um meio hostil. Devem-se diminuir os níveis de Stress do doente, respeitando os seus Ritmos de trabalho e/ou mudando de Actividade profissional.
Sociedade como são tratados os doentes?
Normalmente, a incapacidade inerente à doença implica uma marcada diminuição da quantidade e qualidade da Vida Social destes doentes, assim como um aumento de gastos com o consumo de Serviços de Saúde e da Segurança Social, com faltas ao trabalho e Reformas precoces.
O Estado português ainda não facilita a estes doentes os direitos que lhes deveriam ser atribuídos, de acordo com o reconhecimento da patologia já existente, revelando-se duplamente penalizante para o doente e agregado familiar.
Concluindo
Se suspeita que pode sofrer de fibromialgia, consulte o seu médico assistente ou o seu reumatologista. O diagnóstico faz-se quando a dor existe por mais de três meses em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo. Entretanto, realizam-se exames para excluir outras doenças que possam causar as queixas.
Se, infelizmente, já é um doente fibromialgico então não se acomode, adote um estilo de vida saudável com exercício físico e alimentação adequados. Vá ao médico acompanhado por alguém da sua família para que esta fique bem informada sobre a doença e possa dispensar-lhe o apoio positivo que é essencial para evitar outras perturbações psicológicas muitas vezes associadas à doença.
Falarei também da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,queé uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
Herpes, o que é?
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), qual a diferença?
Quais as principais doenças provocadas pelos vírus da família herpes?
Herpes simples tipos 1 e 2, que partes do corpo afetam?
Qual a causa do herpes labial, oral, genital, face, ocular e cerebral?
Qual a prevalência na população?
Quais os fatores de risco que causam novas crises?
Quais os sintomas?
Quais os sintomas que antecedem e “avisam” que vai chegar nova crise de herpes?
Quais as zonas do corpo que podem ser afetadas por outros vírus da família herpes?
Como se transmite?
Onde se esconde o vírus?
Qual o período de incubação?
Em que altura da vida se contraem os mais comuns vírus da família herpes?
Qual o melhor tratamento e medicamentos usados?
Herpes labial, qual o tratamento?
Aciclovir, quais as reações adversas mais comuns?
Herpes: Será que tem cura?
Quais as lesões parecidas com herpes?
Herpes, quais as complicações possíveis?
Mononucleose ou “doença do beijo”, o que é? Quais as causas? Como proteger-se? Qual o tratamento?
Mononucleose, será que já sabe tudo?
Varicela ou catapora: O que é? Quais os sintomas? Será perigosa?
Quais as complicações da Varicela?
Varicela, se estiver grávida o que deve fazer?
Os sintomas são mais graves na criança ou no adulto?
Varicela, qual o aspeto das borbulhas?
Varicela, como impedir que a criança coce?
Quais as fases da doença?
A varicela pode provocar zona?
Varicela, qual o tratamento?
Existe vacina para a varicela?
Zona: O que é?
Zona: Quais as causas?
Qual a prevalência na população?
Quais os sintomas da zona?
Quais as complicações da zona?
A zona é contagiosa?
Zona, qual o tratamento?
Zona, existe vacina?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Herpes o que é?
O herpes é um vírus comum que pode atingir diversas partes do corpo consoante o seu subtipo. O herpes labial e o genital são infeções virais contagiosas causadas por dois dos subtipos de vírus da família do Herpes vírus humano, composta por 8 subtipos diferentes. Dois dos mais conhecidos e relevantes são os seguintes:
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
Vírus da família Herpes, principais doenças
Cada subtipo do vírus causa doenças completamente distintas umas das outras, tais como:
Herpes labial ( vírus HSV-1);
Herpes genital (vírus HSV-2);
Herpes ocular (vírus HSV-1);
Mononucleose infeciosa ou “Doença do beijo” (vírus Epstein Barr, da família do herpes);
Varicela, no Brasil chama-se catapora (Vírus varicela-zoster, da família do herpes);
Zona (vírus herpes zoster);
Meningoencefalite, pode ser muito grave (vírus HSV-1).
O Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são duas espécies da família do vírus Herpesviridae, responsáveis por infeções em humanos. Todos os vírus da família herpes produzem infeções latentes.
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HVS-2)
As principais diferenças entre HSV-1 e HSV-2 são as seguintes:
HSV-1 costuma causar o herpes labial,
HSV-2 é, em geral, responsável pelo herpes genital.
Deve dizer-se em geral porque como a prática de sexo oral é muito comum, não é raro encontrarmos lesões orais pelo HSV-2 e lesões genitais pelo HSV-1.
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes labial, boca, face, ocular e cérebro
Normalmente associado a infeções dos lábios, da boca e da face. Esse é o vírus mais comum de herpes simples e muitas pessoas têm o primeiro contacto com este vírus na infância. O HSV1 frequentemente causa feridas (lesões) nos lábios e no interior da boca, como aftas, ou infeção do olho (principalmente na conjuntiva e na córnea) e também pode levar a uma infeção no revestimento do cérebro (meningoencefalite). Pode ser transmitido por meio de contacto com a saliva infetada.
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes genital e oral
Normalmente transmitido sexualmente, o HSV-2 provoca comichão e bolhas ou mesmo úlceras e feridas genitais. Entretanto, algumas pessoas com HSV-2 não apresentam quaisquer sinais (latência). A infeção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 pode acontecer se houver contacto oral-genital. Isto é, pode-se contrair herpes genital na boca ou herpes oral na área genital.
Prevalência na população
Herpes labial e genital
Um em cada cinco adultos é portador do HSV-2 e mais da metade da população tem o HSV-1. Porém, muitos portadores não apresentam sintomas.
A infeção pelo Herpes simplex é recorrente, ela vai e volta espontaneamente. Isto ocorre porque o vírus “esconde-se” dentro das células do sistema nervoso impedindo que as defesas do organismo consigam eliminá-las completamente. Quem tem Herpes uma vez, terá herpes o resto da vida.
Fatores de risco que causam nova crise
Herpes labial e genital
De vez em quando o vírus volta a manifestar-se, normalmente em períodos de fragilidade do nosso sistema imunitário. Alguns fatores que podem induzir crises são conhecidos, a saber:
Exposição solar intensa,
Stress emocional,
Menstruação,
Traumas, etc.
A frequência das recorrências é individual.
Sintomas
Herpes labial e genital
A primeira lesão de herpes costuma ser a mais sintomática, por ainda não termos anticorpos formados. Em geral, o quadro é o seguinte:
Múltiplas vesículas (pequenas bolhas) agrupadas, com áreas de inflamação na base e ao redor;
Aftas ou úlceras geralmente na boca, nos lábios, nas gengivas ou nos genitais;
Lesões dolorosas que podem ser acompanhadas de mal estar;
Gânglios ou nódulos linfáticos aumentados no pescoço ou na virilha (geralmente somente no momento inicial da infeção)
Febre especialmente durante o primeiro episódio de infeção;
Lesões genitais ou mesmo orais podem começar com uma sensação de queimadura ou formigueiro.
Sintomas que antecipam nova crise
As recorrências costumam ser menos sintomáticas e mais curtas. Normalmente apresentam alguns sintomas que “avisam” algumas horas antes das vesículas que as lesões do herpes vão reaparecer. Alguns desses sintomas de aviso são os seguintes:
Dor,
Formigueiro ou prurido (comichão) local.
As vesículas podem romper-se, formando pequenas ulcerações que lembram aftas.
Partes do corpo que podem ser afetadas
O HSV-1 e o HSV-2 têm mais afinidade pela mucosa oral e genital, respetivamente. Porém, podem causar infeções em outras partes do corpo, por exemplo:
Estas infeções mais graves costumam ocorrer em doente com imunossupressão como na SIDA (AIDS) e nos transplantados. Uma outra complicação das infeções pelo Herpes vírus é a paralisia facial, chamada de paralisia de Bell.
Transmissão e contágio
A transmissão do herpes ocorre por contacto íntimo com a área infetada. O Herpes vírus é muito contagioso; o período de maior risco de transmissão é durante as crises e nos 2 dias que a antecedem, podendo também ocorrer mesmo quando não há lesões aparentes. Alguns pacientes secretam o vírus mesmo fora das crises, podendo transmiti-lo a qualquer momento, principalmente no HSV-2.
Onde se esconde o vírus?
O herpes vírus sobrevive poucas horas fora de um organismo vivo. Por isso é encontrado principalmente nas seguintes localizações:
Lesões herpéticas,
Saliva,
Sêmen,
Secreções vaginais,
Objetos, como copos e talheres mas é menos comum, uma vez que o vírus com dificuldade fora dos organismos vivos.
Período de incubação
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de 4 dias, em média.
Em que altura da vida se contrai?
O Herpes simples genital é uma DST (doença sexualmente transmissível). Durante a fase ativa deve-se evitar atividade sexual, pois mesmo com o uso de preservativo há risco de contaminação.
O herpes labial (HSV-1) é normalmente adquirido durante a infância,
O herpes genital (HSV-2) é normalmente contraído na vida adulta.
Tratamento
Alguns casos de herpes são leves e não precisam de tratamento a não ser tratamentos tópicos. Mas pessoas que têm surtos graves ou prolongados (principalmente se for o primeiro episódio de infeção), que têm problemas no sistema imunológico ou aquelas que têm recorrência frequente talvez necessitem usar medicamentos antivirais em comprimidos.
Doentes com recorrências graves ou frequentes de herpes oral ou genital podem optar por continuar com os medicamentos antivirais, em comprimidos, para reduzir a frequência e a gravidade dessas recorrências.
Medicamentos
As lesões locais ligeiras não complicadas de herpes labial podem ser tratadas apenas com cremes de aplicação local. As lesões mais graves, extensas, com maior número de lesões, recorrentes ou em doentes imunodeprimidos devem ser tratadas com dosagens mais elevadas de antivirais, tomados por via oral, em comprimidos. Os medicamentos mais usados para o tratamento de herpes simplex, são:
Aciclovir 200 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®), 5xdia, durante 5 dias;
Aciclovir 800 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®)
Aciclovir creme (Zovirax®) 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Aciclovir+Hidrocortisona creme (ZoviDuo®), 5xdia, durante 4 a 5 dias;
Fanciclovir 125 mg (®)
Fanciclovir 500 mg (Penvir®)
O aciclovir com hidrocortisona (Zoviduo®) é normalmente utilizado no herpes labial nas crises com comichão.
O tratamento com antivirais, como o aciclovir, serve para reduzir o tempo de doença. Quanto mais precocemente forem iniciados, melhor a resposta. No herpes labial pode-se usar pomadas e no genital comprimidos.
Herpes labial, qual o tratamento?
O tratamento do herpes labial depende da gravidade das lesões e frequência das crises. Assim se forem crises pontuais com lesões pouco extensas basta a aplicação local de um creme com aciclovir, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Se lesões foram mais extensas, em maior número ou acontecerem com frequência o seu médico pode optar por uma tratamento mais agressivo, por via oral, com aciclovir 200mg, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Um dos aspetos mais importantes para diminuir a gravidade e extensão das crises é reconhecer ao longo do tempo os sintomas que antecedem o aparecimento das lesões tais como comichão e dor local. Assim que forme sentidos deve de imediato começar a aplicar localmente um creme com aciclovir. Este procedimento é o mais relevante para diminuir a gravidade e duração de uma crise de herpes labial.
Os pensos para o herpes labial são eficazes?
Os pensos disponíveis para o herpes labial não têm atividade antiviral como o aciclovir. Eles são no entanto úteis para cicatrizar mais rapidamente as feridas causadas pelas “borbulhas” do herpes, depois destas rebentarem. O tratamento ideal do herpes labial simples (não complicado) seria:
Aplicar um creme antiviral logo que existissem sintomas que antecedem o aparecimento de uma crise;
Continuar a aplicação do creme com aciclovir, 5xdia, durante 5 dias;
Quando as “borbulhas” rebentarem colocar os pensos sobre as feridas 3xdia, sem nunca deixar de aplicar o creme;
Os pensos não devem ser colocados ao mesmo tempo que o creme porque a aderência à ferida fica muito diminuída ou seja após a aplicação do creme aconselha-se um intervalo de pelo menos 1 a 2 horas para deixar que a absorção do aciclovir se faça e só depois aplicar o penso.
Aciclovir, reações adversas
No tratamento com aciclovir, entre 1% a10% dos doentes podem manifestar os seguintes efeitos secundários:
Dor de cabeça,
Tonturas,
Enjoos,
Vómitos,
Diarreia,
Dores abdominais,
Prurido ou comichão,
Vermelhidão/protuberâncias na pele que podem piorar com exposição solar,
Sensação de fadiga,
Febre.
Herpes tem cura?
O herpes não tem cura nem existe ainda vacina eficaz. O tratamento está realmente indicado nas lesões primárias e nos doentes imunossuprimidos. Nos outros casos, o tratamento não altera muito o curso da crise.
Lesões parecidas com herpes
Outros dois tipos de lesões genitais têm causado algum tipo de confusão com o Herpes. Ambas são assintomáticas e podem afetar a zona genital e a boca a saber:
Manchas de Fordyce, uma espécie de glândulas sebáceas. Não indicam qualquer tipo de doença.
Pápulas peroladas. Também não indicam nenhuma patologia e pode afetar homens e mulheres.
Complicações possíveis
Apesar de não ser uma doença grave, a herpes simples não tratada pode levar a algumas complicações de saúde, como:
Erupção variceliforme (herpes espalhada pela pele),
Encefalite,
Infeção do olho,
Infeção da traqueia,
Meningite,
Pneumonia,
Infeção prolongada grave em indivíduos com sistema imunitário debilitado ou imunossuprimidos.
Mononucleose ou doença do beijo o que é?
A mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo,é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens.
Sobre a Mononucleose vamos responder ás seguintes perguntas:
Porque se chama doença do beijo?
Mononucleose como se transmite o vírus?
Quanto tempo pode ficar o vírus no organismo depois dos sintomas desaparecerem?
Quem tiver contraído o vírus não deve beijar ninguém durante muitos meses?
O vírus da mononucleose é muito infecioso?
Quais os sintomas da mononucleose?
Como se diferencia da faringite comum?
A mononucleose provoca manchas no corpo?
É verdade que a mononucleose pode afetar com gravidade o baço?
O fígado pode ser afetado?
Que complicações menos comuns podem acontecer?
Quais os riscos para uma grávida que contraia a mononucleose?
O que é a síndrome de mononucleose?
Qual a diferença entre síndrome de mononucleose e a doença mononucleose infeciosa?
Quais as principais doenças que apresentam quadro de síndrome de mononucleose?
Como se faz o diagnóstico da mononucleose infeciosa?
A varicela ou catapora é uma doença de infância muito vulgar. Todos os anos afeta dezenas de milhar de crianças em Portugal, especialmente durante o Inverno e Primavera. É causada pelo vírus varicela-zoster, um membro da família do vírus herpes, o mesmo que causa herpes zoster (zona). Uma vez debelada, a varicela normalmente não reaparece, no entanto, o vírus permanece alojado no tecido nervoso como que adormecido (não ativo), podendo reativar-se mais tarde, causando zona.
A varicela ou catapora é perigosa?
Quando se detetam os primeiros sintomas é difícil prever até que ponto a varicela poderá ser grave. Apesar de a doença não ser normalmente perigosa em crianças saudáveis, causa mal-estar e pode levar ao absentismo das crianças à escola e dos pais ao emprego. Em crianças mais velhas e em especial nos adultos, os sintomas são normalmente mais graves e podem originar outros problemas.
Complicações
A varicela é uma doença predominantemente da infância, benigna e altamente contagiosa, com taxas de transmissão aos contactos suscetíveis de 61-100%1 . Pode contudo associar-se a complicações graves, associadas a sobre-infecção bacteriana , tais como:
Celulite,
Pneumonia,
Fasceíte,
Choque tóxico.
Pode também associar-se a complicações do próprio Vírus Varicela-zoster (VVZ), tais como:
Cerebelite,
Encefalite,
Pneumonia.
Estas ocorrem sobretudo em situações de imunodeficiência celular, mas também em crianças previamente saudáveis. Nas leucemias e transplante de órgão, cerca de 50% das crianças desenvolvem complicações com uma mortalidade global de 7 a 17% se não forem tratadas com aciclovir.
Se estiver grávida o que deve fazer?
A grávida pode estar sujeita a um risco mais elevado em relação ao aparecimento de complicações com o feto, pelo que deve evitar a exposição à doença. A infeção na grávida acarreta um risco adicional para a mulher, nomeadamente pela maior incidência de pneumonite que, sem tratamento, pode ser fatal em cerca de 40% dos casos . Também no feto, pode ocorrer a síndrome de Varicela Congénita e, no recém-nascido, varicela grave quando a doença materna se manifesta 5 dias antes ou 2 dias após o parto.
Sintomas
A sequência de aparecimento de sintomas é curiosa e é a seguinte:
O primeiro sintoma é febre ligeira;
Um ou dois dias mais tarde aparecem manchas vermelhas normalmente primeiro no couro cabeludo;
Mais tarde as manchas vermelhas espalham-se pela cara, tronco, axilas, braços, pernas, boca e por vezes na traqueia e brônquios.
Começa a surgir comichão.
Uma das caraterísticas diferenciadoras da varicela são as lesões no couro cabeludo ou seja se não existirem lesões na cabeça dificilmente será varicela!
A criança pode também queixar-se de:
Dores de cabeça,
Dores de garganta,
Gânglios linfáticos inflamados e dolorosos,
Dores de estômago,
Cansaço,
Perda de apetite.
Sintomas nas crianças e nos adultos
Crianças com menos de 10 anos têm sintomas mais moderados em relação às mais velhas e aos adultos. Os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves, com um aumento vinte vezes superior na mortalidade entre os 15 e os 44 anos.
Aspeto das borbulhas
São pequenas e vermelhas, provocam comichão e transformam-se em bolhas num curto espaço de tempo (horas). Estas bolhas cheias de líquido (vesículas) secam e formam crostas em alguns dias. Estas borbulhas aparecem durante 5 dias e a maioria forma crosta em 6 a 7 dias Por vezes as borbulhas deixam cicatrizes. É mais provável a formação de cicatrizes se as borbulhas infetarem. É importante impedir que a criança se coce para prevenir o aparecimento de cicatrizes.
Impedir que a criança coce as borbulhas
Impedir a criança de coçar as lesões não é fácil! No entanto os seguintes procedimentos podem ajudar bastante, a saber:
Manter as borbulhas limpas e secas;
Usar loções calmantes e banhos de água morna de 4 em 4 horas nos primeiros dias;
Enxaguar sem esfregar;
Manter as unhas curtas para prevenir eventuais infeções e cicatrizes.
Transmissão da varicela ou catapora
Os outros irmãos se ainda não tiveram varicela têm uma elevada probabilidade (80%-90%) de contágio. Se forem saudáveis o melhor será que tenham a doença enquanto crianças. Assim estarão protegidos de contrair varicela mais tarde, podendo ser então mais grave. Se tiverem problemas de saúde deverá consultar-se o médico.
Os adultos que nunca tiveram varicela poderão contraí-la através dos filhos. Nestes casos é necessário contatar o médico. A varicela é uma doença grave nos adultos.
Uma mulher grávida pode estar sujeita a um risco ainda mais elevado no que respeita ao aparecimento de complicações, devendo evitar a exposição à doença, devido ao risco que isto constituí para o feto. A varicela é também grave para aqueles com um sistema imunitário enfraquecido. Uma criança saudável poderá estar em contacto com adultos com varicela, pois será melhor que tenha a doença em criança.
Entre pessoas como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pelo ar, quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala, ou pelo contacto direto com as lesões do doente.
Fases da doença
Período de incubação
Cerca de 14-15 dias contados a partir do contacto com o infetado.
Período de contágio
A varicela pode ser transmitida a outra pessoa desde aproximadamente 10 dias após ser contagiada até todas as bolhas se transformarem em crostas. O isolamento de um doente infetado previne a transmissão da infeção.
A varicela pode provocar zona?
A infeção por VVZ pode ressurgir anos ou décadas mais tarde na forma de herpes-zoster (HZ) que provoca zona, situação que pode evoluir com complicações semelhantes às da varicela. Esta reativação afeta 10-30% da população e está associada a uma morbilidade e mortalidade significativas nos indivíduos idosos e nos imunocomprometidos.
Tratamento da varicela ou catapora
No caso de ser uma varicela ligeira o tratamento efetuado visa o alívio sintomático:
Paracetamol (Ben-u-ron®) para alívio das dores e febre;
Banhos de água morna para alivio da comichão;
Loções de calamina (Caladryl®) para alivio da comichão;
Desinfetantes para as vesículas (Eosina).
Para os casos mais graves ou doentes com fator de risco elevado existe um medicamento específico para a varicela, que ajuda de forma substancial à redução da duração da doença, permitindo que o doente se sinta melhor num espaço de tempo mais curto. Esse medicamento é o seguinte:
Aciclovir (Zovirax®), do qual já existe genérico em comprimidos e pomada. A dosagem dos comprimidos varia entre 200 e 800 mg.
O Aciclovir inibe a replicação do vírus da varicela por interferência com DNA-polimerase encurtando o período da doença. Além deste medicamento, o tratamento é acompanhado de um anti-histamínico, que reduz a comichão e um desinfetante tópico que diminui o risco de infeção das bolhas rebentadas.
Manter uma boa higiene corporal e das roupas evita, também, infeções. Antibióticos poderão ser usados quando existe o risco de infecção.
Crianças varicela e aspirina, perigos!
Não se deve dar ácido acetilsalicílico (aspirina) ou seus derivados às crianças com varicela por poder causar o síndroma de Reye, que é uma complicação grave caracterizada por alterações neurológicas e hepáticas.
Se aparecerem lesões na boca, deve-se dar alimentos moles, bebidas frias e evitar os ácidos e salgados. Nas lesões na área genital poderão usar-se cremes anestésicos. As situações mais graves deverão ser sempre acompanhadas por um médico.
Vacina da varicela ou catapora, existe?
A OMS recomenda que as atuais vacinas contra a varicela só devem ser utilizadas na criança se se assegurar uma cobertura vacinal acima dos 85-90%, pelos riscos que a alteração epidemiológica induzida pode acarretar. A vacina da varicela está disponível nos EUA desde 1995 com recomendação de vacinação universal. Na Europa, encontra-se atualmente recomendada para vacinação universal na Alemanha, Espanha, Itália, Holanda e Suíça.
A vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV). Pode ser administrada a partir dos 12 Meses de idade ou a pessoas que estejam expostas à doença. Se administrada no período de 3 dias após exposição à doença pode prevenir uma infeção clinicamente aparente ou modificar o curso da infeção.
Qual é a vacina contra a Varicela?
A vacina contra a varicela é constituída por Vírus varicela-zoster (VVZ) vivo atenuado (estirpe Oka). É uma vacina segura no imunocompetente. Estão descritos casos raros de encefalite, ataxia, convulsões, neuropatia, eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, acidente vascular cerebral e até morte, mas sem que a relação de causalidade estivesse definitivamente estabelecida. O vírus da vacina da varicela pode causar infeções graves no imunodeprimido estando descrito 2 casos em que o vírus vacinal se tornou resistente ao aciclovir.
ESQUEMA VACINAL
Existem em Portugal duas vacinas comercializadas, a saber:
Varivax®,
Varilrix®.
Ambas estão autorizadas para administração acima dos 12 meses de idade, em doses de 0,5 ml, por via subcutânea. A vacinação contra Varicela requer a administração de duas doses, com intervalo mínimo de 3 meses, para as crianças entre 12 meses e 12 anos de idade. Nos países com recomendação de vacinação universal, a segunda toma é administrada aos 5-6 anos de idade. A partir dos 13 anos o intervalo deve ser de 4 a 8 semanas (Varivax®) 37 ou de 6 a 8 semanas (Varilrix®) 38. A Comissão de Vacinas não estabelece preferência entre as duas vacinas.
Zona o que é?
A Zona Manifesta-se por uma erupção na pele e é provocada pelo mesmo vírus que, geralmente na infância, origina a varicela. Popularmente é conhecida por “cobro” ou “cobrão”, pois a distribuição das lesões cutâneas na pele faz-se muitas vezes lembrar a forma de uma serpente.
É uma doença infeciosa provocada pela reativação do mesmo vírus que provoca a varicela. Caracteriza-se por uma erupção cutânea acompanhada de dor intensa, num dos lados do corpo, que ocorre com maior frequência em indivíduos com mais de 50 anos.
Causas da zona
Surge quando a imunidade que se tinha formado contra o vírus diminui. Qualquer pessoa que tenha tido varicela pode vir a desenvolver a doença, sobretudo a partir dos 50 anos. A Zona, também designada por Herpes Zoster, aparece apenas nas pessoas que tiveram varicela em alguma altura da sua vida. Após a varicela, normalmente na infância, o vírus não é eliminado do organismo, e aloja-se num nervo, geralmente junto à espinal medula e aí fica como que adormecido. Pode manter-se assim durante muitos anos.
Esta patologia manifesta-se através de uma erupção cutânea, geralmente na região torácica, que evolui para bolhas dolorosas, que formam crosta e cicatrizam ao fim de semanas. Os tratamentos existentes podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados 72 horas após o início dos sintomas.
O sistema imunitário
Quando as defesas naturais do organismo enfraquecem temporariamente, o vírus pode reativar-se, deslocando-se, então, ao longo do nervo até atingir a pele, onde provoca a erupção característica da Zona. Este processo é quase sempre acompanhado de uma dor localizada muito intensa, pois todo o nervo por onde o vírus se desloca fica muito inflamado.
O enfraquecimento das defesas naturais pode dever-se a fatores como:
Uma infeção prévia (ex.: Gripe);
Uma intervenção dentária;
Abuso do álcool;
Um acontecimento psicologicamente traumatizante;
Tratamento com corticóides, quimioterapia ou radioterapia;
Uma intervenção cirúrgica.
Qual a prevalência na população?
95% da população adulta já teve varicela pelo que tem no organismo o vírus que provoca a zona, estando em risco de desenvolver a doença. Uma em cada quatro pessoas irá desenvolver zona ao longo da vida. O risco de desenvolver a zona duplica aos 50 anos devido ao enfraquecimento do sistema imunitário associado ao envelhecimento.
Sintomas quais são e como evolui?
O primeiro sintoma da Zona é quase sempre a dor intensa localizada, que se sente, às vezes, antes de surgirem as lesões da pele. A maioria dos doentes sente na área afetada dor intensa ou ardor que pode ser constante ou intermitente. Por vezes, estímulos habitualmente não dolorosos, podem provocar dor intensa. Na fase aguda da Zona (quando existe erupção cutânea) a dor está presente, em média, durante 2-4 semanas.
As lesões são pequenas bolhas avermelhadas que surgem progressivamente ao longo de uma faixa estreita de pele. Normalmente, surge uma erupção cutânea unilateral que pode aparecer em muitos locais, mas a localização mais comum é a região do tórax, cabeça e pescoço. A erupção cutânea evolui para vesículas (bolhas) dolorosa. As vesículas passam a feridas em três dias; após uma semana a dez dias as feridas secam e as crostas caem ao fim de duas a três semanas.
Complicações
A principal complicação da Zona é a permanência da dor. Esta dor, a que se dá o nome de neuralgia pós-herpética, pode tronar-se crónica e persistir durante meses ou anos, impedindo muitas vezes o doente de levar uma vida normal e despreocupada. Podem ocorrer outras complicações, como por exemplo quando são atingidos os olhos. Nestes casos, existe o risco de cegueira.
Em 10 a 20% dos casos, a Zona afeta o olho e pode causar alterações da visão ou mesmo cegueira. Pode também provocar perda de audição no lado afetado, assim como infeções cutâneas ou cicatrizes permanentes.
Será contagiosa?
A zona deve-se à reativação do vírus da varicela que ficou latente no organismo, como tal, não é possível contrair através de outras pessoas. Um indivíduo com Zona pode transmitir o vírus a alguém que nunca teve varicela, normalmente a crianças, que desenvolverão a varicela. Sendo a forma de contágio idêntico ao da varicela.
Tratamento da zona
Deve-se ir imediatamente ao médico assim que as bolinhas surgem na pele. Se se sentir uma dor aguda localizada, do tipo queimadura ou facada, mesmo antes das bolhas aparecerem, não se deve adiar a ida ao médico. Quanto mais cedo o médico prescrever o tratamento adequado, mais depressa desaparecerão as feridas e mais hipóteses terá de as dores não continuarem. O tratamento antiviral mais comum é o seguinte:
Aciclovir 800 mg, comprimidos, de 4/4h, saltando a toma noturna.
A Zona não tem cura, contudo, alguns medicamentos podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados nas 72 horas após o início dos sintomas. Os medicamentos para a Zona têm como prioridade máxima o controlo da dor, mas este pode ser difícil e muitas vezes o alívio não é o desejado. É muito importante levar o tratamento até ao fim. Os banhos mornos acalmam a erupção, mas deve evitar-se a aplicação de talco e cremes. Usar roupas soltas e macias, para evitar pressão nas áreas afetadas. Não coçar, nem arrancar as crostas.
Existe vacina?
Sim, está disponível em Portugal, a primeira vacina para a prevenção da zona e da nevralgia pós-herpética, que está nas farmácias, para vacinação de adultos a partir dos 50 anos, numa única administração, mediante prescrição médica. O nome da vacina é o seguinte:
ZOSTAVAX® vacina viva contra a zona (Herpes zoster)
Composição da vacina
Após reconstituição, 1 dose (0,65 ml) contém:
Vírus da varicela-zoster , estirpe Oka/Merck, (vivo, atenuado) não menos de 19400 UFP produzido em células diploides humanas (MRC-5),
UFP = Unidades formadoras de placas.
Esta vacina pode conter quantidades vestigiais de neomicina
Indicações terapêuticas:
ZOSTAVAX está indicado na prevenção do herpes zoster (“zoster” ou zona) e da nevralgia pós-herpética (NPH) relacionada com o herpes zoster. ZOSTAVAX está indicado na imunização de indivíduos com 50 ou mais anos de idade.
Concluindo
A família do vírus HERPES é mais alargada do que a maioria das pessoas julga. Neste artigo tentei mostrar as diversas doenças distintas que se interligam (por exemplo a varicela e a zona) por serem causadas por vírus da mesma família do Herpes. Sendo algumas doenças muito comuns, principalmente o Herpes labial, é de toda a importância conhecer as suas causas, complicações, tratamento e como evitar o seu contágio.
Dores musculares e lombalgia (Low Back Pain) toda a verdade! Qual o melhor tratamento? Segundo a American Chiropractic Association no seu artigo Back Pain Facts and Statistics dores musculares em geral e as lombalgias em particular têm uma incidência muito elevada na população e muitas vezes em associação com dores osteoarticulares são um enorme fator causal de absentismo laboral e perda acentuada de qualidade de vida. Este artigo pretende ser um contributo importante para prevenir e tratar de forma mais eficaz as principais dores musculares e dessa forma melhorar muito a qualidade de vida dos doentes.
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
Qual a anatomia da coluna vertebral?
Em quantas regiões se divide a coluna vertebral?
O que são os músculos?
Quais as funções dos músculos?
Que tipos de músculos existem?
Quais os músculos controlados pela nossa vontade?
Qual a diferença entre músculos esqueléticos, lisos e cardíacos?
Que tipo de dores musculares existem?
Porque temos dores musculares?
Quais as causas mais comuns de dores musculares?
O que fazer se surgir dor muscular súbita e intensa?
Em que situações deve consultar-se com urgência o médico?
Quais os sintomas mais comuns que acompanham a dor?
O que é uma lombalgia?
Quais as causas de lombalgia?
Quais os sinais de doença grave associados a lombalgia?
Quais os fatores de risco para a lombalgia?
Que tipos de lombalgia existem?
Qual o melhor tratamento para a lombalgia?
Quais os fármacos utilizados no tratamento da lombalgia?
Quais as medidas não farmacológicas que ajudam a prevenir ou melhorar a lombalgia?
Devo aplicar calor ou frio na minha lombalgia?
Quais as abordagens terapêuticas mais eficazes na lombalgia crónica?
Quais os conselhos mais importantes para os doentes com lombalgia?
Para as dores musculares, no geral, quais os tratamentos farmacológicos mais eficazes?
Quais os melhores exercícios para a dor lombar?
Estar sentado na secretária: Qual a melhor posição?
Conduzir: Qual a melhor posição?
Estar de pé num transporte público: Qual a melhor posição?
Quais as melhores posições para dormir?
Que outras posturas diárias posso melhorar?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Qual a anatomia da coluna vertebral?
A coluna vertebral divide-se em 5 regiões:
Região cervical
Região torácica
Região lombar
Região do sacro
Cóccix
Músculos o que são?
Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.
Os músculos são os tecidos responsáveis pelos movimentos dos animais, tanto os movimentos voluntários, com os quais o animal interage com o meio ambiente, como os movimentos dos seus órgãos internos, o coração ou o intestino.
Os músculos são constituídos por tecido muscular e caracterizam-se pela sua contratilidade, funcionando pela contração e extensão das suas fibras. A contração muscular ocorre com a saída de um impulso elétrico do sistema nervoso central que é conduzido ao músculo através de um nervo.
Esse estímulo elétrico desencadeia o potencial de ação, que resulta na entrada de sódio (necessário à contração) dentro da célula, e a saída de potássio da mesma, assim estimulando a libertação do cálcio que esta armazenado no Retículo Sarcoplasmático ou RS presentes no sarcoplasma (citoplasma da célula muscular). Em termos científicos, as etapas são:
Despolarização do sarcolema;
estimulação do retículo sarcoplasmático e
ação do cálcio e de ATP, provocando o deslizamento da actina sobre a miosina (é a contração muscular).
Os músculos esqueléticos ou voluntários são os órgãos ativos do movimento, transmitindo movimento aos ossos sobre os quais se inserem. Têm uma variedade grande de tamanho e formato, de acordo com a sua disposição, local de origem e inserção e controlam a postura do corpo do animal.
O ser humano possui aproximadamente 639 músculos. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora.
Funções dos músculos
Os músculos têm essencialmente cinco funções, a saber:
Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam na manutenção das posições corporais, como ficar em pé ou sentar.
Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor libertado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Tipos de músculos
Existem três tipos de tecidos musculares, a saber:
Estriado esqueléticos
Lisos
Estriado cardíaco
Estriados esqueléticos
Os músculos estriados esqueléticos contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio ótico. Os músculos esqueléticos consistem são cerca de 650 músculos fixos aos ossos. Estes músculos esqueléticos são controlados conscientemente pelo córtex motor (pré-central) e pré-frontal do cérebro.
Lisos
Os músculos lisos localizam-se nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdominal e pélvica têm acção involuntária controlada pelo sistema nervoso autónomo.
Estriado cardíaco
O músculo estriado cardíaco representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário ou seja não depende da nossa vontade e tem um ritmo de contração e relaxamento próprio (auto ritmicidade).
Anatomia dos musculo esquelético
Este é o tipo de músculo que mais temos consciência porque depende da nossa vontade ou seja a contração e relaxamento destes músculos é voluntária.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fibras musculares. Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
Anatomia do músculo liso
Dores musculares ou mialgias
As dores musculares também designadas por mialgias podem, em determinadas situações, causar incómodo e até mesmo afetar a vida normal do doente. Nalgumas situações, como as cãibras ou cãibras, pode haver espasmos e dores musculares muito intensas. As dores musculares podem ser divididas em dois grupos:
As que afetam o corpo todo, isto é, quando todos os músculos estão comprometidos,
As que afetam um músculo em particular, isto é, uma parte do corpo.
Nas dores musculares podem também estar envolvidas as articulações tornando difícil, por vezes, a avaliação do problema.
Causas das dores musculares
A dor muscular está, geralmente, relacionada com:
Tensão, sobrecarga ou lesão muscular provocada por um exercício ou por um trabalho fisicamente excessivo. Nesta situação a dor muscular apenas afeta um músculo específico e, por ter início logo após o esforço, a sua associação é normalmente evidente.
As dores musculares quando generalizadas podem estar associadas a situações infeciosas como a gripe ou doenças que afetam o tecido conjuntivo como por exemplo o lúpus.
No caso da dor muscular intensa, súbita, sem explicação ou se durar mais que 5 dias, no caso de infeção no local das dores, no caso de problemas de circulação na área onde as dores musculares se manifestam, o doente deve ser encaminhado para avaliação médica. Caso o doente esteja a tomar medicamentos deverá ser realizada a avaliação da farmacoterapia de modo a poder relacionar algum medicamento com o problema apresentado.
Quando consultar com urgência o médico?
As situações descritas de seguida podem sinalizar uma patologia grave pelo que devem ser avaliadas pelo médico urgentemente, a saber:
As dores musculares localizadas são comuns e podem comprometer mais do que um músculo. As dores musculares também podem envolver os seguintes tecidos:
Ligamentos,
Tendões,
Fáscia,
Tecidos moles que ligam os músculos,
Ossos,
Órgãos.
A dor pode ficar localizada na região muscular afetada, podendo incluir:
Limitação de movimento nos membros associados,
Inflamação dos tendões,
Dor de cabeça.
As dores musculares generalizadas podem estar associadas a uma inflamação como a gripe ou estar relacionada com outros sintomas.
Lombalgia
A lombalgia, ou dor na zona lombar da coluna vertebral, é uma queixa extremamente comum que afeta adversamente a capacidade funcional e a qualidade de vida.
A coluna lombar está sujeita a diversas patologias mecânico- degenerativas devido à sua ampla mobilidade e ao facto de suportar muito peso. A maioria dos indivíduos irá padecer de lombalgia aguda alguma vez ao longo da sua vida.Todos os escalões etários são afetados por lombalgias; contudo, a maior prevalência ocorre na idade adulta. O primeiro episódio geralmente ocorre entre os 30 e os 50 anos, altura em que ocorre o pico da sua incidência. É uma das patologias que provoca maior absentismo laboral, incapacidade e
recurso aos serviços de saúde.
Causas da lombalgia
A larga maioria dos doentes apresenta lombalgia inespecífica, isto é, dor que não é atribuível a uma condição ou anomalia específica.Apenas uma pequena percentagem dos doentes sofre de uma patologia orgânica reconhecida, mais frequentemente envolvendo os discos intervertebrais. Os fatores mecânicos, relacionados com a postura e com esforços físicos não mostraram relação causal com o surgimento de lombalgia em diversas revisões sistemáticas. Causas sérias, tais como inflamatórias, infeciosas ou neoplásicas são raras.
Sinais de causa grave para a lombalgia
Os sinais que podem indicar uma causa grave para a lombalgia e requerer o encaminhamento para o médico incluem, entre outros, os seguintes:
Perda de peso,
Historial de cancro,
Febre,
Dor persistente e progressiva que não é aliviada pela
medicação, repouso ou imobilização,
Lombalgia que agrava à noiteou em decúbito,
Doença sistémica
Fraqueza,
Dormência ou formigueiros associados à dor,
Incontinência urinária ou fecal ou dificuldades na micção,
Idade inferior a 20 ou superior a 55 anos,
Alterações da marcha,
Dor na zona lombar ou na anca, que irradia pela parte posterior
da coxa até à perna,
Dor associada a um evento traumático,
Alterações neurológicas progressivas,
Uso de corticosteróides sistémicos,
Drogas intravenosas,
Infeção recente.
Fatores de risco para a lombalgia
A maioria dos estudos prospetivos não conseguiu identificar muitos fatores de risco fortes e modificáveis para o aparecimento do primeiro episódio de lombalgia, no entanto alguns estudos parecem indicar os seguintes fatores de risco:
Os indivíduos com ocupações que requeiram esforços físicos intensos parecem estar em maior risco.
Os doentes obesos ou com excesso de peso têm risco aumentado de lombalgiae existe também uma ligeira associação com o tabagismo.
A prática de exercício físico apresenta uma relação não linear com o risco de lombalgia estando um estilo de vida sedentário, e a prática de atividades intensas ambos relacionados a um risco maior.
É mais comum em mulheres.
Fatores psicológicos, como stress,depressão ou ansiedade também podem estar associados a maior risco.
Têm sido apontados ainda outros fatores predisponentes, entre os quais:
Conduzir,
Estar de pé, ou sentado imóvel, por períodos prolongados,
Levantar objetos pesados,
Efetuar esforços intensos subitamente,
Estar exposto a vibrações,
Usar sapatos inadequados,
Dormir numa postura incorreta e sobre um colchão inapropriado.
Tratamento para a lombalgia
Os objetivos do tratamento da lombalgia aguda são: aliviar ador, melhorar a função, reduzir o absentismo laboral e desenvolver estratégias para lidar com o problema, através da educação do doente. O tratamento da lombalgia deve ser iniciado prematuro para reduzir o risco de desenvolvimento de dor crónica, que representa a maioria dos custos de saúde associados à lombalgia.
Existem três tipos de lombalgia, a saber:
Aguda se a sua duração for inferior a 6 semanas,
Subaguda se a duração for entre 6-12 semanas,
Crónica se persistir por mais de 12 semanas.
Lombalgia aguda
A evidência disponível indica que o repouso no leito atrasa a recuperação e não é recomendado.O doente deve ser aconselhado a manter a atividade ou retomá-Ia o quanto antes.
Paracetamol
Em situações simples,tem sido indicado como de primeira escolha.Contudo, evidências recentes apontam para que os benefícios associados ao seu uso sejam diminutos. Tem a vantagem de estar associado a um pequeno risco de efeitos adversos graves mas, pelo risco de hepatotoxicidade, deve ser respeitada a posologia máxima recomendada.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)
São provavelmente mais eficazes, mas estão associados a uma maior
frequência de efeitos adversos e devem reservar-se para os doentes que não respondam ao paracetamol, contudo, são muitas vezes prescritos como primeira escolha.Nenhum AINE parece ser superior aos restantes, pelo que pode ser considerada a mudança para outro, no caso de o primeiro se revelar ineficaz. O seu uso está associado a efeitos adversos gastrointestinais, renais e cardiovasculares, pelo que se recomenda a avaliação prévia destes fatores de risco e o uso da menor dose eficaz, para minimizar potenciais efeitos adversos.
Se o doente não sentir melhorias no intervalo de 1 a 2 semanas de tratamento, deverá averiguar-se se este tem tomado a medicação corretamente e rever eventuais sinais de patologia mais grave.
Relaxantes musculares
Se estes tratamentos não demonstrarem ser ineficazes, poderão ser tentados relaxantes musculares como a tizanidina ou a ciclobenzaprine, se bem que os efeitos adversos limitem o seu uso. Existe evidência da sua eficácia bem como de que o seu uso simultâneo com paracetamol ou AINEs possa ter efeitos benéficos na diminuição da dor.Outra alternativa são as benzodiazepinas como o diazepam, apenas por curtos períodos devido ao risco de dependência e pela escassa evidência relativamente ao seu benefício
Combinações de fármacos e opióides
Pode também ser tentada uma combinação de analgésicos, como o paracetamol com uma dose terapêutica de codeína. Se o alívio continuar a ser insuficiente, deve então ser tentado um opióide mais potente. Os opióides apresentam um benefício moderado na dor grave e incapacitante que não responda ao paracetamol e aos AINE se usados de forma criteriosa e por um curto intervalo de tempo.
Contra-irritantes
Entre outros fármacos que têm sido utilizados incluem-se medicamentos tópicos como os contra-irritantes.Os fármacos contra-irritantes apresentam propriedades analgésicas ao aproveitarem os mecanismos fisiológicos de modulação da sensação dolorosa, baseado no efeito paradoxal de alívio de uma dor intensa causado ao produzir uma dor mais ligeira. Podem ser classificados em quatro grandes grupos:
Rubefacientes, como o salicilato de metilo e outros salicilatos, que
produzem irritação local e calor;
Irritantes, como a capsaícina, que produz dor localizada na zona de aplicação;
Refrescantes, como o mentol ou a cânfora que estimulam as terminações nervosas do frio;
Vasodilatadores, como o nicotinato de metilo, que produzem uma sensação localizada de calor.
Calor ou frio qual o melhor?
Têm também sido utilizadas abordagens não farmacológicas no tratamento da lombalgia. A aplicação local de calor tem sido preconizada, evidenciado benefício no alívio da dor. Deve ser aplicado cerca de 20 minutos, 3 a 4 vezes por dia, mas não em lesões recentes ( <48h) ou áreas inflamadas, dado que irá intensificar a vasodilatação e exacerbar o dano nos tecidos.
Não deverá igualmente ser aplicado em pele danificada ou com outros agentes tópicos. A aplicação de gelo tem sido igualmente recomendada, especialmente nos primeiros 2-3 dias. Existe também alguma evidência de benefício para a manipulação espinaI.
Lombalgia crónica
A lombalgia aguda pode converter-se em crónica em alguns doentes. Segundo algumas fontes pode ocorrer até 8% dos casos, mas outros apontam para que ocorra em cerca de 10-15% dos doentes. O tratamento da lombalgia crónica é difícil uma vez que tende a não melhorar com o tempo e consome muitos recursos de saúde.
Pode ser necessária terapêutica de longo prazo, quer contínua, ou episódica. Os doentes devem ser encorajados a manterem-se ativos e continuarem com as suas atividades normais tanto quanto possível. Recomenda-se:
Educação do doente,
AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteroides)
Opióides fracos (por curto prazo),
Manipulação espinaI,
Exercício.
O papel dos analgésicos é o de controlar a dor para que o doente se mantenha ativo. Devem ser usados somente a curto prazo, durante recorrências ou períodos de exacerbação dos sintomas. Outros fármacos que podem ser considerados incluem os anti depressivos tricíclicose a capsaícina tópica. Apesar da escassa evidência, têm sido tentadas outras abordagens tais como:
Estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS),
Tração,
Acupunctura,
Massagens,
Exercícios específicos,
Suporte lombar,
Yoga.
Deve ser tido em consideração que as expectativas de benefício, por parte do doente, podem influenciar os resultados de diferentes terapias.
Existe evidência moderada de que programas de exercício dirigidos por fisioterapeutas podem reduzir a taxa de recorrências, aumentar o intervalo de tempo entre episódios e diminuir o recurso a serviços de saúde. Se uma lombalgia crónica não melhora com os tratamentos habituais, é muito importante uma abordagem multidisciplinar.
Conselhos mais importantes
O prognóstico é geralmente bastante favorável. Muitos dos casos são autolimitadose resolvem-se com pouca intervenção. A maioria dos doentes com lombalgias recupera relativamente depressa com elevada probabilidade de melhoria ao longo do primeiro mês.
Os doentes devem ser aconselhados a manter-se tão ativos quanto possível, dentro dos limites de tolerância da dor, e a retomarem as suas atividades normais o mais depressa possível.Interromper as atividades laborais aumenta o risco de cronicidade‘ e quanto mais prolongada for a inatividade, maior é o risco de invalidez permanente.
Os doentes devem ser encorajados a praticar exercício, já que este diminui as recorrências, reduz o absentismo e a utilização de recursos de saúde.Evidência proveniente de revisões sistemáticas de ensaios relativos a prevenção de lombalgias revela que apenas as intervenções que consistem em exercício físico se mostram eficazes. Além disso, também proporciona outros benefícios para a saúde, a nível cardiovascular e ósseo. O médico ou o fisioterapeuta também poderão aconselhar exercícios específicos para tratamento e prevenção das lombalgias.
Prevenção das lombalgias
Entre as medidas que podem ser recomendadas para prevenção das lombalgias, principalmente da sua recorrência, incluem-se:
Dormir sobre um colchão firme, mas não excessivamente duro, com uma almofada preferencialmente baixa, para não forçar o pescoço, em posição lateral com os joelhos dobrados, com uma almofada entre as pernas, ou dorsal com uma almofada sob os joelhos;
Levantar objetos pesados mediante flexão dos membros, de modo a evitar sobrecarga na zona lombar, evitando sujeitar a coluna a movimentos de torsão e flexão e mantendo o objeto encostado ao corpo;
Evitar a permanência em pé durante demasiado tempo, de forma estática, com os pés no mesmo plano. Quando se trabalha de pé, deverá mudar-se a posição dos pés e repousar alternadamente os pés sobre um banco;
Na posição sentada, manter as costas direitas e apoiadas no encosto, utilizar uma cadeira ajustável em altura e com apoio de braços e uma mesa à altura dos cotovelos, apoiando os pés sobre um banco, de modo a que os joelhos fiquem mais elevados do que as ancas;
Manter-se fisicamente ativo;
Deixar de fumar;
Não utilizar saltos altos;
Manter um peso adequado.
Tratamentos mais eficazes
Terapêutica não farmacológica
Em muitas situações de dores musculares é possível aplicar um tratamento sem intervenção de medicamentos. Assim pode tentar:
Evitar esforços excessivos,
Aplicar gelo nas primeiras horas posteriores ao trauma,
Realizar exercício com moderação,
Dormir bem,
Evitar atividade aeróbicas de alto impacto,
Realizar massagem de relaxamento ou fisioterapia se prescrita.
Terapêutica farmacológica
De seguida listamos alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento das dores musculares, descrevendo o princípio ativo e entre parêntesis um exemplo geralmente da marca mais conhecida.
Fármacos para tratamento oral:
Paracetamol (Ben-uron®), 500-1000mg (comp.), 1 comp. PO cada 4-6h, máx.: 4000mg/ dia.
Fármacos contendo anti-inflamatórios não esteroides (ou análogos) de uso tópico de composição variada:
Estes medicamentos são de composição variada e podem estar em associação com as seguintes substâncias ativas: ácido salicílico, nicotinato de benzilo, mentol, heparina, cânfora, entre outras tradicionalmente usadas. Os principais medicamentos contendo anti-inflamatóprios não esteroides para aplicação tópica, são:
Symphytum officinale, (creme), aplicar 4xdia.
Salicilato de metilo (comp. variada), (creme, pomada), aplicar 3-4xdia.
Descrevemos de seguida alguns exercícios que ajudam a evitar a lombalgia:
Melhor posição na secretária
Melhor posição para Conduzir
Melhor posição para dormir
Posturas a melhorar
Concluindo
O nosso organismo tem inúmeros músculos e qualquer um deles pode sofre uma lesão que eventualmente pode causar dor. Existem no entanto três pontos chave que devo destacar:
As dores musculares associadas a um trauma ligeiro ou esforço muscular passam, normalmente, entre 3 a 5 dias.
Dores musculares com início súbito e intenso devem ser avaliadas pelo médico.
Nas dores musculares pode haver envolvimento osteo-artrósico ou seja dos ossos e articulações vizinhos do músculo lesionado.
Existem também inúmeros exercícios que pode e deve fazer em casa e posturas que pode alterar no seu dia-a-dia para se proteger de dores musculares e em particular das lombalgias. Quando a dor se instala a utilização inicial de frio pode ter efeitos muito benéficos e até evitar a utilização de medicação.
Uma dor seja ela qual for nunca deve ser ignorada pois é um sinal de aviso, do nosso corpo, para algo que não está a correr bem! Se essa dor for repentina, intensa ou frequente consulte de imediato o médico.
Frieiras do frio ou eritema pérnio, tratamentos causas e toda a verdade! Em Portugal frieira é um termo usado para descrever uma doença (eritema pérnio) com, sintomas dermatológicos, provocada pela exposição ao frio não causada por um fungo (micose). No Brasil o termo frieira tem um significado diferente pois descreve uma micose na pele causada por fungos, como por exemplo a micose no pé o chamado “pé-de-atleta“. Esta clarificação é muito importante pois sendo este um Blog visitado por toda a comunidade de língua Portuguesa de quando em vez os significados da nossa língua materna divergem. Para saber tudo sobre frieira/micose leia o artigo seguinte.
Neste artigo vou falar das frieiras causadas pelo frio e não de micoses. No entanto, quem estiver interessado em micoses pode ler um dos posts mais partilhados do blog sobre sobre pé-de-atleta efungos nas unhas aqui!
Quando deve consultar o médico por causa das frieiras?
Os cremes com cortisona ajudam ou não?
Existem produtos naturais eficazes?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Frieiras ou eritema pérnio
Eritema pérnio ou frieira é uma doença provocada pela exposição ao frio que atinge, sobretudo, as zonas mais expostas ao ar e humidade, tais como:
Mãos,
Pés,
Nariz,
Orelhas.
Pode também aparecer, embora menos frequentemente, nas seguintes partes do corpo:
Cotovelos,
Joelhos,
Partes inferiores das pernas.
Eritema pérnio mecanismo de formação
As frieiras são fruto de uma resposta anormal dos vasos sanguíneos às variações de temperatura.
Nos dias mais frios, mais húmidos e com mais vento, os vasos sanguíneos que irrigam as extremidades do nosso corpo, principalmente mãos, pés e orelhas, contraem para manter a temperatura corporal. Assim, as zonas do corpo onde essa contração ocorre tornam-se mais frias, ficando até, por vezes, dormentes.
Quando estas zonas são reaquecidas, principalmente se acontecer de forma muito rápida, dá-se uma dilatação “agressiva” destes vasos sanguíneos, que deixam extravasar algum líquido do seu interior para o exterior. Este líquido provoca algum edema ou inchaço local originando uma resposta inflamatória, que leva ao aparecimento do desconforto associado às frieiras.
Importante: Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras raramente surgem.
Sintomas
Manifesta-se por uma inflamação dolorosa da pele que fica branca, fria, insensível, com comichão, inchada e vermelha. Em casos mais graves, podem levar à formação de bolhas e dar origem a feridas ulceradas e dolorosas que podem infetar e aí sim causar lesões graves… cuidado!
Se tal acontecer consulte um médico com urgência para tratar a infeção.
Mãos com frieiras simples, sem bolhas nem feridas.
Mãos com frieiras graves, já com bolhas
Quanto tempo dura uma crise?
Esta não é uma resposta simples! Normalmente as frieiras duram cerca de uma semana, mas podem prolongar-se por mais tempo.
Grupos de risco mais sensíveis
As pessoas que sofrem mais de frieiras são as que desenvolvem uma reação anormal ao frio. Têm dificuldade em manter a temperaturacorporal das zonas expostas, por alterações verificadas nos pequenos vasos sanguíneos superficiais que se contraem e apertam excessivamente (vasoconstrição), não permitindo que o sangue circule, normalmente, até às extremidades e aqueça a pele. Os principais grupos de risco são os seguintes:
Mulheres jovens, sobretudo se já sofrem de Doença de Raynaud;
Idosos;
Fumadores, pois o tabaco é extremamente nocivo para a circulação sanguínea.
Causas
Na sua origem parecem intervir fatores genéticos, hormonais (as mulheres possuem pior circulação nas extremidades e reagem pior a mudanças de temperatura, devido nomeadamente às alterações menstruais) e problemas circulatórios.
As condições climatéricas tais como o frio e a humidade são fatores desencadeantes e agravantes. A doença é mais frequente nos meses de inverno e nas regiões com temperaturas mais baixas e húmidas (a humidade aumenta a condutividade do frio) e em particular nos meios rurais. Aqui, também, relacionada com o tipo de trabalho realizado na agricultura que expõe as pessoas mais frequentemente ao frio.
Tratamento
O melhor tratamento é a prevenção! Assim deve proteger diariamente a pele das zonas suscetíveis logo nos primeiros dias de frio. Repito a nota importante já referida neste artigo:
"Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras não surgem"
Os cuidados preventivos, que evitam o contacto com diferenças bruscas de temperatura (principalmente passar rapidamente de um ambiente frio para um ambiente quente), são essenciais para evitar o aparecimento das queixas, sendo as medidas mais eficazes as seguintes:
Casas bem aquecidas;
Usar roupas adequadas (luvas, calçado apropriado, gorros de lã, etc.) de proteção contra o frio;
Se tiver tendência para sofrer de frieiras deve proteger-se do frio, cobrindo as zonas afetadas com roupa de preferência de lã;
Melhoram com o calor pouco intenso e com a massagem suave da zona afetada;
O exercício físico moderado é útil, pois ativa a circulação sanguínea aumentando a temperatura corporal;
Não deve aquecer diretamente as mãos no calorífero a altas temperaturas pois isso provoca uma dilatação exagerada dos vasos sanguíneos e posterior edema;
Evitar lavagens repetidas das mãos por causa da louça e outras atividades domésticas pois originam diferenças de temperatura bruscas e facilitam o aparecimento de frieiras.
Ginkgo biloba
Ginkgo Biloba (Fonte: www.pixabay.com free foto)
Ginkgo biloba, também conhecida pelos nomes populares nogueira-do-japão, árvore-avenca ou simplesmente ginkgo, é uma árvore de origem chinesa considerada um fóssil vivo, pois existia já no tempo dos dinossauros, há mais de 200 milhões de anos. É símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas no Japão.
Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando perceberam que a planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada.
As suas folhas têm sido frequentemente usadas no combate aos radicais livres e como auxiliar da oxigenação cerebral, embora não exista unanimidade científica sobre os seus efeitos benéficos.
Bioactivo Ginkgo biloba em comprimidos é um suplemento feito com plantas naturais, contém Ginkgo biloba, que ajuda a função cognitiva, como memória e concentração, além disso, Ginkgo biloba apoia a circulação sanguínea, ou seja, é bom para mãos e pés frios.
Componentes activos
Extracto de Ginkgo Biloba 60 mg
Ginkgoflavona-glicósidos 14,4 mg
Terpenolactonas 3,6 mg
Tomar 2 comprimidos por dia, ou segundo a indicação do médico. Engolir os comprimidos inteiros, em simultâneo, à refeição, acompanhados de um copo de água.
Interações e efeitos adversos
Pessoas que tomam anti-coagulantes orais devem evitar a utilização de Ginkgo Biloba.
Em alguns pacientes pode fazer baixar demasiado a tensão arterial originando a sensação de tonturas.
Se sofre de doença grave e toma algum medicamento, deverá consultar o seu médico antes de tomar BioActivo Biloba.
Creme para tratar as frieiras
Uma boa hidratação da pele ajuda mas por si só não é suficiente para proteger a mesma do aparecimento de frieiras. Assim, os cremes preventivos apenas reforçam a sua função de barreira protetora, sendo necessários cremes com funções terapêuticas suplementares, como alguns dos que de seguida descrevo.
Existe algum creme á venda na Farmácia que seja mais eficaz? Sim, existe um creme utilizado com eficácia, desde que não se trate de frieiras graves e feridas complicadas, a saber:
Trata-se de um creme regenerador, que tem as seguintes propriedades terapêuticas:
Ação antisséptica,
Rubefaciente,
Hidratante,
Antipruriginosa.
Regenera, protege e cuida a pele exposta ao frio e alivia a comichão provocada pelas frieiras. Aplique nas pele 3xdia durante 7 dias.
Creme para frieiras e pele gretada
Existe algum creme que possa utilizar-se quando temos frieiras e pele gretada? Sim, existe um creme que trata não só as frieiras mas também é adequado se existirem gretas, a saber:
Stop Frieiras possuí um elevado conteúdo em fitocêuticos e baseia-se nos benefícios terapêuticos do uso tradicional e milenar das plantas. A sua fórmula exclusiva foi desenvolvida com uma elevada quantidade de princípios ativos de origem vegetal para garantir esses benefícios.
Princípios ativos presentes vs propriedades reconhecidas:
Ginkgo-Biloba – estimulante da microcirculação da pele.
Aloé vera – hidratante, anti-inflamatório, regenerador e cicatrizante.
Escina – melhorara a circulação no tratamento da insuficiência venosa.
Bisabolol – cicatrizante, anti-irritante e anti-inflamatório.
Alantoína – humectante, anti-idade e cicatrizante/renovador celular.
Glicerina – excelente poder hidratante.
Menthyl Lactate – efeito refrescante, ajuda a diminuir a sensação de ardor e a vermelhidão.
Akilhiver creme
Akilhiver Creme Frieiras assegura a regeneração cutânea, hidrata, atenua as sensações de desconforto (formigueiro e prurido), reforça a resistência da pele ao frio e a circulação venosa.
Como tratamento aplique através de movimentos circulares sobre as zonas sujeitas a frieiras. Como prevenção aplique diariamente em toda a superfície das mãos e pés, até 3xdia durante 7 dias.
Quando deve consultar o médico?
As frieiras são difíceis de tratar e podem persistir por vários anos. Em geral curam-se por si só, apenas com o recurso às medidas preventivas. No entanto em casos graves podem ter utilidade fármacos com acção vasodilatadora que melhoram a circulação do sanguínea nas extremidades. Também deve solicitar um conselho médico se as frieiras criarem bolhas ou ulcerarem, pois podem necessitar de cuidados especiais.
Cremes com “cortisona” ajudam?
É errado aplicar cremes com cortisona, pois estes produzem uma vasoconstrição secundária, que vai agravar ainda mais o problema circulatório que é a causa desta doença. Muitas pessoas aplicam estes cremes por causa da eficácia sobre o prurido ou comichão mas os efeitos secundários podem ser bastante graves pois as chamadas “cortisonas” deprimem o sistema imunitário e, no que concerne à pele, aceleram muito o seu envelhecimento degradando, por isso, a capacidade da pele se regenerar e “Auto proteger”!
Produtos naturais são eficazes?
Existem produtos “naturais” usados nas frieiras, mas sem estudos científicos que comprovem quaisquer benefícios no seu tratamento, pelo que devem ser evitados. Muitos deles, para além de não terem utilidade terapêutica, podem causar ainda mais irritação na pele.
Concluindo
As frieiras são uma doença que afeta imensas mulheres jovens e idosos mais sensíveis ao frio. Não é uma doença grave se for tratada atempadamente. Se tal não acontecer e houver descuido pode evoluir para formas mais graves com formação de bolhas e feridas abertas. Esta situação mais severa pode, principalmente em doentes com o sistema imunitário debilitado, ser uma “porta de entrada” para todo o tipo de vírus, bactérias e fungos que desencadeiam infeções potencialmente graves para o organismo.
Resumindo, não se descuide e se tiver frieiras trate de imediato essa situação, evitando diferenças bruscas de temperatura, protegendo a pele do frio, aquecendo moderadamente a pele e aplicando um creme adequado e hidratante tal como referido neste artigo.
Referências
Dr. Manuel Soares, Médico de Clínica Geral e Familiar;
Pessoas que não consomem álcool podem desenvolver fígado gordo ou esteatose hepática e cirrose não alcoólica que pode tornar-se grave. Descubra toda a verdade sobre este perigo oculto! O que significa, quais os sintomas, quais as causas, qual o melhor tratamento e qual a prevenção mais adequada.
Fígado gordo é um problema de saúde muito importante que pode causar uma grave doença denominada cirrose hepática não alcoólica, que se instala lentamente e afeta milhares de pessoas sem que a maioria se aperceba atempadamente do perigo que corre, pois os sintomas na fase inicial são discretos.
Este artigo pretende ser uma ferramenta importante para ajudar a detetar os sinais precoces desta perigosa condição de saúde, ajudar a corrigir os principais hábitos de vida e erros alimentares e, talvez, salvar muitas vidas!
O fígado é a maior glândula e o maior órgão maciço do corpo humano. Funciona como glândula exócrina, libertando secreções num sistema de canais que se abrem numa superfície externa, e também como glândula endócrina, pois também liberta substâncias no sangue ou nos vasos linfáticos.
Localiza-se no hipocôndrio direito, epigástrio e pequena porção do hipocôndrio esquerdo, sob o diafragma e tem um peso aproximado de 1,3-1,5 kg num homem adulto e ligeiramente menos numa mulher. Em crianças é proporcionalmente maior, pois constitui cerca de 5% do peso total de um recém nascido.
O fígado é o segundo maior órgão do corpo e desempenha inúmeras funções, tanto na digestão e utilização dos nutrientes, como na remoção de substâncias prejudiciais, além de uma boa regulação da coagulação. Em termos simples o figado tem três principais funções:
Digerir alimentos;
Armazenar energia;
Remover substâncias tóxicas.
Em algumas espécies animais o metabolismo alcança a atividade máxima logo depois da alimentação o que diminui a capacidade de reação a estímulos externos. Em outras espécies, o controle metabólico é estável, sem diminuição desta reação. Esta diferença é determinada pela função reguladora do figado, órgão essencial da coordenação fisiológica.
Em mais detalhe, as funções do fígado mais relevantes são as seguintes:
Desintoxicação do organismo;
Produção de bile, cerca de 1,5 litros por dia;
Emulsificação de gorduras facilitando o processo digestivo destas, através da secreção da bile;
Síntese do colesterol;
Reciclagem de hormonas;
Armazenamento das vitaminas A, B12, D, E e K;
Armazenamento de alguns minerais como o ferro;
Conversão de amónia em ureia;
Síntese de protrombina e fibrinogênio (fatores de coagulação do sangue);
Destruição das hemácias (glóbulos vermelhos);
Transformação de glicose em glicogénio;
Síntese, armazenamento e quebra do glicogênio quando é necessária glicose para produção de energia;
Lipogênese, a produção de triacilglicerol (formação de gorduras);
Síntese de albumina (importante para a osmolaridade do sangue);
Síntese de angiotensinógeno (hormona que aumenta a pressão sanguínea quando ativada pela renina);
No primeiro trimestre de gravidez é o principal produtor de eritrócitos, no entanto perde essa função nas últimas semanas de gestação;
Sintese de heparina e vitamina A;
Ação antitóxica importante, processando e eliminando os elementos nocivos de bebidas alcoólicas, café, barbitúricos, gorduras, medicamentos e outras substâncias potencialmente tóxicas;
Fígado gordo ou esteatose hepática (EH) é uma deposição difusa de gordura, principalmente triglicéridos, nos hepatócitos (células do fígado), excedendo habitualmente 5% do peso do fígado.
Numa tese de mestrado em Nutrição da Faculdade de Medicina de Lisboa, citam-se estudos realizados entre 2004 e 2013 que referem prevalência de EH como sendo de 26,0% na China, 21,8% no Japão e 31% nos Estados Unidos, sendo superior em certos grupos étnicos (45% nos hispânicos). Isto significa que em 2020, com o aumento da obesidade na população, os números serão certamente ainda piores!
Dados interessantes sobre a prevalência de figado gordo:
Presente em cerca de 20% a 30% da população independentemente da idade, género ou etnia.
Maior prevalência em homens, principalmente em idades mais avançadas, e também nas mulheres pós-menopáusicas.
Pode atingir cerca de 3% das crianças (com idades próximas aos quatro anos) e 20% a 50% das crianças obesas.
Esteatose hepática classificação
A estetose hepática é habitualmente classificada de acordo com os consumos de álcool (com o cut-off de 20g/d) e após exclusão de hepatites B ou C em:
Esteatose hepática alcoólica (EHA)
Esteatose hepática não alcoólica (EHNA)
Sintomas
A maioria dos doentes não apresenta sintomas numa fase inicial o que torna esta doença ainda mais perigosa pois permite que avance de forma oculta e por vezes até atingir uma fase de difícil reversão. Por vezes, podem surgir as seguintes manifestações clínicas:
Cansaço,
Dor ou desconforto no quadrante superior direito do abdómen,
Perda de apetite,
Náuseas e vómitos,
Dor de cabeça,
Fezes esbranquiçadas,
Sintomas em fase avançada da doença
Numa fase avançada da doença, já com lesão e inflamação do fígado, aparecem os seguintes sintomas:
Icterícia (cor amarelada nos olhos e na pele),
Febre,
Ascite ou barriga inchada (distensão do abdómen por acumulação de líquido).
Causas
Pensa-se que a patogénese destas doenças esteja relacionada com um processo de duas fases, onde numa primeira fase ocorre acumulação de ácidos gordos no fígado, levando à esteatose hepática.
Este desenvolvimento de esteatose está relacionado com o excesso de consumo de álcool no caso da esteatose hepática alcoólica.
A gordura que é ingerida é metabolizada no fígado e noutros tecidos. Se ela for excessiva, fica armazenada no tecido adiposo. Daí pode ser transferida para outros locais e também para o fígado. Noutros casos, a gordura acumula-se neste órgão que se revela incapaz de a transformar para ser eliminada.
Cerca de 80% dos consumidores de álcool desenvolvem esta patologia porque o álcool permite uma rápida acumulação de ácidos gordos no fígado.
Doença do fígado gordo não alcoólica
A esteatose hepática não alcoólica surge em pessoas que não consomem alcool e o seu desenvolvimento está intrinsecamente ligado aos seguintes factores principais:
Obesidade, principalmente visceral;
Dislipidémia (colesterol e triglicéridos elevados);
Resistência à insulina (diabetes).
A acumulação de gordura hepática predispõe o fígado ao dano hepático na segunda fase do processo, onde ocorre necrose, inflamação, fibrose e por fim, cirrose hepática.
As causas secundárias de esteatose hepática não alcoólica ou doença do fígado gordo não alcoólica são diversas, sendo muito importantes as descritas na seguinte tabela.
Causas secundárias da esteatose hepática não alcoólica
Sindrome do intestino irritável também denominado cólon irritável ou colite nervosa
Evolução da doença
A EHNA é uma condição normalmente benigna e reversível, a sua progressão a fibrose e cirrose é denominada esteatohepatite não alcoólica (nonalcoholic steatohepatitis, NASH) e representa um estado mais grave da doença. Estima-se que nos Estados Unidos, a NASH afete cerca de 3-6% da população, com 30% de morbilidade em pacientes obesos.
Não são totalmente compreendidos os determinantes na progressão desta doença, que pode afetar tanto crianças como adultos. Entre 45% e 100% dos pacientes com EH não apresentam sintomas, revelando-se assim, como uma doença “silenciosa”.
A gravidade na EHNA depende não só das consequências tardias, como a cirrose e o carcinoma hepatocelular, mas também das elevadas taxas de eventos cardiovasculares associados, que fazem desta doença um problema de saúde pública relevante
Diagnóstico
As técnicas de diagnóstico mais usadas são as descritas na tabela seguinte.
Técnica de diagnóstico
Objetivo
Ecografia abdominal
Revelar o volume do fígado
Análises ao sangue em doentes obesos, diabéticos e/ou dislipidémicos
Detetar aumento das enzimas hepáticas denominadas transaminases
Biópsia
Confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de inflamação
As principais alterações laboratoriais na esteatose hepática (EH) são as elevações das seguintes enzimas hepáticas:
Aspartato aminotransferase (AST);
Alanina aminotransferase (ALT);
Gamaglutamiltransferase (GGT), esta mais comum no diagnóstico de consumo crónico de álcool.
Biópsia e exames de imagem
As enzimas hepáticas poderão refletir um meio de rastreio, porém não poderão ser meio de diagnóstico na EH, pois cerca de 70% dos indivíduos com EH não apresenta estas alterações enzimáticas. . Atualmente, a biópsia hepática é o exame mais eficaz para o diagnóstico da EH, porém tornaram-se necessárias técnicas de rastreio menos invasivas e mais acessíveis, mas igualmente precisas.
Os exames complementares de imagem (ecografia abdominal, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética) são capazes de identificar a presença de EH de forma rápida e não invasiva para o paciente.
Tratamento e prevenção
Não existem medicamentos eficazes para tratar o fígado gordo. Vale a pena sublinhar que, nas suas fases iniciais, o fígado gordo é reversível mas para que tal acontece é de facto obrigatório que faça alterações alimentares e de estilo de vida. Se não o fizer o “preço a pagar” pode ser a sua vida!
Descrevo de seguida, por experiência pessoal e profissional, as prioridades para reverter, ainda a tempo, o excesso de gordura hepática e visceral. Assim deve controlar os seguintes parâmetros e aplicar os seguintes hábitos:
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
Glicémia (açúcar no sangue) em jejum e 2 horas após refeição, principalmente se já tem diabetes ou está próximo dos valores de referência máximos;
Colesterol LDL;
Triglicéridos;
Eliminar totalmente os hidratos de carbono processados;
Eliminar em geral os alimentos processados que têm excesso de açúcar e óleos vegetais de má qualidade;
Fazer jejum mínimo de 12 horas por dia;
Uma ou duas vezes por semana fazer jejum de 16 horas seguidas;
Caminhar ao ar livre o mais possível;
Fazer exercícios físicos de curta duração mas alta intensidade, bastam 15 minutos por dia destes exercícios.
Dormir pelo menos 7:30 horas de qualidade para não desregular as hormonas que controlam o nosso apetite e nos causam, principalmente, vontade de comer os hidratos de carbono errados (processados) ou em quantidade exagerada.
Controle o stress em excesso pois este quando descontrolado tende a alterar os nossos comportamentos favorecendo os hábitos viciantes incluindo a vontade de ingerir a comida errada em “doses” excessivas.
Complicações do fígado gordo
Embora a maioria dos casos tenha evolução benigna, é possivel a evolução para cirrose que é uma grave doença hepática e potencialmente fatal! Este risco aumenta nos doentes com mais idade, diabéticos e nos que já apresentam inflamação do fígado (chamada esteatohepatite não alcoólica).
Azia refluxo pirose enfartamento gases são problemas digestivos muito comuns principalmente em épocas festivas! Quais as causas, sinais e perigos? Que medicamentos podem piorar os sintomas? Qual o melhor tratamento e como conseguir rápido alívio dos sintomas? Como recuperar dos excessos das épocas especiais como Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversários, festas e férias?
Dispepsia sintomas, causas, prevenção e diagnóstico.
Qual a anatomia do estômago?
Azia ou pirose: O que é?
Quais os sintomas?
Refluxo gastroesofágico: O que é?
Qual a anatomia do estômago?
Qual a causa da azia?
Que medicamentos podem provocar azia?
Quais os anti-inflamatórios menos agressivos para o estômago?
Anti-inflamatórios de última geração: Serão uma boa alternativa?
Ansiolíticos e contraceptivos orais podem provocar refluxo?
Idade e azia ou refluxo: Qual a relação?
Gravidez e azia ou refluxo: O que acontece nessa fase?
O que pode tomar uma grávida para a azia?
Que factores agravam a azia e refluxo?
Que alimentos agravam a azia e refluxo?
Quais os sinais de alarme para pedir apoio médico urgente?
Como melhorar a azia e refluxo?
Quais os medicamentos mais utilizados para a azia e refluxo
Quais os efeitos secundários e interacções mais frequentes dos antiácidos?
Digestão
O que acontece durante a digestão? O sistema digestivo para levar a cabo, com sucesso, o processo de digestão total dos alimentos, é composto pelas seguintes quatro etapas essenciais:
Mastigação – acontece na boca e reduz os alimentos a um bolo alimentar pela ação mecânica de mastigar e também pela ação enzimática da saliva;
Processamento químico e enzimático – acontece principalmente no estômago com pela ação do ácido clorídrico e da enzima pepsina, entre outras; Esta é a etapa mais importante na digestão das proteinas;
Processamento no intestino delgado – absorve macromoléculas e nutrientes para a corrente sanguinea;
Fermentação e remoção da água – acontece no cólon (intestino grosso);
As substâncias simples da nossa alimentação, como a água, os sais minerais e as vitaminas (excepto a vitamina B12), são absorvidas ao longo do tubo digestivo sem sofrerem transformações. No entanto, as macromoléculas, como proteínas, gorduras e hidratos de carbono, têm de ser transformadas em moléculas pequenas e menos complexas para serem absorvidas, assim:
Proteínas são desdobradas em polipéptidos, péptidos e aminoácidos;
Hidratos de carbono são transformados em açúcares simples (monossacarídeos) como a glicose, a frutose e a galactose, entre outros;
Gorduras são parcialmente separadas em ácidos gordos e glicerinas.
Quanto tempo demora a digestão?
O tempo de digestão difere de pessoa para pessoa e entre os sexos. Após comermos, os alimentos demoram cerca de seis a oito horas até passarem do estômago para o intestino delgado.
De seguida, passam ao intestino grosso (cólon), dando-se a absorção de água e finalmente o excedente é eliminado nas fezes.
Local do sistema digestivo
Função primária
Tempo que ficam os alimentos a digerir
Boca
Digestão mecânica e química
1 minuto
Esófago
Transportar os alimentos depois de deglutidos
3 segundos
Estômago
Digestão mecânica e química
2 a 4 horas
Intestino delgado
Digestão mecânica e química
3 a 5 horas
Intestino grosso
Absorção de água
> 10 horas
Em geral os alimentos demoram cerca de 24 a 72 horas desde o momento em que são mastigados até serem eliminados nas fezes os resíduos que o nosso organismo não conseguiu utilizar.
Se estiver mais de 72 horas sem defecar isso é um sintoma de obstipação que pode ser perigoso!
Os sintomas de má digestão ou dispepsia são muitas vezes recorrentes e normalmente dividem-se em dois grupos:
Sensação de dor, ardor ou desconforto na região do estômago ou parte superior do abdómen;
Dificuldade em digerir os alimentos, seja por uma saciedade precoce ou por sensação de enfartamento após as refeições.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a dispepsia é mais frequente nos países com um estilo de vida ocidentalizado, afetando cerca de 20 a 40% da população.
A dispepsia ou indigestão é muito comum e afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, existem hábitos e condições de saúde que fazem aumentar os riscos, tais como:
Comer em excesso e demasiado depressa, sobretudo alimentos ricos em gordura;
Consumir bebidas alcoólicas em excesso;
Ser fumador;
Consumir fármacos que irritem o estômago como a aspirina e anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno ou diclofenac;
Ter uma úlcera ou qualquer outra doença do sistema digestivo;
Estar sujeito a stress emocional, ansiedade ou depressão.
Prevenção
Diagnóstico
Existem diversos exames de diagnóstico que podem despistar a dispepsia. Uma vez que os sintomas são idênticos para as formas orgânicas e funcionais desta doença, a endoscopia digestiva alta é o exame mais importante para a obtenção de um diagnóstico.
Consiste na observação direta do revestimento interno do esófago, estômago e duodeno. Complementarmente deve realizar-se uma pesquisa pela infeção por Helicobacter pylori através de uma biópsia.
As análises sanguíneas e a ecografia abdominal são outro instrumento de diagnóstico, de modo a avaliar a saúde dos órgãos anexos ao estômago, como o pâncreas, fígado, vesícula e vias biliares.
Estômago qual a anatomia?
O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado abaixo do diafragma, acima do pâncreas, entre o esôfago e o duodeno. No estômago, os alimentos são pré-digeridos e esterilizados, seguindo para o intestino, onde são absorvidos.
Em humanos, o estômago tem um volume de cerca de 50 ml (mililitros) quando vazio. Depois de uma refeição, geralmente expande-se para suportar cerca de 1 litro de comida, mas pode expandir-se até 4 litros.
O estômago apresenta duas comunicações:
Uma superior chamada cárdia, que o comunica ao esôfago
Outra inferior, chamada piloro, que o comunica ao intestino delgado.
O estômago tem duas classificações, uma cirúrgica e outr anatómica.
Na classificação cirúrgica é subdividido em:
Cárdia,
Fundo,
Corpo,
Antro,
Piloro,
Curvatura menor,
Curvatura maior,
Face anterior,
Face posterior.
Na sua classificação anatómica o estômago é dividido em:
Porção vertical chamada trituradora,
Porção horizontal chamada evacuadora.
Função
O estômago tem uma função essencial na digestão dos alimentos. No seu interior situam-se as glândulas gástricas que produzem o suco gástrico. As células da parede do estômago estão protegidas contra a forte acidez do suco gástrico, porque produzem e libertam um muco que forma uma espessa camada protetora.
No estômago, o suco gástrico é misturado com os alimentos a digerir, através dos movimentos peristálticos, e o bolo alimentar é transformado em quimo. O suco gástrico é muito rico em enzimas digestivas com particular destaque para a pepsina que é responsável pela digestão das proteínas. Assim é aqui que se incia o processo de digestão das proteínas considerado um dos mais importantes mecanismos para o bom funcionamento do nosso corpo.
Proteção contra bactérias, vírus e fungos
A forte acidez do estômago também serve de barreira protetora contra a entrada de microrganismos patogénicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas pois dificilmente algum consegue escapar com vida até ao intestino!
O adjetivo gástrico refere-se ao estômago. Assim, a retirada cirúrgica do estômago ou parte dele chama-se gastrectomia. A colocação de tubos no estômago através do abdômen chama-se gastrostomia. A modificação do estômago chama-se gastroplastia.
Helicobacter pylori
Apesar dos ácidos presentes no estômago nos manterem protegidos contra os principais agentes infeciosos, existem muitos estudos que apontam para que a bactéria Helicobacter pylori seja responsável pela maioria dos casos de gastrite crónica, úlceras gástricas e cancro do estômago (nos casos de adenocarcinoma e linfoma MALT – tipo específico de linfoma da mucosa do estômago).
Azia ou Pirose e refluxo
A azia ou pirose manifesta-se por uma sensação de ardor na parte posterior do esterno e que se estende desde a parte superior do estômago até à boca podendo haver refluxo ou regurgitação com sabor ácido ou amargo.
Sintomas mais comuns
A azia manifesta-se das seguintes formas:
Ardor incómodo na linha média da parte superior do estômago (epigastro) e que se pode estender para a parte posterior do esterno.
O ardor pode sentir-se apenas na parte do esterno mas pode também sentir-se na garganta, provocando um sabor amargo na boca.
Pode haver dor.
Causas da Azia
Os sintomas da azia são causados pelos conteúdos do refluxo esofágico, de natureza ácida, no esófago, que irritam a superfície sensível da mucosa. Trata-se de um problema de saúde que não causa transtorno em pessoas saudáveis, salvo se a sua frequência e intensidade aumentar. Poderá, no entanto, em alguns casos, ser sinal de problemas de saúde mais sérios.
Uma das causas mais comuns da irritação esofágica é a própria doença de refluxo esofágico devida a deficiências do esfíncter esofágico inferior. Também a hérnia do hiato pode provocar acidez resultado de parte do estômago escapar pelo diafragma, embora não se manifestem sintomas em todos os doentes.
Medicamentos que podem provocar azia
Alguns medicamentos podem provocar irritação gastro esofágica, a saber:
Ácido acetil salicílico (AAS) – Ex. Aspirina®
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE), tais como, Brufen® (ibuprofeno), Voltaren® (diclofenac), Nimed® (nimesulide), Naprosyn® (naproxeno). Profenid® (cetoprofeno), piroxicam,
Diazepam (Valium®)
Alprazolam (Xanax®)
Contraceptivos orais
Alendronato, utilizado na osteoporose
Corticoides, utilizados no combate à inflamação
Antagonistas do canais de cálcio, utilizados em algumas doenças cardiovasculares
Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, utilizados como antidepressivos
Clopidogrel, utilizado para evitar a formação de coágulos em doentes de risco ou com doença cardiovascular
Digoxina, utilizada como cardiotónico no tratamento da insuficiência cardiaca e taquicardia
Teofilina, utilizada como broncodilatador
Eritromicina é um antibiótico
Tetraciclinas é uma classe de antibióticos
Suplementos de ferro, utilizados, por exemplo, no tratamento de muitas anemia
Potássio
Anti-inflamatórios menos agressivos
Praticamente todos os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) clássicos referem como reações adversas problemas de irritação gástrica que podem manifestar-se também quando a administração é parenteral ou retal. O ibuprofeno (Brufen®) e o diclofenac (Voltaren®) parecem ter menor risco de toxicidade gástrica, situando-se numa posição intermédia o naproxeno e o AAS e, com maior risco o piroxicam, o cetoprofeno, entre outros.
Anti-inflamatórios de última geração
Existe uma classe de anti-inflamatórios mais recente, Os anti-inflamatórios não esteroides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase-2 (Coxibes) são fármacos utilizados no tratamento da dor e inflamação crónica, principalmente em patologias de origem musculoesquelética, como:
Artrite reumatoide,
Osteoartrose,
Espondilite anquilosante.
Os Coxibes mais prescritos são os seguintes:
Celecoxib (Celebrex®, Solexa®))
Etoricoxib (Arcoxia®, Exxiv®)
Os Coxibes têm como objetivo a inibição seletiva de uma das isoformas da enzima ciclo-oxigenase, a COX-2, que regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Existe evidência clínicas de que os Coxibes podem também atuar na prevenção de cancros e na doença de Alzheimer, devido à indução da COX-2 em diversos tecidos.
Os Coxibes possuem eficácia terapêutica semelhante aos anti-inflamatórios não esteróides clássicos, no entanto, demonstram uma diminuição significativa dos efeitos adversos gastrointestinais, característicos dessa classe. Contudo, só após a sua comercialização foi possível observar o aumento do risco cardiovascular associado ao tratamento com Coxibes. A análise do estudo VIGOR levantou as primeiras dúvidas, mas foram os resultados do estudo APPROVe que desencadearam a retirada voluntária do Vioxx® em setembro de 2004, seguindo-se a retirada de mais dois fármacos desta classe.
A publicação de diversos ensaios clínicos evidenciam o aumento generalizado do risco cardiovascular, que inclui aumento do risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, sendo que estes efeitos adversos agravam-se em doentes com antecedentes de risco cardiovascular.
Na sequência destes resultados, as entidades internacionais, FDA e EMA, emitiram advertências de utilização dos Coxibes, devendo estes ser prescritos na menor dose eficaz, durante o mais curto intervalo de tempo, a fim de evitar o riso associado ao tratamento prolongado. Torna-se assim premente a avaliação dos benefícios gastrointestinais e dos riscos cardiovasculares dos Coxibes, de modo a aferir a segurança da sua utilização
Ansiolíticos contracetivos e alendronato
Os ansiolíticos diazepam (Valium®) e alprazolam (Xanax®), os contracetivos orais (pílula contracetiva) e o alendronato, utilizado para tratar a osteoporose, podem provocar o relaxamento do esfíncter do esófago facilitando o refluxo do ácido do estômago para o esófago e provocar irritação da mucosa do esófago.
Entre alguns outros medicamentos que se relacionam com a toxicidade gástrica podemos referir os seguintes dos quais refiro entre parêntesis a utilização terapêutica:
Corticoides (inflamação e alergias);
Antagonistas dos canais de cálcio (hipertensão);
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (antidepressivos);
Clopidogrel (anticoagulante);
Suplementos de ferro (anemia);
Digoxina (insuficiência cardíaca);
Teofilina (asma);
Eritromicina (infeções);
Tetraciclinas (infeções);
Potássio (acne, prisão de ventre, cãibras, fraqueza muscular).
Idade e aparecimento de azia
Os sintomas de refluxo esofágico ocorrem mais frequentemente em doentes de idade superior a 55 anos. A azia não ocorre normalmente em crianças, embora possa ocorrer em adultos jovens e particularmente em grávidas.
Azia na gravidez
Estes são alguns dos sintomas típicos durante a gravidez :
Dor por trás da costelas e ruídos estomacais
Estômago pesado, dilatado e desconfortável depois de comer
Cãibras estomacais, arrotos e libertação de gases (flatulência)
Sensação de ardor no peito ou na garganta depois de comer
Sensação de mal-estar a acumulação de gases
Fluido quente, ácido ou salgado, no fundo da garganta e dificuldade em engolir.
Sintomas de azia na gravidez
Muitas mulheres sofrem pela primeira vez de azia durante a gravidez. Na verdade, entre 40% a 80% das mulheres grávidas sofrem de azia. E não é difícil perceber porquê – o seu corpo está a sofrer muitas alterações hormonais e físicas.
Durante a gravidez, o seu corpo produz uma hormona, a progesterona, que torna a digestão mais lenta e relaxa a válvula muscular entre o esófago e o estômago, aumentando o risco de refluxo ácido. Em resultado, existe um maior risco de passagem dos ácidos estomacais para o esófago, provocando uma sensação de ardor no peito e na garganta. À medida que o feto cresce, a pressão no estômago aumenta, forçando a entrada dos ácidos estomacais no esófago e causando refluxo gastroesofágico.
Estes sintomas têm mais tendência a ocorrer depois das refeições e quando a mulher se dobra ou deita, mas depois do parto a pressão no estômago desaparece, tal como os sintomas associados.
Grávida com azia como tratar?
Os comprimidos mastigáveis ou pastilhas que associam carbonato de cálcio 680 mg e carbonato de magnésio 80 mg (Ex. Rennie®), são adequadas para o alívio dos sintomas relacionados com a produção de ácidos gástricos durante a gravidez e a amamentação, uma vez que os seus ingredientes (cálcio e magnésio) existem naturalmente no organismo e nos alimentos, desde que sejam cumpridas as indicações de toma e evitada a ingestão prolongada de dosagens elevadas.
A dose habitual é 1 ou 2 pastilhas, até 3 vezes ao dia (de preferência 1 hora após as refeições e antes de deitar). No caso de azia ou dor de estômago mais intensa, pode aumentar a dose até ao máximo 8 vezes por dia.
Fatores que agravam a azia
Os fatores que agravam a doença podem ajudar a avaliar o problema. Na azia pode haver agravamento com:
Aumento de peso,
Quando o doente está na posição horizontal,
Quando o doente faz uma refeição abundante.
Alimentos que agravam a azia
Identificar os alimentos que possam provocar a acidez é de extrema importância para melhorar os sintomas, a saber:
Café ou bebidas com cafeína,
Bebidas alcoólicas,
Refrigerantes com gás,
Comidas muito gordurosas
Comidas temperadas,
Chocolate,
Menta,
Citrinos,
Derivados do tomate.
Sinais de alarme para apoio médico urgente
Idade inferior a 6 anos
Idade superior a 75 anos
Sintomas presentes durante mais de 3 meses num ano
Sangue nas fezes
Perda de mais de 10% da massa corporal
Icterícia
Náuseas e vómitos persistentes
História prévia de ulcera péptica
Causa psicológica ou psiquiátrica ( Ex: ansiedade)
História familiar de cancro gastroesofágico
Cirurgia prévia a cancro gástrico
Consumo crónico de álcool
Tabagismo
Por vezes a dor surge repentinamente ou de modo muito severo podendo irradiar para as costas e braços. Nesta situação a dor pode mimetizar um enfarte o que exige um urgente encaminhamento médico. Alguns doentes que pensam estar a ter um problema de azia/acidez podem estar a ter, na verdade, um ataque cardíaco.
Pode haver dificuldade de deglutição e por vezes há regurgitação devido a obstrução do esófago o que pode pressupor um cancro.
Crianças com sintomas de azia
O aumento da frequência e da intensidade
Ineficácia após 7 dias de tratamento
Tratar a azia mas como?
Existem diversas medidas e atitudes que podem ajudar a evitar ou melhorar os sintomas de azia, a saber:
Evitar o excesso de peso.
Evitar comidas abundantes.
Comer em pequenas quantidades.
Coma com tempo e mastigue os alimentos devagar.
Sente-se direito quando comer e não coma no sofá.
Não coma tarde, nem “à pressa”.
Tentar comer 2 a 3 horas antes de se deitar.
Identificar e evitar os alimentos que possam provocar a acidez, tais como o café ou bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, refrigerantes com gás, comidas muito gordurosas ou temperadas, chocolate e menta, citrinos e derivados do tomate.
Não fumar ou pelo menos reduzir a frequência.
Evitar roupa ajustada ou cintos apertados.
Evitar exercício intenso, se este piorar a azia.
Se tem tendência a sintomas noturnos, deverá erguer-se ligeiramente com a ajuda de algumas almofadas
Medicamentos para tratar azia
Existem diversas classes de medicamentos que podem ser utilizados para tratar os sintomas e efeitos prejudiciais da azia e refluxo do ácido gástrico. As principais são as seguintes:
Alginatos (ex: alginato de sódio);
Antiácidos clássicos (ex: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio fosfato de alumínio, Magaldrato);
Inibidores da bomba de protões (ex: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol).
Alginatos em associação com antiácidos
Alginato de sódio 250 mg + bicarbonato de sódio 133,5 mg + carbonato de cálcio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 2 a 4 comprimidos até 4Xdia (Gaviscon®)
Alginato de sódio 500 mg + bicarbonato de sódio 267 mg + carbonato de cálcio 160 mg/10 mg, saquetas, 1 a 2 saquetas 4x/dia (Gaviscon Duefet®)
Alívio rápido dos sintomas
Como atuam estas associações de alginatos com antiácidos?
Estas associações funcionam de duas maneiras para aliviar de forma eficaz os sintomas de azia e indigestão:
1) O alginato de sódio começa por formar uma camada espessa no topo dos conteúdos do estômago, assim que entra em contacto com os ácidos do estômago. Esta camada funciona como uma forte barreira física e ajuda a manter os conteúdos do estômago no interior do estômago, onde pertencem, e não no esófago, onde são prejudiciais.
2) A associação de antiácidos (carbonato de cálcio com bicarbonato de sódio) neutraliza o ácido gástrico, proporcionando alívio rápido da indigestão e da azia.
Vídeos demonstrativos:
Antiácidos
Carbonato de dihidróxido de alumínio e sódio 340 mg, pastilhas, 1-2 comp. 4xdia. (Kompensan®)
Hidróxido de alumínio 240 mg, comprimidos mastigáveis, 1-4 comp. 4Xdia.
Carbonato de cálcio 680 mg, carbonato de magnésio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 1-2 comp. até máx. 8Xdia (Rennie®)
Hidróxido de alumínio 200 mg, hidróxido de magnésio 200 mg, dimeticone 26,25 mg, comprimidos mastigáveis, 2-4 comp. 4Xdia.
Fosfato de alumínio, 12,38 g de gel de fosfato de alumínio a 20%, saquetas, 1-2 saq. 3Xdia.
Hidróxido de magnésio, 83mg/ml, suspensão, 5-15mI3Xdia.
Bicarbonato de sódio 2081.8 mg, comprimidos efervescentes, 2 comp. até 4Xdia.
Magnésio e Alumínio
Os antiácidos compostos por sais de alumínio e de magnésio em associação podem parecer ideais, pois um componente completa o outro. O hidróxido de alumínio dissolve-se lentamente no estômago causando um alívio prolongado. Já os sais de magnésio agem rapidamente, neutralizando os ácidos com eficácia. Os fármacos que contêm ambos os componentes causam alívio rápido e prolongado.
Carbonato de cálcio
Este foi o principal antiácido durante muito tempo. Atua rapidamente, neutralizando os ácidos por um tempo significativo. Outro ponto positivo, é que esta é uma fonte económica de cálcio. No entanto corre-se o risco de sobredosagem deste mineral, uma vez que a quantidade máxima diária não deve superar 2000 mg,
Bicarbonato de sódio
Este foi utilizado durante décadas como neutralizante da acidez. É uma ótima solução, a curto prazo, para a má digestão. Contudo, seu uso exagerado pode provocar quebra do equilíbrio ácido-base do organismo, resultando em uma alcalose metabólica. Além disso a sua concentração de sódio também pode levar a problemas em indivíduos com insuficiência cardíaca e hipertensão.
Os sais de magnésio têm ainda efeito laxante, enquanto os sais de alumínio são obstipantes; sendo assim, é comum encontrar associações entre ambos os fármacos, visando minimizar estes efeitos colaterais.
Inibidores da Bomba de protões
Os inibidores da bomba de protões (IBPs) reduzem a produção de ácido pela diminuição da atividade da bomba de protões no estômago. Isso acontece porque um dos componentes vitais do ácido, o hidrogénio, já não pode ser produzido.
Os IBPs proporcionam um alívio prolongado, no entanto o início de ação demora algum tempo. Algumas pessoas continuam a ter sintomas de azia e indigestão, mesmo a tomar IBPs. No entanto, os alginatos, como Gaviscon®, podem ser tomados em simultâneo com os IBPs para ajudar a aliviar os sintomas.
São exemplos de IBPs os seguintes:
Omeprazol 10 e 20 mg,
Lansoprazol 15 e 30 mg,
Pantoprazol 20 e 40 mg
Esomeprazol 20 e 40 mg
Os inibidores da bomba de protões são geralmente tomados 1xdia, de manhã em jejum.
Os principais efeitos adversos e interações da terapêutica farmacológica para a azia, com antiácidos, são os seguintes:
Alergia
Obstipação
Redução da absorção de alguns antibióticos tais como as tetraciclinas, quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina, ofloxacina e levofloxacina) e cefalosporinas. Estas reduções de absorção podem atingir os 90% e são devidas à formação de quelatos insolúveis entre os medicamentos e os iões de alumínio
A ação de glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a levotiroxina, e o eltrombopag (Revolade®), pode ser afetada se tomar antiácidos ao mesmo tempo. É conveniente fazer um intervalo de 1-2 horas entre a toma do antiácido e a toma de outro medicamento.
Concluindo
A azia é um sintoma comum e na maioria das vezes é transitório. As medidas não farmacológicas podem ser efetivas no tratamento da azia. Os antiácidos de ação rápida são a primeira opção. A dor provocada pela azia pode ser confundida com um ataque cardíaco mas também pode mascarar um enfarte a decorrer, pelo que deve sempre, por precaução, procurar apoio médico urgente. Nas grávidas a azia é frequente e transitória desaparecendo em regra após a gravidez. A azia deve sempre ser tratada porque se trata de ácido do estômago que escapa para o esófago e “queima” deixando lesões locais que se forem frequentes podem degenerar para doença grave!
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