A picada de insectos como a vespa e abelha pode causar reacção e alergia grave, segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunulogia Clínica (SPAIC) sendo conhecida desde a antiguidade, Na Europa mais de 95% das reacções alérgicas provocadas por insectos são resultantes da picada de abelhas e vespídeos. Também os mosquitos, moscas, pulgas e percevejos podem provocar reacções, geralmente locais, resultantes da mordedura mas não da picada.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
Quais os insetos que causam mais picadas?
Qual a prevalência das reacções alergicas à picada de insetos?
Da ordem dos himenópteros, as espécies mais importantes são:
Vespulas,
Dolichovespulas,
Vespas,
Polistes,
Apis mellifera (abelha do mel).
Na Europa a prevalência de alergia ao veneno de himenópteros é cerca de 20%. Nos adultos a prevalência de reacções locais exuberantes varia de 2 a 19% e de reacções sistémicas graves de 0,6 a 7,5%. Nos apicultores a percentagem de reacções generalizadas é mais elevada, de 15 a 43%. Nas crianças as reacções graves são raras, cerca de 0,15 a 0,3%.
A incidência da mortalidade varia entre 1 a 5 mortes/10 milhões de habitantes/ano, extrapolando para o nosso país, poderão ocorrer entre 1 a 5 casos fatais por ano.
O que é uma alergia?
Uma alergia é uma reação de hipersensibilidade, a estímulos externos, mediada pelo sistema imunitário, nomeadamente um tipo de anticorpo com uma importância central em todas as doenças alergicas, designado imunoglobulina E (IgE).
As reações anafiláticas caracterizam-se pela ocorrência de sintomas envolvendo simultaneamente:
A pele e mucosas
O aparelho respiratório
O aparelho cardiovascular
O aparelho gastrointestinal
Reação anafilática quais os fatores de risco?
Depende da gravidade da reação inicial: se foi uma reação local exuberante o risco de reação sistémica em picadas subsequentes é < 15%, se foi uma reação sistémica ligeira o risco é 15-20%, se foi uma reação sistémica grave o risco é > 50%.
Curto intervalo de tempo entre duas picadas com um inseto da mesma espécie.
Menos do que 25 picadas por ano nos apicultores.
Outros fatores:
Idade avançada,
Doença cardiovascular,
Asma,
Beta-bloqueantes ou
Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA),
Mastocitose,
Triptase sérica elevada,
Alergia ao veneno de abelha.
Composição do veneno
O veneno é constituído por alergénios, proteínas com acções tóxicas e enzimáticas. Os mosquitos não produzem veneno, mas a saliva contem substâncias irritantes responsáveis pelas reacções locais.
Reação alérgica
Os indivíduos alérgicos desenvolvem anticorpos IgE contra o veneno e em picada de insectos posteriores podem surgir reacções alérgicas de gravidade variável.
Sintomas
As reacções alérgicas à picada de himenóptero podem ser de vários tipos:
1-Reacções locais: Dor, comichão, vermelhidão e inchaço no local da picada (reacção inflamatória) com menos de 10 cm de diâmetro, que resolve em 24 horas sem deixar sequelas. O local da picada raramente infecta, ao contrário do que acontece com os mosquitos, em que o acto de coçar pode levar facilmente à infecção da pele.
2-Reacções locais exuberantes: Edema no local da picada com mais de 10 cm de diâmetro, que geralmente persiste mais de 24 horas. Nos casos mais graves esta reacção pode ser acompanhada de fadiga, náuseas ou febre. A linfadenopatia que por vezes acompanha esta reacção não é sinal de infecção mas sim de inflamação alérgica. Quando a picada ocorre na cabeça, particularmente na região à volta dos olhos, pode ocorrer edema palpebral provocando oclusão ocular. Se o local da picada for na face, particularmente na boca, existe a possibilidade de angioedema da laringe, com obstrução das vias aéreas e risco de vida.
3-Reacções sistémicas: Surgem geralmente alguns minutos após a picada e têm vários graus de gravidade:
Grau I – Comichão generalizada, urticária, vermelhidão, mal-estar geral e ansiedade.
Grau II – Um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes: Angioedema, opressão ou aperto torácico; náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal, vertigens.
Grau III – Um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes: Falta de ar, pieira, estridor; dificuldade em engolir ou em falar, rouquidão; fraqueza, confusão, sensação de morte iminente.
Grau IV – Um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes: Hipotensão arterial, choque, perda de consciência; incontinência de esfíncteres, cianose (cor arroxeada da pele).
4-Reacções tóxicas: Resultam de picadas múltiplas e simultâneas, geralmente 50 ou mais, e pode colocar em perigo a vida da vítima.
5-Reacções raras: Podem surgir vários dias após a picada ou ser progressiva durante longo período de tempo e inclui: doença do soro, vasculite generalizada, neurite, glomerulonefrite, trombocitopénia, anemia hemolítica.
Diagnóstico
É importante a história clínica, caracterizando o tipo de reacção, os factores de risco individuais e tentando identificar o insecto em causa. É útil saber que o ferrão das abelhas permanece habitualmente na pele, o que não acontece com os vespídeos.
Os testes cutâneos em picada e intradérmicos com leitura imediata, são muito sensíveis, e estão indicados quando há história de reacções sistémicas.
A determinação de anticorpos IgE específicos no soro é mais específica, mas pode ser negativa em 15% dos casos. Os anticorpos IgG4 específicos, aumentam transitoriamente algumas semanas após uma picada e baixam 3 a 6 meses depois.
Tratamento
Após uma picada de abelha deve-se tentar remover imediatamente o ferrão, com as unhas ou um cartão, evitando comprimir o saco do veneno que pode provocar uma injecção adicional de veneno.
Tratamento das reacções:
1-Reacções locais: Aplicação de gelo ou compressas frias no local da picada.
2-Reacções locais exuberantes: Aplicação de gelo ou compressas frias e corticosteróide creme no local da picada. Anti-histamínico oral durante 2-3 dias e nos casos mais graves corticosteróide oral durante 2 – 3 dias.
3-Urticária e/ou angioedema: Anti-histamínico oral ou intramuscular (IM) e corticosteróide oral ou endovenoso (EV). Nos casos mais graves adrenalina IM.
5-Reacção sistémica grave (anafilaxia): Adrenalina IM, se necessário repetir 15 minutos depois. Nos casos refractários adrenalina EV, oxigénio e medidas de tratamento do choque anafiláctico.
Todos os doentes com história de reacções sistémicas graves devem ser portadores de um dispositivo (caneta/seringa) de emergência contendo adrenalina para auto-administração (0,3 mg no adulto e 0,15 mg na criança), de anti-histamínico e corticosteróide.
Em caso de picada deve tomar imediatamente o anti-histamínico e o corticosteróide. Caso sinta os primeiros sintomas de reacção alérgica sistémica deverá preparar a adrenalina para auto-injecção intra-muscular na face antero-lateral da coxa e através da roupa se necessário.
Estes doentes devem ser referenciados a uma Consulta de Imunoalergologia, para avaliação e se necessário vacina com veneno.
Vacina quem deve tomar?
Todos os indivíduos com reacções sistémicas graves, testes cutâneos e IgE específicas positivos devem fazer tratamento de dessensibilização (vacina) com o veneno ao qual são alérgicos. A imunoterapia específica é o único tratamento capaz de prevenir futuras reacções.
Os doentes com história de reacção local exclusiva, mesmo que exuberante, não têm indicação para esta terapêutica, mesmo que os testes cutâneos sejam positivos.
Existem vários protocolos para iniciar as vacinas com venenos: convencional, rápido ou ultra-rápido. Actualmente, preferem-se os protocolos rápidos com a duração de 4 dias ou ultra-rápidos durante 3,5 horas, realizados sempre em ambiente hospitalar. Atingida a dose de 100μg de veneno, equivalente aproximadamente à picada de dois insectos, esta é repetida cada 4 semanas durante o primeiro ano de tratamento e cada 6 semanas nos anos seguintes, durante 3 a 5 anos.
Este tratamento é eficaz em 91 a 100% dos casos de alergia ao veneno de vespa e 77 a 80 % ao veneno de abelha. Nos restantes casos ocorrem apenas reacções de reduzida gravidade.
Como prevenir?
Na maioria dos casos os insetos picam quando se sentem em perigo, tornam-se mais agressivos durante o verão e quando há cheiros intensos ou perfumados.
Nunca andar descalço especialmente em relvados.
Evitar o uso de roupa larga com cores brilhantes ou padrões florais.
Evitar perfumes ou cosméticos com cheiros activos em meio rural ou no campo.
Evitar locais onde existem estes insectos: jardins com flores, árvores de fruto, troncos caídos (onde as vespas costumam construir os ninhos).
Evitar beber e comer ao ar livre. Evitar caixotes e contentores de lixo.
Usar capacete e luvas para andar de bicicleta ou motociclo.
Inspeccionar o carro antes de entrar e manter as janelas fechadas.
Evitar movimentos bruscos quando abelhas ou vespas se aproximam (não enxotar). Se for atacado, proteger a cara com os braços ou com uma peça de vestuário.
Ter cuidado ao praticar desportos ao ar livre, porque o suor atrai estes insectos.
Ter cuidado ao fazer jardinagem: manter os braços, cabeça e corpo o mais cobertos possível.
Andar SEMPRE com o dispositivo de ADRENALINA, nunca o deixar no carro ou em casa, principalmente se tiver um historial clínico de reacção anafilática.
Há produtos alimentares que conserva no seu frigorífico, mas que se calhar não devia guardar no “rei dos electrodomésticos”! Isto porque apesar do aparente benefício de lhes prolongar a vida desta forma poderá não ser assim tão bom para a sua saúde.
Basicamente todos os produtos frescos como fruta, legumes e carne mesmo que não estejam cozinhados e seja guardados no frigoirífico vão perder muitas das características nutritivas benéficas para a sua saúde de dia para dia. O que deve fazer, se não os vai cozinhar de imediato, é congelar o mais cedo possivel e armazenar no congelador ou arca frigorífica.
Sobras do dia anterior, o que fazer?
Mesmo que seja adepto deste tipo de prática, porque odeia deitar alimentos para o lixo, saiba que não deve deixar a comida mais do que quatro dias no frigorífico. Se ultrapassar este prazo provavelmente poderá ficar mais suscetível a ter uma intoxicação alimentar.
Enlatados, o que fazer?
Costuma deixar latas abertas no frigorífico? Pois bem, saiba que especialmente aqueles que guardam um conteúdo ácido podem fazer com que o metal se transfira para a comida, o que pode trazer-lhe sintomas indesejados como febre, náuseas ou diarreia.
Alimentos bolorentos, o que fazer?
Quando vê um alimento com uma pequena mancha de bolor costuma retirar essa parte e utilizar a restante? Pois bem, estudos recentes revelaram que o bolor penetra abaixo da superfície da comida, deixando fungos e substâncias tóxicas. Além disso, o bolor deixa esporos que podem espalhar-se através do ar para outros alimentos.
Carne cozinhada e crua no frigorífico, quantos dias posso manter?
A carne deve ser guardada na zona mais fria, ou seja, nas prateleiras intermédias junto da serpentina de arrefecimento, a uma temperatura entre 0ºC e 3ºC, junto dos pratos já cozinhados, peixe, charcutaria e outros produtos sensíveis. A carne picada deve ser consumida de imediato e até 24 horas. Outras carnes cruas podem ficar no frigorífico até 3 dias. As cozinhadas só resistem 1 a 2 dias. A temperatura no frigorífico deve rondar os 3ºC, mas nunca deve ser negativa, nem superior a 5ºC.
Arrumar alimentos no frigorífico
A arrumação correcta dos alimentos é muito importante para a sua boa conservação. Assim de forma resumida, de cima para baixo do frigorífico, os alimentos devem ser guardados com a seguinte estrutura, em geral:
Prateleira de cima: Iogurtes, queijo, natas e compotas.
Prateleira média:Carne picada ou de aves crua, fiambre e charcutaria, peixe, cozinhados, conservas abertas e produtos de pastelaria.
Gavetas de baixo: Legumes e fruta.
Porta: porta para os ovos, manteiga, margarina, leite, água e sumos.
Alimentos podres e contaminação
Sim, pode haver transmissão de odores e de bactérias. Proteja os alimentos com película aderente ou coloque-os em caixas herméticas. Evite contaminações e limpe o frigorífico, pelo menos, uma vez por trimestre, com água e bicarbonato de sódio, detergente da loiça ou produto de limpeza próprio. Enxagúe o aparelho com um pano húmido.
Leite estragado, como reconhecer?
Se a embalagem está inchada, antes de a abrir, o leite já não está em boas condições. O desenvolvimento de microrganismos pode provocar a formação de gás e um aumento do volume do pacote. No caso do leite UHT (ultrapasteurizado), depois de aberto, guarde-o na porta, a zona menos fria, e consuma-o no prazo máximo de 3 a 4 dias. Os leites pasteurizados ou do dia devem ir para o frio logo após a compra e, depois de abertos, duram 1 a 3 dias.
Iogurte fora de validade posso comer?
O melhor é não comer. Alguns alimentos apresentam uma data de durabilidade mínima até à qual o fabricante garante que conservam as propriedades. É o caso dos produtos com a indicação “consumir de preferência antes de…” no rótulo. Outros, como os iogurtes, indicam uma data limite de consumo, expressa em “consumir até…”, com indicação do dia e mês, pois são mais perecíveis e podem representar um perigo imediato para a saúde. Uma tampa arredondada é sinal de um iogurte estragado.
Alimentos quentes posso guardar no frigorífico?
Os alimentos se forem guardados quentes, a temperatura no interior do frigorífico vai aumentar. O resultado é que todos os alimentos lá guardados também vão aquecer. Com temperaturas mais altas algumas bactérias podem multiplicar-se e estragar os alimentos ou então podem tornar-se um perigo para quem os ingerir.
Por outro lado, o frigorífico fará um maior esforço para manter a temperatura e, portanto, os gastos energéticos e o desgaste do frigorífico também serão superiores.
Alimentos ainda quentes o que fazer?
Então o que é que se deve fazer? Para arrefecer os alimentos, antes de os guardar, pode distribuí-los por recipientes pequenos, colocar num banho de água fria ou mexer com frequência. Depois disso, já pode colocar no frigorífico ou no congelador com segurança.
Conselhos úteis
Termómetro
Para reduzir o risco de vir a ter uma doença, mantenha a temperatura a 4º C ou mais baixa. Compre o seu termómetro para o frigorífico numa loja de eletrodomésticos ou em lojas que forneçam equipamentos a restaurantes e cole-o na parte superior do frigorífico – o melhor local para uma leitura precisa.
Prateleira de cima
A parte de trás da prateleira superior é o local mais fresco do frigorífico; é o sítio onde normalmente os fabricantes colocam as ventoinhas de frio. Coloque aí o leite e os seus derivados para os proteger das diferenças de temperatura. E não fique com a porta aberta muito tempo!
Comida e data de fabrico
Cole uma etiqueta em cada recipiente para identificar o seu conteúdo e a data em que foi feito. A maioria da comida está boa para consumir até três ou quatro dias depois de ser confecionada.
Prateleira do meio
Junte nesta prateleira os produtos que mais usa. Disponha-os em filas, de frente para trás e do mais pequeno para o maior. Desta maneira é menos provável que se esqueça dos itens pequenos, como o patê. Mantenha entre cada fila uma largura mínima para conseguir alcançar tudo com facilidade.
Prateleira de baixo
Reserve esta área para comida, como frango cru ou bifes, para não pingarem em cima de outros produtos. Mantenha a carne bem embrulhada na parte de trás para se manter o mais fria possível.
Gavetas
Junte os produtos em gavetas – especialmente a comida que costuma “trincar”, como as maçãs. Os produtos estão mais suscetíveis à contaminação se estiverem junto de carne de aves cruas ou cozinhadas.
Como funciona um frigorifico?
O compressor aspira o fluido refrigerante do evaporador, reduzindo a pressão nesse componente. O fluido é comprimido pelo compressor e segue para o condensador.
No condensador o fluido refrigerante, sob alta pressão, liberta o calor para o ambiente e torna-se líquido. O próximo componente do circuito é o elemento de controle, que pode ser um tubo capilar ou uma válvula de expansão. O elemento de controle reduz a pressão do refrigerante líquido que foi formado no condensador. Essa redução de pressão permite a evaporação do refrigerante, que volta ao estado gasoso ao passar pelo evaporador.
A mudança do estado líquido para o gasoso, necessita de calor. Desta forma, o fluido refrigerante retira o calor de dentro do sistema de refrigeração através do evaporador. O condensador liberta esse calor para o ambiente. O elemento de controle oferece uma certa resistência à circulação do refrigerante, separando o lado de alta pressão (condensador) do lado de baixa pressão (evaporador). O sistema de refrigeração usa ainda um filtro secador com dessecante para reter alguma eventual humidade residual existente no sistema. O tubo de arrefecimento a óleo, que existe em alguns compressores, serve para baixar a temperatura do compressor.
Toxinfeções alimentares
Por: Dra Paula Teixeira
Docente e investigadora da Escola Superior de Biotecnologia
Uma alimentação variada e equilibrada é fundamental para o bem estar físico e emocional. Os consumidores esperam que os alimentos que compram e consomem sejam apetecíveis, nutritivos e ao mesmo tempo seguros. Este último aspeto significa que os alimentos consumidos não podem colocar a saúde do consumidor em perigo. Mas, como diz o velho provérbio chinês, “quem não tem alimento, tem um problema, quem tem alimentos, tem vários problemas”.
Diarreias, vómitos, pequenas febres, sobretudo nas crianças – situações muitas vezes bem desagradáveis –, são manifestações características de toxinfeções alimentares, vulgarmente referidas como “intoxicações” alimentares. A sua gravidade é variável, podendo a sintomatologia desaparecer rapidamente, ou então progredir para situações graves, em algumas circunstâncias fatais.
As “intoxicações” podem surgir sempre que microrganismos patogénicos (os que causam doença) ou as suas toxinas entram no nosso organismo através dos alimentos que ingerimos. Apesar de não os vermos, estes microrganismos estão por todo o lado:
No nosso corpo,
Nos animais domésticos,
No ar,
Na água,
Nas superfícies e nos utensílios de cozinha,
Nos próprios alimentos… Um alimento pode apresentar um aspeto apetecível e no entanto conter agentes patogénicos!
A visão corrente do público é de que as “intoxicações” alimentares são adquiridas em estabelecimentos comerciais como cantinas e restaurantes. No entanto, tem-se constatado que estas doenças estão muitas vezes associadas à preparação e ao consumo de alimentos nas nossas casas. A falta de cuidado na preparação das refeições, os alimentos mantidos fora do frigorífico, o consumo de alimentos crus ou pouco cozinhados são algumas das causas.
Toxinfeções alimentares nos meses mais quentes
A temperatura tem uma forte influência na multiplicação das bactérias. A maioria das bactérias patogénicas duplica mais rapidamente entre os 25 e os 40 ºC, ou seja, à volta da temperatura normal do corpo humano. Nos meses mais quentes, existe uma maior possibilidade dos alimentos atingirem estas temperaturas – na mala do carro durante o transporte desde o supermercado até às nossas casas, ou nas prateleiras das lojas e cafés se a refrigeração não estiver a funcionar convenientemente – que permitem o desenvolvimento destas bactérias e, assim, causarem doenças.
Mas não é só…
Fazem-se churrascos, piqueniques e refeições na praia… Mas as condições para preparar alimentos fora de casa não são comparáveis às que existem numa cozinha!
O verão é tempo de festas populares. Tantos “petiscos” preparados sob condições de higiene algumas vezes pouco recomendáveis…e os banquetes de casamentos e comunhões… tantas iguarias, preparadas com antecedência e mantidas à temperatura ambiente por longos períodos até que sejam consumidas! Quando o verão está à porta, todos os cuidados são poucos…
Concluindo
Pois é curioso… um artigo cujo título parece um um anúncio para “venda de electrodomésticos saudáveis” 🙂 é desenvolvido como uma questão de saúde diária passa pela mecânica do frigorífico e termina aludindo aos calorosos, descontraidos e deliciosos piquenique de verão 🙂 !
A saúde é isso mesmo, transversal a tudo o que nos rodeia e o seu universo de temáticas é simplemente infinito. Seja qual for o tema de que se fale existe sempre uma consequência boa ou má para a nossa saúde fisica ou mental sendo que estas são inseparáveis! Por exemplo, se o antigo frigorífico já não der garantias de segurança, a simples decisão de comprar um frigorífico novo vai causar um sentimento de segurança psicologicamente positivo que vai beneficiar o sistema imunitário e logo que esteja instalado diminuirá muito o risco de toxinfeções alimentares.
Quanto ao artigo talvez o mais importante seja nunca deixar alimentos cozinhados demasiados dias no frigorífico, inspecionar visualmente os artigos à procura de bolores, deitar fora os alimentos estragados ou fora de validade e fazer uma limpeza regular do frigorífico!
Medicamentos, medicina e descobertas na saúde, ciência e tecnologia. Conheça algumas das descobertas interessantes dos últimos anos da medicina, farmacologia e ciência que salvam muitas vidas! Novas vacinas, fármacos mais eficazes e menos efeitos secundários, tecnologias inovadoras aplicadas à medicina, grandes esperanças para doentes até agora sem tratamento, técnicas cirúrgicas que vão ficar na história…!
Nos últimos anos, em Portugal e no resto do mundo, ocorreram grandes progressos na medicina que permitem a médicos e pacientes sonhar com uma melhor saúde, mais eficaz e eficiente. «A história mostra-nos que o conhecimento nada tem de imutável e acredito, inabalavelmente, que a ciência tem ainda muito para nos proporcionar», afirma João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da universidade de Lisboa.
Neste artigo vou falar dos seguintes medicamentos, técnicas e tecnologias:
Envelhecimento e como reverter o processo?
Cancro da próstata e novas tecnologias;
Antipsicótico de última geração;
Perda de visão regredir é possível?
Primeiro bebé de útero transplantado;
Hepatite C qual o grande avanço no tratamento?
Diabetes quais os novos fármacos?
Doenças autoimunes qual a nova esperança?
Melanoma quais os inovadores tratamentos?
Insuficiência cardíaca qual o novo medicamento?
Doente reumático como melhorar o tratamento?
Teste pré-natal novo e mais completo?
Parkinson e Alzheimer qual a melhor estratégia de tratamentos e prevenção nas doenças neurodegenerativas?
Dentes mais fortes quais as novas Estruturas orais 3D?
Lentes de contacto inteligentes o que trazem de novo?
Artrite psoriática qual o primeiro tratamento oral?
Uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (iMM) João Lobo Antunes descobriu que a manipulação de uma molécula de RNA é suficiente para reverter o envelhecimento celular.
Todas as células do organismo sofrem um processo gradual de envelhecimento que pode contribuir para o aparecimento de várias doenças. Uma forma de combater as doenças associadas ao envelhecimento consiste em induzir a regeneração celular. No entanto, células envelhecidas tendem a ser muito resistentes a manipulações que visam a sua regeneração.
No iMM, a equipa liderada por Bruno de Jesus e Maria do Carmo-Fonseca descobriu que células retiradas da pele de ratinhos envelhecidos produziam muito maior quantidade de uma molécula de RNA (ácido ribonucleico) do que células de ratinhos jovens. Ao reduzir a quantidade deste RNA, tornou-se muito mais fácil regenerar as células velhas.
“Estes resultados são um importante avanço no sentido de virmos a ser capazes de regenerar tecidos doentes em pessoas idosas”, disse Bruno de Jesus.
Cancro da próstata
Nuno Monteiro Pereira, médico urologista, destaca três avanços, particularmente úteis no diagnóstico e tratamento do cancro da próstata, a saber:
A popularização do uso de cirurgia robótica ganhou mais força a nível mundial e permite uma grande precisão de movimentos e uma visão muito próxima das estruturas a operar.
Estão também a ser avaliadas novas tecnologias minimamente invasivas para o cancro da próstata, sobretudo a eletroporação irreversível, que já mostra resultados promissores, embora ainda não conclusivos.
Na área do diagnóstico, estão, ainda, a surgir novas técnicas tridimensionais e de fusão de imagem que permitem a realização de biópsias com elevadíssima precisão.
Em Portugal, já existem dois equipamentos para a realização de cirurgia robótica, prevendo-se a chegada em breve de um terceiro. Os mais frequentes órgãos operados são a próstata e o rim, quase sempre em situações oncológicas, mas a tecnologia está a avançar para outros órgãos e cirurgias.
As novidades não se ficam, contudo, por aqui. Também a eletroporação irreversível já está a ser experimentalmente realizada em dois centros portugueses, prevendo-se um alargamento do número de investigadores. Para um futuro próximo, o médico prefere uma postura cautelosa esperando que o novo ano concretize o uso ponderado, cauteloso e seguro das novas armas diagnósticas e terapêuticas no campo do cancro da próstata.
Antipsicótico
Vítor Viegas Cotovio, médico psiquiatra e psicoterapeuta, membro do Conselho Nacional de Saúde Mental defende que, no que à psiquiatria diz respeito, o lançamento do já existente antipsicótico Paliperidona, agora sob a forma de injetável foi um grande passo, uma vez que tem uma libertação prolongada, podendo ser dado mensalmente, o que facilita a adesão à terapêutica e previne as recaídas que ocorrem, quer por esquecimento quer porque o doente psicótico decide não fazer a medicação.
Paliperidona o que tem de diferente?
Por ser um antipsicótico de última geração, é um medicamento atípico, o que significa que os efeitos secundários, como os tremores, que são uma das grandes lutas no que diz respeito aos medicamentos antipsicóticos, não acontecem com tanta frequência ou com tanta intensidade, neste caso. Para além disso é de relevar o facto deste medicamento não deixar a pessoa tão quebrada e tão sedada. O grande presente do futuro seria a criação de um medicamento com menos efeitos secundários, menos sedativo, que não interferisse tanto no quotidiano dos doentes psicóticos.
Perda de visão nova descoberta
Luís Gouveia Andrade, médico oftalmologista no Hospital Cuf Infante Santo, sublinha a importância da identificação da causa da perda de visão nas doenças da retina, em particular, a degenerescência macular relacionada com a idade e a retinopatia diabética que, no seu conjunto, são duas das mais importantes causas de perda de visão e cegueira e o desenvolvimento de uma substância capaz de travar e/ ou regredir esse processo terem aberto uma enorme janela de esperança para milhões de doentes em todo o mundo. Até recentemente, as opções terapêuticas para as doenças da retina eram muito reduzidas e nem sempre bem sucedidas.
Em muitos casos, o papel do médico era sobretudo acompanhar e apoiar os doentes e não tanto tratá-los de um modo eficaz. A descoberta desta nova opção torna o tratamento mais simples, menos invasivo, passível de ser repetido sempre que necessário e permite, em muitos casos, uma recuperação significativa da visão perdida. Para o futuro, o transplante da retina é solução que permitiria restituir a visão a incontáveis pacientes.
Primeiro bebé de útero transplantado
Em 2014, um grupo sueco obteve o primeiro nascimento de uma gestação conseguida num útero transplantado, constituindo um dos maiores avanços da medicina, podendo ser comparado ao do primeiro transplante cardíaco. Alexandre Lourenço, consultor em ginecologia e obstetrícia no Hospital de Santa Maria, assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa, explica que até à data, nenhuma mulher que não tivesse útero poderia ter um filho sem recorrer a outra mulher (denominado útero de aluguer). O grupo já tinha realizado oito transplantes uterinos e isso, só por si, seria um grande avanço da ginecologia.
No entanto, como órgão que só cumpre a sua função integral com a gravidez, esse facto devia ser complementado com um parto de recém-nascido vivo e viável, o que foi conseguido recentemente. De futuro, espera-se que surjam avanços na avaliação de defeitos genéticos/ cromossómicos fetais em células fetais circulantes no sangue materno, que permitissem diminuir os custos desses testes e, a prazo, fazer com que os testes realizados por rastreios indiretos ou através da amniocentese se tornem desnecessários e obsoletos.
Hepatite C novos medicamentos
Jorge Canena, médico gastrenterologista do Hospital Cuf Infante Santo, professor de gastrenterologia na Nova Medical School, afirma que um dos grandes avanços no âmbito da gastrenterologia foi a introdução de novos fármacos para o tratamento da hepatite C, a saber:
Sofosbuvir
Simepravir.
São ambos medicamentos caros e, em Portugal, ainda estão pouco disponíveis. As vantagens são preciosas já que reduzem o tempo de tratamento, apresentam um número muito reduzido de efeitos secundários e estão associadas a elevadas taxas de sucesso terapêutico.
Tal implica uma eliminação do vírus, impedindo a progressão da doença, em última análise. Estes três aspetos são um grande passo no tratamento da hepatite C. Para o futuro, espera-se a melhoria de testes genéticos para o cancro, associado a programas de rastreio para diversos tipos de tumor, programas não só mais eficazes como abrangendo maior número de pessoas.
Diabetes novos medicamentos
João Jácome de Castro, médico endocrinologista, diretor do Serviço de Endrocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital das Forças Armadas afirma que a chegada a Portugal, de novas classes de fármacos para tratar a diabetes, foi um avanço importante, a saber:
Análogos GLP1
Inibidores SGLT2 ( em aprovação final ) outra classe ainda mais moderna que diminuem a reabsorção de açúcar.
Quais as vantagens destes novos fármacos?
A grande vantagem destes novos fármacos é de que, para além de controlarem a glicemia nas pessoas com diabetes, permitirem, simultaneamente, reduzir-lhes o peso.
No caso particular dos doentes com diabetes tipo 2, este efeito é especialmente importante já que a esmagadora maioria destes doentes tem excesso de peso e obesidade, um fator de predisposição e agravamento no controlo da própria doença. De futuro espera-se que haja um maior investimento na prevenção da diabetes e no rastreio precoce das pessoas com diabetes.
Doenças autoimunes
O grande avanço médico iniciado em 2014, para Luís Romariz, médico especialista em medicina antienvelhecimento no Instituto Médico Newage foi a consolidação de uma terapia para as doenças autoimunes e coadjuvante no tratamento do cancro, que foi iniciada em 2009, e que é a LDN (Baixas Doses de Naltrexona). Descobriu-se que doses mínimas de um fármaco usado no tratamento das pessoas com problemas de consumo de narcóticos eram capazes de aumentar a imunidade.
As coisas evoluíram ao ponto de curar algumas dessas doenças, tais como a artrite reumatoide, o lúpus, a psoríase, a esclerose múltipla ou cancro do pâncreas! No que ao futuro diz respeito , era bom que se descobrisse um fármaco com verdadeira acção no alongamento dos telómeros. Aí sim poderíamos aspirar à vida eterna!
Melanoma
Fátima Cardoso, médica oncologista, diretora da Unidade de Mama do Centro Clínico Champalimaud e secretária-geral da European Organisation for Research and Treatment of Cancer, destaca os avanços iniciados em 2014 para o tratamento do melanoma. Para este cancro, frequentemente fatal, as possibilidades terapêuticas eram muito reduzidas, existindo neste momento tratamentos capazes de prolongar a vida dos doentes com melanoma avançado, cujo princípio ativo é o anti-PDL1. Um desses tratamentos representa uma das primeiras aplicações clínicas eficazes de imunoterapia na área da oncologia.
Apesar disso, a melhor arma para combater este tipo de cancro continua a ser a prevenção. Esta doença é curável, mas apenas quando diagnosticada precocemente. Quanto ao futuro, se os conhecimentos atuais fossem bem utilizados para tratar todos os doentes com cancro, a mortalidade seria substancialmente reduzida. Assim, desejo que todos os doentes possam ser tratados segundo as recomendações internacionais publicadas, por médicos experientes e humanos e que tenham acesso aos melhores tratamentos.
Insuficiência cardíaca
Para Manuel Carrageta, médico cardiologista, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, o maior avanço na área da cardiologia para o tratamento de uma doença com uma mortalidade muito elevada e que causa grande sofrimento aos doentes (cansaço, falta de ar, edemas) é um novo medicamento que tem uma molécula mista composta por dois fármacos, a saber:
Valsartan,
Sacubitril
Esta associação tem mostrado efeitos muito benéficos, com grande redução da mortalidade, quando comparado com as terapêuticas atuais. Para o futuro, o cardiologista deseja que o novo tratamento para a insuficiência cardíaca seja rapidamente aprovado em todo o mundo e que também os doentes portugueses possam, em breve, beneficiar dele.
Doente reumático melhor tratamento
Augusto Faustino, médico reumatologista da Clínica de reumatologia de Lisboa e do instituto Português de reumatologia, afirma que na área da reumatologia, assistiu-se à sedimentação e implementação de tendências que se vinham a delinear nos anos anteriores, a amplificação da rede de prestação de cuidados reumatológicos em meio hospitalar a nível nacional e o fortalecimento daquela que foi a maior revolução no tratamento das doenças inflamatórias reumáticas nos últimos anos, a utilização de terapêuticas biotecnológicas, regida por normas de boa prática clínica e com registo informático num processo clínico eletrónico da reumatologia, o Reuma.pt.
O corolário destes dois factos foi permitir que os doentes reumáticos possam mais facilmente ser consultados pelos médicos especialistas mais habilitados, e que as situações reumatológicas mais graves, e potencialmente mais agressivas e destrutivas, possam ser tratadas com propriedade clínica e em segurança, com os fármacos mais adequados e mais efetivos para a sua abordagem. No futuro era bom que se verificasse uma mudança de paradigma na área da reumatologia, deixando os médicos e os doentes reumáticos de procurar um diagnóstico definitivo, centrando-se na deteção de sinais e sintomas precoces de doença reumática, habitualmente associados à existência de inflamação.
Teste pré-natal mais completo
De entre os vários avanços na área da genética, a especialista Purificação Tavares geneticista e directora do CGC Genetics salienta destaca o facto de o teste não invasivo pré-natal, agora mais completo, dar resultado para outras anomalias, a saber:
Trissomia 21
Trissomia 13
Trissomia 18,
Síndrome de Turner
Sindrome de Klinefelter e de
Sindrome de Microdeleção,
Este teste mais completo confere ao médico e ao casal muito maior segurança durante a gravidez. Mas as inovações neste campo não ficaram por aqui. Desde 2014 ocorreu, também, a possibilidade de realizar-se múltiplas análises de pesquisa de mutações de uma só vez com a sequenciação de nova geração (NGS).
É uma metodologia que está a ser aplicada em várias especialidades médicas e que permite menos custos, um menor tempo de resposta, bem como diagnósticos antes impossíveis de doenças causadas por múltiplos genes, tais como:
Atrasos de desenvolvimento,
Retinopatias pigmentares,
Surdez
Doenças neurodegenerativas
No futuro, a geneticista Purificação Tavares, deseja que surjam mais consultas de genética médica, de modo a que a população tenha um acesso mais facilitado a esta especialidade e às novas análises.
Doenças neurodegenerativas
De entre os enormes avanços das neurociências nas últimas décadas, Belina Nunes, médica neurologista, diretora da Clínica da Memória realça o progresso no conhecimento dos mecanismos da neurodegeneração, sobretudo relativamente às doenças de Parkinson e de Alzheimer, o que tem permitido melhores estratégias de prevenção e tratamento, nomeadamente «a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) na doença de Parkinson, uma técnica já utilizada em vários centros neurológicos e com benefícios significativos num elevado número de doentes.
No campo da imagiologia cerebral, as técnicas de tratografia dão imagens maravilhosas dos feixes nervosos e começam cada vez mais a ser usadas na investigação e na prática clínica. Esta é uma das técnicas mais promissoras para o melhor conhecimento do funcionamento do cérebro humano.
Dentes mais fortes estruturas orais 3D
Na medicina dentária, o destaque de João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, professor adjunto da NYU e diretor clínico do Instituto de Implantologia, vai para o início da utilização de impressoras 3D na produção de réplicas de estruturas orais, sejam elas dentárias, gengivais ou ósseas. Este é um marco importante numa área em que pontos de contacto entre engenharia mecânica e robótica, engenharia informática (hardware e software) e prestação de cuidados de saúde são cada vez mais generalizados e indissociáveis.
A produção de estruturas 3D implica a utilização de scanners e de software com graus de detalhe espantosos e que permitem a recolha de informação da cavidade oral do doente por via digital, diminuindo assim o tempo de tratamento e o seu grau de desconforto. A tecnologia utilizada aumenta a precisão dos trabalhos, diminuindo as margens de erro e permitindo a execução de próteses em poucas horas. Dado que trabalhamos com informação digital, os obstáculos físicos perdem importância encurtando distâncias entre cidades, países e continentes, aproximando doentes e equipas médicas que não partilham a mesma localização geográfica.
Quando se pensa no futuro, embora com aplicações longe do imediato, anseio por mais investigação em células pluripotenciais, a partir das quais se possam criar tecidos biológicos perdidos, nomeadamente dentes, de forma a podemos aspirar a uma verdadeira terceira dentição.
OUTRAS DESCOBERTAS IMPORTANTES:
Lente de contacto inteligente
Foi apresentada pela Google e é capaz de medir os níveis de glicose e de enviar a informação para o smartphone.
Artrite psoriática primeiro tratamento oral
Foi aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA) e surge como uma alternativa aos fármacos injetáveis até então existentes, sendo um tratamento mais seguro e eficaz.
Pâncreas artificial
Foi desenvolvido no reino unido com o objetivo de revolucionar a vida dos doentes com diabetes que precisam de fazer injeções diárias de insulina. Os ensaios clínicos começaram em 2016.
Zona primeira vacina
Atua no gânglio nervoso onde está adormecido o vírus da varicela (herpes zoster) ajudando a prevenir a sua reativação, que leva ao aparecimento da zona.
Rosáceaprimeiro tratamento específico
Em formato de gel tópico permite uma redução do eritema facial 30 minutos após a aplicação, com resultados até 12 horas. É vendido mediante receita médica e o seu princípio ativo é a brimonidina.
Mecanismo tumoral descoberta Portuguesa
A descoberta do mecanismo que promove o crescimento do cancro do ovário foi realizada por uma equipa de cientistas do Instituto de Medicina Molecular em Lisboa e vem abrir portas ao desenvolvimento de terapias, ao nível da imuno‑oncologia.
Disfunções da marcha primeiro tratamento
É uma nova esperança para quem sofre de esclerose múltipla. Permite a libertação prolongada da substância ativa fampridina. A sua utilização, em meio hospitalar, foi recentemente autorizada.
CANCRO, NOVA DESCOBERTA CONTRA AS METÁSTASES
Como se forma um cancro?
Cancro qual a nova descoberta?
Pela primeira vez, foi possível detectar e isolar, no fluxo sanguíneo, células susceptíveis de criar metástases e espalhar um cancro. Isto poderá permitir avaliar a agressividade dos cancros de forma precoce.
Qual a importância desta técnica?
Uma equipa de cientistas nos Estados Unidos demonstrou que é possível, graças a pequenos bocados específicos de ADN espetados à superfície de diminutas bolinhas de ouro, detectar no sangue humano células cancerosas que estão à deslocar-se à procura de novos sítios do corpo para invadir.
A inédita técnica, que poderá permitir destruir estas células antes de elas se instalarem noutros órgãos e formarem metástases, foi descrita recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Metástases do cancro
Quando um cancro forma metástases, o prognóstico para o doente não é bom; já pode ser tarde demais. Ora, até aqui, não era possível apanhar as células cancerosas circulantes directamente no sangue, antes de elas colonizarem novos tecidos.
NanoFlares o que são afinal?
Agora, Chad Mirkin, da Universidade Northwestern (EUA), e colegas, conseguiram literalmente fazer brilhar essas células iluminando-as do interior por uma salva de microscópicos very-light.
Os cientistas deram à sua invenção o nome de NanoFlares (nano-clarões) e mostraram, em várias condições experimentais, que eles permitem não só detectar individualmente as células cancerosas na circulação sanguínea, como também isolá-las.
Como não matam estas células, permitem ainda cultivá-las no laboratório para testar a eficácia de diversos fármacos anti-cancro.
“Tanto quanto sabemos, esta é a primeira abordagem baseada na genética que permite ao mesmo tempo o isolamento e a análise genética intracelular de células tumorais vivas em circulação”, escrevem os autores na PNAS.
NanoFlares qual a composição?
A bolinha de ouro que forma o núcleo dos NanoFlares, com apenas 13 nanómetros (milionésimo de milímetro) de diâmetro, está coberta por uma camada de pequenas sequências de ADN (em hélice simples) capazes de reconhecer e de se ligar a genes específicos das células cancerosas. Por sua vez, essas sequências de ADN estão “acopladas” a bocadinhos de ADN que contêm o clarão propriamente dito (uma molécula fluorescente).
Inicialmente, a fluorescência do clarão é abafada pela proximidade do ouro, explicam ainda os cientistas no seu artigo. Mas o que acontece é que os NanoFlares penetram, não se sabe bem como, no interior das células. E se vierem a dar com o material genético específico do cancro que são capazes de reconhecer, ligam-se a ele, libertando o bocadinho que contém o clarão.
Ao afastar-se da bolinha de ouro central, o clarão vai assim iluminar o interior da célula em causa, marcando-a como cancerosa.
Conseguir encontrar uma “agulha num palheiro”!
“O NanoFlare acende uma luz dentro das células cancerosas que procuramos”, diz o co-autor Shad Thaxton em comunicado de Universidade Northwestern. “E o facto de os NanoFlares serem eficazes na complexa matriz do sangue humano constitui um enorme avanço técnico. Conseguimos encontrar pequenos números de células cancerosas no sangue, o que é mesmo como procurar uma agulha num palheiro.”
Tratamentos à medida serão possíveis?
Os cientistas construíram quatro tipos de NanoFlares, cada um dirigido contra um alvo genético conhecido por estar associado a cancros da mama agressivos (isto é, que formam facilmente metástases).
Mais precisamente, os NanoFlares são dirigidos contra o “ARN mensageiro” (uma outra forma de material genético) que codifica certas proteínas que se sabe estarem associadas às células dos cancros agressivos da mama.
A seguir mostraram, em particular, que esses NanoFlares eram capazes de detectar as células cancerosas, com uma taxa de erro inferior a 1%, quando estas eram misturadas com sangue de dadores humanos saudáveis.
Células detectadas sobrevivem e são cultivadas
Uma vez identificadas as células, os cientistas conseguiram separá-las das células normais e estudá-las em cultura. “Ao contrário de outras técnicas de isolamento de células cancerosas, baseadas em anticorpos, a exposição das células aos NanoFlares não resulta na morte celular”, escrevem ainda.
Ausência de toxicidade é essencial
Ora, esta ausência de toxicidade poderá permitir estudar células cancerosas vivas, avaliar o seu potencial metastático e determinar qual a melhor combinação de fármacos para as eliminar.
“Isto poderia conduzir a terapias personalizadas, nas quais olhamos para a forma como as células de um dado doente respondem a diversos cocktails terapêuticos”, diz por seu lado Chad Mirkin.
Os autores testaram os nano-clarões, com resultados igualmente promissores (embora com maiores taxas de falsos positivos), em ratinhos que são utilizados como modelo experimental de cancro da mama humano.
Neste momento, explica ainda o comunicado, estão a tentar ver se a sua nova técnica consegue detectar células cancerosas diretamente no sangue de doentes com cancro da mama.
Concluindo
Vivemos tempos de avanços tecnológicos extraordinários ao qual a medicina não é alheia! Alguns avanços agora descritos e reais eram, há bem poucos anos, argumentos para filmes de ficção científica! Doentes com doenças graves têm razões para ter mais esperança nomedamente nas doenças graves que afectam grandes faixas da população dos países desenvolvidos (ex: cancro, hepatite, diabetes, alzheimer, etc) porque são nessas que se concentram o maior esforço de investigação da industria Farmacêutica ao qual, claro, não é alheio uma expectativa de lucros maiores! No entanto essa será uma polémica secundária porque, para os doentes e suas famílias, o importante é salvar vidas…a tempo! Fica o apelo justo para a alocação de mais recursos à investigação de doenças que afectam milhões de doentes nos paises pobres e subdesenvolvidos, como, por exemplo, a malária.
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Fontes:
João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da universidade de Lisboa;
Nuno Monteiro Pereira, médico urologista;
Vítor Viegas Cotovio, médico psiquiatra e psicoterapeuta;
Luís Gouveia Andrade, médico oftalmologista;
Alexandre Lourenço assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa;
Jorge Canena, médico gastrenterologista, professor de gastrenterologia na Nova Medical School;
João Jácome de Castro, médico endocrinologista;
Luís Romariz, médico especialista em medicina antienvelhecimento no Instituto Médico Newage;
Fátima Cardoso, médica oncologista, diretora da Unidade de Mama do Centro Clínico Champalimaud;
Manuel Carrageta, médico cardiologista, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia;
Augusto Faustino, médico reumatologista do instituto Português de reumatologia;
Purificação Tavares geneticista e directora do CGC Genetics;
Intolerância alimentar ou alergia alimentar? Qual a diferença? Alergias e intolerâncias alimentares são muitas vezes erradamente entendidas como condições de saúde idênticas! O problema é que são “coisas bem diferentes” com alguns sintomas idênticos mas consequências bem distintas e potencialmente fatais no caso das alergias!
Este artigo pretende deixar bem claras as diferenças para que possa identificar melhor ambas as condições e evitar ou reagir de forma adequada em casos mais graves. Abordamos também o assunto dos testes de intolerância alimentar cuja interpretação por profissionais não habilitados pode trazer consequências graves para a saúde de adultos e crianças afetadas!
Alergia alimentar o que é?
A alergia alimentar resulta de uma reação alérgica do sistema imunológico contra um determinado alimento considerado inofensivo para a maioria das pessoas. Algumas pessoas apresentam alergia a mais do que um alimento de grupos diferentes, situação menos frequente, que é designada de alergia alimentar múltipla.
Os alimentos que causam alergias com mais frequência são:
Leite de origem animal e derivados
Ovo
Crustáceos (mariscos e moluscos)
Peixe
Amendoim e frutos secos de casca rija (por ex. noz, amêndoa, pistácio, pinhão)
Cereais com glúten (trigo, centeio, cevada)
Soja
Intolerância alimentar o que é?
A Intolerância Alimentar consiste numa reação adversa ao alimento que não envolve o sistema imunológico. Frequentemente resulta de alterações ou distúrbios do metabolismo do alimento. Neste caso, as reações não têm o mesmo potencial de gravidade da resposta alérgica e os sintomas desenvolvem-se com maior frequência ao nível gastro-intestinal.
Para clarificar e simplificar descrevo, de seguida, uma tabela que elaborei com as principais diferenças entre alergia e intolerância alimentar:
Testes múltiplos de intolerância alimentar
Esclarecimentos e alertas da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC)
Os alergologistas são constantemente abordados sobre o interesse da realização de testes múltiplos que estudam indiscriminadamente intolerâncias / alergias alimentares, pelo que, atendendo às graves consequências que podem provocar na população em geral e nos doentes com alergia em particular e, à semelhança de iniciativas promovidas pelas Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica e Academia Americana de Asma, Alergia e Imunologia, pretendemos informar que:
1. A abordagem das doenças resultantes de mecanismo alérgico ou de intolerância a alimentos ou aditivos, deve ser realizada cumprindo os pressupostos da boa prática médica, dependendo de metodologias de diagnóstico clínico e laboratorial bem conhecidas pela comunidade científica nacional e internacional.
2. Nos testes ditos de “intolerância alimentar” são determinadas IgG/IgG4 específicas para uma bateria muito alargada de alimentos e aditivos, que habitualmente apenas identificam a exposição prévia ao alimento, isto é, uma resposta normal (fisiológica) do organismo.
3. A interpretação destes resultados, sem integração numa avaliação clínica apropriada, pode traduzir-se em consequências de extrema gravidade, levando a grandes restrições dietéticas com consequências nutricionais, metabólicas e impacto significativo na qualidade de vida, ainda mais grave quando envolve um grupo particularmente sensível aos desequilíbrios alimentares como são as crianças.
4. Estes procedimentos laboratoriais, que em Portugal são maioritariamente requisitados por indivíduos ou profissionais não habilitados ou mesmo por iniciativa própria, e que são promovidos diretamente na comunidade, têm sido objeto de comunicados e de artigos científicos em que se alerta para os riscos e consequências claramente lesivas do interesse dos cidadãos, associando-se ainda a custos elevados.
5. Neste contexto os testes supracitados não têm qualquer fundamentação científica, não têm utilidade diagnóstica e a sua realização e interpretação no âmbito clínico podem configurar elementos de má prática, não devendo igualmente receber qualquer tipo de comparticipação pelos sistemas de saúde.
6. Importa então informar a comunidade e, em particular, os profissionais de saúde, de que estes procedimentos podem ocasionar erros de diagnóstico graves com consequentes riscos na saúde individual e na saúde pública.
Concluindo
Alergia e intolerância alimentar são coisas bem diferentes! Numa reação alérgica o nosso sistema imunitário reage contra um determinado alimento podendo causar, em algumas situações mais severas, sintomas muito graves como na reação anafilática, onde pode acontecer, por exemplo, um edema da glote com risco de morte por asfixia!
Na intolerância alimentar as reações não são de natureza imunitária mas sim metabólica ou seja traduzem-se essencialmente em sintomas gastrointestinais que resultam da digestão difícil destes alimentos ou aditivos, provocando por exemplo, distensão abdominal, cólicas, gases e azia.
Quanto ao diagnóstico, deve sempre ser feito pelo seu médico por forma a evitar restrições alimentares exageradas, que podem causar deficiências nutricionais graves.
Fique bem!
Franklim A. Moura Fernandes
Fontes:
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC);
Associação Portuguesa de Alergias e Intolerâncias Alimentares
Pilula anticoncepcional ou contraceptiva guia das 30 respostas essenciais! Como tomar o anticoncepcional? Qual o melhor anticoncepcional? Quais os riscos da pilula? Quais as diferenças entre as diversas pílulas? O que corta o efeito da pílula?
Siglas e simplificações utilizadas neste artigo:
COs – Contraceptivos Orais
COCs – Contraceptivos Orais Combinados
COPs – Contraceptivos Orais Progestagénicos
COE – Contracepção Oral de Emergência ( pílula do dia seguinte )
Pílula – Contracepção oral
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
O que são os contraceptivos orais combinados?
O que são os contraceptivos orais progestagénicos?
Quais as pílulas mais eficazes?
Quais os avanços verificados na contracepção oral?
O que são as minipílulas?
Quais as dosagens das minipílulas?
Quais os riscos das minipílulas?
Que tipos de progestagénios existem?
Quais as principais pílulas comercializadas em Portugal?
Qual o risco de gravidez ectópica em mulheres a tomar a pílula?
Contracepção oral de emerrgência (COE) mais conhecida por “pílula do dia seguinte”, o que é e como actua?
Qual a eficacia da pílula do dia seguinte? É segura?
Quais os riscos da pílula do dia seguinte?
A COE altera o dia em que surge a menstruação?
Quais os COEs disponiveis no mercado?
Pílula e diabetes, quais os riscos?
Pílula e doenças autoimunes, quais os riscos?
Colesterol a Pílula e a dislipidémia, quais os riscos?
Pílula e as enxaquecas, quais os riscos?
Pilula e a epilépsia, quais os riscos?
Hipertensão e a Pílula, quais os riscos?
Pílula na doença cardiovascular, quais os riscos?
Pílula e a menopausa, quais os riscos?
Adolescência e a Pílula, quais os riscos?
A Pílula e a amamentaçãp, quais os riscos?
Contracepção oral e puerpério, quais os riscos?
Como retardar a menstruação com a toma da pílula?
Quais as situações que justificam, medidas contraceptivas adicionais?
Após a toma da “pílula do dia seguinte” quando se deve iniciar a toma do contraceptivo oral?
Quais os medicamentos e outros que podem diminuir a eficácia da pílula?
Existem imensas pílulas contraceptivas no mercado mas afinal qual é a melhor? Qual a mais eficaz? Qual a que apresenta menos riscos? E a “pílula do dia seguinte”? É realmente eficaz? Quais os riscos? Como tomar?
Por parte de muitas mulheres existem imensas dúvidas recorrentes sobre a contracepção oral e de emergência. Este guia foi elaborado para responder a todas as dúvidas que possam surgir e desta forma contribuir para tranquilizar as mulheres e ajuda-las a fazer a melhor escolha para o seu caso… e cada caso é um caso!
Têm vido a surgir novas formulações e novos sistemas de libertação hormonal, com vista quer ao aumento da eficácia contraceptiva quer à redução dos efeitos secundários e melhoria da adesão à toma evitando uma gravidez não desejada.
A contracepção hormonal oral é o método mais utilizado pelas mulheres portuguesas. Embora existam alguns efeitos adversos associados à toma de contraceptivos orais (CO), estes têm vindo a ser minorados, com o aparecimento de pílulas com cerca de metade da dose de estrogénios e de pílulas cujo único princípio activo é um progestagénio, e que não apresentam os efeitos secundários associados aos estrogénios.
No entanto, a pílula é ainda hoje muitas vezes mal utilizada, motivo que leva ao recurso à contracepção oral de emergência (COE), mais conhecida como pílula do dia seguinte.
A contracepção hormonal oral é o método mais utilizado pelas mulheres portuguesas. Embora existam alguns efeitos adversos associados à toma de contraceptivos orais (CO), estes têm vindo a ser minorados, com o aparecimento de pílulas com cerca de metade da dose de estrogénios e de pílulas cujo único princípio activo é um progestagénio, e que não apresentam os efeitos secundários associados aos estrogénios.
Contraceptivos orais combinados (COC)
Os Contraceptivos Orais Combinados (COC) são caracterizados por terem na sua composição 2 hormonas diferentes – estrogénio e progestagénio.
As doses e tipo de estrogénio e progestagénio utilizado variam com o medicamento. Estes COs são denominados de baixa dosagem ou de dosagem normal consoante a dose de estrogénio que contêm.
São os contraceptivos orais mais eficazes porque inibem a ovulação de forma constante em cerca de 90 a 95% dos ciclos menstruais, tendo sido descrita uma taxa de falha de apenas 0,3% no primeiro ano de toma, quando tomados correctamente.
Os COCs, além de inibirem a ovulação, exercem igualmente uma acção ao nível do espessamento do muco cervical, o que dificulta o percurso dos espermatozóides até à trompa de Falópio.
Os COCs podem ser de 3 tipos, consoante as doses das hormonas sejam fixas ou variáveis, ao longo do ciclo menstrual:
Monofásicos
Com estrogénio e progestagénio em doses fixas. Tomam-se durante 21 dias consecutivos a que se segue, habitualmente, um intervalo livre de 7 dias.
Bifásicos
Contêm um progestagénio ao qual se associa o etinilestradiol, assegurando uma fase estrogénica durante os primeiros 7 dias, seguida de uma fase progestagénica até ao final da toma.
Trifásicos
Contêm quantidades variáveis de hormonas (etinilestradiol e um progestagénio) para serem tomadas ao longo do ciclo, variando a concentração sobretudo de progestagénios. Têm um predomínio inicial de estrogénios tentando assim, mimetizar o ciclo hormonal normal.
Contraceptivos orais progestagénicos (COP)
Os Contraceptivos Orais Progestagénicos (COPs) são apenas constituídos por um progestagénio, em dose inferior à presente nos COCs. Por este motivo, não inibem consistentemente a ovulação a qual ocorre em apenas cerca de 50% dos ciclos, impedindo, a gravidez maioritariamente por espessamento do muco cervical. Habitualmente são de toma contínua não existindo qualquer interrupção na toma durante o ciclo menstrual (ver tabela 1).
Eficácia comparativa entre COPs e COCs
Existe o conceito de que as pílulas progestagénicas são menos eficazes do que as combinadas. No entanto, não existem estudos conclusivos sobre a eficácia comparativa entre os COCs e os COPs, sendo que, na sua maioria, a eficácia falha por factores externos aos medicamentos em si.
COPs e eficácia comparável à dos COCs
Nos COPs a eficácia é assegurada cumprindo as seguintes regras:
O COP deve ser tomado todos os dias à mesma hora
A relação sexual deve ocorrer entre as 3 e as 22h após a toma.
Contracepção oral avanços
Os avanços verificados têm como principais objectivos minorar os efeitos secundários associados aos estrogénios e de permitir uma maior eficácia contraceptiva, a saber:
A diminuição da dose de estrogénios (pílulas de baixa dosagem),
Recurso a novos progestagénios
Novos sistemas de libertação hormonal
Dosagens utilizadas nas minipílulas
As pílulas de baixa dosagem ou minipílulas contêm na sua formulação etinilestradiol em doses que variam entre 15 e 25 µg (microgramas) por comprimido, enquanto as restantes pílulas possuem entre 25 e 35 µg por comprimido.
Minipílula quais os riscos?
Uma vez que os efeitos adversos estão maioritariamente associados às doses de hormonas presentes, é de esperar que neste tipo de COs, sejam menores e ocorram com menor frequência.
No entanto, embora esteja provada uma redução do risco de tromboembolismo venoso, continuam a ocorrer eventos cardiovasculares graves, embora raros, associados à toma de COs de baixa dosagem, particularmente em mulheres fumadoras, com mais de 35 anos, com enxaquecas ou outras situações de risco cardiovascular.
Diversos estudos continuam a demonstrar a ocorrência de efeitos graves em mulheres que tomam as pílulas de baixa dosagem, nomeadamente a nível cardiovascular.
Em relação às mulheres que não fazem qualquer tipo de contracepção hormonal, as mulheres que tomam as pílulas modernas correm os seguintes riscos:
Tromboembolismo venoso – risco 4 vezes superior
Acidente vascular isquémico – risco 2,3 vezes superior
Enfarte agudo do miocárdio – risco 2 vezes superior
Estas dimensões, como já vimos atrás, ainda se podem tornar mais elevadas se se considerarem mulheres fumadoras, com mais de 35 anos, a sofrerem de enxaquecas ou a apresentarem outros factores de risco cardiovascular.
Progestagénios que tipos existem?
Os progestagénios são agrupados em 4 gerações, independentemente de fazerem parte da composição de um COC ou de um COP. Esta classificação deve-se unicamente à cronologia de aparecimento no mercado, não existindo qualquer relação com a estrutura química ou acção farmacológica, os mais importantes são:
1ª geração – noretindrona, a noretisterona, o noretinodrel, o etinodiol e o linestrenol;
2ª geração– levonorgestrel e o norgestrel;
3ª geração– desogestrel, e o seu metabolito activo etonogestrel, o norgestimato, e o seu metabolito activo norelgestromina, e o gestodeno;
4ª geração– ciproterona, drospirenona, cloromadinona e o dienogest
Linha de evolução dos progestagénios
Progestagénios: Quais os mais utilizados?
Os progestagénios mais utilizados são os seguintes:
Levonorgestrel ( alguma actividade androgénica )
Desogestrel ( sem actividade androgénica )
Gestodeno ( sem actividade androgénica )
Ciproterona ( actividade anti-androgénica )
Drospirenona ( actividade anti-androgénica )
Cloromadinona ( actividade anti-androgénica )
Progestagénios, como o levonorgestrel, conferem uma certa acção androgénica, para além da sua actividade progestagénica. É esta actividade androgénica a responsável pela maioria dos efeitos adversos.
A procura de COs mais eficazes e com menos efeitos secundários, levou ao aparecimento de progestagénios, praticamente destituídos de actividade androgénica, como o desogestrel e o gestodeno. Actualmente já existem progestagénios com actividade anti-androgénica como a ciproterona, a drospirenona e a cloromadinona.
Gravidez ectópica: Qual o risco em mulheres a tomar COP ou COC?
Em caso de falha do CO com consequente fertilização de um óvulo, o espessamento do muco cervical diminui a mobilidade do óvulo fertilizado na trompa de Falópio, aumentando o risco de gravidez ectópica.
Os COCs inibem a ovulação, em cerca de 90 a 95% dos ciclos, são por isso contraceptivos eficazes, reduzindo o risco de gravidez ectópica. Os COPs actuam maioritariamente por espessamento do muco cervical não inibindo a ovulação de forma tão eficaz (ocorre em apenas cerca de 50% dos ciclos), sendo o risco de gravidez ectópica maior.
Contraceptivos orais comercialiazados
Na tabela seguinte descrevem-se as principais apresentações qualitativas ( móleculas utilizadas ) e quantitativas ( dosagens ) comercializadas em Portugal:
Tabela dos principais COs comercializados em Portugal
Contracepção Oral de Emergência (COE) mais conhecida por pílula do dia seguinte
A contracepção oral de emergência tem passado por desenvolvimentos nos últimos anos, tendo muito recentemente surgido uma nova opção terapêutica, que aumenta para 5 dias o intervalo de tempo em que se pode recorrer a este método.
O que é a pílula do dia seguinte?
A contracepção oral de emergência (COE) é um método destinado a evitar uma gravidez não desejada após uma relação sexual em que não existiu recurso a contracepção ou na qual a mesma falha. Constitui uma segunda linha na prevenção primária da gravidez não desejada.
A toma do COE deve ocorrer o mais cedo possível após a relação sexual não protegida ou inadequadamente protegida.
Pílula do dia seguinte: Como actua?
A pilula do dia seguinte actua e é eficaz por exercer a sua acção por diversas vias, a saber:
Sobre a ovulação, atrasando ou inibindo a libertação do óvulo,
Sobre a fertilização impedindo o espermatozóide de atingir o óvulo,
Por espessamento do muco cervical,
Sobre a nidação através de alterações do endométrio, impossibilitando a implantação do ovo na parede do útero.
Será segura?
A Contracepção Oral de Emergência ( COE ) pode ser utilizada com segurança por qualquer mulher, mesmo quando há contra-indicações para a toma de COs.
Após a toma da COE a mulher pode engravidar em qualquer altura, caso não utilize nenhum método contraceptivo,
A COE apenas previne uma gravidez decorrente de relações sexuais ocorridas antes da toma e nunca nos casos em que estas ocorrem subsequentemente,
Não é efectiva se a mulher já estiver grávida.
Efeitos secundários
Após a toma do COE podem surgir maioritariamente:
Náuseas e vómitos, mas pouco frequentes, surgindo em apenas 20% dos casos. Para minorar estes efeitos aconselha-se a toma do comprimido com
Pode também surgir perda de sangue alguns dias após a toma do COE.
Num número reduzido de mulheres pode acontecer tensão mamária,
Dores de cabeça,
Tonturas,
Dor abdominal,
Na maior parte dos casos, esta sintomatologia desaparece sem necessidade de tratamento.
Será que altera a menstruação?
Após a utilização da COE, a menstruação surge na altura esperada, no entanto em algumas mulheres pode surgir antes do tempo. Caso exista um atraso superior a uma semana, deve ser realizado um teste de gravidez visto que a COE pode ser falível.
A referenciação para o médico recomenda-se caso a mulher apresente queixas de hemorragias irregulares associadas a dores abdominais (suspeita de gravidez ectópica) ou quando a menstruação está atrasada por mais de uma semana (suspeita de gravidez).
Pode utilizar fora do período fértil?
Dado que existem oscilações da altura da ovulação, mesmo em mulheres com menstruações muito regulares, na prática é muito difícil determinar com exactidão o intervalo de tempo em que ocorre o período fértil.
O facto de a mulher não se encontrar no seu período fértil, não constitui uma contra-indicação à toma de COE, sendo importante avaliar o estado de ansiedade relativa à perspectiva de uma gravidez indesejada de forma a permitir um melhor aconselhamento e optar ou não pela dispensa da COE.
Pílulas do dia seguinte disponíveis
Existem actualmente alternativas terapêuticas diferentes em que a COE pode ser feita até às 72 h após relação sexual desprotegida ou inadequadamente protegida e, recentemente disponível, em que a eficácia é comprovada até ao 5º dia, mais precisamente até às 120 h após relação sexual desprotegida ou inadequadamente protegida.
Os COs podem interferir com o metabolismo da glucose. Em geral, quanto maior for a dose do progestagénio, maior será a alteração no metabolismo da glucose. Pensa-se que:
Os estrogénios podem diminuir a tolerância à glucose,
Os progestagénios são responsáveis por um aumento da secreção de insulina que pode levar ao aumento da insulino-resistência.
Há estudos que concluem que os COPs podem apresentar um melhor perfil de segurança, interferindo menos nos níveis de glicemia, quando comparados com os COCs.
Ainda, sendo a diabetes um factor de risco para a doença cardiovascular, é aconselhada a toma de COPs, caso a mulher não deseje ou não possa optar por outro método contraceptivo. No caso da diabetes bem controlada e em que não existem lesões vasculares, podem utilizar-se os COCs devendo preferir-se os COcs de 3ª geração.
Assim, para mulheres com diabetes tipo 1 ou tipo 2, bem controlada, o recurso quer aos COCs quer aos COPs é aparentemente seguro e não parece ter qualquer efeito quer a curto quer a longo prazo no controlo da diabetes.
Nas diabéticas com complicações associadas ou diabetes de longo termo (diagnosticado há mais de 20 anos), os COPs são considerados mais seguros do que os COCs.
Doenças autoimunes: Qual a melhor pílula?
Nas doenças auto-imunes, é de grande importância o planeamento da gravidez, não só pelos riscos que a terapêutica instituída pode acarretar para o feto, como também para preservar a saúde da mãe, escolhendo a fase de evolução da doença mais propícia para que a gravidez ocorra.
Neste tipo de patologias, todos os métodos contraceptivos não hormonais são aconselhados. Sendo as doenças autoimunes muito heterogéneas, a resposta da doença aos COs varia consoante a patologia em causa, por exemplo:
Os COCs podem agravar o Lúpus Eritematoso Sistémico, a Púrpura Trombocitopénica e a miastenia Gravis,
Os COCs podem contribuir para a melhoria da artrite reumatóide,
Os COCs não exercem qualquer efeito na Esclerose múltipla ou Doença auto-imune da Tiróide.
Dislipidémia: Qual a influência da pílula?
A maioria dos COs afecta os parâmetros lipídicos – colesterol LDL e HDL e também os trigicerídeos. Os estrogénios aumentam o HDL e triglicerídeos e diminuem o LDL. No caso dos progestagénios, o aumento do HDL depende do tipo de progestagénio utilizado.
Colesterol alto: Qual a melhor pílula?
As formulações com etinilestradiol combinado com progestagénios mais recentes como o desogestrel e gestodeno, devido à menor actividade androgénica destes, apresentam um melhor perfil lipídico, verificando- se um aumento significativo dos níveis de HDL, diminuição significativa dos níveis de colesterol LDL, apenas pequenas alterações dos níveis de colesterol total e um aumento dos triglicerídeos menos acentuado do que com os que contêm progestagénios com uma acção androgénica mais marcada (levonorgestrel e norgestrel).
Assim são considerados os COs com melhor perfil de indicação para mulheres com dislipidemia as pílulas com etinilestradiol combinado com progestagénios mais recentes como o desogestrel e gestodeno.
Contracepção oral e de emergência no caso de enxaquecas e risco de AVC
Vários estudos efectuados em mulheres com enxaqueca, a tomar COs, sugerem um aumento do risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
No entanto, esses mesmos estudos indicam que o grau de risco varia consoante o tipo de enxaqueca. Assim, o risco é maior no caso de enxaqueca com aura quando comparado com enxaqueca sem aura. Este facto deve-se provavelmente à existência de alterações isquémicas associadas à aura.
Dado que, à partida, a utilização de COcs representa um factor de risco aumentado de AVC e tromboembolismo venoso, existe uma preocupação acrescida relativa à toma de COcs no caso de enxaqueca.
De acordo com a OMS, o risco de mulheres com enxaqueca a tomar COCs, terem um AVC isquémico é cerca de 2 a 4 vezes maior do que nas que têm enxaqueca mas não tomam COCs.
É, por isso, fundamental conhecer o tipo de enxaqueca em causa, o que determina a escolha mais adequada do Contraceptivo Oral ( CO ), principalmente no caso de se tratar de Contraceptivos Orais Combinados ( COCs ). Em caso de risco acrescido deve ponderar-se o recurso a COPs ou, em alternativa, a outro método contraceptivo, que não o oral hormonal.
Para as mulheres que têm enxaqueca sem aura, o risco de AVC é relativamente pequeno e comparável ao das mulheres sem enxaqueca. Em mulheres a fazer terapêutica para a enxaqueca com derivados da ergotamina, a toma de COCs está contra-indicada.
Epilépsia: Qual a melhor contracepção?
Os métodos contraceptivos de eleição na epilepsia são, o DiU (Dispositivo intra Uterino) ou o SiU (Sistema intra Uterino com libertação hormonal) dado que são inertes a nível sistémico não interferindo com a restante medicação.
Caso a opção recaia na contracepção oral, os COCs e COPs apenas estão contra-indicados, por redução da sua eficácia, nos casos em que a terapêutica antiepiléptica instituída seja indutora das enzimas hepáticas, o que acontece no caso de estar a tomar os seguintes medicamentos:
Carbamazepina,
Oxicarbamazepina,
Fenobarbital,
Fenitoína,
Primidona,
Topiramato,
Vigabatrim.
No caso de terapêutica com valproato de sódio, as mulheres podem utilizar qualquer Contraceptivo Oral ( CO ).
Hipertensão arterial (HTA): Qual a melhor pílula?
Os métodos contraceptivos de eleição no caso da HTA são, o DIU ou o SIU com libertação hormonal. No entanto, apenas a HTA mal controlada contra-indica a toma de COs.
Assim, no caso de HTA bem controlada ou em fase inicial, pode ser indicada a toma de COcs. Nestes casos, deve ser dada preferência a pílulas de baixa dosagem, com gestodeno ou desogestrel, que apresentam a vantagem de contribuir para um bom perfil lipídico, ou a associação de etinilestradiol e drospirenona em virtude do seu efeito anti-mineralocorticóide.
O recurso a COCs em mulheres com mais de 35 anos, em que o risco cardiovascular está aumentado, deve ser bem ponderado. Quanto aos COPs, constituem uma alternativa nos casos em que a HTA decorre da administração de COCs.
Doença cardíaca ou doenças vasculares: Qual a melhor pílula?
Os COPs são a primeira escolha em caso de doença cardíaca. Os COCs estão contra-indicados, apenas quando existe um risco vascular associado, como no caso da doença cardíaca isquémica ou doença valvular complicada como endocardite, fibrilhação ou hipertensão pulmonar.
A toma de COs na insuficiência venosa não apresenta qualquer contra-indicação. Apenas está contra-indicada a toma de COCs, em caso de tromboembolismo venoso ou arterial. Os COPs, que podem ser usados em doentes com antecedentes de tromboembolismo venoso são, apesar disso a última escolha em caso de tromboembolismo activo ou recente sendo de preferir o DIU ou o SIU com libertação hormonal, nesta fase.
Fumadoras: Qual a melhor contracepção?
O tabagismo contribui, decididamente, para o aumento do risco de complicações cardiovasculares. Consideram-se fumadoras mulheres que consomem 15 a 20 cigarros por dia.
Assim, mulheres fumadoras com idade superior a 35 anos não devem tomar COs. Antes dos 35 anos, o facto de a mulher fumar é uma contra-indicação relativa à toma de COs. Os métodos contraceptivos de eleição para a mulher fumadora são, por isso, preferencialmente todos os métodos não hormonais.
Menopausa: Qual a melhor contracepção?
Na perimenopausa, desde que não haja contra-indicações, podem ser utilizados todos os tipos de COs, assim como qualquer tipo de método contraceptivo. A escolha deve ser feita com base nas características individuais da mulher (factores de risco cardiovascular, patologias associadas, tabagismo, etc).
Caso os COCs sejam apropriados, são de preferir por apresentarem as seguintes vantagens:
Maior eficácia contraceptiva,
Menor rigor na toma,
Melhoram a sintomatologia vasomotora,
Melhoram o humor,
Menor risco de ocorrência de hemorragias intra-cíclicas.
Os contraceptivos hormonais combinados, nas suas 3 formas – oral, transdérmica ou vaginal – podem ser utilizados até à menopausa, sendo de preferir aqueles que têm uma dose de etinilestradiol ≤ 30µg e uma dose baixa de noretisterona ou levonorgestrel, por apresentarem um menor risco cardiovascular.
Quanto à altura ideal para concluir a toma de COs, aquando da menopausa, é recomendado o doseamento da FSH (hormona folículo estimulante) durante a pausa da toma de COCs (entre o 5º e o 7º dia) ou em qualquer altura do ciclo menstrual caso esteja a tomar COPs.
Este doseamento é recomendado a partir dos 50 anos ou antes, caso exista sintomatologia vasomotora marcada, os denominados “afrontamentos”, e repetido anualmente até à menopausa. Caso o valor do doseamento seja ≥ 40 mg/L pode interromper-se o contraceptivo, se for < 40 mg/L deve continuar e reavaliar a situação ao fim de um ano.
Adolescência: Qual a melhor contracepção?
Nesta fase em que, muitas vezes, se dá o início da actividade sexual, é importante que sejam adoptadas medidas que permitam uma contracepção o mais segura, simples e eficaz possível. Assim, os COs geralmente recomendados são os COCs. É fundamental sensibilizar para a importância de associar, a utilização do preservativo, como única forma de prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, sendo uma altura em que muitas vezes as relações são mais efémeras e a percepção dos riscos está menos presente.
Amamentação: Qual a melhor pílula?
Na amamentação a primeira escolha recai sobre os contraceptivos hormonais progestagénicos, COP, (sob a forma oral, implante subcutâneo ou injectável) por não influenciarem a qualidade e quantidade do leite materno.
Os COPs têm ainda a vantagem de permitir uma mudança mais rápida para o método contraceptivo subsequente, dado que basta suspender a toma do COP e iniciar a toma do CO seguinte. A contracepção oral deve ser iniciada entre a 4ª e a 6ª semana após o parto. Também os COCs podem ser utilizados, embora nunca como primeira escolha até os 6 meses após o parto.
Pós-parto (puerpério): Qual a melhor contracepção?
O puerpério é o período de 6 a 8 semanas pós-parto durante o qual o seu corpo sofre uma série de alterações para retornar ao estado pré-gravidez.
Quando a mulher não está a amamentar, os COCs apenas estão contra-indicados nas primeiras 3 semanas após o parto, por existir um estado de hipercoagulabilidade, que aumenta o risco cardiovascular associado à toma de COCs. A partir daí pode ser utilizado qualquer método contraceptivo.
Caso tenha ocorrido diabetes gestacional, desde que os parâmetros analíticos estejam controlados, não existe qualquer contra-indicação à toma de COs. No entanto, neste caso recomenda-se que o início da CO se faça apenas a partir das 6-8 semanas após o parto.
Como retardar a menstruação com a toma da pílula contraceptiva?
Esta é uma pergunta recorrente ao balcão da farmácia, sendo as indicações em função do tipo de pílula as seguintes:
COCs monofásicos
Começar a embalagem seguinte imediatamente após terminar a anterior, ou seja, sem fazer os 7 dias de Esta embalagem pode ser tomada até ao fim. Caso a mulher queira menstruar, basta parar de tomar os comprimidos em qualquer altura. Durante a toma da segunda embalagem podem ocorrer hemorragias irregulares. A embalagem seguinte às 2 consecutivas deve ser iniciada após os 7 dias habituais de intervalo.
COCs bifásicos
Assim que terminar a embalagem anterior, começar a tomar os comprimidos com a dosagem mais elevada de progestagénio e mais baixa de etinilestradiol da embalagem seguinte (ou seja, começar a toma da embalagem seguinte pelo 1º comprimido dos últimos 15 da embalagem). Estes podem ser tomados até ao final dessa embalagem (no máximo 15 dias).
Assim que queira menstruar basta parar de tomar a 2ª embalagem. a embalagem seguinte deve ser iniciada após os 6 dias habituais de intervalo. Tal como no caso dos COCs monofásicos, durante a toma da 2ª embalagem podem ocorrer hemorragias irregulares.
COCs trifásicos
Após terminar a embalagem, iniciar a toma dos últimos 10 comprimidos da embalagem seguinte, aqueles que têm maior concentração de progestagénio. Essa embalagem pode ser tomada até ao fim (no máximo 10 dias). Quando quiser menstruar a mulher pode parar essa embalagem em qualquer altura. A embalagem seguinte deve ser iniciada após o período habitual de 7 dias de intervalo.
Quais as situações que justificam medidas contraceptivas adicionais?
1) Esquecimento de uma toma do CO superior a 12 horas ou de mais do que uma toma, independentemente do intervalo de tempo decorrido. Para informação adicional acerca de como continuar a toma da restante embalagem do CO, consultar o rcm do medicamento em questão.
2) Ocorrência de vómitos até às 4 horas subsequentes à toma do CO ou aparecimento de diarreia grave, dado que a absorção pode ser incompleta e pode já não existir uma contracepção fiável.
Num e noutro caso, deverá recorrer-se a métodos contraceptivos adicionais até 7 dias após o desaparecimento dos sintomas ou o esquecimento da toma, mantendo a toma regular do CO habitual.
3) Suspeita de interacção medicamentosa entre o CO e algum outro medicamento, que a mulher esteja a tomar. Neste caso, deverão utilizar-se métodos contraceptivos adicionais até 7 dias após a eliminação do medicamento do organismo (varia consoante o tempo de semi-vida do medicamento em causa).
Após utilização pilula do dia seguinte, quando se deve iniciar a toma do CO?
Após a toma do COE o retorno à fertilidade é imediato, pelo que, caso a mulher não esteja já a fazer contracepção regular, deve ser aconselhada a fazê-lo.
No caso de toma habitual de COs, a embalagem em uso deve ser reiniciada no dia seguinte ao da toma do COE, não estando indicada a toma dos contraceptivos omitidos quando se recorre ao COE. Assim, é intencionalmente omitida a toma do comprimido relativo ao dia da toma do COE.
Caso a mulher não esteja a tomar CO e deseje fazê-lo, existem 2 opções:
Esperar e iniciar a contracepção no primeiro dia do próximo ciclo menstrual, ou
Iniciar a contracepção no dia imediatamente após a toma da COE.
É importante aconselhar abstinência sexual ou o uso de um método auxiliar (barreira – como por exemplo diafragma com espermicida, preservativos) nos primeiros 7 dias após o início da contracepção caso seja um COC, ou nos primeiros 2 dias caso se trate de um COP, independentemente de quando se inicia a contracepção.
Que medicamentos e outros podem diminuir a eficácia da pílula?
No que se refere à eficácia das pílulas convencionais, a interacção com fármacos capazes de provocar um aumento das enzimas microssomais hepáticas pode provocar um aumento da metabolização das hormonas sexuais, com a consequente redução da eficácia contraceptiva do método. Os principais são os seguintes:
Antiepilépticos,
Rifampicina,
Ritonavir,
Griseofulvina,
Hipericão.
Uma referência especial ao hipericão por ser uma planta muito utilizada em chás e que muitas mulheres podem, sem saber, tomar e ficar desprotegidas.
Concluindo
Por parte de muitas mulheres existem imensas dúvidas recorrentes sobre a contracepção oral e de emergência. Este guia foi elaborado para responder a todas as dúvidas que possam surgir e desta forma contribuir para tranquilizar as mulheres e ajuda-las a fazer a melhor escolha para o seu caso… e cada caso é um caso! Apesar de disponibilzarmos toda esta informação não deve nunca esquecer o precioso apoio do seu Médico ou Farmacêutico.
Não deve também ser esquecido que apesar de se tratar de um artigo sobre contracepção esta só faz sentido dentro duma politica estruturada, num país que verdadeiramente tenha vontade de olhar para o futuro, e que permita ás mulheres, que nele vivem, e seus companheiros formarem famílias estaveis e Felizes e por esta via regenerarem a “medula da sociedade” que por estes dias corre o risco de ficar “leucémica”…
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Fontes:
CEDIME ( Centro de Documentação e Informação do Medicamento )
Dra Margarida Castel-Branco, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
INFARMED
Direcção Geral de Saúde – Programa Nacional de Saúde Reprodutiva
Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health
Por favor PARTILHE este artigo e ajude muitas mulheres e suas famílias a terem uma vida mais tranquila e FELIZ!
Máscaras cirúrgicas, máscaras FFP2, máscaras N95, máscaras KN95, máscaras tipo II, máscaras tipo IIR, nível 1, nível 2 e nível 3, máscaras comunitárias… enfim a confusão é enorme e a desinformação é geral pois a legislação tem de facto alguma complexidade! Assim este artigo suporta-se na legislação atual e pretende apoiar a tua decisão bem informada antes de escolheres as máscaras que deves usar, segundo a Autoridade Nacional do medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) e a Direção Geral da Saúde (DGS).
Com o aparecimento de novas estirpes ou variantes do SARS-CoV-2, mais contagiosas e mais mortais, como as variantes do Reino Unido, África do Sul e Brasil, torna-se ainda mais importante usar máscaras que de facto nos protejam de forma séria, certificada e eficaz!
No entanto começo corrigindo o básico ou seja descrevo já os 5 principais erros a utilizar a máscara, segundo a DGS e não só… basta andar na rua para ver utilizações simplesmente ridículas!
Máscaras: Qualificação e utilização
Para efeitos de prevenção do contágio (filtram principalmente o ar expirado) do novo Coronavírus SARS-CoV-2 tem sido preconizada a utilização pelos profissionais de saúde de máscaras qualificadas regulamentarmente como dispositivos médicos, a saber:
Máscaras cirúrgicas do tipo II;
Máscaras cirúrgicas do tipo IIR.
Como equipamentos de proteção individual (filtram o ar inspirado e expirado) para os profissionais de saúde tem sido preconizadas as seguintes:
Semimáscaras ou máscaras de proteção respiratória (FFP2 e FFP3) auto filtrantes.
No final do artigo, em conclusão, descrevo a minha opinião sobre qual a máscara que deve escolher para sua melhor proteção evitando ao mesmo tempo contagiar as outras pessoas.
Máscaras cirúrgicas ou de uso clínico
As máscaras de uso clínico, geralmente designadas por máscaras cirúrgicas, são dispositivos médicos que se destinam a cobrir a boca e o nariz, do profissional de saúde, funcionando como uma barreira destinada a minimizar a transmissão direta de agentes infeciosos entre o profissional e o doente. Neste caso a principal finalidade do produto é a de proteger a saúde e segurança do doente, independentemente de simultaneamente proteger também o profissional.
Enquanto não for vacinado contra a Covid-19 o cuidado para não contagiar e ser contagiado deve ser máximo pois a forma como o nosso sistema imunitário reage a este coronavírus pode ser uma surpresa assustadora, pois existem diversos casos graves documentados e até óbitos a partir dos 40 anos de idade mesmo em doentes aparentemente saudáveis!
A norma EN 14683:2019, harmonizada no âmbito da Diretiva dos Dispostos Médicos, é destinada a máscaras de uso clínico, classificando-as em diferentes tipos (I, II e IIR) segundo as suas características, nomeadamente:
Eficiência de filtração bacteriana,
Pressão diferencial (permeabilidade da máscara ao ar),
Resistência aos salpicos,
Limpeza microbiana (bioburden).
O quadro seguinte, extraído da referida norma, resume as características de desempenho de acordo com tipo de máscaras.
Características de desempenho por tipo de máscara com finalidade médica
Teste
Tipo I
Tipo II
Tipo IIR
Eficiência de filtração bacteriana (%)
> 95
> 98
>98
Pressão diferencial (Pa/cm2)
< 40
< 40
< 60
Resistência aos salpicos (Kpa)
Não necessária
Não necessária
> 16,0
Limpeza microbiana (cfu/g)
< 30
<30
< 30
Características de desempenho por tipo de máscara com finalidade médica. Fonte: Cf. Informação nº 009/2020, de 13/04/2020, da Direção-Geral da Saúde, relativa a «COVID-19: FASE DE MITIGAÇÃO – Uso de Máscaras na Comunidade».
Máscaras cirúrgicas tipo I cuidado com o uso!
As máscaras cirúrgicas Tipo I só devem ser usadas para para reduzir o risco de espalhar a infeção particularmente num cenário epidémico ou pandémico. As máscaras tipo I não devem ser utilizadas por profissionais de saúde em salas de operações ou em outro cenário médico semelhante. Nestes cenários médicos mais sensíveis (salas de operações) devem ser usadas, no mínimo, as máscaras tipo II ou tipo IIR.
Reutilização de máscaras cirúrgicas não!
As máscaras cirúrgicas não são reutilizáveis e devem ser deitadas ao lixo depois de usadas. Surgiram notícias de testes realizados em Itália e França sobre a lavagem de máscaras cirúrgicas, que indicavam que os dispositivos mantêm a capacidade de filtração após um determinado número de lavagens a 60 graus.
As máscaras cirúrgicas são dispositivos médicos descartáveis, pelo que não devem ser reutilizados ou lavados. Também o indicou o Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., em resposta a um pedido de esclarecimento da revista Proteste, não recomenda a reutilização de máscaras de uso único e salienta que a lavagem das máscaras representa “um uso contrário às instruções do fabricante “.
Máscaras de proteção respiratória auto filtrantes
Estas máscaras são também denominadas tecnicamente por semi-máscaras de proteção respiratória auto filtrante e destinam-se a ser usadas para proteção dos utilizadores contra um ou mais riscos suscetíveis de ameaçar a sua saúde ou a sua segurança, sendo enquadradas como equipamentos de proteção individual.
Norma EN 149:2001+A1:2009
A norma EN 149:2001+A1:2009 aplicável aos aparelhos de proteção respiratória filtrantes (APR), nomeadamente aos chamados “respiradores” ou “semimáscaras autofiltrantes”, classifica estes equipamentos em FFP1, FFP2 e FFP3, tendo em consideração a sua eficiência de filtração e a sua fuga máxima para o interior (FFP3> FFP2> FFP1).
N95, KN95 e FFP2 qual a diferença?
As máscaras N95 ou KN95 têm características de desempenho equivalentes ás FFP2, desde que devidamente certificadas por entidades reconhecidas, embora diferentes conforme o país de fabrico. vamos então aos detalhes para acabar com a confusão!
Além das clássicas máscaras cirúrgicas azuis, que são perfeitamente adequadas para evitar infetar outras pessoas, mas menos úteis para se proteger, também podemos comprar máscaras faciais com filtro certificado. As iniciais FFP no nome FFP2 significam “Filtering Face Piece”, e essas máscaras fornecem uma filtragem muito eficaz de micropartículas perigosas, razão pela qual são usadas em ambientes que apresentam um alto risco de contágio.
Quando começamos a procurar máscaras de filtragem que passaram em testes científicos para confirmar as suas características de proteção, rapidamente encontramos iniciais como FFP2, KN95 e N95, especialmente se procuramos algo para nos proteger de poluentes ou micropartículas que transportam vírus. A certificação dessas máscaras varia de acordo com seu local de origem.
Certificação Europeia, Americana e Chinesa
No mercado existem três tipos principais de máscara facial com filtro no mercado:
Máscaras FFP2 com certificação europeia
Máscaras N95 com certificação americana
Máscaras KN95 com certificação chinesa
Existem ainda outras normas de certificação de máscaras sendo as mais relevantes as seguintes:
P2 (Australia/New Zealand AS/NZA 1716:2012)
Korea 1st class (Korea KMOEL – 2017-64)
DS2 (Japan JMHLW-Notification 214, 2018)
PFF2 (ABNT/NBR 13.698-2011 – Brazil)
Desempenho de filtração das máscaras KN95, N95 e FFP2
As máscaras KN95, N95 e FFP2 proporcionam níveis de filtração semelhantes: as três têm uma capacidade de filtração superior a 94%, de acordo com as normas que regem as suas características técnicas.
Aqui está a capacidade de filtragem certificada específica para cada um dos três tipos de máscaras de filtragem:
Máscaras FFP2: 94% de capacidade de filtragem
Máscaras N95: 95% de capacidade de filtragem
Máscaras faciais KN95: 95% de capacidade de filtração
Normas que regem as máscaras KN95, N95 e FFP2
As máscaras KN95, N95 e FFP2 diferem no procedimento usado para calcular a sua filtração. Este procedimento muda de acordo com o local onde são produzidos, pois segue as regras de certificação estabelecidas pelo país onde o funcionamento dos dispositivos é testado.
De seguida descrevo um breve resumo das diferenças entre os padrões adotados para certificar as máscaras KN95, N95 e FFP2.
Máscaras FFP1, FFP2 e FFP3 – norma EN 149: 2001 + A1: 2009
As máscaras FFP2, FFP1 e FFP3 são regidas por uma norma da legislação europeia, a famosa EN 149: 2001, atualizada em 2009 e já atrás referida. Esta lei define os padrões usados para certificar a eficácia dos dispositivos de proteção respiratória e estabelece claramente os requisitos, testes e branding para as máscaras.
Máscara N95 – norma NIOSH-42CFR84
As máscaras N95 são cobertas pela norma americana NIOSH -42CFR84, elaborada pelo NIOSH (Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional), órgão americano responsável por certificar a real eficácia dos dispositivos de filtragem faciais.
Máscara KN95 – norma GB2626-2006
As máscaras KN95 são certificadas na República Popular da China com base nas regras estabelecidas na norma GB2626-2006. Este padrão dita os requisitos técnicos, métodos de teste e marca para dispositivos respiratórios com um filtro protetor usado para purificar o ar de partículas potencialmente prejudiciais.
KN95, N95 e FFP2 e os diferentes métodos de teste
Embora o objetivo geral seja o mesmo ou seja certificar a capacidade real dos dispositivos de proteger as pessoas da inalação de substâncias ou partículas potencialmente prejudiciais, cada um dos três padrões que certificam a filtragem de máscaras faciais é diferente dos outros. As diferenças estão nos métodos adotados para testar os dispositivos. Assim, dependendo do tipo de teste realizado, os requisitos e condições de teste podem, portanto, variar.
Na tabela seguinte resume-se as semelhanças e diferenças:
Fator de proteção
Máscaras FFP2 (EN 149:2001)
Máscaras N95 (NIOSH-42CFR84)
Máscaras KN95 (GB2626-2006)
Eficácia de filtração
≥ 94%
≥ 95%
≥ 95%
Agente testado
NaCl e óleo de parafina
NaCl
NaCl
Taxa de fluxo testada
95 l/min (variável durante o teste)
85 l/min
85 l/min
Fuga interna total (TIL) testado em indivíduos a fazer exercícios
8 %
Não testada
8 %
Resistência de inalação permitida (queda máxima de pressão)
≤ 70 Pa @ 30 L/min; ≤ 240 Pa @ 95 L/min; ≤ 500 Pa (entupimento)
≤ 343 Pa
≤ 350 Pa
Resistência à expiração (queda de pressão máxima)
≤ 300 Pa
≤ 245 Pa
≤ 250 Pa
Principais diferenças entre as três normas
As substâncias poluentes testadas e a resistência à inalação e expiração são algumas das diferenças que se destacam.
Primeira diferença: O padrão europeu usa substâncias líquidas em testes, bem como sólidos
A primeira diferença está relacionada com a substância poluente utilizada para testar as máscaras FFP1, FFP2 e FFP3. O sistema europeu de certificação parece aqui mais aprofundado, visto que também realiza testes com óleo de parafina, um poluente líquido, além de partículas de cloreto de sódio no estado sólido.
Certamente isso é positivo, pois significa que a eficácia das máscaras é testada não apenas com poluentes em estado sólido (como um pó), mas também, e mais importante, com partículas em forma de gotículas e aerossóis espalhados pelo ar.
Segunda diferença:O padrão europeu presta mais atenção à resistência à inalação
A segunda diferença imediatamente aparente é o valor da resistência à inalação permitida.
O valor médio de resistência no padrão europeu é bem menor do que nos sistemas de certificação americanos e chineses, o que significa que as máscaras FFP2 feitas de acordo com o padrão europeu devem garantir maior conforto e durabilidade.
Durabilidade das máscaras FFP2
Quanto tempo dura uma máscara FFP2? As máscaras FFP2 podem ser marcadas com a letra (R) para “reutilizável” ou (NR) para “não reutilizável”. A maioria das máscaras FFP2 enquadra-se na última categoria ou seja são dispositivos de proteção que progressivamente se tornam menos eficazes com o passar do tempo.
Por esse motivo, uma máscara FFP2 normalmente dura cerca de oito horas em ambientes de risco ou em um único turno de trabalho. Mesmo que seja mantida a uma distância segura em áreas de baixo risco, a máscara deve ser descartada após oito horas, pois a respiração e a exposição à humidade afetam gradativamente sua capacidade de filtração e integridade física. Assim que ficarem significativamente húmidas, as máscaras FFP2 devem ser descartadas.
Máscaras FFP2 com e sem válvulas: qual é a diferença?
As máscaras FFP2, N95 e KN95 podem ser produzidas com ou sem válvula. Mas que diferença isso faz? Simplificando, as máscaras com uma válvula são seguras para o utilizador, mas não para aqueles ao seu redor. A válvula filtra o fluxo de ar de entrada, mas não o ar de saída, o que significa que máscaras com uma válvula NÃO devem ser usadas por pessoas que têm, ou podem ter, COVID-19, em vez disso, essas pessoas devem escolher máscaras sem válvula, que filtram tanto o ar inspirado como o expirado tais como máscaras cirúrgicas ou máscaras KN95, FFP2 ou N95 sem válvula.
As máscaras com válvula são muito uteis em cenários normais “sem pandemia” para trabalhadores sem doenças respiratórias contagiosas que tenham de proteger-se na sua atividade laboral, por exemplo construção civil, carpintaria e outras onde existe um maior esforço físico, com maior cadência respiratória e portanto um maior incômodo respiratório com o uso da máscara. A válvula nestes casos permite de facto uma melhor expiração e portanto maior conforto respiratório para os utilizadores.
Conforto respiratório
Naturalmente que as máscaras que oferecem uma maior proteção para o utilizador como as FFP2 e FFP3, por terem maior eficiência filtrante (mais camadas ou materiais mais espessos) são também um pouco menos confortáveis pois exigem um pouco mais de esforço respiratório o que pode tornar-se problemático se por exemplo existir uma condição de saúde que dificulte a respiração pelo nariz ou uma capacidade pulmonar diminuida.
Assim cada utilizador deve encontrar o modelo mais adequado ao seu risco de contagiar ou ser contagiado mas também que lhe permita respirar sem demasiado esforço. Neste aspecto as FFP2 podem mais confortáveis que as N95 e NK95.
Para os utentes que demonstram esforço acrescido para respirar com as N95, KN95, FFP2 e FFP3, as máscaras cirúrgicas tipo II ou tipo IIR podem ser uma escolha mais adequada, embora perdendo eficácia na proteção individual.
Máscaras bloqueiam o SARS-CoV-2?
As máscaras N95, KN95, FFP2 e FFP3 têm todas um poder de filtração muito elevado, sendo projetadas para remover mais de 94% a 95% de todas as partículas com diâmetro de pelo menos 0,3 mícron (µm). Na verdade, as medições da eficiência de filtração de partículas das máscaras N95 mostram que elas são capazes de filtrar ≈99,8% das partículas com um diâmetro de ≈0,1 μm (Rengasamy et al., 2017).
O SARS-CoV-2 é um vírus com envelope de ≈0,1 μm de diâmetro, então as máscaras N95, KN95, FFP2 e FFP3 são capazes de filtrar a maioria dos vírions livres, mas fazem mais do que isso.
SARS-CoV-2 tamanho e composição:
Os vírus são frequentemente transmitidos por meio de gotículas respiratórias produzidas pela tosse e espirro. As gotículas respiratórias são geralmente divididas em dois tamanhos;
Gotículas grandes (> 5 μm de diâmetro) que caem rapidamente no solo e, portanto, são transmitidas apenas em distâncias curtas;
Gotículas pequenas (≤5 μm de diâmetro).
Pequenas gotículas podem evaporar-se em “núcleos de gotículas”, permanecer suspensas no ar por períodos significativos de tempo e podem ser inaladas. Alguns vírus, como o sarampo, podem ser transmitidos por núcleos de gotículas (Tellier et al., 2019).
Gotículas maiores também são conhecidas por transmitir vírus, geralmente por se estabelecerem em superfícies que são tocadas e transportadas pelas mãos para as membranas mucosas, como olhos, nariz e boca (CDC, 2020).
O diâmetro característico de gotículas grandes produzidas por espirro é de ~ 100 μm (Han et al., 2013), enquanto o diâmetro dos núcleos de gotículas produzidas por tosse é da ordem de ~ 1 μm (Yang et al., 2007).
De momento, não está claro se as superfícies ou o ar são o modo dominante de transmissão SARS-CoV-2, mas as máscaras N95, KN95, FFP2 e FFP3 devem fornecer alguma proteção contra ambos (Jefferson et al., 2009; Leung et al., 2020).
Máscaras FFP1, FFP2 e FFP3 diferenças
Características de desempenho por Classe de máscaras de Proteção Respiratória AutoFiltrantes
Classe
Eficiência
Fuga total para o interior (testada em laboratório)
Penetração no material filtrante (% máxima)
Exemplos
FFP1
Baixa
22 %
20 %
Algumas partículas metálicas; Poeiras de reboco; Poeiras de betão.
FFP2 ou N95 ou KN95
Média
8 %
6 %
Trabalhos com madeira; Terraplanagens; Pintura à pistola com tinta de base aquosa; Bolores e fungos.
FFP3
Alta
2%
1 %
Trabalhos com produtos perigosos como nas indústrias química, farmacêutica e papeleira; Vírus e bactérias; Serração; Substituição de filtros.
Fonte: “Guia de Seleção de Aparelhos de Proteção Respiratória Filtrantes”, do Instituto Português da Qualidade
Devido à rápida evolução da pandemia de COVID-19, a utilização de máscaras é cada vez mais assunto de debate, como medida complementar para limitar a transmissão do SARS-CoV-2 na comunidade.
No quadro geral das orientações em matéria de prevenção do risco de exposição, é relevante promover uma utilização mais alargada de máscaras pela comunidade, bem como definir quais os critérios e requisitos que estas devem cumprir em termos de conceção, desempenho e usabilidade.
Critérios e requisitos
A definição desses critérios, nomeadamente em termos de filtração, respirabilidade, dimensionamento e resistência, foram objeto de consenso por grupo de peritos com competências técnicas nas áreas médico-farmacêutica, da tecnologia têxtil, da infeção e desinfeção, das normas e ensaios a aplicar, da fiscalização, etc.
Simultaneamente, tem-se verificado uma mobilização do tecido empresarial nacional, para colaborar no esforço conjunto de combate à pandemia, reconvertendo as linhas de produção para o fabrico de equipamentos de proteção individual e dispositivos médicos essenciais.
Estas empresas estão disponíveis para colocar no mercado máscaras em tecido de uso único, ou mesmo reutilizáveis, que não conseguindo cumprir com os requisitos de segurança, saúde e desempenho estabelecidos nas legislações aplicáveis aos dispositivos médicos e aos equipamentos de proteção individual, poderão conformar-se com os requisitos a serem definidos para uma utilização comunitária.
A responsabilidade da conformidade dessas máscaras com os requisitos a definir recairá no fabricante, devendo este escolher matérias-primas adequadas, conceber, fabricar e rotular as máscaras de forma a que estas cumpram com os requisitos definidos, assim como testá-las de acordo com os referenciais normativos aplicáveis, em laboratório reconhecido para o efeito.
Categorização das máscaras por tipo de utilizador
Adota-se, assim, um sistema de categorização das máscaras utilizadas no contexto da COVID- 19, considerando a sua finalidade:
Nível 1: máscaras destinadas à utilização por profissionais de saúde.
Nível 2: máscaras destinadas à utilização por profissionais que não sendo da saúde estão expostos ao contacto com um elevado número de indivíduos.
Nível 3: máscaras destinadas à promoção da proteção de grupo (utilização por indivíduos no contexto da sua atividade profissional, utilização por indivíduos que contactam com outros indivíduos portadores de qualquer tipo de máscara e utilização nas saídas autorizadas em contexto de confinamento, nomeadamente em espaços interiores com múltiplas pessoas).
O uso destas máscaras não implica qualquer alteração no que concerne aos seguintes pontos:
Medidas de confinamento;
Higiene das mãos e etiqueta respiratória;
Organização e procedimentos a serem adotados, nomeadamente, por escolas e entidades empregadoras que possibilitem melhorar a proteção dos funcionários.
Tipo de utilizador
Tipo de máscara
Qualificação regulamentar
Especificações técnicas
Nível 1
Profissionais de saúde e doentes
Semi mascara de proteção respiratória (FFP2, FFP3).
De preferência com marcação CE. Em sua substituição máscaras em conformidade com os requisitos de normalização internacionais equivalentes, reconhecidos a nível europeu.
Equipamento de Proteção Individual
EN 149:2001+A1:2009 ou normas internacionais equivalentes reconhecidas.
Nível 1
Máscaras cirúrgicas Tipo II e IIR.
Dispositivo Médico
EN 14683:2019
Nível 1
Não reutilizáveis.
De preferência com marcação CE. Em sua substituição máscaras em conformidade com os requisitos de normalização internacionais equivalentes, reconhecidos a nível europeu.
EN 14683:2019
ou normas internacionais equivalentes reconhecidas
Nível 2
Profissionais em contacto frequente com o público
Máscaras cirúrgicas tipo I Não reutilizáveis. De preferência com marcação CE. Em sua substituição máscaras em conformidade com os requisitos de normalização internacionais equivalentes, reconhecidos a nível europeu.
Dispositivo Médico
EN 14683:2019 ou normas internacionais equivalentes reconhecidas
Nível 2
Máscaras alternativas para contactos frequentes com o público, de uso único ou reutilizáveis:
– Desempenho mínimo de filtração de 90%; -Respirabilidade de pelo menos 8l/min segundo EN ISO 9237:1995 ou no máximo 40 Pa segundo EN 14683:2019 (Anexo C);
– Que permita 4 h de uso ininterrupto sem degradação da capacidade de retenção de partículas nem da respirabilidade;
– Sem degradação de performance ao longo da vida útil (número máximo de vezes que poderá ser reutilizado;
– Desenho e construção adequados,
Artigo Têxtil
Permeabilidade ao ar (Respirabilidade): EN 14683:2019 (Anexo C)
ou
EN ISO 9237:1995 Capacidade de Retenção de Partículas (Filtração): EN 14683:2019 (Anexo B)
ou
EN 13274-7:2019 Outros métodos equivalentes reconhecidos Requisitos Rotulagem e informação ao utilizador final
Nível 3
Profissionais que não estejam em teletrabalho ou população em geral para as saídas autorizadas em contexto de confinamento
Máscaras alternativas para contactos pouco frequentes, de uso único ou reutilizáveis.
– Desempenho mínimo de filtração de 70%;
-Respirabilidade de pelo menos 8l/min segundo EN ISO 9237:1995 ou no máximo 40 Pa segundo EN 14683:2019 (Anexo C)
– Que permita 4 h de uso ininterrupto sem degradação da capacidade de retenção de partículas nem da respirabilidade
– Sem degradação de performance ao longo da vida útil (número máximo de vezes que poderá ser reutilizado
– Desenho e construção adequados
Artigo Têxtil
Permeabilidade ao ar (Respirabilidade): EN 14683:2019 (Anexo C) ou EN ISO 9237:1995
Capacidade de Retenção de Partículas (Filtração): EN 14683:2019 (Anexo B) ou EN 13274-7:2019
Outros métodos equivalentes reconhecidos.
Requisitos Rotulagem e informação ao utilizador final.
Fonte: Direção Geral da Saúde
As máscaras do nível 2 e nível 3, não enquadradas como dispositivos médicos ou como equipamentos de proteção individual, e designadas como artigos têxteis, deverão ser ensaiadas pelos métodos referidos na tabela anterior, tendo em consideração que os resultados alcançados com o modelo biológico apresentado na norma dos dispositivos médicos, para avaliar o desempenho da filtração, têm correspondência com os resultados dados pela medição de partículas inertes, conforme proposto na norma dos equipamentos de proteção individual.
A resistência ao desgaste durante o tempo de utilização deverá também ser considerada, uma vez que as alterações provocadas pelo desgaste podem induzir a uma maior retenção e crescimento bacteriano.
Máscara social ou comunitária
Nível 2 e nível 3 classificados como artigos têxteis
Tal como as máscaras cirúrgicas, a principal função das máscaras comunitárias é proteger todas as pessoas que se aproximam do utilizador, evitando que este lhes transmita gotículas eventualmente contaminadas com o novo coronavírus. Na verdade, constitui também uma ténue barreira física à inalação de partículas que pairem no ar, mas este é um dispositivo de proteção dos outros, mais do que do próprio utilizador.
Classificada como artigo têxtil de uso único ou reutilizável, a máscara social deve permitir quatro horas de uso ininterrupto, sem degradação da capacidade de retenção de partículas, nem da respirabilidade. Apesar de a maioria das máscaras sociais ser reutilizável, a utilização deve obedecer às mesmas regras das máscaras cirúrgicas e respiratórias, ou seja:
Não devem ser usadas de forma contínua por mais de 4 horas,
Não devem ser usadas a partir do momento em que fiquem húmidas.
Se, por exemplo, se deslocar para o trabalho de transportes públicos, terá de usar duas máscaras: uma para a ida e outra para a volta.
Resumindo, existem máscaras sociais com 2 níveis:
Nível 2 – devem assegurar, no mínimo, a filtração de 90% das gotículas, e são indicadas para profissionais com contacto frequente com o público, como empregados de lojas ou repartições;
Nível 3 – devem filtrar 70%, pelo menos, e destinam-se à população em geral (exceto se tiver sintomas de covid-19).
Ambos os níveis podem ser de uso único ou reutilizáveis e devem assegurar uma respirabilidade máxima de 40 Pa/cm2, a mesma respirabilidade das máscaras cirúrgicas de tipo I e tipo II.
Segurança e certificação
A oferta de máscaras sociais multiplica-se, mas há que ter alguns cuidados na hora de adquirir este produto, já que as características, a composição e, sobretudo, a segurança podem diferir muito entre modelos. Deve, por isso, garantir que compra produtos testados por laboratórios com competência técnica reconhecida.
A máscara deve ter a identificação do nível de proteção (nível 2 ou 3) e apresentar informação sobre o processo de reutilização (lavagem, secagem, conservação, manutenção) e o número de reutilizações, se aplicável. Na etiqueta, o utilizador deve, também, ser informado sobre as características de desempenho, sobre o facto de o produto não ser um dispositivo médico ou um equipamento de proteção individual e sobre a composição. O fabrico está sujeito ao cumprimento das normas EN 14683:2019 (Anexo C) ou EN ISO 9237:1995, EN 14683:2019 (Anexo B) ou EN 13274-7:2019.
Os fabricantes deverão notificar a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica previamente à colocação no mercado do produto, bem como manter à disposição das autoridades um breve dossiê técnico, com as características da matéria-prima, a descrição do processo de produção, a informação a constar com o produto e os relatórios dos ensaios realizados e da conformidade do produto, emitidos por um laboratório reconhecido.
Máscaras reutilizáveis
No que respeita à reutilização destas máscaras, os estudos de desempenho deverão ser realizados após simulação do uso real e dos números de ciclos máximos de reutilização previstos. A informação sobre o processo de reutilização (lavagem, secagem, conservação, manutenção) e o número de reutilizações deverá ser fornecida pelo fabricante ao utilizador.
O utilizador deve, também, ser informado das características de desempenho e do produto não ser um dispositivo médico ou um equipamento de proteção individual, assim como a composição, deverão ser disponibilizadas através da etiquetagem ou marcação do produto têxtil.
Cuidados com a reutilização da máscara
Se a máscara for reutilizável, depois de usada, deve ser guardada num saco estanque e só pode voltar a ser usada após ser lavada e seca.
A informação sobre a reutilização (lavagem, secagem, conservação e manutenção) e o número de utilizações durante o qual a eficácia é garantida devem constar do folheto informativo ou do rótulo. Como são feitas com diferentes materiais, nem todas as máscaras são higienizadas da mesma maneira.
Por exemplo, uma máscara de nível 3 com a sua qualidade comprovada para 5 lavagens apenas garante a capacidade de filtração de 70% até esse número máximo de lavagens. Depois disso, é aconselhável que deixe de usar essa máscara e a substitua por outra.
Na lavagem, é fundamental que utilize detergente ou sabão, a uma temperatura de, pelo menos, 30ºC, sendo que a maioria aconselha os 60ºC. Confira sempre as indicações da máscara.
Etiqueta folheto e rótulo
Informação obrigatória
Antes de comprar uma máscara social, confirme se foi testada por um laboratório com competência técnica reconhecida, como o CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário), o Equilibrium ou o ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade), que atribuem selos, como os apresentados em baixo, e se está acompanhada de um folheto informativo.
Selos de laboratório com competência técnica reconhecida
De seguida mostro três exemplos de selos que indicam que a máscara foi testada por um laboratório com competência técnica reconhecida.
Fabricantes devem notificar ASAE
Os fabricantes deverão notificar a ASAE da atividade de fabrico e das máscaras fabricadas e manter à disposição das autoridades um breve dossier técnico do produto onde se incluam as características da matéria-prima, a descrição do processo de fabrico, a informação a fornecer com o produto e os relatórios dos ensaios realizados e da conformidade do produto emitidos por laboratório reconhecido, nomeadamente os laboratórios acreditados para os métodos indicados.
Neste âmbito, funcionará um grupo de peritos com competências técnicas nas áreas médico farmacêutica, da tecnologia têxtil, da infeção e desinfeção, e incluindo também elementos da DGS, INFARMED, ASAE e IPQ, bem como outros que, de acordo com as respetivas atribuições e competências, se venham a revelar essenciais para este efeito.
Compete à ASAE a fiscalização dos produtos classificados como artigos têxteis, enquanto Autoridade de Fiscalização de Mercado.
Máscaras caseiras e filtros não recomendados
Só as máscaras testadas por laboratórios com competência técnica reconhecida devem ser utilizadas. Além da eficácia não comprovada, as máscaras caseiras apresentam, muitas vezes, problemas ao nível do design, não se adaptando ao rosto dos utilizadores, e da respirabilidade.
Algumas destas máscaras estão preparadas para a utilização de filtros que não dão garantias de proteção. Além disso, a troca dos filtros pode aumentar o risco de contágio, não só pelo contacto com a máscara, cuja superfície pode estar contaminada, mas também porque pode levar a que a máscara seja utilizada por um período mais longo do que o aconselhável.
Uso correto da máscara
O uso de máscara é aconselhado, sobretudo, para prevenir que pessoas infetadas, nalguns casos assintomáticas, sejam veículos de transmissão da covid-19.
Para que a sua função seja cumprida, é fundamental que manuseie e utilize a máscara corretamente. Esta deve cobrir por completo o nariz e o queixo. Antes e depois de a pôr, deve lavar as mãos com água e sabão ou desinfetá-las com um gel à base de álcool.
Enquanto a máscara estiver no rosto, puxá-la para o queixo, para falar ao telemóvel, ou simplesmente tocá-la, é altamente desaconselhado.
Quando remover a máscara, faça-o por detrás, evitando tocar na parte da frente. O risco de transmissão é maior se a máscara for retirada de modo inapropriado ou se uma pessoa saudável tocar na cara durante a utilização.
Deponha as máscaras não reutilizáveis num contentor de resíduos. Lave as reutilizáveis logo a seguir à utilização, de acordo com as instruções da etiqueta.
Viseiras são eficazes?
As viseiras servem como proteção contra a projeção de partículas sólidas e líquidas. Podem ser um complemento útil, mas não podem ser usadas em substituição da proteção respiratória (como máscaras), quando necessário. A sua utilização deverá ser complementada com um método barreira que tape o nariz e a boca.
Conclusão
Depois deste exaustivo artigo o que te interessa é saber afinal e de forma simples qual a máscara que devemos usar? No contexto atual de pandemia com novas estirpes mais contagiosas e mortais a devastar a Europa e o Mundo a resposta correta é máscaras FFP2.
Resumindo as razões da escolha FFP2 são as seguintes:
Evitam contagiar se estiver infetado mas também protegem o utilizador de pessoas infetadas pois filtram o ar inspirado e expirado (as cirúrgicas só evitam contagiar);
Certificação europeia com testes mais rigorosos que as certificações america (N95) e chinesa (KN95);
Maior durabilidade que as N95 e KN95;
Maior conforto por apresentar melhor respirabilidade que as N95 e KN95;
Mais baratas que as FFP3 (estas filtram ainda mais) mas mantendo um grau de filtração muito elevado.
Se desejar filtração máxima, não tiver desconforto respiratório e o orçamento não for um problema, então a escolha acertada é máscaras FFP3.
A terminar alerto que só deve adquirir máscaras que efetivamente tenham marcados na máscara o certificado FFP2 e a norma europeia EN 149: 2001 + A1: 2009.
Enfarte do miocárdio como sobreviver até chegar ajuda médica de emergência num enfarte agudo do miocárdio? Como reconhecer os sintomas que indicam que está a ter um ataque cardíaco (enfarte)? O que pode fazer se estiver sozinho e achar que está a ter um enfarte? E se for um AVC (Acidentes Vascular Cerebral) o que pode fazer? Quais as diferenças nos sintomas? Algumas são surpreendentes mas podem salvar-nos a vida!
Além dos fatores de risco individuais de cada um de nós, dias de festa como aniversários, casamentos, batizados, festas populares e encontros de amigos são um facto de risco acrescido para todos mas claro muito mais para quem tem um historial familiar e clínico já reconhecido!
No entanto são conhecidos inúmeros casos de Enfarte e AVC em pessoas aparentemente de boa saúde mas que não conheciam os seus fatores de risco, pelo que este artigo será um contributo para que possam detetar a tempo, atuar e saber o que fazer para manter o doente vivo até à chegada de ajuda médica urgente!
Vou começar por falar do AVC, acidente vascular cerebral e mais adiante do enfarte agudo do miocárdio. Por favor partilhe este artigo pois pode salvar vidas!
Neste artigo vou responder ás seguintes perguntas:
Quantas mortes são causadas por AVC?
Como diminuir o risco de AVC?
Quais as pessoas com maior probabilidade de ter um AVC?
O que é um AVC?
Quais os tipos de AVC?
Como reconhecer a tempo um AVC?
Existe algum teste para reconhecer se a pessoa teve um AVC?
O que é um ataque cardíaco? E um enfarte do miocárdio?
Quais os sintomas de um enfarte do miocárdio?
Quais as causas de um enfarte do miocárdio?
Quais os fatores de risco associados a um enfarte do miocárdio?
Como é feito o diagnóstico de um enfarte do miocárdio?
Quais as opções de tratamento disponíveis para o enfarte do miocárdio?
Quais as sequelas possíveis de um ataque cardíaco ou enfarte do miocárdio?
O que pode fazer se estiver sozinho e começar a sentir um ataque cardíaco?
Como tentar evitar o desmaio e aguentar até chegar ajuda?
Segundo o relatório sobre o Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, em 2015, 6432 portugueses morreram devido ao acidente vascular cerebral (AVC), o que, de acordo com o Ministério da Saúde, representa uma quebra de 39% face a 2011. Uma diminuição que contribuiu para que a mortalidade associada às diversas doenças cérebro-cardiovasculares, no seu conjunto, atingisse um dos valores mais baixos das últimas décadas.
A descida muito acentuada da mortalidade por AVC foi acompanhada pelo aumento do número de fármacos, explica o coordenador do programa nacional, Rui Cruz Ferreira. Entre os quais, acrescenta, novos medicamentos para tratar a fibrilação auricular, uma arritmia crónica que aumenta em cinco vezes o risco de AVC.
Como diminuir o risco?
Adotar uma alimentação saudável, com consumo de frutas, vegetais, redução de sal e gorduras, praticar exercício físico e alterar rotinas diárias – usar as escadas em vez do elevador, por exemplo – e deixar de fumar, visto que parar de fumar pode cortar os riscos de AVC pela metade.
Os principais fatores de risco são os seguintes:
Excesso de peso e obesidade;
Sedentarismo;
Hipertensão arterial;
Colesterol muito elevado;
Tabaco;
Consumo excessivo de álcool;
Diabetes;
Stress.
Adotar uma alimentação saudável, com consumo de frutas, vegetais, redução de sal e gorduras, praticar exercício físico e alterar rotinas diárias – usar as escadas em vez do elevador, por exemplo, e deixar de fumar, visto que parar de fumar pode cortar os riscos de AVC pela metade, refere Diogo Valadas, Diretor Técnico da Associação Nacional AVC.
Grupos de risco
Além dos fatores de risco que podem ser reduzidos com a mudança de hábitos é crucial prestar atenção a situações que não dependem da alteração de comportamentos.
Existem pessoas com maior probabilidade de sofrer AVC do que outras, a saber:
Idosos
Pessoas com histórico familiar de ocorrência de AVC
Homens com menos de 75 anos
Indivíduos com doença coronária e diabetes
No âmbito das doenças cardiovasculares e tendo em conta o objetivo da associação, cujo foco é o apoio aos doentes que sofreram um AVC, a instituição pretende integrar o Programa Nacional para as Doenças Cérebro-cardiovasculares, um dos projetos de saúde prioritários da Direcção-Geral da Saúde, assumindo o papel de entidade representante de famílias vítimas de AVC.
Acidente Vascular Cerebral o que é?
Um AVC surge quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é impedido. O sangue leva nutrientes essenciais e oxigénio para o cérebro. Sem o fornecimento de sangue, as células cerebrais podem ficar danificadas, impossibilitando-as de cumprir a sua função.
O cérebro controla tudo que o corpo faz, por isso, uma lesão no cérebro afetará as funções corporais. Por exemplo, se um AVC danificar a parte do cérebro que controla o movimento dos membros, ficaremos com essa função alterada.
Tipos de AVC
Existem dois tipos de AVC, o hemorrágico e o isquémico.
A imagem seguinte descreve claramente a diferença:
Reconhecer a tempo um AVC
A doença é repentina e os efeitos no corpo são imediatos. Reconhecer os sintomas seguintes pode evitar um AVC de causar danos muito graves. Esse sintomas podem ser os seguintes:
Dormência
Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo (pode ser um braço, perna ou parte inferior da pálpebra descaídos, ou a boca torta e salivante)
Fala arrastada ou dificuldade em encontrar palavras ou discurso compreensível
Visão subitamente enublada ou perda de visão
Confusão ou instabilidade
Forte dor de cabeça
Teste para reconhecer AVC em curso
Use um teste simples que o pode ajudar a reconhecer se uma pessoa teve um AVC:
Fraqueza Facial:
A pessoa pode sorrir? Tem a sua boca ou um olho caído?
Fraqueza no braço:
A pessoa consegue levantar os braços?
Problemas de expressão: a pessoa consegue falar com clareza e entender o que lhe dizem?
Ataque cardíaco como ganhar tempo?
Ataque cardíaco é a mesma coisa que enfarte do miocárdio
Enfarte do miocárdio o que é?
O enfarte é definido como uma lesão isquémica do músculo cardíaco (miocárdio), que se deve à falta de oxigênio e nutrientes. Os vasos sanguíneos que irrigam o miocárdio (artérias coronárias) podem apresentar depósitos de gordura e cálcio, levando a uma obstrução e comprometendo a irrigação do coração.
As placas de gordura localizadas no interior das artérias podem sofrer uma fissura causada por motivos desconhecidos, formando um coágulo que obstrui a artéria e deixa parte do coração sem “abastecimento” de sangue. É assim que ocorre o enfarte do miocárdio. Esta situação vai levar à morte celular (necrose), a qual desencadeia uma reação inflamatória local.
O enfarte também pode ocorrer em vasos coronários normais quando as artérias coronárias apresentam um espasmo, ou seja, uma forte contração que determina um déficit parcial ou total no abastecimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado por este vaso contraído.
Sintomas
O sintoma clássico é uma dor e aperto no lado esquerdo ou no centro do peito podendo irradiar para o pescoço ou para o braço esquerdo, porém em cerca de 15% dos casos, o sintoma pode ser atípico tal como:
Dor no lado direito do peito
Suor
Enjoo
Vómitos
Dor de estômago
Falta de ar
Tonturas
Palpitações ( arritmias )
Esta dor tem, habitualmente, duração superior a 10 minutos, pode ter diferentes intensidades ou ainda desaparecer e voltar espontaneamente.
Infelizmente, nem todos os pacientes têm este sintoma. Os diabéticos, por exemplo, podem ter um enfarte sem apresentar dor.
Causas
O enfarte está mais frequentemente associado a uma causa mecânica, ou seja, à interrupção do fluxo sanguíneo para uma determinada área, devido a obstrução completa ou parcial da artéria coronária responsável pela sua irrigação.
O tamanho da área necrosada depende de vários fatores, tais como o calibre da artéria lesada, tempo de evolução da obstrução e desenvolvimento da circulação colateral. Esta, quando bastante extensa, é capaz de impedir a instalação de enfarte, mesmo em casos de obstrução total da coronária.
Pode também ocorrer por aumento do trabalho cardíaco relacionado com um aumento da pressão arterial.
Fatores de risco
As seguintes condições de saúde são os fatores de risco mais comuns no enfarte do miocárdio:
Colesterol LDL alto e HDL baixo
Sedentarismo
Tabagismo
Hipertensão arterial
Menopausa
Stress
Excesso de peso
Diabetes mellitus
História familiar ou predisposição genética
Idade
Alterações hemodinâmicas: hipertensão arterial, hipotensão, choque, mal-estar, etc.
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado em 3 fatores:
Quadro clínico,
Alterações no ECG (eletrocardiograma)
Doseamento de enzimas cardíacas que se alteram no enfarte do miocárdio.
Escolha sempre um médico da sua confiança para tratar os seus sintomas e para lhe auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares.
Tratamentos disponíveis
Qualquer que seja o tratamento escolhido pelo médico que vai prestar assistência ao paciente com enfarte, o ideal é que ele comece dentro das primeiras 6 horas após o início da dor.
Quanto mais precoce, maior é a possibilidade de ser restabelecido o fluxo sanguíneo e de oxigênio nas artérias coronárias, evitando as complicações decorrentes da necrose do músculo cardíaco.
Pontos importantes do tratamento são:
Alívio da dor
Repouso para reduzir o trabalho cardíaco
Administração de agentes trombolititos para melhorar o fluxo sanguíneo
A administração de oxigênio em fluxo contínuo nas primeiras seis horas, reduz a dor associada à baixa concentração de oxigênio circulante. O uso de drogas que reduzem o uso de oxigênio pelo coração faz com que o músculo cardíaco sofra menos isquemia (ausência de sangue).
A probabilidade aumentada de complicações no período de 72 horas, após o enfarte, justifica a monitorização contínua.
Superada esta fase, o paciente é encaminhado para um quarto restringindo-se o número de visitas. Progressivamente, ele pode sentar-se durante breves períodos, começa a deambular por volta do quarto ou quinto dia.
Esta mobilização precoce melhora sensivelmente o bem-estar, além de reduzir a incidência de tromboembolia. Mas o paciente deve ser acompanhado de perto para detetar possíveis alterações consequentes a esta atividade física.
A dieta será liberada à medida que as condições clínicas permitirem, devendo ser hipocalórica e hipossódica (com pouco sal).
As evacuações não devem significar esforço para o paciente, usando, se necessário, laxantes suaves.
Os tranquilizantes podem ser utilizados para amenizar a angústia de alguns doentes, mas com muito cuidado, já que esses medicamentos podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão sistólica.
Complicações da doença
As principais complicações do enfarte são:
Arritmia cardíaca
Choque criogénico
Insuficiência respiratória
Insuficiência renal
Paragem cardiorrespiratória
As complicações mais letais são as arritmias, que podem ocorrer, mais frequentemente, nas primeiras 24 horas após o enfarte.
Por isso, é importante que, idealmente, pelo menos 72 horas, os pacientes fiquem sob cuidados médicos em unidades de tratamento intensivo, onde recebem todos os cuidados necessários para detetar precocemente e tratar essas arritmias, através de uma monitorização contínua das complicações do enfarte.
Ataque cardíaco o que posso se está sozinho?
Muitas pessoas estão sozinhas quando têm um ataque cardíaco.
Sem ajuda, a pessoa sente o coração a bater de forma irregular e começa a sentir-se fraca tendo apenas alguns segundos antes de desmaiar.
Evitar o desmaio e tentar regularizar o ritmo cardíaco
Estas técnicas podem dar-lhe tempo até chegar ajuda:
Tossir repetidamente com bastante força
Respirar bem fundo antes de tossir e a tosse deve ser forte e prolongada, vinda do fundo do peito.
Uma inspiração e uma tosse devem ser repetidas a cada 2 segundos sem parar, até que chegue ajuda, ou que sinta que o coração voltou a bater normalmente. As inspirações profundas trazem oxigênio para os pulmões e os movimentos de tossir “bombeiam” o coração e mantêm o sangue a circular.
Esta pressão no coração também faz com que ele volte a bater normalmente e dessa maneira a vítima tem tempo de chegar ao hospital.
Se reconhecer algum destes sinais, ligue o 112 imediatamente!
Este é sem dúvida um dos artigos que pode poupar muitas vidas se esta informação for passada para o público em geral. Todos os anos milhares de pessoas podiam ser salvas se soubessem reconhecer a tempo sintomas simples que não deixam muitas dúvidas sobre o que lhes pode estar a acontecer. A rapidez da assistência médica é essencial mas, para ser eficaz, doentes e famílias têm de saber reconhecer os sintomas a tempo!
Fique bem!
Franklim A. Moura Fernandes
Por favor PARTILHE ESTA INFORMAÇÃO E AJUDE A SALVAR MUITAS VIDAS!
Pneumonia quais os sintomas? Quais as causas? Quais os perigos? A pneumonia pode causar a morte! Este perigo real não deve nunca ser ignorado causando um atraso na assistência médica que pode ser fatal! Este artigo pretende ser um contributo importante para clarificar os riscos da pneumonia se não for atempadamente tratada pelo médico.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
Pneumonia é o nome que damos à infecção de um ou ambos os pulmões. Para sermos mais precisos, a pneumonia é a infecção dos tecidos pulmonares e seus alvéolos.
Anatomia dos pulmões
Alvéolos o que são?
O ar que respiramos entra pelo nariz e/ou boca e vai para a traqueia. A traqueia, ao chegar ao nível dos pulmões, bifurca-se, formando os brônquios principais, um para o lado esquerdo, outro para o direito; estes brônquios também se bifurcam, formando os bronquíolos, que por fim, acabam nos alvéolos. Cada vez que ocorre uma bifurcação, as estruturas vão se tornando progressivamente menores.
Os alvéolos, que ficam no ponto final da árvore respiratória, são bolsas microscópicas que estão em contato com a corrente sanguínea. Através deles são feitas as trocas dos gases respirados (oxigênio e gás carbônico). No alvéolo entrega o oxigênio respirado para as hemácias (glóbulos vermelhos) no sangue e recebe delas o gás carbônico produzido pelas células do corpo. Portanto, como todos sabemos, inspiramos oxigênio e expiramos gás carbônico.
Cada um dos pulmões contém milhões de alvéolos. Se pegarmos cada um dos alvéolos e esticarmos lado a lado, a superfície coberta seria de cerca de 75 metros quadrados.
Na pneumonia, os alvéolos ficam cheios de secreções purulentas, impedindo a entrada e saída dos gases. Nestes alvéolos afectados pela infecção não há troca de oxigênio por gás carbônico. Quantos mais alvéolos afectados, mais grave é a doença e os sintomas. O doente com pneumonia extensa pode apresentar insuficiência respiratória, precisando de ser entubado e ligado a um respirador artificial para conseguir manter o sangue adequadamente oxigenado.
Causas de pneumonia
A pneumonia pode ser causada, em ordem decrescente de frequência, por:
Bactérias,
Vírus,
Fungos,
Parasitas.
A maioria das pneumonias são de origem bacteriana. As bactérias que mais habitualmente provocam pneumonia são:
Streptococcus pneumoniae,
Pseudomonas aeruginosa,
Klebsiella pneumoniae,
Haemophilus influenzae,
Moraxella catarrhalis,
Staphylococcus aureus.
Frio pode provocar pneumonia?
Para se apanhar uma pneumonia é necessário uma infecção principalmente bacteriana, não bastando uma corrente de ar frio para nos infectar.
No entanto durante o tempo frio as nossas defesas, principalmente os cílios das vias aéreas, funcionam de modo mais lento, o que favorece a invasão de bactérias. No inverno as pessoas andam menos tempo na rua e tendem a juntar-se em locais fechados, favorecendo a transmissão de vírus como o da gripe, sendo esta um factor de risco.
Resumindo, não é por abrir o frigorífico, em tronco nu e com o cabelo molhado depois de sair do banho, no Inverno… que vai apanhar uma pneumonia ou outra infecção respiratória!
Pneumonia por aspiração
Uma forma muito grave é a pneumonia por aspiração. Ocorre em pessoas que vomitam e logo após aspiram o seu conteúdo. É um tipo de pneumonia comum em pacientes com nível de consciência reduzido, que perdem a capacidade de tossir ou de engolir a própria saliva, fazendo com que as secreções da cavidade oral entrem nas vias respiratórias. A via aérea desta pessoa fica exposta a uma quantidade imensa de micróbios, muito maior do que o habitual, favorecendo o desenvolvimento des pneumonias. Um exemplo comum é alguém que bebeu muito e está em coma ou pré-coma alcoólico.
Pneumonias atípicas
Existe um grupo de bactérias, que causam as chamadas pneumonias atípicas. São formas que podem ter evolução mais lenta e com quadro não tão óbvio de pneumonia. Destas bactérias atípicas destacamos:
Mycoplasma,
Legionella,
Clamídia.
Contagiosa ou não?
Na grande maioria dos casos, a pneumonia não é uma doença contagiosa como a gripe ou tuberculose (que pode até ser considerada um tipo de pneumonia). Pode entrar em contacto com um doente com pneumonia, que, exceto em situações especiais, não haverá risco de contaminação.
Mecanismos de defesa
Os nossos pulmões são órgãos expostos constantemente a micróbios do ar e da nossa própria flora bacteriana da boca. Nós não ficamos constantemente doentes porque os pulmões têm os seus próprios mecanismos de defesa, que os mantêm livres de germes. Entre estes mecanismos que “varrem” os agentes invasores para fora das vias respiratórias, podemos destacar:
O reflexo de tosse,
A presença de células do sistema imunitário ao longo de todo trato respiratório,
A existência de microscópicos cílios na árvore brônquica.
Desenvolvimento de uma pneumonia
O desenvolvimento da pneumonia depende dos seguintes factores:
Grau de virulência do invasor,
Quantidade de micróbios que conseguem chegar aos pulmões,
Condições imunológicas do paciente.
Em geral, uma pneumonia surge quando um germe agressivo consegue penetrar o trato respiratório e encontra o sistema de defesa comprometido.
Situações banais podem debilitar as defesas do sistema respiratório. por exemplo:
Os doentes que fumam apresentam um irritação constante de toda árvore brônquica e disfunção dos cílios protetores. As células de defesa pulmonar também são afetadas pelo cigarro e não funcionam tão bem. Tudo isso favorece o aparecimento de infecções respiratórias.
Os doentes com gripe. A lesão que o vírus da gripe provoca no sistema respiratório também favorece a invasão de bactérias, que se aproveitam da redução da capacidade do doente de combater os germes que chegam às partes mais interiores do sistema respiratório.
Pessoas idosas naturalmente têm seu sistema imunológico mais frágil, o que as coloca sob maior risco de desenvolver pneumonias.
Pessoas já debilitadas por outras doenças, como insuficiência cardíaca, alcoolismo ou diabetes, também apresentam maiores riscos.
Factores de risco
Os grupos de pessoas com mais probabilidade de contrair uma pneumonia são:
Hospitalizações prolongadas, que aumentam o risco de contrair uma infecção hospitalar, potencialmente grave;
Doentes em ventilação mecânica (em uso de respirador artificial).
Doentes com outra doença pulmonar prévia (sequelas de tuberculose, bronquiectasias, fibrose cística, etc.)
Gripe e risco de pneumonia
O combate à infecção gripal desvia muitos recursos do sitema imunitário deixando-o mais frágil por ficar “sobrecarregado de trabalho”. Quando o nosso organismo e sistema imunitário está debilitado os microorganismos infecciosos conseguem passar mais facilmente os filtros naturais do nosso corpo tais como os cílios nasais (os conhecidos “pêlos do nariz”) e chegar mais facilmente aos pulmões.
Nos pulmões instalam-se numa especie de pequenos sacos de ar chamados alvéolos onde são “atacados” pelos nossos glóbulos brancos que circulam no sangue. No entanto nem sempre esta defesa é eficaz levando ao aparecimento dos primeiros sintomas da infecção principalmente nos doentes crónicos e imunodeprimidos
Sintomas de pneumonia
Alguns dos sintomas da pneumonia são similares aos da gripe mas mais graves, a saber:
Febre elevada,
Suores,
Arrepios,
Tosse,
Fadiga,
Dores musculares,
Dor de cabeça.
Quando a infecção avança aparecem sintomas mais graves tais como:
Produção de muco,
Dificuldade em respirar,
Dor no peito.
Como inicialmente a pneumonia pode confundir-se com gripe ou constipação, deve consultar o médico se os primeiros sintomas persistirem demasiado dias ou de imediato se aparecerem os sintomas mais graves acima referidos como a falta de ar ou dor no peito.
Perigo da pneumonia
Se não for tratada a tempo a infecção pode alastrar para a corrente sanguinea (septicémia) e generalizar-se a outras parates do organismo, podendo nos casos mais graves causar a morte.
Diagnóstico
O diagnóstico da pneumonia é feito normalmente com exame físico e uma radiografia de tórax. Análises de sangue podem ajudar, mas não são imprescindíveis. Um médico experiente é capaz de diagnosticar uma pneumonia apenas com a história clínica e o exame físico.
A radiografia, por ser um exame barato e amplamente disponível, é normalmente solicitada para confirmação do diagnóstico. Os alvéolos cheios de secreção aparecem como uma mancha branca à radiografia de tórax.
O hemograma do doente apresenta um valor elevado no número de leucócitos, típico de infecções bacterianas. Nos doentes mais graves, que necessitam de hospitalização, normalmente tenta-se identificar qual é a bactéria responsável pela pneumonia, pesquisando a bactéria no sangue (hemocultura) ou na própria expectoração do doente. Em casos especiais pode ser necessária a colheita de secreções directamente do pulmão, através da broncoscopia.
Tratamento para a pneumonia
O tratamento para a pneumonia depende da causa ou seja se é causada por um vírus, uma bactéria ou um fungo. Assim para os diversos casos temos os seguintes tratamentos:
Viral – tomar medicamentos antivíricos, repouso, ingestão abundante de líquidos
Bacteriana – tomar medicamentos antibióticos
Fúngica – tomar medicamentos antifúngicos
As pneumonias são também divididas em comunitárias, quando adquiridas no dia-a-dia ou hospitalares, quando surgem em doentes hospitalizados. A pneumonia hospitalar é mais grave e mais difícil de tratar, pois é normalmente causada por bactérias mais resistentes e afecta principalmente doentes com o sistema imunitário comprometido.
O tratamento das pneumonias bacterianas é feito com antibióticos durante pelo menos 8 dias. Geralmente ao fim de 3 dias começam a notar-se já melhorias mas o tratamento deve sempre ser levado até ao fim. As pneumonias comunitárias podem ser tratadas com antibióticos orais, porém, aquelas que evoluem mal necessitam de internação hospitalar e antibióticos por via venosa.
Antibióticos mais usados
Os principais antibióticos usados na comunidade para combater a pneumonia, à venda nas Farmácias, são:
Amoxacilina com ácido clavulânico,
Azitromicina,
Claritromicina,
Ceftriaxona,
Levofloxacina,
Moxifloxacina.
As pneumonias podem facilmente levar ao surgimento de uma septicémia (bactéria entra na corrente sanguínea) que é muito grave e uma importante causa de morte em idosos e doentes imunodeprimidos.
Vacina contra a pneumonia
Existe uma vacina contra a pneumonia estreptocócica, causada pelo Streptococcus pneumoniae, o tipo mais comum. Ela está indicada em crianças e pessoas acima dos 50 anos, mas não evita pneumonias causadas por outras bactérias.
Existem 2 vacinas pneumocócicas:
Pneumo23® (actualmente não disponivel)
Prevenar13®
Pneumo23®
A vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) é uma vacina utilizada para prevenir infecções causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, responsável por doenças graves como:
Pneumonia,
Meningite,
Septicémia (infecção generalizada no sangue).
O efeito da vacina aparece duas a três semanas após sua aplicação e dura por pelo menos 5 anos, podendo chegar a até 10 anos. Em crianças, a duração do efeito pode ser menor, especialmente em crianças com doenças dos rins, com anemia hemolítica hereditária (ex. anemia falciforme) ou que não tenham o baço, o efeito da vacina pode durar de 3 a 5 anos.
Prevenar13®
Prevenar® é uma vacina pneumocócica. sendo administrada a crianças desde as 6 semanas até aos 5 anos para ajudar a proteger contra doenças causadas por 13 tipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, tais como:
Meningite (inflamação à volta do cérebro),
Septicémia ou bacteriémia (bactérias na corrente sanguínea),
Pneumonia (infecção nos pulmões),
Infecções nos ouvidos.
Concluindo
A pneumonia é uma doença grave, com risco de morte, que pode ser evitada com a informação correcta e atenção a sintomas simples que que podem instalar-se de forma lenta e prolongada tais como tosse persistente, cansaço e febre ligeira. Muitas vezes como estes sintomas têm uma intensidade moderada o doente deixa-se arrastar no tempo sem consultar o médico. Só quando aparecem os sintomas mais graves como dor no peito e dificuldade em respirar é que o doente admite que se pode estar a passar algo de grave com a sua saúde! Nessa altura a recuperação é muito mais lenta e dificil e o risco de sequelas graves e permanentes torna-se maior.
Não se descuide principalmente se for um doente de risco ou seja com alguma doença crónica e o seu sistema imunitário fragilizado. Preste atenção aos sinais e procure o seu médico para auscultação se tiver dúvidas.
Artrite reumatoide (AR): Dor e outros sinais? Quais as causas? A cura espontânea é verdade ou mito? A artrite reumatoide não é uma doença rara. Segundo o American College of Rheumatology a sua prevalência (frequência) varia de 0,5-1,5% da população nos países industrializados. Em Portugal, segundo a Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR), estima-se que afete 0,8 a 1,5% da população e que existam cerca de 40.000 doentes diagnosticados com Artrite Reumatoide.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
O que é uma artrite?
Que doenças provocam artrite?
Artrite Reumatoide (AR), o que é?
Quais os fatores de risco?
Quais as formas de prevenção?
Quais os sintomas e sinais precoces?
Quais as manifestações atípicas da doença?
Quais as restantes manifestações da doença?
Quais as causas da artrite reumatoide?
Como se faz o diagnóstico?
Qual o tratamento mais eficaz para a artrite reumatoide?
Quais as medidas não farmacológicas que ajudam a melhorar?
Damos o nome de artrite à inflamação de uma ou mais articulações. Uma articulação com artrite fica inchada, vermelha, quente e bastante dolorosa.
Quando apenas uma articulação está inflamada, chama-se monoartrite. Quando ocorre inflamação de várias articulações estamos diante de uma poliartrite. A artrite pode ainda ser simétrica quando afeta simultaneamente duas articulações irmãs como joelhos, punhos, tornozelos, etc.
A articulação é a região onde há a ligação de dois ou mais ossos distintos, por exemplo:
Joelhos,
Cotovelo,
Punhos,
Tornozelo,
Ombros, etc.
As articulações ao longo do corpo não são todas iguais. Algumas articulações são ligadas por um tecido fibroso, que “cola” um osso ao outro, tornando-os imóveis, como no caso dos ossos do crânio; outras são ligadas por cartilagens e permitem uma pequena mobilidade como os discos vertebrais que unem as vértebras da coluna; há ainda as articulações móveis chamadas também articulações sinoviais, que normalmente são ligadas por uma cartilagem e uma bolsa cheia de líquido (líquido sinovial) permitindo amplo movimento dos ossos com mínimo atrito entre eles, como é o caso do joelho, cotovelo, ombros, etc.
Quando a articulação está inflamada chama-se a essa lesão artrite. Quando a articulação está dolorosa, mas sem sinais clínicos de inflamação (inchaço, calor e rubor) dizemos que há uma artralgia.
Doenças que provocam artrite
Várias outras doenças afetam as articulações, manifestando-se com quadros de artrite, fazendo parte do diagnóstico diferencial da artrite reumatoide, a saber:
Lúpus,
Gota.
Osteoartrite/artrose,
Artrite séptica.
Artrite psoriática,
Doença de Still,
Espondilite anquilosante,
Febre reumática.
Artrite reumatoide o que é?
É uma doença inflamatória crónica que pode limitar os gestos diários destes doentes, como abrir uma porta, agarrar uma caneta ou calçar uns sapatos. A ocorrência global de AR é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens. O pico de incidência nas mulheres é após a menopausa, mas pessoas de todas as idades podem desenvolver a doença, incluindo adolescentes.
A Artrite Reumatoide é uma doença reumática inflamatória crónica autoimune, de etiologia desconhecida, que pode conduzir à destruição do tecido articular e peri articular. Existe também uma ampla variedade de alterações extra-articulares. Ocorre em todas as idades e apresenta, como manifestação predominante, o envolvimento repetido e habitualmente crónico das estruturas articulares e peri articulares. Pode, contudo, afetar o tecido conjuntivo em qualquer parte do organismo e originar as mais variadas manifestações sistémicas.
Quando não tratada precoce e corretamente, a artrite reumatoide acarreta, em geral, graves consequências para os doentes, traduzidas em incapacidade funcional e para o trabalho. Tem elevada comorbilidades e mortalidade acrescida em relação à população em geral.
Fatores de risco
São 3 os principais fatores de risco, a saber:
Género
As mulheres são frequentemente mais afetadas que os homens na proporção de quatro mulheres para um homem.
Idade
É, sobretudo, uma doença dos adultos jovens e das mulheres
pós-menopáusicas.
Historial de doença e vacinação
Esporadicamente, surgem casos de artrite depois de infeções por
parvo vírus e vírus da rubéola ou vacinações para a rubéola, tétano,
hepatite B e influenza.
Prevenção
Entre os fatores de proteção sugeridos destacam-se:
Gravidez,
Uso de contracetivos orais,
Ingestão moderada de álcool.
O diagnóstico precoce é fundamental, uma vez que esta doença, diagnosticada nos primeiros três a seis meses do seu curso clínico e tratada corretamente, tem grandes probabilidades de não evoluir para a incapacidade funcional para o trabalho, diminuir a comorbilidades e não reduzir a esperança média de vida.
Não podemos evitar o surgimento da doença. A prevenção destina-se, fundamentalmente, a diminuir a gravidade da doença, de forma a reduzir a incapacidade funcional e a melhorar a qualidade de vida.
Sintomas
O principal sintoma é a inflamação das articulações. Além disso, podem aparecer nódulos duros nos cotovelos, ou na zona dorsal dos dedos das mãos e dos pés; também podem localizar-se nos órgãos internos. Com o tempo, a deterioração progressiva das articulações afetadas pode levar a deformidades.
Artrite reumatoide quais os sinais?
Os principais sinais são os seguintes:
Dor articular;
Inflamação articular;
Rigidez articular matinal;
Febre;
Cansaço.
Frequentemente, a doença começa como uma poliartrite simétrica (mais de 4 articulações inchadas e dolorosas, nos dois lados do corpo). Qualquer articulação com membrana sinovial (membrana que reveste algumas articulações e que produz um líquido que lubrifica, nutre e facilita os movimentos articulares) pode ser atingida, mas geralmente afeta primeiro as pequenas articulações das mãos e dos pés. À medida que a doença progride, mais articulações podem inflamar, incluindo:
Ombros,
Cotovelos,
Ancas,
Joelhos.
Outra articulação que pode estar envolvida é a primeira articulação cervical, entre a primeira e segunda vértebras cervicais, resultando em instabilidade da coluna cervical. Para além dos sintomas articulares, os sintomas constitucionais (por exemplo, o cansaço, sintomas de gripe, febre, suores e perda de peso) são comuns.
Se não for tratada, a inflamação conduz à destruição progressiva das articulações e sua perda de função. Podem surgir nesta altura deformidades articulares, algumas muito características nas mãos. Ao dano articular, pode adicionar-se perda de massa muscular por atrofia, podendo levar de forma progressiva a dificuldades motoras.
Os tendões estão envolvidos por bainhas e estas são também constituídas por membranas sinoviais, podendo ficar inflamadas, tal como as articulações.
Ocasionalmente, o doente pode ter apresentações mais atípicas, o que pode dificultar o diagnóstico. Nomeadamente quando tem um início súbito ou surge como uma doença mais sistémica, com perda de peso, febre e fadiga e poucas manifestações articulares. Outras vezes, os doentes começam por apresentar inflamação articular de grandes articulações (joelho, cotovelo) e só mais tarde desenvolvem artrite das mãos.
Outras manifestações
A AR é uma doença que pode afetar muitos órgãos e há outras manifestações da doença:
Olhos: Secura ocular (Síndrome seca secundária, chamada “Síndrome de Sjögren secundária”); inflamação ocular (esclerite e episclerite).
Pele: úlceras de perna e lesões cutâneas eritematosas (avermelhadas).
Nódulos reumatoides: tumefações subcutâneas (debaixo da pele) não dolorosas que ocorrem na maioria das vezes nos cotovelos, joelhos e dorso das mãos. Surgem sobretudo em pessoas com a doença de longa evolução.
Sistema Nervoso:Pode ocorrer compressão de nervos periféricos pelo edema articular, sendo comum o “síndrome do túnel cárpico”. Mais raramente, pode ocorrer subluxação atlanto-axial (das duas primeiras vértebras cervicais) o que poderá conduzir a comprometimento da medula espinhal.
Sistema respiratório:pode ocorrer inflamação pleural (membrana que cobre os pulmões), e alterações dos pulmões e vias aéreas.
Sistema cardiovascular: Pode ocorrer a inflamação da membrana que cobre o coração (pericárdio), o que é pouco frequente. Estudos recentes mostram que a AR contribui para o aumento do risco cardiovascular, existindo um aumento do risco de enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Sistema renal: Raramente envolvido, mas pode ocorrer nefropatia tóxica (pela toma de anti-inflamatórios não esteroides).
Fígado:A presença de hepatomegalia discreta (aumento das dimensões do fígado) e enzimas hepáticas (transamínases) elevadas são comuns.
Outras manifestações:Podem ainda ocorrer distúrbios da tiroide, osteoporose e depressão.
O aparecimento de outras doenças pode aumentar o risco de desenvolver complicações de AR e pode aumentar ainda mais a morbidade e mortalidade, por exemplo, desenvolver diabetes, que associada a AR conduzem a mais complicações cardíacas.
Causas da artrite reumatoide
A AR manifesta-se por uma inflamação das articulações. A inflamação é uma reação do organismo a uma agressão, como o inchaço após um traumatismo ou a garganta inflamada após uma infeção.
Não é conhecida a causa da AR: poderá tratar-se de um agente externo, um vírus ou um agente interno. Por uma razão desconhecida, o organismo deixa de reconhecer a articulação como sua e reage contra ela – reação autoimune. Outra hipótese será a de que não há agressão, mas uma reação inflamatória que aparece sem razão, depois de uma desregulação inexplicada do organismo.
Diagnóstico?
O diagnóstico precoce é feito com base na verificação de:
Tumefação de três ou mais articulações;
Envolvimento das articulações metacarpo falângicas e/ou metatarso falângicas;
Rigidez matinal superior a trinta minutos;
Simetria do envolvimento articular.
Não basta fazer exames laboratoriais e radiografias para estabelecer o diagnóstico. É necessário realizar outros exames, como:
Cintigrafia, a
Ultrassonografia e a
Ressonância magnética nuclear,
São estes exames que revelam sinovite (inflamação da membrana sinovial) ao termo de apenas algumas semanas.
O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, com iniciação rápida do tratamento. Estudos científicos demonstram que no período inicial da doença há uma oportunidade única para influenciar o progresso da doença. O desafio para o médico é reconhecer os primeiros sintomas e encaminhar precocemente.
O diagnóstico é essencialmente clínico; as investigações são importantes na avaliação e exclusão de outros diagnósticos possíveis. Algumas das investigações realizadas são inespecíficas, podendo estar alteradas em várias doenças, sendo muito importante fazer as seguintes averiguações clínicas:
Velocidade de sedimentação e proteína C reativa(parâmetros analíticos que traduzem inflamação): na AR costumam estar elevadas, mas podem ser normais.
Hemograma:anemia normocítica normocrómica e trombocitose (aumento das plaquetas) reativa são comuns na doença ativa.
Fator Reumatoide: Deve ser requisitado em doentes com suspeita de terem AR, ou seja, naqueles em que se encontrou artrite no exame objetivo. Este é positivo em 60-70% dos doentes (e 5% da população normal). Pode ser positivo em outras doenças pelo que se deve ter atenção à sua interpretação.
Anticorpo contra péptidos citrulinados (anti-CCP):Deve ser requisitado se suspeita de AR, se o paciente é negativo para o fator reumatoide ou na eventualidade de se ponderar terapia de combinação. Este anticorpo é mais específico do que o fator reumatoide na AR e pode ser mais sensível na doença erosiva.
Anticorpo antinuclear (ANA): pode ser positivo em cerca de 30% dos pacientes com AR.
Radiografias das mãos e dos pés: Quando realizados no início da doença, podem ser normais se a doença tiver pouco tempo de evolução. Devem ser repetidos durante a monitorização da doença.
Tratamento
Nos últimos 15 anos, o tratamento da artrite reumatoide evoluiu significativamente, em consequência da avaliação da atividade inflamatória, do conhecimento dos fatores de pior prognóstico, do uso precoce de fármacos antirreumáticos de ação lenta, do aparecimento de terapêutica combinada e, mais recentemente, da terapêutica biológica. Os doentes com artrite reumatoide devem ser acompanhados por um médico reumatologista.
O tratamento dos doentes deve ser sempre individualizado e deve ser realizado de forma multidisciplinar. Idealmente, todos os pacientes deveriam ter acesso a uma equipa de profissionais, incluindo:
Médico de família,
Reumatologista,
Enfermeiro,
Fisioterapeuta,
Terapeuta ocupacional,
Nutricionista,
Farmacêutico,
Assistente social.
Sempre que necessário serão pedidas colaborações com outras Especialidades Médicas. Sempre que tiver dúvidas sobre algum tratamento deve colocá-las ao seu Reumatologista Assistente. A sua adesão aos tratamentos adequados é fundamental para melhorar o prognóstico da sua doença.
O tratamento da AR deve envolver modalidades farmacológicas e não farmacológicas.
Medidas não farmacológicas
Um estilo de vida saudável deve ser promovido nos doentes com AR incentivando os seguintes hábitos:
Deixar de fumar.
Se excesso de peso, é aconselhado a perda ponderal para prevenir o desgaste articular e outras doenças, como hipertensão e diabetes.
Prática de exercício físico deve mas sempre orientada pela equipa médica. É aconselhada a realização de exercícios isotónicos e isométricos para fortalecimento muscular e manutenção da função articular, assim como exercícios aeróbicos para otimização do sistema cardiorrespiratório.
Quando há suspeita de AR e enquanto se aguarda pela avaliação por especialistas, as medidas não medicamentosas e tratamento sintomático – como analgésicos não opióides e medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) – pode ser instituído. Em qualquer fase da doença, a utilização de analgesia deve ser considerado como um adjuvante.
Tratamentos farmacológicos
Analgésicos
O paracetamol, ou analgésicos compostos (paracetamol + tramadol, por exemplo) devem ser oferecidos a pessoas cujo controlo da dor não é adequado, para reduzir potencialmente a sua necessidade de tratamento a longo prazo com AINEs.
Anti-inflamatórios (AINEs)
Como por exemplo temos:
Ibuprofeno,
Diclofenac,
Naproxeno.
Têm indicação para o tratamento sintomático da inflamação na AR, contribuindo para aliviar os sinais e sintomas desta. Têm um rápido início de ação, mas não alteram a progressão da doença nem a incapacidade funcional a longo prazo e podem ter toxicidade importante.
A toma simultânea de mais do que um AINE não aumenta a eficácia e resulta em maior toxicidade. Pode ser necessário adicionar um fármaco inibidor da bomba de protões adequado (para proteção gástrica). Há diversos disponíveis, o problema é decidir qual preparação será melhor para que cada doente, visto que as respostas têm variação individual.
De um modo geral, os chamados inibidores da COX 2 (“coxibs”) têm menos efeitos gastrointestinais e os AINE’s clássicos menos efeitos cardiovasculares. Os AINEs podem interagir com outros medicamentos ou estarem contraindicados no seu caso. Pelo que não se aconselha nunca a toma sem prescrição médica.
O principais anti-inflamatórios inibidores da COX2 são:
Etoricoxib (Exxiv®, Arcoxia®, Turox®)
Celecoxib (Celebrex®, Solexa®)
Corticosteroides
Como exemplo temos:
Prednisolona,
Prednisona,
Metilprednisolona.
Em doses baixas podem ser usados em combinação com DMARDs (Disease-modifying antirheumatic drugs) ou seja medicamentos antirreumáticos modificadores da doença, para controlo de sintomas a curto prazo e a médio e longo prazo para minimizar o dano articular.
Pode ser proposto um tratamento de curta duração com doses mais elevadas de corticoides (administrado de forma oral, intramuscular ou intra-articulares) para melhorar rapidamente os sintomas em doentes com diagnóstico recente de AR ou quando surge um surto da doença. Pela existência de efeitos adversos potencialmente graves (diabetes, osteoporose, cataratas), as doses recomendadas pelo seu médico devem ser respeitadas.
Quando usar injeções de corticosteroides?
Injeções intra-articulares de corticosteroides podem ser usadas para:
Fornecer alívio sintomático numa articulação mais dolorosa enquanto se espera pelo efeito dos outros fármacos.
Aliviar os sintomas de articulações particularmente problemáticos onde o controlo da doença não é bom.
Tratamento de monoartrite (1 articulação) ou oligoartrite (2-4 articulações) nos casos em que outras medidas são desaconselhadas.
Medicamentos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs) clássicos
DMARDs (Disease-modifying antirheumatic drugs) são fármacos antirreumáticos modificadores da doença, usados isoladamente ou em combinação. Os fármacos mais usados são:
Metotrexato,
Leflunomida,
Sulfassalazina,
Hidroxicloroquina,
Azatioprina.
O início precoce do tratamento com DMARDs é recomendado para controlar os sintomas e sinais de AR, bem como limitar dano radiológico (diminuir o risco de deformidades).
a. Os DMARD’s devem ser instituídos por especialistas assim que o diagnóstico, evolução e gravidade da doença foram confirmados.
b. A melhor estratégia de tratamento, conhecida por “Treat to target” estabeleceu que os doentes devem ser tratados com o objetivo de atingir remissão, o que significa aumentar a terapia (adicionar fármacos ou aumentar doses) sempre que a doença não é totalmente suprimida. Por outro lado, sempre que se obtenha controlo da doença por um longo período de tempo, pode-se com cautela tentar reduzir as doses de medicação, mantendo vigilância apertada.
c. Metotrexato: é o DMARD de escolha, devido ao seu bom perfil de eficácia e toxicidade.
DMARD’s biológicos
São moléculas que modulam as citocinas (proteínas da inflamação) e demonstraram que são eficazes no tratamento da AR, incluindo pacientes resistentes ao metotrexato. A introdução destes medicamentos é feita em situações muito específicas de acordo com guidelines da Sociedade Portuguesa de Reumatologia. Estão aprovados para o tratamento da AR em Portugal:
a. Inibidores do fator de necrose tumoral (TNF):
Infliximab,
Adalimumab,
Etanercept,
Golimumab,
Certolizumab.
b. Anti-CD20:
Rituximab.
c. Anti recetor da interleucina 6:
Tocilizumab.
d. Inibidor da ativação das células T (recetor solúvel de CD80 e CD86):
Abatacept.
e. Anti-interleucina-1:
Anakinra.
Tratamentos alternativos
a) Fisioterapia:
A realização de fisioterapia deve ser considerada. O plano de reabilitação deve ser definido pelo seu Reumatologista ou Fisiatra, tendo em conta as articulações afetadas e a fase da doença em que se encontra. A realização de fisioterapia passa ainda pelo fortalecimento muscular e treino de atividades de vida diária, por vezes com recurso a instrumentos que o podem auxiliar na realização das suas tarefas (ex: abre boiões, adaptadores da escova de dentes, adaptadores de instrumentos de cozinha).
b) Cirurgia:
A opinião de um cirurgião ortopédico ou neurocirurgião com um interesse especial em AR deve ser procurada de acordo com indicações específicas, a discutir com o reumatologista assistente.
c) Dieta e terapias complementares:
Não há fortes evidências de que pacientes com AR irão beneficiar de mudanças na dieta. A dieta mediterrânica pode ser encorajada (mais pão, frutas, legumes e peixe; menos carne; e substituir a manteiga e queijo com produtos à base de vegetais e óleos vegetais), uma vez que está associada a menos risco cardiovascular.
As terapias complementares podem fornecer o benefício sintomático de curta duração, mas há pouca ou nenhuma evidência de benefício a longo prazo. Se desejar experimentar terapias complementares, não deve substituir o tratamento convencional e esta terapia não devem afetar o atendimento oferecido pelos restantes cuidadores (reumatologista, médico de família, enfermeiro, fisioterapeuta).
Vigilância da doença
O diagnóstico de uma doença crónica como a AR implica que os doentes devem ser vigiados regularmente, incluindo consulta médica e a realização frequente de análises de sangue, para analisar a eficácia e efeitos adversos da medicação.
O rastreio e avaliação de outras doenças, deve ser feito de acordo com o que está recomendado para a população em geral. É fundamental que mantenha um acompanhamento regular no seu Médico de Família.
Perguntas frequentes:
A artrite reumatoide é contagiosa?
Não. A artrite reumatoide não é uma doença infeciosa nem uma doença contagiosa.
Quem é mais atingido pela artrite reumatoide?
A artrite reumatoide atinge uma em cada mil pessoas e um por cento da população global. Afeta sobretudo mulheres, mais frequentemente por volta dos 50 anos, embora possa surgir em crianças, homens e mulheres jovens. Quanto mais precoce for o início da artrite reumatoide, maior será a probabilidade de ser mulher (3,7 mulheres para um homem se a artrite reumatoide começar aos 30 anos), sendo a frequência idêntica no homem e na mulher se a doença se manifestar depois dos 60 anos.
Qual é a diferença entre cura e remissão?
A principal diferença entre a cura e a remissão é que na primeira a doença desaparece com o tratamento e não volta após este ser suspendido; na remissão, a doença desaparece com o tratamento, mas regressa com a suspensão do tratamento. A artrite reumatoide evolui por surtos mais ou menos longos e de intensidade variável, intervalado com remissões. A cura, eventualidade na verdade pouco frequente, pode todavia surgir espontânea e inesperadamente.
Qual é a causa da artrite reumatoide?
A AR manifesta-se por uma inflamação das articulações. A inflamação é uma reação do organismo a uma agressão, como o inchaço após um traumatismo ou a garganta inflamada após uma infeção.
Não é conhecida a causa da AR: poderá tratar-se de um agente externo, um vírus ou um agente interno. Por uma razão desconhecida, o organismo deixa de reconhecer a articulação como sua e reage contra ela – reação autoimune. Outra hipótese será a de que não há agressão, mas uma reação inflamatória que aparece sem razão, depois de uma desregulação inexplicada do organismo.
Qual a influência na gravidez?
Há evidências de que a gravidez melhora a artrite reumatoide. Algumas mulheres que sofrem desta doença souberam que estavam grávidas por terem tido uma melhoria inesperada. No entanto, esta resposta não é absoluta: a melhoria só é observada em em três casos em cada quatro e desaparece rapidamente após o parto.
Por outro lado, a artrite reumatoide não influencia a gravidez: não há maior risco de infertilidade, abortos espontâneos ou partos prematuros. Contudo, os tratamentos administrados na artrite reumatoide podem ter um efeito na gravidez, pelo que deverá prevenir o seu reumatologista imediatamente.
O que é a Certidão Multiuso?
Quais os benefícios? Como pode obtê-la?
A Certidão Multiuso atesta o grau de incapacidade e é necessária para requerer certos benefícios, desde que a incapacidade seja no mínimo de 60% e, em alguns casos, de 95% (por exemplo, para a isenção do imposto automóvel). Tem de ser requerida pelo utente ou seu representante.
O requerimento para obter esta certidão tem de ser feito na Unidade de Saúde Pública (Delegação de Saúde) da área de residência do utente com incapacidade ou deficiência.
Benefícios mais relevantes da Certidão Multiuso:
redução do IRS;
isenção de imposto automóvel;
redução de juros no empréstimo bancário;
redução do preçário em alguns títulos de transporte público;
dístico para estacionamento.
Concluindo
As doenças que provocam dor e inflamação nas articulações estão entre as doenças mais frequentes na população e são responsáveis por uma acentuada perda de qualidade de vida e muitos dias de trabalho perdidos. Originam uma enorme sobrecarga de custos para as famílias e para o sistema de saúde público. É muito importante atuar a tempo para evitar a degradação e destruição das articulações afetadas. Para isso não ignore nunca uma dor articular que teima em não desaparecer e consulte rapidamente o seu médico para saber se necessita de intervenção terapêutica mais profunda.
Trate bem de si e não se esqueça que a família que o acompanha também sofre.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) através da sua Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Cancro (IARC- sigla inglesa) classificou, em 2015, carne processada como cancerígena para as pessoas. Trata-se de uma atitude “corajosa” numa altura em que a industria da carne, em quase todo o mundo, movimenta um volume de negócios exorbitante, muitas vezes alicerçado em carne de má qualidade, proveniente de animais criados em condições miseráveis e sujeitos a uma sobrecarga inacreditável de medicamentos e suplementos para crescerem mais rápido e serem mais produtivos.
Este artigo, vai tratar a carne processada cujos exemplos mais comuns são as salsichas, fiambre, bacon, linguiça, mortadela, chouriços, morcelas, alheiras, presunto e derivados de charcutaria e não propriamente o “bife” que chega ao seu parto!
Para que fique claro, não sou vegan, nem vegetariano, nem carnívoro e acredito que a nossa alimentação para proteger a nossa saúde deve ter dois pilares estruturantes:
Comer alimentos reais, não processados, como vegetais, fruta, carne de animais de pastagem, ovos e peixe;
Comer poucas vezes por dia de preferência numa janela de 8 horas com as restantes 16 horas do dia em jejum, bebendo apenas água durante o jejum.
A carne vermelha de animais de pastagem (não alimentados com ração), é simplesmente um dos alimentos mais extraordinários para a nossa saúde tal a riqueza em proteínas de qualidade, gordura saturada mas saudável, vitaminas, minerais, sem açúcares nem óleos vegetais que destroem a nossa saúde!
A título de mau exemplo, relembro apenas o triste e perigoso hábito diário de milhões de adultos e crianças que é comer pão com fiambre… muitas vezes até mais de uma vez por dia, todos os dias, durante anos!
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
O que diz a OMS sobre carne processada?
Qual a quantidade diária acima da qual o risco aumenta?
O que são as carnes processadas?
Porque são processadas as carnes?
Quais os principais exemplos de carnes processadas?
Como é realizado o processamento?
Quais os tipos e técnicas de processamento?
Qual o nível de processamento que a carne pode sofrer?
Quais os riscos para a saúde?
Qual o problema dos nitritos /nitratos usados no processamento?
O que diz a IARC (International Agency for Research on Cancer) sobre o risco de cancro da carne processada?
Porquê colocar nitrito na carne?
Quais as alternativas naturais ao curado?
Quais os impactos e aspetos ambientais?
Quais as 13 perguntas e respostas da IARC sobre a carne processada?
Quais as 10 decisões que pode aplicar já para diminuir o risco de doença?
Segundo a OMS, carne processada é carne que foi salgada, curada, fermentada, fumada ou processada de forma a intensificar o seu sabor e melhorar a sua conservação.
Os avisos da OMS surgem num relatório da instituição. Segundo estudos feitos pela Agência Internacional de Investigação do Cancro, o consumo de carne processada está diretamente relacionada com um tipo de específico de cancro, o colo-rectal.
A OMS escreveu na sua página que existem provas suficientes que mostram que o consumo de carne processada por humanos causa cancro colo-rectal.
Quantidade consumida e risco aumentado
O consumo diário de 50 gramas de carne processada aumenta o risco de cancro colo-rectal em 18%, calculam os especialistas da OMS.
Nas últimas décadas, com a vida agitada das grandes cidades, as carnes processadas ganharam espaço à mesa, na população em geral. Muitas pessoas apreciam o sabor, a variedade e a conveniência que elas podem oferecer. Mas tudo tem o seu lado menos bom e este pode ser muito perigoso em relação ao caso em apreço!
Carnes processadas
Segundo a história antiga, o processamento de carnes tem a sua origem na salga e defumação dos alimentos, que se iniciou séculos antes da prática da refrigeração, amplamente disponível nos dias de hoje. O principal objetivo desses processos era o de conservar a carne por um período mais longo, a fim de garantir o consumo em períodos de escassez de alimentos.
De uma forma simples, as carnes processadas são produtos frescos (geralmente feitos a partir de carne bovina, suína, de frango e de peru) que foram alterados a partir de seu estado original, sendo submetidos a uma (ou mais) fase de transformação ou elaboração, tais como:
Moagem,
Adição de ingredientes
Adição de aditivos,
Cozimento,
Outros processos.
Porque são processadas as carnes?
Estes procedimentos, entre outros aspetos tecnológicos, visam aumentar a aceitação do consumidor, melhorando os seguintes aspetos:
Facilidade e rapidez de utilização (uma das principais características procuradas pelo consumidor na hora da compra).
Exemplos de carne processada
Os principais exemplos de carnes processadas e seus derivados presentes no mercado são:
Carnes em peças,
Carnes temperadas,
Carne seca (charques),
Presuntos,
Bacon,
Fiambre,
Peito de peru (que é carne branca),
Mortadelas,
Salsichas,
Alheiras,
Chouriços,
Linguiças,
Salames,
Patês,
Carnes enlatadas,
Caldos de carnes concentrados.
Como é realizado o processamento?
Os tecidos animais, principalmente carne de músculo e gordura, são os principais ingredientes utilizados no processamento. Ocasionalmente outros tecidos animais também são usados, tais como órgãos internos, peles e sangue ou ingredientes de origem vegetal, segundo informações da FAO, braço da ONU que trata das questões relacionadas a agricultura e alimentação.
Técnicas de processamento
O tipo de processamento varia em função do tipo de carne, sendo que quanto mais processado o produto for, mais ele perde as suas características nutricionais, e mais ele aumenta os riscos de possíveis danos para a saúde, quando comparado com a carne fresca. As transformações no alimento são feitas por meio de tratamentos físicos, químicos e/ou biológicos, a saber:
Cura,
Moagem e mistura,
Cozimento,
Emulsão,
Pasteurização,
Fermentação,
Secagem,
Desidratação,
Defumação,
Apertização.
Cura
O termo cura de carnes refere-se à conservação de um produto por um período de tempo mais longo, pela adição de sal, compostos fixadores de cor (nitratos e/ou nitritos), açúcar e condimentos, onde também é obtida a melhoria das propriedades sensoriais, como o sabor e o aroma mais agradáveis e coloração vermelha ou rósea atraente. A concentração de cada agente de cura depende da natureza do alimento e da tecnologia aplicada.
A indústria tem realizado várias modificações nas práticas de cura com o objetivo de obter produtos de qualidade mais uniforme e econômica, reduzir a incidência de alterações bacterianas da carne durante a cura e o processamento, sendo que a maior preocupação é com o Clostridium botulinum, bactéria que causa o Botulismo, capaz de produzir uma toxina letal.
Moagem e mistura
A moagem consiste na subdivisão da matéria-prima em partículas, proporcionando melhor homogeneização do produto final e maior exposição das proteínas. No caso de enchidos de massa grossa (linguiça e salame), durante a operação, temperaturas relativamente baixas auxiliam na obtenção de partículas, com forma geométrica mais definida e evita o esmagamento da gordura. Os enchidos de massa fina necessitam de maior grau de subdivisão de partículas para melhorar a extração de proteínas solúveis em sal (miofibrilares) e a formação do completo encapsulamento das partículas de gordura.
A mistura é bastante utilizada para melhorar a homogeneidade dos diversos componentes da formulação, que se devem encontrar previamente nas dimensões desejadas para a mistura. Os produtos sofrem esse processo antes do enchimento. Geralmente utiliza-se um equipamento chamado de “cutter” ou um misturador horizontal com braços helicoidais.
Cozimento
O cozimento pode causar alterações físicas evidentes devido à coagulação das proteínas na superfície da carne e a mudança da cor vermelha para cor cinza ou marrom acinzentado.
Emulsão
A emulsão é definida como a mistura dos líquidos imiscíveis, sendo um disperso no outro. A emulsão da carne constitui um sistema de duas fases, a fase dispersa formada por partículas de gordura sólida ou líquida e a fase contínua formada por água que contêm dissolvidas e suspensas proteínas solúveis e a água forma uma matriz que encapsula os glóbulos de gordura.
As emulsões geralmente são instáveis, se não possuírem outro composto como agente emulsionante ou estabilizante. Os agentes emulsionantes atuam reduzindo a tensão entre ambas as fases e permitem a formação de uma emulsão com menor energia interna, aumentando, portanto, sua estabilidade.
Para que a emulsão de carne seja estável, é absolutamente necessário que as proteínas se encontrem dissolvidas ou solubilizadas. As proteínas miofibrilares (actina e miosina) são insolúveis em água e soluções salinas diluídas, mas são solúveis em solução salina mais concentrada. Uma das funções mais importantes do sal nas emulsões de enchidos é solubilizar estas proteínas na fase aquosa para que se encontrem em condições de recobrir as partículas de gordura (2% de sal na massa de carne é adequado, 3% é um pouco mais eficaz e acima de 3% poderá haver restrições quanto ao paladar).
Pasteurização
Tratamento térmico relativamente suave. Utilizam-se temperaturas inferiores a 100ºC e, portanto pressão atmosférica normal. Este método inativa as enzimas e destrói os microrganismos sensíveis a temperaturas mais elevadas, sem modificar o valor nutritivo e as características sensoriais do alimento, permitindo apenas o prolongamento da sua “vida-de-prateleira” da carne processada.
Fermentação
Processo que utiliza o crescimento controlado de microrganismos selecionados, capazes de modificar a textura, sabor e aroma, assim como as propriedades nutricionais da carne processada.
Entre os tipos a fermentação láctica é largamente utilizado na preservação dos alimentos, o ácido láctico produzido pela ação das bactérias sobre os açúcares, fornecendo sabor característico ao produto. Alguns produtos de origem vegetal, como picles, chucrute e azeitonas e de origem animal como queijo e salames são elaborados por meio da fermentação láctica.
Na fermentação de produtos pouco ácidos como leite e carnes, realizada com objetivo de aumentar a concentração de microrganismos fermentadores, para reduzir o tempo de fermentação e inibir o crescimento de germes patogênicos e deterioradores, adiciona-se uma determinada quantidade de microrganismos selecionados, com o objetivo de iniciar a fermentação; essa cultura é conhecida como “cultura starter”.
Secagem ou desidratação
A deterioração de carne torna-se mais lenta com a remoção da água da carne. Isto pode ser conseguido por meio da salga ou secagem natural. A secagem deve ser efetuada cuidadosa e uniformemente. Os melhores resultados são obtidos em condições de clima seco com muito vento (BERKEL et al., 2005). A secagem também concentra os componentes do sabor.
Defumação
Segundo Arima (2002) a defumação é um processo de aplicação no alimento de fumo produzido pela combustão incompleta de algumas madeiras, com a finalidade de conferir aroma, sabor e cor característicos e prolongar a vida útil. Normalmente fazem parte do processo a secagem inicial, a deposição do fumo e a secagem adicional e/ou cozimento do produto. A quantidade e a velocidade da deposição do fumo dependem do substrato da defumação, das condições da estufa e dos tipos de fumo.
Em carnes, o contacto com o calor e o fumo provoca a perda da água, tornando a superfície ressecada e a cor estabilizada. A perda de água e a ação dos constituintes da fumo conferem ao alimento barreiras físicas e químicas eficientes contra a penetração e a atividade de micro-organismos. Essa capa protetora pode ser devido à desidratação que se processa na superfície do produto, principalmente na defumação a quente, à coagulação proteica que ocorre durante a defumação e ao depósito das substâncias antimicrobianas que existem na fumo, que se condensam e encontram-se depositadas na superfície do produto (USP – CENA/PCLQ, 2005).
Apertização
É a aplicação do processo térmico a um alimento convenientemente acondicionado numa embalagem hermética, resistente ao calor, a uma temperatura e um período de tempo cientificamente determinados, para atingir a esterilização comercial. Este processo corresponde ao aquecimento do produto já elaborado, embalado em latas, vidros, plásticos ou outros materiais e relativamente isentos de ar.
Nível de processamento da carne
1. Produtos minimamente processados
Peças de carnes que não envolvam adição de sal, açúcar, óleos, gorduras e outras substâncias, e são vendidas em supermercados ou em feiras livres e podem ser encontradas frescas, resfriadas ou congeladas. Englobam as carnes bovinas, suínas, aves e pescados.
2. Produtos processados
Carnes processadas são fabricadas pela indústria adicionando à carne fresca sal, açúcar ou de outras substância de uso culinário para torná-las duráveis e mais agradáveis ao paladar. Como exemplo temos:
Carne seca,
Toucinho,
Sardinha e atum enlatados, entre outros produtos.
3. Produtos ultraprocessados
Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou maioritariamente de substâncias extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão. Como exemplo temos:
Hambúrgueres,
Extratos de carne e frango,
Peixe na forma de panados do tipo “nuggets”,
Salsichas e outros enchidos.
Riscos para a saúde
Durante o processamento de carne, é necessário considerar que existem diversos riscos que podem afetar a saúde do consumidor, por isso, quando comprar verifique se o mesmo apresenta o selo do órgão fiscalizador oficial como por exemplo do Ministério da Agricultura que garante a segurança alimentar do produto. Alguns exemplos são:
Perigos biológicos
Micoorganismos patogénicos (destacando-se as bactérias e fungos) que podem causar doenças e intoxicações alimentares.
Perigos físicos
Podem ser causados pelos restos de materiais indesejados tais como:
Vidro,
Fragmentos de ossos,
Dentes de animais (no caso da carne da cabeça),
Fragmentos metálicos, como clipes de salsicha, lâminas de faca quebradas, agulhas,
Plásticos,
Pedras.
Perigos químicos
São os contaminantes tais como:
Metais pesados,
PCB (bifenilos policlorados),
Solventes químicos, de limpeza e de desinfeção compostos.
Resíduos tais como:
Medicamentos veterinários,
Aditivos alimentares,
Pesticidas.
Aditivos alimentares com risco de overdose, tais como:
Nitrato,
Nitrito,
Conservantes químicos.
Todos estes processos são comuns aos alimentos industrializados, mas alguns são mais comuns quando se fala de carne processada, principalmente os riscos físico e químico.
Nas carnes processadas, há grande quantidade de fragmentos que não seriam aproveitados pela indústria de carnes e que muitas vezes contêm alta concentração de gordura.
Ingestão de nitritos e nitratos
Como as carnes são perecíveis, para aumentar os lucros da industria, elas precisam de substâncias que prolonguem sua vida útil de forma a poderem estar mais tempo disponíveis nas prateleiras dos supermercados Porém o composto que é utilizado para esse fim é o nitrito/nitrato, inserido no processo de cura da carne.
O problema é que, em certas condições, o nitrito e o nitrato, que são substâncias possivelmente cancerígenas para humanos, podem formar nitrosaminas que são compostos químicos cancerígenos em animais, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC – sigla inglesa) que pertence à OMS.
Isto acontece nos produtos à base de carne fortemente cozidos ou fritos e que foram previamente curados com nitrito ou nitrato. Segundo a IARC, nitritos e nitratos em alimentos estão associados à incidência de aumento de cancro do estômago.
IARC da OMS sobre o risco de cancro
De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC – na sigla em inglês), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), a carne processada é cancerígena. Uma avaliação dos riscos do consumo de carne vermelha e processada concluiu e classificou as carnes processadas como carcinogénicas para humanos (grupo 1). Produtos como tabaco, álcool e amianto estão registados no mesmo grupo de risco.
As evidências são suficientes para afirmar que o consumo desse tipo de alimento provoca cancro colorretal. A ingestão diária de uma porção de 50 gramas de carne processada aumenta o risco de cancro colorretal em 18%, segundo especialistas da Iarc que realizaram a avaliação. Além disso, o risco aumenta com a quantia de carne consumida.
Estimativas recentes feitas pelo Global Burden of Disease Project, uma organização acadêmica de pesquisa independente, apontam que, por ano, cerca de 34 mil mortes são causadas por cancro decorrente de dietas ricas em carne processada.
Os especialistas ainda não desvendaram totalmente como o risco de cancro é influenciado pela carne processada e pela carne vermelha (esta última foi classificada no Grupo 2A – provavelmente carcinogénica para humanos). Contudo, sabe-se que, durante o processamento formam-se químicos carcinogénicos como os N-nitrosos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
No processo de cozimento também são formadas aromáticas policíclicas, que estão presentes até na poluição do ar. O potencial carcinogénico de alguns desses químicos é comprovado e outros são classificados como provavelmente cancerígenos.
Para o Dr. Kurt Straif, líder do Iarc Monographs Programme, a incidência de cancro causada pelo consumo de carne processada é uma questão de saúde pública. O diretor da organização, Christopher Wild, diz ainda que estas descobertas indicam a necessidade de recomendações sobre a limitação do consumo de carnes.
Porquê colocar nitrito na carne?
O nitrito inibe a germinação do Clostridium botulinum e previne a formação de toxinas nas carnes curadas, evitando assim intoxicação alimentar por botulismo, que pode ser letal ou causar sequelas irreversíveis se não diagnosticada e tratada rapidamente. Admite-se que a concentração mínima de nitrito necessária para inibir o C. botulinum seja de 150 partes por milhão (ppm).
Quais as alternativas naturais ao curado?
Algumas das alternativas naturais são:
Aipo em pó,
Sal marinho,
Sumo de beterraba.
De acordo com o American Meat Institute alguns consumidores preferem carnes que são curadas usando nitrato natural e fontes de nitrito encontradas em extratos vegetais, como aipo em pó. Estes produtos estão cada vez mais disponíveis nos supermercados. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) exige que nas embalagens destes produtos se declare “não curado”, e que na rotulagem contenha que “não há nitratos ou nitritos adicionados, excepto para os contidos naturalmente no aipo em pó”.
Outras alternativas aos salitres (sais de nitrato de sódio ou de nitrato de potássio) são o sal marinho e sumo de beterraba.
Impactos e aspectos ambientais
Além dos riscos citados acima, é importante considerar que em todas as etapas do processamento de carnes, assim como em várias indústrias do sector alimentar, os principais aspectos e impactos ambientais resultantes dos processos de produção são:
Alto consumo de água,
Geração de efluentes líquidos com alta carga poluidora, principalmente orgânica,
Alto consumo de energia,
No caso da produção de carnes, as emissões atmosféricas e odor, resíduos sólidos e ruído são bastantes significativos.
O melhor é não consumir carne processada, preferindo uma dieta vegetariana ou que faça uso de carne fresca ou curada de outra maneira. Caso não tenha jeito, procure comer carne processada em doses muito pequenas.
13 perguntas e respostas da IARC sobre carne processada
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) divulgou sua avaliação sobre os riscos de cancro que o consumo de carnes vermelha e processada podem causar. O primeiro tipo, que tem itens como linguiça, presunto e salame, pode ser considerado cancerígeno para humanos (Grupo 1); já a carne vermelha foi alocada no Grupo 2A – provavelmente cancerígena para humanos.
Depois dessa avaliação, muita gente ficou com a pulga atrás da orelha. Devemos apenas comer peixe e frango? Devemos ser vegetarianos? Quais os grupos de risco que mais são afetados? A IARC antecipou-se e escreveu uma sessão de perguntas frequentes e respostas para quem está preocupado.
1. O que faz com que carne vermelha e carne processada aumentem o risco de cancro?
As carnes contêm múltiplos componentes e também podem possuir químicos que se formam dependendo do processamento ou do cozimento. Por exemplo, químicos carcinogénicos que se formam durante o processamento da carne incluem N-nitrosos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
Cozinhar carne vermelha ou carne processada também produz aminas aromáticas policíclicas, que podem ser encontradas em outros alimentos e na poluição do ar. Alguns desses químicos são reconhecidamente ou provavelmente cancerígenos. Apesar desse conhecimento, ainda não é possível entender totalmente como o risco de cancro é aumentado pela carne vermelha e pela carne processada.
2. Os métodos de cozimento de carne alteram o risco?
Cozimentos feitos em altas temperaturas geram compostos que podem contribuir para o risco cancro, mas o papel desses compostos ainda não é totalmente compreendido.
3. Quais os métodos mais seguros de cozinhar carne?
Cozinhar carne em altas temperaturas ou com o alimento em contato direto com a chama ou com uma superfície muito quente, como na preparação de churrascos ou frituras, produz uma quantidade maior de certos tipos de químicos cancerígenos (como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e aminas aromáticas heterocíclicas). Mesmo assim, não houve evidências suficientes para se chegar a alguma conclusão sobre o método mais seguro.
4. Comer carne crua é mais seguro?
Não há dados suficientes para responder a essa questão em relação ao risco de cancro. De qualquer modo, é preciso estar atento ao risco de infeção a partir do consumo de carne crua.
5. A carne processada é tão cancerígena como o amianto e o fumo do tabaco?
Carne processada foi classificada como carcerígena para humanos (Grupo 1). Tabaco e amianto também estão classificados no mesmo grupo. Isso significa que o consumo de carne processada é tão carcerígeno quanto aspirar fumo de tabaco ou partículas de amianto?
Não, a carne processada foi classificada na mesma categoria de tabaco e amianto, mas isso não significa que sejam igualmente perigosos. As classificações da IARC descrevem a força da evidência científica sobre um agente ser ou não a causa de cancro, mas não lida com níveis de risco.
6. Quantos casos de cancro são causados todos os anos devido ao consumo de carnes processada e vermelha?
Segundo as estimativas mais recentes feitas pelo Global Burden of Disease Project, uma organização acadêmica de pesquisa independente, cerca de 34 mil mortes por cancro ocorrem todos os anos no mundo inteiro devido a dietas ricas em carne processada. Comer carne vermelha ainda não foi estabelecido como causa de cancro. Mesmo assim, se for levado em conta casos em que a associação de ingestão de carne vermelha foi provada como causa, a mesma organização estima que as dietas ricas em carne vermelha sejam responsáveis por 50 mil mortes por cancro anualmente em todo o mundo. Esses números contrastam com o número de mortes por cancro anuais, em todo o Mundo, causados por:
1 milhão por ano devido ao fumo de tabaco,
600 mil por ano devido ao consumo de álcool,
200 mil por ano causadas pela poluição do ar.
7. O risco é maior em crianças, pessoas idosas, mulheres ou homens?
Os dados disponíveis não permitiram chegar a conclusões sobre como os riscos diferem em distintos grupos de pessoas.
8. Devemos parar de comer carne?
Comer carne traz conhecidos benefícios à saúde. Muitas recomendações nacionais orientam pessoas a limitar o consumo de carne processada e de carne vermelha, o que pode ter relação com maiores riscos de morte a partir de doenças cardíacas, diabetes e outras enfermidades.
9. Há uma quantidade segura de carne para consumo?
Os riscos aumentam com a quantia de carne consumida, mas não há dados para uma avaliação que permita concluir sobre uma quantidade segura.
10. Devemos comer apenas aves e peixe?
O risco de cancro associado ao consumo de aves e peixes não foi avaliado.
11. Devemos ser vegetarianos?
Dietas vegetarianas e dietas que incluem carne têm diferentes vantagens e desvantagens para a saúde. De qualquer modo, esta avaliação não compara diretamente os riscos de saúde envolvidos em vegetarianos e em pessoas que comem carne. O tipo de comparação é difícil porque esses grupos podem ter muitas diferenças entre si para além do consumo de carne.
12. Há algum tipo de carne vermelha que é mais seguro?
Alguns estudos investigaram riscos de cancro associados com diferentes tipos de carne, como bovina e suína, e com diversos tipos de carne processada, como presunto e salsicha. Mesmo assim, não há informação suficiente para dizer quais os tipos de carne vermelha ou de carne processada proporcionam maiores ou menores riscos de cancro.
13. O método de preservação pode influenciar no risco de cancro?
Diferentes métodos de preservação podem resultar na formação de carcinogénicos, mas o quanto isso contribui para o risco de cancro é um dado desconhecido.
Como diminuir risco de doença?
Esta é uma listagem publicada no Best-seller do New York Times “O FIM DA DOENÇA”, escrito pelo Dr. David B. Agus, um dos oncologistas e investigadores de Biomedicina mais conceituados do mundo, galardoado com diversos prémios entre os quais o da American Cancer Society, respondendo a uma pergunta de um leitor:
Quais as 10 acções mais importantes que posso realizar hoje mesmo para reduzir o meu risco de doença, em particular das duas doenças mais temidas que podem surgir no fim da vida, o cancro e a demência?
(clique nos links para mais informação)
Consuma alimentos reais ou seja que surjam naturalmente e sejam colhidos do cultivo da “terra”
Os perigos do processamento de carne abalaram ainda mais a nossa confiança em relação à carne processada que consumimos. Não se tratam de alarmismo exagerados mas sim da confirmação por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) de algo que a comunidade cientifica há muito já sabia! Desta vez a diferença está no carimbo da OMS depois de analisados centenas de estudos científicos credíveis e sujeitos à apreciação de um conjunto de especialistas com créditos reconhecidos.
Não existem portanto dúvidas do potencial cancerígeno das carnes processadas não esquecendo nunca que falamos de probabilidades ou seja estas aumentam em 18% o risco de desenvolver cancro colo-rectal. Também não convém esquecer que estas probabilidades têm uma relação proporcionalidade com a quantidade consumida ou seja a partir de 50g diárias o risco aumenta bastante.
Neste quadro de grande pessimismo convém não esquecer o bom senso que nos lembra que não será certamente por comer pontualmente um bom presunto ou um hambúrguer com bacon que “assinamos uma sentença de cancro” nas nossas vidas!
O nosso organismo é uma “máquina extraordinária” que tem sempre ativos mecanismos diários de correção das “degenerações celulares” que podem levar ao desenvolvimento de uma lesão cancerígena, desde que o ajudemos a não ter de corrigir demasiadas lesões ou seja, de forma simplista, desde que levemos uma vida saudável com alimentação variada, não exagerada nas quantidades, onde predominem legumes, frutas e peixe, pouco álcool, sem tabaco e com exercício físico diário mínimo, trocando o sofá por uma caminha após a refeição ou um passeio com o cão!
Sim… vou continuar a comer o meu hambúrguer com bacon ou uma refeição com saborosos enchidos uma vez por mês na companhia da família… se nos apetecer… mas fica claro também que mais do que isso pode colocar a saúde em graves apuros e que, nesse caso, já não podem contar comigo!
Fiquem bem!
Franklim Moura Fernandes
Referências:
Organização Mundial de Saúde (OMS);
International Agency for Research on Cancer (IARC);
Food and Agriculture Organization (FAO);
American Meat Institute;
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