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ENVELHECIMENTO ESTUDO 90+ ISTO FOI UMA SURPRESA!



Envelhecimento e viver até aos 90 ou mais anos, mas como? Afinal o que nos pode fazer prolongar a vida acima dos 90 anos? Que segredos revelou o famoso estudo 90+ que acompanhou, durante várias décadas, milhares de pessoas com 90 ou mais anos de idade? Algumas descobertas confirmaram o que já esperava mas outras foram verdadeiramente surpreendentes… ninguém estava à espera disto!

Estudo 90+ o que é?

O Estudo 90+ utiliza uma base de dados de 14.000 indivíduos, que eram aposentados em 1981 e responderam a inquéritos detalhados sobre os hábitos e rotinas diárias e  que pela sua dimensão pode ser considerada um dos maiores “Tesouros estatísticos” do mundo nesta área.

Como farmacêutico há já 30 anos que, com prazer, atendo, converso e tento ajudar doentes de todas as idades na sua busca por uma melhor saúde e qualidade de vida. No que concerne aos idosos com 90 ou mais anos questiono-me sempre sobre a “receita de vida” para tal longevidade, nomeadamente:

  • Quais os seus segredos?
  • Que tipo de vida foi a sua?
  • Fizeram muitas “asneiras” ou foram regrados?
  • Bebiam ou não “um copo” de vinho?
  • O café era um hábito ou nem por isso?
  • Fumavam?
  • O peso como evoluiu?
  • Os suplementos vitamínicos têm importância?
  • Qual a importância do exercício físico?
  • E a memória…como resiste?

Algumas descobertas deste estudo são verdadeiramente surpreendentes!

Leia também: Estes são os 5 segredos para retardar o envelhecimento… descobertas recentes!

O mais idoso dos idosos 

O Estudo 90+ foi iniciado em 2003, para estudar os idosos mais velhos, a faixa etária que mais cresce nos Estados Unidos. O Estudo 90 + é um dos maiores estudos do mundo sobre os idosos mais velhos. Mais de 1.600 pessoas foram inscritas. Como pouco se sabe sobre as pessoas que alcançam este marco, o aumento notável no número de idosos mais velhos representa um desafio de saúde pública para promover a qualidade, bem como a “quantidade” de vida.

Quem participou no estudo 90 + ?

Todos os participantes do estudo 90 + foram membros da Leisure World Cohort Study (LWCS), que foi iniciado em 1981. O LWCS enviou inquéritos a todos os residentes do Leisure World ( “O Mundo do ócio” ), uma grande comunidade de aposentados em Orange County, Califórnia (agora incorporado na cidade de Laguna Woods). Usando os 14.000 indivíduos do LWCS, os investigadores do estudo 90 + decidiram fazer uma importante pergunta: O que permite ás pessoas viver até aos 90 ou mais anos?

Quem estudou o mais idoso dos idosos? 

Os participantes do estudo 90 + são visitados a cada 6 meses por investigadores neuropsicológicos e neurológicos. Estes investigadores da Clínica de Pesquisas sobre o Envelhecimento e Educação (CARE), localizado em Laguna Woods, obtêm informações sobre a dieta, atividades, historial clinico, medicamentos e inúmeros outros fatores. Além disso, os participantes recebem uma série de testes cognitivos e físicos, com a finalidade de determinar até que ponto as pessoas nessa faixa etária estão a “funcionar” bem.

Objetivos do estudo

Os objectivos do estudo 90+ foram muito relevantes, a saber:

  • Quais os factores associados à longevidade?
  • Qual a epidemiologia da demência nos idosos mais velhos?
  • Quais os níveis de declínio cognitivo e funcional nos idosos mais velhos?
  • Quais as relações clínico-patológicas nos idosso mais velhos?
  • Quais os factores de risco modificaveis para a mortalidade e demência?

Determinar os fatores associados à Longevidade:

  • O que faz as pessoas viver até aos 90 anos ou mais anos?
  • Que tipos de alimentos, atividades e estilos de vida estão associados a uma vida mais longa?

Epidemiologia da demência nos idosos mais velhos:

  • Quantas pessoas com 90 anos ou mais têm demência?
  • Quantos se tornaram dementes a cada ano?
  • Como se pode manter livre da demência aos 90 anos?

Niveis de declinio cognitivo e funcional nos  idosos mais velhos:

  • Como é que a perda de memória e incapacidade afeta os que têm 90 anos?
  • Como é que as pessoas podem evitar a perda de memória e incapacidade nessa idade?

Correlações clínico-patológicas nos idosos mais velhos:

  • Será que os cérebros das pessoas com 90 anos mostram evidências de perda de memória e demência?
  • Será que as pessoas com demência têm diferenças nos seus cérebros que podem ser detectadas e tratadas?

Determinar fatores de risco modificáveis para a mortalidade e demência:

  • Que tipo de coisas podem as pessoas mudar nas suas vidas para viver mais tempo?
  • Será que as pessoas podem mudar o seu risco de demência através da dieta, exercício ou suplementos?

Descobertas surpreendentes!

Os investigadores do Estudo 90 + têm publicado vários artigos científicos em revistas de referência. Algumas das principais descobertas eram espectáveis mas outras são surpreendentes:

  • Pessoas que bebem quantidades moderadas de álcool ( 1 copo ao almoço e jantar ) ou café ( até 3 por dia ) viveram mais do que aqueles que se abstiveram.
  • Pessoas que estavam com excesso de peso ( mas não obesos ) aos 70 anos viveram mais tempo do que as pessoas com peso normal ou abaixo do peso normal.
  • Mais de 40% das pessoas com 90 ou mais anos sofrem de demência, enquanto quase 80% estão incapacitados. Ambos são mais comuns nas mulheres do que nos homens.
  • Cerca de metade das pessoas com demência e mais de 90 anos não tem neuropatologia suficiente no seu cérebro para explicar a perda cognitiva.
  • Pessoas com 90 ou mais anos e que tenham um gene APOE2 têm menos probabilidade de ter a demência associada à doença de Alzheimer clínica, mas têm muito mais probabilidade de ter a neuropatologia de Alzheimer nos seus cérebros.
  • Exercício fisico não intenso durante 15 a 45 minutos por dia aumenta a longevidade ( 45 minutos é ideal ).
  • Convívio social e jogos de tabuleiro diminuem o risco de demência.
  • Tensão arterial elevada nos idosos diminui o risco de demência.
  • Fumar diminui sempre a longevidade.
  • Nenhuma vitamina demostrou aumentar a longevidade.

Conclusão

De facto algumas descobertas são no mínimo surpreendentes! Com excepção do tabaco, os mais velhos parecem dever a sua longevidade a uma vida de prazeres diversos, onde um copo de vinho ás refeições, café e alimentação diversificada, sem dietas, são presença constante.

Acrescenta-se aos “segredos da longevidade” o estímulo do convívio diário, prazer pela conversa e exercício físico moderado. Termino partilhando o único padrão empírico que consigo identificar nos meus anos de convívio com esta faixa de idosos… são no geral felizes, tolerantes, de bem com a vida e sorriem acima da média…

 

Referências

Investigadores Principais:

  • Claudia Kawas, MD
  • Maria Corrada, ScD

Outros artigos de interesse:

Envelhecimento melhorsaude.org melhor blog de saude

METFORMINA melhorsaude.org melhor blog de saude

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Imunoterapia anticancerígena



Imunoterapia anticancerígena ou imuno-oncologia é uma área terapêutica de combate ao cancro que conhece uma evolução recente verdadeiramente fascinante, tirando partido do potencial extarordinário do nosso sistema imunitário para conseguir curas de alguns cancros que há poucos anos seriam consideradas “milagrosas” !

A Fundação Champalimaud, por exemplo, tenta actualmente ser um dos polos de investigação de excelência nesta área da imuno-oncologia e imunoterapia.

O nosso sistema imunológico está equipado e preparado para lutar contra o cancro. A maioria das pessoas está protegida pois existem células especializadas, do sistema imunológico celular, que são particularmente eficazes na deteção e destruição de tumores. No entanto, em alguns indivíduos, as células cancerosas descobrem’ como escapar ao sistema imunológico, sendo capazes de se esconder do reconhecimento imunológico ou mesmo de se proteger dos seus ataques.

A imunoterapia ter por objetivo alterar essa situação, para que o sistema imunológico seja capaz de combater as células cancerosas e manter esse controlo por um longo período de tempo.

Atualmente existem cinco classes diferentes de imunoterapias:

  • Vacinas contra o cancro (vacinação contra proteínas exclusivamente expressas em células cancerígenas),
  • Imunomoduladores (que ativam o sistema imunológico e param a paralisia imposta pelas células tumorais ao sistema imunológico),
  • Terapias alvo com anticorpos (anticorpos que atacam as células cancerosas),
  • Vírus oncolíticos (vírus que são modificados para infetar as células cancerosas e causar a sua morte, avisa e ativa o sistema imunológico para melhor combater o cancro),
  • Imunoterapia celular.

De seguida descrevo um artigo relevante da autoria da Dra Marina Sales, que faz o ponto de situação actual da imunoterapia anticancerígena nomeadamente nos seguintes pontos relevantes:

  • Resposta imunológica
  • Imunovigilância
  • Cancer immunoediting
  • Mecanismos de resistência tumorais
  • Tipos de imunoterapia
  • Inibidores dos checkpoints imunológicos
  • CTLA-4
  • Ipilimumab
  • PD-1
  • Bloqueadores da via PD-1/PD-L1 vs CTLA-4
  • Taxa de sucesso
  • Terapias celulares
  • Vacinas
  • Sipuleucel-T
  • Talimogene Iaherparepvec (T-VEC)
  • Vacinas em desenvolvimento
  • Terapias celulares adotivas (ACT)
  • Células T CAR, uso, vantagens e limitações
  • Modificadores da resposta imunológica
  • Citocinas
  • Interleucinas, GM-CSF e Interferão-α

Autora do artigo: Drª Marina Sales, Farmacêutica Hospitalar no Instituto Português de Oncologia de Coimbra

As patologias  oncológicas  fazem parte das doenças letais mais comuns no mundo, com  18,1 milhões de novos casos diagnosticados anualmente, e constituem a principal causa de morte mundial, com 9,6 milhões de mortes por ano, de acordo com os últimos dados publicados pela IARC (International  Agency for Research on Cancer), da WHO  (World Health Organization).  Estima-se que em 2035, um quarto da população mundial seja diretamente afetada por esta patologia.

Evidências clínicas enaltecendo o potencial do sistema imunitário no controlo das patologias oncológicas levaram ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas no combate ao cancro.

A imunoterapia faz parte desta nova geração de modalidades terapêuticas,  desenvolvidas para superar os efeitos adversos dos tratamentos standard e convencionais.  Esta é uma abordagem terapêutica que pretende modular e fortalecer as respostas imunológicas, mobilizando e fortificando a capacidade natural do organismo para combater os processos tumorais, por aumento da eficácia das células do sistema imunitário, direcionando-as para um ataque específico.

Resposta imunológica

Para se compreender como é que as terapias anticancerígenas alteram as respostas imunológicas no seio de um tumor sólido, torna-se importante perceber, em primeiro lugar como é que o sistema imunitário responde e interage com o tumor.

Imunovigilância

Segundo Dunn et al., o sistema imunitário está concebido para conseguir reconhecer células que expressem antigénios non-self, respondendo mediante uma série de mecanismos num processo altamente  regulado designado de imunovigilância.  Este conceito, proposto por Burnet e Thomas, estabelece que o sistema imunitário é capaz de reconhecer espontaneamente os antigénios tumorais e desencadear uma resposta citotóxica mediada por linfócitos T CD8+ antitumorais específicos.

Deste modo, sendo uma entidade dinâmica e geneticamente alterada, um tumor desencadeia um processo de eliminação que compreende tanto a imunidade inata como a adquirida, no qual intervêm diversas células e moléculas do sistema imunitário.

O processo de imunovigilância contra o crescimento tumoral é acompanhado de mudanças na imunogenicidade dos tumores, uma vez que o reconhecimento imunológico das células malignas impõe uma pressão seletiva sobre o seu desenvolvimento, resultando no crescimento de células neoplásicas menos imunogénicas e mais resistentes à eliminação.

Cancer immunoediting

Este fenómeno, pelo qual o sistema imunológico pode suprimir e/ou promover o crescimento da neoplasia, é denominado de cancer immunoediting e envolve múltiplas etapas:

  • Uma etapa inicial de eliminação,
  • Uma segunda etapa de equilíbrio,
  • Uma terceira etapa de evasão imunitária.

Mecanismos de resistência tumorais

Para escapar ao reconhecimento imunológico e consequente destruição, os tumores desenvolvem múltiplos mecanismos de resistência, incluindo:

  • Evasão imune local,
  • Indução de um estado de tolerância imunológica,
  • Modulação negativa da via de sinalização das células T, a chamada via de checkpoint imunológico.

A capacidade de os tumores evadirem o sistema imunitário e induzirem tolerância imunológica representou um grande obstáculo ao desenvolvimento de terapias anticancerígenas bem sucedidas e eficazes. Assim, um dos principais objetivos das estratégias de imunoterapia é reverter este estado tolerante que permite que os tumores escapem à deteção e rejeição imunológica.

Tipos de imunoterapia

Recentemente têm surgido várias estratégias terapêuticas imunológicas que visam estimular mecanismos efetores e/ou neutralizar mecanismos inibitórios e supressores. Destas estratégias fazem parte:

  • Inibidores dos checkpoints imunológicos,
  • Modificadores da resposta imunológica,
  • Terapias celulares, nas quais se incluem as vacinas e as terapias celulares adotivas (ACT).

Inibidores dos checkpoints imunológicos

Apesar de existir uma resposta imunológica endógena contra células malignas,  esta resposta não é suficiente por si só, uma vez que os tumores são capazes de criar um estado de tolerância imunológica entre as células T tumor-específicas, uma vez que expressam ligandos com afinidade para os recetores inibitórios da atividade destas células, amortecendo a sua ação no microambiente tumoral.

O bloqueio destas vias imunoinibitórias tem sido denominado de bloqueio dos checkpoints imunológicos. Esta abordagem  terapêutica revolucionou a terapia contra o cancro nos últimos anos, sendo a mais bem-sucedida na prática clínica.

Na fisiologia da ativação das células T, um equilíbrio entre os sinais co-estimulatórios e os inibitórios, dos quais fazem parte o CTLA-4 e o PD-1/PD-L1, regula de forma precisa a duração e a potência da resposta imunológica.

CTLA-4 e Ipilimumab

O CTLA-4 (cytotoxic T-lymphocyte-associated protein 4) desempenha um papel importante na diminuição do recrutamento e ativação  das células T, e foi o primeiro alvo dos anticorpos monoclonais bloqueadores destes checkpoints. O Ipilimumab, um anticorpo anti-CTLA-4, foi aprovado pela EMA em 2011 como terapêutica de primeira linha para doentes com melanoma metastático, com base no prolongamento da sobrevida global (OS) em estudos de fase II.

PD-1

O PD-1 (programmed cell death-1) é outro recetor inibitório expresso pelas células T, que quando ativado inibe a proliferação e a citoxicidade destas células efetoras, bem como impede a libertação  de citocinas, importantes para o desencadeamento da resposta imunológica. Este recetor PD-1 tem dois ligandos conhecidos, o PD-L1 e o PD-L2. Como mecanismo de evasão imunitária, as células tumorais expressam estes ligandos PD-L1 bloqueando a resposta imunológica antitumoral.

A inibição desta interação PD-1/PD-L1 constitui outra estratégia terapêutica da imunoterapia.  Os avanços feitos nesta área levaram à aprovação, pela FDA, de seis anticorpos bloqueadores da via PD-1/PD-L1, para o tratamento de 13 tipos de cancro. Na Europa, a utilização destes anticorpos também já se encontra autorizada pela entidade reguladora, a EMA.

Bloqueadores da via PD-1/PD-L1 vs CTLA-4

A principal diferença entre os bloqueadores da via do PD-1/PD-L1 e os bloqueadores da via do CTLA-4 é que o primeiro grupo de anticorpos tem uma toxicidade mais favorável, comparativamente ao segundo grupo.

Taxa de sucesso limitada

Contudo, e apesar dos avanços significativos nesta área da imunooncologia, nem todos os doentes submetidos a esta terapêutica apresentam sucesso clínico, sendo que mais de 50% não responde à terapia.  De facto, uma questão fundamental é a definição de biomarcadores preditivos da resposta, que permitam identificar quais os doentes que irão beneficiar deste tipo de terapêutica, e assim desenvolver racionalmente  as estratégias  de tratamento adequadas.

Terapias celulares

Vacinas

Historicamente, a primeira abordagem para ativar especificamente células T do sistema imunitário contra antigénios tumorais foi a vacinação terapêutica contra o cancro.

Nos últimos anos, devido à maior compreensão deste potencial terapêutico aplicado a neoplasias, o interesse por estas vacinas tem vindo a aumentar, encontrando-se em curso diversos ensaios clínicos.

Sipuleucel-T

O carcinoma da próstata foi a primeira neoplasia na qual uma vacina específica melhorou significativamente a sobrevida dos doentes. Esta foi a primeira vacina anticancerígena,  a Sipuleucel-T, aprovada pela FDA em 2010 e pela EMA em 2013.

No entanto, este tratamento é bastante dispendioso e, apesar dos benefícios em termos de sobrevida, os efeitos antineoplásicos  foram mínimos, não tendo demonstrado evidência clínica forte, regressão tumoral ou mesmo redução dos valores de PSA.  Além disso, este tipo de terapêutica não tem sido amplamente adotada pela indústria farmacêutica e de biotecnologia, por oncologistas, investigadores clínicos, nem por doentes, devido às complicações associadas à sua produção e à sua administração.

Talimogene Iaherparepvec (T-VEC)

Outra vacina que se encontra aprovada pela EMA desde 2015 é a Talimogene laherparepvec (T-VEC) para o tratamento do melanoma avançado. Esta vacina é a primeira imunoterapia  oncolítica viral, e é composta por um vírus oncolítico herpes simplex tipo 1, modificado geneticamente e com codificação de uma citocina que favorece o recrutamento de células do sistema imunitário para o tumor, promovendo assim a indução da imunidade antitumoral específica.

Vacinas em desenvolvimento

Atualmente existem outros tipos de vacinas em desenvolvimento, nomeadamente:

  • Vacinas baseadas em peptídeos de sequências conhecidas,
  • Vacinas constituídas por células ou lisados tumorais,
  • Vacinas baseadas em modificação genética (vacinas de ADN),
  • Vacinas de células dendríticas.

Apesar de ainda existirem muitas questões sobre a vacinação antitumoral, como a identificação adequada de antigénios tumorais, a seleção dos veículos de entrega e a existência de um ambiente imunossupressor tumoral que dificulta as respostas imunológicas, certo é que os desenvolvimentos mais recentes na área da imunoterapia revitalizaram  este campo.

A combinação de vacinas com outros agentes terapêuticos, bem como outras abordagens que reforcem a imunidade, poderão levar a melhores respostas clínicas. Além disso, a aplicação da nanotecnologia a esta área é uma grande promessa como ferramenta que pode ser usada no desenvolvimento de vacinas imunoterapêuticas mais eficazes.

Terapias celulares adotivas (ACT)

Células T CAR

As terapias celulares adotivas (ACT) estão fundamentadas num processo de recolha de sangue periférico de um doente, do qual se isolam linfócitos T por leucaferese. Estes linfócitos são depois expandidos ou manipulados ex vivo, sendo finalmente reinfundidos no doente.

Como as células T são células-chave na imunovigilância, as primeiras tentativas realizadas nesta área da imunoterapia, concentraram-se na manipulação destas células para originar uma imunidade antitumoral endógena, levando à sua aplicação nas terapias antitumorais.

Uma das estratégias  mais promissoras foi a produção das células T CAR. As células T CAR são células T modificadas para expressar recetores antigénicos quiméricos (CAR) com afinidade para um alvo tumoral específico. Estes recetores são produzidos por engenharia genética e resultam da fusão de um domínio variável de um anticorpo com o domínio constante de um recetor de linfócitos T (TCR).

Vantagens e uso

Têm a vantagem de possuir as propriedades de reconhecimento de antigénios dos anticorpos, o que permite colmatar a ineficácia imunitária presente neste tipo de patologias, bem como permitir ultrapassar a tolerância imunológica, tornando estas células T menos vulneráveis aos efeitos de imunossupressão.

O uso desta terapia tem adquirido maior sucesso e melhores resultados nas neoplasias de células B, nomeadamente, na leucemia linfoblástica aguda (LLA), com taxas de remissão completa de 90%  após a administração de uma dose única de células CD19-CAR-T, proporcionando uma opção terapêutica nos casos em que o tratamento  paliativo seria a única opção.  Tem sido igualmente aplicada na leucemia linfocítica crónica (LLC) e no linfoma agressivo de células B.

Limitações

Contudo, as células T CAR possuem várias limitações práticas. A sua eficácia e segurança, em tumores sólidos, ainda necessitam de ser comprovadas devido à dificuldade em encontrar antigénios-alvo com expressão limitada ao tumor e ausente em tecidos normais.  Por outro lado, a geração de um produto autólogo para cada doente é um processo moroso, de várias semanas, logisticamente complicado e tem uma aplicação  clínica muito restritiva, tornando-se impraticável em doenças de rápida progressão.  Uma importante toxicidade associada a esta terapia é a síndrome de libertação de citocinas, como consequência da perfusão destas novas células.

Apesar da imunoterapia com células T CAR funcionar bem em vários tipos de tumores sanguíneos, aproximadamente 40% a 50% dos doentes terão uma recorrência no período de um ano, e os mecanismos subjacentes continuam por esclarecer.

Em suma, a terapia de células T adotivas é uma imunoterapia altamente promissora, mas que precisa de ser optimizada para reduzir a sua toxicidade e aumentar a eficácia antitumoral.

Modificadores da resposta imunológica

Citocinas

As citocinas são pequenas glicoproteínas que desempenham um papel preponderante na regulação das respostas imunológicas inatas e adquiridas, e que permitem a comunicação, a curtas distâncias, entre as células do sistema imunitário. Estas moléculas controlam a proliferação, diferenciação, função efetora e sobre- vivência das células T.  Como resultado, as citocinas foram extensivamente estudadas como potenciais agentes terapêuticos para manipular a resposta imunológica às células tumorais.

Interleucinas, GM-CSF e Interferão-α

Nos últimos anos, várias citocinas demonstraram ter eficácia em estudos pré-clínicos, incluindo as seguintes:

  • Interleucinas IL-2, IL-12, IL-15, IL-21,
  • Fator estimulante das colónias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF),
  • Interferão-α (IFN-α).

Estes estudos suportaram o seu uso em ensaios clínicos. O IFN-α foi a primeira citocina a ser aprovada para o tratamento anticancerígeno da leucemia de células pilosas em 1986. Posteriormente, em 1992 foi aprovado pela FDA o tratamento com IL-2 para o cancro de células renais metastático e, mais tarde, em 1998 a sua utilização no melanoma metastático.

No entanto, as citocinas, em monoterapia, não cumpriram com as promessas iniciais, pois a sua administração parentérica não permitiu que se atingisse a concentração ideal eficaz no seio tumoral. Por outro lado, foram descritas toxicidades graves resultantes da sua administração.

Uma vez que a sua utilização em monoterapia não demonstrou a eficácia clínica desejada, as terapias combinadas com outros agentes terapêuticos encontram-se sob avaliação. Estas novas abordagens incluem:

  • Engenharia genética para aumentar a sua atividade,
  • Administração sob a forma de injeções perilesionais,
  • Utilização com vacinas anticancerígenas,
  • Uso de citocinas associadas a anticorpos monoclonais, com o intuito de aumentar a sua citotoxicidade celular e a sua eficácia.

Conclusões

Aproveitar o sistema imunológico para erradicar as células malignas é a nova abordagem terapêutica contra  o cancro.  Esta é uma modalidade que tem por objetivo reverter a tolerância  imunológica,  rejuvenescer  o sistema imunológico e restaurar a homeostase imunológica. Após décadas de retrocessos, a imuno-oncologia está a viver a sua era dourada, impulsionada pelos seguintes factos:

  • Aprovação da imunoterapia celular autóloga, a vacina Sipuleucel-T para o tratamento  do cancro da próstata em 2010;
  • Aprovações, pela FDA e pela EMA, de 6 agentes bloqueadores da via PD-1/PD-L1 para o tratamento de 13 tipos de cancro;
  • Utilização de terapias baseadas em células T, nomeadamente a aprovação das células T CAR em neoplasias recidivantes e/ou refratárias de células B;
  • Atribuição do Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2018 a Tasuku Honjo e James Allison pelas descobertas relacionadas com o papel do sistema imunitário na luta contra o cancro;
  • Novo conceito emergente de normalização em vez de amplificação da imunidade antitumoral.

2018 foi o ano em que a imuno-oncologia protagonizou um crescimento sem precedentes em muitas frentes. Numa análise global, Tang e seus colegas, descobriram que no período de apenas um ano (de setembro de 2017 a setembro de 2018), houve um aumento de 67% no número de agentes ativos no pipeline global da imuno-oncologia (de 2031 passou a 3394), tendo sido a modalidade terapêutica com maior crescimento.

Estes progressos revolucionaram esta área e chamaram a atenção para as oportunidades que as abordagens imunoterapêuticas podem oferecer.

Autora: Dra Marina sales

Referências bibliográficas

  • Serviços Farmacêuticos
  • Instituto Português de Oncologia de Coimbra

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17. Resumo do Relatório Público Europeu de Avaliação – Imlygic [Internet]. European Medicines Agency. 2019 [citado em 2019 Mai 24]. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/imlygic-epar-product-information_en.pdf

18. Rezvani  K, Rouce R, Liu E, Shpall  E. Engineering Natural  Killer Cells for Cancer Immunotherapy. Mol Ther. 2017 [acedido a 14-01-2019]; 25(8):1769-1781. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC5542803/pdf/main.pdf

19. Oliveira, TA. Imunoterapia de células T CAR em neoplasias  linfoides: aplicações  e limitações. Tese [Mestrado em Medicina] – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar;  2016.

20. Waldmann T. Cytokines in Cancer Immunotherapy. Cold Spring Harb Perspect Biol. 2017 [acedido a 15-01-2019]; 10(12). Disponível em https://cshperspectives.cshlp.org/content/10/12/a028472.full.pdf+html

21. Lee S, Margolin K. Cytokines in Cancer Immunotherapy. Cancers (Basel). 2011 [acedido a 17-01-2019]; 3(4): 3856–3893. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3763400/pdf/cancers-03-03856. pdf

22. Rosenberg S. IL-2: The First Effective Immunotherapy for Human Cancer. J Immunol.  2014 [acedido a 17-01-2019]; 192(12):5451-8. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6293462/pdf/ni- hms-999649.pdf

MEDICAMENTOS e MEDICINA DESCOBERTAS IMPORTANTES




Medicamentos, medicina e descobertas na saúde, ciência e tecnologia. Conheça algumas das descobertas interessantes dos últimos anos da medicina, farmacologia e ciência que salvam muitas vidas! Novas vacinas, fármacos mais eficazes e menos efeitos secundários, tecnologias inovadoras aplicadas à medicina, grandes esperanças para doentes até agora sem tratamento, técnicas cirúrgicas que vão ficar na história…!

Nos últimos anos, em Portugal e no resto do mundo, ocorreram grandes progressos na medicina que permitem a médicos e pacientes sonhar com uma melhor saúde, mais eficaz e eficiente. «A história mostra-nos que o conhecimento nada tem de imutável e acredito, inabalavelmente, que a ciência tem ainda muito para nos proporcionar», afirma João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da universidade de Lisboa.

Neste artigo vou falar dos seguintes medicamentos, técnicas e tecnologias:

  • Envelhecimento e como reverter o processo?
  • Cancro da próstata e novas tecnologias;
  •  Antipsicótico de última geração;
  • Perda de visão regredir é possível?
  • Primeiro bebé de útero transplantado;
  • Hepatite C qual o grande avanço no tratamento?
  • Diabetes quais os novos fármacos?
  • Doenças autoimunes qual a nova esperança?
  • Melanoma quais os inovadores tratamentos?
  • Insuficiência cardíaca qual o novo medicamento?
  • Doente reumático como melhorar o tratamento?
  • Teste pré-natal novo e mais completo?
  • Parkinson e Alzheimer qual a melhor estratégia de tratamentos e prevenção nas doenças neurodegenerativas?
  • Dentes mais fortes quais as novas Estruturas orais 3D?
  • Lentes de contacto inteligentes o que trazem de novo?
  • Artrite psoriática qual o primeiro tratamento oral?
  • Pâncreas artificial como foi criado?
  • Zona qual a primeira vacina?
  • Primeiro tratamento específico para a rosácea;
  • Primeiro tratamento para disfunções da marcha;
  • Portugueses descobrem mecanismo tumoral.

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Envelhecimento como reverter?

Uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (iMM) João Lobo Antunes descobriu que a manipulação de uma molécula de RNA é suficiente para reverter o envelhecimento celular.

Todas as células do organismo sofrem um processo gradual de envelhecimento que pode contribuir para o aparecimento de várias doenças. Uma forma de combater as doenças associadas ao envelhecimento consiste em induzir a regeneração celular.  No entanto, células envelhecidas tendem a ser muito resistentes a manipulações que visam a sua regeneração.

No iMM, a equipa liderada por Bruno de Jesus e Maria do Carmo-Fonseca descobriu que células retiradas da pele de ratinhos envelhecidos produziam muito maior quantidade de uma molécula de RNA (ácido ribonucleico) do que células de ratinhos jovens. Ao reduzir a quantidade deste RNA, tornou-se muito mais fácil regenerar as células velhas.

“Estes resultados são um importante avanço no sentido de virmos a ser capazes de regenerar tecidos doentes em pessoas idosas”, disse Bruno de Jesus.

Cancro da próstata

Nuno Monteiro Pereira, médico urologista, destaca três avanços, particularmente úteis no diagnóstico e tratamento do cancro da próstata, a saber:

  • A popularização do uso de cirurgia robótica ganhou mais força a nível mundial e permite uma grande precisão de movimentos e uma visão muito próxima das estruturas a operar.
  • Estão também a ser avaliadas novas tecnologias minimamente invasivas para o cancro da próstata, sobretudo a eletroporação irreversível, que já mostra resultados promissores, embora ainda não conclusivos.
  • Na área do diagnóstico, estão, ainda, a surgir novas técnicas tridimensionais e de fusão de imagem que permitem a realização de biópsias com elevadíssima precisão.

Em Portugal, já existem dois equipamentos para a realização de cirurgia robótica, prevendo-se a chegada em breve de um terceiro. Os mais frequentes órgãos operados são a próstata e o rim, quase sempre em situações oncológicas, mas a tecnologia está a avançar para outros órgãos e cirurgias.

As novidades não se ficam, contudo, por aqui. Também a eletroporação irreversível já está a ser experimentalmente realizada em dois centros portugueses, prevendo-se um alargamento do número de investigadores. Para um futuro próximo, o médico prefere uma postura cautelosa esperando que o novo ano concretize o uso ponderado, cauteloso e seguro das novas armas diagnósticas e terapêuticas no campo do cancro da próstata.

Antipsicótico

Vítor Viegas Cotovio, médico psiquiatra e psicoterapeuta, membro do Conselho Nacional de Saúde Mental defende que, no que à psiquiatria diz respeito, o lançamento do já existente antipsicótico Paliperidona, agora sob a forma de injetável foi um grande passo, uma vez que tem uma libertação prolongada, podendo ser dado mensalmente, o que facilita a adesão à terapêutica e previne as recaídas que ocorrem, quer por esquecimento quer porque o doente psicótico decide não fazer a medicação.

Paliperidona o que tem de diferente?

Por ser um antipsicótico de última geração, é um medicamento atípico, o que significa que os efeitos secundários, como os tremores, que são uma das grandes lutas no que diz respeito aos medicamentos antipsicóticos, não acontecem com tanta frequência ou com tanta intensidade, neste caso. Para além disso é de relevar o facto deste medicamento não deixar a pessoa tão quebrada e tão sedada. O grande presente do futuro seria a criação de um medicamento com menos efeitos secundários, menos sedativo, que não interferisse tanto no quotidiano dos doentes psicóticos.

Perda de visão nova descoberta

Luís Gouveia Andrade, médico oftalmologista no Hospital Cuf Infante Santo, sublinha a importância da identificação da causa da perda de visão nas doenças da retina, em particular, a degenerescência macular relacionada com a idade e a retinopatia diabética que, no seu conjunto, são duas das mais importantes causas de perda de visão e cegueira e o desenvolvimento de uma substância capaz de travar e/ ou regredir esse processo terem aberto uma enorme janela de esperança para milhões de doentes em todo o mundo. Até recentemente, as opções terapêuticas para as doenças da retina eram muito reduzidas e nem sempre bem sucedidas.

Em muitos casos, o papel do médico era sobretudo acompanhar e apoiar os doentes e não tanto tratá-los de um modo eficaz. A descoberta desta nova opção torna o tratamento mais simples, menos invasivo, passível de ser repetido sempre que necessário e permite, em muitos casos, uma recuperação significativa da visão perdida. Para o futuro, o transplante da retina é solução que permitiria restituir a visão a incontáveis pacientes.

Primeiro bebé de útero transplantado

Em 2014, um grupo sueco obteve o primeiro nascimento de uma gestação conseguida num útero transplantado, constituindo um dos maiores avanços da medicina, podendo ser comparado ao do primeiro transplante cardíaco. Alexandre Lourenço, consultor em ginecologia e obstetrícia no Hospital de Santa Maria, assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa, explica que até à data, nenhuma mulher que não tivesse útero poderia ter um filho sem recorrer a outra mulher (denominado útero de aluguer). O grupo já tinha realizado oito transplantes uterinos e isso, só por si, seria um grande avanço da ginecologia.

No entanto, como órgão que só cumpre a sua função integral com a gravidez, esse facto devia ser complementado com um parto de recém-nascido vivo e viável, o que foi conseguido recentemente. De futuro, espera-se que surjam avanços na avaliação de defeitos genéticos/ cromossómicos fetais em células fetais circulantes no sangue materno, que permitissem diminuir os custos desses testes e, a prazo, fazer com que os testes realizados por rastreios indiretos ou através da amniocentese se tornem desnecessários e obsoletos.

Hepatite C novos medicamentos

Jorge Canena, médico gastrenterologista do Hospital Cuf Infante Santo, professor de gastrenterologia na Nova Medical School, afirma que um dos grandes avanços no âmbito da gastrenterologia foi a introdução de novos fármacos para o tratamento da hepatite C, a saber:

  • Sofosbuvir
  • Simepravir.

São ambos medicamentos caros e, em Portugal, ainda estão pouco disponíveis. As vantagens são preciosas já que reduzem o tempo de tratamento, apresentam um número muito reduzido de efeitos secundários e estão associadas a elevadas taxas de sucesso terapêutico.

Tal implica uma eliminação do vírus, impedindo a progressão da doença, em última análise. Estes três aspetos são um grande passo no tratamento da hepatite C. Para o futuro, espera-se a melhoria de testes genéticos para o cancro, associado a programas de rastreio para diversos tipos de tumor, programas não só mais eficazes como abrangendo maior número de pessoas.

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Diabetes novos medicamentos

João Jácome de Castro, médico endocrinologista, diretor do Serviço de Endrocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital das Forças Armadas afirma que a chegada a Portugal, de novas classes de fármacos para tratar a diabetes, foi um avanço importante, a saber:

  • Análogos GLP1
  • Inibidores SGLT2 ( em aprovação final ) outra classe ainda mais moderna que diminuem a reabsorção de açúcar.

Quais as vantagens destes novos fármacos?

A grande vantagem destes novos fármacos é de que, para além de controlarem a glicemia nas pessoas com diabetes, permitirem, simultaneamente, reduzir-lhes o peso.

No caso particular dos doentes com diabetes tipo 2, este efeito é especialmente importante já que a esmagadora maioria destes doentes tem excesso de peso e obesidade, um fator de predisposição e agravamento no controlo da própria doença. De futuro espera-se que haja um maior investimento na prevenção da diabetes e no rastreio precoce das pessoas com diabetes.

Doenças autoimunes

O grande avanço médico iniciado em 2014, para Luís Romariz, médico especialista em medicina antienvelhecimento no Instituto Médico Newage foi a consolidação de uma terapia para as doenças autoimunes e coadjuvante no tratamento do cancro, que foi iniciada em 2009, e que é a LDN (Baixas Doses de Naltrexona). Descobriu-se que doses mínimas de um fármaco usado no tratamento das pessoas com problemas de consumo de narcóticos eram capazes de aumentar a imunidade.

As coisas evoluíram ao ponto de curar algumas dessas doenças, tais como a artrite reumatoide, o lúpus, a psoríase, a esclerose múltipla ou cancro do pâncreas! No que ao futuro diz respeito , era bom que se descobrisse um fármaco com verdadeira acção no alongamento dos telómeros. Aí sim poderíamos aspirar à vida eterna!

Melanoma

Fátima Cardoso, médica oncologista, diretora da Unidade de Mama do Centro Clínico Champalimaud e secretária-geral da European Organisation for Research and Treatment of Cancer, destaca os avanços iniciados em 2014 para o tratamento do melanoma. Para este cancro, frequentemente fatal, as possibilidades terapêuticas eram muito reduzidas, existindo neste momento tratamentos capazes de prolongar a vida dos doentes com melanoma avançado, cujo princípio ativo é o anti-PDL1. Um desses tratamentos representa uma das primeiras aplicações clínicas eficazes de imunoterapia na área da oncologia.

Apesar disso, a melhor arma para combater este tipo de cancro continua a ser a prevenção. Esta doença é curável, mas apenas quando diagnosticada precocemente. Quanto ao futuro, se os conhecimentos atuais fossem bem utilizados para tratar todos os doentes com cancro, a mortalidade seria substancialmente reduzida. Assim, desejo que todos os doentes possam ser tratados segundo as recomendações internacionais publicadas, por médicos experientes e humanos e que tenham acesso aos melhores tratamentos.

Insuficiência cardíaca

Para Manuel Carrageta, médico cardiologista, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, o maior avanço na área da cardiologia para o tratamento de uma doença com uma mortalidade muito elevada e que causa grande sofrimento aos doentes (cansaço, falta de ar, edemas) é um novo medicamento que tem uma molécula mista composta por dois fármacos, a saber:

  • Valsartan,
  • Sacubitril

Esta associação tem mostrado efeitos muito benéficos, com grande redução da mortalidade, quando comparado com as terapêuticas atuais. Para o futuro, o cardiologista deseja que o novo tratamento para a insuficiência cardíaca seja rapidamente aprovado em todo o mundo e que também os doentes portugueses possam, em breve, beneficiar dele.

Doente reumático melhor tratamento

Augusto Faustino, médico reumatologista da Clínica de reumatologia de Lisboa e do instituto Português de reumatologia, afirma que na área da reumatologia, assistiu-se à sedimentação e implementação de tendências que se vinham a delinear nos anos anteriores, a amplificação da rede de prestação de cuidados reumatológicos em meio hospitalar a nível nacional e o fortalecimento daquela que foi a maior revolução no tratamento das doenças inflamatórias reumáticas nos últimos anos, a utilização de terapêuticas biotecnológicas, regida por normas de boa prática clínica e com registo informático num processo clínico eletrónico da reumatologia, o Reuma.pt.

O corolário destes dois factos foi permitir que os doentes reumáticos possam mais facilmente ser consultados pelos médicos especialistas mais habilitados, e que as situações reumatológicas mais graves, e potencialmente mais agressivas e destrutivas, possam ser tratadas com propriedade clínica e em segurança, com os fármacos mais adequados e mais efetivos para a sua abordagem. No futuro era bom que se verificasse uma mudança de paradigma na área da reumatologia, deixando os médicos e os doentes reumáticos de procurar um diagnóstico definitivo, centrando-se na deteção de sinais e sintomas precoces de doença reumática, habitualmente associados à existência de inflamação.

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Teste pré-natal mais completo

De entre os vários avanços na área da genética, a especialista Purificação Tavares geneticista e directora do CGC Genetics salienta destaca o facto de o teste não invasivo pré-natal, agora mais completo, dar resultado para outras anomalias, a saber:

  • Trissomia 21
  • Trissomia 13
  • Trissomia 18,
  • Síndrome de Turner
  • Sindrome de Klinefelter e de
  • Sindrome de Microdeleção,

Este teste mais completo confere ao médico e ao casal muito maior segurança durante a gravidez. Mas as inovações neste campo não ficaram por aqui. Desde 2014 ocorreu, também, a possibilidade de realizar-se múltiplas análises de pesquisa de mutações de uma só vez com a sequenciação de nova geração (NGS).

É uma metodologia que está a ser aplicada em várias especialidades médicas e que permite menos custos, um menor tempo de resposta, bem como diagnósticos antes impossíveis de doenças causadas por múltiplos genes, tais como:

  • Atrasos de desenvolvimento,
  • Retinopatias pigmentares,
  • Surdez
  • Doenças neurodegenerativas

No futuro, a geneticista Purificação Tavares, deseja que surjam mais consultas de genética médica, de modo a que a população tenha um acesso mais facilitado a esta especialidade e às novas análises.

Doenças neurodegenerativas

De entre os enormes avanços das neurociências nas últimas décadas, Belina Nunes, médica neurologista, diretora da Clínica da Memória realça o progresso no conhecimento dos mecanismos da neurodegeneração, sobretudo relativamente às doenças de Parkinson e de Alzheimer, o que tem permitido melhores estratégias de prevenção e tratamento, nomeadamente «a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) na doença de Parkinson, uma técnica já utilizada em vários centros neurológicos e com benefícios significativos num elevado número de doentes.

No campo da imagiologia cerebral, as técnicas de tratografia dão imagens maravilhosas dos feixes nervosos e começam cada vez mais a ser usadas na investigação e na prática clínica. Esta é uma das técnicas mais promissoras para o melhor conhecimento do funcionamento do cérebro humano.

Dentes mais fortes estruturas orais 3D

Na medicina dentária, o destaque de João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, professor adjunto da NYU e diretor clínico do Instituto de Implantologia, vai para o início da utilização de impressoras 3D na produção de réplicas de estruturas orais, sejam elas dentárias, gengivais ou ósseas. Este é um marco importante numa área em que pontos de contacto entre engenharia mecânica e robótica, engenharia informática (hardware e software) e prestação de cuidados de saúde são cada vez mais generalizados e indissociáveis.

A produção de estruturas 3D implica a utilização de scanners e de software com graus de detalhe espantosos e que permitem a recolha de informação da cavidade oral do doente por via digital, diminuindo assim o tempo de tratamento e o seu grau de desconforto. A tecnologia utilizada aumenta a precisão dos trabalhos, diminuindo as margens de erro e permitindo a execução de próteses em poucas horas. Dado que trabalhamos com informação digital, os obstáculos físicos perdem importância encurtando distâncias entre cidades, países e continentes, aproximando doentes e equipas médicas que não partilham a mesma localização geográfica.

Quando se pensa no futuro, embora com aplicações longe do imediato, anseio por mais investigação em células pluripotenciais, a partir das quais se possam criar tecidos biológicos perdidos, nomeadamente dentes, de forma a podemos aspirar a uma verdadeira terceira dentição.


OUTRAS DESCOBERTAS IMPORTANTES:

Lente de contacto inteligente

Foi apresentada pela Google e é capaz de medir os níveis de glicose e de enviar a informação para o smartphone.

Artrite psoriática primeiro tratamento oral

Foi aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA) e surge como uma alternativa aos fármacos injetáveis até então existentes, sendo um tratamento mais seguro e eficaz.

Pâncreas artificial

Foi desenvolvido no reino unido com o objetivo de revolucionar a vida dos doentes com diabetes que precisam de fazer injeções diárias de insulina. Os ensaios clínicos começaram em 2016.

Zona primeira vacina

Atua no gânglio nervoso onde está adormecido o vírus da varicela (herpes zoster) ajudando a prevenir a sua reativação, que leva ao aparecimento da zona.

Rosácea primeiro tratamento específico

Em formato de gel tópico permite uma redução do eritema facial 30 minutos após a aplicação, com resultados até 12 horas. É vendido mediante receita médica e o seu princípio ativo é a brimonidina.

Mecanismo tumoral descoberta Portuguesa

A descoberta do mecanismo que promove o crescimento do cancro do ovário foi realizada por uma equipa de cientistas do Instituto de Medicina Molecular em Lisboa e vem abrir portas ao desenvolvimento de terapias, ao nível da imuno‑oncologia.

Disfunções da marcha primeiro tratamento

É uma nova esperança para quem sofre de esclerose múltipla. Permite a libertação prolongada da substância ativa fampridina. A sua utilização, em meio hospitalar, foi recentemente autorizada.

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CANCRO, NOVA DESCOBERTA CONTRA AS METÁSTASES

Como se forma um cancro?

Fases do processo de formação de um cancro
Fases do processo de formação de um cancro

Cancro qual a nova descoberta?

Pela primeira vez, foi possível detectar e isolar, no fluxo sanguíneo, células susceptíveis de criar metástases e espalhar um cancro. Isto poderá permitir avaliar a agressividade dos cancros de forma precoce.

Qual a importância desta técnica?

Uma equipa de cientistas nos Estados Unidos demonstrou que é possível, graças a pequenos bocados específicos de ADN espetados à superfície de diminutas bolinhas de ouro, detectar no sangue humano células cancerosas que estão à deslocar-se à procura de novos sítios do corpo para invadir.

A inédita técnica, que poderá permitir destruir estas células antes de elas se instalarem noutros órgãos e formarem metástases, foi descrita recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Metástases do cancro

Quando um cancro forma metástases, o prognóstico para o doente não é bom; já pode ser tarde demais. Ora, até aqui, não era possível apanhar as células cancerosas circulantes directamente no sangue, antes de elas colonizarem novos tecidos.

NanoFlares o que são afinal?

A bolinha de ouro que forma o núcleo dos NanoFlares, está coberta por uma camada de pequenas sequências de ADN capazes de reconhecer e de se ligar a genes específicos das células cancerosas
A bolinha de ouro que forma o núcleo dos NanoFlares, está coberta por uma camada de pequenas sequências de ADN capazes de reconhecer e de se ligar a genes específicos das células cancerosas

Agora, Chad Mirkin, da Universidade Northwestern (EUA), e colegas, conseguiram literalmente fazer brilhar essas células iluminando-as do interior por uma salva de microscópicos very-light.

Os cientistas deram à sua invenção o nome de NanoFlares (nano-clarões) e mostraram, em várias condições experimentais, que eles permitem não só detectar individualmente as células cancerosas na circulação sanguínea, como também isolá-las.

Leia aqui o resumo do artigo original

É possivel capturar e cultivar estas células?

Como não matam estas células, permitem ainda cultivá-las no laboratório para testar a eficácia de diversos fármacos anti-cancro.

“Tanto quanto sabemos, esta é a primeira abordagem baseada na genética que permite ao mesmo tempo o isolamento e a análise genética intracelular de células tumorais vivas em circulação”, escrevem os autores na PNAS.

NanoFlares qual a composição?

A bolinha de ouro que forma o núcleo dos NanoFlares, com apenas 13 nanómetros (milionésimo de milímetro) de diâmetro, está coberta por uma camada de pequenas sequências de ADN (em hélice simples) capazes de reconhecer e de se ligar a genes específicos das células cancerosas. Por sua vez, essas sequências de ADN estão “acopladas” a bocadinhos de ADN que contêm o clarão propriamente dito (uma molécula fluorescente).

Inicialmente, a fluorescência do clarão é abafada pela proximidade do ouro, explicam ainda os cientistas no seu artigo. Mas o que acontece é que os NanoFlares penetram, não se sabe bem como, no interior das células. E se vierem a dar com o material genético específico do cancro que são capazes de reconhecer, ligam-se a ele, libertando o bocadinho que contém o clarão.

Ao afastar-se da bolinha de ouro central, o clarão vai assim iluminar o interior da célula em causa, marcando-a como cancerosa.

Conseguir encontrar uma “agulha num palheiro”!

“O NanoFlare acende uma luz dentro das células cancerosas que procuramos”, diz o co-autor Shad Thaxton em comunicado de Universidade Northwestern. “E o facto de os NanoFlares serem eficazes na complexa matriz do sangue humano constitui um enorme avanço técnico. Conseguimos encontrar pequenos números de células cancerosas no sangue, o que é mesmo como procurar uma agulha num palheiro.”

Tratamentos à medida serão possíveis?

Os cientistas construíram quatro tipos de NanoFlares, cada um dirigido contra um alvo genético conhecido por estar associado a cancros da mama agressivos (isto é, que formam facilmente metástases).

Mais precisamente, os NanoFlares são dirigidos contra o “ARN mensageiro” (uma outra forma de material genético) que codifica certas proteínas que se sabe estarem associadas às células dos cancros agressivos da mama.

A seguir mostraram, em particular, que esses NanoFlares eram capazes de detectar as células cancerosas, com uma taxa de erro inferior a 1%, quando estas eram misturadas com sangue de dadores humanos saudáveis.

Células detectadas sobrevivem e são cultivadas

Uma vez identificadas as células, os cientistas conseguiram separá-las das células normais e estudá-las em cultura. “Ao contrário de outras técnicas de isolamento de células cancerosas, baseadas em anticorpos, a exposição das células aos NanoFlares não resulta na morte celular”, escrevem ainda.

Ausência de toxicidade é essencial

Ora, esta ausência de toxicidade poderá permitir estudar células cancerosas vivas, avaliar o seu potencial metastático e determinar qual a melhor combinação de fármacos para as eliminar.

“Isto poderia conduzir a terapias personalizadas, nas quais olhamos para a forma como as células de um dado doente respondem a diversos cocktails terapêuticos”, diz por seu lado Chad Mirkin.

Os autores testaram os nano-clarões, com resultados igualmente promissores (embora com maiores taxas de falsos positivos), em ratinhos que são utilizados como modelo experimental de cancro da mama humano.

Neste momento, explica ainda o comunicado, estão a tentar ver se a sua nova técnica consegue detectar células cancerosas diretamente no sangue de doentes com cancro da mama.

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Concluindo

Vivemos tempos de avanços tecnológicos extraordinários ao qual a medicina não é alheia! Alguns avanços agora descritos e reais eram, há bem poucos anos, argumentos para filmes de ficção científica! Doentes com doenças graves têm razões para ter mais esperança nomedamente nas doenças graves que afectam grandes faixas da população dos países desenvolvidos (ex: cancro, hepatite, diabetes, alzheimer, etc) porque são nessas que se concentram o maior esforço de investigação da industria Farmacêutica ao qual, claro, não é alheio uma expectativa de lucros maiores! No entanto essa será uma polémica secundária porque, para os doentes e suas famílias, o importante é salvar vidas…a tempo! Fica o apelo justo para a alocação de mais recursos à investigação de doenças que afectam milhões de doentes nos paises pobres e subdesenvolvidos, como, por exemplo, a malária.

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Fontes: 

  • João Caramês, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da universidade de Lisboa;
  • Nuno Monteiro Pereira, médico urologista;
  • Vítor Viegas Cotovio, médico psiquiatra e psicoterapeuta;
  • Luís Gouveia Andrade, médico oftalmologista;
  • Alexandre Lourenço assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa;
  • Jorge Canena, médico gastrenterologista, professor de gastrenterologia na Nova Medical School;
  • João Jácome de Castro, médico endocrinologista;
  • Luís Romariz, médico especialista em medicina antienvelhecimento no Instituto Médico Newage;
  • Fátima Cardoso, médica oncologista, diretora da Unidade de Mama do Centro Clínico Champalimaud;
  • Manuel Carrageta, médico cardiologista, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia;
  • Augusto Faustino, médico reumatologista do instituto Português de reumatologia;
  • Purificação Tavares geneticista e directora do CGC Genetics;
  • Belina Nunes, médica neurologista;
  • Instituto de Medicina Molecular de Lisboa

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Dê esperança a muitos doentes que necessitam de algum conforto e apoio emocional!

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NOVO VÍRUS G4 EA H1N1 COM POTENCIAL PANDÉMICO

Novo vírus da gripe G4 EA H1N1, com potencial pandémico descoberto na China e ainda estamos em plena pandemia de coronavírus e Covid-19! Um grupo de cientistas descobriu uma nova estirpe do vírus Influenza, que causa gripe, com potencial pandémico na China. Segundo os investigadores, o vírus é transportado por porcos, mas pode infetar seres humanos.

Agora, a preocupação prende-se com o facto de este vírus poder sofrer uma mutação ainda maior e que se possa vir a espalhar facilmente de pessoa para pessoa e causar um surto global.

Leia também: Coronavírus estranha origem e teoria da conspiração

Segundo a BBC, os investigadores admitem que este não é um problema imediato, mas que tem “todas as características” para infetar seres humanos e precisa ser vigiado “de perto”.

Artigo da BBC: Flu virus with ‘pandemic potential’ found in China

Como se trata de um vírus novo, as pessoas podem ter pouca ou nenhuma imunidade ao vírus. Os cientistas escrevem no  journal Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), que as medidas para controlar o vírus nos porcos devem ser rapidamente implementadas, bem como a sua monitorização.

Artigo original: Prevalent Eurasian avian-like H1N1 swine influenza virus with 2009 pandemic viral genes facilitating human infection

G4 EA H1N1 nova ameaça pandémica

Esta nova e estirpe má de influenza está entre as principais ameaças de doenças que os especialistas estão a observar, mesmo quando o mundo tenta acabar com a atual pandemia de coronavírus.

A última gripe pandémica que o mundo encontrou – o surto de gripe suína de 2009 – foi menos mortal do que se temia inicialmente, principalmente porque muitas pessoas mais velhas tinham alguma imunidade a ela, provavelmente por causa de sua semelhança com outros vírus da gripe que circulavam anos antes.

Esse vírus, chamado A / H1N1pdm09, agora é coberto pela vacina anual contra a gripe para garantir que as pessoas estejam protegidas. A nova estirpe de gripe identificada na China é semelhante à gripe suína de 2009, mas com algumas novas mudanças.

Para já, não representa uma grande ameaça, mas o professor Kin-Chow Chang e colegas que o estudam dizem que é um dos que é necessário vigiar de perto!

EAH1N1 já falado desde 2016

Num artigo publicado em 2016 no journal Proceedings of the National Academy of Sciences of the United satates of America (PNAS) já se falava do potencial pandémico das estirpes virais EA H1N1 que são vírus Influenza animais que circulam nos porcos na China.

Artigo original: Prevalence, genetics, and transmissibility in ferrets of Eurasian avian-like H1N1 swine influenza viruses

Infeções em pessoas já detetadas

O vírus, que os pesquisadores chamam de G4 EA H1N1, pode crescer e multiplicar-se nas células que revestem as vias aéreas humanas.

Eles encontraram evidências de infecção em pessoas que trabalhavam em matadouros e na indústria suína na China quando analisaram dados de 2011 a 2018.

As vacinas contra a gripe atuais não parecem proteger contra este vírus, embora possam ser adaptadas para isso, se necessário.

Leia também: Toda a verdade sobre a vacina da gripe


O Professor Kin-Chow Chang, que trabalha na Universidade de Nottingham, no Reino Unido, disse à BBC: “No momento estamos distraídos com o coronavírus e com razão. Mas não devemos perder de vista novos vírus potencialmente perigosos”.

Embora esse novo vírus não seja um problema imediato, diz ele: “Não devemos ignorá-lo”.

Em teoria, uma pandemia de gripe pode ocorrer a qualquer momento, mas ainda são eventos raros. Pandemias acontecem se surgir uma nova estirpe que pode se espalhar facilmente de pessoa para pessoa.

Embora os vírus da gripe estejam constantemente a mudar, e é por isso que a vacina contra a gripe também precisa mudar regularmente para acompanhar, eles geralmente não se tornam pandémicos.

O professor James Wood, chefe do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Cambridge, disse que o trabalho “vem como um lembrete salutar” de que estamos constantemente em risco de um novo surgimento de patógenos e que animais de criação, com os quais os seres humanos têm maior contato do que com a vida selvagem, pode atuar como fonte de importantes vírus pandémicos.

Leia também: Coronavírus toda a verdade e polémica sobre os tratamentos recentes


Uma porta-voz da Organização Mundial da Saúde disse: “Sabe-se que o vírus da gripe suína da Eurásia está a circular na população suína da Ásia e é capaz de infectar seres humanos esporadicamente. Duas vezes por ano durante as reuniões de composição da vacina contra a gripe, todas as informações sobre os vírus é revista e discutida a necessidade de novos vírus candidatos à vacina.Leremos cuidadosamente o documento para entender o que há de novo.

“Ele também destaca que não podemos baixar a guarda contra a gripe; precisamos estar vigilantes e continuar a vigilância mesmo durante a pandemia da COVID-19”.

Fontes

Leia também:

Covid-19 ibuprofeno hipertenção e diabetes

Coronavírus SARS-CoV-2 , Covid-19 e os estudos conhecidos sobre as características dos doentes mais graves que necessitaram de cuidados intensivos para sobreviver… nem sempre, como se sabe, com sucesso.

Também falarei sobre um estudo que levanta a hipótese de alguns farmacos para a hipertensão como os IECAs mas também o anti-inflamatório não esteroides (AINES) Ibuprofeno poderem aumentar os riscos da Covid-19 poder ser fatal!

Este artigo pretende assim dar a conhecer estudos observacionais recentes sobre as condições de saúde dos doentes mais graves que parecem aumentar os riscos de morte após infecção com SARS-CoV-2 .

LEIA TAMBÉM: COVID-19 quais os tratamentos mais recentes?

Estudo com 52 pacientes graves

Pacientes: 52 / Mortos: 32

Estudo: Clinical course and outcomes of critically ill patients with SARS-CoV-2 pneumonia in Wuhan, China: a single-centered, retrospective, observational study

Os dados deste estudo, abaixo descritos em diferentes quadros de resultados, são divididos nas seguintes 3 colunas:

  • Sobreviventes (20) na 1ª coluna
  • Não sobreviventes (32) na 2ª coluna
  • Todos os pacientes (52) na 3ª coluna

Idade dos doentes graves

Sexo e exposição ao mercado

Leia também: COVID-19 toda a verdade

Doenças crónicas

As doenças crónicas mais relevantes de 32 não sobreviventes de um grupo de 52 pacientes de unidade de terapia intensiva com a nova doença de coronavírus 2019 (COVID-19) no estudo de Xiaobo Yang e colegas foram:

  • Doenças cerebrovasculares (22%)
  • Diabetes (22%).

Comorbilidades

Sintomas

Análises clínicas

Tratamento

Estudo com 173 pacientes graves

Outro estudo incluiu 1099 pacientes com COVID-19 confirmado, dos quais 173 apresentavam doença grave com as seguintes comorbidades:

  • Hipertensão (23,7%),
  • Diabetes mellitus (16,2%),
  • Doenças coronárias (5,8%),
  • Doença cerebrovascular (2,3%).

Estudo com 140 pacientes graves

Estudo: Clinical characteristics of 140 patients infected with SARS‐CoV‐2 in Wuhan, China

Em um terceiro estudo, de 140 pacientes que foram admitidos no hospital com COVID-19, tinham as seguintes comorbilidade mais relevantes:

  • Hipertensão 30%,
  • Diabetes 12%.

Enzima de conversão da angiotensina (ECA)

Notavelmente, as comorbidades mais frequentes relatadas nesses três estudos de pacientes com COVID-19 são frequentemente tratadas com inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA); no entanto, o tratamento não foi avaliado em nenhum dos estudos.

SARS-CoV-2 onde se liga nas células?

Os coronavírus patogénicos humanos nomeadamente o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave [SARS-CoV] e o novo SARS-CoV-2) provocam a infeção nos humanos ligando-se às células-alvo através da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), que é expressa pelas células epiteliais do pulmão, intestino, rim, e vasos sanguíneos.

ACE2 tem maior expressão em alguns tecidos e orgãos conforme gráficos seguintes retirados de bases de dados públicas:

Diabetes e hipertensão são factores de risco

A expressão da ECA2 é substancialmente aumentada (regulação positiva) em pacientes com diabetes tipo 1 ou tipo 2, que são tratados com inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) e antagonistas dos receptores da angiotensina II tipo I (ARA). A hipertensão também é tratada com inibidores da ECA e ARA, o que resulta em uma regulação positiva da ECA2.

Hipertensão e IECAs

Os IECAs ou Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina, são compostos que inibem a enzima conversora da angiotensina que converte a angiotensina I em angiotensina II. A angiotensina II é um potente vasoconstritor e estimula a produção de aldosterona, a qual promove retenção de sódio e água nos túbulos renais, aumentado a volémia.

A enzima conversora da angiotensina (ACE) é estimulada pela renina secretada pelos rins, em resposta à diminuição da sua perfusão sanguínea. Ao inibir essa enzima, os IECAs produzem vasodilatação periférica, diminuindo a pressão arterial.

A enzima de conversão de angiotensina é uma Cininase, isto é, igualmente responsável pela degradação das cininas, como a bradicinina, que são vasodilatadoras.

Alguns dos efeitos não desejados dos IECAs, como a tosse, são devidos à acumulação destas cininas. Entretanto, o efeito vasodilatador da bradicinina é atualmente investigado como coadjuvante na efetividade dos inibidores da enzima de conversão.

Alguns exemplos de IECAS mais utilizados são os seguintes:

  • Lisinopril,
  • Perindopril,
  • Ramipril,
  • Enalapril,
  • Captopril
  • Fosinopril,
  • Zofenopril.

Leia também: Hipertensão qual o melhor tratamento e todas as respostas essenciais

Losartan é mais seguro?

Parecem começar a surgir indicações que num quadro de Covid-19 o Losartan será um farmaco mais seguro para os hipertensos. O losartan é um bloqueador ou antagonista do receptor 1 da angiotensina (AT1R), que os pesquisadores dizem que poderia desempenhar um papel no bloqueio de uma enzima usada pelo vírus para se ligar às células.

Estudo a decorrer: Randomized Controlled Trial of Losartan for Patients With COVID-19 Requiring Hospitalization

Os antagonistas dos receptores da angiotensina (ARAs) mais utilizados são os seguintes:

  • Losartan
  • Candesartan
  • Irbesartan
  • Olmesartan
  • Telmisartan
  • Valsartan

LEIA AQUI: COVID-19 tratamentos mais recentes

Bloqueadores do canais de cálcio

Com base numa pesquisa do PubMed em fevereiro de 2020, não foi encontrada nenhuma evidência que sugira que os anti-hipertensivos bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) aumentem a expressão ou atividade da ECA2, portanto, esses podem ser um tratamento alternativo adequado nesses pacientes.

Os bloqueadores dos canais de cálcio mais usados são os seguintes:

  • Amlodipina
  • Lercanidipina
  • Nifedipina
  • Felodipina.

Diabetes e Tiazolidinedionas (glitazonas)

A ECA2 pode ser aumentada por tiazolidinedionas ou glicazonas. Os dados sugerem que a expressão da ECA2 é aumentada na diabetes e o tratamento com inibidores da ECA e ARA aumenta a expressão da ECA2.

Alguns exemplos de glitazonas são os seguintes:

  • Pioglitazona,
  • Rosiglitazona,
  • Troglitazona,
  • Ciglitazona

Leia tabém: Diabetes e os 9 sinais que nunca deve ignorar

Ibuprofeno

A ECA2 pode também ser aumentada pelo anti-inflamatório ibuprofeno (Ex: Brufen, Trifene, Nurofen).

Estas alegações do ibuprofeno aumentar a expressão da ECA2 é bastante polémica e as autoridades Europeias de saúde e do medicamento, assim como os laboratórios farmacêuticos produtores de ibuprofeno apressaram-se a desmentir o suporte científico apresentado e publicado na revista científica The Lancet.

No entanto um dos porta-vozes da Organização Mundial de Saúde (OMS), Christian Lindmeier, durante comunicação em Genebra, recomendou usar preferencialmente o paracetamol e não o ibuprofeno.

Ibruprofeno o que dizem os especialistas

A opinião dos especialistas sobre este assunto não é unânime. De seguida deixo link para artigo que cruza opiniões de diferentes especialistas sobre o ibuprofeno e a Covid-19.

Estudo: expert reaction to reports that the French Health Minister recommended use of paracetamol for fever from COVID-19 rather than ibuprofen or cortisone

É sabido há muitos anos que os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) têm um efeito negativo em doentes com historial clínico de asma, por exemplo, sendo por conseguinte vasta a literatura científica que alerta para a não utilização de AINEs em doentes asmáticos.

Este é apenas o exemplo mais conhecido e comprovado de uma influência negativa do ibuprofeno e outros AINEs no sistema respiratório de muitos doentes com a “árvore respiratória” mais frágil.

Ibuprofeno na minha opinião

Tendo em conta os efeitos negativos no sistema respiratório já comprovados nos doentes com asma, na minha opinião a evidência científica de relação entre o ibuprofeno e a Covid-19 não é forte mas merece ser investigada pois o pressuposto teórico de aumento da ECA quando se toma ibuprofeno parece ter algum suporte científico que não deve ser totalmente descartado… apesar da polémica

De tal forma é pertinente a recolha de mais dados científicos sobre esta relação que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e quase todas as principais autoridades de saúde internacionais sublinharam a necessidade de o ibuprofeno nunca ser usado como escolha de primeira linha, mas sim o paracetamol no combate à febre quando existe um quadro de sintomatologia respiratória, como no caso da Covid-19.

Quanto aos desmentidos categóricos das industrias farmacêuticas que comercializam ibuprofeno, como em qualquer situação na vida, não devem ser demasiado valorizadas quando falam em causa própria… mas sim ler primeiro o que dizem as autoridades de saúde independentes como a EMA (Agência Europeia do Medicamento).

Covid-19 risco grave e fatal

Consequentemente, o aumento da expressão de ECA2 facilitaria a infecção por COVID-19. Portanto, os investigadores consideram que o tratamento da diabetes e da hipertensão com medicamentos estimulantes da ECA2 aumente o risco de desenvolver COVID-19 grave e fatal.

Se essa hipótese fosse confirmada, poderia levar a um conflito em relação ao tratamento, pois a ECA2 reduz a inflamação e tem sido sugerida como uma nova terapia potencial para doenças inflamatórias pulmonares, cancro, diabetes e hipertensão.

Predisposição genética

Outro aspecto que deve ser investigado é a predisposição genética para um risco aumentado de infecção por SARS-CoV-2, que pode ser devido a polimorfismos da ECA2 que foram associados a diabetes mellitus, acidente vascular cerebral e hipertensão, especificamente em populações asiáticas.

Concluindo

Resumindo estas informações, a sensibilidade de um indivíduo pode resultar de uma combinação de terapia e polimorfismo da ECA2. Sugere-se que pacientes com doenças cardíacas, hipertensão ou diabetes, que são tratados com medicamentos que aumentam a ECA2, têm maior risco de infecção grave por COVID-19 e, portanto, devem ser monitorados quanto a medicamentos moduladores da ECA2, como inibidores da ECA (Enzima de Conversão da Angiotensina) ou ARAs (Antagonistas dos Receptores da Angiotensina).

Referências

DOENÇA BIPOLAR PORTUGUESES DESCOBREM NOVO FACTOR DE RISCO

 

Doentes deprimidos com elevados níveis de ácido úrico no sangue poderão estar em vias de desenvolver doença bipolar, de acordo com um estudo de vários médicos psiquiatras do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) divulgado recentemente.

Uma investigação portuguesa, publicada recentemente na prestigiada revista científica internacional ‘Bipolar Disorders’, mostrou que doentes internados por depressão com níveis altos de ácido úrico no sangue apresentam maior risco de progressão para uma outra doença psiquiátrica, a chamada ‘doença bipolar’”, refere um comunicado do CHUC.

Pedro Oliveira, um dos autores citado na nota, salienta que “este achado inovador, apesar de necessitar de maior investigação, poderá revolucionar a abordagem e tratamento dos doentes deprimidos”.

Segundo o especialista, esta descoberta permite “uma melhor resposta ao tratamento, a identificação de formas iniciais de doença bipolar e intervenção numa fase mais precoce para minimizar o impacto da doença na vida do doente”.

Os autores do estudo (Pedro Oliveira, Vítor Santos, Manuel Coroa, Joana Ribeiro e Nuno Madeira), médicos psiquiatras do CHUC e investigadores no Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, salientam que “não existia até agora nenhum exame acessível no dia-a-dia capaz de identificar indivíduos em risco de desenvolver doença bipolar”.

A doença bipolar é caracterizada por episódios persistentes de tristeza, semelhantes ao que se verificam na depressão, mas também por fases de euforia e energia aumentada, “os chamados episódios maníacos”.

“Esta doença é, na maioria dos casos, tratável com recurso a antidepressivos. No entanto, em certas formas de depressão, como em indivíduos com doença bipolar, o tratamento com antidepressivos é pouco eficaz e poderá agravar o prognóstico da doença”, refere o comunicado.

O diagnóstico da doença bipolar é frequentemente tardio, “sendo frequente que, durante bastantes anos, os doentes sejam considerados como tendo apenas depressão”.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão já é a principal causa de incapacidade no mundo e um em cada quatro portugueses sofrerá da doença ao longo da sua vida.

Fiquem bem!

Fonte: Agência LUSA

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JEJUM INTERMITENTE PODE “CURAR” DIABETES EM ALGUNS DOENTES?


Jejum intermitente será que pode “curar” alguns diabéticos? Um estudo observacional publicado pelo British Medical Journal na revista BMJ Case Reports  por três médicos que testaram esta terapia em três doentes, com resultados positivos, descreve que o jejum intermitente pode ajudar a eliminar a necessidade de insulina e outros medicamentos para baixar o nível de glicose em doentes com diabetes tipo 2.

Estudo: Planned intermittent fasting may help reverse type 2 diabetes, suggest doctors

Este é um estudo observacional com uma amostra muito reduzida mas que deve ser valorizado pois é publicado numa revista científica credivel e sinaliza resultados verdadeiramente extraordinários que se espera sejam confirmados por estudos mais profundos, controlados e duplamente cegos, utilizando amostras muito mais alargadas.

Os doentes, 3 homens, com idades entre os 40 e os 67 anos, com hipertensão arterial e colesterol elevado, tomavam, por dia, pelo menos 70 doses de insulina. Dois deles fizeram jejum de 24 horas em dias alternados, enquanto o terceiro fez jejum três dias por semana. Durante os dias de jejum, estes homens só podiam ingerir o seguinte:

  • Líquidos de baixo teor calórico, como água, chá, café ou caldo;
  • Uma refeição também pobre em calorias à noite, ao jantar.

Jejum intermitente e diabetes

Este programa alimentar foi seguido durante um período que variou entre os sete e os onze meses. No final as reações ao jejum observadas no estudo foram as seguintes:

  • Ao fim de 5 dias, um dos doente parou de tomar insulina;
  • Ao fim de 1 mês os restantes doentes pararam de tomar insulina;
  • Dois dos doentes conseguiram parar de tomar todos os medicamentos para controlar a diabetes;
  • O terceiro interrompeu três dos quatro fármacos que tomava para os diabetes.

Os autores do estudo referem também o seguinte:

  • Todos  perderam peso, entre 10 e 18% do peso inicial;
  • Todos reduziram as suas leituras de glicemia de jejum média (HbA1c) ou hemoglobina glicada;
  • Diminuiram o perímetro da cintura;
  • Diminuiram todos o risco de complicações futuras;
  • Os doentes deixaram de injetar insulina;
  • Mantiveram o esquema de refeições sem dificuldade.

Apesar de ser apenas observacional o estudo, já teve reações positivas, referem os autores.

Estudo em detalhe

Paciente com 40 anos

O paciente 1 era um homem de 40 anos com diabetes tipo 2 há 20 anos e que tinha também hipertensão e colesterol alto. No início do estudo, este homem tomava:

  • Metformina,
  • Canagliflozina,
  • Insulina de ação longa,
  • Insulina de ação curta.

Depois de jejuar três vezes por semana durante sete meses, este doente interrompeu todos os fármacos, à exceção da canagliflozina.

Paciente com 52 anos

O paciente 2 era um homem de 52 anos que sofria da doença também há mais de duas décadas. Para além do colesterol elevado e hipertensão, tinha também uma doença renal crónica. À semelhança do primeiro doente, neste caso registou-se um jejum três vezes por semana mas durante onze meses. Este paciente deixou de tomar a dose fixa de insulina.

Paciente com 67 anos

O paciente 3, com 67 anos  sofria de diabetes tipo 2 há mais de dez. Após ter jejuado em dias alternados durante onze meses, deixou de precisar dos dois medicamentos que tomava para a diabetes:

  • Metformina,
  • Insulina pré-misturada.

“O jejum terapêutico é uma intervenção dietética subutilizada que pode fornecer uma redução superior da glicose no sangue em comparação com agentes farmacológicos padrão”, concluem os autores da investigação.

Segredos do jejum

O meu artigo sobre jejum intermitente é um dos mais antigos e interessantes publicados neste  blog e certamente um dos mais completos que encontrará para consulta informada e estudos crediveis sobre este tópico!

Clique na imagem para tirar todas as dúvidas:

JEJUM INTERMITENTE melhorsaude.org melhor blog de saude

Concluindo

O uso do jejum intermitente para controlar os niveis elevados de glicémia em doentes com diabetes tipo 2, usando insulina é virtualmente desconhecido na comunidade científica!

Este estudo embora não possa, de forma alguma, ser conclusivo, relata casos de doentes reais com diabetes tipo 2 que, alterando hábitos alimentares, conseguiram com éxito diminuir ou deixar de tomar insulina e outros medicamentos que tomavam diariamente.

Este facto é só por si de uma extrema importância pois levanta a hipótese de a medicação tradicional não ser o único caminho possivel para reverter a diabetes tipo 2!

Fique bem

Franklim Fernandes

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DIABETES E STRESS melhorsaude.org melhor blog de saude

TRABALHAR DEMAIS PROVOCA AVC ?

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Será que trabalhar demais aumenta risco de Acidente Vascular Cerebral?

Um estudo que analisou cerca de 600 mil casos da Europa, Estados Unidos e Austrália revela que trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta em 33% o risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) e em 13% a possibilidade de desenvolver um problema coronário, em relação a quem trabalha entre 35 e 40 horas por semana.

Os investigadores analisaram durante 8 anos homens e mulheres sem histórico de problemas cardiovasculares, tendo em conta outros fatores de risco, como o tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e sedentarismo, destaca o trabalho publicado na revista médica britânica The Lancet.

A análise concluiu que o risco de AVC aumenta paralelamente à duração do trabalho:

  • 10% entre as pessoas que trabalham entre 41 e 48 horas,
  • 27% entre as que trabalham entre 49 e 54 horas,
  • 33% para as que laboram mais de 55 horas.

Outras consequências de trabalhar demais:

  • Menor qualidade de sono
  • Mais cansaço
  • Mais acidentes laborais
  • Mais dores musculares e inflamações
  • Aumenta a  irritabilidade
  • Degradação da vida familiar

Falta de consciência médica

“Os profissionais de saúde deveriam ter consciência de que longos períodos de trabalho estão associados a um risco significativo de sofrer AVC e de desenvolver problemas coronários”, comentou Mika Kivimäki, professor de epidemiologia da University College de Londres e coordenador do estudo, escreve a agência France Presse.

Concluindo

Este estudo não tem uma conclusão surpreendente…é senso comum que quando trabalhamos demais sentimos a nossa saúde fragilizada! No entanto é importante saber onde nos fragiliza mais e qual a extensão e gravidade desses riscos. Esperemos que estas provas científicas mais detalhadas ajudem politicos, empresas e trabalhadores a conseguirem acordos laborais que sejam equilibrados e saudáveis no que concerne ao horário de trabalho!

Se é certo que sem empreendedores não há empresas sem trabalhadores saudáveis também não há a produtividade adequada! Uma palavra especial para todos os empreendedores individuais que tentam remar contra a maré de pessimismo formando negócios inovadores mas à custa da sua saúde e de demasiadas horas de trabalho, por terem de fazer muitas vezes a dupla função de empreendedor e trabalhador!

Fique bem

Franklim Fernandes

Fonte: Mika Kivimäki, professor de epidemiologia da University College de Londres;  The Lancet

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MAIS POPULARES MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

Hidratação e perda de memória em jovens

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Algumas das conclusões do Simpósio centrado em hidratação que se realizou no XXXVII Congresso da Sociedade Espanhola de Ciências Fisiológicas (SECF), que decorreu em Granada, foram surpreendentes e interessantes.

Uma hidratação inadequada, mesmo que ligeira, pode alterar a função cerebral em adultos jovens, assim como o seu processo cognitivo. Isto indica que a hidratação inadequada pode não só afetar negativamente populações mais vulneráveis, como idosos e crianças. Uma hidratação adequada é fundamental em todos os estágios da vida para manter as funções físicas e cognitivas apropriadas ou seja existe uma relação entre uma deficiente hidratação e perda de memória em jovens.

Para Ana Adán, do Departamento de Psiquiatria e Psicologia da Universidade de Barcelona, «uma desidratação moderada – de somente 2% -, está associada também a alterações da permeabilidade da barreira hematoencefálica, o que reduz o fluxo de sangue em algumas áreas do cérebro. Se o nível de hidratação inadequada em adultos jovens aumenta, são afetadas as capacidades de concentração e atenção, e aumenta a fadiga, cansaço e sonolência».

Em estudos realizados recentemente, foi possível mostrar através de técnicas de imagiologia como a ressonância magnética, que os adultos jovens saudáveis mas com sintomas de desidratação «necessitam de uma maior atividade neuronal para levar a cabo funções como a perceção espacial e visual», explica Adán.

Da mesma forma, níveis inadequados de hidratação diminuem também a capacidade física e mental para realizar atividades físicas e podem inclusive chegar a comprometer as funções cardiovasculares e aquelas que regulam a temperatura corporal, incrementando o risco de provocar doenças relacionadas com o calor.

Treinar para uma boa hidratação é de vital importância para manter níveis de ingestão de líquidos adequados, sobretudo quando se realiza algum tipo de atividade física ou desporto. «Da mesma forma que realizamos sessões de treino quando vamos realizar um exercício físico prolongado, devemos utilizar estas sessões para treinar o nosso organismo a estar corretamente hidratado e ter uma adequada reposição de fluidos», explica, por sua vez, Raquel Blasco, da Unidade de Medicina Interna do centro Regional de Medicina Desportiva de Castela e Leão.

«É importante beber os líquidos em pequenas quantidades para que cheguem ao estomago e sejam absorvidos pelos intestinos», alertou Blasco. «Para evitar o desconforto digestivo causado pela desaceleração do esvaziamento gástrico que ocorre quando se faz exercício físico, é importante começar a beber desde o primeiro momento em que se começa a treinar. Igualmente fundamental é a composição da bebida que se ingere, que deve conter líquidos, hidratos de carbono e eletrólitos em quantidade e velocidade suficiente para que se possa melhorar o rendimento desportivo.»