Frieiras do frio ou eritema pérnio, tratamentos causas e toda a verdade! Em Portugal frieira é um termo usado para descrever uma doença (eritema pérnio) com, sintomas dermatológicos, provocada pela exposição ao frio não causada por um fungo (micose). No Brasil o termo frieira tem um significado diferente pois descreve uma micose na pele causada por fungos, como por exemplo a micose no pé o chamado “pé-de-atleta“. Esta clarificação é muito importante pois sendo este um Blog visitado por toda a comunidade de língua Portuguesa de quando em vez os significados da nossa língua materna divergem. Para saber tudo sobre frieira/micose leia o artigo seguinte.
Neste artigo vou falar das frieiras causadas pelo frio e não de micoses. No entanto, quem estiver interessado em micoses pode ler um dos posts mais partilhados do blog sobre sobre pé-de-atleta efungos nas unhas aqui!
Quando deve consultar o médico por causa das frieiras?
Os cremes com cortisona ajudam ou não?
Existem produtos naturais eficazes?
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Frieiras ou eritema pérnio
Eritema pérnio ou frieira é uma doença provocada pela exposição ao frio que atinge, sobretudo, as zonas mais expostas ao ar e humidade, tais como:
Mãos,
Pés,
Nariz,
Orelhas.
Pode também aparecer, embora menos frequentemente, nas seguintes partes do corpo:
Cotovelos,
Joelhos,
Partes inferiores das pernas.
Eritema pérnio mecanismo de formação
As frieiras são fruto de uma resposta anormal dos vasos sanguíneos às variações de temperatura.
Nos dias mais frios, mais húmidos e com mais vento, os vasos sanguíneos que irrigam as extremidades do nosso corpo, principalmente mãos, pés e orelhas, contraem para manter a temperatura corporal. Assim, as zonas do corpo onde essa contração ocorre tornam-se mais frias, ficando até, por vezes, dormentes.
Quando estas zonas são reaquecidas, principalmente se acontecer de forma muito rápida, dá-se uma dilatação “agressiva” destes vasos sanguíneos, que deixam extravasar algum líquido do seu interior para o exterior. Este líquido provoca algum edema ou inchaço local originando uma resposta inflamatória, que leva ao aparecimento do desconforto associado às frieiras.
Importante: Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras raramente surgem.
Sintomas
Manifesta-se por uma inflamação dolorosa da pele que fica branca, fria, insensível, com comichão, inchada e vermelha. Em casos mais graves, podem levar à formação de bolhas e dar origem a feridas ulceradas e dolorosas que podem infetar e aí sim causar lesões graves… cuidado!
Se tal acontecer consulte um médico com urgência para tratar a infeção.
Mãos com frieiras simples, sem bolhas nem feridas.Mãos com frieiras graves, já com bolhas
Quanto tempo dura uma crise?
Esta não é uma resposta simples! Normalmente as frieiras duram cerca de uma semana, mas podem prolongar-se por mais tempo.
Grupos de risco mais sensíveis
As pessoas que sofrem mais de frieiras são as que desenvolvem uma reação anormal ao frio. Têm dificuldade em manter a temperaturacorporal das zonas expostas, por alterações verificadas nos pequenos vasos sanguíneos superficiais que se contraem e apertam excessivamente (vasoconstrição), não permitindo que o sangue circule, normalmente, até às extremidades e aqueça a pele. Os principais grupos de risco são os seguintes:
Mulheres jovens, sobretudo se já sofrem de Doença de Raynaud;
Idosos;
Fumadores, pois o tabaco é extremamente nocivo para a circulação sanguínea.
Causas
Na sua origem parecem intervir fatores genéticos, hormonais (as mulheres possuem pior circulação nas extremidades e reagem pior a mudanças de temperatura, devido nomeadamente às alterações menstruais) e problemas circulatórios.
As condições climatéricas tais como o frio e a humidade são fatores desencadeantes e agravantes. A doença é mais frequente nos meses de inverno e nas regiões com temperaturas mais baixas e húmidas (a humidade aumenta a condutividade do frio) e em particular nos meios rurais. Aqui, também, relacionada com o tipo de trabalho realizado na agricultura que expõe as pessoas mais frequentemente ao frio.
Tratamento
O melhor tratamento é a prevenção! Assim deve proteger diariamente a pele das zonas suscetíveis logo nos primeiros dias de frio. Repito a nota importante já referida neste artigo:
"Se não houver um arrefecimento seguido de aquecimento brusco, as frieiras não surgem"
Os cuidados preventivos, que evitam o contacto com diferenças bruscas de temperatura (principalmente passar rapidamente de um ambiente frio para um ambiente quente), são essenciais para evitar o aparecimento das queixas, sendo as medidas mais eficazes as seguintes:
Casas bem aquecidas;
Usar roupas adequadas (luvas, calçado apropriado, gorros de lã, etc.) de proteção contra o frio;
Se tiver tendência para sofrer de frieiras deve proteger-se do frio, cobrindo as zonas afetadas com roupa de preferência de lã;
Melhoram com o calor pouco intenso e com a massagem suave da zona afetada;
O exercício físico moderado é útil, pois ativa a circulação sanguínea aumentando a temperatura corporal;
Não deve aquecer diretamente as mãos no calorífero a altas temperaturas pois isso provoca uma dilatação exagerada dos vasos sanguíneos e posterior edema;
Evitar lavagens repetidas das mãos por causa da louça e outras atividades domésticas pois originam diferenças de temperatura bruscas e facilitam o aparecimento de frieiras.
Ginkgo biloba
Ginkgo Biloba (Fonte: www.pixabay.com free foto)
Ginkgo biloba, também conhecida pelos nomes populares nogueira-do-japão, árvore-avenca ou simplesmente ginkgo, é uma árvore de origem chinesa considerada um fóssil vivo, pois existia já no tempo dos dinossauros, há mais de 200 milhões de anos. É símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas no Japão.
Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando perceberam que a planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada.
As suas folhas têm sido frequentemente usadas no combate aos radicais livres e como auxiliar da oxigenação cerebral, embora não exista unanimidade científica sobre os seus efeitos benéficos.
Bioactivo Ginkgo biloba em comprimidos é um suplemento feito com plantas naturais, contém Ginkgo biloba, que ajuda a função cognitiva, como memória e concentração, além disso, Ginkgo biloba apoia a circulação sanguínea, ou seja, é bom para mãos e pés frios.
Componentes activos
Extracto de Ginkgo Biloba 60 mg
Ginkgoflavona-glicósidos 14,4 mg
Terpenolactonas 3,6 mg
Tomar 2 comprimidos por dia, ou segundo a indicação do médico. Engolir os comprimidos inteiros, em simultâneo, à refeição, acompanhados de um copo de água.
Interações e efeitos adversos
Pessoas que tomam anti-coagulantes orais devem evitar a utilização de Ginkgo Biloba.
Em alguns pacientes pode fazer baixar demasiado a tensão arterial originando a sensação de tonturas.
Se sofre de doença grave e toma algum medicamento, deverá consultar o seu médico antes de tomar BioActivo Biloba.
Creme para tratar as frieiras
Uma boa hidratação da pele ajuda mas por si só não é suficiente para proteger a mesma do aparecimento de frieiras. Assim, os cremes preventivos apenas reforçam a sua função de barreira protetora, sendo necessários cremes com funções terapêuticas suplementares, como alguns dos que de seguida descrevo.
Existe algum creme á venda na Farmácia que seja mais eficaz? Sim, existe um creme utilizado com eficácia, desde que não se trate de frieiras graves e feridas complicadas, a saber:
Trata-se de um creme regenerador, que tem as seguintes propriedades terapêuticas:
Ação antisséptica,
Rubefaciente,
Hidratante,
Antipruriginosa.
Regenera, protege e cuida a pele exposta ao frio e alivia a comichão provocada pelas frieiras. Aplique nas pele 3xdia durante 7 dias.
Creme para frieiras e pele gretada
Existe algum creme que possa utilizar-se quando temos frieiras e pele gretada? Sim, existe um creme que trata não só as frieiras mas também é adequado se existirem gretas, a saber:
Stop Frieiras possuí um elevado conteúdo em fitocêuticos e baseia-se nos benefícios terapêuticos do uso tradicional e milenar das plantas. A sua fórmula exclusiva foi desenvolvida com uma elevada quantidade de princípios ativos de origem vegetal para garantir esses benefícios.
Princípios ativos presentes vs propriedades reconhecidas:
Ginkgo-Biloba – estimulante da microcirculação da pele.
Aloé vera – hidratante, anti-inflamatório, regenerador e cicatrizante.
Escina – melhorara a circulação no tratamento da insuficiência venosa.
Bisabolol – cicatrizante, anti-irritante e anti-inflamatório.
Alantoína – humectante, anti-idade e cicatrizante/renovador celular.
Glicerina – excelente poder hidratante.
Menthyl Lactate – efeito refrescante, ajuda a diminuir a sensação de ardor e a vermelhidão.
Akilhiver creme
Akilhiver Creme Frieiras assegura a regeneração cutânea, hidrata, atenua as sensações de desconforto (formigueiro e prurido), reforça a resistência da pele ao frio e a circulação venosa.
Como tratamento aplique através de movimentos circulares sobre as zonas sujeitas a frieiras. Como prevenção aplique diariamente em toda a superfície das mãos e pés, até 3xdia durante 7 dias.
Quando deve consultar o médico?
As frieiras são difíceis de tratar e podem persistir por vários anos. Em geral curam-se por si só, apenas com o recurso às medidas preventivas. No entanto em casos graves podem ter utilidade fármacos com acção vasodilatadora que melhoram a circulação do sanguínea nas extremidades. Também deve solicitar um conselho médico se as frieiras criarem bolhas ou ulcerarem, pois podem necessitar de cuidados especiais.
Cremes com “cortisona” ajudam?
É errado aplicar cremes com cortisona, pois estes produzem uma vasoconstrição secundária, que vai agravar ainda mais o problema circulatório que é a causa desta doença. Muitas pessoas aplicam estes cremes por causa da eficácia sobre o prurido ou comichão mas os efeitos secundários podem ser bastante graves pois as chamadas “cortisonas” deprimem o sistema imunitário e, no que concerne à pele, aceleram muito o seu envelhecimento degradando, por isso, a capacidade da pele se regenerar e “Auto proteger”!
Produtos naturais são eficazes?
Existem produtos “naturais” usados nas frieiras, mas sem estudos científicos que comprovem quaisquer benefícios no seu tratamento, pelo que devem ser evitados. Muitos deles, para além de não terem utilidade terapêutica, podem causar ainda mais irritação na pele.
Concluindo
As frieiras são uma doença que afeta imensas mulheres jovens e idosos mais sensíveis ao frio. Não é uma doença grave se for tratada atempadamente. Se tal não acontecer e houver descuido pode evoluir para formas mais graves com formação de bolhas e feridas abertas. Esta situação mais severa pode, principalmente em doentes com o sistema imunitário debilitado, ser uma “porta de entrada” para todo o tipo de vírus, bactérias e fungos que desencadeiam infeções potencialmente graves para o organismo.
Resumindo, não se descuide e se tiver frieiras trate de imediato essa situação, evitando diferenças bruscas de temperatura, protegendo a pele do frio, aquecendo moderadamente a pele e aplicando um creme adequado e hidratante tal como referido neste artigo.
Referências
Dr. Manuel Soares, Médico de Clínica Geral e Familiar;
Gripe resfriado ou covid-19, quais as diferenças? Quais os sintomas? Quais as causas? Quais os perigos? Quais os dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) ou World Health Organization (WHO) sobre o Vírus Influenza? Não os confunda porque são diferentes e podem trazer-lhe graves transtornos para a saúde se não forem bem diagnosticados.
Gripe covid-19 e constipação podem afetar adultos e crianças. Mais à frente neste artigo vou diferenciar os sintomas para não restarem dúvidas, mas primeiro vamos saber porque são diferentes? Já agora…sabia que 9 em cada 10 infeções das vias aéreas são causadas por vírus?
Qual a diferença entre o resfriado comum, a gripe e a covid-19? Como podemos ajudar a identificar as situações mais graves? O CEDIME preparou as tabelas abaixo que ajudam bastante a distinguir os sintomas, leia com atenção.
A covid-19 é a doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. No que concerne a sintomas respiratórios a maioria dos doentes com covid-19 ou seja infetados com sintomas, apresentam apenas um ou dois dos seguintes sintomas:
Fora dos sintomas respiratórios estão descritos inúmeros casos de doentes Covid-19 com apenas alterações de cheiro ou paladar que são muito demoradas de recuperar e possivelmente deixam sequelas para o futuro.
Resfriado (em Portugal utiliza-se o termo constipação) é a mais comum das doenças virais porque é causada por mais de 200 estirpes de vírus, sendo o rinovírus o mais frequente com cerca de 100 estirpes. A constipação pode infetar adultos e crianças sendo que estas podem constipar-se 10 a 12 vezes por ano enquanto os adultos, em média, constipam-se 2 a 4 vezes ao ano.
A maior frequência nas crianças justifica-se pela imaturidade do seu sistema imunitário e pelo contacto mais próximo com outras crianças.
Imagem de um tipo de Rinovírus
Sintomas
Os principais sintomas da constipação são os seguintes:
Corrimento nasal
Espirros
Garganta inflamada
Irritação ocular
Início lento, não repentino
Tosse ligeira ou moderada
Dores musculares ligeiras
Ausência ou febre baixa
Tratamento do resfriado
Repouso
Ingestão de líquidos ( água ou chá )
Gargarejar com água salgada para aliviar a garganta
Aplicar no nariz sprays salinos ( tipo “água do mar” )
Paracetamol em caso de febre ( 1g de 8/8h nos adultos )
Ibuprofeno em caso de dores mais fortes ( 600mg de 12/12h nos adultos )
Anti-histamínicos ( ex. desloratadina ou cetirizina, 1 comprimido à noite ) para diminuir o corrimento nasal e os espirros
Kaloba® novidade no resfriado
O Kaloba® é uma nova terapêutica para o tratamento da constipação comum ou resfriado, à base de Pelargonium sidoides (EPs®7630), que tem um triplo mecanismo de ação:
Antivírico
Antibacteriano
Secretomotor
O Kaloba® atua na causa da doença reduzindo a severidade dos sintomas logo a partir do 2º dia e reduzindo a duração da doença. Deve ser tomado 3xdia e manter até 2 a 3 dias depois do desaparecimento dos sintomas:
A gripe é uma doença vírica, vírus Influenza, muito séria em doentes de risco, que têm o sistema imunitário comprometido, nomeadamente por causa de doenças pulmonares crónicas, correndo risco muito mais elevado de pneumonia. Também as crianças e os idosos devem ser alvo de uma atenção especial.
Grupos de risco
Existem grupos de pessoas que pela sua fragilidade imunitária necessitam de estar mais protegidos, nomeadamente tomando a vacina da gripe. Esses grupos mais expostos à gripe são os seguintes:
Idade > 60 anos
Profissionais de saúde
Diabéticos
Grávidas
Doentes com doença renal
Doentes com doença respiratória
Doentes com doença cardíaca
Doentes imunodeprimidos
Sintomas
Os sintomas mais frequentes de um quadro gripal são os seguintes:
Início repentino (3 a 6 horas)
Febre alta ( >38ºC )
Dores de cabeça fortes
Dores musculares fortes
Cansaço
Tosse seca e por vezes intensa
Estes sintomas podem evoluir para um quadro mais grave pelo que o doente e seus familiares devem estar atentos e se necessário procurar apoio médico urgente.
Sintomas de alarme para apoio médico urgente
A gripe pode evoluir para uma condição de saúde grave com quadro de pneumonia. Os seguintes sintomas indicam um agravamento do estado de saúde e devem de imediato levar o doente a procurar assistência médica urgente, a saber:
Falta de ar;
Respiração rápida;
Febre persistente;
Dor torácica ao inspirar;
Tosse com muco amarelo ou esverdeado.
Cansaço muito intenso
Imagem do vírus Influenza ( vírus da gripe )
Anatomia do vírus da gripe
Anatomia do vírus da gripe ( vírus Influenza )
Tipos de Vírus Influenza
Existem três tipos de vírus da gripe: influenza A, B e C.
Cada vírus tem sintomas semelhantes e infecta os seus pulmões e vias aéreas superiores, causando um súbito aumento da temperatura e dor em geral.
Tipicamente, todos os anos, vão estar presentes uma ou duas estirpes de influenza A a circular, bem como uma estirpe do tipo B. Nem todas as estirpes são igualmente perigosas, nem alastram da mesma forma, sendo a influenza A e a B as mais comuns.
Gripe A / Influenza A
A influenza A tem o potencial de ser o mais perigoso e prejudicial dos três tipos de vírus da gripe. Predominantemente encontrada em pássaros selvagens, a estirpe A pode e tem sido transmitida entre diferentes espécies animais, incluindo humanos.
Quando é transmitida, a estirpe altera-se e o vírus pode evoluir sem problema. Quando isto ocorre, em conjunto com o facto de a influenza ser um vírus altamente contagioso, podem ocorrer pandemias e surtos massivos do tipo A.
A gripe suína e a gripe das aves são ambos exemplos do tipo A que evoluíram através das espécies resultando num vírus potencialmente mortal. Estes vírus podem também ser divididos em diferentes subtipos dependendo do tipo de proteínas presentes na sua superfície, denominadas hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Por exemplo, a gripe suína é também conhecida como H1N1 e a gripe das aves é conhecida como H5N1.
Gripe B / Influenza B
A influenza B é mais frequentemente encontrada em humanos. É o tipo mais simples de gripe que pode ter, uma vez que este não tem uma forte capacidade de sofrer mutação e evoluir, tornando o vírus estável. Como o vírus se mantém o mesmo, foi criada uma cura e as pessoas que sofrem deste tipo podem ser tratadas relativamente fácil e eficazmente.
A estirpe B sofre mutações três vezes mais devagar que a estirpe A e por isso, os humanos são capazes de desenvolver imunidade contra esta desde tenra idade.
Gripe C / Influenza C
O tipo C é o tipo menos comum de influenza e pode ser encontrado em cães, porcos e humanos. Raramente infecta adultos, mas pode infetar crianças pequenas. Não desencadeia epidemias mas pode causar infeções respiratórias e complicações no caso de uma pessoa ser infetada.
Estirpes mais perigosas
O tipo A é a única estirpe que causa perigo de vida. A razão para isto é que os subtipos que sofreram mutação podem ocorrer sem aviso.
Estes subtipos, como a gripe suína e a gripe das aves, que podem atacar humanos, são novas estirpes do vírus para os quais ainda não existem tratamentos disponíveis. O tempo que demora a desenvolver novos tratamentos permite que o novo subtipo se alastre, motivo pelo qual as pandemias começaram.
O subtipo alastra-se rapidamente e infecta muitas pessoas. Até ser encontrada uma cura ou a contaminação estar controlada, o vírus da influenza pode causar muitas fatalidades, especialmente em áreas onde as pessoas não tem acesso a tratamento suficiente.
Transmissão do vírus da gripe
O vírus Influenza é transportado pelo ar e consegue sobreviver 24 horas fora de um organismo hospedeiro vivo acentuando assim o seu grau de contágio. Basta uma pessoa com gripe falar, tossir ou espirrar que facilmente liberta partículas infetadas que penetram facilmente noutro organismo, contagiando-o. Não é, portanto, necessário contacto físico direto para ocorrer o contágio, basta apenas alguma proximidade.
Mecanismo de ligação do vírus Influenza à superfície das células do trato respiratório:
Vírus Influenza a ligar-se ás células do trato respiratório
A proteína Hemaglutinina existente na superfície do vírus liga-se aos recetores de ácido siálico existentes na superfície das células do trato respiratório como se duma ligação “fechadura chave” se tratasse. A partir desse momento o vírus está em condições de infetar a célula dando início ao aparecimento dos sintomas.
Antibióticos podem tratar a gripe?
Os antibióticos apenas tratam doenças causadas por bactérias. Por isso são completamente contra-indicados para tratar infeções virais como a gripe ou constipação.
Aliás se forem utilizados erradamente contra doenças causadas por virus vão potenciar o aumento das resistências bacterianas ou seja vão ajudar a selecionar a sobrevivência de bactérias mais “fortes” que vão sofrer mutações e resistir a esses antibióticos no futuro.
Estas resistências obrigam à utilização de antibióticos cada vez mais “potentes” e portanto com mais efeitos secundários, nomeadamente destruindo parte da na nossa flora intestinal ( bactérias “boas” que vivem no nosso intestino ).
Esta destruição da flora intestinal vai por sua vez causar uma enorme debilidade no nosso sistema imunitário podendo aumentar o número de outras infeções “oportunistas” causadas por fungos, virus e outras bactérias. Estas infeções chamadas “oportunistas” não aparecem quando temos uma flora intestinal equilibrada.
Tratamento
Descansar em casa;
Hidratar Ingerindo bastantes líquidos ( água ou chá ) em pouca quantidade mas várias vezes ao dia;
Inalar vapores de água para suavizar a garganta;
Evitar mudanças de temperatura;
Paracetamol para baixar a febre, se superior a 38,5°C ( 1000mg de 8/8h nos adultos );
Ibuprofeno ( 400mg de 8/8h ou 600mg de 12/12 h nos adultos ) em caso de dores mais fortes e febre em simultâneo alternando com paracetamol se necessário de 6 em 6 horas;
Oseltamivir 75mg é um medicamento antivírico utilizado para tratar a gripe em indivíduos que tenham os sintomas da gripe quando o vírus circula na comunidade. Pode ser utilizado ainda na prevenção da gripe. Indicado para adultos e crianças (incluindo recém-nascidos de termo), que apresentem sintomas típicos de gripe.
Vacinar contra a gripe
Esta vacina ajuda a proteger contra o vírus influenza (gripe), sendo indicada principalmente em pessoas que têm um risco elevado de complicações associadas. A utilização deve ser baseada nas recomendações oficiais. Quando se administra a vacina da gripe a uma pessoa, o sistema imunitário (o sistema natural de defesa do organismo) vai formar a sua própria proteção (anticorpos) contra a doença.
Nenhum dos componentes da vacina pode causar gripe.
A gripe é uma doença que se pode espalhar rapidamente e é causada por diferentes tipos de estirpes que podem mudar todos os anos. Assim, é por este motivo, que pode ser necessário vacinar-se ou ao seu filho todos os anos.
O maior risco de se apanhar gripe é durante os meses frios entre outubro e março. Se você ou o seu filho não tiverem sido vacinados no outono, podem ainda ser vacinados até à primavera, já que correm o risco de apanhar gripe até essa altura. O seu médico saberá recomendar-lhe a melhor altura para ser vacinado.
A vacina da gripe vai protegê-lo, ou ao seu filho, contra as três estirpes de vírus que se encontram na vacina, cerca de 2 a 3 semanas após a injeção.
Vacina da gripe protege totalmente ?
A vacina da gripe é uma excelente proteção. No entanto apenas nos protege das 3 estirpes do vírus Influenza que a OMS ( Organização Mundial de Saúde ) estima que possam ser mais predominantes em cada ano.
Vírus inteiro vivo ou morto?
Nem vivo nem morto! Estas vacinas são inativadas e contêm antigénios de superfície ( virião fragmentado ) ou seja não contêm o vírus inteiro nem sequer “adormecido” como era habitual há muitos anos atrás.
No entanto os antigénios de superfície, que são apenas os fragmentos proteicos do vírus responsáveis pela resposta imunológica do nosso sistema imunitário, são extremamente eficazes a provocar essa resposta e portanto a proteger-nos dessas estirpes. Mesmo assim a proteção, geralmente, surge apenas passadas 2 a 3 semanas após a injeção. Significa portanto que se surgir um contacto com as estirpes contidas na vacina nas primeiras 2 semanas após a aplicação a proteção pode não estar ainda ativa e apanhar a gripe.
Composição da vacina da gripe 2023/2024
Na época 2023/2024 estão disponíveis em Portugal, no SNS e nas farmácias comunitárias, duas vacinas tetravalentes inativadas:
Influvac Tetra®
Vaxigrip Tetra®
Fluariz Tetra
De acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas tetravalentes contra a gripe, com antigénios de superfície do vírus Influenza, inativados, (hemaglutinina e neuraminidase), na época 2023-2024, no Hemisfério Norte, incluem as seguintes estirpes Virais:
A pneumonia é também uma infeção respiratória mas que pode ser causada por vírus, bactérias e fungos ( estes de forma mais rara ).
Quando o nosso organismo e sistema imunitário esta debilitado os microrganismos infeciosos conseguem passar mais facilmente os filtros naturais do nosso corpo tais como os cílios nasais ( os conhecidos “pêlos do nariz” ) e chegar mais facilmente aos pulmões.
Nos pulmões instalam-se numa espécie de pequenos sacos de ar chamados alvéolos onde são “atacados” pelos nossos glóbulos brancos que circulam no sangue.
No entanto nem sempre esta defesa é eficaz levando ao aparecimento dos primeiros sintomas da infeção principalmente nos doentes crónicos e imunodeprimidos
Sintomas de pneumonia
Alguns dos sintomas da pneumonia são similares aos da gripe mas mais graves, a saber:
Febre elevada
Suores
Arrepios
Tosse
Fadiga
Dores musculares
Dor de cabeça
Quando a infeção avança aparecem sintomas mais graves tais como:
Produção de muco
Dificuldade em respirar
Dor no peito
Como inicialmente a pneumonia pode confundir-se com gripe ou constipação, deve consultar o médico se os primeiros sintomas persistirem demasiado dias ou de imediato se aparecerem os sintomas mais graves acima referidos como a falta de ar ou dor no peito.
Perigo da pneumonia e septicémia
Se não for tratada a tempo a infeção pode alastrar para a corrente sanguínea ( septicémia ) e generalizar-se a outras partes do organismo podendo nos casos mais graves causar a morte.
Tratamento para a pneumonia
O tratamento para a pneumonia depende da causa:
Viral – tomar medicamentos antivíricos, repouso, ingestão abundante de líquidos
Fúngica – tomar medicamentos antifúngicos
Bacteriana – tomar medicamentos antibióticos
Geralmente trata-se em casa, tomando os medicamentos acima referidos, com repouso e hidratação e só em caso de dificuldade respiratória mais grave é necessário o internamento.
Concluindo
A gripe é uma doença que pode ser mais grave do que geralmente a maioria das pessoas julga. Demasiadas pessoas continuam com a ideia que a gripe é uma doença benigna que no pior dos cenários os leva a ficar alguns dias a descansar em casa e que no final o seu sistema imunitário estará preparado para vencer o vírus! No entanto existe uma preocupação crescente das entidades de saúde com eventuais mutações do vírus da gripe que podem ser letais! A história da gripe não deixa dúvidas de que, tal como no passado, algures no futuro vai existir uma mutação muito grave que pode matar imensas pessoas se não for atempadamente detetada e desenvolvida a respetiva vacina!
Entretanto mantendo, um cenário otimista, devem vacinar-se para já as pessoas com sistema imunitário mais frágil tais como doentes crónicos, idosos, diabéticos, grávidas, profissionais de saúde e outros referidos anteriormente neste artigo. Se está enquadrado em algum dos grupos de risco não tenha dúvidas vacine-se o quanto antes não esquecendo que a proteção total só é atingida 2 a 3 semanas após a aplicação da vacina!
Tosse causas perigos e tratamento… toda a verdade! Quais os tipos de tosse? Tosse seca persistente, tosse com expetoração, tosse alérgica, tosse do canil, etc quais as causas? Qual o melhor tratamento? A tosse é um sintoma muito comum geralmente sem gravidade mas que em alguns casos e doentes de risco pode ser um alerta que, se for bem diagnosticado, sinaliza algumas doenças graves como pneumonias e problemas cardíacos!
Situações de encaminhamento para apoio médico urgente;
Aconselhamento e diagnóstico correto?
Tosse não produtiva (seca);
Tosse produtiva (com expetoração);
O que significa a presença de expetoração amarelo-esverdeado?
O que significa a presença de muco com sangue?
Terapêutica não farmacológica;
Terapêutica farmacológica;
Antitússicos mais eficazes;
Mucolíticos e expetorantes mais eficazes.
Um original de Franklim Moura Fernandes
Tosse qual a sua função?
A tosse é um mecanismo de defesa que consiste na expulsão súbita e violenta de ar dos pulmões com o objetivo de remover as secreções e corpos estranhos das vias aéreas superiores. A tosse mais frequente é a causada por infeções virais do trato respiratório superior e está muitas vezes associada ao resfriado comum. A tosse pode ocorrer em qualquer altura do ano com maior prevalência na época mais fria.
Reflexo da tosse fisiologia e anatomia
O reflexo da tosse envolve cinco grupos de componentes:
Recetores de tosse,
Nervos aferentes,
Centro da tosse,
Nervos eferentes,
Músculos efetores.
O mecanismo da tosse requer um complexo arco reflexo iniciado pelo estímulo irritativo em recetores distribuídos pelas vias aéreas e em localização extratorácica. O início deste reflexo dá-se pelo estímulo irritativo que sensibiliza os recetores difusamente localizados na árvore respiratória, e posteriormente é enviado à medula.
Recetores e estímulos
Os recetores da tosse podem ser encontrados em grande número nas vias aéreas altas, da laringe até a carina, e nos brônquios, e podem ser estimulados pelos seguintes mecanismos:
Químicos (gases),
Mecânicos (secreções, corpos estranhos),
Térmicos (ar frio, mudanças bruscas de temperatura),
Inflamatórios (asma, fibrose cística).
Também podem existir recetores para tosse nas seguintes localizações anatómicas:
Cavidade nasal e os seios maxilares (nervo trigémeo aferente),
Faringe (nervo glossofaríngeo aferente),
Canal auditivo externo e a membrana timpânica,
Pleura,
Estômago (nervo vago aferente),
Pericárdio e diafragma (nervo frênico aferente),
Esófago.
Alvéolos não têm recetores da tosse
Os recetores de tosse não estão presentes nos alvéolos e no parênquima pulmonar. Portanto, um indivíduo poderá apresentar uma pneumonia alveolar com consolidação extensa, sem apresentar tosse.
Nervo vago
Os impulsos da tosse são transmitidos pelo nervo vago até um centro da tosse no cérebro que fica difusamente localizado na medula. Não se conhece o local exato do centro da tosse. O centro da tosse pode estar presente ao longo de sua extensão, já que ainda faltam evidências significativas capazes de definir sua localização precisa no encéfalo.
Os recetores da tosse pertencem ao grupo dos recetores rapidamente adaptáveis, que representam fibras mielinizadas, delgadas e contribuem para a condução do estímulo, mas ainda permanece não esclarecido seu potencial de indução de bronco-constrição.(5-6)
Os recetores rapidamente adaptáveis têm a característica de sofrerem rápida adaptação perante a insuflação pulmonar mantida por cerca de 1 a 2 segundos, e são ativados por substâncias como:
Tromboxane,
Leucotrieno C4,
Histamina,
Taquicininas,
Metacolina,
Esforço inspiratório e expiratório com a glote fechada.
Agem sinergicamente com outros subtipos de nervos aferentes para gerar tosse. Recetores de adaptação lenta ao estiramento também participam do mecanismo da tosse de forma ainda não definida.
Nervos aferentes
Outro grupo de nervos aferentes envolvidos no mecanismo da tosse é o composto pelas fibras C, as quais não são mielinizadas, possuem a capacidade de produzir neuropeptídeos, têm relativa insensibilidade à distensão pulmonar e ativam-se pelo efeito da bradicinina e da capsaicina.
As terminações das fibras C brônquicas ou pulmonares estão envolvidas na bronco constrição. No entanto, o real papel das fibras C na fisiopatologia da tosse tem sido alvo de discussões na literatura, já que o transporte dos estímulos da tosse ocorre preferencialmente através de fibras mielinizadas.
Há indícios de que as fibras C brônquicas possam inibir o reflexo da tosse. Os recetores rapidamente adaptáveis interagem com estas fibras, que geram inflamação neurogénica em resposta ao seu próprio estímulo (ácido cítrico, tabagismo, bradicinina) e, por sua vez, passam a libertar taquicininas, que ativam os recetores rapidamente adaptáveis. Este ciclo induz tosse na dependência do grau de ação nestes recetores, já que mediante estímulo leve poderá potencializá-la por mecanismo local e, sendo o mesmo mais intenso, pode inibi-la por ação reflexa central.
Em regiões basais do epitélio respiratório encontram-se terminações nervosas, principalmente do tipo sensitivas, capazes de mediar inflamação neurogénica e libertar neuropeptídeos (taquicininas) como a substância P, neurocinina A e peptídeo relacionado com o gene da calcitonina, que acarretam a produção de muco, além das consequências relacionadas com o processo inflamatório.
Causas da tosse
As causas da tosse são múltiplas, a saber:
Presença de irritantes inalados ou aspirados, incluindo o fumo do tabaco, secreções, conteúdo gástrico;
Doenças pulmonares agudas ou crónicas ou ainda mais graves como o cancro;
Qualquer situação que desenvolva inflamação, constrição, infiltração ou compressão das vias respiratórias pode desencadear tosse;
Insuficiência cardíaca;
Refluxo gastroesofágico.
Tosse produtiva e não produtiva
Tosse com expetoração (produtiva)
Há produção de muco ou expetoração
Sentida no peito
Tosse seca persistente (não produtiva)
Seca e irritativa
Não existe produção de muco
Sentida na garganta
Problemas cardíacos e tosse
A tosse pode ser um sintoma de insuficiência cardíaca pelo que, havendo história desta doença, especialmente existindo tosse persistente, o encaminhamento médico é aconselhável.
Refluxo gastroesofágico e tosse
O refluxo gastroesofágico é uma doença que afeta muitos doentes e que consiste na libertação de parte do ácido gástrico para o esófago provocando, no mínimo, uma irritação local do esófago e por vezes da traqueia provocando uma tosse tipicamente seca.
Esta tosse é mais persistente à noite ao deitar por causa da posição horizontal que potencia o refluxo gastroesofágico em pessoas mais sensíveis. Assim uma tosse noturna persistente cuja causa seja refluxo gastroesofágico,, deve ser tratada com uma saqueta de sucralfato antes de deitar. A emulsão de sucralfato forma uma barreira à entrada do estômago que dificulta a saída do ácido para o esófago e traqueia.
Infeções podem desencadear tosse
Infeções que provocam tosse com duração superior a 3 semanas como a tosse convulsa que se caracteriza por uma duração de meses, uma tosse de tipo espasmódica seguida de um “guincho” característico e infeções provocadas por microrganismos como o Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumonias, Mycobacterium tuberculoso e avium, adenovírus, vírus da influenza e outros vírus respiratórios causadores de bronquite crónica podem ser causas de tosse prolongada.
Tosse crónica e principais causas
A bronquite crónica (tosse e expetoração, na maior parte dos dias, durante 3 meses contínuos, em 2 anos sucessivos) provocada por tabagismo ou por exposição a agentes tóxicos é uma causa muito comum de tosse crónica na população em geral. Em adultos não fumadores a asma é a causa mais importante de tosse crónica. O refluxo esofágico é também uma das causas de tosse.
Medicamentos podem causar tosse?
Alguns medicamentos podem causar tosse. Entre os mais frequentes podemos referir os inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECA), utilizados na hipertensão, tais como:
Enalapril,
Captopril,
Lisinopril,
Ramipril,
A incidência da tosse varia entre 5 e 35% dos doentes que tomam estes medicamentos e cujo aparecimento dos efeitos pode ser de horas até 3 meses desde o início do tratamento.
Existem muitos outros medicamentos associados ao aparecimento da tosse, entre outros:
Antagonistas dos recetores AT1 da angiotensina II (ARA II), utilizados na hipertensão,
Inibidores da bomba de protões, utilizados para diminuir a acidez do estômago
Antiretrovirais, usados no HIV
Antagonistas dos canais cálcio, utilizados na hipertensão (ex: amlodipina)
Anti-inflamatórios não-esteroides (AINE), utilizados nas dores e inflamação,
Betabloqueadores, utilizados na hipertensão e algumas patologias cardíacas.
Apoio médico urgente
Há situações em que a tosse sinaliza a necessidade de consulta médica urgente de forma a assegurar que não estamos na presença de um grave problema de saúde. A saber:
Idade inferior a 2 anos;
Idade superior a 75 anos;
Tosse há mais de 2 semanas;
Falta de ar (dispneia) e/ou ruídos respiratórios;
Dor;
Expetoração espessa ou opaca com sangue;
Febre >38,5°C ou febre baixa durante mais de 3 dias;
Astenia, cansaço e/ou perda de peso;
Placas de pus na garganta;
Disfagia (dificuldade em engolir);
Doentes com Asma, DPOC, enfisema insuficiência cardíaca;
Doentes a tomar medicamentos como amiodarona (arritmias), IECA (tensão arterial), bloqueadores do canais de cálcio (taquiarritmia, angina de Prinzmetal e hipertensão). digoxina (coração), infliximab (doenças autoimunes);
Vigiar obstipação, depressão respiratória, antecedentes de úlceras;
Refluxo gastroesofágico.
Resumo de pontos chave:
A tosse que se prolongada mais de 2 semanas deve ser avaliada pelo médico, com auscultação pulmonar;
Antes de selecionar um medicamento deve identificar a possível origem da tosse;
Deve-se evitar a indicação sistemática de antitússicos ou seja medicamentos para tosse seca.
SINTOMAS
Tosse seca (não produtiva)
Na tosse não produtiva não há produção de muco. Este tipo de tosse é, normalmente, provocado por infeções virais e é autolimitada. No entanto existem outras causas de tosse seca, tais como:
Fumo do tabaco,
Ambiente seco,
Alterações bruscas de temperatura,
Alergénios do ar,
Asma,
Cancro do pulmão,
Alguns medicamentos, nomeadamente para a hipertensão
Refluxo gastroesofágico.
Tosse com expetoração (produtiva)
Na tosse produtiva há produção de muco (expetoração). Surge na sequência de uma hiperprodução de muco devido à irritação das vias áreas causada por uma infeção, alergia, etc. O muco transparente ou esbranquiçado não está infetado.
Expetoraçãoamarelo-esverdeado
Quando o muco tem coloração pode significar a existência de uma infeção pulmonar tal como bronquite ou pneumonia e é necessário encaminhamento médico. Nestes casos, o muco pode ser amarelo-esverdeado e estar muito espesso.
Sangue no muco expetorado
Podem aparecer vestígios de sangue no muco dando uma coloração rosa a vermelho forte. A presença de sangue no muco pode significar apenas o rompimento de um pequeno vaso devido ao esforço de tossir mas também pode ser um sinal muito grave. Sangue na expetoração necessita de encaminhamento médico.
Mucolítico e expetorante diferenças
Um mucolítico diminui a viscosidade das secreções e mucosidades facilitando a sua expulsão natural. Um expetorante estimula os mecanismos orgânicos de expulsão do muco, tais como:
Ativação do movimento ciliar,
Aumento do volume hídrico,
Aumenta a secreção aquosa das glândulas submucosas, salivares e mucosa nasal,
Estimulam o reflexo da tosse.
Terapêutica não farmacológica
Hidratação (beber 1,5 a 2 I de água por dia)
Humidificação do ambiente
Levantar a cabeceira da cama
Rebuçados sem açúcar ou pastilhas de chupar podem contribuir para o alívio da tosse.
Terapêutica farmacológica
Que cuidados devo ter?
Alguns medicamentos para a tosse devem ser evitados em diabéticos (Ex: xaropes com açúcar) e em doentes com doença coronária e hipertensão (Ex: antitússicos com codeína).
Antitússicos
São medicamentos adequados para o tratamento da tosse seca ou não produtiva. De seguida descrevo os principais e a posologia habitual para um adulto:
Levodropropizina (60mg 3xdia – antitússico de ação periférica), Ex: Levotuss®
Dextrometorfano (10 a 20mg 4/4h ou 30mg cada 6/8h – opiácio de ação central), Ex: Bisoltussin®
Oxolamina (100 a 200mg 3xdia – anticolinérgico/antihistamínico)
Antitússicos utilizam-se quando é necessário impedir o processo de tosse por alguma destas razões:
Alteração do descanso noturno ou da atividade diurna;
Irritação brônquica induz ataques de tosse posteriores
Perigo de dano para os doentes por diversos motivos (cirurgias, etc.)
Mucolíticos e expetorantes
Fármacos mucolíticos e expetorantes adequados na tosse produtiva e respetiva posologia habitual para um adulto:
Ambroxol (20 a 40mg 3xdia) Ex: Broncoliber®, Mucosolvan®
Bromexina (8 a 10mg 3xdia) Ex: Bisolvon®
Acetilcisteína (200mg 3xdia ou 600 mg 1xdia) Ex: Fluimucil®
Carbocisteína (750mg 3xdia, reduzir a 1/3 após a melhoria dos sintomas) Ex: Pulmiben®
Sobrerol ou ciclidrol (80 a 160 mg 2xdia) Ex: Mucodox®
Os fármacos mucolíticos e expetorantes ajudam a incrementar a expetoração, conseguindo aliviar e facilitar a tosse produtiva tendo ação sobre o sistema muco ciliar:
Aumentando o volume da secreção (expetorantes, ex: ambroxol);
Diminuindo a viscosidade do muco (mucolíticos, ex: acetilcisteína);
Regulando a sua consistência (muco reguladores);
Potenciando a atividade de limpeza muco ciliar.
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Quais os melhores seguros e eficazes?
A escolha do medicamento para combater a tosse depende antes demais do tipo de tosse, produtiva ou não e da segurança no que concerne a efeitos secundário e interações com outros medicamentos, assegurando sempre a eficácia do tratamento. Atualmente uma imensa fatia das prescrições médicas utiliza os medicamentos que descrevo de seguida. Entre parêntesis apresenta-se a posologia habitual para um adulto.
Tosse não produtiva ou seca
No que concerne à tosse não produtiva ou seja seca tem havido uma utilização crescente da:
Levodropropizina (60mg 3xdia – antitússico de ação periférica), Ex: Levotuss®. Não existe genérico no mercado.
Tosse produtiva ou com expetoração
No que concerne à tosse produtiva ou seja com expetoração, tem havido uma utilização crescente da:
N-acetilcisteína (200mg 3xdia ou 600 mg 1xdia) Ex: Fluimucil®. Já existe genérico no mercado.
Ambroxol (20 a 40mg 3xdia) Ex: Broncoliber®. Já existe genérico no mercado.
Efeitos secundários
Levodropropizina (antitússico)
Muito raramente observaram-se as seguintes reações adversas: Urticária, vermelhidão da pele, erupção da pele, comichão, angioedema, reações cutâneas. Foi notificado um caso isolado, fatal, de epidermólise. Dor abdominal e dor de estômago, náuseas, vómitos, diarreia. Foram notificados dois casos individuais de glossite (inflamação da língua) e febre aftosa, respetivamente. Foi também notificado um caso de hepatite colestática, assim como um caso de coma hipoglicémico numa doente idosa, que estava a tomar simultaneamente hipoglicemiantes orais.
Reações alérgicas e anafiláticas, mal-estar geral. Foram notificados casos individuais de edema generalizado, síncope e astenia. Tonturas, vertigens, tremores, parestesia. Foi notificado um único caso de convulsões tónico-clónicas e um ataque de pequeno mal. Palpitações, taquicardia, hipotensão. Foi notificado um caso de arritmia cardíaca (bigeminismo auricular). Irritabilidade, sonolência, despersonalização. Dispneia, tosse, edema do trato respiratório. Astenia e fraqueza nos membros inferiores. Foram notificados alguns casos de edema da pálpebra, na sua maioria referidos como edema angioneurótico, considerando a presença simultânea de urticária.
Foi reportado um caso individual de midríase, assim como um único caso de perda da capacidade de visão bilateral. Em ambos os casos, as reações desapareceram após a interrupção do tratamento. Foi notificado um caso isolado de sonolência, hipotonia e vómitos num recém-nascido, após a toma de levodropropizina pela mãe que o amamentava. Os sintomas apareceram depois do bebé ser amamentado e desapareceram espontaneamente, algumas mamadas, após a interrupção do aleitamento materno.
Ocasionalmente, foram observadas as seguintes reações adversas consideradas graves: alguns casos de reações cutâneas (urticária, prurido), o já mencionado caso de arritmia cardíaca, o caso de coma hipoglicémico, assim como algumas reações alérgicas/anafiláticas envolvendo edema, dispneia, vómitos e diarreia. Como já referido, um caso isolado, fatal, de epidermólise, ocorrido numa doente idosa submetida a múltiplos tratamentos.
Acetilcisteína (mucolítico)
Ocasionalmente podem produzir-se alterações digestivas tais como náuseas, vómitos e diarreias, raramente apresentam-se reações de hipersensibilidade, como urticária e broncoespasmos. Especial atenção nos doentes asmáticos pelo risco de ocorrer uma crise de asma (broncoconstrição). Nestes casos deve interromper-se o tratamento e consultar um médico
Ambroxol (expectorante)
Foram descritos pirose, dispepsia, náuseas, vómitos, diarreia e outros sintomas gastrointestinais moderados. Foram descritos, muito raramente, erupção cutânea, urticária, edema angioneurótico, reações anafiláticas (incluindo choque anafilático) e outras reações alérgicas (hipersensibilidade). Se algum dos efeitos secundários se agravar ou se detetar quaisquer efeitos secundários não mencionados neste folheto, informe o seu médico ou farmacêutico.
Concluindo
A tosse é um sintoma muito comum na população principalmente porque é muitas vezes consequência de fatores desencadeantes que estão presentes na nossa rotina diária tais como fumos, poeiras, pós com alergénios e diferenças de temperatura, só para citar alguns. Os sinais mais importantes são, no entanto, quando a tosse é causada por problemas de saúde mais graves tais como asma, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), cancro e claro infeções do trato respiratório.
Uma tosse seja ela qual for é portanto um sinal de alarme que deve ser tratado de imediato e se for persistente (mais de 15 dias) ou acompanhada de febre, dificuldade respiratória ou dor no peito deve também ser procurado apoio médico urgente! Proteja-se a tempo e evite uma evolução grave da doença subjacente.
Azia refluxo pirose enfartamento gases são problemas digestivos muito comuns principalmente em épocas festivas! Quais as causas, sinais e perigos? Que medicamentos podem piorar os sintomas? Qual o melhor tratamento e como conseguir rápido alívio dos sintomas? Como recuperar dos excessos das épocas especiais como Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversários, festas e férias?
Dispepsia sintomas, causas, prevenção e diagnóstico.
Qual a anatomia do estômago?
Azia ou pirose: O que é?
Quais os sintomas?
Refluxo gastroesofágico: O que é?
Qual a anatomia do estômago?
Qual a causa da azia?
Que medicamentos podem provocar azia?
Quais os anti-inflamatórios menos agressivos para o estômago?
Anti-inflamatórios de última geração: Serão uma boa alternativa?
Ansiolíticos e contraceptivos orais podem provocar refluxo?
Idade e azia ou refluxo: Qual a relação?
Gravidez e azia ou refluxo: O que acontece nessa fase?
O que pode tomar uma grávida para a azia?
Que factores agravam a azia e refluxo?
Que alimentos agravam a azia e refluxo?
Quais os sinais de alarme para pedir apoio médico urgente?
Como melhorar a azia e refluxo?
Quais os medicamentos mais utilizados para a azia e refluxo
Quais os efeitos secundários e interacções mais frequentes dos antiácidos?
Digestão
O que acontece durante a digestão? O sistema digestivo para levar a cabo, com sucesso, o processo de digestão total dos alimentos, é composto pelas seguintes quatro etapas essenciais:
Mastigação – acontece na boca e reduz os alimentos a um bolo alimentar pela ação mecânica de mastigar e também pela ação enzimática da saliva;
Processamento químico e enzimático – acontece principalmente no estômago com pela ação do ácido clorídrico e da enzima pepsina, entre outras; Esta é a etapa mais importante na digestão das proteinas;
Processamento no intestino delgado – absorve macromoléculas e nutrientes para a corrente sanguinea;
Fermentação e remoção da água – acontece no cólon (intestino grosso);
As substâncias simples da nossa alimentação, como a água, os sais minerais e as vitaminas (excepto a vitamina B12), são absorvidas ao longo do tubo digestivo sem sofrerem transformações. No entanto, as macromoléculas, como proteínas, gorduras e hidratos de carbono, têm de ser transformadas em moléculas pequenas e menos complexas para serem absorvidas, assim:
Proteínas são desdobradas em polipéptidos, péptidos e aminoácidos;
Hidratos de carbono são transformados em açúcares simples (monossacarídeos) como a glicose, a frutose e a galactose, entre outros;
Gorduras são parcialmente separadas em ácidos gordos e glicerinas.
Quanto tempo demora a digestão?
O tempo de digestão difere de pessoa para pessoa e entre os sexos. Após comermos, os alimentos demoram cerca de seis a oito horas até passarem do estômago para o intestino delgado.
De seguida, passam ao intestino grosso (cólon), dando-se a absorção de água e finalmente o excedente é eliminado nas fezes.
Local do sistema digestivo
Função primária
Tempo que ficam os alimentos a digerir
Boca
Digestão mecânica e química
1 minuto
Esófago
Transportar os alimentos depois de deglutidos
3 segundos
Estômago
Digestão mecânica e química
2 a 4 horas
Intestino delgado
Digestão mecânica e química
3 a 5 horas
Intestino grosso
Absorção de água
> 10 horas
Em geral os alimentos demoram cerca de 24 a 72 horas desde o momento em que são mastigados até serem eliminados nas fezes os resíduos que o nosso organismo não conseguiu utilizar.
Se estiver mais de 72 horas sem defecar isso é um sintoma de obstipação que pode ser perigoso!
Os sintomas de má digestão ou dispepsia são muitas vezes recorrentes e normalmente dividem-se em dois grupos:
Sensação de dor, ardor ou desconforto na região do estômago ou parte superior do abdómen;
Dificuldade em digerir os alimentos, seja por uma saciedade precoce ou por sensação de enfartamento após as refeições.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a dispepsia é mais frequente nos países com um estilo de vida ocidentalizado, afetando cerca de 20 a 40% da população.
A dispepsia ou indigestão é muito comum e afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, existem hábitos e condições de saúde que fazem aumentar os riscos, tais como:
Comer em excesso e demasiado depressa, sobretudo alimentos ricos em gordura;
Consumir bebidas alcoólicas em excesso;
Ser fumador;
Consumir fármacos que irritem o estômago como a aspirina e anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno ou diclofenac;
Ter uma úlcera ou qualquer outra doença do sistema digestivo;
Estar sujeito a stress emocional, ansiedade ou depressão.
Prevenção
Diagnóstico
Existem diversos exames de diagnóstico que podem despistar a dispepsia. Uma vez que os sintomas são idênticos para as formas orgânicas e funcionais desta doença, a endoscopia digestiva alta é o exame mais importante para a obtenção de um diagnóstico.
Consiste na observação direta do revestimento interno do esófago, estômago e duodeno. Complementarmente deve realizar-se uma pesquisa pela infeção por Helicobacter pylori através de uma biópsia.
As análises sanguíneas e a ecografia abdominal são outro instrumento de diagnóstico, de modo a avaliar a saúde dos órgãos anexos ao estômago, como o pâncreas, fígado, vesícula e vias biliares.
Estômago qual a anatomia?
O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado abaixo do diafragma, acima do pâncreas, entre o esôfago e o duodeno. No estômago, os alimentos são pré-digeridos e esterilizados, seguindo para o intestino, onde são absorvidos.
Em humanos, o estômago tem um volume de cerca de 50 ml (mililitros) quando vazio. Depois de uma refeição, geralmente expande-se para suportar cerca de 1 litro de comida, mas pode expandir-se até 4 litros.
O estômago apresenta duas comunicações:
Uma superior chamada cárdia, que o comunica ao esôfago
Outra inferior, chamada piloro, que o comunica ao intestino delgado.
O estômago tem duas classificações, uma cirúrgica e outr anatómica.
Na classificação cirúrgica é subdividido em:
Cárdia,
Fundo,
Corpo,
Antro,
Piloro,
Curvatura menor,
Curvatura maior,
Face anterior,
Face posterior.
Na sua classificação anatómica o estômago é dividido em:
Porção vertical chamada trituradora,
Porção horizontal chamada evacuadora.
Função
O estômago tem uma função essencial na digestão dos alimentos. No seu interior situam-se as glândulas gástricas que produzem o suco gástrico. As células da parede do estômago estão protegidas contra a forte acidez do suco gástrico, porque produzem e libertam um muco que forma uma espessa camada protetora.
No estômago, o suco gástrico é misturado com os alimentos a digerir, através dos movimentos peristálticos, e o bolo alimentar é transformado em quimo. O suco gástrico é muito rico em enzimas digestivas com particular destaque para a pepsina que é responsável pela digestão das proteínas. Assim é aqui que se incia o processo de digestão das proteínas considerado um dos mais importantes mecanismos para o bom funcionamento do nosso corpo.
Proteção contra bactérias, vírus e fungos
A forte acidez do estômago também serve de barreira protetora contra a entrada de microrganismos patogénicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas pois dificilmente algum consegue escapar com vida até ao intestino!
O adjetivo gástrico refere-se ao estômago. Assim, a retirada cirúrgica do estômago ou parte dele chama-se gastrectomia. A colocação de tubos no estômago através do abdômen chama-se gastrostomia. A modificação do estômago chama-se gastroplastia.
Helicobacter pylori
Apesar dos ácidos presentes no estômago nos manterem protegidos contra os principais agentes infeciosos, existem muitos estudos que apontam para que a bactéria Helicobacter pylori seja responsável pela maioria dos casos de gastrite crónica, úlceras gástricas e cancro do estômago (nos casos de adenocarcinoma e linfoma MALT – tipo específico de linfoma da mucosa do estômago).
Azia ou Pirose e refluxo
A azia ou pirose manifesta-se por uma sensação de ardor na parte posterior do esterno e que se estende desde a parte superior do estômago até à boca podendo haver refluxo ou regurgitação com sabor ácido ou amargo.
Sintomas mais comuns
A azia manifesta-se das seguintes formas:
Ardor incómodo na linha média da parte superior do estômago (epigastro) e que se pode estender para a parte posterior do esterno.
O ardor pode sentir-se apenas na parte do esterno mas pode também sentir-se na garganta, provocando um sabor amargo na boca.
Pode haver dor.
Causas da Azia
Os sintomas da azia são causados pelos conteúdos do refluxo esofágico, de natureza ácida, no esófago, que irritam a superfície sensível da mucosa. Trata-se de um problema de saúde que não causa transtorno em pessoas saudáveis, salvo se a sua frequência e intensidade aumentar. Poderá, no entanto, em alguns casos, ser sinal de problemas de saúde mais sérios.
Uma das causas mais comuns da irritação esofágica é a própria doença de refluxo esofágico devida a deficiências do esfíncter esofágico inferior. Também a hérnia do hiato pode provocar acidez resultado de parte do estômago escapar pelo diafragma, embora não se manifestem sintomas em todos os doentes.
Medicamentos que podem provocar azia
Alguns medicamentos podem provocar irritação gastro esofágica, a saber:
Ácido acetil salicílico (AAS) – Ex. Aspirina®
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE), tais como, Brufen® (ibuprofeno), Voltaren® (diclofenac), Nimed® (nimesulide), Naprosyn® (naproxeno). Profenid® (cetoprofeno), piroxicam,
Diazepam (Valium®)
Alprazolam (Xanax®)
Contraceptivos orais
Alendronato, utilizado na osteoporose
Corticoides, utilizados no combate à inflamação
Antagonistas do canais de cálcio, utilizados em algumas doenças cardiovasculares
Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, utilizados como antidepressivos
Clopidogrel, utilizado para evitar a formação de coágulos em doentes de risco ou com doença cardiovascular
Digoxina, utilizada como cardiotónico no tratamento da insuficiência cardiaca e taquicardia
Teofilina, utilizada como broncodilatador
Eritromicina é um antibiótico
Tetraciclinas é uma classe de antibióticos
Suplementos de ferro, utilizados, por exemplo, no tratamento de muitas anemia
Potássio
Anti-inflamatórios menos agressivos
Praticamente todos os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) clássicos referem como reações adversas problemas de irritação gástrica que podem manifestar-se também quando a administração é parenteral ou retal. O ibuprofeno (Brufen®) e o diclofenac (Voltaren®) parecem ter menor risco de toxicidade gástrica, situando-se numa posição intermédia o naproxeno e o AAS e, com maior risco o piroxicam, o cetoprofeno, entre outros.
Anti-inflamatórios de última geração
Existe uma classe de anti-inflamatórios mais recente, Os anti-inflamatórios não esteroides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase-2 (Coxibes) são fármacos utilizados no tratamento da dor e inflamação crónica, principalmente em patologias de origem musculoesquelética, como:
Artrite reumatoide,
Osteoartrose,
Espondilite anquilosante.
Os Coxibes mais prescritos são os seguintes:
Celecoxib (Celebrex®, Solexa®))
Etoricoxib (Arcoxia®, Exxiv®)
Os Coxibes têm como objetivo a inibição seletiva de uma das isoformas da enzima ciclo-oxigenase, a COX-2, que regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Existe evidência clínicas de que os Coxibes podem também atuar na prevenção de cancros e na doença de Alzheimer, devido à indução da COX-2 em diversos tecidos.
Os Coxibes possuem eficácia terapêutica semelhante aos anti-inflamatórios não esteróides clássicos, no entanto, demonstram uma diminuição significativa dos efeitos adversos gastrointestinais, característicos dessa classe. Contudo, só após a sua comercialização foi possível observar o aumento do risco cardiovascular associado ao tratamento com Coxibes. A análise do estudo VIGOR levantou as primeiras dúvidas, mas foram os resultados do estudo APPROVe que desencadearam a retirada voluntária do Vioxx® em setembro de 2004, seguindo-se a retirada de mais dois fármacos desta classe.
A publicação de diversos ensaios clínicos evidenciam o aumento generalizado do risco cardiovascular, que inclui aumento do risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, sendo que estes efeitos adversos agravam-se em doentes com antecedentes de risco cardiovascular.
Na sequência destes resultados, as entidades internacionais, FDA e EMA, emitiram advertências de utilização dos Coxibes, devendo estes ser prescritos na menor dose eficaz, durante o mais curto intervalo de tempo, a fim de evitar o riso associado ao tratamento prolongado. Torna-se assim premente a avaliação dos benefícios gastrointestinais e dos riscos cardiovasculares dos Coxibes, de modo a aferir a segurança da sua utilização
Ansiolíticos contracetivos e alendronato
Os ansiolíticos diazepam (Valium®) e alprazolam (Xanax®), os contracetivos orais (pílula contracetiva) e o alendronato, utilizado para tratar a osteoporose, podem provocar o relaxamento do esfíncter do esófago facilitando o refluxo do ácido do estômago para o esófago e provocar irritação da mucosa do esófago.
Entre alguns outros medicamentos que se relacionam com a toxicidade gástrica podemos referir os seguintes dos quais refiro entre parêntesis a utilização terapêutica:
Corticoides (inflamação e alergias);
Antagonistas dos canais de cálcio (hipertensão);
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (antidepressivos);
Clopidogrel (anticoagulante);
Suplementos de ferro (anemia);
Digoxina (insuficiência cardíaca);
Teofilina (asma);
Eritromicina (infeções);
Tetraciclinas (infeções);
Potássio (acne, prisão de ventre, cãibras, fraqueza muscular).
Idade e aparecimento de azia
Os sintomas de refluxo esofágico ocorrem mais frequentemente em doentes de idade superior a 55 anos. A azia não ocorre normalmente em crianças, embora possa ocorrer em adultos jovens e particularmente em grávidas.
Azia na gravidez
Estes são alguns dos sintomas típicos durante a gravidez :
Dor por trás da costelas e ruídos estomacais
Estômago pesado, dilatado e desconfortável depois de comer
Cãibras estomacais, arrotos e libertação de gases (flatulência)
Sensação de ardor no peito ou na garganta depois de comer
Sensação de mal-estar a acumulação de gases
Fluido quente, ácido ou salgado, no fundo da garganta e dificuldade em engolir.
Sintomas de azia na gravidez
Muitas mulheres sofrem pela primeira vez de azia durante a gravidez. Na verdade, entre 40% a 80% das mulheres grávidas sofrem de azia. E não é difícil perceber porquê – o seu corpo está a sofrer muitas alterações hormonais e físicas.
Durante a gravidez, o seu corpo produz uma hormona, a progesterona, que torna a digestão mais lenta e relaxa a válvula muscular entre o esófago e o estômago, aumentando o risco de refluxo ácido. Em resultado, existe um maior risco de passagem dos ácidos estomacais para o esófago, provocando uma sensação de ardor no peito e na garganta. À medida que o feto cresce, a pressão no estômago aumenta, forçando a entrada dos ácidos estomacais no esófago e causando refluxo gastroesofágico.
Estes sintomas têm mais tendência a ocorrer depois das refeições e quando a mulher se dobra ou deita, mas depois do parto a pressão no estômago desaparece, tal como os sintomas associados.
Grávida com azia como tratar?
Os comprimidos mastigáveis ou pastilhas que associam carbonato de cálcio 680 mg e carbonato de magnésio 80 mg (Ex. Rennie®), são adequadas para o alívio dos sintomas relacionados com a produção de ácidos gástricos durante a gravidez e a amamentação, uma vez que os seus ingredientes (cálcio e magnésio) existem naturalmente no organismo e nos alimentos, desde que sejam cumpridas as indicações de toma e evitada a ingestão prolongada de dosagens elevadas.
A dose habitual é 1 ou 2 pastilhas, até 3 vezes ao dia (de preferência 1 hora após as refeições e antes de deitar). No caso de azia ou dor de estômago mais intensa, pode aumentar a dose até ao máximo 8 vezes por dia.
Fatores que agravam a azia
Os fatores que agravam a doença podem ajudar a avaliar o problema. Na azia pode haver agravamento com:
Aumento de peso,
Quando o doente está na posição horizontal,
Quando o doente faz uma refeição abundante.
Alimentos que agravam a azia
Identificar os alimentos que possam provocar a acidez é de extrema importância para melhorar os sintomas, a saber:
Café ou bebidas com cafeína,
Bebidas alcoólicas,
Refrigerantes com gás,
Comidas muito gordurosas
Comidas temperadas,
Chocolate,
Menta,
Citrinos,
Derivados do tomate.
Sinais de alarme para apoio médico urgente
Idade inferior a 6 anos
Idade superior a 75 anos
Sintomas presentes durante mais de 3 meses num ano
Sangue nas fezes
Perda de mais de 10% da massa corporal
Icterícia
Náuseas e vómitos persistentes
História prévia de ulcera péptica
Causa psicológica ou psiquiátrica ( Ex: ansiedade)
História familiar de cancro gastroesofágico
Cirurgia prévia a cancro gástrico
Consumo crónico de álcool
Tabagismo
Por vezes a dor surge repentinamente ou de modo muito severo podendo irradiar para as costas e braços. Nesta situação a dor pode mimetizar um enfarte o que exige um urgente encaminhamento médico. Alguns doentes que pensam estar a ter um problema de azia/acidez podem estar a ter, na verdade, um ataque cardíaco.
Pode haver dificuldade de deglutição e por vezes há regurgitação devido a obstrução do esófago o que pode pressupor um cancro.
Crianças com sintomas de azia
O aumento da frequência e da intensidade
Ineficácia após 7 dias de tratamento
Tratar a azia mas como?
Existem diversas medidas e atitudes que podem ajudar a evitar ou melhorar os sintomas de azia, a saber:
Evitar o excesso de peso.
Evitar comidas abundantes.
Comer em pequenas quantidades.
Coma com tempo e mastigue os alimentos devagar.
Sente-se direito quando comer e não coma no sofá.
Não coma tarde, nem “à pressa”.
Tentar comer 2 a 3 horas antes de se deitar.
Identificar e evitar os alimentos que possam provocar a acidez, tais como o café ou bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, refrigerantes com gás, comidas muito gordurosas ou temperadas, chocolate e menta, citrinos e derivados do tomate.
Não fumar ou pelo menos reduzir a frequência.
Evitar roupa ajustada ou cintos apertados.
Evitar exercício intenso, se este piorar a azia.
Se tem tendência a sintomas noturnos, deverá erguer-se ligeiramente com a ajuda de algumas almofadas
Medicamentos para tratar azia
Existem diversas classes de medicamentos que podem ser utilizados para tratar os sintomas e efeitos prejudiciais da azia e refluxo do ácido gástrico. As principais são as seguintes:
Alginatos (ex: alginato de sódio);
Antiácidos clássicos (ex: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio fosfato de alumínio, Magaldrato);
Inibidores da bomba de protões (ex: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol).
Alginatos em associação com antiácidos
Alginato de sódio 250 mg + bicarbonato de sódio 133,5 mg + carbonato de cálcio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 2 a 4 comprimidos até 4Xdia (Gaviscon®)
Alginato de sódio 500 mg + bicarbonato de sódio 267 mg + carbonato de cálcio 160 mg/10 mg, saquetas, 1 a 2 saquetas 4x/dia (Gaviscon Duefet®)
Alívio rápido dos sintomas
Como atuam estas associações de alginatos com antiácidos?
Estas associações funcionam de duas maneiras para aliviar de forma eficaz os sintomas de azia e indigestão:
1) O alginato de sódio começa por formar uma camada espessa no topo dos conteúdos do estômago, assim que entra em contacto com os ácidos do estômago. Esta camada funciona como uma forte barreira física e ajuda a manter os conteúdos do estômago no interior do estômago, onde pertencem, e não no esófago, onde são prejudiciais.
2) A associação de antiácidos (carbonato de cálcio com bicarbonato de sódio) neutraliza o ácido gástrico, proporcionando alívio rápido da indigestão e da azia.
Vídeos demonstrativos:
Antiácidos
Carbonato de dihidróxido de alumínio e sódio 340 mg, pastilhas, 1-2 comp. 4xdia. (Kompensan®)
Hidróxido de alumínio 240 mg, comprimidos mastigáveis, 1-4 comp. 4Xdia.
Carbonato de cálcio 680 mg, carbonato de magnésio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 1-2 comp. até máx. 8Xdia (Rennie®)
Hidróxido de alumínio 200 mg, hidróxido de magnésio 200 mg, dimeticone 26,25 mg, comprimidos mastigáveis, 2-4 comp. 4Xdia.
Fosfato de alumínio, 12,38 g de gel de fosfato de alumínio a 20%, saquetas, 1-2 saq. 3Xdia.
Hidróxido de magnésio, 83mg/ml, suspensão, 5-15mI3Xdia.
Bicarbonato de sódio 2081.8 mg, comprimidos efervescentes, 2 comp. até 4Xdia.
Magnésio e Alumínio
Os antiácidos compostos por sais de alumínio e de magnésio em associação podem parecer ideais, pois um componente completa o outro. O hidróxido de alumínio dissolve-se lentamente no estômago causando um alívio prolongado. Já os sais de magnésio agem rapidamente, neutralizando os ácidos com eficácia. Os fármacos que contêm ambos os componentes causam alívio rápido e prolongado.
Carbonato de cálcio
Este foi o principal antiácido durante muito tempo. Atua rapidamente, neutralizando os ácidos por um tempo significativo. Outro ponto positivo, é que esta é uma fonte económica de cálcio. No entanto corre-se o risco de sobredosagem deste mineral, uma vez que a quantidade máxima diária não deve superar 2000 mg,
Bicarbonato de sódio
Este foi utilizado durante décadas como neutralizante da acidez. É uma ótima solução, a curto prazo, para a má digestão. Contudo, seu uso exagerado pode provocar quebra do equilíbrio ácido-base do organismo, resultando em uma alcalose metabólica. Além disso a sua concentração de sódio também pode levar a problemas em indivíduos com insuficiência cardíaca e hipertensão.
Os sais de magnésio têm ainda efeito laxante, enquanto os sais de alumínio são obstipantes; sendo assim, é comum encontrar associações entre ambos os fármacos, visando minimizar estes efeitos colaterais.
Inibidores da Bomba de protões
Os inibidores da bomba de protões (IBPs) reduzem a produção de ácido pela diminuição da atividade da bomba de protões no estômago. Isso acontece porque um dos componentes vitais do ácido, o hidrogénio, já não pode ser produzido.
Os IBPs proporcionam um alívio prolongado, no entanto o início de ação demora algum tempo. Algumas pessoas continuam a ter sintomas de azia e indigestão, mesmo a tomar IBPs. No entanto, os alginatos, como Gaviscon®, podem ser tomados em simultâneo com os IBPs para ajudar a aliviar os sintomas.
São exemplos de IBPs os seguintes:
Omeprazol 10 e 20 mg,
Lansoprazol 15 e 30 mg,
Pantoprazol 20 e 40 mg
Esomeprazol 20 e 40 mg
Os inibidores da bomba de protões são geralmente tomados 1xdia, de manhã em jejum.
Os principais efeitos adversos e interações da terapêutica farmacológica para a azia, com antiácidos, são os seguintes:
Alergia
Obstipação
Redução da absorção de alguns antibióticos tais como as tetraciclinas, quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina, ofloxacina e levofloxacina) e cefalosporinas. Estas reduções de absorção podem atingir os 90% e são devidas à formação de quelatos insolúveis entre os medicamentos e os iões de alumínio
A ação de glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a levotiroxina, e o eltrombopag (Revolade®), pode ser afetada se tomar antiácidos ao mesmo tempo. É conveniente fazer um intervalo de 1-2 horas entre a toma do antiácido e a toma de outro medicamento.
Concluindo
A azia é um sintoma comum e na maioria das vezes é transitório. As medidas não farmacológicas podem ser efetivas no tratamento da azia. Os antiácidos de ação rápida são a primeira opção. A dor provocada pela azia pode ser confundida com um ataque cardíaco mas também pode mascarar um enfarte a decorrer, pelo que deve sempre, por precaução, procurar apoio médico urgente. Nas grávidas a azia é frequente e transitória desaparecendo em regra após a gravidez. A azia deve sempre ser tratada porque se trata de ácido do estômago que escapa para o esófago e “queima” deixando lesões locais que se forem frequentes podem degenerar para doença grave!
Superalimentos toda a verdade! O que são? Quais os benefícios? Quando e como comer? Quais os estudos científicos que apoiam os seu efeitos benéficos na nossa saúde?
Existem alimentos verdadeiramente extraordinários, com características únicas que podem potenciar de forma fantástica a nossa saúde. No entanto e apesar disso temos sempre que nos lembrar de não exagerar pois o excesso pode ter consequências por vezes graves! Cuidado com as modas alimentares que por vezes esquecem as reações únicas de cada um de nós! Os sistemas imunitários não são todos iguais e podem causar-nos surpresas perigosas principalmente quando contactam com algo novo introduzido na sua fisologia.
Segundo os nutricionistas, têm esta designação por serem ricos em determinado nutriente, fazendo com que tenham um efeito quase terapêutico para o organismo.
Quais são os superalimentos?
A lista é longa mas comecemos com aqueles que já começaram a fazer parte da nossa alimentação, ocupando o lugar tipicamente dado ao arroz, massa e batata, a saber:
Quinoa
Batata doce
Trigo sarraceno
Bulgur
As espécies de cereais, grãos ou plantas acima referidas, pelas suas características, ajudam a:
Controlar a Diabetes
Fortalecer o sistema imunitário
Indicados nutricionalmente para uma dieta de emagrecimento
Mais adiante referiremos alguns dos restantes superalimentos.
Excesso de peso e superalimentos
Atualmente há muitos mais doentes que procuram um nutricionista para uma reeducação alimentar. Em vez de dietas milagrosas com resultados de curta duração os nutricionistas vêem cada vez mais pessoas interessadas em aprender a comer melhor, apostando numa mudança a longo prazo.
Alterar hábitos alimentares sem ter como único objectivo ver descer o ponteiro da balança é essencial para prolongar resultados e conseguir assumir novos hábitos de forma independente, sem ter que estar constantemente a ser acompanhado por um especialista.
Os superalimentos existem há muitos anos em diferentes culturas. O importante é estar atento ao que vai chegando ao nosso mercado. Existe actualmente a crescente preocupação da indústria para dar opções mais saudáveis aos clientes.
Os restaurantes começam a ter mais opções vegetarianas e as áreas saudáveis dos supermercados começam a ter corredores cada vez mais recheados e a abertura de restaurantes e supermercados categorizados como biológicos e, por isso, mais saudáveis são também pontos positivos.
Apesar das frutas e legumes serem ainda os produtos mais procurados alguns supermercados têm já zonas que são oásis de quem opta por alternativas para fugir à alimentação mais tradicional. Para essas pessoas, bagas de goji, açaí, maca ou spirulina são tão comuns no dia-a-dia como o sal e a pimenta que todos usamos na cozinha.
Moda ou um estilo de vida?
Se a alimentação saudável é uma moda, então que venha para ficar e, tal como qualquer outra moda, vive de ciclos. Os chamados sumos detox sempre foram feitos, com o nome de batidos de frutas. As papas de aveia, que têm vindo a tomar conta dos pequenos-almoços, mais não são que as papas das nossas avós.
Os pratos são recuperados mas agora, além de ocuparem os livros de receitas, enchem também os murais das redes sociais. A preocupação é o bom empratamento, o ângulo certo e uma foto que faça jus à qualidade do prato. Além de servir para exibir dotes, serve também de inspiração e motivação para quem se inicia na vida saudável.
Basta explorar o Instagram para se deparar com pratos de legumes salteados com quinoa e gengibre e bolo de banana sem glúten e sem lactose para sobremesa.
Alguns dos superalimentos mais ricos nutricionalmente
12 SUPERALIMENTOS
Quinoa
Quinoa é um superalimento que pode substituir o arroz ou a massa
Vantagens da Quinoa:
Sem glúten
Rica em ácidos gordos e vitaminas
Acção antioxidante
Pode ser servida em saladas, sopas, panquecas ou como acompanhamento, substituindo o arroz ou massa.
Maca
Maca é um superalimento energético e afrodisíaco que pode juntar-se a um iogurte ou sopa
Sim está bem escrito! Lê-se maca e não maça!
Vantagens da Maca:
O pó de maca ajuda a regulação hormonal, em casos de menopausa
Energético
Afrodisíaco
Tem um sabor forte, por isso o melhor é juntar a iogurtes ou sopas.
Bagas de Goji
As Bagas de Goji fortalecem o sistema imunitário e combatem o envelhecimento. Podem juntar-se a iogurte, cereais ou saladas
São frutos vermelhos desidratados e consumidos nas formas seca e crua.
Vantagens das bagas de Goji:
Combate o envelhecimento
Fortalece o sistema imunitário
Pode servir para fazer chá, ou para enriquecer as saladas, iogurtes ou cereais de pequeno-almoço.
Açai
O Açai diminui o colesterol e é antioxidante. Pode juntar-se a iogurte
Vantagens do Açai:
Rica em proteína e fibra
Diminui o colesterol
Forte poder antioxidante
Comprando em polpa ultracongelada, pode ser comida como gelado, servida em batidos ou com iogurte,
Spirulina
A Spirulina é uma micro alga com elevado teor de proteina, sendo regeneradora após actividade física . Pode juntar-se a sumos e sopas
Vantagens da Spirulina:
Micro alga predominantemente composta por proteína
Actividade regeneradora após actividade física
O sabor é forte, por isso é aconselhável que se junte a sumos ou sopas
Gengibre
Além de estar associado à prevenção de náuseas e vómitos, está também provado que a ingestão de gengibre permite reduzir os níveis de inflamação, seja ela aguda ou crónica, como no caso da artrite reumatoide, por exemplo. O gingerol é uma das substâncias ativas presentes no gengibre com ações benéficas para o organismo, sendo antioxidante e anti-inflamatório.
Açafrão
O açafrão é extraído dos pistilos de flores de Crocus sativus, uma planta da família das Iridáceas. É utilizado desde a Antiguidade como especiaria, principalmente na culinária do Mediterrâneo — região de onde a variedade é originária — na preparação de risotos, aves, caldos, massas e doces. É um ingrediente essencial à paella espanhola.
Há séculos que o açafrão é também utilizado com fins medicinais. Historicamente foi utilizado no tratamento do cancro e de estados depressivos. Estas aplicações têm sido pesquisadas atualmente.
Efeitos promissores e seletivos contra o cancro têm sido observados in vitro e in vivo, mas não ainda em testes clínicos. Efeitos antidepressivos também foram encontrados in vivo e em estudos clínicos preliminares. Há portanto interessantes perspectivas de uso dos extratos de açafrão na fitoterapia racional.
Açafrão e os benefícios estudados
De seguida descrevo estudos sobre alguns dos mais importantes benefícios do açafrão, incluindo:
Introduza de forma gradual pelo menos alguns destes alimentos na sua alimentação e sinta a diferença para melhor na sua saúde. Algumas das grandes superfícies já têm espaços próprios para estes alimentos, tornando a sua procura mais fácil. Se em simultâneo evitar os alimentos processados você não vai acreditar no que lhe vai acontecer… retardando o envelhecimento!
A disfunção sexual (DS) é a alteração de uma ou mais etapas da relação sexual,1,2 que impede uma atividade sexual satisfatória.1 Este artigo tem como principal referência o trabalho de meta análise, da Dra Aurora Simón, Diretora técnica do CIM, Centro de Investigação do Medicamento, da Ordem dos Farmacêuticos.
A função sexual pode ser afetada de diversas formas:
Anorgasmia (ausência ou dificuldade em alcançar o orgasmo);
Dispareunia (dor na mulher durante ou após penetração sexual). 2
Nos homens, a forma mais habitual de disfunção sexual é a disfunção eréctil, nas mulheres a mais frequente é a diminuição da libido.1
As cinco grandes mentiras sobre saúde
Causas
Em muitas ocasiões, a etiologia da disfunção sexual não é clara. 3,4 Podem influir fatores psicológicos e psiquiátricos, como ansiedade, depressão ou esquizofrenia,3-5 bem como o próprio processo de envelhecimento3,4,6 e aspetos socioculturais. 6 Têm sido documentadas etiologias orgânicas, como diabetes,3,4,7 doença de Addison, hipogonadismo, alterações tiroideias,3,4 doenças cardíacas,7 neurológicas e neoplasias. 6 Outros fatores que podem afetar a função sexual incluem o consumo de álcool ou drogas. 1-4
A disfunção sexual também é um efeito colateral de diversos medicamentos, podendo ter um impacto importante nas relações pessoais, na qualidade de vida e na capacidade de procriar. 1 As alterações sexuais associadas ao tratamento medicamentoso também podem favorecer a não adesão ao tratamento farmacológico. 1,2,5
A relação causal e a incidência de disfunções sexuais com um determinado medicamento são difíceis de determinar, pois certas doenças afetam também a função sexual. Existem poucos ensaios clínicos que tenham avaliado especificamente efeitos adversos de medicamentos na função sexual. A maioria dos dados procedem de relatos de casos, ensaios clínicos pós-comercialização e da farmacovigilância. 1 A literatura tem enfatizado os problemas sexuais masculinos, existindo menos dados sobre os problemas femininos ou de casal. 2,8
Os medicamentos podem alterar a função sexual por várias vias, tais como:
Os que afetam o desejo sexual, geralmente, atuam a nível central e podem causar este efeito por sedação ou por alteração hormonal.
Os fármacos que interferem no sistema autónomo podem ter efeitos negativos na função erétil, na ejaculação e no orgasmo.
Os que interferem com hormonas (por ex., moduladores seletivos dos recetores de estrogénios como o tamoxifeno) podem afetar a resposta vaginal.
Em relação aos neurotransmissores e hormonas implicados, a dopamina, a norepinefrina e a acetilcolina tendem a ter um efeito positivo na função sexual, enquanto a serotonina e a prolactina tendem a inibi-la. A testosterona é necessária para a excitação sexual normal em homens e mulheres. A sua deficiência em homens está associada à disfunção erétil ou impotência masculina. Níveis reduzidos de estrogénios reduzem o desejo e a excitação.1
A DS associada a medicamentos tende a ser subvalorizada, pois muitas pessoas e profissionais de saúde são relutantes em abordar esse tema. 1,5 As pessoas podem não estar cientes de que os seus problemas sexuais se desenvolveram como resultado do tratamento. 2
Fármacos implicados na disfunção sexual
São diversos os medicamentos que podem afetar as função sexual masculina e feminina, os principais são os seguintes:
Bloqueadores alfa (muito usados na hiperplasia benigna da próstata);
Análogos da hormona libertadora de gonadotropina;
Inibidores da protease;
Ciproterona;
Pseudoefedrina,
Dissulfiram;
Naproxeno;2
Ibuprofeno;16
Anti-histamínicos;
Opioides; 2,3
Digoxina. 4,5
Anti-hipertensores e disfunção sexual
A maioria dos estudos sobre disfunções sexuais associada a fármacos cardiovasculares são sobre anti-hipertensores. 8 A própria hipertensão pode ser também um fator de risco para DS. 1,2,4 O efeito dos bloqueadores beta-adrenérgicos na função sexual tem sido debatido. 5 Num estudo, 20% dos homens tomando bloqueadores beta apresentaram DS. 2 Contudo, uma revisão sistemática mostrou apenas um ligeiro aumento do risco. 9 Têm sido referidas alterações na função erétil. 5,8 A frequência de disfunção sexual parece ser baixa, especialmente com os fármacos menos lipofílicos e mais cardiosseletivos. 3,4
Os agonistas alfa adrenérgicos de ação central (clonidina, metildopa) podem causar disfunção erécil e reduzir o desejo e a excitação. 2,4,5 Os diuréticos também têm sido implicados em alterações na função sexual,2 mas a incidência de DS induzida por diuréticos tiazídicos é baixa. 4 O bloqueador do recetor de aldosterona, espironolactona, pode estar associado a DE e ginecomastia. 2
Os bloqueadores alfa, os inibidores da enzima da conversão da angiotensina (IECA), os antagonistas de recetores de angiotensina II e os bloqueadores dos canais de cálcio geralmente não causam DS. 1,4 Alguns trabalhos apontaram possíveis efeitos benéficos com alguns fármacos (IECA, nebivolol). 2,5,8 Porém, os dados sobre os efeitos neutros ou benéficos de fármacos na função erétil precisam de ser confirmados.
Medicamentos com ação no Sistema Nervoso Central
As doenças psiquiátricas subjacentes também podem contribuir para a disfunção sexual. 4 Até 70% das pessoas com depressão apresentam DS, que pode afetar qualquer fase da atividade sexual. 2 A DS é também um potencial efeito colateral dos antidepressores em homens e mulheres. 2,10,11 Evidências sólidas sugerem que este grupo afeta adversamente uma ou mais das fases da resposta sexual. 10 Os efeitos podem incluir alterações no desejo sexual, problemas de ereção ou problemas de orgasmo. A gravidade dos efeitos depende do indivíduo, e do tipo e dose do antidepressor específico. Para algumas pessoas, os efeitos colaterais sexuais podem diminuir, à medida que o organismo se ajusta à medicação. 11 Os dados sobre a prevalência de DS causada por antidepressores são muito variáveis (10% a 80%), devido à grande variação nas abordagens metodológicas dos estudos. 10
Os antidepressores com fortes propriedades serotoninérgicas parecem ter a maior taxa de efeitos colaterais sexuais. Tem sido observada DS especialmente em pessoas tratadas com inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e com inibidores a recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSN). 1,10 Podem causar DE, inibição do desejo sexual e diminuição da lubrificação vaginal. 2 Os ISRS podem levar a diminuição ou perda total da libido,10,18,19 orgasmo ou ejaculação retardados ou anorgasmia. 4 Os ISRS têm sido usados para tratar a ejaculação precoce. 3,4 A frequência dos efeitos colaterais sexuais pode variar entre os diferentes fármacos do grupo. Os sintomas parecem ser dependentes da dose e pode estar envolvido polimorfismo genético. Embora existam raros relatos de efeitos sexuais adversos que persistem após a descontinuação do uso de ISRS, não há evidência concludente de que os efeitos sejam persistentes. 12
Quase todos os antidepressores tricíclicos (amitriptilina, doxepina, imipramina e nortriptilina) podem ter um impacto negativo na libido. 2,5 Existem relatos de DE e problemas ejaculatórios. 3,4 Os inibidores da monoamina oxidase (fenelzina, isocarboxazida, tranilcipromina) também estão associados à DS. 2 Esta inclui desejo sexual reduzido, dificuldades de ereção, orgasmo retardado,10 e problemas de ejaculação. 4,10 A moclobemida, inibidor reversível, está associada a uma baixa prevalência de DS. 10 Embora tenha sido relatado que aumenta o desejo sexual, as doses utilizadas no estudo foram consideradas subterapêuticas. 2 A incidência de DS reportada por doentes em tratamento com selegilina foi baixa, similar ao placebo. 10,12
Alguns estudos sugerem que o bupropiom, a agomelatina, a mirtazapina e a moclobemida produzem menos DS, sendo os dados mais consistentes no caso do primeiro. 1,10,12 No acompanhamento da terapêutica com antidepressores é essencial abordar a DS. 10
A disfunção sexual é um efeito potencial dos antipsicóticos, 3,4,13 embora seja muito difícil determinar com precisão a prevalência real. Dados sólidos sugerem que muitos afetam adversamente uma ou mais fases da resposta sexual. 13 Muitas pessoas com esquizofrenia apresentam problemas sexuais, podendo ser difícil distinguir os efeitos da doença na função sexual dos efeitos da medicação. 2 A maioria dos antipsicóticos produz DS ao bloquear os recetores de dopamina. Isto provoca hiperprolactinemia e hipogonadismo em ambos os sexos, amenorreia secundária e perda da função ovárica em mulheres e níveis baixos de testosterona em homens. 1,2 Os homens que tomam antipsicóticos relatam DE, diminuição da qualidade do orgasmo com ejaculação retardada, inibida ou retrógrada e diminuição do interesse pelo sexo. As mulheres experimentam diminuição do desejo, dificuldade em atingir o orgasmo e alterações na sua qualidade, e anorgasmia. A dispareunia, secundária à deficiência de estrogénio, pode resultar em atrofia e secura vaginal. 2
Embora não sejam consistentes, alguns dados sugerem que os antipsicóticos de segunda geração (com exceções, como a risperidona ou a amissulprida) têm um perfil de efeitos colaterais sexuais mais favorável, comparativamente aos de primeira geração. Os antipsicóticos que aumentam a prolactina estarão, provavelmente, mais associados à DS, ainda que sejam necessários mais estudos. 13 Antes de iniciar o uso de fármacos antagonistas dos recetores da dopamina é útil determinar a prolactina basal; deste modo, uma elevação subsequente poderá ser atribuída ao fármaco. 2
A DS é também um potencial efeito colateral de alguns estabilizadores de humor e ansiolíticos, mas os estudos sobre os efeitos sexuais destes medicamentos são muito escassos e com limitações. Algumas evidências sugerem que os estabilizadores de humor, com algumas exceções, afetam negativamente o funcionamento sexual. Existe muito pouca investigação sobre eventuais efeitos colaterais sexuais induzidos pelo lítio. 14 Foram relatados alguns casos de diminuição do desejo sexual e DE. 4,14 Algumas benzodiazepinas têm sido associadas a diminuição da libido, orgasmo retardado e anorgasmia. 5 A evidência disponível sobre o efeito deste grupo na função sexual ainda é insuficiente para tirar conclusões definitivas. 14
Anticonvulsivantes e disfunção sexual
A disfunção sexual é comum em pessoas em tratamento com anticonvulsivantes, 1,14 mas é difícil distinguir se é resultado deste tratamento ou da própria patologia. 3,14 A DS tem sido mais relatada com os mais antigos (carbamazepina, fenitoína ou fenobarbital). 14 Há alguns relatos com valproato, pregabalina,3,14 gabapentina ou topiramato. 2,3,14 Muitos anticonvulsivantes são usados como estabilizadores do humor. 14
Contraceptivos hormonais
O efeito dos contracetivos hormonais combinados na sexualidade feminina é muito controverso, sendo necessários mais estudos. Alguns mostraram diminuição da libido, enquanto outros referem aumento. 1 Os contracetivos orais diminuem a testosterona livre circulante, o que poderia diminuir o desejo na mulher, embora os dados sejam limitados. O contexto social, o medo da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis são fatores que podem confundir os relatos relacionados com o impacto destes fármacos. 2 A suspensão injetável com acetato de medroxiprogesterona, usada como contracetivo, tem sido associada a atrofia vaginal, dispareunia e diminuição da libido. 1,2
Bloqueadores alfa
Os homens com hiperplasia prostática benigna (HPB) sintomática e sintomas no trato urinário inferior, geralmente, têm uma maior incidência de DS. 1,2,15 Embora a cirurgia e a terapêutica possam melhorar a sintomatologia, alguns tratamentos também causam ou exacerbam a DE e os problemas na ejaculação. 2 A DS deve ser cuidadosamente avaliada antes do tratamento. 15 Os bloqueadores alfa usados na HPB, como doxazosina, tansulosina, terazosina e alfuzosina, não mostraram causar alterações na função sexual superiores ao placebo,2,5,15 com exceção da silodosina, que parece ter a maior incidência de distúrbios ejaculatórios15 e, em menor grau, da tansulosina. 2,5 Os inibidores da 5α-redutase, como a finasterida ou a dutasterida, também podem causar DE, distúrbios ejaculatórios e redução do desejo sexual,1,15 aumentando o risco com a idade. 1 Recentemente, foram relatados efeitos colaterais sexuais persistentes após a descontinuação da finasterida, no entanto, são necessários mais estudos para esclarecer a sua incidência e significado. 14,15 O perfil de eventos adversos sexuais da dutasterida parece ser semelhante ao da finasterida. 15
Análogos da hormona libertadora de gonadotropina
Tanto a existência de cancro como o seu tratamento podem, em ocasiões, ter influência negativa no relacionamento sexual. Por exemplo, os análogos da hormona libertadora de gonadotropina de ação longa (goserrelina, leuprorrelina), usados no cancro de próstata e da mama, causam hipogonadismo, com consequente redução do desejo sexual, DE nos homens, atrofia vaginal e dispareunia nas mulheres, além de disfunção orgástica. 2 Medicamentos mais recentes (bicalutamida, enzalutamida), ao diminuir os níveis de testosterona, também reduzem a libido. 5
Ibuprofeno e disfunção sexual
O ibuprofeno é um anti-inflamatório não esteroide (AINE) e analgésico dos mais usados no mundo há dezenas de anos. Preocupações foram levantadas sobre o aumento de distúrbios reprodutivos masculinos no mundo ocidental, e a interrupção da endocrinologia masculina foi sugerida para desempenhar um papel central. Vários estudos mostraram que a exposição leve a analgésicos durante a vida fetal está associada a efeitos antiandrogénicos e malformações congénitas, mas os efeitos no homem adulto permanecem amplamente desconhecidos.
Através de um ensaio clínico com homens jovens expostos ao ibuprofeno, 16 demonstrou-se que o analgésico resultou no quadro clínico denominado “hipogonadismo compensado”, condição prevalente em homens idosos e associada a distúrbios reprodutivos e físicos. Nos homens, os níveis plasmáticos da hormona luteinizante (LH) e ibuprofeno foram positivamente correlacionados, e a relação testosterona/LH diminuiu. Usando explantes de testículos adultos expostos ou não ao ibuprofeno, demonstramos que as capacidades endócrinas das células testiculares de Leydig e Sertoli, incluindo a produção de testosterona, foram suprimidas através da repressão transcricional. Este efeito também foi observado em uma linha celular esteroidogénica humana. Assim demonstrou-se que o ibuprofeno altera o sistema endócrino através da repressão seletiva da transcrição nos testículos humanos, induzindo assim o hipogonadismo compensado.
Outros medicamentos
Outros medicamentos têm sido relacionados com DS, incluindo: inibidores da protease, ciproterona, pseudoefedrina, dissulfiram, naproxeno,2 anti-histamínicos, opióides,2,3 e digoxina. 4,5 Os exemplos citados não constituem uma lista exaustiva.
Medidas de controlo da disfunção sexual (DS)
Para tratamento da DS podem ser consideradas intervenções não farmacológicas como a terapia psicológica. 2,10 A maioria dos episódios de DS induzidos por medicamentos são reversíveis,3 tendo sido tentadas várias estratégias para os reverter. 2 Em ocasiões, no início do tratamento, esperar para ver se ocorre uma melhora espontânea dos efeitos colaterais pode ser uma opção. Mudança de medicamento para outro com menor probabilidade de causar efeitos colaterais sexuais,1 redução da dose,1,6 interrupção do tratamento por um ou dois dias ou a adição de outros medicamentos podem ser, em certos casos, estratégias úteis para melhorar a DS. 1 Porém, entre as possíveis desvantagens de algumas destas práticas está a possibilidade de risco de recaída, abandono do tratamento ou o surgimento da síndrome de descontinuação. 1,7 A troca da medicação ou a adição de outro medicamento pode causar efeitos indesejados. 10
No caso dos anti-hipertensores há autores que recomendam a mudança para um medicamento alternativo. 10 Por ex., se desenvolver DE incomodativa após o início de um bloqueador beta. 9 Na DS por antidepressores, a opção de interromper o tratamento por um ou dois dias não é aplicável no caso da fluoxetina, devido à sua longa semivida,10 nem no tratamento com paroxetina e venlafaxina, por surgir frequentemente síndrome de descontinuação. 1 Para combater os efeitos colaterais sexuais também tem sido utilizado tratamento adjuvante com um segundo antidepressor (bupropiom) ou outro medicamento. 5-7 Em pessoas em tratamento com antipsicóticos deve-se estabelecer a causa de hiperprolactinemia e, seguidamente, considerar uma redução da dose ou a mudança para medicamentos com poucos efeitos nos níveis de prolactina. 2,13
Tratamento sintomático da disfunção eréctil
Não há evidência clinicamente significativa da utilidade de tratamentos específicos. 3,13 Se as estratégias anteriormente referidas não são eficazes ou viáveis, no caso de homens com disfunção eréctil, pode ser adicionado tratamento sintomático com um inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (IFD-5) tais como:
Sildenafil,
Tadalafil ou
Vardenafil. 1,6,8
Contudo, este tratamento está contraindicado quando são usados nitratos e deve ser usado com precaução com os bloqueadores alfa. 1,8
Terapêutica nas mulheres
Pesquisas limitadas sugerem que os IFD-5 podem melhorar os problemas sexuais causados por antidepressores (ISRS) em algumas mulheres, mas são necessários mais dados sobre sua eficácia e segurança.6 O sildenafil mostrou-se promissor para reverter a lubrificação inadequada e o atraso do orgasmo. 2 Uma revisão sistemática sobre DS induzida por antidepressores em mulheres sugere que a abordagem mais promissora pode ser a adição de bupropiom em doses altas, mas são necessários mais estudos. 6
A terapêutica tópica com estrogénios é recomendada para o tratamento da síndroma genitourinária da menopausa,2,6 assim como na dispareunia associada à secura vaginal. A testosterona (uso off label) pode ser efetiva no tratamento a curto prazo da disfunção do desejo/excitação sexual em mulheres pós-menopáusicas, mas não está demonstrada a sua segurança e eficácia a longo prazo e está associada a efeitos secundários de hiperandrogenismo. Os dados são limitados e inconsistentes. 3,6
É importante compreender o papel dos medicamentos na DS e seu impacto negativo na adesão ao tratamento. 2 Antes do início de um medicamento com potenciais efeitos adversos a este nível, é conveniente informar e alertar as pessoas sobre os possíveis efeitos na vida sexual. 1
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Colesterol toda a verdade! Será mesmo necessário tomar tantos medicamentos? Os medicamentos para baixar o colesterol são dos mais utilizados no mundo, nomeadamente a classe das estatinas, sendo um mercado de uma dimensão simplesmente gigantesca !
Mas será que a abordagem tradicional para o seu “tratamento” está mesmo correta? Será mesmo o “caminho das estatinas” o mais adequado? Quais são as alternativas? Que provas cientificas existem para nos ajudarem a escolher o melhor caminho? E nos idosos quais os factos comprovados?
Neste artigo especial vou tentar “dissecar” tudo sobre o colesterol e colocar em confronto a “via clássica” que “diaboliza” o colesterol com a via alternativa que desafia a corrente terapêutica dominante citando vasta investigação científica que não suporta uma “condenação” tão flagrante do colesterol como “assassino” das artérias…! No final deixo a minha opinião muito clara sobre este assunto.
Estrutura química do colesterol ( esteroide de origem animal )
O colesterol é uma substância gordurosa encontrada em todas as células no nosso corpo. É um esteroide de origem animal pouco soluvel na água.
Colesterol é essencial porquê?
Sem colesterol muitos processos orgânicos importantes não são possíveis ou não funcionariam da melhor forma, tais como:
Formação das membranas das nossas células,
Síntese de hormonas, como a testosterona, estrogênio, cortisol
Produção da bile necessária na digestão de alimentos gordurosos
Formação da mielina (uma bainha que cobre os nervos)
Metabolização de algumas vitaminas (A, D, E e K), etc
O colesterol é um constituinte essencial da membrana celular
Origem do colesterol do nosso organismo
O colesterol do nosso organismo tem duas origens:
Endógena ( 70% ) – o colesterol é produzido pelo nosso próprio corpo, principalmente pelo fígado.
Exógena ( 30% ) – o colesterol também pode ser obtido através dos alimentos.
O colesterol tem origem no figado ( endógena ) e em alguns alimentos ( exógena )
Tipos de colesterol
Como se trata de uma substância gordurosa, o colesterol não se dissolve no sangue, da mesma forma que gotas de óleo não se dissolvem na água. Portanto, para viajar através na corrente sanguínea e alcançar os tecidos periféricos, o colesterol precisa de um transportador. Essa função cabe às lipoproteínas que são produzidas no fígado. As principais são:
O LDL transporta colesterol e um pouco de triglicerídeos do sangue para os tecidos.
O VLDL transporta triglicerídeos e um pouco de colesterol.
O HDL é um transportador diferente, ele faz o caminho inverso, tira colesterol dos tecidos e devolve-o ao fígado que vai excretá-lo nos intestinos.
Lipoproteína HDL ( colesterol bom )
Colesterol bom vs colesterol mau, o que é?
Enquanto o LDL e o VLDL levam colesterol para as células e facilitam a deposição de gordura nos vasos, o HDL faz o inverso, promove a retirada do excesso de colesterol, inclusive das placas arteriais.
Por isso, denominamos o HDL como colesterol bom e o VLDLe o LDL como colesterol mau.
O metabolismo do colesterol
Como é regulada a produção destas lipoproteínas?
A produção das lipoproteínas é regulada pelos níveis de colesterol, a saber:
Colesterol derivado de gorduras saturadas e gordura trans favorecem a produção de LDL (colesterol mau)
O consumo de gorduras insaturadas, encontrada no azeite, peixes e amêndoas, por exemplo, promovem a produção do HDL (colesterol bom )
Portanto, ao dosarmos os valores das lipoproteínas transportadoras LDL, VLDL e HDL temos uma avaliação indireta da quantidade e da qualidade do colesterol que circula em nosso sangue. Por isso, o lipograma, exame usado para dosear as lipoproteínas, é usado para avaliarmos os níveis de colesterol sanguíneos.
Colesterol IDL o que é?
O IDL (Intermediatelow-density lipoprotein) é um tipo de colesterol semelhante ao LDL. Como tem efeitos semelhantes, ele não é normalmente doseado individualmente, mas sim juntamente com o LDL. Portanto, quando recebemos o valor do LDL, habitualmente estamos a falar do valor de LDL + IDL.
Qual o perigo do colesterol alto? O que é a aterosclerose?
Elevadas concentrações de VLDL e o LDL estão associados à deposição de gordura na parede dos vasos sanguíneos, levando à formação de placas de colesterol.
Quando o nosso corpo tem mais colesterol do que precisa, as moléculas de LDL ficam a circular no sangue à procura de algum tecido que necessite de colesterol para o seu funcionamento. Se este colesterol não for entregue a nenhum tecido, a molécula de LDL acaba por se depositar dentro da parede dos vasos sanguíneos, acumulando gordura no mesmos. Este processo é chamado de aterosclerose.
Formação de placas de aterosclerose
As placas de gordura ocupam espaço e diminuem o diâmetro da luz dos vasos (chamamos luz à parte oca dentro dos vasos por onde passa o sangue). A aterosclerose também causa lesão direta na parede, diminuindo a elasticidade das artérias e tornando-as mais duras.
O depósito de gordura e a lesão da parede dos vasos favorecem a obstrução do fluxo de sangue e a redução do aporte de oxigênio e nutrientes aos tecidos.
Quando os vasos afectados pelas placas de colesterol são as artérias coronárias (artérias do coração), o resultado final pode ser o infarte cardíaco. Quando são afectados os vasos cerebrais, o paciente pode desenvolver um AVC ( Acidente Vascular Cerebral ).
Dislipidémia, o que é?
Dislipidémia é o aumento dos níveis de colesterol. Durante muito tempo os médicos avaliaram o grau de dislipidemia através dos valores do colesterol total, que nada mais é do que a soma dos níveis sanguíneos de HDL + LDL + VLDL.
No entanto, como já explicamos, há o colesterol bom e o colesterol mau, o que torna pouca eficiente a avaliação conjunta. Actualmente o colesterol total é menos valorizado do que os níveis individuais de HDL e LDL.
Por exemplo:
Doente 1 – LDL 150, HDL 20 e VLDL 20 = colesterol total de 190
Doente 2 – LDL 100, HDL 65 e VLDL 25 = colesterol total de 190
Não há dúvidas que o paciente 1 apresenta mais riscos de aterosclerose que o paciente 2, apesar de terem o mesmo nível de colesterol total. O exemplo acima explica o porquê do colesterol total não ser o melhor parâmetro para avaliar a dislipidemia.
Valores de referência para o colesterol
Como a dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, a medicina tem tentado estabelecer, quais são os níveis ideais de colesterol HDL e LDL. Actualmente classificamos o colesterol da seguinte maneira:
LDL
Menor que 100 mg/dL – Óptimo
Entre 101 e 130 mg/dL – Normal
Entre 131 e 160 mg/dL – Normal/alto
Entre 161 e 190 mg/dL – Alto
Maior que 190 mg/dL – Muito alto
HDL
Menor que 40 mg/dL – Baixo ( é mau )
Entre 41 e 60 mg/dL – Normal
Maior que 60 mg/dL – Alto ( é óptimo)
Tratamento: Quais as estatinas mais utilizadas?
Os medicamentos mais utilizados em todo o Mundo para combater o colesterol elevado, pertencem a uma família de moléculas chamadas de ESTATINAS. As principais são as seguintes:
Sinvastatina,
Rosuvastatina,
Pravastatina
Fluvastatina
Atorvastatina.
Pitavastatina
Estrutura quimica das estatinas
Estrutura quimica da sinvastatina
Estrura quimica da lovastatina
Estrutura quimica da atorvastatina e da rosuvastatina
As estatinas, além de serem as drogas mais eficazes no controle do colesterol, são também aquelas com melhores resultados nos estudos científicos sobre prevenção das doenças cardiovasculares, sendo, por isso, atualmente prescritas para dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Estatinas: Como actuam?
Como actuam as estatinas?
As estatinas inibem a produção da enzima HMG-CoA redutase que é essencial para a produção de colesterol.
Estatinas: Serão seguras?
Apesar de serem eficazes e seguras, cerca de 5% a 10% dos pacientes desenvolvem miopatia (lesão muscular), caracterizada clinicamente por dor muscular, fraqueza e/ou câimbras. Pacientes medicados com doses elevadas são aqueles com maior risco.
As queixas de origem muscular são o principal efeito colateral das estatinas e a causa mais comum de interrupção do tratamento.
Lesão muscular: Como saber se é grave?
A gravidade de uma lesão muscular é definida pelos seguintes factores:
Intensidade da dor
Grau de perda de força muscular
Alterações nos exames laboratoriais (enzima creatinofosfoquinase ou CPK)
Creatinofosfoquinase (CPK ou CK)
As células dos músculos são ricas numa enzima chamada creatinofosfoquinase, mais conhecida pelas siglas CK ou CPK. Quando há lesão do tecido muscular, parte da enzima CK contida nos músculos extravasa para o sangue, fazendo com que os níveis sanguíneos de CK fiquem mais elevados.
Pequenos aumentos da CK podem ocorrer em situações benignas, como após intenso esforço físico, grandes elevações dos níveis sanguíneos são um sinal de grave doença muscular.
Estrutura de um musculo
Valor de referência da CK
O valor de referência da CK costuma variar de acordo com o laboratório. No geral, o limite superior da normalidade encontra-se ao redor de 100 a 200 U/L.
Mionecrose: Quando ocorre a morte de células musculares?
Sempre que o valor da CK se encontrar pelo menos 3 vezes acima do valor normal, dizemos que o paciente tem mionecrose (morte de células musculares).
A gravidade da mionecrose costuma ser dividida da seguinte forma:
Lesão muscular leve: CK elevada de 3 a 9 vezes o valor normal.
Lesão muscular moderada: CK elevada de 10 a 50 vezes o valor normal.
Lesão muscular grave: CK elevada mais de 50 vezes o valor normal.
Valores da CK nas lesões musculares
CK de 400 ou 500 U/L significa uma lesão muscular leve
CK de 70.000 U/L significa uma grave e extensa lesão muscular.
Rabdomiólise
Dizemos que o doente tem rabdomiólise se simultaneamente ocorrer:
mionecrose ( morte das células musculares )
mioglobinúria ( perda de proteínas musculares na urina )
A rabdomiólise é um quadro grave, que pode levar à insuficiência renal aguda ( insuficiênciarenal ).
As estatinas geralmente provocam lesão muscular leve, com pequenas elevações dos valores da CK. Porém, cerca de 1 em cada 1000 doentes medicados com estas drogas pode desenvolver moderada ou grave lesão muscular com rabdomiólise.
Sintomas de miopatia provocada pelo uso das estatinas
As estatinas podem provocar um enorme conjunto de sintomas musculares, a saber:
Desconforto
Rigidez
Cansaço
Aumento da sensibilidade
Fraqueza
Cãimbras
Em geral, os sintomas surgem após algum esforço físico, mas podem também estar presentes mesmo em repouso.
A intensidade dos sintomas está sempre relacionada com o valor de CK e com a gravidade da lesão muscular?
A intensidade dos sintomas nem sempre está diretamente relacionada com o nível sanguíneo da CK. Alguns pacientes com dor forte podem ter níveis baixos ou até normais de CK, enquanto outros com queixas leves a moderadas podem ter taxas muito elevadas.
Sem fazer a dosagem da CK sanguínea não é possivel definir com precisão o grau de lesão muscular. Todos os doentes a usar uma estatina que comecem a sentir dor muscular devem fazer um exame de sangue para saber o grau de elevação da CK.
Músculos mais afectados pela miopatia
O sintoma mais comum da miopatia das estatinas é a dor muscular (mialgia), que pode ou não vir acompanhada de redução da força. Em geral, a lesão muscular pelas estatinas provoca um quadro de dor e fraqueza, nos seguintes musculos:
Nos membros inferiores afecta de forma simétrica os músculos da pelvis e das coxas
Nos membros superiores afecta os músculos ao redor da escápula, clavícula e porção inicial dos braços
Musculos tipicamente afectados pela mialgia das estatinas
Dor no ombro provocada pelas estatinas
Dores na coxa provocada pelas estatinas
Movimentos corporais mais afectados
A perda de força muscular da miopatia das estatinas pode fazer com que o doente tenha dificuldade nos seguintes movimentos:
Levantar os braços acima da cabeça,
Levantar-se de uma cadeira ou
Subir escadas.
Estes sintomas também podem ser descritos pelo doente como fadiga ou cansaço dos membros.
Quanto tempo demora a desenvolver-se uma miopatia das estatinas?
Habitualmente, a miopatia das estatinas desenvolve-se nos primeiros 6 meses de uso do medicamento, mas há casos de doentes que só a desenvolveram após alguns anos de uso da droga.
Complicações da miopatia pelas estatinas
A lesão muscular pelas estatinas ocorre em cerca de 5 a 10% dos doentes. No entanto a grande maioria dos casos é de forma leve, sem grandes prejuízos para a saúde do doente. Apesar de serem raros, podem haver casos de lesão muscular grave pelas estatinas.
O quadro de rabdomiólise é o mais perigoso, pois as proteínas dos músculos podem entupir os túbulos renais, levando à insuficiência renal aguda. Não é incomum que os pacientes com rabdomiólise precisem de tratamento com hemodiálise durante alguns dias.
Factores de risco para miopatia pela estatina
Como já referido, apesar da lesão muscular ser o efeito colateral mais comum das estatinas, ela é um problema que afecta apenas alguns doentes. Ainda não compreendemos totalmente os mecanismos que levam as estatinas a serem tóxicas para os músculos de certos indivíduos, mas alguns factores de risco já são bastante conhecidos, a saber:
Características das estatinas
Hipotireoidismo
Características do doente
Interação medicamentosa
Estatinas com menor risco
O risco de lesão muscular não é igual para todas as estatinas e aumenta conforme a dose.
A pravastatina e a fluvastatina parecem ser as drogas deste grupo com menor incidência de dor muscular. A dose de 40 mg por dia da pravastatina mostrou-se bastante segura e com baixa incidência de lesão muscular.
A rosuvastatina na dose de 20 mg/dia também tem se mostrado segura nos estudos, porém, doses a partir de 40 mg/dia têm sido apontadas como responsáveis por quadros de rabdomiólise.
Estrutura molecular da rosuvastatina em 3D
Hipotireoidismo aumenta o risco de miopatia?
Como os pacientes com hipotireoidismo frequentemente têm níveis elevados de colesterol, não é incomum a prescrição de estatinas neste grupo de pacientes. O problema é que hipotireoidismo por si só pode causar miopatia, e quando associado a uma estatina, o risco torna-se ainda maior. O controle clínico do hipotireoidismo através de medicamentos com a levotiroxina diminui o risco de dor muscular.
A miopatia é hereditária?
Fatores genéticos parecem ter um papel relevante na génese da miopatia pelas estatinas. Este é o motivo pelo qual numa mesma família é frequente a ocorrência de miopatia em mais de uma pessoa.
Pessoas com maior risco de desenvolver miopatia das estatinas
Mulheres e indivíduos com mais de 60 anos
Consumo frequente de bebidas alcoólicas
Atividade física intensa
Carência de vitamina D
Desidratação
Existência de doença dos rins ou do fígado
Histórico de câimbras frequentes
Interação medicamentosa
Um dos factores que mais influenciam no aparecimento de lesão muscular pelas estatinas é a associação com outras drogas. A sinvastatina e a lovastatina são as estatinas que mais sofrem interação medicamentosa capaz de provocar miopatia.
A atorvastatina, a rosuvastatina e a pitavastatina também podem sofrer interação de alguns medicamentos, mas com uma frequência um pouco menor.
Medicamentos que aumentam de forma significativa o risco de miopatia das estatinas
São vários os medicamentos que aumentam o risco de miopatia das estatinas pelo que se deve a tudo o custo evitar a sua associação com estatinas, a saber:
Amiodarona( antiarrítmicos )
Fluconazol( antifúngico )
Cetoconazol( antifúngico )
Itraconazol( antifúngico )
Ciclosporina ( imunosupressor )
Gemfibrozil ( antidislipidémico )
Varfarina ( anticoagulante )
Verapamil ( perturbações do ritmo taquicardico, antihipertensor, insuficiência coronária )
Amlodipina ( antihipertensor e antianginoso )
Eritromicina( antibiótico )
Claritromicina ( antibiótico )
Ritonavir( antivírico VIH-1 )
Colchicina ( antiinflamatório clássico utilizado no tratamento das crisas agudas de gota )
Niacina( viatmina B3, ou vitamnina PP ou ácido nicotínico )
A lista fornecida acima está muito longe de estar completa, portanto, se tomar vários medicamentos e apresentar dor muscular pela estatina, leia a literatura do medicamento para ver se há alguma interação medicamentosa que possa estar a desencadear as dores.
Tratar o doente com dor muscular pela estatina
Como não há no mercado drogas tão eficazes como as estatinas na prevenção da doença cardiovascular, a decisão sobre a suspensão ou não do tratamento deve ser bem ponderada.
Drogas como o ezetimibe não são tão eficazes quanto as estatinas e não devem ser encaradas como um substituto à altura. O ezetemibe pode até ser utilizado em simultaneo com a estatina, de forma a permitir uma dosagem menor desta última.
Os raros doentes que desenvolvem grave lesão muscular devem interromper definitivamente o tratamento com as estatinas, pois o risco para a saúde é maior que o potencial benefício da droga.
Tratamos como miopatia grave toda a miopatia com um aumento da CK maior que 10 vezes o valor de referência (CK maior que 1500-2000 U/L na maioria dos laboratórios).
Tratamento da miopatia das estatinas leve ou moderada
Nos casos que não se enquadram no conceito de miopatia grave, que são, na verdade, a maioria, existem algumas estratégias que podem ser implementadas.
1. Corrigir problemas
O primeiro ponto é identificar possíveis interações medicamentosas que possam estar a aumentar o risco de lesão muscular. A associação de uma estatina com o gemfibrozil, apesar de não indicada, ainda é muito utilizada por alguns médicos, quando o objetivo é baixar os níveis de triglicerídeos.
Se o doente tiver colesterol e triglicerídeos altos e a estatina sozinha não estiver a ser suficiente para controlar os valores, o medicamento com menos risco de miopatia é o fenofibrato.
Além da revisão dos medicamentos que o paciente usa, também é importante uma avaliação da função da tireoide. Em muitos casos, uma simples otimização do tratamento do hipotireoidismo é suficiente para controlar as dores musculares.
A dosagem dos níveis de vitamina D sanguínea também está indicada. Se os valores estiverem baixos, a reposição, que pode ser feita de forma bem simples e barata, costuma amenizar as dores
2. Alterações na estatina
Não havendo problemas a corrigir, o próximo passo é tentar otimizar o tratamento com as estatinas.
Nos pacientes que fazem doses elevadas de estatina, a simples redução da mesma pode ser suficiente. Se for preciso, o médico pode associar uma droga como o ezetimibe, para que o valor do colesterol LDL não volte a subir após a redução da estatina.
Doses de estatinas consideradas moderadas são:
20 mg de lovastatina, pravastatina ou sinvastatina;
20 mg de atorvastatina
10 mg de rosuvastatina.
Apenas os pacientes que já tiveram um infarte anteriormente ou que apresentam risco muito elevado de infarte costumam ter indicação para doses mais altas de estatinas, geralmente 40 mg/dia de atorvastatina ou 20 mg/dia de rosuvastatina.
Uma alternativa é o uso das estatinas em dias alternados.
A rosuvastatina em doses até 20 mg/dia pode ser tomada 3 vezes por semana, que ainda mantém uma boa ação contra o LDL.
Outra opção é trocar de estatina. Como já referido, a pravastatina e a fluvastatina costumam ter um incidência mais baixa de miopatia e podem ser a solução, principalmente para os pacientes em uso de sinvastatina ou lovastatina, que são as estatinas que mais frequentemente causam dor muscular.
Preços, dosagens e tamanhos das embalagens
Na tabela que se segue reunimos as informações disponiveis em Janeiro de 2014, sobre os preços, dosagens e tamanhos das embalagens de estatinas, fibratos e associações mais utilizadas.
Estatinas, fibratos e associações com hipolipidemiantes
Clique na versão em pdf para melhor visualização da tabela. Pode também fazer o download da mesma:
Excipientes são substâncias que auxiliam o medicamento a ter a devida forma e eficiência farmacêutica. São utilizados para proteger o fármaco, por exemplo, contra a oxidação e a hidrólise. Também podem ser adicionados para a facilitação da administração e do processo de fabricação do medicamento.
Alguns fazem a diluição e “suporte” ao princípio ativo porque este muitas vezes é demasiado potente e tem que ser usado em concentrações muito baixas, por isso é necessário o excipiente para dar o volume necessário e suficiente para uma toma mais prática, por exemplo em comprimidos para tomar por via oral. Têm que ser substâncias que não reajam com o fármaco e farmacologicamente inertes.
Embora seja raro, nada garante que não possa ser alérgico a um deles, por isso preparamos para si uma tabela dos principais excipientes, usados no fabrico das estatinas, fibratos e associações:
Tabela de excipientes usados nas estatinas, fibratos e associações
Descarregue também a tabela em pdf para melhor visualização:
É um tipo de gordura encontrada principalmente em produtos de origem animal e que à temperatura ambiente, apresenta-se no estado sólido.
É encontrada nos seguintes alimentos:
Carnes vermelhas e brancas ( principalmente gordura da carne e pele das aves),
Leite e derivados integrais ( manteiga, creme de leite, iogurte, nata)
Gorduras saturadas más
Consumo máximo por diário aconselhado: 20g
Ligação química: Cada átomo de carbono mantém uma ligação simples com outro carbono e está ligado a dois átomos de hidrogênio
Gordura trans
A gordura trans é o nome dado à gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial.
Algumas carnes e o leite já têm essa gordura, mas em pequena quantidade. O que preocupa mesmo são as gorduras usadas pela indústria alimentar. A gordura vegetal hidrogenada faz parte do grupo das gorduras trans e é a mais encontrada nos alimentos.
Ela começou a ser usada em larga escala a partir dos anos 1950, como alternativa à gordura de origem animal, conhecida como gordura saturada.
Acreditava-se que, por ser de origem vegetal, a gordura trans ofereceria menos riscos à saúde. Mas estudos posteriores descobriram que ela é ainda pior que a gordura saturada, que também aumenta o colesterol total, mas pelo menos não diminui os níveis de HDL no organismo.
Em geral, as gorduras vegetais, como o azeite e os óleos, são bons para a saúde. Porém, quando passam pelo processo de hidrogenação ou são aquecidos, as moléculas são partidas e a cadeia rearranja-se. Esta nova gordura é que vai danificar as artérias.
Este processo de hidrogenação serve para deixar a gordura mais sólida. E é ela que vai fazer com que os alimentos fiquem saborosos, crocantes e tenham maior durabilidade. O grande desafio atual da indústria é encontrar uma alternativa mais saudável à gordura trans, sem que os alimentos percam as suas propriedades.
Gorduras saturadas trans, aumentam o colesterol LDL ( mau ) e diminuem o HDL ( bom )
A gordura trans não é sintetizada pelo organismo e, por isso, não deveria ser consumida nunca. Mas, como isso é quase impossível, é aceitável consumir até 2g da gordura por dia, o que equivale a quatro biscoitos recheados.
Mesmo tendo isso em mente, um dos grandes problemas para o consumidor é conseguir perceber com clareza quanta gordura trans existe em cada alimento. Vale a pena lembrar que os alimentos que mais contêm gordura trans são:
Bolachas
Pipocas de microondas
Chocolates
Gelados
Batatas fritas
Salgadinhos
Alimentos que tem margarina na composição
Consumo máximo diário aconselhado: 2g
Ligação química – Similar à da gordura saturada, mas os átomos de hidrogênio estão dispostos transversalmente (na diagonal), e não em paralelo, como ocorre com os ácidos gordos encontrados na natureza. Daí vem o nome “trans”.
Gordura insaturada e poli-insaturada
A gordura insaturada está presente principalmente em vegetais e é líquida à temperatura ambiente. Existe a monoinsaturada (com apenas uma ligação dupla de carbono) e a poliinsaturada (com mais de uma ligação dupla de carbono). O seu consumo em excesso também é prejudicial em particular os óleos vegetais devem ser evitados.
Quais os alimentos em que se encontra?
Azeite e azeitonas
Óleo de canola e de milho,
Amêndoa,
Amendoins
Nozes
Castanha-do-pará,
Abacate,
Sementes e óleo de linhaça,
Óleo de girassol
Truta ( ômega 3 )
Salmão ( ômega 3 )
Frutos secos contêm gorduras insaturadas boas
Consumo máximo diário aconselhado: 44g
Ajuda a reduzir o colesterol LDL, os triglicéridos e a pressão arterial.
Ligação química: Faltam alguns átomos de hidrogênio na sua molécula e, por isso, ocorre uma ligação dupla entre os carbonos.
O COLESTEROL SERÁ UM MITO?
Durante anos ouvimos que o colesterol é a encarnação do mal. Que em excesso entope as artérias e abre caminho aos enfartes do miocárdio e aos AVCs.
Por causa dele passámos a olhar com horror para as alheiras, para as bifanas e para a manteiga. Os ovos passaram a merecer desconfiança. Não mais de um ou dois por semana disseram-nos repetidamente. Para manter o colesterol em níveis aceitáveis, milhões de pessoas tomam regularmente medicamentos conhecidos como estatinas.
As estatinas são os medicamentos mais vendidos em todo o mundo e Portugal não é exceção: em 2000 vendiam-se perto de um milhão e 500 mil embalagens. Em 2009 mais de cinco milhões e 400 mil, um aumento de mais de 200% lê-se numa tese de mestrado que fez a avaliação do consumo destas substâncias em Portugal.
Pois bem, todas estas ‘provações’ podem ser em vão. Pelo menos a crer nos ‘céticos do colesterol’, um grupo de médicos e investigadores empenhados em acabar com o que garantem ser a crença errada de que o colesterol faz mal à saúde.
Existe, desde 2003, uma Liga internacional dos Céticos do Colesterol (www.thincs.org) com uma centena de membros das mais diversas especialidades médicas.
São vistos como fanáticos ou adeptos de teorias da conspiração pelos médicos ‘ortodoxos’, mas a sua cruzada ganhou visibilidade com a publicação em França do livro ‘La Verité sur le Cholestérol’, do médico Philippe Even, e, nos EUA, do livro ‘The Great Cholesterol Myth’, do cardiologista Stephen Sinatra e do nutricionista Jonny Bowden.
O apoio mediático do médico Mehmet Oz que entrevistou os autores no seu programa de televisão visto por milhões voltou a criar um buzz à volta do tema. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo.
Os fatores de risco incluem a hipertensão, obesidade, diabetes. E também o colesterol elevado, que os céticos querem reabilitar.
O que dizem os céticos?
Um relatório da Escola de Saúde Pública de Harvard aponta o metabolismo, mais do que a dieta, como responsável pelos níveis de colesterol no sangue.
Esta ideia reúne consenso na classe médica. Pedro Marques Silva, responsável da Consulta de Hipertensão Arterial e Dislipidemias do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, confirma: “Se reduzíssemos o colesterol na dieta de tal maneira que a comida ficasse incomestível, ainda assim a taxa de colesterol que conseguíamos reduzir seria apenas de 20%”.
Vegetarianos também têm colesterol alto?
Os vegans e vegetarianos podem ter níveis de colesterol altos, apesar de não comerem produtos animais, precisamente porque 70 a 80% do colesterol é produzido no nosso fígado e não tem origem na alimentação.
E é com este argumento que os céticos incentivam o regresso ao nosso prato das gorduras saturadas tais como as presentes em alimentos de origem animal e algumas de origem vegetal, a saber:
Manteiga
Carne vermelha
Óleo de coco
Além de não influenciarem o colesterol no sangue, elas têm um papel importante na absorção do cálcio e manutenção da densidade óssea e são essenciais para o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso, dizem.
Podemos ingerir colesterol à vontade?
Claro que não! Uma pessoa magra, com colesterol total elevado, mas sem hipertensão ou diabetes, não tem risco cardiovascular, teoria defendida pelos céticos do colesterol. Nestes casos, a alimentação não é um fator decisivo, nem vale a pena andar a fazer restrições radicais ou medicação.
O problema é que na maioria dos casos, quem tem o colesterol total aumentado tem também outros fatores de risco, como o excesso de peso, a hipertensão ou a diabetes ou seja tem a chamada síndrome metabólica.
Quando é assim, a alimentação é fundamental, porque o simples facto de perder peso ajuda muito. Há casos de pessoas que deixaram a medicação para a hipertensão e para o colesterol com base na reeducação alimentar e no exercício físico como, por exemplo, uma caminhada diária de, pelo menos, 45 minutos.
Na opinião dos céticos do colesterol os verdadeiros inimigos do coração são as gorduras hidrogenadas, ou trans, presentes nos alimentos processados para ajudar a prolongar o seu tempo de prateleira e o açúcar.
A alimentação pode não influenciar o colesterol mas influencia o nível de triglicéridos, outro tipo de gordura do sangue, associada sobretudo ao consumo de açúcar simples e de hidratos de carbono, e que é consensualmente um fator de risco para as doenças cardiovasculares e diabetes.
Existe relação direta entre colesterol no sangue e as doenças coronárias?
Não existe uma relação direta entre o colesterol no sangue e as doenças coronárias, dizem os céticos do colesterol.
O francês Philippe Even, autor do livro ‘La Verité sur le Cholestérol’, enfatiza que analisou mais de 800 publicações científicas, em particular oito estudos epidemiológicos, dez meta-análises e 46 ensaios clínicos concluindo que não é verdade que a responsabilidade do colesterol esteja apoiada em provas sólidas e largamente aceites ou que numerosos estudos tenham mostrado uma relação direta entre o colesterol e a mortalidade cardíaca.
O cardiologista norte-americano Jonny Bowden, autor do livro ‘The Great Cholesterol Myth’, subscreve. “Durante 43 anos fiz prática clínica com base nos dados convencionais, mas a certa altura dei-me conta que se metade das pessoas com colesterol alto tinha doenças cardíacas e outra metade não, alguma coisa estava errada na associação de causa-efeito do colesterol às doenças cardíacas”, explicou o cardiologista, no programa te TV do Dr. Oz.
Para os céticos do colesterol, a presença de colesterol nas artérias de doentes coronários decorre muitas vezes de uma função pouco conhecida do próprio colesterol: a de molécula reparadora. “Na verdade, ele tem uma função é protetora. Quando as artérias estão danificadas o colesterol LDL viaja até ao local do acidente e ajuda a repará-las.
Culpar o colesterol é como culpar os bombeiros de atearem fogos
Concluindo
Afinal devo tomar ou não medicamentos para o colesterol quando está alto? A nossa opinião é a seguinte:
Se tem colesterol LDL (o mau ) alto mas o colesterol HDL (o bom) também está alto ou normal, tem peso normal, não tem hipertensão nem diabetes, então decididamente NÃO! Faça exercício fisico, que pode ser uma simples caminhada diária mas tem de durar pelo menos 45 minutos.
Se tem colesterol LDL alto, HDL baixo e também alguns factores de risco como peso excessivo, hipertensão ou diabetes, então parece-nos que o risco de não tomar é maior e portanto SIM deve ser colocada essa hipótese se as correcções alimentares e o exercício físico não surtirem efeito a curto prazo.
Em qualquer dos casos essa é uma decisão que deve ser tomda, sempre, com o apoio do seu médico.
Por favor, PARTILHE ESTE ARTIGO com os seus amigos tendo a certeza que vão ficar-lhe agradecidos com muita informação que pode melhorar a sua saúde e das respectivas famílias.
A transpiração é uma função corporal normal que ajuda a regular a temperatura corporal. A hiperidrose (H) é caraterizada por uma transpiração em quantidade superior à fisiologicamente necessária para a termorregulação.1-4
Este artigo tem como principal referência o trabalho publicado pela Dra Aurora Simón, Diretora técnica do CIM (Centro de Informação do Medicamento) da Ordem dos Farmacêuticos.
A hiperidrose é uma afeção sem gravidade, mas pode ter consequências sociais e emocionais.2,3,5-7 Têm sido relatados problemas psicológicos,4,8 como baixa autoestima ou dificuldades interpessoais, com impacto negativo nas atividades diárias e no desempenho laboral.8 A transpiração excessiva pode incomodar em atividades que necessitam de precisão1 e causar desconforto, problemas estéticos, receio de apertar as mãos, deterioração do vestuário2 e constrangimento relacionado com possível odor corporal ou com manchas de suor na roupa.4
A prevalência da hiperidrose é difícil de estimar e, provavelmente, é subestimada.9 As estimativas variam de 1-5% da população.2,10 Menos de metade dos afetados fala deste problema com o seu médico.3,10 Geralmente, é uma condição idiopática crónica ou seja hiperidrose primária.1,2 Esta costuma ser localizada; a generalizada parece ser menos comum. 4,5
Hiperidrose focal primária (HFP)
A hiperidrose focal primária (HFP) é definida por uma transpiração excessiva durante seis meses numa área corporal limitada, com pelo menos dois dos seguintes critérios:
Habitualmente, o excesso de transpiração, afeta as axilas, as palmas das mãos e as plantas dos pés. Menos comummente, outros locais, como a face, o couro cabeludo e as áreas inguinais e inframamárias.1-3
Causas
Até dois terços das pessoas afetadas relatam história familiar,3,6 sugerindo uma predisposição genética.3,4,6,7 Em alguns casos, a hiperidrose focal primária é desencadeada ou acentuada por fatores como emoção, ansiedade ou esforços físicos.1
Glândulas sudoríparas
Em humanos existem três tipos de glândulas sudoríparas:
Écrinas,
Apócrinas,
Apoécrinas.2
As écrinas constituem 90% do número total.5 As glândulas sudoríparas distribuem-se por todo o corpo,2,3,5 mas concentram-se nas palmas das mãos, plantas dos pés e, em menor grau, nas axilas e na face. 3,7
A termorregulação é controlada por estruturas corticais, o hipotálamo anterior e o sistema nervoso autónomo.11 As glândulas écrinas são inervadas pelo sistema nervoso simpático, utilizando a acetilcolina como neurotransmissor primário.2,10,11 Embora os mecanismos exatos não sejam bem compreendidos,3,5,7,11 a hiperidrose focal primária não está relacionada com alterações no número ou tamanho das glândulas écrinas,2,3,10,11 mas sim com uma hiperestimulação dessas glândulas ligada a uma disfunção ou hiperativação do sistema nervoso autónomo,3,11 bem como a uma hipersensibilidade a estímulos (emocionais ou outros).11
Hiperidrose secundária
A hiperidrose secundária, menos comum,4 tem habitualmente uma causa subjacente,10 como condições médicas ou medicamentos.3-5 Pode ser generalizada ou, mais raramente, localizada.3,5,10
Sintomas
O padrão de sudorese costuma ser unilateral e assimétrico. Ao contrário da hiperidrose focal primária, a hiperidrose secundária costuma ter início após os 25 anos de idade, ocorrendo tanto durante a vigília como durante o sono. 2,5,10 Além disso, uma história familiar é menos comum. 5
Causas
A hiperidrose secundária pode ser causada, entre outras, por doenças ou condições de saúde, tais como:
Infeções,1,3,10,11 (ex. tuberculose ou VIH),2,10,11
Linfomas,
Cancro,
Hipertiroidismo,
Diabetes mellitus1,4,7,10,11
Hipoglicemia,6,7,10
Doença de Parkinson,
Neuropatias,1,7,11
Feocromocitoma,2,6,7,11
Alcoolismo,3,6,7
Abstinência (cocaína, opioides),4,11,12
Menopausa.1,3,4,6,7,11.
Medicamentos que alteram a transpiração
Medicamentos de diversas classes podem influenciar a transpiração. Entre outros destacam-se os seguintes:
O diagnóstico de hiperidrose geralmente é feito por avaliação clínica.7 Existem questionários e escalas para determinar a sua gravidade em função do grau de interferência nas atividades diárias.4,7,11 É importante a distinção entre hiperidrose primária e secundária, pois as duas formas podem exigir tratamento diferente. 5
Nos locais com hiperidrose, frequentemente coexistem transtornos cutâneos, como dermatites, eczema atópico, intertrigo, verrugas1 ou dermatofitose.2 A humidade constante pode levar à maceração da pele, aumentando o risco de desenvolvimento de infeções por bactérias e fungos.2,4,5,9
Tratamento da hiperidrose
O objetivo do tratamento da hiperidrose focal primária (HFP) é melhorar os sintomas e a qualidade de vida, reduzindo a produção de suor.8 Na seleção deve ser considerada a localização, a gravidade e as preferências pessoais, bem como questões relacionadas com a segurança e o custo.2 O tratamento da hiperidrose secundária depende da causa subjacente.11 Algumas medidas podem limitar os inconvenientes da hiperidrose. A manutenção da higiene pessoal é indispensável para prevenir as consequências do excesso de humidade na pele.6 Lavar-se frequentemente, secando-se bem,1 evitando produtos para o banho irritantes.6 Preferir vestuário, meias e calçado permeáveis ao ar e em fibras naturais (algodão, lã, couro), mudando-os com frequência,1,6 e não excessivamente ajustados, para facilitar o arejamento.6
Antitranspirantes
A aplicação local de antitranspirantes, geralmente à base de sais de alumínio (por ex., cloreto de alumínio), é o tratamento de primeira linha.1-4,11,14
Os antitranspirantes atuam fisicamente como uma barreira, obstruindo a abertura dos ductos distais das glândulas sudoríparas.2,4,8,10 Também absorvem água, reduzindo a humidade e o pH locais e, portanto, o crescimento bacteriano e fúngico.9
A eficácia dos antitranspirantes tópicos foi demonstrada em alguns ensaios clínicos, mas é variável.6,11 Podem melhorar a hiperidrose palmar e plantar, embora com menor probabilidade de sucesso do que na axilar.2 Os antitranspirantes são comercializados como produtos cosméticos em múltiplas apresentações. A fim de reduzir efeitos indesejáveis, como reações alérgicas, são preferíveis os produtos com um número limitado de compostos.1
Cloreto de alumínio hexa-hidratado
O cloreto de alumínio hexa-hidratado, um dos antitranspirantes mais efetivos,15 é usado na hiperidrose axilar, palmar e plantar. 4,14 Os casos mais graves podem precisar de soluções mais fortes (por ex. a 20%, 2,7,8 ou superiores3,13,14). As menos potentes (6,25%) podem ser usadas em pele sensível.
Usar eficazmente o antitranspirante
Para evitar uma possível irritação da pele, especialmente com o uso de concentrações elevadas,4 o antitranspirante é aplicado idealmente ao deitar, quando a hiperidrose é mínima, devendo permanecer no local por seis a oito horas,2-4,9 e ser lavado pela manhã.2,4 Inicialmente, a aplicação pode ser diária, podendo ser observada melhoria em cerca de uma semana.2,14 O intervalo entre as aplicações pode então ser prolongado,2,3 Em tratamento de manutenção são normalmente aplicados uma vez por semana,2,9 ou de forma menos frequente, dependendo da eficácia e tolerância.9
Efeitos adversos dos antitranspirantes
Os antitranspirantes são bem tolerados, mas podem causar irritação cutânea,1,2,6,7,9 especialmente na região axilar.2 Esta pode ser aliviada com corticosteroides de baixa potência em creme.2,8 Evitar a aplicação de produtos com álcool na zona e a depilação 48 horas antes e depois da aplicação.6 Devem ser evitados na testa e zona central da face para não afetar as mucosas.14
Risco de exposição ao alumínio
Existiu controvérsia sobre a existência de risco de doença de Alzheimer ou de cancro da mama após exposição ao alumínio. Os estudos mais recentes não identificaram nenhum risco significativo.
Glicopirrónio
O glicopirrónio é um fármaco anticolinérgico que atua nas glândulas sudoríparas inibindo a ação da acetilcolina. Dados limitados sugerem que a aplicação tópica (concentrações de 1-2%) pode ser eficaz.15 Não se encontra comercializado em Portugal. Os potenciais efeitos adversos são irritação local e efeitos anticolinérgicos, como boca seca e midríase.2,15
Toxina botulínica
A toxina botulínica aplicada em injeções intradérmicas locais é usada no tratamento de hiperidrose axilar, palmoplantar ou da face.3 As recomendações colocam-na como tratamento de segunda linha na hiperidrose focal primária.4,9 Numerosos estudos e uma meta-análise confirmam a eficácia da toxina botulínica na hiperidrose axilar.2,11,16 Alguns estudos apoiam também o uso na hiperidrose palmar, sendo mais limitados os dados relativos ao uso na plantar.2 A maioria dos estudos foram realizados com a toxina botulínica A.
A toxina botulínica bloqueia a libertação de acetilcolina dos neurónios colinérgicos que inervam as glândulas écrinas,3 reduzindo a produção de suor. 1-3,7,8,10 Como são sintetizadas novas junções neuromusculares, os efeitos duram cerca de 4 a 9 meses,3,8 sendo necessárias repetições do tratamento. 7 Têm sido relatadas durações de efeito entre 2 a 24 meses. 2,7,9
Habitualmente, são realizadas 10 a 20 injeções intradérmicas em cada axila, espaçadas 1-2 cm,2,4,9 devendo ser realizadas por um médico treinado. As doses dependem da toxina utilizada e da área afetada. 9 Os efeitos indesejáveis incluem reações locais, debilidade muscular, mialgias, disfagias, pneumopatias por inalação, reações anafiláticas1 e hematomas no local da injeção. 2,3,11
Pode surgir uma hiperidrose compensatória a nível do tronco ou membros.1 A dor durante as injeções é comum. Para a reduzir pode ser aplicado um anestésico tópico, crioanalgesia (sprays refrigerantes ou compressas de gelo) ou a anestesia por vibração.2,4,8 Uma complicação do tratamento na hiperidrose palmar é fraqueza temporária dos músculos da eminência tenar. 2
O tratamento é contraindicado em distúrbios neuromusculares como miastenia gravis, na gravidez, no aleitamento e na toma de medicamentos que possam interferir na transmissão neuromuscular.8 A toxina botulínica mostrou melhoras na hiperidrose craniofacial em estudos não controlados e relatos de casos. A administração deve ser cuidadosa para evitar defeitos funcionais ou cosméticos. Por ex., a ptose da sobrancelha é uma complicação potencial do tratamento na testa.2
Iontoforese
A iontoforese pode ser útil em pessoas com afetação importante nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés.1-3,14 Embora os estudos sejam limitados, a iontoforese parece aliviar os sintomas em cerca de 85% dos afetados. Consiste na introdução de substâncias ionizadas através da pele pela aplicação de uma corrente elétrica.2,4 Mãos ou pés são colocados num equipamento com água no qual circula uma corrente elétrica de baixa intensidade.1,9 O mecanismo de ação é mal conhecido,3,9 mas acredita-se que iniba a transmissão nervosa simpática, obstruindo as glândulas sudoríparas ao depositar iões e que cause alterações no pH.4 Existem elétrodos especiais usados na hiperidrose axilar.8,15
Os efeitos colaterais são leves,4,8,14 geralmente, evitáveis com a técnica adequada:8 eritema, vesiculação transitória, parestesia, desconforto,2,4,15 prurido e ressecamento da pele.1,2,11 A aplicação de vaselina antes do tratamento protege de lesões cutâneas.1,2 O tratamento não é adequado para pessoas com pacemaker, epilepsia, gravidez,9,15 próteses ou dispositivos intrauterinos metálicos14 ou na presença de lesões nas mãos ou pés. 9
Tratamento sistémico
Há tratamentos sistémicos eficazes, mas os potenciais efeitos colaterais limitam o uso.8 Um tratamento oral pode ser preferível a outras opções, como cirurgia.16 Os anticolinérgicos inibem a secreção das glândulas écrinas ao bloquear a acetilcolina.8 Têm sido usados por via oral em caso de falta de resposta ao tratamento tópico ou de sintomas mais generalizados. Os mais comummente prescritos são o glicopirrónio e a oxibutinina. 3,4,7,14
Oxibutinina
Em alguns estudos, a oxibutinina melhorou os sintomas e a qualidade de vida na hiperidrose. 2,3,8 Geralmente, a dose no adulto é de 5 a 10 mg/dia, em duas doses divididas no caso da oxibutinina de libertação imediata. Em alguns casos têm sido utilizadas doses superiores. 2,15 O tratamento pode ser limitado pelos efeitos colaterais, embora possam ser minimizados com o uso da menor dose eficaz. 16
Glicopirrónio
O glicopirrónio oral mostrou eficácia em alguns estudos. 8,15 As doses em adultos são de 1 a 2 mg/dia,2,15 uma ou duas vezes/dia, mas, ocasionalmente, são necessárias doses superiores.2
Os potenciais efeitos adversos dos anticolinérgicos incluem: boca seca (o mais comum), retenção urinária, obstipação,3,7,9,11 visão turva,2,8,11 xeroftamia7,8 e cefaleia.2,8,9 São efeitos relativamente frequentes.11 Pode ser necessária a descontinuação do glicopirrónio em até um terço dos indivíduos tratados. São necessários estudos adicionais para confirmar a eficácia e segurança na utilização prolongada.7
Anticolinérgicos contraindicações e efeitos adversos
Os anticolinérgicos são contraindicados em glaucoma de ângulo fechado, síndromes digestivas oclusivas, miastenia, obstrução urinária e insuficiência cardíaca. Deve existir muita precaução em pessoas idosas pelo risco de deterioração cognitiva na utilização prolongada.9
Clonidina agonista alfa-2 adrenérgico
Os dados sobre o uso de clonidina, um agonista alfa-2 adrenérgico, são limitados.8 A hipotensão é um potencial efeito adverso.8,11,15
Propranolol beta-bloqueador
Em hiperidrose relacionada com eventos emocionais podem ser úteis os beta-bloqueadores. O propranolol deve ser usado com precaução em pessoas com diabetes ou com problemas cardíacos e em idosos. Os efeitos colaterais incluem fadiga, tonturas, hipotensão e obstipação. A principal indicação é a transpiração devida ao medo cénico 4
Benzodiazepinas
As benzodiazepinas ajudam a diminuir a transpiração causada pela ansiedade.4,15 Podem causar sedação, fadiga e confusão, e têm um elevado potencial de abuso e dependência.4 A maioria dos fármacos orais não têm indicação aprovada na hiperidrose, sendo a utilização off-label. Poucos estudos os avaliaram9 e não existem orientações posológicas. São iniciados em doses baixas, que são aumentadas até atingir o efeito desejado, cuidando de não ultrapassar a dose máxima permitida.4
Outras terapias
As técnicas cirúrgicas são reservadas para formas graves e debilitantes sem resposta a outros tratamentos.1-3,8,9,15 Alguns procedimentos visam remover localmente algumas glândulas sudoríparas, geralmente nas axilas.3,9 Por exemplo, a curetagem por sucção minimamente invasiva.2,11 A simpatectomia torácica endoscópica é o último recurso, envolve a interrupção da transmissão nervosa da cadeia simpática torácica superior responsável pela transpiração.2,3,7 Pode causar hiperidrose compensatória em outras áreas corporais, bem como efeitos colaterais que podem ser graves.1,7,8
Muitas das terapias emergentes foram avaliadas apenas em pequenos estudos, sendo ainda incertos o seu lugar na terapêutica e segurança.9 Dados limitados sugerem que a toxina botulínica tópica, os ultrassons, a terapia com laser2,8,15 e a termólise com micro-ondas8,15 podem ser úteis na hiperidrose axilar.
Acompanhamento da hiperidrose
Os indivíduos com hiperidrose podem sofrer consequências psicológicas, sociais e ocupacionais significativas.2 Em muitos casos, os profissionais de saúde podem subestimar o que as pessoas com hiperidrose vivenciam.5 Os farmacêuticos podem contribuir para que as pessoas sejam mais cientes da existência da hiperidrose e das opções de tratamento, e ajudar a reconhecer uma hiperidrose secundária.4 Deve existir encaminhamento para o médico nas seguintes situações:
Hiperidrose tem início em idade adulta,
Hiperidrose generalizada,
Se existir febre,
Aparição recente,
Dor torácica,
Dispneia ou palpitações,
Perda de peso,
Se o problema for maior durante o sono,
Se não existir melhora com terapêutica tópica,
Se a hiperidrose estiver associada a muita ansiedade,
Se causar problemas na interação social. 6
Produtos usados na hiperidrose
Mas afinal que produtos pode comprar na sua farmácia para mitigar a hiperidrose? A farmacêutica Marta Ferreira, pós-graduada em cosmetologia avançada, destaca alguns que podem ajudar-te bastante a controlar o excesso de transpiração, no seu blog “a pele que habito” e em particular no artigo Transpiração excessiva (Hiperhidrose)| Causas, dicas e produtos.
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17. Marta Ferreira, Farmacêutica e autora do blog “a pele que habito” https://apelequehabito.pt/2019/04/23/transpiracao-excessiva-hiperhidrose-causas-dicas-e-produtos/
A varíola dos macacos (Monkeypox ou mpox) foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para pesquisa, daí o nome “monkeypox”.
Segundo o Manual MSD a varíola do macaco, assim como a varíola, é um membro do grupo dos ortopoxvírus. Apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola. Embora o reservatório seja desconhecido, os principais candidatos são pequenos roedores (p. ex., esquilos) nas florestas tropicais da África, principalmente na África Ocidental e Central.
A doença em humanos ocorre na África esporadicamente e em epidemias ocasionais. A maioria dos casos notificados ocorreu na República Democrática do Congo. Desde 2016, também foram notificados casos confirmados em Serra Leoa, Libéria, República Centro-Africana, República do Congo e Nigéria, que sofreu o maior surto recente.
Acredita-se que um aumento recente de 20 vezes na incidência seja decorrente da interrupção da vacinação contra a varíola em 1980; as pessoas que receberam a vacina contra a varíola, mesmo > 25 anos antes, têm menor risco de varíola símia. Casos da varíola símia na África também estão a aumentar porque as pessoas estão a invadir cada vez mais os habitats dos animais que carregam o vírus.
Nos EUA, em 2003, ocorreu uma epidemia de varíola do macaco quando roedores infetados, importados da África como animais de estimação, disseminaram o vírus para cães de estimação que, então, infetaram pessoas no Meio Oeste. Essa epidemia teve 35 casos confirmados, 13 prováveis e 22 suspeitos em 6 estados, mas não houve mortes.
Depois de a Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença, a Organização Mundial de Saúde alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
O mpox transmite-se sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual. A nova variante, clade I, pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022. A quase totalidade dos casos são homens, com idades entre os 19 e os 64 anos. Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.
Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infetar terceiros sem saber que estão infetadas.
Sinais e sintomas
Em humanos, os sintomas da varíola são semelhantes, mas mais leves do que os sintomas da varíola. Monkeypox começa com febre, dor de cabeça, dores musculares e exaustão. A principal diferença entre os sintomas da varíola e da varíola do macaco é que a varíola do macaco faz com que os gânglios linfáticos inchem (linfadenopatia), enquanto a varíola não. O período de incubação (tempo desde a infecção até os sintomas) da varíola dos macacos é geralmente de 7 a 14 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.
A doença começa com:
Febre
Dor de cabeça
Dores musculares
Dor nas costas
Linfonodos inchados
Arrepios
Exaustão
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões progridem através dos seguintes estágios antes de cair:
Máculas
Pápulas
Vesículas
Pústulas
Escaras
A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas. Na África, a varíola dos macacos causa a morte de até 1 em cada 10 pessoas que contraem a doença.
Transmissão
A varíola símia é provavelmente transmitida de animais através de secreções fisiológicas, como gotículas de saliva ou respiratórias ou contato com exsudato de feridas. A transmissão de um indivíduo para outro ocorre de modo ineficaz e acredita-se que ocorra principalmente por meio de grandes gotículas respiratórias via contato direto e pessoal prolongado. A taxa geral de ataque secundário depois do contato com uma fonte humana conhecida é de 3%, e taxas de ataque de até 50% foram relatadas em pessoas que vivem com uma pessoa infetada pela varíola do macaco. Também foi documentada transmissão em ambientes hospitalares. A maioria dos pacientes é criança. Na África, a taxa de casos fatais varia de 4 a 22%.
Diagnóstico
Clinicamente, a varíola símia é semelhante à varíola; entretanto, as lesões cutâneas ocorrem com mais frequência em surtos e a linfadenopatia ocorre na varíola símia, mas não na varíola humana. Infecção bacteriana secundária da pele e dos pulmões pode ocorrer.
A diferenciação clínica entre varíola do macaco e varíola e varicela (um herpesvírus, não um vírus pox) pode ser difícil. O diagnóstico da varíola símia é por cultura, PCR (polymerase chainreaction), exame imuno-histoquímico ou microscopia eletrônica, dependendo de quais testes estão disponíveis.
Tratamento
Não há tratamento seguro e comprovado para infecção por vírus da varíola do macaco. O tratamento da varíola símia é de suporte. Fármacos potencialmente úteis incluem:
Tecovirimat – fármaco antiviral tecovirimat, aprovado pela US Food and Drug Administration (FDA)] para o tratamento da varíola;
O fármaco antiviral cidofovir ou brincidofovir (CMX001)
Todas esses fármacos têm atividade contra a varíola símia in vitro e em modelos experimentais. Mas nenhum desses fármacos foi estudado ou utilizado em áreas endêmicas para tratar a varíola do macaco.
Prevenção
ACAM200 e JYNNEOSTM (também conhecido como Imvamune ou Imvanex) são as duas vacinas atualmente licenciadas nos Estados Unidos para prevenir a varíola. JYNNEOS também é licenciado especificamente para prevenir a varíola dos macacos.
A nova vacina contra varíola JYNNEOS foi autorizada pela FDA em 2019 para a prevenção tanto da varíola símia quanto da varíola. A aprovação foi baseada em dados sobre imunogenicidade e eficácia obtidos de estudos com animais. O Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) está atualmente avaliando a JYNNEOS para a proteção daqueles em risco de exposição ocupacional ao ortopoxvírus. A JYNNEOS não está disponível ao público.
Dados prévios da África sugerem que a vacina contra varíola é pelo menos 85% eficaz na prevenção da varíola símia, pois o vírus desta doença está intimamente relacionado com o vírus que causa a varíola.
Nolen LD, Osadebe L, Katomba J, et al: Extended human-to-human transmission during a monkeypox outbreak in the Democratic Republic of the Congo. Emerg Infect Dis 22 (6):1014–1021, 2016. doi: 10.3201/eid2206.150579;
Acne é uma das patologias cutâneas mais frequentes em dermatologia. O acne juvenil, nome científico dado às inestéticas e irritantes borbulhas que infestam a face dos adolescentes e lhes atormentam a existência, afeta 80% dos jovens entre os 12 e os 19 anos. As adolescentes são afetadas mais cedo entre os 14 e os 17 anos. Os rapazes entre os 16 e os 19 anos. É mais frequente nos latinos e nos países com menor exposição solar.
É uma doença crónica inflamatória do folículo pilossebáceo que ocorre em 4 fases:
Hiperplasia sebácea, com produção exagerada de sebo principalmente devido a níveis elevados de androgénios como a testosterona sobre a qual atua a enzima 5-α redutase transformando a testosterona em diidrotestosterona (DHT) que estimula ainda mais a produção de sebo pela glândula sebácea.
Hiperqueratinização do folículopiloso que leva ao bloqueio do sebo, não o deixando sair pelo poro para o exterior e originando o comedão que é a lesão primária da acne.
Colonização bacteriana do folículo pela Propionibacterium acnes
Inflamação do folículo piloso
Zonas mais afetadas
Rosto (99%)
Costas (60%)
Tórax (15%)
Fatores potenciadores
Alguns fatores parecem estar relacionados com o aparecimento da acne, tais como:
História genética familiar;
Tabaco;
Fármacos como os corticosteroides, fenitína, isoniazida, androgénios e lítio;
Cosméticos comedogénicos ou seja que bloqueiam a saída de sebo levando à formação do comedões.
Adolescência;
Gravidez;
Período menstrual;
Stress;
Humidade pois o clima húmido aumenta a secreção sebácea.
Acne existe na idade adulta?
Sim pode aparecer apenas na idade adulta. Nestes casos de acne tardia será mais prevalente nas mulheres do que nos homens.
Depressão e ansiedade
Existe de facto uma prevalência maior de depressão, ansiedade e ideação suicida nos adolescentes com acne.
Chocolate provoca acne?
Será que o consumo de chocolate provoca acne ? A correlação deste fenómeno com fatores alimentares é discutida há largos anos sem que, contudo, se tenha atingido qualquer consenso científico.
A maior incidência entre as populações jovens dos países mais desenvolvidos sugere que poderão nele estar implicados fatores de ordem alimentar ou genética.
Dos poucos estudos até agora efetuados para determinar a influência da alimentação na eclosão de lesões acneicas, apenas alguns sugerem uma eventual relação do elevado consumo de açúcar com o agravamento das lesões cutâneas. O papel direto do chocolate enquanto fator desencadeante ou agravante não está inequivocamente provado.
Concluindo:
Para já os estudos não provaram a relação entre acne e o consumo de chocolate (ainda bem 🙂 para os gulosos!) pelo que esta crença está no campo dos mitos na saúde!
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Fontes: Dr José Barata, médico especialista em medicina interna.
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