Herpes Zona e Varicela: Os vírus da família HERPES são diversos e provocam doenças distintas mas, algumas, muito comuns tais como o Herpes labial e Herpes genital, a varicela e a zona. Um estudo com o título “A comparison of herpes simplex virus type 1 and varicella-zoster virus latency and reactivation” feito em colaboração entre o Institute of Infection, Immunity and Inflammation, University of Glasgow e do Department of Microbiology, Immunology and Pathology, Colorado State University, clarifica os mecanismos que fazem a ligação entre herpes labial, genital, varicela e zona.
Falarei também da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo, que é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
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- Herpes, o que é?
- Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), qual a diferença?
- Quais as principais doenças provocadas pelos vírus da família herpes?
- Herpes simples tipos 1 e 2, que partes do corpo afetam?
- Qual a causa do herpes labial, oral, genital, face, ocular e cerebral?
- Qual a prevalência na população?
- Quais os fatores de risco que causam novas crises?
- Quais os sintomas?
- Quais os sintomas que antecedem e “avisam” que vai chegar nova crise de herpes?
- Quais as zonas do corpo que podem ser afetadas por outros vírus da família herpes?
- Como se transmite?
- Onde se esconde o vírus?
- Qual o período de incubação?
- Em que altura da vida se contraem os mais comuns vírus da família herpes?
- Qual o melhor tratamento e medicamentos usados?
- Herpes labial, qual o tratamento?
- Aciclovir, quais as reações adversas mais comuns?
- Herpes: Será que tem cura?
- Quais as lesões parecidas com herpes?
- Herpes, quais as complicações possíveis?
- Mononucleose ou “doença do beijo”, o que é? Quais as causas? Como proteger-se? Qual o tratamento?
- Mononucleose, será que já sabe tudo?
- Varicela ou catapora: O que é? Quais os sintomas? Será perigosa?
- Quais as complicações da Varicela?
- Varicela, se estiver grávida o que deve fazer?
- Os sintomas são mais graves na criança ou no adulto?
- Varicela, qual o aspeto das borbulhas?
- Varicela, como impedir que a criança coce?
- Quais as fases da doença?
- A varicela pode provocar zona?
- Varicela, qual o tratamento?
- Existe vacina para a varicela?
- Zona: O que é?
- Zona: Quais as causas?
- Qual a prevalência na população?
- Quais os sintomas da zona?
- Quais as complicações da zona?
- A zona é contagiosa?
- Zona, qual o tratamento?
- Zona, existe vacina?
Herpes o que é?
O herpes é um vírus comum que pode atingir diversas partes do corpo consoante o seu subtipo. O herpes labial e o genital são infeções virais contagiosas causadas por dois dos subtipos de vírus da família do Herpes vírus humano, composta por 8 subtipos diferentes. Dois dos mais conhecidos e relevantes são os seguintes:
- Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
- Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
Vírus da família Herpes, principais doenças
Cada subtipo do vírus causa doenças completamente distintas umas das outras, tais como:
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- Herpes labial ( vírus HSV-1);
- Herpes genital (vírus HSV-2);
- Herpes ocular (vírus HSV-1);
- Mononucleose infeciosa ou “Doença do beijo” (vírus Epstein Barr, da família do herpes);
- Varicela, no Brasil chama-se catapora (Vírus varicela-zoster, da família do herpes);
- Zona (vírus herpes zoster);
- Meningoencefalite, pode ser muito grave (vírus HSV-1).
O Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são duas espécies da família do vírus Herpesviridae, responsáveis por infeções em humanos. Todos os vírus da família herpes produzem infeções latentes.
Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HVS-2)
As principais diferenças entre HSV-1 e HSV-2 são as seguintes:
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- HSV-1 costuma causar o herpes labial,
- HSV-2 é, em geral, responsável pelo herpes genital.
Deve dizer-se em geral porque como a prática de sexo oral é muito comum, não é raro encontrarmos lesões orais pelo HSV-2 e lesões genitais pelo HSV-1.
Herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes labial, boca, face, ocular e cérebro
Normalmente associado a infeções dos lábios, da boca e da face. Esse é o vírus mais comum de herpes simples e muitas pessoas têm o primeiro contacto com este vírus na infância. O HSV1 frequentemente causa feridas (lesões) nos lábios e no interior da boca, como aftas, ou infeção do olho (principalmente na conjuntiva e na córnea) e também pode levar a uma infeção no revestimento do cérebro (meningoencefalite). Pode ser transmitido por meio de contacto com a saliva infetada.
Herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2)
De seguida descrevo a partes do corpo mais afetadas pelo HSV-1.
Herpes genital e oral
Normalmente transmitido sexualmente, o HSV-2 provoca comichão e bolhas ou mesmo úlceras e feridas genitais. Entretanto, algumas pessoas com HSV-2 não apresentam quaisquer sinais (latência). A infeção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 pode acontecer se houver contacto oral-genital. Isto é, pode-se contrair herpes genital na boca ou herpes oral na área genital.
Prevalência na população
Herpes labial e genital
Um em cada cinco adultos é portador do HSV-2 e mais da metade da população tem o HSV-1. Porém, muitos portadores não apresentam sintomas.
A infeção pelo Herpes simplex é recorrente, ela vai e volta espontaneamente. Isto ocorre porque o vírus “esconde-se” dentro das células do sistema nervoso impedindo que as defesas do organismo consigam eliminá-las completamente. Quem tem Herpes uma vez, terá herpes o resto da vida.
Fatores de risco que causam nova crise
Herpes labial e genital
De vez em quando o vírus volta a manifestar-se, normalmente em períodos de fragilidade do nosso sistema imunitário. Alguns fatores que podem induzir crises são conhecidos, a saber:
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- Exposição solar intensa,
- Stress emocional,
- Menstruação,
- Traumas, etc.
A frequência das recorrências é individual.
Sintomas
Herpes labial e genital
A primeira lesão de herpes costuma ser a mais sintomática, por ainda não termos anticorpos formados. Em geral, o quadro é o seguinte:
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- Múltiplas vesículas (pequenas bolhas) agrupadas, com áreas de inflamação na base e ao redor;
- Aftas ou úlceras geralmente na boca, nos lábios, nas gengivas ou nos genitais;
- Lesões dolorosas que podem ser acompanhadas de mal estar;
- Gânglios ou nódulos linfáticos aumentados no pescoço ou na virilha (geralmente somente no momento inicial da infeção)
- Febre especialmente durante o primeiro episódio de infeção;
- Lesões genitais ou mesmo orais podem começar com uma sensação de queimadura ou formigueiro.
Sintomas que antecipam nova crise
As recorrências costumam ser menos sintomáticas e mais curtas. Normalmente apresentam alguns sintomas que “avisam” algumas horas antes das vesículas que as lesões do herpes vão reaparecer. Alguns desses sintomas de aviso são os seguintes:
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- Dor,
- Formigueiro ou prurido (comichão) local.
As vesículas podem romper-se, formando pequenas ulcerações que lembram aftas.
Partes do corpo que podem ser afetadas
O HSV-1 e o HSV-2 têm mais afinidade pela mucosa oral e genital, respetivamente. Porém, podem causar infeções em outras partes do corpo, por exemplo:
- Pele,
- Olhos,
- Meningite,
- Encefalite (infeção do encéfalo),
- Hepatite,
- Pneumonia,
- Esofagite (inflamação do esófago).
Estas infeções mais graves costumam ocorrer em doente com imunossupressão como na SIDA (AIDS) e nos transplantados. Uma outra complicação das infeções pelo Herpes vírus é a paralisia facial, chamada de paralisia de Bell.
Transmissão e contágio
A transmissão do herpes ocorre por contacto íntimo com a área infetada. O Herpes vírus é muito contagioso; o período de maior risco de transmissão é durante as crises e nos 2 dias que a antecedem, podendo também ocorrer mesmo quando não há lesões aparentes. Alguns pacientes secretam o vírus mesmo fora das crises, podendo transmiti-lo a qualquer momento, principalmente no HSV-2.
Onde se esconde o vírus?
O herpes vírus sobrevive poucas horas fora de um organismo vivo. Por isso é encontrado principalmente nas seguintes localizações:
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- Lesões herpéticas,
- Saliva,
- Sêmen,
- Secreções vaginais,
- Objetos, como copos e talheres mas é menos comum, uma vez que o vírus com dificuldade fora dos organismos vivos.
Período de incubação
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de 4 dias, em média.
Em que altura da vida se contrai?
O Herpes simples genital é uma DST (doença sexualmente transmissível). Durante a fase ativa deve-se evitar atividade sexual, pois mesmo com o uso de preservativo há risco de contaminação.
- O herpes labial (HSV-1) é normalmente adquirido durante a infância,
- O herpes genital (HSV-2) é normalmente contraído na vida adulta.
Tratamento
Alguns casos de herpes são leves e não precisam de tratamento a não ser tratamentos tópicos. Mas pessoas que têm surtos graves ou prolongados (principalmente se for o primeiro episódio de infeção), que têm problemas no sistema imunológico ou aquelas que têm recorrência frequente talvez necessitem usar medicamentos antivirais em comprimidos.
Doentes com recorrências graves ou frequentes de herpes oral ou genital podem optar por continuar com os medicamentos antivirais, em comprimidos, para reduzir a frequência e a gravidade dessas recorrências.
Medicamentos
As lesões locais ligeiras não complicadas de herpes labial podem ser tratadas apenas com cremes de aplicação local. As lesões mais graves, extensas, com maior número de lesões, recorrentes ou em doentes imunodeprimidos devem ser tratadas com dosagens mais elevadas de antivirais, tomados por via oral, em comprimidos. Os medicamentos mais usados para o tratamento de herpes simplex, são:
- Aciclovir 200 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®), 5xdia, durante 5 dias;
- Aciclovir 800 mg comprimidos (Zovirax®, Ezopen®)
- Aciclovir creme (Zovirax®) 5xdia, durante 4 a 5 dias;
- Aciclovir+Hidrocortisona creme (ZoviDuo®), 5xdia, durante 4 a 5 dias;
- Fanciclovir 125 mg (®)
- Fanciclovir 500 mg (Penvir®)
O aciclovir com hidrocortisona (Zoviduo®) é normalmente utilizado no herpes labial nas crises com comichão.
O tratamento com antivirais, como o aciclovir, serve para reduzir o tempo de doença. Quanto mais precocemente forem iniciados, melhor a resposta. No herpes labial pode-se usar pomadas e no genital comprimidos.
Herpes labial, qual o tratamento?
O tratamento do herpes labial depende da gravidade das lesões e frequência das crises. Assim se forem crises pontuais com lesões pouco extensas basta a aplicação local de um creme com aciclovir, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Se lesões foram mais extensas, em maior número ou acontecerem com frequência o seu médico pode optar por uma tratamento mais agressivo, por via oral, com aciclovir 200mg, 5xdia, durante 4 a 5 dias.
Um dos aspetos mais importantes para diminuir a gravidade e extensão das crises é reconhecer ao longo do tempo os sintomas que antecedem o aparecimento das lesões tais como comichão e dor local. Assim que forme sentidos deve de imediato começar a aplicar localmente um creme com aciclovir. Este procedimento é o mais relevante para diminuir a gravidade e duração de uma crise de herpes labial.
Os pensos para o herpes labial são eficazes?
Os pensos disponíveis para o herpes labial não têm atividade antiviral como o aciclovir. Eles são no entanto úteis para cicatrizar mais rapidamente as feridas causadas pelas “borbulhas” do herpes, depois destas rebentarem. O tratamento ideal do herpes labial simples (não complicado) seria:
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- Aplicar um creme antiviral logo que existissem sintomas que antecedem o aparecimento de uma crise;
- Continuar a aplicação do creme com aciclovir, 5xdia, durante 5 dias;
- Quando as “borbulhas” rebentarem colocar os pensos sobre as feridas 3xdia, sem nunca deixar de aplicar o creme;
- Os pensos não devem ser colocados ao mesmo tempo que o creme porque a aderência à ferida fica muito diminuída ou seja após a aplicação do creme aconselha-se um intervalo de pelo menos 1 a 2 horas para deixar que a absorção do aciclovir se faça e só depois aplicar o penso.
Aciclovir, reações adversas
No tratamento com aciclovir, entre 1% a10% dos doentes podem manifestar os seguintes efeitos secundários:
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- Dor de cabeça,
- Tonturas,
- Enjoos,
- Vómitos,
- Diarreia,
- Dores abdominais,
- Prurido ou comichão,
- Vermelhidão/protuberâncias na pele que podem piorar com exposição solar,
- Sensação de fadiga,
- Febre.
Herpes tem cura?
O herpes não tem cura nem existe ainda vacina eficaz. O tratamento está realmente indicado nas lesões primárias e nos doentes imunossuprimidos. Nos outros casos, o tratamento não altera muito o curso da crise.
Lesões parecidas com herpes
Outros dois tipos de lesões genitais têm causado algum tipo de confusão com o Herpes. Ambas são assintomáticas e podem afetar a zona genital e a boca a saber:
- Manchas de Fordyce, uma espécie de glândulas sebáceas. Não indicam qualquer tipo de doença.
- Pápulas peroladas. Também não indicam nenhuma patologia e pode afetar homens e mulheres.
Complicações possíveis
Apesar de não ser uma doença grave, a herpes simples não tratada pode levar a algumas complicações de saúde, como:
- Erupção variceliforme (herpes espalhada pela pele),
- Encefalite,
- Infeção do olho,
- Infeção da traqueia,
- Meningite,
- Pneumonia,
- Infeção prolongada grave em indivíduos com sistema imunitário debilitado ou imunossuprimidos.
Mononucleose ou doença do beijo o que é?
A mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Epstein Barr, da família do herpes. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens.
Sobre a Mononucleose vamos responder ás seguintes perguntas:
- Porque se chama doença do beijo?
- Mononucleose como se transmite o vírus?
- Quanto tempo pode ficar o vírus no organismo depois dos sintomas desaparecerem?
- Quem tiver contraído o vírus não deve beijar ninguém durante muitos meses?
- O vírus da mononucleose é muito infecioso?
- Quais os sintomas da mononucleose?
- Como se diferencia da faringite comum?
- A mononucleose provoca manchas no corpo?
- É verdade que a mononucleose pode afetar com gravidade o baço?
- O fígado pode ser afetado?
- Que complicações menos comuns podem acontecer?
- Quais os riscos para uma grávida que contraia a mononucleose?
- O que é a síndrome de mononucleose?
- Qual a diferença entre síndrome de mononucleose e a doença mononucleose infeciosa?
- Quais as principais doenças que apresentam quadro de síndrome de mononucleose?
- Como se faz o diagnóstico da mononucleose infeciosa?
- A mononucleose infeciosa provoca fadiga crónica?
- Como beijar bem ? 🙂
Clica na imagem para saber tudo sobre Mononucleose
Varicela ou catapora, o que é?
A varicela ou catapora é uma doença de infância muito vulgar. Todos os anos afeta dezenas de milhar de crianças em Portugal, especialmente durante o Inverno e Primavera. É causada pelo vírus varicela-zoster, um membro da família do vírus herpes, o mesmo que causa herpes zoster (zona). Uma vez debelada, a varicela normalmente não reaparece, no entanto, o vírus permanece alojado no tecido nervoso como que adormecido (não ativo), podendo reativar-se mais tarde, causando zona.
A varicela ou catapora é perigosa?
Quando se detetam os primeiros sintomas é difícil prever até que ponto a varicela poderá ser grave. Apesar de a doença não ser normalmente perigosa em crianças saudáveis, causa mal-estar e pode levar ao absentismo das crianças à escola e dos pais ao emprego. Em crianças mais velhas e em especial nos adultos, os sintomas são normalmente mais graves e podem originar outros problemas.
Complicações
A varicela é uma doença predominantemente da infância, benigna e altamente contagiosa, com taxas de transmissão aos contactos suscetíveis de 61-100%1 . Pode contudo associar-se a complicações graves, associadas a sobre-infecção bacteriana , tais como:
- Celulite,
- Pneumonia,
- Fasceíte,
- Choque tóxico.
Pode também associar-se a complicações do próprio Vírus Varicela-zoster (VVZ), tais como:
- Cerebelite,
- Encefalite,
- Pneumonia.
Estas ocorrem sobretudo em situações de imunodeficiência celular, mas também em crianças previamente saudáveis. Nas leucemias e transplante de órgão, cerca de 50% das crianças desenvolvem complicações com uma mortalidade global de 7 a 17% se não forem tratadas com aciclovir.
Se estiver grávida o que deve fazer?
A grávida pode estar sujeita a um risco mais elevado em relação ao aparecimento de complicações com o feto, pelo que deve evitar a exposição à doença. A infeção na grávida acarreta um risco adicional para a mulher, nomeadamente pela maior incidência de pneumonite que, sem tratamento, pode ser fatal em cerca de 40% dos casos . Também no feto, pode ocorrer a síndrome de Varicela Congénita e, no recém-nascido, varicela grave quando a doença materna se manifesta 5 dias antes ou 2 dias após o parto.
Sintomas
A sequência de aparecimento de sintomas é curiosa e é a seguinte:
- O primeiro sintoma é febre ligeira;
- Um ou dois dias mais tarde aparecem manchas vermelhas normalmente primeiro no couro cabeludo;
- Mais tarde as manchas vermelhas espalham-se pela cara, tronco, axilas, braços, pernas, boca e por vezes na traqueia e brônquios.
- Começa a surgir comichão.
Uma das caraterísticas diferenciadoras da varicela são as lesões no couro cabeludo ou seja se não existirem lesões na cabeça dificilmente será varicela!
A criança pode também queixar-se de:
- Dores de cabeça,
- Dores de garganta,
- Gânglios linfáticos inflamados e dolorosos,
- Dores de estômago,
- Cansaço,
- Perda de apetite.
Sintomas nas crianças e nos adultos
Crianças com menos de 10 anos têm sintomas mais moderados em relação às mais velhas e aos adultos. Os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves, com um aumento vinte vezes superior na mortalidade entre os 15 e os 44 anos.
Aspeto das borbulhas
São pequenas e vermelhas, provocam comichão e transformam-se em bolhas num curto espaço de tempo (horas). Estas bolhas cheias de líquido (vesículas) secam e formam crostas em alguns dias. Estas borbulhas aparecem durante 5 dias e a maioria forma crosta em 6 a 7 dias Por vezes as borbulhas deixam cicatrizes. É mais provável a formação de cicatrizes se as borbulhas infetarem. É importante impedir que a criança se coce para prevenir o aparecimento de cicatrizes.
Impedir que a criança coce as borbulhas
Impedir a criança de coçar as lesões não é fácil! No entanto os seguintes procedimentos podem ajudar bastante, a saber:
- Manter as borbulhas limpas e secas;
- Usar loções calmantes e banhos de água morna de 4 em 4 horas nos primeiros dias;
- Enxaguar sem esfregar;
- Manter as unhas curtas para prevenir eventuais infeções e cicatrizes.
Transmissão da varicela ou catapora
Os outros irmãos se ainda não tiveram varicela têm uma elevada probabilidade (80%-90%) de contágio. Se forem saudáveis o melhor será que tenham a doença enquanto crianças. Assim estarão protegidos de contrair varicela mais tarde, podendo ser então mais grave. Se tiverem problemas de saúde deverá consultar-se o médico.
Os adultos que nunca tiveram varicela poderão contraí-la através dos filhos. Nestes casos é necessário contatar o médico. A varicela é uma doença grave nos adultos.
Uma mulher grávida pode estar sujeita a um risco ainda mais elevado no que respeita ao aparecimento de complicações, devendo evitar a exposição à doença, devido ao risco que isto constituí para o feto. A varicela é também grave para aqueles com um sistema imunitário enfraquecido. Uma criança saudável poderá estar em contacto com adultos com varicela, pois será melhor que tenha a doença em criança.
Entre pessoas como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pelo ar, quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala, ou pelo contacto direto com as lesões do doente.
Fases da doença
Período de incubação
Cerca de 14-15 dias contados a partir do contacto com o infetado.
Período de contágio
A varicela pode ser transmitida a outra pessoa desde aproximadamente 10 dias após ser contagiada até todas as bolhas se transformarem em crostas. O isolamento de um doente infetado previne a transmissão da infeção.
A varicela pode provocar zona?
A infeção por VVZ pode ressurgir anos ou décadas mais tarde na forma de herpes-zoster (HZ) que provoca zona, situação que pode evoluir com complicações semelhantes às da varicela. Esta reativação afeta 10-30% da população e está associada a uma morbilidade e mortalidade significativas nos indivíduos idosos e nos imunocomprometidos.
Tratamento da varicela ou catapora
No caso de ser uma varicela ligeira o tratamento efetuado visa o alívio sintomático:
- Paracetamol (Ben-u-ron®) para alívio das dores e febre;
- Banhos de água morna para alivio da comichão;
- Loções de calamina (Caladryl®) para alivio da comichão;
- Desinfetantes para as vesículas (Eosina).
Para os casos mais graves ou doentes com fator de risco elevado existe um medicamento específico para a varicela, que ajuda de forma substancial à redução da duração da doença, permitindo que o doente se sinta melhor num espaço de tempo mais curto. Esse medicamento é o seguinte:
- Aciclovir (Zovirax®), do qual já existe genérico em comprimidos e pomada. A dosagem dos comprimidos varia entre 200 e 800 mg.
O Aciclovir inibe a replicação do vírus da varicela por interferência com DNA-polimerase encurtando o período da doença. Além deste medicamento, o tratamento é acompanhado de um anti-histamínico, que reduz a comichão e um desinfetante tópico que diminui o risco de infeção das bolhas rebentadas.
Manter uma boa higiene corporal e das roupas evita, também, infeções. Antibióticos poderão ser usados quando existe o risco de infecção.
Crianças varicela e aspirina, perigos!
Não se deve dar ácido acetilsalicílico (aspirina) ou seus derivados às crianças com varicela por poder causar o síndroma de Reye, que é uma complicação grave caracterizada por alterações neurológicas e hepáticas.
Se aparecerem lesões na boca, deve-se dar alimentos moles, bebidas frias e evitar os ácidos e salgados. Nas lesões na área genital poderão usar-se cremes anestésicos. As situações mais graves deverão ser sempre acompanhadas por um médico.
Vacina da varicela ou catapora, existe?
A OMS recomenda que as atuais vacinas contra a varicela só devem ser utilizadas na criança se se assegurar uma cobertura vacinal acima dos 85-90%, pelos riscos que a alteração epidemiológica induzida pode acarretar. A vacina da varicela está disponível nos EUA desde 1995 com recomendação de vacinação universal. Na Europa, encontra-se atualmente recomendada para vacinação universal na Alemanha, Espanha, Itália, Holanda e Suíça.
A vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV). Pode ser administrada a partir dos 12 Meses de idade ou a pessoas que estejam expostas à doença. Se administrada no período de 3 dias após exposição à doença pode prevenir uma infeção clinicamente aparente ou modificar o curso da infeção.
Qual é a vacina contra a Varicela?
A vacina contra a varicela é constituída por Vírus varicela-zoster (VVZ) vivo atenuado (estirpe Oka). É uma vacina segura no imunocompetente. Estão descritos casos raros de encefalite, ataxia, convulsões, neuropatia, eritema multiforme, Síndrome de Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, acidente vascular cerebral e até morte, mas sem que a relação de causalidade estivesse definitivamente estabelecida. O vírus da vacina da varicela pode causar infeções graves no imunodeprimido estando descrito 2 casos em que o vírus vacinal se tornou resistente ao aciclovir.
ESQUEMA VACINAL
Existem em Portugal duas vacinas comercializadas, a saber:
- Varivax®,
- Varilrix®.
Ambas estão autorizadas para administração acima dos 12 meses de idade, em doses de 0,5 ml, por via subcutânea. A vacinação contra Varicela requer a administração de duas doses, com intervalo mínimo de 3 meses, para as crianças entre 12 meses e 12 anos de idade. Nos países com recomendação de vacinação universal, a segunda toma é administrada aos 5-6 anos de idade. A partir dos 13 anos o intervalo deve ser de 4 a 8 semanas (Varivax®) 37 ou de 6 a 8 semanas (Varilrix®) 38. A Comissão de Vacinas não estabelece preferência entre as duas vacinas.
Zona o que é?
A Zona Manifesta-se por uma erupção na pele e é provocada pelo mesmo vírus que, geralmente na infância, origina a varicela. Popularmente é conhecida por “cobro” ou “cobrão”, pois a distribuição das lesões cutâneas na pele faz-se muitas vezes lembrar a forma de uma serpente.
É uma doença infeciosa provocada pela reativação do mesmo vírus que provoca a varicela. Caracteriza-se por uma erupção cutânea acompanhada de dor intensa, num dos lados do corpo, que ocorre com maior frequência em indivíduos com mais de 50 anos.
Causas da zona
Surge quando a imunidade que se tinha formado contra o vírus diminui. Qualquer pessoa que tenha tido varicela pode vir a desenvolver a doença, sobretudo a partir dos 50 anos. A Zona, também designada por Herpes Zoster, aparece apenas nas pessoas que tiveram varicela em alguma altura da sua vida. Após a varicela, normalmente na infância, o vírus não é eliminado do organismo, e aloja-se num nervo, geralmente junto à espinal medula e aí fica como que adormecido. Pode manter-se assim durante muitos anos.
Esta patologia manifesta-se através de uma erupção cutânea, geralmente na região torácica, que evolui para bolhas dolorosas, que formam crosta e cicatrizam ao fim de semanas. Os tratamentos existentes podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados 72 horas após o início dos sintomas.
O sistema imunitário
Quando as defesas naturais do organismo enfraquecem temporariamente, o vírus pode reativar-se, deslocando-se, então, ao longo do nervo até atingir a pele, onde provoca a erupção característica da Zona. Este processo é quase sempre acompanhado de uma dor localizada muito intensa, pois todo o nervo por onde o vírus se desloca fica muito inflamado.
O enfraquecimento das defesas naturais pode dever-se a fatores como:
- Uma infeção prévia (ex.: Gripe);
- Uma intervenção dentária;
- Abuso do álcool;
- Um acontecimento psicologicamente traumatizante;
- Tratamento com corticóides, quimioterapia ou radioterapia;
- Uma intervenção cirúrgica.
Qual a prevalência na população?
95% da população adulta já teve varicela pelo que tem no organismo o vírus que provoca a zona, estando em risco de desenvolver a doença. Uma em cada quatro pessoas irá desenvolver zona ao longo da vida. O risco de desenvolver a zona duplica aos 50 anos devido ao enfraquecimento do sistema imunitário associado ao envelhecimento.
Sintomas quais são e como evolui?
O primeiro sintoma da Zona é quase sempre a dor intensa localizada, que se sente, às vezes, antes de surgirem as lesões da pele. A maioria dos doentes sente na área afetada dor intensa ou ardor que pode ser constante ou intermitente. Por vezes, estímulos habitualmente não dolorosos, podem provocar dor intensa. Na fase aguda da Zona (quando existe erupção cutânea) a dor está presente, em média, durante 2-4 semanas.
As lesões são pequenas bolhas avermelhadas que surgem progressivamente ao longo de uma faixa estreita de pele. Normalmente, surge uma erupção cutânea unilateral que pode aparecer em muitos locais, mas a localização mais comum é a região do tórax, cabeça e pescoço. A erupção cutânea evolui para vesículas (bolhas) dolorosa. As vesículas passam a feridas em três dias; após uma semana a dez dias as feridas secam e as crostas caem ao fim de duas a três semanas.
Complicações
A principal complicação da Zona é a permanência da dor. Esta dor, a que se dá o nome de neuralgia pós-herpética, pode tronar-se crónica e persistir durante meses ou anos, impedindo muitas vezes o doente de levar uma vida normal e despreocupada. Podem ocorrer outras complicações, como por exemplo quando são atingidos os olhos. Nestes casos, existe o risco de cegueira.
Em 10 a 20% dos casos, a Zona afeta o olho e pode causar alterações da visão ou mesmo cegueira. Pode também provocar perda de audição no lado afetado, assim como infeções cutâneas ou cicatrizes permanentes.
Será contagiosa?
A zona deve-se à reativação do vírus da varicela que ficou latente no organismo, como tal, não é possível contrair através de outras pessoas. Um indivíduo com Zona pode transmitir o vírus a alguém que nunca teve varicela, normalmente a crianças, que desenvolverão a varicela. Sendo a forma de contágio idêntico ao da varicela.
Tratamento da zona
Deve-se ir imediatamente ao médico assim que as bolinhas surgem na pele. Se se sentir uma dor aguda localizada, do tipo queimadura ou facada, mesmo antes das bolhas aparecerem, não se deve adiar a ida ao médico. Quanto mais cedo o médico prescrever o tratamento adequado, mais depressa desaparecerão as feridas e mais hipóteses terá de as dores não continuarem. O tratamento antiviral mais comum é o seguinte:
- Aciclovir 800 mg, comprimidos, de 4/4h, saltando a toma noturna.
A Zona não tem cura, contudo, alguns medicamentos podem diminuir a duração da doença e a intensidade da dor, quando tomados nas 72 horas após o início dos sintomas. Os medicamentos para a Zona têm como prioridade máxima o controlo da dor, mas este pode ser difícil e muitas vezes o alívio não é o desejado. É muito importante levar o tratamento até ao fim. Os banhos mornos acalmam a erupção, mas deve evitar-se a aplicação de talco e cremes. Usar roupas soltas e macias, para evitar pressão nas áreas afetadas. Não coçar, nem arrancar as crostas.
Existe vacina?
Sim, está disponível em Portugal, a primeira vacina para a prevenção da zona e da nevralgia pós-herpética, que está nas farmácias, para vacinação de adultos a partir dos 50 anos, numa única administração, mediante prescrição médica. O nome da vacina é o seguinte:
- ZOSTAVAX® vacina viva contra a zona (Herpes zoster)
Composição da vacina
Após reconstituição, 1 dose (0,65 ml) contém:
- Vírus da varicela-zoster , estirpe Oka/Merck, (vivo, atenuado) não menos de 19400 UFP produzido em células diploides humanas (MRC-5),
- UFP = Unidades formadoras de placas.
Esta vacina pode conter quantidades vestigiais de neomicina
Indicações terapêuticas:
ZOSTAVAX está indicado na prevenção do herpes zoster (“zoster” ou zona) e da nevralgia pós-herpética (NPH) relacionada com o herpes zoster. ZOSTAVAX está indicado na imunização de indivíduos com 50 ou mais anos de idade.
Concluindo
A família do vírus HERPES é mais alargada do que a maioria das pessoas julga. Neste artigo tentei mostrar as diversas doenças distintas que se interligam (por exemplo a varicela e a zona) por serem causadas por vírus da mesma família do Herpes. Sendo algumas doenças muito comuns, principalmente o Herpes labial, é de toda a importância conhecer as suas causas, complicações, tratamento e como evitar o seu contágio.
Fique bem
Franklim Moura Fernandes
Fontes:
-
- Institute of Infection, Immunity and Inflammation, University of Glasgow
- Department of Microbiology, Immunology and Pathology, Colorado State University
- A comparison of herpes simplex virus type 1 and varicella-zoster virus latency and reactivation
- Vaccine and Infectious Disease Division, Fred Hutchinson Cancer Research Center, Seattle
- Incident Herpes Simplex Virus Type 2 Infection Increases the Risk of Subsequent Episodes of Bacterial Vaginosis – J Infect Dis. 2014 Apr 1; 209(7): 1023–1027. Published online 2013 Nov 22.
- Instituto de higiene e medicina tropical da Universidade Nova de Lisboa
- Department of Microbiology, University of Colorado Medical School, Aurora
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