Coronavírus 2019-nCoV agora denominado SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2) e a doença que origina chamada Covid-19. Origem, perigos, sintomas, transmissão, taxa de mortalidade e prevenção. A OMS – Organização Mundial de Saúde, decretou já estado de pandemia pois este vírus provou ser muito mais perigoso do que inicialmente se pensava e consegue já atingir todo o planeta deixando em completa ruptura os sistemas de saúde de todos os continentes incluindo os de muitos países desenvolvidos da Europa.
Na Europa contam-se mais de 135.000 infectados e mais de 6.300 mortos!!! É simplemente assustador provocando “lockdown and shutdown” em todos os paises em que a curva de contagem de novos casos se torna exponencial!
Clique na imagem abaixo para actualização em tempo real:
Os dados do painel da OMS não são actualizados tão rapidamente como o primeiro quadro acima mostrado preparado pelo Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins. No entanto também deixo de seguida para vossa consulta do painel da OMS, basta clicar na imagem seguinte:
Índice deste artigo:
- Actualizações em tempo real
- Origem polémica e teoria da conspiração
- Mistura de SARS, HIV e Influenza?
- Covid-19 a nova doença
- Coronavírus o que são?
- Imagem da estrutura do Coronavírus
- Mecanismo de infeção e ciclo de vida
- Vírus zooonóticos com origem em animais
- Estirpes conhecidas
- Perigos do coronavírus que pode ser mortal
- Taxa de contágio
- Racio de infectados
- Taxa de mortalidade
- Imunidade ou falta dela…
- Calor pode ajudar?
- 2019-nCoV diagnóstico difícil
- Genoma descodificado
- PCR diagnóstico molecular
- Origem em cobras
- Animais que podem ser hospedeiros
- Pangolim será a origem deste coronavírus?
- Transmissão e taxa de contágio
- Contágio em gotículas de saliva
- Período de incubação
- Sintomas
- Taxa de mortalidade
- Prevenção
- Tratamento
- Actualização de dados e notícias da OMS
Origem polémica
Em 31 de dezembro de 2019, a OMS (Organização Mundial de Saúde) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. O vírus detectado não era igual a nenhum outro vírus conhecido! Isso causou preocupação porque, quando um vírus é novo, não sabemos como ele afeta as pessoas.
Uma semana depois, em 7 de janeiro, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo vírus. O novo vírus é um coronavírus, uma família de vírus que inclui o resfriado comum e vírus como SARS e MERS. Este novo vírus foi inicialmente nomeado “2019-nCoV” e parecia ter origem em cobras (leia mais abaixo os detalhes)! No entanto por causa da falta de estudos consensuais oficialmente a origem é ainda desconhecida…!
Leia também: Coronavírus Covid-19 origem e teoria da conspiração
Mistura de SARS HIV e Influenza?
Embora seja uma opinião polémica o especialista em Bioterrorismo Dr. Francis A. Boyle, há dezenas de anos que estuda diversos casos de “misteriosos surtos virais” que pontualmente aparecem sem aviso prévio em diversos locais do planeta!
Neste caso da Covid-19 o vírus”parece” uma incrivel mistura genética de SARS (Coronavírus) + HIV (Sida) + Influenza (Gripe)!
Leia o artigo: Bioweapons Expert Speaks Out About Novel Coronavirus
Inicialmente desvalorizado pelas autoridades Chinesas, esta circunstância deu um enorme avanço ao Coronavirus que rapidamente passou para a comunidade apresentando uma taxa de contágio muito elevada.
Em Março de 2020 a China, apesar da quarentena “militar” imposta pelas autoridades, apresenta mais de 80.000 infectados confirmados e mais de 3.000 mortos…! Entretanto a Europa mesmo tendo dos melhores sistemas de saúde do Mundo conta com mais de 135.000 infectados confirmados e mais de 6.300 mortos e o pico da epidemia ainda nem sequer foi atingido no velho continente!
COVID-19 a nova doença
Este vírus, inicialmente conhecido como novo coronavírus (2019-nCoV), foi designado, taxonomicamente, como SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2), sendo que a doença associada é conhecida como COVID-19 (Co- corona; VI – vírus; D – doença).
A OMS tem trabalhado com autoridades chinesas e especialistas globais desde o dia em que fomos informados, para saber mais sobre o vírus, como ele afeta as pessoas que estão doentes, como podem ser tratadas e o que os países podem fazer para responder.
Por se tratar de um coronavírus, que geralmente causa doenças respiratórias, a OMS aconselha as pessoas sobre como se proteger e às pessoas ao seu redor contra a doença
Actualizações em tempo real (Live)
Especialistas do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins criaram o painel para rastrear os casos relatados da infecção pelo Coronavirus. As informações também estão disponíveis como folha de calculo do Google.
A página inclui o número total de mortes, casos confirmados e o número de pessoas que recuperaram do vírus. As informações são apresentadas num mapa, bem como em tabelas de ambos os lados.
O painel funciona retirando e visualizando dados de instituições oficiais, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos EUA, Europa e China, bem como a Comissão Nacional de Saúde da China.
Clique na imagem seguinte para ver os dados em tempo real
LEIA TAMBÉM: Cientistas descobrem como o coronavirus infeta os humanos.
Coronavírus o que são?
Os coronavírus são um grupo de vírus, da ordem Nidovirales e família Coronaviridae, com um núcleo de RNA envolto num invólucro com pequenas “espículas,” as glicoproteínas de superfície, através das quais se ligam aos recetores das células que infetam, e que lhe conferem uma forma semelhante a uma coroa – daí o nome coronavírus.
Os coronavírus (CoV) são uma grande família de vírus com origem em animais que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como:
- Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV)
- Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-Cov).
Um novo coronavírus (nCoV) é uma nova estirpe que não foi previamente identificada em humanos.
SARS-CoV Ciclo de vida
A Covid-19 é provocada por um vírus SARS-CoV agora denominado SARS-CoV-2. Assim o seu ciclo de vida e mecanismo de infeção parece ser idêntico ao anterior SARS conforme imagem seguinte.
Neste mecanismo de entrada na célula humana será de realçar o ponto de ligação do vírus à célula humana, o receptor ACE2 (Enzima Conversora da Angiotensina II). Esta ectoenzima está presente nas células endoteliais, principalmente dos pulmões.
Artigo da revista SCIENCE: Structural basis for the recognition of the SARS-CoV-2 by full-length human ACE2
ACE2 porta de entrada do vírus na célula
Como ilustra a imagem do ciclo de vida e mecanismo de infeção do SARS-CoV-2 , a porta de entrada ou ponto de ligação do espigão proteico do novo coronavírus à célula humana é a enzima de conversão da angiotensina II (ACE2 – angiotensin-converting enzyme II).
Assim é da maior importância saber em que tecidos e orgãos humanos existe uma maior expressão da ACE2 na membrana celular, pois esses serão os locais mais afectados e expostos à infeção pelo novo coronavírus, desenvolvendo mais facilmente a doença COVID-19.
A expressão e distribuição da ACE2 no corpo humano pode indicar as possíveis vias de infecção do 2019-nCoV. Através do desenvolvimento da técnica de sequenciamento de RNA unicelular (scRNA-Seq) e transcriptomas unicelulares utilizando bases de dados públicas, os pesquisadores analisaram o perfil de expressão do RNA da ACE2 ao nível unicelular.
Alta expressão da ACE2 foi identificada nos seguintes tecidos celulares:
- Células alveolares tipo II (AT2) do pulmão,
- Células epiteliais superiores e estratificadas do esôfago,
- Enterócitos absorventes do íleo e do cólon,
- Colangiocitos,
- Células do miocárdio,
- Células dos túbulos proximais dos rins e
- Células uroteliais da bexiga.
Estas descobertas indicaram que os órgãos que contêm células com alta expressão de ACE2 devem ser considerados de alto risco e potencial para a infecção 2019-nCoV.
Artigo da revista NATURE: High expression of ACE2 receptor of 2019-nCoV on the epithelial cells of oral mucosa
Vírus zoonóticos com origem em animais
Os coronavírus são zoonóticos, o que significa que são transmitidos entre animais e pessoas. Investigações detalhadas descobriram que o SARS-CoV foi transmitido de gatos da cidade para humanos e o MERS-CoV de camelos dromedários para humanos. Vários coronavírus conhecidos estão a circular em animais que ainda não infectaram humanos.
Coronavírus e estirpes conhecidas
Existem 7 estirpes de coronavírus identificadas, tendo 4 delas origem em morcegos, 1 em alpacas, 1 em bovinos e a mais recente provavelmente em cobras. As 7 estirpes de coronavírus conhecidas são as seguintes:
- HCoV-229E (ano 1960) – O coronavírus humano 229E divergiu do coronavírus da alpaca antes de 1960
- SARS-CoV (ano 2002) – O coronavírus humano SARS divergiu do coronavírus de morcego em 1986
- HCoV-OC43 (ano 2004) – O coronavírus humano OC43 divergiu do coronavírus bovino em 1890
- HCoV-NL63 (ano 2004) – O coronavírus humano NL63 divergiu do coronavírus de morcego 822 anos atrás
- HCoV-HKU1 (ano 2005) – O coronavírus humano HKU1 divergiu do coronavírus de morcego
- MERS-CoV (ano 2012) – O coronavírus humano MERS divergiu do coronavírus de morcego antes dos anos 90 e camelos
- 2019-nCoV (ano 2019) – Estudos buscam identificar o animal hospedeiro de onde divergiu a versão 2019-n. Estudos preliminares parecem indicar origem numa cobra chinesa ou num pangolim.
Perigos dos coronavírus
Segundo Nuno Faria, Professor associado em epidemiologia genómica da Universidade de Oxford, no Reino Unido, todos os anos, os cientistas descobrem em média três novos agentes patogénicos virais. Antes de serem detectados, estes vírus tendem a circular silenciosamente em animais selvagens.
Uma vez transmitidos a humanos, estes podem causar doenças graves numa proporção elevada de doentes, como é o caso do coronavírus responsável pela síndrome respiratória aguda grave (SARS) identificado em 2003, que se espalhou por 26 países e matou quase 800 pessoas.
Jonathan Ball, epidemiologista da Universidade de Nottingham no Reino Unido, afirma que “devemos ficar preocupados com qualquer vírus que explora os humanos pela primeira vez, porque isso significa que o vírus superou uma grande barreira inicial” pois conseguiu sobreviver dentro de uma célula humana… o que não é fácil para um vírus completamente estranho!
“Quando o vírus está dentro de uma célula humana pode replicar-se e gerar mutações que permitam que se espalhe de modo mais eficiente e se torne mais perigoso”, afirmou Ball.
Taxa de contágio
Na comparação entre o coronavírus e a gripe comum muita gente parece minimizar a importância do novo Covid-19. É um argumento fraco por dois motivos. Primeiro, sendo a gripe um problema de saúde devemos certamente dispensar outro problema igual. Segundo os dados do Covid-19 conhecidos parecem indicam tratar-se de uma doença mais contagiosa e mais letal que a gripe sazonal.
O número reprodutivo da gripe comum é 1,3, o que significa que cada pessoa infectada passa a doença a 1,3 pessoa, em média. Esse número é o que se usa para medir o potencial da epidemia. Quando é superior a 1, a doença tende a espalhar-se.
Foi o que aconteceu em 2009 com a pandemia de gripe H1N1 (gripe A), que tinha um número reprodutivo de 1,5 e não foi contida. Hoje em 2020 o H1N1 é um dos vírus que causam a gripe comum. Os estudos disponíveis indicam que o número reprodutivo do coronavírus Covid-19 está entre 2 e 3. Ou seja, que, se não forem tomadas medidas especiais, o Covid-19 infectará muito mais gente que a gripe.
Infectados
O gráfico mostra o ritmo de infecções do Covid-19 em comparação com o H1N1 de 2009 e a síndrome respiratória aguda grave (SARS) de 2003. Os contágios por coronavírus cresceram muito mais depressa que a gripe H1N1 nos primeiros 30 dias. Por isso mesmo alguns especialistas acreditam que o vírus não poderá ser contido e a Organização Mundial da Saúde (OMS) menciona um risco de pandemia (epidemia global).
O novo coronavírus parece capaz de infectar milhões de pessoas. A gripe comum, com o número reprodutivo de 1,3, causou no ano passado entre 20 e 30 milhões de doentes nos EUA, segundo os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), o que significa 7% da população norte-americana.
Em Espanha, contando apenas casos leves o sistema de vigilância da gripe estima meio milhão de contágios. Se partirmos de 20 doentes de cada doença (Gripe comum vs Covid-19) e assumirmos um ciclo de contágios de sete dias, após 12 semanas haveria 466 infectados pela gripe comum e mais de 30.000 pelo novo coronavírus nCoV-2019.
Taxa de mortalidade
O coronavírus também parece ser mais letal que a gripe comum. Em Wuhan, cidade chinesa que foi o primeiro epicentro da epidemia, 2% dos doentes detectados morreram, e fora da China o número ronda 0,7%, segundo a OMS. São taxas entre 3 e 20 vezes maiores que a da mortalidade da gripe comum (0,13%) e da gripe H1N1 (0,2%).
O gráfico representa a taxa de mortalidade actual deixando claro que o surto de coronavírus é pior que o H1N1 em 2009. Naquela ocasião, com o H1N1 houve 300 mortos associadas aos 77.000 primeiros casos (0,4%), mas com as mesmas infecções o coronavírus está associado a 2.200 mortes (2,8%)… isto é sete vezes mais!
No entanto em Itália a taxa de mortalidade chega a ser superior a 6%… o que ainda não foi explicado pelas autoridades de saúde!
Imunidade ou falta dela…
Outro problema é a falta de imunidade. Segundo o jornal El Pais que cita o envestigador García-Sastre, este explica que mesmo com 0,1% de letalidade este novo vírus pode ser problemático se o número total de infectados superar expressivamente o de uma gripe comum.
“Ao contrário da gripe sazonal, em que há um número de pessoas que não são infectáveis porque terem imunidade, ninguém tem imunidade contra este vírus, então ele vai infectar muito mais gente que a gripe sazonal, e por isso, mesmo se tiver a mesma letalidade que a gripe, o número absoluto de casos será muito maior, e isso representará um desafio ao sistema hospitalar. Acredito que este coronavírus não chegará a ser como o vírus da gripe de 1918, mas sim como o vírus pandêmico H2N2 de 1957”, explica o investigador.
É uma comparação para estar alerta. Um estudo de 2016 calculou que haveria 2,7 milhões de mortes se um vírus como o H2N2 surgisse em 2005, um valor intermediário entre as 400.000 mortes atribuíveis à gripe H1N1 de 2009 e a “devastadora” gripe de 1918, erradamente conhecida como Gripe Espanhola, que matou mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo.
Calor pode ajudar?
Segundo Isabel Solá, especialista em vírus de RNA do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha é provável que as infecções comecem a diminuir com a chegada da primavera e o aumento das temperaturas no Hemisfério Norte.
Tal como o vírus da gripe, os coronavírus são vírus com envoltório, o que os torna sensíveis a condições ambientais, como as temperaturas altas, o ressecamento e a luz do sol.
Segundo a mesma especialista, quando o calor chegar é previsível que os vírus que saiam nas secreções de uma pessoa e caiam em superfícies externas se inativem antes, o que reduziria a transmissão.
Segundo o médico infectologista Oriol Mitjà, do Hospital Germans Trias i Pujol, de Badalona (Catalunha), o coronavírus ficará como um vírus sazonal, de maneira que no verão haverá uma transmissão muito reduzida. O contágio é através de gotas respiratórias que caem no ambiente.
O vírus sobrevive 28 dias na gota se a temperatura for inferior a 10 graus centigrados, mas só suporta um dia quando faz mais de 30 graus centigrados , explica Mitjà, para quem baixar a guarda agora seria muito perigoso. No momento em que as temperaturas caírem de novo o vírus voltará. Por isso é importante desenvolver vacinas e tratamentos que possamos usar nos anos vindouros.
Diagnóstico dificil
Um dos perigos é o diagnóstico ser mais demorado pois trata-se de um vírus desconhecido. O Dr. Yuen Kwok-Yung especialista de Hong Kong em doenças infecciosas, e a revista TIME relatam os seguintes dados muito preocupantes:
- O 2019-nCoV ou a Covid-19 pode ser mais contagioso que o SARS;
- Contágio rápido parece estar a acontecer caso contrário os números de casos diagnosticados não teriam subido tão rapidamente na China, Itália, Correia do Sul, Irão, etc;
- Existem casos já reportados de crianças sem tosse ou febre que desenvolvem pneumonia o que torna o diagnóstico mais dificil de ser feito atempadamente;
- Casos de transmissão humano a humano dentro de clusters familiares e em hospitais;
- Homem de 36 anos, aparentemente sem comorbilidades, morre de paragem cardica após contágio pelo novo coronavírus!
Genoma descodificado
Em artigo do jornal publico o Nuno Faria, Professor associado em epidemiologia genómica da Universidade de Oxford, afirma que descodificar o material genético do novo coronavírus é essencial para entendermos onde começou este surto começou, para onde vai e para desenvolver ferramentas de diagnóstico e vacinas.
Normalmente demoram-se meses até ser conhecido o primeiro genoma do vírus mas neste caso de forma surpreendente, o primeiro genoma do novo coronavírus foi partilhado pelo Centro de Controlo e Prevenção das Doenças da China em 9 de Janeiro de 2020, apenas 12 dias depois dos primeiros casos em Wuhan terem sido notificados.
Em menos de três semanas, já foram partilhados genomas de 24 casos. Estes sugerem que o surto começou apenas uns dias antes dos primeiros casos detectados e que vem de coronavírus que circulam em morcegos.
Diagnóstico molecular PCR
Esta partilha rápida de genomas virais do surto teve um outro impacto imediato. Em apenas dois dias, um novo método de diagnóstico molecular foi desenvolvido e validado:
- PCR – Polymerase Chain Reaction
A PCR está a ser partilhada pela Organização Mundial da Saúde com os laboratórios de saúde pública em todo o mundo para ser utilizada como uma espécie de “impressão digital” do Covid-19.
Este método de diagnóstico molecular é uma ferramenta que já está a ser utilizada para analisar e confirmar ou descartar os casos suspeitos em tempo recorde.
Origem do SARS-CoV-2 cobra ou pangolim?
Pesquisadores de universidades em Pequim e em Wuhan analisaram 276 genomas de possíveis animais hospedeiros com o mesmo material recolhido em pessoas infectadas.
O novo coronavírus surgido na China pode ter vindo de cobras, animais silvestres que são reservatório do vírus, afirma um estudo da Universidade de Pequim e da Universidade de Bioengenharia de Wuhan publicado na quarta-feira (22), no “Jornal of Medical Virology”.
Uma outra análise genómica do SARS-CoV-2 sugere que a origem deste seja o morcego, sendo ainda desconhecido se o reservatório do vírus está ativo e se este foi transmitido diretamente a humanos ou através de um hospedeiro intermédio. Dados mais recentes sugerem que o vírus poderá ter sido transmitido para os humanos através de um mamífero chamado pangolim.
Contacto perigoso com animais
Os primeiros pacientes infectados pelo coronavírus tiveram contato com carne de animais silvestres vendida no mercado de frutos do mar da cidade de Huanan. A primeira infecção do novo coronavírus em humanos teria ocorrido depois do contato de frequentadores e trabalhadores do mercado com a carne de cobras.
Segundo o estudo, o surto de pneumonia viral em Wuhan está associado ao histórico de exposição ao reservatório de vírus no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, sugerindo uma possível zoonose. O mercado de frutos do mar também vendia animais vivos, como cobras, marmotas, morcegos, pássaros, sapos, ouriços e coelhos.
É a mesma família de vírus responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV) e pelo coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), que causaram surtos perigosos nas últimas duas décadas na Ásia.
Para achar o possível hospedeiro dessa nova versão do vírus, chamada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019-nCoV, os pesquisadores realizaram uma análise filogenética de 276 genomas de possíveis animais hospedeiros, coletadas de um banco internacional de dados.
Os genomas, que eram de animais tanto da China como de outros continentes, foram comparados com os traços localizados nas amostras coletadas em pessoas infectadas.
Análises anteriores também mostraram que o sequenciamento genético do vírus vinha de morcegos, mas foi descartada a possibilidade deles serem a fonte direta. Em vez disso, o coronavírus recém-descoberto provavelmente passou de cobras para humanos – especificamente de uma espécie conhecida como “Chinese Krait” ou cobra chinesa (Bungarus multicinctus).
Conclusão do estudo
Os resultados da análise sugerem que a cobra é o reservatório de animais silvestres mais provável responsável pelo atual surto de infecção por 2019-nCoV. A transmissão teria começado entre espécies de serpentes e de serpentes para humanos.
Contudo, o estudo não conclui como o vírus pulou pela primeira vez da cobra chinesa para um ser humano.
Transmissão
Também é um mistério para os pesquisadores do estudo como o vírus poderia “saltar” de hospedeiros de sangue frio, como os répteis, para humanos, que tem sangue quente. O estudo conclui que o facto desse tipo de coronavírus ter conseguido dar esse salto sugere que é uma estirpe “muito adaptável”.
Os coronavírus são transmitidos de pessoa para pessoa pelo ar. Eles infectam principalmente o trato respiratório e gastrointestinal superior de mamíferos e aves.
Contágio em gotículas de saliva
No caso do Covid-19 sabemos já que é transmitido por contacto directo pela fala, beijos, abraços, apertos de mão, tosse e espirros, sempre dentro de gotículas de saliva.
As gotículas portadoras do vírus podem também ficar depositadas em diversas superfícies durante vários dias. Por exemplo a temperaturas baixas podem manter-se com potencial infecioso durante 9 dias numa superfície metálica… desde que protegido no interior da gotícula de saliva ou secreções nasais
A maioria dos vírus causa sintomas relativamente leves, mas alguns podem causar complicações e, no caso do coronavírus da China, pode causar pneumonia grave, levando à morte.
Ainda não há tratamento aprovado para o 2019-nCoV. Além disso, os pesquisadores ainda não sabem ao certo quão facilmente o vírus pode espalhar-se de humano para humano.
Provetella e a hipótese do bacteriófago
Os bacteriófagos são vírus que infectam e se reproduzem dentro de bactérias, como um parasita e foram implicados “na progressão e manutenção de pelo menos algumas patologias, incluindo aquelas associadas ao desdobramento de proteínas”, de acordo com um artigo de 2018, que destaca o seguinte:
“Aqui, pela primeira vez, propomos o conceito de bacteriófagos como patógenos humanos. Sugerimos que os vírus bacterianos tenham diferentes maneiras de interagir direta e indiretamente com células e proteínas eucarióticas, levando a doenças humanas”.
Num artigo de fevereiro de 2020, Sandeep Chakraborty, membro central de bioinformática da UC Davis, observa que a bactéria Prevotella está presente (às vezes em grandes quantidades) em pacientes de dois estudos na China e um em Hong Kong.
Dados de sequenciamento de RNA de Wuhan, China, publicados em 25 de janeiro de 2020, mostram milhões de leituras de proteínas Prevotella encontradas entre alguns milhares de viroses de COVID-19.
No entanto, os pesquisadores não mencionam o Prevotella nesse artigo. A bactéria Prevotella também foi encontrada em seis pacientes com COVID-19 da mesma família em Hong Kong. Estes são os três estudos encontrados por Chakraborty.
Mas a evidência decisiva é a presença do mesmo ponto de integração do nCov e Prevotella no Estudo 1 e no Estudo 2. Além disso, a detecção do nCoV pode ser muito específica, procurando 500bp na proteína espigão (ponto de ligação à célula hospedeira), o que seria um bom candidato para o desenvolvimento de vacinas, inibição de proteínas e diagnóstico (que não era específico para SARS em muitos casos incluindo o teste CDC). Sendo neste caso DNA, os testes de detecção padrão usando RT-PCR, que procura por RNA, podem apresentar muitos falsos negativos.
Embora esta possivel ligação com a Provetella careça de mais verificação e validação, é uma descoberta interessante que pode ser significativa se verdadeira.
Do ponto de vista do tratamento, isso pode indicar que os antibióticos podem ser úteis e, para prevenção, probióticos, prebióticos e/ou esporobióticos podem desempenhar um papel importante.
Ainda não sabemos muito sobre o COVID-19 e, se ele escapou da instalação BSL-4 da cidade de Wuhan, os Chineses não estão a fornecer nenhum detalhe sobre isso que possa ajudar os profissionais de saúde a descobrir um plano de tratamento eficaz.
Período de incubação
O período de incubação calculado para o coronavírus e a covid-19 vai, geralmente, de 3 a 14 dias o que aumenta ainda mais o perigo de propagação rápida desta infeção viral.
Assim durante os primeiros 14 dias após o contágio , os doentes podem não apresentar ainda sintomas da infeção mas no entanto têm já capacidade para transmitir o coronavírus ás pessoas mais próximas!
Sintomas
Sinais comuns de infecção com coronavírus incluem:
- Tosse seca,
- Febre,
- Falta de ar,
- Dificuldades respiratórias,
- Em casos mais graves, a infecção pode causar pneumonia,
- Síndrome respiratória aguda grave,
- Insuficiência renal e até morte.
Prevenção
As recomendações padrão para impedir a propagação da infecção do coranavírus incluem:
- Lavagem regular das mãos,
- Cobertura de boca e nariz ao tossir e espirrar,
- Cozinhar bem a carne e os ovos,
- Evite contato próximo com qualquer pessoa com sintomas de doenças respiratórias, como tosse e espirros
Tratamento
A China está a usar os medicamentos para HIV da AbbVie Inc como tratamento ad-hoc para a pneumonia causada pelo novo coronavírus, enquanto a busca global por uma cura continua.
A filial de Pequim da Comissão Nacional de Saúde (NHC – National Health Commission ) da China disse que uma combinação dos antivirais lopinavir e ritonavir, vendida sob a marca Kaletra pela farmacêutica AbbVie, faz parte do seu mais recente plano de tratamento para pacientes infectados pelo mais recente coronavirus denominado 2019-nCoV.
A NHC afirmou que, embora ainda não exista nenhum medicamento antiviral eficaz, recomenda que os pacientes recebam os seguinte tratamento diário:
- Lopinavir e ritonavir – 2 comprimidos duas vezes ao dia
- Interferon Alfa-2b – 1 dose por nebulização duas vezes ao dia.
- Remdesivir começou a ser testado também.
Outros tratamentos em estudos são os seguintes:
- Favilavir
- Cloroquina
- Losartan.
LEIA AQUI: Tratamentos recentes para a COVID-19
Actualização de dados e notícias da OMS clique aqui
Referências
- OMS – Organização Mundial de Saúde
- EL Pais – Como o coronavírus se compara com a gripe
- TIME and Dr. Dr. Yuen Kwok-Yung
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