Imunidade natural e sistema imunitário mais resistente toda a verdade! Coronavírus SARS-nCoV-2 a doença Covid-19 e como ficar com maior imunidade para maior resistência à infeção? Que alimentos simples nos protegem e melhoram a nossa imunidade? Que hábitos, opções de saúde e de vida nos vão defender contra vírus que nos querem como hospedeiros? Como funciona afinal o nosso sistema imunitário?
Se leram alguns dos meus artigos já sabem que este é mais um daqueles que não pretende ser sensacional e viral nas redes sociais… 🙂 mas sim verdadeiramente dar-vos conhecimentos excepcionais que a maioria esmagadora da população não tem nem nunca vai ter porque é demasiado longo para ler e isso claro… é monótono e dá muito trabalho 🙂
É precisamente por isso que você é diferente e sabe reconhecer onde conseguir melhor informação para ficar “mais forte”… o resto é a disciplina e por vezes coragem de aplicar o conhecimento adquirido!
É do senso comum associarmos uma boa saúde a um sistema imunitário resiliente que nos protege, por exemplo, contra infeções de vírus e bactérias. No entanto quando falamos de cancro e outras doenças graves poucos sabem como o sistema imunitário nos pode proteger também contra o seu aparecimento.
Imunidade é muito mais que lutar contra vírus e bactérias
Se falarmos de cura do cancro com recurso ao nosso sistema imunitário então a maioria das pessoas dirá que isso é quase um milagre! No entanto avanços recentes em imunoterapia anticancerígena parecem provar que o milagre pode ser uma realidade para muitos doentes!
Vale mesmo a pena ler aqui o extraordinário e inovador artigo sobre a imunoterapia anticancerígena e conhecer novas descobertas feitas neste campo.
Leia também: Incrivel imunoterapia anticancerígena.
Imunidade natural ou vacina, a polémica!
Principalmente na pandemia de SARS-CoV-2, existe uma grande polémica instalada entre os “fanáticos” apoiantes da imunidade natural, portanto sem recurso a vacinas, e os “religiosos” apoiantes da vacinação. De facto ambos os “clubes” têm algumas razões com suporte científico para apoiar a sua causa. Eu pessoalmente não pertenço a nenhum desses “clubes” nem a outros que sofram de uma certa “cegueira científica”.
A ciência tem feito o seu trabalho e os números e a a matemática fazem o resto, só não vê quem não quer.
Assim obviamente os números e a ciência, neste momento apoiam fortemente a vacinação da população simplesmente porque, em percentagem, morrem muito menos pessoas nos grupos vacinados do que nos não vacinados.
Esta realidade no entanto não pode esconder que as vacinas são medicamentos com potenciais efeitos adversos e até fatais em alguns casos mas apanhar a doença Covid-19 ainda continua a ser um risco bem maior!
Acresce que a mais recente investigação tem provado que os mais resistentes á Covid-19 são agora os que já tiveram Covid e apanharam uma dose da vacina ou seja têm uma imunidade melhor do que quem apanhou 2 doses da vacina e nunca apanhou Covid-19. Este facto suporta a teoria que a melhor imunidade se consegue com um misto dos dos dois “clubes” ou seja alguma exposição ao vírus (imunidade natural) mas com reforço de vacinação.
A imunidade natural obviamente seria a desejada para todos mas convém lembrar os “naturalistas” que só ficam imunes se o vírus não os matar antes, quer seja diretamente por doença causada pelo vírus ou à espera de assistência hospitalar para qualquer outra doença grave, durante um período de rutura dos serviços de saúde onde correrá o risco e não ser assistido a tempo de se salvar! Convém não ter a memória curta e ainda não passaram muitos meses sobre esta realidade a que todos assistimos de forma traumática!
Os 5 magníficos mecanismos de defesa
O nosso corpo tem 5 mecanismos de defesa da nossa saúde, verdadeiramente extraordinários e que raramente são descritos em conjunto como a essência mais importante da nossa proteção contra o desenvolvimento de doenças. Os 5 magníficos são os seguintes:
- Angiogénese
- Regeneração e células estaminais
- Microbioma
- Proteção do DNA
- Imunidade
Neste artigo vou apenas falar da Imunidade mas os restantes são incríveis mecanismos que vale a pena conhecer para se tornar mais forte e retardar o envelhecimento. Leia tudo sobre os 5 magníficos aqui.
Leia também: Estes incríveis 5 mecanismos de defesa protegem o nosso corpo se soubermos fortalece-los!
Imunidade e Sistema Imunitário
O sistema imunitário, sistema imunológico ou sistema imune é um conjunto de estruturas e processos biológicos que nos protegem contra as doenças.
Para que melhor possam absorver este conhecimento vou começar por uma apresentação simples sobre a estrutura do nosso sistema imunitário. Depois mais á frente vou falar de como podemos fortalecer imenso a nossa imunidade e ficar mais “resistentes” a vírus e bactérias.
Resumindo a estrutura deste artigo:
- Quais os orgãos que constituem a estrutura da nossa imunidade?
- Que agentes de defesa produzem para nos proteger?
- Como se processa essa resposta imunitária a um agente estranho ao nosso corpo?
- Qual a capacidade de memorização do nosso sistema imunitário?
- Como se adapta ao contacto com agentes estranhos?
- O que destroi a nossa imunidade?
- Que hábitos diários, não alimentares, destroem o nosso sistema imunitário?
- Quais os alimentos nunca deviamos comer para proteger as nossas defesas contra vírus e bactérias?
- Quais os fantásticos alimentos que podem proteger-nos e tornar-nos mais resistentes a vírus e bactérias?
Estruturas, células e agentes imunitários referidos neste artigo:
- Antigénio ou antigeno
- Componentes da imunidade (imagem resumida da estrutura imunitária)
- Mecanismos imunitários básicos
- Fagocitose
- Defensinas
- Sistema complemento
- Neutrófilos
- Macrófagos
- Sangue: Hemácias, leucócitos, plaquetas e plasma
- Leucócitos ou glóbulos brancos
- Leucócitos granulócitos (Eosinófilos, basófilos, neutrófilos)
- Leucócitos agranulócitos (Linfócitos e monócitos)
- Linfócitos B (apresentadores de antigénios)
- Linfócitos T (CD4+ e CD8+)
- Monócitos
- Leucograma como ferramenta de diagnóstico
- Células NK (Células assassinas naturais)
- Células dendríticas (apresentadoras de antigénios)
- Imunidade natural ou inata
- Imunidade adquirida (Humoral e celular)
- Anticorpos ou imunoglobulinas
- IgA, IgD, IgE, IgG, IgM
- Orgãos do sistema imunológico (primários e secundários)
- Orgãos imunitários primários (Timo, medula óssea, células estaminais)
- Orgãos imunitários secundários (Baço e ganglios linfáticos)
- Linfopoiese
- Interferon
Alimentos e suplementos referidos neste artigo:
- Manga
- Rebentos de bróculos
- Cogumelos e beta-glucano
- Polifenois do vinho tinto e uvas pretas
- Resveratrol
- Quercitina
- Antocianinas
- Procianidinas
- Ácido elágico
- Catequinas
- Cerveja e xanthohumol
- Chá verde, chá preto e EGCG (Galato de epigalocatequina)
- EGCG nos arandos vermelhos, amoras, cerejas, morangos kiwis, abacate, maçãs, etc
- Chá Matcha
- Vitamina C
- Vitamina D
- Selénio
- Zinco
- Ácido lipoico
- Extrato de sabugueiro
- Spirulina
- Glucosamina
- N-Acetilcisteína
Hábitos básicos para conseguir forte imunidade referidos neste artigo:
- Sono de qualidade
- Stress controlado
- Exercício físico moderado
- Jejum intermitente
- Nutrição sem alimentos refinados
- Evitar açucar e hidratos de carbono refinados
- Hidratação bebendo água de qualidade
Antigénio ou antígeno agentes estranhos
Para funcionar bem, o sistema imunitário tem de conseguir detectar uma enorme variedade de agentes, tais como vírus, bactérias, fungos, parasitas, diferenciando-os dos nossos tecidos celulares saudáveis. Estes agentes estranhos ao nosso organismo são denominados de antigénios ou antígenos (são sinónimos).
A imunologia é a área científica que estuda todos os aspectos do sistema imunitário.
Vírus e bactérias também se adaptam
Muitos agentes patogénicos evoluem rapidamente e adaptam-se de modo a evitar a detecção, neutralização e destruição por parte do nosso sistema imunitário, pelo que os vários mecanismos de defesa também evoluíram no sentido de os reconhecer e neutralizar.
Até mesmo os simples organismos unicelulares como as bactérias possuem um sistema imunitário rudimentar, na forma de enzimas que os protegem de infecções por bacteriófagos que são vírus que infectam apenas bactérias.
Conforme descrição da imagem anterior o nosso sistema imunitário é composto por dois tipos de imunidade e resposta imunitária:
- Imunidade inata – resposta rápida
- Imunidade adaptativa – resposta lenta
Mecanismos imunitários básicos
Mecanismos imunitários básicos acompanharam a evolução dos eucariotas e estão presentes nos seus descendentes contemporâneos, como as plantas e os insectos. Entre estes mecanismos os principais são os seguintes:
- Fagocitose,
- Defensinas que são peptídeos antimicrobianos,
- Sistema complemento.
Fagocitose
No processo imunitário de fagocitose os neutrófilos (glóbulos brancos) capturam as partículas sólidas, relativamente grandes, que são agentes estranhos ao organismo (vírus e bactérias por exemplo) através de prolongamentos citoplasmáticos chamados de pseudópodes. A partícula é então englobada e passa a integrar o citoplasma da célula. De seguida o agente ingerido fica completamente envolvido por uma membrana, formando o chamado fagossoma ou fagossomo.
Dentro do fagossoma são libertadas enzimas que degradam a partícula ingerida, que pode ser um micro-organismo ou até mesmo restos celulares. Essas enzimas são libertadas por organelos chamados de lisossomas, que se unem ao fagossoma formando um vacúolo digestivo. O material que não é digerido denominado corpos residuais, depois de algum tempo, é libertado pela célula para o exterior.
Neutrófilos e macrófagos
Os vertebrados têm células capazes de fagocitar microorganismos invasores, assim defendendo o nosso organismo contra infecções.
Neutrófilos – atuam destruindo os microorganismos causadores de doenças mas também outras substâncias estranhas utilizando a fagocitose.
Macrófagos – são outro tipo de células imunitárias com grande capacidade fagocitária quer sobre partículas patogénicas mas também destruindo células danificadas do nosso corpo, apoiando dessa forma a limpeza do organismo, protegendo-nos de processos de doença iniciados por essas células com DNA danificado.
Sangue
O sangue é constituído por tecido conjuntivo especial que assegura o transporte de nutrientes, oxigénio e resíduos metabólicos pelo nosso organismo e garante os mecanismos de coagulação sanguínea e defesa. É constituido por uma matriz extracelular líquida, onde estão suspensas células e fragmentos celulares. Circula dentro do sistema cardiovascular, que assegura a sua movimentação com um fluxo unidirecional ou seja sempre na mesma direção.
Resumindo, o sangue é formado por plasma, uma porção acelular, e os chamados elementos figurados, que constituem a parte celular. Essa última porção é formada por 3 tipos de célulad diferentes, a saber:
- Hemácias ou glóbulos vermelhos,
- Leucócitos ou glóbulos brancos,
- Plaquetas.
Leucócitos ou glóbulos brancos
Leucócitos ou glóbulos brancos, são células incolores que defendem o nosso corpo, contra organismos invasores e activam respostas imunológicas. Os leucócitos são produzidos na medula óssea, onde a maioria amadurece. Da medula óssea eles são transportados no sangue através dos vasos sanguíneos para todo o corpo. O número de referência (normal) de leucócitos por milímetro cúbico de sangue num adulto é de 4 a 10 mil.
Tipos de leucócitos
Podemos dividir os leucócitos em dois grandes grupos:
- Granulócitos – apresentam grânulos no citoplasma e núcleo com formato irregular (polimorfonucleares);
- Agranulócitos – não possuem grânulos e apresentam núcleo com formato relativamente regular.
Os granulócitos têm 3 tipos diferentes:
- Neutrófilos – capazes de diapedese e fagocitose;
- Eosinófilos – capazes de fagocitose, aumentam nas alergias e infeções por parasitas;
- Basófilos – libertam histamina nas alergias e evitam a coagulação.
Os agranulócitos são constituidos por linfócitos e monócitos:
- Linfócitos B – produzem anticorpos;
- Linfócitos T CD4+ – comandam a defesa pois recebem informações do macrófagos e activam os linfócitos T CD8+ e os linfócitos B
- Linfócitos T CD8+ – eliminam células anormais, infectadas ou estranhas;
- Monócitos – capazes de diapedese, transformam-se em macrófagos com forte poder de fagocitose.
GRANULÓCITOS
Neutrófilos – Saõ glóbulos brancos que têm núcleos constituídos por dois a cinco lóbulos e possuem dois tipos de grânulos no citoplasma que são os grânulos específicos e os azurófilos. Apresentam a capacidade de sair do interior de vasos sanguíneos intactos (diapedese) e invadir tecidos para defender nosso organismo. São responsáveis por fagocitar organismos invasores, como bactérias, sendo importantes para a resposta inata.
Eosinófilos – apresentam grânulos que coram ao utilizar eosina e um núcleo com 2 lobos ligados por um filamento. Apresentam como principal função fagocitar o complexo antígénio-anticorpo. Aumentam quando o paciente apresenta reações alérgicas ou infecções parasitárias.
Basófilos – apresentam grânulos maiores que os dos neutrófilos e eosinófilos e núcleo grande e de formato irregular que lembra a letra “S”. As principais funções são libertar histamina para as respostas alergicas e heparina para evitar a coagulação do sangue.
AGRANULÓCITOS
Linfócitos – São pequenas células constituidas por um grande núcleo circular e desempenham um importantíssimo papel na resposta imunitária. Podem ser diferenciadas em dois tipos principais:
- Linfócitos B
- Linfócitos T.
Antígénios que causam estimulação crónica de linfócitos T, sem uma resposta inata representativa ou ativação de macrófagos, normalmente induzem à diferenciação de LT CD4+ para o padrão Th2. No padrão Th2 há principalmente a produção de IL-4, IL-5 e IL-10 que estimulam a ativação de mastócitos e eosinófilos mediada principalmente por IgE e suprimem a ativação de macrófagos e das respostas Th1.
Linfócitos B – São produzidos na medula óssea onde também terminam a maturação. Quando sofrem ativação, diferenciam-se em plasmócitos, cuja principal função é a produção de anticorpos.
Linfócitos T – Os linfócitos T completarem a maturação no timo (daí a letra T). Estas células, linfócitos T, diferenciam-se em duas classes:
- Linfócitos T auxiliares (CD4+) – através de informações recebidas pelos macrófagos, estimulam a activação dos linfócitos T matadores (CD8+) e os linfócitos B. São os linfócitos auxiliares que comandam a defesa do organismo.
- Linfócitos T assassinos ou citotóxicos (CD8+) – recebem este nome por serem responsáveis pela destruição de células anormais, infectadas ou estranhas ao organismo.
Monócitos – São células grandes que possuem um único núcleo com formato de rim. Os monócitos realizam diapedese (capacidade de sair intactos do interior dos vasos sanguíneos) e ficam no tecido conjuntivo, onde se transformam em macrófagos que são células de alto poder fagocitário.
Quando o nosso médico necessita de informação acerca de possiveis infeções ou alergias no nosso organismo, pede sempre o leucograma ou seja o exame clínico que faz a contagem total de leucócitos e a contagem diferencial de cada um dos tipos de leucócitos.
Leucograma pesquisa infeções e alergias
O resultado com as diferentes contagens dos 5 diferentes tipos de leucócitos permite suportar clinicamente a suspeita de, por exemplo, alergias (eosinófilos e basófilos aumentados), infeções por parasitas (eosinófilos aumentados) ou infeções por vírus ou bactérias (linfócitos e monócitos aumentados).
As células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um tipo de linfócitos citotóxicos necessários para o funcionamento do sistema imunitário inato. Têm um papel importante no combate a infecções virais e células tumorais. Identificadas pela primeira vez em 1975, foram rotuladas de Exterminadoras Naturais (Natural Killer), pela sua actividade citotóxica contra células tumorais de diferentes linhagens, sem a necessidade de reconhecimento prévio de um antigénio específico, contrariamente ao funcionamento dos linfócitos T.
O termo natural killer deriva do fato de que sua principal função é a morte das células infectadas, similar às células killer do sistema imune adaptativo (um linfócito T CD8+ ativado), os linfócitos T citotóxicos (CTLs), e elas estão prontas para o fazer uma vez que tenham se desenvolvido, sem nova diferenciação (por isso, natural).
Células dendríticas são glóbulos brancos que protegem o corpo de micróbios invasores, tanto direta como indiretamente. Embora as células dendríticas constituam parte do sistema imunitário inato, sendo capazes de fagocitar patogénicos, a sua principal função é processar material antigénico, devolve-lo à sua superfície e apresentá-lo às células especializadas do sistema imunitário. Neste sentido, atua como vínculo entre os dois sistemas. Deste modo, as células dendríticas são células apresentadoras de antigénio. As células dendríticas existem em diferentes grupos de vertebrados, mas as suas características diferem entre um grupo e outro e inclusive dentro de um mesmo grupo. Embora sejam comuns dos mamíferos, também foram detectadas em frangos e tartarugas.
O seu nome faz referência a projeções ramificadas que se desenvolvem num determinado momento do seu processo de maturação, semelhantes aos dendritos dos neurónios. As células dendríticas foram descobertas em 1868 pelo investigador Paul Langerhans quando este estudava o epitélio cutâneo humano, apesar de originalmente acreditar que formavam parte do sistema nervoso; a sua verdadeira função só foi revelada um século mais tarde.
Um estudo recente revelou a presença de células dendríticas no cérebro, o que pode representar uma segunda linha de defensa contra os patogénicos que consigam atravessar a barreira hematoencefálica. Estas formam parte da chamada “micróglia heterogênea”.
As células dendríticas pertencem a um tipo de glóbulos brancos chamados fagócitos. Devido à sua elevada eficiência no momento de fagocitar material prejudicial ao corpo, as células dendríticas são consideradas fagócitos “profissionais”, á semelhança de outras como neutrófilos, monócitos, macrófagos e mastócitos.
Parte da eficácia fagocítica das células dendríticas deve-se à presença de moléculas chamadas receptores na superfície, que podem detectar objetos nocivos, tais como bactérias, que normalmente se encontram dentro do corpo. As células dendríticas existem em pequenas quantidades em tecidos que estão em contacto com o meio exterior, os chamados epitélios, principalmente a pele (que possui um tipo especializado de células dendríticas chamadas células de Langerhans) e o revestimento interior do nariz, os pulmões, o estômago e intestinos. Também estão presentes em estado imaturo no sangue.
Tal como outros glóbulos brancos, as células dendríticas derivam de células hematopoiéticas mieloides. Quando são ainda imaturas, a sua função é ir procurar constantemente patogénicos no meio que as rodeia mediante receptores de reconhecimento de padrões. Assim que encontram um antigénio válido, começam a amadurecer e migram para os gânglios linfáticos, onde se encontram os linfócitos. Quando os linfócitos T detectam um antigénio numa célula dendrítica, ativam-se, proliferam e diferenciam-se em células efetoras. Por sua vez, os linfócitos T ativam os linfócitos B, que produzem anticorpos, e a partir desse momento a defensa contra os patogénicos passa para o domínio da imunidade adquirida.
Defensinas
As defensinas são pequenas proteínas catiónicas, ricas em cisteína, que podem ser encontradas nos fagócitos dos vertebrados e que são activos contra bactérias, fungos e vírus. A maioria das defensinas funcionam através da penetração na membrana celular por um mecanismo de atracção eléctrica. Uma vez embebidas na membrana, formam um poro através do qual o material eflui. A sua libertação é mediada por:
- Sinais microbianos,
- Sinais desenvolvimentais,
- Citocinas,
- Sinais neuro-endócrinos.
Nesse contexto, uma imunodeficiência possível que resulta na redução na produção de defensinas é a Síndrome de Crohn. Esta doença provoca uma inflamação exacerbada do tecido intestinal que pode ser autoimune ou reação a algum patogénico. A redução nas defensinas impede o combate efetivo a patogénicos aumentando a gravidade das lesões no tecido.
Outro exemplo é a Diabetes. Quando não se consegue eliminar de forma eficaz os patogénicos intestinais, esses conseguem penetrar na circulação sanguínea, circulando pelo corpo, até atingirem o pâncreas, causando lesões teciduais nas ilhotas pancreáticas expondo-as como antigénios, causando uma autoimunidade e a, consequente, diabetes tipoII
Sistema complemento
Vias de ativação do complemento. Via clássica – há necessidade de opsonização do patógeno por anticorpos; essa ligação desencadeia uma cascata.
Às vezes a interacção dos anticorpos com antígénios é eficiente por si só. Por exemplo:
- Revestindo um vírus ou bactéria prevenindo assim a sua ligação e invasão, a uma célula hospedeira (ex: anticorpos antipólio)
- Ligando-se a uma toxina (ex: toxina da difteria ou tétano) impedindo assim a entrada da toxina na célula, neutralizando a toxina.
No entanto, muitas vezes, a ligação de anticorpos a antigénios não é eficaz a menos que ela possa activar um mecanismo efectivo, seja ele celular ou humoral. O sistema complemento participa nestas funções efectoras.
Denomina-se complemento um complexo sistema multiprotéico com mais de 30 componentes, na sua maioria proteínas plasmáticas, cujas funções principais são a defesa frente às infecções por microorganismos, a eliminação da circulação dos complexos antigénio-anticorpo e alguns dos seus fragmentos actuam como mediadores inflamatórios.
O complemento é um dos mecanismos efectores mais importantes da resposta imune inata. Quando um microorganismo penetra no nosso organismo, normalmente provoca a activação do complemento. Como resultado da sua activação e amplificação, alguns componentes do complemento depositam-se sobre a superfície do patogénico responsável pela activação, o que determina a sua destruição (lise) e/ou a sua eliminação por células do sistema fagocítico.
Mecanismos imunitários complexos
Além da imunidade básica, os vertebrados mandibulares, entre os quais o ser humano, conseguiram desenvolver mecanismos de defesa ainda mais complexos, entre os quais a capacidade de ao longo do tempo se adaptarem para reconhecer de forma eficiente agentes patogénicos específicos.
Através da imunidade adquirida ou adaptativa , o organismo cria um tipo de memória imunológica na sequência de uma resposta inicial a um agente específico, o que lhe permite responder de forma mais eficaz a novos ataques pelo mesmo agente. O processo de imunidade adquirida é a base da vacinação.
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Imunodeficiência
Os transtornos do sistema imunitário podem levar ao aparecimento de doenças autoimunes, inflamações e cancro. A imunodeficiência verifica-se quando a actividade do sistema imunitário é inferior ao normal, o que está na origem de infecções recorrentes e onde existe risco de vida.
No ser humano, a imunodeficiência pode ser consequência das seguintes condições:
- Doença genética,
- Doença adquirida como o VIH/SIDA,
- Medicamentos imunossupressores.
Autoimunidade
Ao contrário da imunodeficiência a autoimunidade é a consequência de um sistema imunitário hiperactivo que ataca tecido normal como se fosse um agente externo, como é o caso da artrite reumatóide ou a diabetes de tipo 1.
Leia também: Artrite reumatoide tudo o que não sabe e que pouco se fala!
Resposta imune
A resposta imune pode separar-se nos seguintes dois tipos de resposta:
- Imunidade natural ou inata,
- Imunidade adquirida ou adaptativa.
Imunidade natural ou inata
A imunidade inata, natural ou não específica é considerada a primeira linha de defesa do corpo humano, nós já nascemos com essa defesa física, química e biológica.
As células mais importantes responsáveis pela imunidade inata são as seguintes:
- Macrófagos
- Células dendríticas
- Células NK (Natural Killer Cell) ou células assassinas naturais
- Proteinas do complemento
- Neutrófilos
- Basófilos
- Eosinófilos
- Mastócitos
A esta primeira linha de defesa pertencem:
- Pele: A pele é considerada a principal barreira contra agentes infecciosos;
- Cílios: Os cílios são responsáveis pela proteção dos olhos, evitando que elementos indesejáveis entrem nos olhos. Também existem os cílios nasais com a função de proteção, filtragem e drenagem de mucosidades para o exterior;
- Lágrimas: As lágrimas possuem a função de lubrificar e limpar os olhos, assim reforçam a proteção do globo ocular;
- Muco: O muco tem a função de impedir os microrganismos entrem no sistema respiratório;
- Plaquetas: As plaquetas agem na coagulação do sangue, ou seja, se o corpo tiver algum ferimento as plaquetas vão agir para reter o sangue;
- Saliva: Protege contra vírus e lubrifica a boca;
- Suco gástrico: Age no processo de digestão do alimento e evita a proliferação de microrganismos;
- Suor: Auxilia na proteção da pele, impedindo a entrada de fungos.
- Membranas;
- Tecidos do sistema respiratório.
A imunidade natural pode ser definida também pelas células de defesa, como os leucócitos, neutrófilos e macrófagos. Se essa imunidade não for suficiente, a imunidade adquirida, adaptativa ou específica, entra em ação. Resumindo, a resposta imune natural pode conter a entrada de agentes infecciosos mas também ajudar nas respostas imunes adquiridas ou adaptativas.
Imunidade adquirida ou adaptativa
A imunidade adquirida é aquela que nós adequirimos durante a vida, como os anticorpos e as vacinas, por isso também é denominada como imunidade adaptativa pois corresponde a um sistema de defesa implantado que o organismo recebe após ter sido infectado por algum agente.
Existem dois tipos de imunidade adquirida, a saber:
- Imunidade humoral: corresponde a uma resposta defensiva onde atuam os anticorpos, conhecidos como imunoglobulinas que são formadas pelos linfócitos B. Os anticorpos têm como função reconhecer e sinalizar os antígenos ou seja as substâncias estranhas;
- Imunidade celular: diz respeito a um sistema de defesa mediado pelos linfócitos T, assim, quando um agente patogénico sobrevive no corpo e, os anticorpos não conseguem ter acesso, as células T eliminam essas substâncias infectadas.
Anticorpos ou Imunoglobulinas
Os anticorpos (Ac) também conhecidos como imunoglobulinas, (abreviado Ig) são um componente essencial da nossa imunidade adquirida. São glicoproteínas do tipo gamaglobulina, a fracção de globulinas mais abundante no plasma sanguíneo. Podem encontrar-se em forma solúvel no sangue ou noutros fluídos corporais dos vertebrados, ou podem estar inseridos na membrana plasmática, onde actuam como receptores nos linfócitos B e são empregues pelo sistema imunitário para neutralizar patogénicos tais como bactérias patogénicas e viroses.
Em geral, considera-se que tanto anticorpo como imunoglobulina são termos equivalentes, sendo que o primeiro termo faz referência à função, enquanto que o segundo alude à estrutura. O termo gamaglobulina refere-se às propriedades electroforéticas das imunoglobulinas solúveis no soro sanguíneo, se bem que algumas imunoglobulinas migram com as fracções alfa, beta e inclusive com a albumina.
Um anticorpo é tipicamente constituído por unidades estruturais básicas, cada uma das quais com duas grandes cadeias pesadas e duas cadeias leves de menor peso molecular. A molécula de anticorpo tem forma de Y; as extremidades dos braços do Y são o fragmento Fab por onde se ligam ao antígeno; o pé do Y é o fragmento Fc. As moléculas dos anticorpos podem aparecer em separado, como monómeros, ou associarem-se entre si formando dímeros com duas unidades ou pentâmeros com cinco unidades. Os anticorpos são sintetizados por um tipo de leucócito denominado linfócito B ou célula B.
Existem diferentes tipos de anticorpos, chamados isótipos, diferenciados pela forma da cadeia pesada que apresentem.São conhecidas cinco classes de isótipos em mamíferos que desempenham funções diferentes, contribuíndo para dirigir a resposta imunitária conforme cada tipo de corpo estranho que encontram, que são:
- IgA,
- IgD,
- IgE,
- IgG,
- IgM.
Diagnósticos clínicos
O doseamento das diferentes imonoglobulinas no sangue podem ser um importante apoio para o médico conseguir realizar um diagnóstico mais correcto de determinadas doenças. Por exemplo:
Órgãos do sistema imunológico
O sistema imunológico é formado por diversos órgãos dos quais se destacam os seguintes:
- Linfonodos, ou ganglios linfáticos,
- Timo,
- Baço,
- Medula óssea,
- Vasos linfáticos.
Estes orgãos são classificados como primários e secundários conforme as diferentes funções, a saber:
- Órgãos imunitários primários – acontece a linfopoiese que corresponde ao processo de formação de linfócitos.
- Órgãos imunitários secundários – ocorre a resposta imune.
Linfopoiese
Linfopoiese é o processo mediante o qual se formam os linfócitos. Engloba os linfócitos T e B. Os linfócitos B saem maduros da medula óssea enquanto os linfócitos T necessitam de migrar para o Timo onde sofrem o processo de maturação. Os linfócitos B ainda se diferenciam em plasmócitos quando encontram um antígeno num órgão linfoide secundário e secretam anticorpos nos tecidos.
Órgãos imunitários primários
Os órgãos imunitários primários são principalmente os seguintes:
- Timo: É uma glândula que fica no tórax, entre os pulmões. Ela é responsável pelo desenvolvimento dos linfócitos T;
- Medula óssea: Corresponde a um tecido com aspecto mole localizado dentro dos ossos. São nas medulas ósseas que ocorrem a produção de plaquetas, hemácias, leucócitos e maturação dos linfócitos B;
- Células estaminais ou células tronco: Conhecidas também como células fonte. São células ainda indiferenciadas capazes de se dividirem e originar qualquer uma das outras células diferenciadas ou seja específicas de um determinado tecido, como por exemplo o hepático. Existem grupos de células estaminais embrionárias (ou não embrionárias), adultas e induzidas.
Órgãos imunitários secundários
Os órgãos imunitários secundários são principalmente os seguintes:
- Baço: É um órgão do sistema linfático localizado na região esquerda do abdómen. É caracterizado por ser o maior dos órgãos linfáticos;
- Linfonodos ou ganglios linfáticos: São pequenos órgãos compostos pelo tecido linfoide.
Interferon e anticorpos antivirais
O Interferon ou interferão (IFN) é uma proteína produzida pelos leucócitos e fibroblastos para interferir na replicação de fungos, vírus, bactérias e células de tumores e estimular a atividade de defesa de outras células. Existem três tipos de interferon, classificados de acordo com o recetor celular e resposta que ativam. São um tipo de citocina produzida por todos os animais vertebrados e alguns invertebrados.
Tipos de Interferon
Existem 3 tipos de interferon, a saber:
- Interferon tipo I (alfa e beta)
- Interferon tipo II (gama)
- Interferon tipo III (lambda)
Interferon tipo I (alfa e beta): A forma alfa é produzida por leucócitos e a forma beta por fibroblastos quando invadidos por vírus. Induz a própria célula infectada e células próximas a produzirem proteínas que impedem a replicação do vírus. Usado para tratar hepatite B, hepatite C e esclerose múltipla. A produçao é estimulada por interleucina 1 e 2 e pelo Fator de necrose tumoral.
Interferon tipo II (gama): Também conhecido como interferon imune e sempre na forma de Interferon-gama, é produzido por linfócitos T e células NK (Natural Killer Cells ou Células Naturais Assassinas) quando estimulados por interleucina 12 ou 18. O Interferon gama é responsável por ativar macrófagos, estimula a expressão de Complexo maior de histocompatibilidade, crescimento, maturação e diferenciação de muitos tipos de células, aumenta a atividade de células naturais assassinas (NK), regula a resposta inflamatória, potencia outros interferons e modula a atividade dos linfócitos B. Pode ser usado no tratamento da doença granulomatosa crónica e da osteopetrose (endurecimento dos ossos).
Interferon tipo III (lambda): Também conhecido como interleucina 28/29 é produzida por células dendríticas e monócitos sempre na forma lambda. Quando infectadas por vírus, atua em sinergia e como complementar com a forma alfa para estimular a produção de proteínas que inferem com a replicação viral pelas células vizinhas. Estimula a mitose de linfócitos. Dependendo do vírus a maior resposta será de tipo I ou de tipo III.
Função antiviral do interferon
Os interferons induzem um estado de resistência antiviral em células teciduais não infectadas. O vírus, ao replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Após a síntese proteica, a proteína sai da célula e entra na corrente sanguínea, até chegar às células vizinhas que ainda não foram atacadas. A proteína liga-se à membrana celular dessas células e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas proteínas antivirais, vão impedir a replicação do vírus nessas células.
Os interferons são produzidos na fase inicial da infecção e constituem a primeira linha de resistência a muitas viroses. Um grupo de interferons (alfa e beta) é produzido por células infectadas por vírus, e um outro grupo (gama) é sintetizado por células naturais assassinas ou linfócitos T ativados.
Patologias
A atividade do interferon está profundamente relacionada com o desenvolvimento de várias doenças como:
- Doenças do colagénio,
- Lúpus,
- Artrite reumatóide,
- Diabetes mellitus dependente de insulina,
- Hepatite fulminante,
- Pancreatite grave,
- Nefrite,
- Esclerose múltipla,
- Doenças alérgicas,
- Aterosclerose.
Utilização terapêutica
Os interferons Alpha, Beta e Gamma são proteínas naturais produzidas pelas células do sistema imunológico em resposta à ameaça de agentes como vírus, bactérias, parasitas e tumores. São utilizados para tratar condições como:
- Esclerose múltipla,
- Leucemias,
- Linfomas,
- Hepatite B e C.
Resistência viral
Diversos vírus são resistentes a interferon, dentre eles:
- Encefalite Virus Japonês (JEV)
- Vírus da dengue tipo 2 (DEN-2)
- Alguns Herpesvirus, incluindo citomegalovirus (HCMV)
- Influenza A subtipo H5N1
- Papiloma vírus humano (HPV)
- Epstein-Barr virus (EBV)
- Vaccinia virus (VV)
Sistema imunitário como fortalecer?
Não… este não é um artigo apenas para indicar alguns alimentos da moda que, milagrosamente, só por si são apresentados como a solução para ter uma forte imunidade… esquecendo o básico e fundamental dos processos naturais de proteção e regeneração do nosso sistema imunitário e luta contra a doença em geral… ainda por cima os principais são grátis 🙂
Hábitos essenciais para forte imunidade
Assim esqueçam… não existe uma saúde e sistema imunitário “forte e saudável” se não forem respeitados os seguintes pilares básicos:
Bom sono – 7.30 horas por noite. Faça as contas e coloque o despertador de forma a tentar dormir o mais próximo possivel 7.30 horas pois correspondem a 5 ciclos de sono seguidos de 90 minutos cada (aproximadamente). Tenha também o quarto totalmente escuro e nunca quente. Elimine qualquer luz artificial do seu quarto incluindo TV, telemóvel, computador e tablet.
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Controlo do stress – aprenda a controlar as emoções negativas… são principalmente essas que devastam o sistema imunitário. Tem de aprender a valorizar as pequenas coisas da vida, aceitar as coisas menos boas e acreditar num futuro sempre melhor… mas claro fazer algo por isso! Isto não é “conversa da treta”… pois os nossos pensamentos influenciam a nossa imunidade! Rir e sorrir são excelentes para a nossa imunidade!
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Exercício físico moderado – claro que não precisa de ir ao ginásio todos os dias! Basta uma boa caminhada de 30 a 45 minutos em passada rápida para sentir-se melhor fisica e psicológicamente! Também a dança é simplesmente excelente para manter a forma e afastar depressões! Outra alternativa é o exercício fisico intenso intermitente mas durante poucos minutos o chamado treino intervalado de alta intensidade (HIIT). Doentes cardiacos devem consultar o seu médico assistente antes de tentar o HIIT.
Leia também: Exercício físico qual o melhor… toda a verdade!
Jejum intermitente – termine o jantar ás 20 horas e não coma nada até ás 8 horas da manhã seguinte. Assim facilmente consegue 12 horas de jejum diárias que o organismo agradece pois desvia a energia que gastaria na digestão para usar na reparação do DNA de céluals danificadas que todos os dias surgem no nosso corpo. A energia é finita e se gasta imensa com a digestão da comida então não há milagres… ficam para trás todos os dias células alteradas que não são reparadas e vão causar problemas de saúde mais tarde… incluindo cancro. Diabéticos devem consultar o médico assistente antes de tentar o jejum intermitente.
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Boa nutrição sem açucar e alimentos processados – o açucar refinado é simplesmente um “doce veneno” com consequências devastadoras na sua saúde e sistema imunitário. Infelizmente está por todo o lado e vai ter de se esforçar para o evitar pois o apelo psicológico ao consumo de hidratos de carbono refinados é brutal!
Leia também: Açucar será que pode matar? Toda a verdade!
Hidratação adequada com água de qualidade – beba água proxima da neutralidade (pH~7). Evite águas ácidas com pH abaixo de 6 ou águas alcalinas com pH acima de 8. O nosso sangue tem um pH muito próximo da neutralidade pelo que é de elementar bom senso não exagerar e beber em demasia águas com pH distantes de 7. Pesquise esta informação nos rótulos e se possivel beba água de nascente (ver rótulo).
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De seguida vou então falar de alguns alimentos surpreendesntes e suplementos especiais que podem dar uma ajuda preciosa ao nosso sistema imunitário e aumentar a resistência contra infeções virais.
Alimentos e imunidade
Além de alguns medicamentos existem alimentos que ajudam a fortalecer o nosso sistema imunitário. Alguns alimentos podem impulsionar automaticamente o nosso sistema imunológico.
Manga
Um deles é a manga. A manga é uma fruta de caroço que é uma espécie de super alimento. Estes super alimentos ativam todos os cinco sistemas de defesa ao mesmo tempo, incluindo o sistema imunológico e contêm vitaminas, bons minerais e bioativos naturais.
Rebentos de bróculos (Broccoli sprouts)
Outro exemplo de alimentos que activam os 5 sistemas de defesa do nosso organismo são os rebentos de bróculos ou seja são a planta na fase ainda muito jovem, logo após a germinação da semente, que mais tarde vai dar origem aos bróculos. Nesta fase já têm todos os nutrientes e energia que mais tarde são distribuídos na planta maior. Estudos confirmam que os rebentos de bróculos podem impulsionar o sistema imunitário e aumentar a nossa proteção contra a gripe, com uma eficácia superior à da vacina da gripe!
Os rebentos de bróculos também parecem aumentar a proteção contra doenças graves como o cancro.
Cogumelos e beta- glucano
Afinal o que têm os cogumelos de especial? Toda a gente deveria come-los pelas seguintes razões:
- Crescem na terra e sugam todos os nutrientes realmente importantes aí existentes;
- Dentro do cogumelo existe um composto natural chamado beta-glucano que estimula directamente o nosso sistema imunológico.
Mas aqui está uma verdadeira surpresa… pois existe em todos os cogumelos independentemente de se tratar de um cogumelo shiitake, um cogumelo maitake, um cogumelo portobello ou até mesmo um cogumelo de botão branco. Assim pode encontrá-los em qualquer lugar.
Outra surpresa é o facto dos investigadores terem descoberto que as hastes chamadas pé ou estipe na verdade contêm até três vezes mais beta glucano do que o chapéu do cogumelo que é a parte que mais comemos! Assim da próxima vez coma o cogumelo completo principalmente os que apresentam o pé ou estipe intacta.
Polifenois e vinho tinto…
Não se engane com o título… o álccol não nos faz bem mas meio copo de bom vinho tinto parece que sim! A maioria dos estudos que envolvem saúde pública analisando vinho tinto mostrou surpreendentemente que existem alguns benefícios tais como:
- Proteção do Coração,
- Menor risco de cancro,
- Outros tipos de doenças metabólicas.
Mas a realidade é que nunca é o álcool que nos faz bem! O álcool pode acalmar os nossos nervos e fazer-nos sentir um pouco melhor, mas, na verdade, os polifenois que ativam as nossas defesas e protegem as nossas células saem da pele da uva. Os polifenóis do vinho vêm das uvas, principalmente das peles, e como o processo de vinificação do vinho tinto envolve um contato mais prolongado com as peles da uva, esses vinhos tendem a conter muito mais polifenóis do que os vinhos brancos.
Como um todo, o conteúdo de polifenóis do vinho tinto tem sido elogiado pelos bebedores conscientes do bem-estar, mas também existem polifenóis específicos no vinho tinto que foram estudados individualmente por causa dos potenciais benefícios para a saúde.
Resveratrol
Um dos polifenóis mais amplamente estudados no vinho, o resveratrol é naturalmente produzido em plantas em resposta a danos físicos, ou invasão por patogénioss. Também encontrado em grandes quantidades em amendoim, mirtilo e cacau, o resveratrol é extraído de fontes vegetais para criar produtos cosméticos e suplementos alimentares.
Em estudos de laboratório, os cientistas descobriram que o resveratrol oferece efeitos protetores contra muitos riscos para a saúde humana. Dois dos seus principais benefícios são o potencial para combater diferentes tipos de cancro, inibindo o crescimento de células cancerígenas e o seu potencial para combater doenças cardiovasculares, prevenindo danos aos vasos sanguíneos, diminuindo o colesterol mau (LDL) e elevando o bom colesterol (HDL).
Os pesquisadores também encontraram evidências de que o resveratrol pode ajudar a combater doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, ajudando a retardar a progressão da doença e a eliminar a acumulação de placas no cérebro. Ele também pode evitar diabetes tipo 2, ajudando a regular a insulina.
Propriedades anti-inflamatórias do resveratrol também fizeram uma linha de estudo para questões de saúde relacionadas com a inflamação, como doenças pulmonares e distúrbios de saúde mental.
No entanto, a quantidade de resveratrol usada para testar as propriedades saudáveis desse polifenol nem sempre é a quantidade encontrada numa porção média de vinho tinto. Enquanto alguns estudos mostraram que quantidades de resveratrol encontradas em apenas um ou poucos copos de vinho podem trazer alguns benefícios para a saúde, muitos outros mostraram que as quantidades de resveratrol usadas para produzir outros benefícios para a saúde podem são equivalentes a 100 copos por dia… o que tornaria esta solução impossivel!
Como gosto de um bom vinho tinto quero acreditar que um pequeno copo à refeição pode proteger a minha saúde… até porque, como de seguida descrevo, o vinho tinto tem adicionalmente outros polifenois, além do resveratrol, com propriedades extremamente interessantes para a nossa saúde. Todo somado não tenho dúvidas que quando bebo o meu copo de vinho tinto estou a juntar o útil ao agradável 🙂
Outros polifenois
Outros polifenóis importantes existentes principalmente no vinho tinto, são os seguintes:
- Quercetina – tem propriedades anti-inflamatórias, antivirais, alivia doenças pulmonares, promove a cicatrização das artérias.
- Antocianinas – ajuda a manter o peso e diminui a disfunção eréctil.
- Procianidinas – mesmo em doses baixas protege contra doenças cardiacas.
- Ácido elágico – mesmo em doses baixas ajuda a “queimar” gordura controlando assim o peso e protege o fígado.
- Catequinas – existem também nas frutas frescas, cacau e cerveja. Alguns estudos parecem indicar que têm a capacidade de retardar os tumores. Também parecem promissoras no combate à doença de Alzheimer.
Quantidade de vinho a consumir
Naturalmente, beber muito vinho tem efeitos claramente negativos para a saúde, portanto, consumir muito vinho apenas para colher os benefícios relacionados é, obviamente, desaconselhável! Não havendo ainda certezas sobre dosagens, segundo alguns investigadores a quantidade ideal máxima de vinho tinto que devemos consumir para conseguir os melhores efeitos para a nossa saúde parece ser meio copo de vinho (aproximadamente 125ml) ao almoço e jantar.
Cerveja e xanthohumol
Os lúpulos da cerveja elaboram um produto químico natural chamado xanthohumol, que flutua diretamente na cerveja. Então descobriu-se que há realmente benefícios da cerveja, tais como:
- Mobiliza as células estaminais,
- Antiangiogénico.
- Antioxidante,
- Demência diminui. Cerca de 60% de diminuição no grau de incidência (se tomar 1,5 a 2 cervejas por dia… não mais!).
Chá verde e EGCG (Epigallocatechin Gallate)
Galato de epigalocatequina, também conhecido como epigalocatequina-3-galato, é o éster de epigalocatequina e ácido gálico, e é um tipo de catequina. EGCG, a catequina mais abundante no chá verde e no chá preto, é um polifenol sob investigação básica por causa do seu potencial para afetar positivamente a saúde humana.
EGCG (Epigallocatechin Gallate)
Os alimentos mais ricos em galato de epigalatocatequina (EGCG) são então os seguintes:
- Chás principalmente o verde e o preto,
- Arandos vermelhos,
- Morangos,
- Amoras,
- kiwis,
- Cerejas,
- Peras,
- Pêssegos,
- Maçãs,
- abacate,
- Nozes,
- Pistachios,
- Avelãs.
Estudos parecem indicar benefícios para as seguintes condições de saúde e doenças:
- Reduz a inflamação;
- Perda de peso;
- Prevenção de doenças cardíacas;
- Prevenção de doenças cerebrais;
- Diabetes;
- Alguns tipos de cancro.
Chá Matcha
O chá matcha é um dos diversos tipos de chá que são, geralmente, relacionados com o emagrecimento, mas o matcha tem muitos mais benefícios para além desse. Consiste num chá verde, originário do Japão, sendo apresentado sob a forma de um pó esverdeado.
Os chás são ótimos aliados da perda de peso. Durante muito tempo, um dos mais consumidos para atingir esse objetivo foi o chá verde, devido às suas propriedades termogénicas, ou seja, de aceleração do metabolismo.
O matcha, assim como o chá verde e o chá preto, é extraído da planta camellia sinensis. A diferença entre os tipos de chás extraídos dessa mesma planta são elementos como a fermentação e maturação das folhas. O matcha é obtido a partir das folhas mais jovens do chá verde, originadas de plantações protegidas da exposição solar. Após recolha, as folhas são trituradas muito lentamente num moinho de pedra, até que estejam reduzidas a pó.
O pó do matcha é mais concentrado que os outros chás provenientes da camellia sinensis, ou seja, possibilita resultados mais rápidos pois tem uma concentração maior de EGCG. O chá matcha tem diversos efeitos positivos no organismo, tais como:
- Emagrecimento;
- Redução dos níveis de colesterol mau LDL;
- Protege os vasos sanguineos contra a doença cardiaca;
- Diminui a pressão arterial;
- Inibe a angiogénese;
- Estimula as células estaminais quando necessário;
Matcha e cancro
O matcha e provavelmente os altos níveis de EGCG no matcha podem realmente matar células estaminais cancerígenas. Assim, enquanto a maioria das células estaminais que temos ajuda a regenerar as nossas células, quando um cancro cresce, também tem as suas próprias células estaminais que fazem com que o cancro regresse mais tarde!
Estas células estaminais cancerígenas são muito perigosas e realmente mortais. O Santo Graal da pesquisa sobre o cancro, está em tentar encontrar uma maneira de matar essas células estaminais do cancro. Em 2018, os investigadores descobriram que o matcha e o ECGC podem matar as células estaminais do cancro da mama.
Chá matcha e perda de peso
O matcha emagrece por se tratar de um chá verde, possuindo catequinas na sua composição. Estudos já demonstraram que os homens que ingerem o chá verde com altas doses de catequinas conseguem eliminar mais peso do que os que tomam bebidas com baixas concentrações desta substância (perda de peso de, aproximadamente, 2,5 kg, comparativamente à perda de 1,3 kg).
Outro estudo publicado no ano de 2008, revelou que tomar chás verdes como o matcha ajuda no emagrecimento, pois promove o gasto energético durante a prática de exercício físico.
Neste estudo, constatou-se que homens saudáveis que ingeriam este tipo de chás durante treinos de intensidade moderada tiveram um aumento de 17% na taxa de redução de gordura.
Também consumir o matcha em vez de outras bebidas pode auxiliar na redução da quantidade de energia ingerida por dia pois uma porção do chá tem apenas 3Kcal, enquanto um capuccino tem aproximadamente 74Kcal e um leite achocolatado possui cerca de 140Kcal.
Antioxidante
O chá matcha também tem benefícios no combate ao cancro, por exemplo. O motivo é por este ser rico em antioxidantes do grupo das catequinas, que funcionam como anticancerígenos.
Este facto foi comprovado por um estudo realizado em 2003 na Universidade de Colorado, que confirmou que uma chávena de matcha possui cerca de 137 vezes mais catequinas do que outros tipos de chá verde.
Efetivamente, estudos declaram que a ingestão regular de chá matcha reduz para metade a probabilidade de vir a desenvolver cancro da mama.
Diurético
Por ter um efeito diurético, o chá matcha contribui com a diminuição da retenção de líquidos no organismo, ajudando na perda de volume e eliminando o inchaço em algumas regiões do corpo.
Saciante
Quando se sente saciado, é mais difícil ceder às tentações alimentares. Tomar o chá matcha pode contribuir nesse sentido, devido à presença de um antioxidante que estimula a liberação de uma hormona chamada CCK (colecistocinina), que, por sua vez, é responsável por enviar para o cérebro a informação de que o estômago está cheio e conferir a sensação de saciedade.
Energizante
Um estudo publicado no ano de 1999 identificou que o consumo do chá verde contribui para estimulação do metabolismo que, por consequência, leva a que o processo de metabolização das reservas de gordura possa acontecer de forma mais rápida.
Para os momentos em que é necessária energia e concentração extras, o matcha é também uma ótima opção para substituir o café.
Anti-stress
O matcha possui uma quantidade cinco vezes maior de L-teanina que outros tipos de chá verde. O L-teanina é um aminoácido que estimula a atividade de um tipo de ondas do cérebro, que, por sua vez, estão ligadas ao relaxamento, concentração, alívio do stress e até à diminuição da pressão arterial.
Colesterol diminui
Para quem possui valores de colesterol elevados, também é possível beneficiar com o consumo do chá matcha. É que, segundo um estudo de 2011, os chás verdes contribuem de maneira significativa para a diminuição dos níveis do colesterol LDL no organismo.
O chá ainda contém uma alta quantidade de fibras alimentares, que auxiliam no alívio da prisão de ventre e a estabilizar os níveis de açúcar no sangue. Estas fibras também podem auxiliar no controlo do colesterol, pois diminuem a absorção de gordura no intestino.
Propriedades anti-inflamatórias
Finalmente, o uso do chá matcha também está interligado a outros benefícios como o atraso do envelhecimento através do combate à inflamação.
Vitamina C
Em 4 de fevereiro de 2020, pesquisadores do Hospital Zhongnan, na China, anunciaram investigação à eficácia da infusão de vitamina C no tratamento de pneumonia grave infectada com COVID-19.
Muitas das mortes associadas a essa pneumonia viral parecem ser devidas a choque séptico e estudos sugerem que infusões em altas doses de vitamina C podem melhorar os resultados em casos de sepsis e infecções respiratórias.
Conforme observado na descrição do estudo do Hospital Zhongnan:
A pneumonia viral é uma condição perigosa com um mau prognóstico clínico. A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, possui propriedades antioxidantes. Quando a sepsis ocorre, o aumento de citocinas causado pela sepsis é ativado e os neutrófilos acumulam-se nos pulmões, destruindo capilares alveolares.
Os primeiros estudos clínicos demonstraram que a vitamina C pode efetivamente impedir esse processo. Além disso, a vitamina C pode ajudar a eliminar o fluido alveolar, impedindo a ativação e acumulação de neutrófilos e reduzindo os danos no canal de água epitelial alveolar.
Ao mesmo tempo, a vitamina C pode impedir a formação de armadilhas extracelulares de neutrófilos, que é um evento biológico de lesão vascular causada pela ativação de neutrófilos.
Os pesquisadores pretendem tratar pacientes com 24 gramas de vitamina C intravenosa (IV) por dia, durante sete dias, a uma velocidade de 7 mililitros por hora. O grupo placebo receberá um IV de solução salina normal.
O desfecho primário será o número de dias sem suporte ventilatório durante 28 dias de hospitalização. As medidas de desfecho secundário incluirão mortalidade, tempo de internamento nas unidades de cuidados intensivos (UCI), taxa de RCP necessária, uso de vasopressores, função respiratória, falência de órgãos relacionados com a sepsis e muito mais.
Protocolo de tratamento de sepsis do Dr. Marik
O tempo dirá qual será o resultado desse estudo no Hospital Zhongnan. É provável que a vitamina C traga algum benefício, embora o protocolo de tratamento de sepsis do Dr. Paul Marik possa ser uma opção ainda melhor.
Estudo clínico retrospectivo inicial antes e depois da sepsis com o seguinte protocolo mantido durante 2 dias:
- Vitamina B1 (Tiamina) 200mg de 12/12horas;
- Vitamina C (Ácido ascórbico) 1.500 mg de ácido ascórbico 6/6 horas;
- Hidrocortisona 50 mg de 6/6 horas.
Resultado: Redução de mortalidade por sepsis de 40 % para 8,5%.
Pesquisa publicada on-line em 9 de janeiro de 2020, constatou que o protocolo de sepsis intravenosa de Marik também reduzia a mortalidade em pacientes pediátricos. O estudo foi realizado no Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie, em Chicago, e conforme observado pelo Science Daily, os dados preliminares deste estudo “apóiam os resultados promissores observados em adultos”.
Entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2019, 557 pacientes pediátricos com choque séptico preencheram os critérios de inclusão no estudo:
- 43 receberam o protocolo de vitamina C, vitamina B1 e hidrocortisona de Marik,
- 181 receberam terapia apenas com hidrocortisona,
- 333 não receberam nenhum desses tratamentos.
Os 43 pacientes que receberam o tratamento com vitamina C foram comparados com base no estado clínico com 43 controles não tratados e 43 pacientes apenas com hidrocortisona.
Resultados:
Após decorridos os primeiros 30 dias do estudo, os controles e os grupos somente a tomar hidrocortisona apresentaram uma taxa de mortalidade de 28%, enquanto o grupo de tratamento teve uma taxa de mortalidade de apenas 9%.
Aos 90 dias, 35% dos controles e 33% daqueles que receberam apenas hidrocortisona morreram, em comparação com apenas 14% do grupo de tratamento.
Nutrição essencial contra o coronavírus
Quanto à prevenção, a nutrição desempenha um papel crucial e vários nutrientes são conhecidos pelas suas propriedades estimulantes do sistema imunológico e capacidade de proteger contra infecções virais.
Em Fevereiro de 2020, num artigo convincente sobre o Progresso nas doenças cardiovasculares … Mark McCarty, da Catalytic Longevity Foundation, San Diego, CA, EUA, e James DiNicolantonio, PharmD, um cientista de pesquisas cardiovasculares do Instituto Americano do Coração de Saint Luke, Kansas City, MO, propõem que certos nutracêuticos podem ajudar a aliviar as pessoas infectadas com vírus de RNA encapsulados, como influenza e coronavírus …
SARS-CoV-2 causa tempestade inflamatória
A Covid-19 é cerca de 30 a 60 vezes mais letal do que a gripe anual típica. Tanto a gripe quanto o coronavírus causam uma tempestade inflamatória nos pulmões e é essa tempestade inflamatória que leva à dificuldade respiratória aguda, falência de órgãos e morte.
Certos nutracêuticos podem ajudar a reduzir a inflamação nos pulmões provocada por vírus RNA e outros também podem ajudar a aumentar a resposta do interferon tipo 1 a esses vírus, que é a principal resposta do nosso corpo para ajudar a criar anticorpos antivirais para combater infecções virais .
Suplementos contra Covid-19
McCarty e DiNicolantonio listam vários nutrientes disponíveis na forma de suplemento que podem ser particularmente benéficos contra o COVID-19. Descrevo de seguida os mais importantes.
N-acetilcisteína (NAC)
Estimula a produção de glutationa ou glutatião, fluidifica o muco, diminui as probabilidades de infecção por vírus influenza e reduz o risco de desenvolver bronquite grave.
Glutationa ou glutatião o que é?
A glutationa (gama-glutamil-cisteinil-glicina ) ou GSH ou glutatião é um antioxidante hidrossolúvel, que exerce uma forte ação neutralizadora de radicais livres. É reconhecido como o tiol não proteico mais importante nos sistemas vivos. Trata-se de um tripéptido linear, constituído pelos seguintes três aminoácidos:
- Ácido glutâmico,
- Cisteína,
- Glicina.
O grupo tiol da cisteína é o local activo responsável pelas propriedades bioquímicas da glutationa. Existe, na maioria das células, em concentrações compreendidas entre 1 e 8 mM, estando, geralmente, na sua maior quantidade no fígado. Ao nível extracelular a concentração de glutationa é da ordem de 5-50 μM.
Glutationa
Acetilcisteína, também conhecida como N-acetilcisteína (NAC), é uma medicação que é usada para o tratamento da overdose de paracetamol (acetaminofeno) e para soltar o muco em indivíduos com infeções respiratórias (virais ou bacterianas) bem como portadores de doenças mais graves como fibrose cística ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Pode ser tomado por via intravenosa, pela boca, ou inalado, como uma névoa. Algumas pessoas usam como um suplemento dietético.
Efeitos colaterais não são frequentes, e os mais comuns incluem náuseas e vômitos, quando tomado por via oral. A pele pode, ocasionalmente, tornar-se vermelha e coçar. Um tipo não de anafilaxia também pode ocorrer. Parece ser seguro durante a gravidez e funciona através do aumento dos níveis de glutatião e níveis e a ligação com os produtos tóxicos da degradação do paracetamol.
Acetilcisteína inicialmente foi patenteado em 1960 e licenciado para uso em 1968. Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, os medicamentos mais eficazes, seguros e necessários em um sistema de saúde. Ele está disponível como um medicamento genérico e não é muito caro – embora os originais tenham conservação melhor e, tratando-se de uma substância anti-oxidante, podem ser mais eficazes.
Dose diária: 1.200 a 1.800 mg
Extrato de sabugueiro (Elderberry)
Conhecido por reduzir a duração da gripe em dois a quatro dias assim como a gravidade da gripe. Segundo os autores do estudo, dado que o sabugueiro é uma fonte muito rica de antocianinas, há motivos para suspeitar que o seu impacto sobre os vírus possa ser mediado, pelo menos em parte, pelo ácido ferúlico, um metabólito proeminente que aparece no plasma após a ingestão de antocianinas.
Estudo: A Review of the Antiviral Properties of Black Elder (Sambucus nigra L.) Products.
Dose diária: 600 a 1.500 mg
Spirulina
Reduz a severidade da infecção por vírus influenza e reduz a mortalidade por influenza em estudos com animais. Num teste em humanos, a spirulina reduziu significativamente a carga viral em pacientes com infecção pelo HIV.
Spirulina é um género de cianobactérias da ordem Spirulinales, um grupo de organismos procariotas vulgarmente conhecido por algas verde-azuis (ou Cyanophyta).
São microrganismos unicelulares fotoautotróficos que se agrupam em formas filamentosas, geralmente helicoidais, designadas por tricomas (por analogia com os pelos das plantas). Algumas espécies anteriormente incluídas neste género (actualmente em Arthrospira) são utilizadas para produzir um suplemento alimentar conhecido por «spirulina» ou «espirulina», que não deve ser confundido com este género.
Dose diária: 15 g
Glucosamina
Regula positivamente a proteína de sinalização antiviral mitocondrial (MAVS – mitochondrial antiviral-signaling protein), reduz a gravidade e mortalidade da infecção por influenza em estudos com animais.
Estudo: The novel IGF-IR/Akt–dependent anticancer activities of glucosamine
Estudo: Molecular mechanisms of anticancer effects of Glucosamine
Dose diária: 3.000 mg ou superior se necessário
Selénio
Como o selénio é um cofator essencial para certas peroxidases e a deficiência de selénio tem sido endêmica em certas regiões da China e em outras partes do mundo, garantir a adequação da nutrição do selénio também pode ser apropriado nesse contexto, observam McCarty e DiNicolantonio, acrescentando que “a deficiência de selénio também aumenta a taxa na qual os vírus podem sofrer mutações, promovendo a evolução de estirpes mais patogênicas e capazes de evitar a vigilância imunológica”.
Dose diária: 50 a 100 microgramas
Zinco
Suporta a função eficaz e proliferação de várias células imunológicas, reduzindo a mortalidade em idosos em 27%.
Dose diária: 30 a 50 mg
Ácido lipoico
Ácido lipóico é um composto organosulfurado derivado do ácido octanóico que contém dois átomos de enxofre (em C6 e C8) vicinais ligados por uma ligação dissulfídica. O átomo de carbono em C6 é quiral portanto a molécula possui dois enantiômeros. Apenas o enantiômero R-(+)- existe na natureza é é um cofator essencial de quatro enzimas mitocondriais complexas.
O ácido lipoico ajuda a aumentar a resposta do interferon tipo 1. Conforme explicado em um artigo de 2014 “Os interferons do tipo I (IFNs) ativam programas antimicrobianos intracelulares e influenciam o desenvolvimento de respostas imunes inatas e adaptativas … (IFNs) são polipeptídeos secretados pelas células infectadas e têm três funções principais:
- Induzem estados antimicrobianos intrínsecos a células em células infectadas e vizinhas que limitam a disseminação de agentes infecciosos, particularmente patógenos virais.
- Modulam as respostas imunes inatas de uma maneira equilibrada que promove a apresentação de antígenos e as funções das NKC (natural killer cell) células assassinas naturais, ao mesmo tempo que restringe as vias pró-inflamatórias e a produção de citocinas.
- Ativam o sistema imunológico adaptativo, promovendo o desenvolvimento de respostas de células T e B específicas para antígenos de alta afinidade e memória imunológica. Os IFNs do tipo I são protetores em infecções virais agudas, mas podem ter papéis protetores ou deletérios em infecções bacterianas e doenças autoimunes “.
Dose diária: 1.200 a 1.800 mg (em substituição do ácido ferúlico)
O ácido lipóico é ainda responsável por estimular a biossíntese de uma enzima do nosso organismo que exerce também uma marcada acção neutralizadora dos radicais livres, a glutatião peroxidase. Esta enzima neutraliza um dos radicais livres mais agressivos para a pele, o radical peróxido, transformando-o em água. Pensa-se que o ácido lipóico tem também um papel importante no metabolismo do organismo, mais particularmente na produção de energia.
Vitmina D
A radiação solar ultravioleta B e a suplementação de vitamina D demonstraram reduzir as taxas de fatalidade pandémica, o que faz sentido, considerando a importância da vitamina D no controle de infecções e na redução do risco de influenza e resfriado comum.
A pesquisa mostra que a suplementação com altas doses de vitamina D reduz em 40% o risco de doenças respiratórias e infecções pulmonares em idosos. A vitamina D pode melhorar a capacidade do sistema imunológico de combater infecções, porque reforça a primeira linha de defesa do sistema imunológico.
Pesquisas publicadas em 2009 apontam que as taxas de mortalidade durante a pandemia de influenza de 1918-1919 foram influenciadas pela estação, com um número maior de pessoas a morrer durante o inverno do que no verão.
Segundo os autores: “As mortes durante a pandemia de influenza de 1918 a 1919 foram ligadas tanto ao vírus da influenza quanto às infecções pulmonares bacterianas secundárias. As taxas de mortalidade de casos e a percentagem de casos de influenza complicados por pneumonia estavam disponíveis a partir de dados de pesquisas de doze locais dos Estados Unidos na pandemia de 1918 a 1919 .
Este estudo analisa as taxas de mortalidade e casos complicados de pneumonia em relação às doses estimadas de radiação solar ultravioleta-B (UVB) no verão e no inverno como indicadores da população quanto ao status médio de vitamina D.
Correlações substanciais foram encontradas para associações da dose de UVB de julho com taxas de mortalidade de casos e taxas de pneumonia como uma complicação da influenza. Resultados semelhantes foram encontrados para o UVB no inverno.
A vitamina D aumenta a produção de catelicidina humana, LL-37, que tem atividades antimicrobianas e antiendotoxinas. A vitamina D também reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que também pode explicar alguns dos benefícios da vitamina D, uma vez que a infecção pelo H1N1 causa uma tempestade de citocinas.
Como orientação geral, teste o nível de vitamina D duas vezes por ano, no inverno e no verão, para garantir uma faixa saudável de 60 ng / mL a 80 ng / mL durante o ano todo. (Pesquisas convincentes sugerem que 40 ng/mL é o valor de referência para a suficiência.)
Probióticos podem ser úteis contra a Prevotella
Por último, mas não menos importante, se a inclusão da bactéria Prevotella na COVID-19 for comprovada, prebióticos, probióticos e esporobióticos podem ser muito úteis.
Vários estudos mostraram que os probióticos com estirpes de Bifidobacterium bifidum podem ajudar a reduzir a bactéria Prevotella, enquanto que as estirpes de Lactobacillus tendem a aumentá-la.Os esporobióticos podem ser particularmente benéficos.
Conforme explicado em “Como os probióticos de esporos podem ajudá-lo”, que apresenta uma entrevista com o Dr. Dietrich Klinghardt, os probióticos baseados em esporos são constituidos pela parede celular dos esporos de bacilos – a concha protetora em torno do DNA e o mecanismo de actuação desse DNA – não toda a bactéria viva.
Foi demonstrado que os esporos de Bacillus aumentam drasticamente a tolerância imunológica, o que significa que ajudam a reparar os danos na barreira intestinal. Como eles não estão “vivos”, eles também não são afetados por antibióticos.
O bacilo modula de forma muito eficaz as citocinas. Assim as citocinas anti-inflamatórias são reguladas positivamente, enquanto as citocinas inflamatórias são reguladas negativamente, restabelecendo o equilíbrio entre as duas.
A pesquisa também mostrou que os esporobióticos aumentam maciçamente a reprodução de acidófilos, bífidos e outros micróbios no intestino por meio das mensagens eletromagnéticas que eles enviam. Isso é totalmente único. Quando tomamos um probiótico regular, eles fazem aumentar principalmente a sua estirpe. Os esporos de Bacillus, por outro lado, realmente aumentam muitos dos outros micróbios benéficos.
Os esporos de Bacillus também criam 24 substâncias diferentes que possuem fortes propriedades antimicrobianas. No entanto, eles não matam indiscriminadamente como os antibióticos. Eles suprimem especificamente patogénicos que fazem uma contribuição valiosa para o todo.
Referências bibliográficas:
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