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Triglicerídeos altos causas perigos melhor tratamento e estudos recentes

Triglicerídeos, triglicéridos ou triacilgliceróis (sinónimos) altos, causas, medicamentos a verdade . Qual o seu verdadeiro perigo? Funções biológicas, sintomas de hipertrigliceridémia, causas, dieta e tudo o que ainda não sabe tem resposta neste artigo. Porque sobem os triglicéridos? Quais as causas? Que alimentos pode e não pode comer? Qual o melhor tratamento? Os triglicéridos, também chamados de triglicerídeos, são as principais gorduras do nosso organismo e compõem a maior parte das gorduras de origem vegetal e animal.

Os triglicerídeos presentes no nosso corpo podem ser adquiridos através da alimentação ou produzidos pelo nosso fígado. Os triglicéridos são importantes, pois servem de reserva energética para os momentos de jejum prolongado ou alimentação insuficiente. Quando há um excesso de triglicerídeos a circular no sangue, dizemos que está instalada uma  hipertrigliceridémia.

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

  • Triglicerídeos: O que são?
  • Estudos recentes o que dizem?
  • Quais os 6 tipos de gordura?
  • Lipoproteínas transportadoras de triglicéridos
  • Colesterol e triglicerídeos: Quais as diferenças?
  • Qual o mais perigoso? Colesterol ou triglicerídeos?
  • Níveis sanguíneos de triglicerídeos: Quais os valores normais?
  • Qual a importância do rácio triglicéridos/colesterol HDL
  • Causas de hipertrigliceridémia: Quais as mais importantes?
  • Dieta: Qual a importância nos triglicerídeos?
  • Quando aumenta os triglicerídeos também aumenta o colesterol?
  • Triglicerídeos altos: É possível mesmo fazendo uma alimentação saudável?
  • Alimentos que fazem aumentar os triglicerídeos: Quais são?
  • Quais os alimentos que pode comer?
  • Sintomas quando os  triglicerídeos estão altos: Quais são?
  • Complicações da hipertrigliceridémia: Quais são?
  • Tratamento para baixar os triglicerídeos: Qual o melhor?
  • Dieta: Como baixar os triglicerídeos?
  • Jejum intermitente ajuda a baixar os triglicerídeos?
  • Fibratos: O que são?
  • Produtos naturais para baixar os triglicerídeos: Quais os melhores?

Estudos recentes:

Triglicerídeos o que são?

Os triglicéridos são a forma de gordura mais comum no nosso corpo, sendo usados para fornecer energia ao nosso organismo. Quando a quantidade de triglicéridos está elevada, eles são armazenados nos tecidos adiposos (tecidos gordurosos) para o caso de serem necessários no futuro.

As gorduras acumuladas, por exemplo, nos quadris ou na barriga, são na verdade “armazéns” de triglicéridos que estão em excesso.

Os triglicéridos estão presentes em vários alimentos comuns da nossa dieta, mas a maior parte costuma ser produzida pelo nosso fígado. Quando comemos hidratos de carbono em excesso (doces, massas, pães, etc.), o fígado recolhe esses açúcares a mais e transforma-os em triglicéridos, para que possam ser armazenados nos tecidos adiposos, servindo como reserva energética.

Estrutura química

Triglicerídeos (também designados triacilgliceróis, gorduras ou gorduras neutras) são ésteres constituídos por três resíduos de ácidos gordos e um resíduo de glicerol (ver figura). Esta é a forma principal de armazenamento celular e transporte dos ácidos gordos.

Nos triglicerídeos os três grupos hidroxilo (-OH) do glicerol são esterificados com o grupo carboxilo dos ácidos gordos.

Se os três ácidos gordos que constituem os triglicerídeos são os mesmos, designam-se triglicerídeos simples. No entanto, os triglicerídeos de ocorrência natural são mais comummente constituídos por uma mistura de ácidos gordos diferentes.

Os triglicerídeos são constituídos por moléculas apolares, pois os grupos polares dos seus precursores (grupos hidroxilo do glicerol e grupo carboxilo dos ácidos gordos) foram perdidos com a formação da ligação éster. Por esta razão são constituídos por moléculas muito hidrofóbicas, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como o benzeno.

Gordura branca e gordura castanha ou marrom

No corpo humano existem 2 tipos de gordura principais, a branca e a castanha. Nas células, os triglicerídeos ficam armazenados em gotas lipídicas no citosol. Nos vertebrados existem células especializadas para o armazenamento dos triglicerídeos, os adipócitos. Existem principalmente 2 tipos de adipócitos:

  • Adipócitos brancos – ricos em gordura e com poucas mitocôndrias, sendo principalmente armazenada na zona subcutânea e abdominal;
  • Adipócitos castanhos ou marron – com muito menos gordura armazenada e mais mitocôndrias o que lhes permite produzir muito mais energia. Tanto em adultos quanto em bebês, o tecido adiposo marrom está presente na região do pescoço, abaixo da clavícula e ao longo da coluna vertebral.

Quais os 6 Tipos de gordura?

Frequentemente, quando se fala de gordura, referimo-nos à acumulação de tecido adiposo em regiões como abdómen, coxas, glúteos ou braços. De facto essa gordura existe e em excesso pode causar prejuízos à saúde, no entanto não é a única presente no nosso organismo. Conheça os 6 tipos de gordura no seu corpo.

1. Gordura essencial

É uma gordura extremamente importante para o funcionamento do nosso corpo. A gordura essencial é encontrada nos órgãos e tecidos, incluindo nervos, cérebro, coração, pulmões, fígado e glândulas mamárias, aquela que serve como substrato energético para os órgãos, aquela que tem função de isolante térmico, reserva de energia.

2. Gordura branca

Um pouco mais perigosa, essa gordura costuma acumular-se pelo corpo em maior quantidade quando abusamos de uma dieta mais calórica e não fazemos nenhuma atividade física. É a gordura responsável pela maior reserva de triglicerídeos do corpo,

A gordura branca é aquela acumulada debaixo da pele, mais difícil de sair. Por outro lado, ela serve de proteção principalmente para os órgãos, absorvendo impactos do dia a dia. As mulheres têm mais tendência a acumular gordura branca do que os homens.

3. Gordura castanha

A gordura castanha é considerada a gordura boa. É responsável pelo isolamento térmico do organismo, no qual estimula a queima calórica e, consequentemente, o emagrecimento, ou seja, se está com frio, esta gordura castanha trabalha para aquecer o nosso corpo queimando calorias. Inclusive, um estudo de Harvard mostrou que, de facto, essa gordura é ativada pelo frio, afetando diretamente as reservas da gordura branca. Assim, pode ajudar-nos bastante pois incrivelmente, a gordura castanha (marrom) queima a gordura branca para produzir calor e energia,

4. Gordura bege

Esse tipo de gordura é capaz de transformar a gordura má em gordura boa. Tem origem na gordura branca e a principal fonte de ativação destas células é uma molécula chamada irisina. Pesquisas atuais feitas em ratos trazem indícios de que a irisina seja liberada durante a prática de exercícios, estimulando o corpo a queimar gordura.

5. Gordura subcutânea

A gordura subcutânea localiza-se logo abaixo da camada mais externa da pele. Esta é a que podemos beliscar com os dedos. A gordura subcutânea cobre os músculos abdominais e, se temos muita, não seremos capazes de ver os seus músculos abdominais.

6. Gordura visceral

Esta gordura precisa de ser acompanhada com cuidado. A gordura visceral está localizada atrás da parede abdominal, nos órgãos e no interior da cavidade peritoneal. E afeta de forma negativa a saúde, aumentando o processo inflamatório do organismo. Em parte, porque ele liberta substâncias chamadas adipocinas, que são proteínas de sinalização celular que aumentam a pressão arterial e influenciam a insulina.

A gordura visceral também diminui a quantidade de adiponectina no corpo, uma hormona essencial para a queima de gordura, que ajuda a acelerar o metabolismo. A combinação da diminuição da sensibilidade à insulina, hipertensão e triglicéridos elevadas, muitas vezes pode resultar em aterosclerose, colesterol elevado LDL (o mau) e é um fator importante para o desenvolvimento de diabetes.

Reserva de energia

Esta reserva de energia pode ser mobilizada pela ação de lípases, que são enzimas responsáveis pela hidrólise dos triglicerídeos, libertando os respetivos ácidos gordos e o glicerol. A oxidação completa de 1 g de triglicerídeos fornece cerca de 38 kJ de energia, enquanto as proteínas e carboidratos fornecem somente cerca de 17 kJ/g.

No fígado, a hidrólise de triglicerídeos fornece ácidos gordos para β-oxidação, sinalização e substratos para a formação de triglicerídeos de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL).

Os Triglicerídeos não conseguem atravessar nas membranas celulares. Uma enzima especial localizada nas paredes dos vasos sanguíneos chamada lipoproteína lípase (LPL) cataboliza os triglicerídeos para libertar ácidos gordos e glicerol.

Lipoproteínas

lipoproteína é o conjunto molecular responsável pelo transporte dos lípidos, incluindo os triglicéridos, em meios líquidos, pois não sendo hidrossolúveis não se misturam facilmente com o plasma sanguíneo. As gorduras são revestidas com fosfolipídeos, colesterol e proteínas; a parte proteica é denominada  apoproteína.

A imagem seguinte mostra a composição das diferentes lipoproteínas e a diferente quantidade de triglicéridos que cada uma transporta sendo a quilomicron (chylomicron) e a VLDL a mais ricas em triglicéridos.

Lipoproteinas_e_triglicéridos melhorsaude.org melhor blog de saude

Os triglicerídeos não estão presentes no sangue em si na forma livre pois são hidrofóbicos e portanto não se misturam em ambientes hidrossolúveis como o plasma sanguíneo. Os triglicerídeos são um dos principais componentes das apolipoproteínas (ou simplesmente lipoproteínas) tais como:

  • Quilomicron (Chylomicron);
  • VLDL – lipoproteína de muito baixa densidade;
  • IDL – lipoproteína de densidade intermediária;
  • LDL – lipoproteína de baixa densidade, conhecido como “colesterol mau”;
  • HDL -lipoproteína de alta densidade, também conhecido como “colesterol bom”.

É muito importante saber quais as lipoproteínas que estão aumentadas ou diminuídas e a sua verdadeira ligação a determinadas doenças, nomeadamente cardiovasculares.

VLDL e triglicéridos

Os triglicerídeos viajam pela corrente sanguínea ligados, principalmente, à lipoproteína VLDL (Very Low Density Lipoprotein), uma lipoproteína semelhante à HDL e LDL que transportam principalmente colesterol pelo sangue, embora também tenham triglicéridos na sua composição, conforme imagem já descrita atrás.

Colesterol vs triglicerídeos

Apesar de ambos serem considerados “gorduras” têm estruturas químicas bem diferentes. O colesterol é um esteroide com estruturas hexagonais quimicamente estáveis, enquanto o triglicérido é a junção de uma molécula de glicerol com 3 ácidos gordos que podem ser menos estáveis pois sofrem mais facilmente processos de oxidação, principalmente se as cadeias de ácidos gordos forem insaturadas.

Funções diferentes

Para além de constituírem uma importante reserva energética, os triglicerídeos, nomeadamente o tecido adiposo, funciona como isolante térmico (ajudando a manter a temperatura corporal) e como proteção contra os choques mecânicos (protegendo os órgão internos).

A principal diferença de funções entre o colesterol e os triglicerídeos é que os triglicerídeos são “queimados” e utilizados para criar mais energia quando necessário, enquanto que o colesterol é utilizado para outras importantes funções orgânicas, tais como auxiliar de digestão e a produção de hormonas. O colesterol é também uma parte essencial da estrutura das membranas celulares.

Outra diferença fundamental entre os dois é que os níveis de colesterol são afetados pela quantidade de gordura que consumimos enquanto os níveis de triglicerídeos são afetados pela quantidade de calorias que ingerimos, mesmo que as calorias não venham de gorduras mas, por exemplo, dos hidratos de carbono como os alimentos refinados com açucares!

Mais perigoso colesterol ou triglicerídeos?

Bem, ambos são perigosos e podem levar a complicações similares, tais como doença cardíaca e acidente vascular cerebral, no entanto níveis elevados de colesterol têm provado levar a doenças cardíacas, e altos níveis de triglicerídeos tendem a ser um sinal de alerta. Uma das principais razões para isso pode ser devido ao facto de que é muito mais difícil baixar os níveis de colesterol do que os níveis de triglicerídeos.

Valores normais

O excesso de triglicerídeos no sangue está associado à deposição de gorduras nos vasos sanguíneos e aterosclerose, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Todas as pessoas  acima dos 20 anos devem medir os níveis de colesterol e triglicerídeos pelo menos uma vez a cada 5 anos.

Os valores da concentração de triglicéridos no sangue classificam-se da seguinte forma em miligramas por decilitro de sangue (mg/dl):

  • Normal – abaixo de 150 mg/dL.
  • Moderado – entre 150 e 199 mg/dL.
  • Alto – entre 200 e 499 mg/dL.
  • Muito alto – maior ou igual a 500 mg/dL.

Rácio triglicéridos/ colesterol HDL

O rácio triglicerídeos/colesterol HDL deve ser inferior a 2. Lembre-se de dividir os seus níveis de triglicerídeos pelo colesterol “bom” HDL. O nível de triglicerídeos/HDL considerado ideal é 2 ou menos; 4 é alto e 6 ou mais é considerado muito alto.

Hipertrigliceridémia quais as causas?

Os níveis de triglicerídeos podem aumentar por vários motivos. Algumas pessoas apresentam alterações genéticas que predispõem à hipertrigliceridémia, outras desenvolvem triglicerídeos altos secundariamente a uma dieta hipercalórica ou à presença de determinadas doenças. Entre as condições de saúde que mais frequentemente provocam hipertrigliceridémia estão:

O uso regular de alguns medicamentos também pode provocar um aumento dos triglicerídeos, a saber:

  • Tamoxifeno
  • Corticoides
  • Betabloqueadores (propranolol, atenolol, carvedilol, bisoprolol, metoprolol…)
  • Diuréticos
  • Anticoncecionais
  • Ciclosporina
  • Isotretinoína

Comorbilidades geralmente negligenciadas

Entre parêntesis descreve-se o grau de diagnóstico estimado para estas condições de saúde metabólica que passam quase completamente despercebidas pelos médicos. A saber:

  • Pré-diabetes (~90% não diagnosticada)
  • Apneia do sono (~90% não diagnosticada)
  • Fígado gordo (~90% não diagnosticada)
  • Resistência á insulina (praticamente 100% não diagnosticada)

Óleos vegetais polinsaturados (PUFAs)

Os PUFAs do inglês Poliunsaturated Fatty Acids ou seja os óleos vegetais ricos em ácidos gordos polinsaturados como os Omega-3 e Omega-6, ao contrário do que se fala nas redes sociais, podem causar graves problemas metabólicos quando usamos os óleos e gorduras erradas nas proporções erradas! Mais á frente descrevo lista das gorduras saudáveis, razoáveis e más para a nossa saúde.

Pare de comer óleos vegetais ricos em PUFAs

Uma das atitudes mais poderosas para protegermos a nossa saúde e que pode ser feita de imediato é parar de comer óleos vegetais com alto teor de PUFA (sigla em Inglês para ácido gordo polinsaturado). Os óleos vegetais com alto teor de PUFA estão em todos os tipos de “junk food”, fast food e alimentos processados. Nos últimos 110 anos, a nossa ingestão de PUFA aumentou 20 vezes, ou seja, 2000%!!!

Gorduras boas, razoáveis e más

É claro que as gorduras não são todas iguais no que concerne á proteção da nossa saúde. Apesar de necessitarmos de um pouco de ácidos gordos polinsaturados essenciais como os ômega-3 e ômega-6 a comunicação social e alguns especialistas da saúde mal informados, convenceram-nos nos últimos anos que comer gorduras polinsaturadas é que era bom… e pior ainda passaram a mensagem que quanto mais melhor ou pelo menos bem mais do que verdadeiramente necessitamos na nossa dieta!

No entanto esqueceram-se de nos dizer que os PUFAs são ácidos gordos mais instáveis devido ás duplas ligações das suas estruturas químicas quando comparados com as gorduras saturadas de qualidade. A razão para esta instabilidade é a facilidade com que os PUFA reagem com o oxigénio para formar radicais livres que provocam inflamação!

Quando nascemos, temos uma quantidade relativamente normal de PUFA na nossa gordura corporal. Quando a nossa dieta é muito alta em PUFA, a concentração destes ácidos gordos polinsaturados na nossa gordura corporal aumenta. Existe um limite, que é diferente para todos, em que a concentração de PUFA atinge um valor elevado que leva a gordura corporal a não funcionar adequadamente e passamos a desenvolver sintomas de disfunção metabólica.

Boas gorduras, as mais importantes são as seguintes:

  • Azeite
  • Óleo de abacate
  • Óleo de amendoim
  • Óleo de coco
  • Óleo de amêndoa
  • Óleo de noz macadâmia
  • Manteiga
  • Manteiga de cacau
  • Banha
  • Palma não refinada
  • Óleo de palmiste

Más gorduras, as mais importantes são as seguintes:

  • Óleo de soja
  • Óleo de canóla
  • Óleo de girassol
  • Óleo de milho
  • Óleo de cártamo
  • Óleo de sementes de algodão
  • Óleo hidrogenado
  • Palma refinada
  • Óleo de grão-de-bico artesanal (restaurantes)
  • Óleo de farelo de arroz (restaurantes)
  • Margarina
  • Maioria da maionese, molhos e cereais.

Hipoglicémia é sinal de alarme

Os sintomas mais comuns são geralmente diagnosticados como hipoglicemia. Se começar a apresentar hipoglicemia, então vai a caminho de desenvolver uma condição metabólica chamada resistência à insulina, que é a disfunção hormonal subjacente à diabetes tipo 2.

Todas as condições subjacentes na lista já atrás descrita são distúrbios metabólicos relacionados com a resistência à insulina ou resultam do tratamento de condições inflamatórias relacionadas. Durante quase duas décadas, na sua prática médica a Dra Catherine Shanahan, concentrou-se na reversão de doenças metabólicas e inflamatórias como diabetes, obesidade e hipertensão com dieta. Nesse período, entendeu que a causa número um de doenças metabólicas é a ingestão de demasiados PUFA. Muitos médicos especializados em medicina metabólica chegaram à mesma conclusão.

Demasiado PUFA promove a ARDS

Síndrome de Descompensação Respiratória Aguda (ARDS)

O excesso de PUFA na gordura corporal também nos coloca em risco de insuficiência respiratória por COVID-19. Quando sofremos de uma pneumonia, o apetite cai imenso e geralmente não vamos comer. Quando não comemos, o nosso corpo liberta gordura corporal na corrente sanguínea (na forma de ácidos gordos livres, também chamados ácidos gordos não esterificados, ou NEFA).

Se ingerimos óleos vegetais suficientes para desenvolver uma das condições subjacentes listadas acima, uma proporção perigosamente alta de ácidos gordos na corrente sanguínea será PUFAs. Os PUFAs são perigosos porque reagem com o oxigênio de maneiras que levam a grandes quantidades de inflamação. A inflamação faz a diferença entre um caso de pneumonia do qual podemos recuperar por conta própria e um caso de ARDS que nos leva para os cuidados intensivos.

Se não existissem óleos vegetais com alto teor de PUFA e, a propósito, não existiam antes da era industrial, esta pandemia de COVID-19 não seria tão mortal. Se o seu médico não lhe falou sobre os perigos do alto consumo de óleos vegetais ricos em PUFA, é porque apenas os médicos mais atualizados e interessados em medicina metabólica sabem o que significa PUFA, sem mencionar por que é prejudicial.

Triglicéridos e colesterol aumentam juntos?

O aumento dos triglicerídeos pode ou não vir acompanhado de alterações no colesterol. As duas situações mais comuns são:

  • Triglicéridos e colesterol LDL ( colesterol mau ) elevados ou
  • Triglicerídeos elevados e HDL (colesterol bom) baixo.

O aumento isolado dos triglicéridos, sem alterações do colesterol, não é habitual.

Dieta saudável e triglicerídeos altos é possível?

Existem algumas formas de hipertrigliceridémia familiar, que são alterações de origem genética, que fazem com que o paciente produza triglicéridos em excesso, independentemente da sua dieta. Nestes casos é possível que o paciente apresente níveis graves de triglicéridos, às vezes acima dos 1000 mg/dL.

Alimentos e aumento de triglicerídeos

Uma dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos é um importante fator de risco para hipertrigliceridémia. Aconselha-se, por isso, uma alimentação pobre em gorduras, de forma a manter os níveis de triglicéridos normais. Deve evitar comer:

  • Alimentos gordos,
  • Cozinhados em manteiga ou óleo,
  • Fritos e refogados,
  • Produtos ricos em açúcar ou sal,
  • Carnes vermelhas (especialmente suíno),
  • Enlatados e conservas,
  • Molhos sintéticos (contrariamente aos de ervas ou caseiros que não sejam apimentados).

Se tiver triglicéridos elevados, descrevo de seguida alguns dos alimentos que deve evitar a todo o custo, a saber:

  • Refrigerantes ou qualquer outra bebida rica em açúcar
  • Bebidas alcoólicas
  • Doces e chocolate
  • Pão
  • Biscoitos
  • Massas e Pizzas
  • Batata
  • Gelados e Iogurte congelado
  • Tortas
  • Bolos
  • Leite integral
  • Fritos
  • Queijos gordurosos

Quando for comprar comida, procure ler as informações nutricionais no verso de cada alimento e evite produtos ricos nos seguintes açúcares:

  • Sacarose
  • Glicose
  • Frutose
  • Xarope de milho
  • Maltose
  • Melaço

A lista de alimentos acima descrita está longe do fim! Qualquer alimento rico em hidratos de carbono e/ou gorduras saturadas pode causar aumento dos triglicerídeos. Mais à frente, na parte de tratamento da hipertrigliceridémia, daremos alguns conselhos sobre a melhor dieta para baixar os triglicerídeos.

Alimentos que pode comer

Nos alimentos que pode consumir destacamos:

  • Café,
  • Chá,
  • Sumos de fruta naturais,
  • Leite desnatado,
  • Iogurtes magros ou naturais,
  • Kefir
  • Queijos de cabra ou ovelha,
  • Pão integral,
  • Hortaliças,
  • Verduras e legumes,
  • Carne branca (sobretudo de aves),
  • Peixe,
  • Fruta.

Sintomas de triglicerídeos altos

Em geral, a hipertrigliceridémia não provoca sintomas. É impossível saber se seus triglicerídeos estão altos ou baixos sem realizar exames de sangue.

Pacientes com as formas familiares de hipertrigliceridémia, geralmente com valores de triglicéridos cronicamente acima dos 500mg/dL, podem apresentar xantomas, que são depósitos subcutâneos de colesterol sob a forma de nódulos ou placas amareladas, que ocorrem frequentemente nas palmas das mãos, ao redor dos olhos, nos pés ou nas articulações.

Hipertrigliceridémia e consequências

Embora a relação entre triglicéridos altos e risco cardiovascular tenha sido questionada no passado, com os atuais estudos tornou-se claro que pacientes com hipertrigliceridémia apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, particularmente doenças coronárias.

Permanece incerto, porém, se esta associação é causada diretamente pelos triglicerídeos altos ou por outros fatores associados à hipertrigliceridémia, como obesidade, diabetes e níveis elevados de colesterol LDL e níveis baixos de colesterol HDL.

Níveis elevados de triglicerídeos também estão associados a um maior depósito de gorduras no fígado, provocando uma alteração conhecida como esteatose hepática. Valores bastantes elevados de triglicéridos podem desencadear uma infeção no pâncreas (pancreatite), que se manifesta por dor abdominal (barriga) intensa e numa fase posterior febre.

Tratamento da hipertrigliceridémia

O principal objetivo do tratamento da hipertrigliceridémia é reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Ainda não se sabe se a simples redução dos valores dos triglicéridos é suficiente para obter estes resultados.

Por isso, a “gestão” da hipertrigliceridémia deve sempre incluir medidas de tratamento que se sabe que são benéficas para pacientes com alto risco cardiovascular, a saber:

  • Dieta equilibrada
  • Prática de exercícios físicos
  • Perda de peso
  • Controle do diabetes
  • Controle do colesterol LDL e HDL

Dieta para baixar os triglicerídeos

Em relação à dieta, pacientes com triglicerídeos elevados devem evitar alimentos ricos em hidratos de carbono e gorduras.

Devem preferir os seguintes alimentos:

  • Fibras
  • Peixes e alimentos ricos em gordura insaturada e pobre em gorduras saturadas
  • Pães, biscoitos e cereais que contenham aveia, grãos integrais, cevada, milho, arroz ou trigo como primeiro ingrediente
  • Prefira o arroz integral e as massas à base de trigo integral
  • Nas bebidas, evite o álcool e os refrigerantes
  • Leite desnatado

Quando pensamos em baixar o colesterol LDL o mais importante é evitar alimentos gordurosos. Quando pensamos em baixar os triglicerídeos, limitar o consumo de hidratos de carbono e calorias é o tratamento mais eficaz.

Jejum intermitente ajuda a baixar os triglicerídeos?

Sim, um dos benefícios do jejum intermitente é baixar os níveis de triglicerídeos. Aconselha-se a começar pelo jejum mais fácil de fazer que dura 12 horas e começa após o jantar, inclui as horas de sono e continua até ao dia seguinte até perfazer 12 horas, Por exemplo acabar o jantar ás 20 h e não comer nada até ás 8 do dia seguinte. Este jejum é mais fácil mas deve ser feito diariamente.

Leia o nosso artigo sobre JEJUM INTERMITENTE, 21 RESPOSTAS ESSENCIAIS

JEJUM INTERMITENTE apresentação melhorsaude.org

Medicamentos para os triglicerídeos quais os mais eficazes?

Nos doentes com  triglicerídeos acima de 200 mg/dL, o tratamento com medicamentos deve ser considerado. É importante destacar que o uso de medicamentos para controlar a hipertrigliceridémia de modo algum exclui a necessidade do paciente mudar hábitos de vida.

Se não houver controle na dieta, perda de peso, controle do diabetes e aumento da carga de exercícios físicos, o beneficio do tratamento farmacológico ficará muito aquém do desejado.

Se além da hipertrigliceridémia o paciente também tiver níveis elevados de colesterol, o uso das estatinas, deve ser considerado. As mais usadas são:

  • Sinvastatina (Zocor®),
  • Pravastatina (Pravacol®),
  • Rosuvastatina (Crestor®),
  • Atorvastatina (Zarator®).

Estas drogas agem mais sob o colesterol, mas também tem algum efeito sobre os níveis de triglicéridos.

Fibratos o que são?

Os fibratos são drogas mais específicas para reduzir níveis de triglicerídeos, podendo alcançar reduções de até 70% em alguns casos. Estas drogas, porém, não agem sobre os valores de colesterol. Os mais utilizados são:

  • Gemfibrozil (Lopid®, Lipoite Forte),
  • Fenofibrato (Catalip®, Lipofen® e Supralip®)
  • Bezafibrato (Bezalip® e Bezalip Retard®),
  • Ciprofibrato (Fibranin® e Lipanor®).

Se houver necessidade de associar uma estatina a um fibrato, o Fenofibrato deve ser a droga de escolha pois apresenta menos riscos de interação medicamentosa.

EPA e DHA (ômega 3) são eficazes?

O suporte científico sobre os benefícios do EPA e DHA não são consensuais. Assim suplementos ricos em óleo de peixe ricos em ácidos gordos ômega 3) parecem ser eficazes para redução da hipertrigliceridémia. No entanto, para existir esse efeito, as doses devem ser elevadas, acima de doses 3 gramas por dia, o que significa pelo menos 4 cápsulas por dia. Estas dosagens elevadas podem de facto baixar os triglicéridos mas ao mesmo tempo causar efeitos secundários, nomeadamente gastrointestinais!

Os óleos de peixe ricos em ácidos gordos ômega 3 mais utilizados são:

  • Ácido eicosapentaenoico ( EPA )
  • Ácido docosaexaenoico ( DHA )

Alguns doentes não toleram doses muito altas de óleo de peixe, apresentando diarreia e cólicas abdominais.

Concluindo

Atualmente os triglicéridos podem ser medidos facilmente numa Farmácia perto de si, após um jejum, se possível, de 12 horas para conseguir um resultado mais rigoroso. Se se sente bem de saúde faça, pelo menos uma vez por ano, os testes para conhecer os seus valores em jejum de Glicémia, Colesterol e Triglicerídeos. Se estiver tudo bem ótimo está de parabéns! Mas se algum desses valores estiver fora dos valores de referência então ainda vai a tempo de falar ao seu médico e corrigir o que for necessário para evitar problemas cardiovasculares muito graves! O ditado é antigo mas é verdadeiro:  Prevenir é o melhor remédio!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Referências

  • H. Lodish, Molecular cell biology, Fifth Edition, W. H. Freeman: New York, 2004, ISBN: 0716743663
  • A. Lehninger, D. Nelson, M. Cox, Lehninger principles of biochemistry , Fifth Edition, W.H. Freeman: New York, 2008, ISBN: 9780716771081.
  • R. Garrett, C. Grisham, Biochemistry, Third Edition, Brooks Cole: 2004, ISBN: 0534490336.
  • https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2664115/
  • Fonseca, Krukemberghe. «Lípidios»
  • Coffman, Melodie Anne. «Definição de HDL, LDL e VLDL» (em inglês)
  • Smith LL. Another cholesterol hypothesis: cholesterol as antioxidant. Free Radic Biol Med 1991;11:47-61. PMID 1937129

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