Doenças dos olhos quais as que têm uma prevalência importante na população? Astigmatismo, miopia, cataratas, estrabismo, hipermetropia, ceratocone quais as mais comuns? Quais as diferenças? Quais os tratamentos? Como proteger os seus olhos? Quando deve consultar o oftalmologista? A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia aconselha os adultos saudáveis a fazer pelo menos uma visita ao oftalmologista entre os 20 e os 40 anos, para aferir a saúde dos seus olhos, desde que não surjam sintomas.
As pessoas diabéticas, ou com outras doenças que sejam um factor de risco para problemas oculares devem ser também examinadas com maior frequência (uma vez por ano). Antes dos 20 anos e muito em especial antes da entrada para a escola, o despiste e a descoberta de alguns problemas oculares reveste-se de uma importância particular pelo que o exame médico aos olhos deve ser mais frequente. Após os 40 anos a consulta médica com o oftalmologista deve ser feita de dois em dois anos nas pessoas saudáveis.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões?
- Qual a anatomia do olho?
- Como funciona o olho humano?
- Doenças do olhos: Quais as mais comuns?
- Defeitos refrativos: Quais são?
- O que é a miopia?
- Dioptrias: Quais os graus de miopia?
- Hipermetropia o que é?
- Astigmatismo o que é?
- Presbiopia ou vista cansada o que é?
- Catarata o que é?
- Catarata: Quais as causas? Quais os sintomas? Como se trata?
- Glaucoma o que é?
- Porque sobe a tensão ocular?
- Glaucoma quais os sintomas e os perigos?
- Estrabismo o que é?
- Retinopatia diabética o que é?
- Ceratocone ou queratocone o que é?
- Ceratocone quais os sintomas e tratamentos disponíveis?
- Olhos das crianças: Como fazer a deteção precoce de doenças?
- Olhos das crianças: Quais as doenças mais comuns?
- Olhos das crianças: Quais as doenças mais graves?
- Estimulação da visão funcional da criança com baixa visão, como fazer?
- Prevenção de doenças oculares, conselhos úteis?
- Oftalmologista: Com que frequência devo examinar os meus olhos?
- Óculos de sol quais os melhores? Como escolher?
- Écrans de computador fazem mesmo mal aos olhos?
- Quando levar o meu filho ao oftalmologista?
- Qual o tratamento da miopia, astigmatismo e hipermetropia?
- Cirurgia refrativa laser o que é? LASIK e PRK o que é?
- Lentes fáquicas o que são?
Anatomia do olho normal
Imagem adaptada da American Academy of Ophthalmology
Córnea – A parte mais anterior e transparente do globo ocular. Tem um papel importante na focagem das imagens no interior do olho.
Íris – A parte que dá cor aos olhos. Regula a quantidade de luz que entra no globo ocular.
Pupila – É a zona escura e circular no centro da íris. É o espaço por onde as imagens penetram no nosso olho.
Cristalino – É uma estrutura transparente, em forma de lente, situada na área pupilar e atrás da íris. A sua principal função é a focagem fina das imagens na retina.
Vítreo – É uma substância gelatinosa e transparente que preenche o globo ocular atrás do cristalino.
Retina – É uma membrana composta por células nervosas que reveste o interior do globo ocular. Converte as imagens em impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo ótico.
Mácula – Região especial da retina com particular importância na visão fina da forma e da cor.
Nervo ótico – É o nervo que liga o olho ao cérebro. Atua como um fio elétrico que transmite ao cérebro os impulsos nervosos produzidos pela retina onde são depois interpretados como imagens.
Como funciona o olho humano?
Doenças dos olhos mais comuns
Pretende-se dar informação em linguagem simples sobre diversas doenças oculares. Conhecer as doenças e saber preveni-las é importante para a sua saúde. Em caso de doença, estas informações nunca deverão substituir a consulta com o oftalmologista.
Defeitos Refrativos
Os problemas visuais mais frequentes são os defeitos refrativos, tais como:
- Miopia,
- Hipermetropia,
- Astigmatismo,
- Presbiopia,
- Retinopatia diabética.
Estes dizem respeito a um conjunto de alterações nos quais há uma focagem inadequada das imagens na retina. São, na grande maioria, facilmente corrigidos com óculos ou lentes de contacto. Em casos mais raros a cirurgia poderá ser uma opção.
É importante saber-se que:
Muitas alterações da visão não são defeitos refrativos (várias doenças oculares e não oculares levam a perturbações visuais); alguns defeitos refrativos podem ter como causa certas doenças que só um médico oftalmologista poderá avaliar corretamente;
Miopia o que é?
É uma situação em que a imagem é focada à frente da retina e traduz-se por uma dificuldade de visão ao longe. Um olho míope é normalmente maior que o normal e é mais propenso a algumas doenças (ex. glaucoma, descolamento de retina, etc.) pelo que carece de uma atenção especial por parte do médico oftalmologista.
Dioptrias quais os graus de miopia?
Existem diferentes graus de miopia medidos em dioptrias. O doente míope pode sentir maior ou menor dificuldade em ver ao longe, dependendo do seu grau de miopia. Quanto maior for o grau da miopia maior é a dificuldade em ver ao longe. Por exemplo, uma miopia de 1 dioptria ou uma miopia de 10 dioptrias possuem diferenças significativas sobre a acuidade visual dos doentes afetados.
A miopia é, normalmente, classificada nos seguintes graus:
- Miopia ligeira – até 3 dioptrias;
- Miopia moderada – de 3 a 6 dioptrias;
- Miopia alta – mais de 6 dioptrias.
Uma miopia elevada (acima de 6 dioptrias) pode implicar uma drástica diminuição da qualidade de vida.
Hipermetropia o que é?
É um defeito refrativo caracterizado por dificuldade de visão ao perto. Provoca habitualmente fadiga ocular e até dores de cabeça com o trabalho mais minucioso ou com a leitura, pela exigência aumentada de focagem a que os olhos são solicitados. Um olho hipermétrope é habitualmente mais pequeno que o normal e a “resistência” à hipermetropia diminui com a idade. Pode ser a causa do mau aproveitamento escolar de uma criança
Astigmatismo o que é?
Corresponde a uma qualidade visual desigual consoante o eixo visual em causa. Resulta na maioria dos casos a uma curvatura desigual da córnea provocando uma visão distorcida. Pode ocorrer isoladamente ou associado aos outros defeitos refrativos.
Presbiopia ou vista cansada o que é?
Corresponde à dificuldade de visão ao perto que é normalmente sentida a partir de certa idade (por volta dos 45 anos). É devida à perda de elasticidade progressiva do cristalino fruto da idade.
Catarata o que é?
A toda e qualquer alteração da transparência do cristalino chama-se catarata.
Quais as causas da catarata?
São mais frequentemente resultado do normal envelhecimento mas podem também ser congénitas ou devidas a uma variedade de outros fatores como por exemplo:
- Traumatismos,
- Doenças crónicas dos olhos,
- Doenças sistémicas (de todo o organismo) como a diabetes.
Quais os sintomas de catarata?
Habitualmente a catarata resulta numa turvação da imagem mas várias outras queixas poderão resultar da sua presença. O diagnóstico deverá ser sempre feito através da observação por um médico oftalmologista.
Como se tratam as cataratas?
O principal tratamento das cataratas é cirúrgico. A operação às cataratas consiste na remoção da parte do cristalino opacificado e na colocação de um “cristalino artificial” dentro do globo ocular (lente intraocular) levando à recuperação visual. Existem várias formas de se realizar a cirurgia da catarata mas a mais atual e evoluída denomina-se faco emulsificação.
Glaucoma o que é?
É uma doença dos olhos na qual vai havendo uma progressiva subida da tensão ocular levando a diminuição da visão (podendo mesmo chegar à cegueira). Há vários tipos de glaucoma mas o mais frequente é o glaucoma de ângulo aberto.
Porque sobe a tensão ocular?
Há um líquido transparente que circula de dentro para fora do globo ocular (humor aquoso). Nas pessoas com glaucoma, e por razões ainda pouco conhecidas, este líquido começa a ter dificuldade de sair do globo ocular levando a um aumento da tensão ocular.
Sintomas e perigos
O aumento da tensão ocular, se não detetado e devidamente tratado, leva à “morte” lenta e progressiva do nervo responsável pela visão (nervo ótico). Estas alterações provocam uma perda da visão (em especial do nosso campo de visão). O glaucoma só dá sintomas numa fase avançada da doença e as alterações na visão só são sentidas pelo doente quando o nervo ótico já tem lesões graves e irreversíveis.
No entanto um dos sintomas a que se deve dar toda a atenção e consultar um médico com urgência é a dor no globo ocular. Um aumento da pressão ocular pode, em alguns casos, provocar uma dor que é sentida como vindo de dentro do globo ocular e não uma dor superficial. Nestes casos uma intervenção atempada pode evitar uma evolução mais grave com danos severos para a visão.
Estrabismo o que é?
O termo estrabismo é usado sempre que há um desalinhamento ocular. Este problema ocular surge habitualmente nas crianças podendo em muitas delas estar presente já à nascença. É muito importante diagnosticar e tratar esta doença quando a criança ainda é pequena pois, caso contrário, a visão de um dos olhos poderá ficar irremediavelmente diminuída. A criança com estrabismo tem tendência a usar menos o olho desviado que vai ficando “preguiçoso”. A esta baixa da visão resultante do estrabismo chama-se ambliopia.
O estrabismo pode ser constante ou surgir apenas em certos momentos. Os olhos podem estar desviados das seguintes formas:
- Para dentro (esotropia)
- Para fora (exotropia)
- Para cima (hipertropia)
- Para baixo (hipotropia)
Estes desvios podem também estar associados.
A persistência de um desvio ocular numa criança com 4 meses de idade torna necessário um exame oftalmológico. É também recomendável que todas as crianças tenham um exame oftalmológico pelos 6 meses de idade. O estrabismo pode também surgir no adulto por doença ou traumatismo.
Retinopatia diabética o que e?
A diabetes é uma doença na qual, entre outras alterações, existe um aumento de “açúcar” no sangue. Esse descontrolo pode prejudicar várias zonas do corpo. Os olhos são um dos orgãos que pode ser gravemente atingido embora inicialmente não haja grandes sintomas. A retinopatia diabética é uma manifestação ocular da doença e é uma das principais causas de cegueira. Para evitar a cegueira é necessário controlar o melhor possível os níveis de açúcar no sangue (glicémia) desde as fases iniciais da doença.
A retinopatia diabética surge em consequência de alterações nos pequenos vasos sanguíneos da retina no interior do olho. Os vasos alterados deixam sair líquido e sangue para a retina levando à diminuição da visão. Nalguns casos desenvolvem-se vasos anormais na retina. Estes vasos são muito frágeis e sangram facilmente levando também à formação de tecido fibroso que repuxa a retina. Este estádio da doença é muito grave e chama-se retinopatia diabética proliferativa .
Um diabético deve fazer regularmente um exame médico ocular para detetar as alterações iniciais da retinopatia diabética. Por vezes é necessário o tratamento com raios LASER. Lembre-se no entanto que melhor do que tratar as alterações, é tentar preveni-las através de um maior cuidado com a sua saúde e, no caso de ser diabético, com a instituição de um regime de vida que permita o controle da doença
Ceratocone ou queratocone
Ceratocone o que é?
O Queratocone é uma doença da córnea caracterizada por uma alteração da sua conformação e um adelgaçamento progressivo. Em fases mais avançadas a córnea pode adquirir a forma de cone. Aparece nos jovens e pode evoluir até aos 35 anos. As alterações estruturais da córnea produzem um astigmatismo que não é homogéneo, o que faz com que o doente se aperceba de diminuição da gradual da visão.
Para além do Queratocone, existem outras doenças, mais raras, que também se caracterizam por alteração do padrão normal da conformação da córnea e do seu adelgaçamento, tais como:
- Degenerescência Marginal Pelúcida
- Queratoglobo
A estas doenças chamamos Ectasias Corneanas.
Ceratocone quais os sintomas?
- Diminuição da visão mesmo com óculos ou lentes de contacto.
- Distorção da imagem.
- Visão dupla.
Ceratocone quais os tratamentos disponíveis?
O objetivo primordial do tratamento do Queratocone, ou de qualquer outra ectasia, é a melhoria da visão. Como primeira linha temos os óculos ou as lentes de contacto, mas que numa fase avançada poderão não resultar.
Nos casos em que existe evolução do queratocone, e desde que a transparência da córnea esteja mantida e que a visão seja satisfatória, é possível optar pelo Crosslinking. Neste procedimento a córnea, depois de ter sido impregnada de riboflavina (vitamina B2), é irradiada com luz UV. Tem como objetivo aumentar a resistência mecânica da córnea, e desta forma impedir maior deformação da córnea.
Nos casos em que a visão não é corrigível com óculos, ou que exista intolerância ao uso de lentes de contacto, é necessário recorrer a cirurgia. Para estas situações a cirurgia mais indicada, desde que a córnea tenha transparência adequada, é a implantação de anéis intra-estromais. Esses anéis são segmentos semicirculares que são introduzidos em túneis feitos na espessura da córnea. Dependendo dos casos, pode estar indicado usar um ou dois segmentos. O objetivo desta cirurgia é de uniformizar a conformação da córnea.
O transplante de córnea (queratoplastia) está reservado para quando o Queratocone é muito evoluído ou a córnea tenha uma transparência inadequada. Até há alguns anos, a queratoplastia que se fazia era a penetrante, ou seja, todas as camadas da córnea eram substituídas. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos para transplantar somente as camadas superficiais doentes, permitindo preservar as camadas mais profundas e saudáveis (endotélio e membrana de Descemet), e por isso diminuindo o risco de falência. A esta técnica chama-se queratoplastia lamelar anterior, e sempre que possível é a técnica de eleição.
Olhos das crianças como detetar problemas?
A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), recomenda a realização de rastreios visuais com o oftalmologista aos três anos de idade e antes do início do ano escolar.
Doenças visuais infantis mais frequentes
Os problemas oculares mais frequentes nesta faixa etária são os erros refrativos tais como:
- Miopia,
- Hipermetropia
- Astigmatismo
Quais as doenças mais graves?
Os problemas oculares mais graves nesta faixa etária são:
- Ambliopia (ou olhos preguiçosos)
- Estrabismo
A ampliopia, por exemplo, não pode ser tratada depois dos sete, oito anos de idade. Estima-se que cerca de uma em cada cinco crianças em idade escolar tenha défices de função visual provocado por uma destas patologias e nem todas recebem a ajuda que necessitam.
Pode acontecer um olho ver bem e o outro ser amblíope ou quase cego e tudo pode passar despercebido até ao dia do rastreio. Ou seja, uma criança apenas com um olho bom pode não notar qualquer diferença, pois nunca foi alertada para tal.
Nem sempre é fácil para os pais, familiares e educadores reparar na falta de visão de uma criança, mas alguns sintomas passam por:
- Aproximar-se em demasia e constantemente às coisas para ver melhor,
- Fechar ou tapar um dos olhos,
- Erros na escrita,
- Comichão,
- Dores de cabeça,
- Olhos vermelhos ou lacrimejantes e
- Estrabismo ou fotofobia (dificuldade em suportar a luz).
A situação ideal devia passar por criar um programa nacional de rastreio, de forma a evitar a ambliopia em todas as crianças a partir do primeiro ano de idade.
Estimulação da visão funcional da criança com baixa visão
Esta brochura tem como objetivo partilhar algumas estratégias para a estimulação da visão funcional de criança com baixa visão nos primeiros anos de vida (dos 0-6 anos).
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Com que frequência devo examinar os olhos?
A frequência com que os nossos olhos devem ser examinados difere com a idade e com doenças associadas. Os adultos saudáveis deverão fazer pelo menos um exame oftalmológico entre os 20 e os 40 anos, desde que não surjam sintomas. Os indivíduos de raça negra deverão fazer exames mais frequentes para despiste de glaucoma (pelo menos de 4 em 4 anos). As pessoas diabéticas, ou com outras doenças que sejam um fator de risco para problemas oculares devem ser também examinadas com maior frequência (uma vez por ano).
Antes dos 20 anos e muito em especial antes da entrada para a escola, o despiste e a descoberta de alguns problemas oculares reveste-se de uma importância particular pelo que o exame médico aos olhos deve ser mais frequente. Após os 40 anos o exame ocular deve ser feito de dois em dois anos nas pessoas saudáveis.
Óculos de sol quais os melhores? Como escolher?
Será que o sol faz mal aos olhos? Devemos usar óculos de sol? Que tipos de óculos de sol devemos escolher? Há fatores que tornam os nossos olhos mais sensíveis à luz solar? Estas são algumas das questões que lhe tentaremos responder!
Vários estudos têm demonstrado que as pessoas mais expostas à luz solar têm uma maior tendência a desenvolverem algumas doenças oculares. Os raios ultravioletas (UV) são o componente da luz solar mais implicados no desenvolvimento destas doenças. É contra esta radiação solar que nos devemos proteger com óculos de sol pelo que, ter uns óculos muito escuros não significa maior proteção para os nossos olhos. Devemos escolher óculos cujas lentes filtrem 99 a 100% da luz UV (tanto UV-A como UV-B).
Mais do que a ação aguda dos raios UV sobre os nossos olhos (que provoca uma queimadura na superfície ocular do tipo da que é causada na pele), é o efeito cumulativo de longos períodos expostos à luz solar que tem um efeito mais pernicioso sobre a visão. A exposição prolongada à luz UV pode causar diversas alterações oculares mas a mais temida é uma alteração da mácula (ver em “O Olho Normal”) denominada degenerescência macular relacionada com a idade.
Pessoas mais atingidas pela radiação UV:
- Por questões profissionais, estão mais expostas ao sol,
- Vivem junto à praia (onde há maior reflexo de luz solar na àgua e na areia),
- Vivem perto do equador,
- Vivem em zonas mais elevadas.
Certos medicamentos podem também tornar os olhos mais sensíveis à luz (doxiciclina, tetraciclina, alopurinol, etc.). Não esquecer que um chapéu de abas largas, não substituindo os óculos, tem também um papel importante na proteção solar.
Écrans de computador fazem mal aos olhos?
Até à data, e apesar de diversos testes realizados em vários países, não surgiram evidências científicas de que os terminais de vídeo dos computadores (écrans) sejam prejudiciais para os olhos.
Embora seja um facto que os écrans de computador emitem radiações durante o seu funcionamento, estas são produzidas em quantidades muito pequenas para se tornarem prejudiciais para a visão.
As queixas vulgares de desconforto ou fadiga ocular, dificuldades na focagem das imagens, dores de cabeça, etc., terão muito provavelmente como causa alterações dos próprios olhos ou inclusivamente questões relacionadas com o local de trabalho. No primeiro caso, deverá fazer um exame médico; o seu médico oftalmologista avaliará se tem doenças oculares que possam dar esses sintomas.
Relativamente ao seu local de trabalho deverá ter em conta questões ligadas à medicina ocupacional e à ergonomia como ajuda para a resolução dos seus problemas.
Aqui ficam alguns conselhos para se proteger:
- Regule o brilho e o contraste do seu monitor de forma a que se torne menos “agressivo” para os seus olhos.
- Evite o reflexo no monitor de luzes ambientes ou mesmo da luz duma janela. Altere se necessário a posição do seu monitor ou da sua secretária.
- Evite “trabalhar em negativo”, ou seja, trabalhar por exemplo num processador de texto com fundo preto e letras a branco e a ver um texto numa folha de papel branco com letras a preto. Hoje em dia a generalidade dos programas são em fundo branco com letras a preto evitando assim esse inconveniente.
- Em certos casos a colocação de filtros no ecran do computador ou o uso de óculos apropriados podem ser uma boa contribuição para um trabalho ao computador menos fatigante.
- Questões mais ergonómicas poderão ser estudadas por especialistas em medicina no trabalho ou outros especialistas nesta matéria.
Quando levar o meu filho ao oftalmologista?
Um exame médico aos olhos é aconselhável em todas as crianças, mesmo nas que aparentemente não têm problemas. Não existem datas certas para realizar os primeiros exames oftalmológicos mas, para se detetarem precocemente certas doenças é aconselhável realizar exames nos primeiros dias de vida, pelos 2 anos de idade e à entrada para a escola. Alguns oftalmologistas defendem também um exame pelos 6 meses de idade.
Alguns conselhos muito úteis:
- Os medicamentos, se incorretamente manuseados, podem ser prejudiciais aos seus olhos (a automedicação é totalmente desaconselhável).
- Nunca use os colírios ou pomadas oftálmicas de outras pessoas (podem transmitir doenças além de poderem não estar indicadas para o seu caso).
- Nunca olhe diretamente para o sol (perigo de queimadura solar na retina).
- Nunca olhe diretamente para a luz da soldadura (mesmo estando afastado) se não tiver proteção ocular apropriada (perigo de queimadura corneana – queratite por ultravioletas).
Tratamentos
Catarata qual o tratamento?
O único tratamento para a catarata é a cirurgia. Na cirurgia de catarata, o cristalino é removido, por meio de ultrassons, através de uma pequena incisão (cirurgia chamada de faco emulsificação). Durante a cirurgia, a lente natural do olho é substituída por uma lente intraocular (LIO) artificial. Ao contrário do que é corrente os doentes pensarem, a cirurgia é feita por meio de ultrassons e não de raios laser.
Indicações
A principal indicação para a cirurgia de catarata é uma diminuição da visão. No entanto poderão existir outras, como dificuldades com a visão no dia-a-dia (ex: deslumbramento, má visão de cores, noturna, etc.) ou indicações refrativas (altas graduações ou desejo de independência de óculos).
Preparação
Antes da cirurgia, é realizado um exame completo pelo oftalmologista e a LIO é calculada de acordo com as características do olho. No dia da cirurgia, são colocados colírios anestésicos e para dilatar a pupila. A cirurgia decorre, na maioria dos casos, sob anestesia tópica (apenas com gotas). As LIOs utilizadas podem ter diversos materiais (acrílico, silicone, etc.), sendo todas permanentemente compatíveis com as estruturas do olho.
Tipos de LIOs
Existem diversos tipos de LIOs:
- LIOs monofocais – na maioria dos casos permitem visão apenas para longe, sendo necessários óculos para ver ao perto;
- LIOs multifocais – permitem visão a diferentes distâncias, na maioria dos casos, sem necessidade de óculos. Por regra, a visão de contraste com estas lentes é inferior à das LIOs monofocais e poderão acontecer fenómenos com a luz, como maior deslumbramento e outros;
- LIOs acomodativas – têm também como objetivo a independência de óculos, sendo menos eficazes que LIOs multifocais.
A escolha da lente ideal para cada caso será feita de acordo com o desejo do doente e a indicação do oftalmologista (nalguns casos não podem ser utilizadas lentes multifocais, por exemplo).
Recuperação
A recuperação é variável de caso para caso mas é, na maioria dos casos, rápida. Normalmente é necessário colocar colírios após a cirurgia e é fundamental seguir todas as indicações do médico. A taxa de sucesso da cirurgia é muito alta. No entanto, a recuperação visual pode ser limitada por doenças noutras estruturas do olho (córnea, retina, etc.)
Quais as complicações da cirurgia?
A maioria das complicações é extremamente rara. No entanto podem acontecer:
- Infeção (complicação muito rara, ocorrendo em menos de 1 em 1000 cirurgias);
- Edema/inchaço da córnea (geralmente transitório);
- Descolamento da retina;
Poderão ainda acontecer diversas intercorrências durante a cirurgia, na maioria das vezes de fácil resolução
Miopia, hipermetropia e astigmatismo qual o tratamento?
Cirurgia refrativa laser – LASIK e PRK
A cirurgia laser permite tratar de forma segura e eficaz a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo e assim proporcionar independência do uso de óculos ou lentes de contacto. O laser funciona “polindo” a córnea e assim corrige a graduação do doente de duas formas possíveis:
- LASIK – E criado um retalho muito fino da córnea o qual é rebatido. O Laser é aplicado nas camadas mais internas da córnea e de seguida o retalho é reposto cobrindo a zona tratada. O retalho adere e por isso não necessita de pontos.
- PRK – Aplicação direta do laser na córnea, removendo apenas uma pequena película que cobre a córnea.
O tipo de procedimento depende de características do olho do doente. O Laser permite tratar miopia até 8-10 dioptrias, hipermetropia e astigmatismo até 4-6 dioptrias mas tem que ser avaliado cada caso em particular.
Preparação para a cirurgia – o doente não deve colocar lentes de contacto nas 24 h que precedem o procedimento e deverá remover a maquilhagem das pálpebras e bordo palpebral.
A intervenção é indolor e rápida – realizada com anestesia local através da aplicação de um colírio. Tem uma duração aproximada de 15 minutos por olho. O doente tem alta hospitalar, acompanhado, 30 minutos após o LASIK .
Recuperação: Nas primeiras horas é normal sentir “picadas”, alguma intolerância à luz e visão turva. No dia seguinte já com boa acuidade visual pode retomar alguma das sua atividade quotidiana. No caso do PRK o doente tem uma lente de contacto nos primeiros dias sendo que as queixas de picadas e desconforto ocular prolongam-se até as 72h. Nesta opção a recuperação visual é também significativamente mais lenta.
Cuidados: Nas primeiras 4 semanas após a cirurgia está contraindicado o uso de piscinas ou a prática de desportos com risco de contacto. E estritamente proibido coçar os olhos nas primeiras semana após a cirurgia. A maquilhagem das pálpebras e bordo pode começar a ser reaplicada no final da 1 semana após a cirurgia.
Lentes fáquicas
O que são?
As lentes intraoculares (LIOs) fáquicas são lentes pequenas e finas fabricadas em material biocompatível (acrílico ou silicone) que são implantadas no interior do olho para corrigir erros refrativos (miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo), diminuindo ou eliminando a dependência de óculos ou de lentes de contacto. O termo fáquico refere-se ao facto de a LIO ser implantada sem remover a lente natural do olho (cristalino), o que permite manter a capacidade de acomodação.
Uma grande vantagem das LIOs fáquicas é manterem-se no olho até ao surgimento de catarata sem qualquer necessidade de manutenção ou substituição periódica, podendo ser explantadas (retiradas) em qualquer momento, se houver essa necessidade.
A cirurgia de implante de LIOs fáquicas poderá ser uma alternativa segura e eficaz à cirurgia laser quando:
- Esta esteja contraindicada;
- Os erros refrativos (numero de dioptrias) são elevados,
- Existem incompatibilidades ao nível da córnea ou da pupila.
Terá de ser feita uma avaliação pré-operatória cuidada para determinar se existem as necessárias condições de segurança para o implante das LIOs, nomeadamente a avaliação do endotélio da córnea e a medição da profundidade da câmara anterior
Preparação e Técnica
A cirurgia de implante de LIOs fáquicas é efetuada em ambulatório, sob anestesia tópica (gotas), sedação ou anestesia geral, de acordo com as preferências do paciente e/ou do cirurgião, e de fatores como o tipo de LIO a implantar, a necessidade de sutura (pontos) ou o facto de ser uma cirurgia uni ou bilateral. Trata-se de um procedimento cirúrgico rápido (cerca de 20 minutos por olho) mas muito delicado, que necessita de microscópio de forma a garantir o implante da LIO de forma precisa e com o mínimo de traumatismo para as estruturas oculares.
A cirurgia consiste na introdução de uma LIO no interior do olho através de uma pequena abertura feita na base da córnea. As LIOs mais recentes, feitas de um material muito flexível, entram no olho dobradas e desdobram-se no seu interior, o que permite que entrem por aberturas cada vez mais pequenas e auto-selantes que não necessitam de sutura para fechar. Dependendo do tipo de LIO usada, esta poderá ser colocada a frente (câmara anterior) ou atrás (câmara posterior) da íris, mas sempre à frente do cristalino
Recuperação
O paciente poderá regressar a casa passado algum tempo de espera após a cirurgia e, dependendo da preferência do cirurgião, poderá sair com o olho tapado com um penso e/ou um protetor ocular, de forma a evitar que coçe ou pressione o olho operado. Poderá haver algum desconforto/ dor ligeira, sensação de corpo estranho e fotossensibilidade nos primeiros dias do pós-operatório, mas a medicação prescrita associada a repouso relativo (evitando atividade física intensa e levantamento de pesos) e o uso de óculos com proteção UV permitirão o alívio significativo e rápido desses sintomas.
Quanto tempo demora a recuperação?
A maioria dos pacientes apresenta uma melhoria muito significativa da sua visão imediatamente após a cirurgia e que evolui favoravelmente ao longo da primeira semana, mas a recuperação completa só ocorrerá cerca de 1 a 2 meses depois no caso de lentes flexíveis sem sutura, ou cerca de 6 meses de no caso de lentes rígidas em que haja necessidade de remoção progressiva de sutura. Em qualquer dos casos, a melhor visão corrigida que se pode atingir após o implante das LIOs é quase sempre igual ou superior à obtida com óculos ou lentes de contacto antes da cirurgia, e com grande qualidade visual.
O erro refrativo fica sempre corrigido definitivamente?
Em alguns casos, o erro refrativo poderá não ficar completamente corrigido apenas com o implante das LIOs fáquicas e ser necessário o uso de óculos ou lentes de contacto após a cirurgia. No caso de ser possível, a cirurgia LASER poderá ser efetuada num segundo tempo cirúrgico de forma a eliminar qualquer pequena graduação residual.
Quais as complicações possíveis?
O maior risco associado à cirurgia de implante de LIOs fáquicas deriva do facto de olho ser aberto para permitir a introdução da LIO e consiste na infeção intraocular denominada endoftalmite. Embora seja extremamente rara, a endoftalmite é potencialmente grave, podendo originar a perda do olho.
Outras possíveis complicações incluem:
- Reações adversas das estruturas oculares ao implante, nomeadamente o desenvolvimento de catarata;
- Perda de células do endotélio da córnea e/ou a inflamação da íris.
Nestes casos poderá ser necessário efetuar o explante definitivo das LIOs ou a sua substituição por outras de diferente material. Existe ainda a possibilidade de as LIOs faquicas saírem da sua posição correta após a implantação e haver necessidade de serem recolocadas.
Com que frequência deve consultar o oftalmologista após a cirurgia?
Após a recuperação total da cirurgia, haverá necessidade de o oftalmologista observar o paciente com periodicidade anual, de forma a avaliar a estabilidade da LIO e a evolução do número e da forma das células endoteliais da córnea ao longo do tempo.
Concluindo
As doenças oculares são muito diversas e algumas podem ser graves. As mais comuns têm nos dias de hoje tratamento muito satisfatório e opções cirúrgicas rotineiras com técnicas evoluídas que devolvem uma qualidade de visual muito boa ao doente intervencionado. Como em é evidente a prevenção e o tratamento atempado fazem uma enorme diferença e permitem tratamentos menos agressivos e, portanto, com menos riscos de complicações nomeadamente pós cirúrgicas.
Uma palavra especial para as crianças, lembrando que algumas dificuldades de aprendizagem estão relacionadas com problemas oculares. As crianças devem ser examinadas à nascença, aos 2 anos e na altura da entrada escolar. A deteção precoce é de vital importância para corrigir esses problemas e permitir um percurso escolar normal que não deixe “marcas” nem “rótulos” nas crianças afetadas.
Fique bem!
Franklim A. Moura Fernandes
Fonte: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
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