Azia refluxo pirose enfartamento gases são problemas digestivos muito comuns principalmente em épocas festivas! Quais as causas, sinais e perigos? Que medicamentos podem piorar os sintomas? Qual o melhor tratamento e como conseguir rápido alívio dos sintomas? Como recuperar dos excessos das épocas especiais como Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversários, festas e férias?
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Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
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- Digestão o que é?
- Quanto tempo demora a digestão?
- Má digestão ou dispépsia.
- Dispepsia sintomas, causas, prevenção e diagnóstico.
- Qual a anatomia do estômago?
- Azia ou pirose: O que é?
- Quais os sintomas?
- Refluxo gastroesofágico: O que é?
- Qual a anatomia do estômago?
- Qual a causa da azia?
- Que medicamentos podem provocar azia?
- Quais os anti-inflamatórios menos agressivos para o estômago?
- Anti-inflamatórios de última geração: Serão uma boa alternativa?
- Ansiolíticos e contraceptivos orais podem provocar refluxo?
- Idade e azia ou refluxo: Qual a relação?
- Gravidez e azia ou refluxo: O que acontece nessa fase?
- O que pode tomar uma grávida para a azia?
- Que factores agravam a azia e refluxo?
- Que alimentos agravam a azia e refluxo?
- Quais os sinais de alarme para pedir apoio médico urgente?
- Como melhorar a azia e refluxo?
- Quais os medicamentos mais utilizados para a azia e refluxo
- Quais os efeitos secundários e interacções mais frequentes dos antiácidos?
Digestão
O que acontece durante a digestão? O sistema digestivo para levar a cabo, com sucesso, o processo de digestão total dos alimentos, é composto pelas seguintes quatro etapas essenciais:
- Mastigação – acontece na boca e reduz os alimentos a um bolo alimentar pela ação mecânica de mastigar e também pela ação enzimática da saliva;
- Processamento químico e enzimático – acontece principalmente no estômago com pela ação do ácido clorídrico e da enzima pepsina, entre outras; Esta é a etapa mais importante na digestão das proteinas;
- Processamento no intestino delgado – absorve macromoléculas e nutrientes para a corrente sanguinea;
- Fermentação e remoção da água – acontece no cólon (intestino grosso);
As substâncias simples da nossa alimentação, como a água, os sais minerais e as vitaminas (excepto a vitamina B12), são absorvidas ao longo do tubo digestivo sem sofrerem transformações. No entanto, as macromoléculas, como proteínas, gorduras e hidratos de carbono, têm de ser transformadas em moléculas pequenas e menos complexas para serem absorvidas, assim:
- Proteínas são desdobradas em polipéptidos, péptidos e aminoácidos;
- Hidratos de carbono são transformados em açúcares simples (monossacarídeos) como a glicose, a frutose e a galactose, entre outros;
- Gorduras são parcialmente separadas em ácidos gordos e glicerinas.
Quanto tempo demora a digestão?
O tempo de digestão difere de pessoa para pessoa e entre os sexos. Após comermos, os alimentos demoram cerca de seis a oito horas até passarem do estômago para o intestino delgado.
De seguida, passam ao intestino grosso (cólon), dando-se a absorção de água e finalmente o excedente é eliminado nas fezes.
Local do sistema digestivo | Função primária | Tempo que ficam os alimentos a digerir |
Boca | Digestão mecânica e química | 1 minuto |
Esófago | Transportar os alimentos depois de deglutidos | 3 segundos |
Estômago | Digestão mecânica e química | 2 a 4 horas |
Intestino delgado | Digestão mecânica e química | 3 a 5 horas |
Intestino grosso | Absorção de água | > 10 horas |
Em geral os alimentos demoram cerca de 24 a 72 horas desde o momento em que são mastigados até serem eliminados nas fezes os resíduos que o nosso organismo não conseguiu utilizar.
Se estiver mais de 72 horas sem defecar isso é um sintoma de obstipação que pode ser perigoso!
Leia também: Estes são os perigos da obstipação, toda a verdade!
Má digestão ou dispépsia
Os sintomas de má digestão ou dispepsia são muitas vezes recorrentes e normalmente dividem-se em dois grupos:
- Sensação de dor, ardor ou desconforto na região do estômago ou parte superior do abdómen;
- Dificuldade em digerir os alimentos, seja por uma saciedade precoce ou por sensação de enfartamento após as refeições.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a dispepsia é mais frequente nos países com um estilo de vida ocidentalizado, afetando cerca de 20 a 40% da população.
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Causas
A dispepsia ou indigestão é muito comum e afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, existem hábitos e condições de saúde que fazem aumentar os riscos, tais como:
- Comer em excesso e demasiado depressa, sobretudo alimentos ricos em gordura;
- Consumir bebidas alcoólicas em excesso;
- Ser fumador;
- Consumir fármacos que irritem o estômago como a aspirina e anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno ou diclofenac;
- Ter uma úlcera ou qualquer outra doença do sistema digestivo;
- Estar sujeito a stress emocional, ansiedade ou depressão.
Prevenção
Diagnóstico
Existem diversos exames de diagnóstico que podem despistar a dispepsia. Uma vez que os sintomas são idênticos para as formas orgânicas e funcionais desta doença, a endoscopia digestiva alta é o exame mais importante para a obtenção de um diagnóstico.
Consiste na observação direta do revestimento interno do esófago, estômago e duodeno. Complementarmente deve realizar-se uma pesquisa pela infeção por Helicobacter pylori através de uma biópsia.
As análises sanguíneas e a ecografia abdominal são outro instrumento de diagnóstico, de modo a avaliar a saúde dos órgãos anexos ao estômago, como o pâncreas, fígado, vesícula e vias biliares.
Estômago qual a anatomia?
O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado abaixo do diafragma, acima do pâncreas, entre o esôfago e o duodeno. No estômago, os alimentos são pré-digeridos e esterilizados, seguindo para o intestino, onde são absorvidos.
Em humanos, o estômago tem um volume de cerca de 50 ml (mililitros) quando vazio. Depois de uma refeição, geralmente expande-se para suportar cerca de 1 litro de comida, mas pode expandir-se até 4 litros.
O estômago apresenta duas comunicações:
- Uma superior chamada cárdia, que o comunica ao esôfago
- Outra inferior, chamada piloro, que o comunica ao intestino delgado.
O estômago tem duas classificações, uma cirúrgica e outr anatómica.
Na classificação cirúrgica é subdividido em:
- Cárdia,
- Fundo,
- Corpo,
- Antro,
- Piloro,
- Curvatura menor,
- Curvatura maior,
- Face anterior,
- Face posterior.
Na sua classificação anatómica o estômago é dividido em:
- Porção vertical chamada trituradora,
- Porção horizontal chamada evacuadora.
Função
O estômago tem uma função essencial na digestão dos alimentos. No seu interior situam-se as glândulas gástricas que produzem o suco gástrico. As células da parede do estômago estão protegidas contra a forte acidez do suco gástrico, porque produzem e libertam um muco que forma uma espessa camada protetora.
No estômago, o suco gástrico é misturado com os alimentos a digerir, através dos movimentos peristálticos, e o bolo alimentar é transformado em quimo. O suco gástrico é muito rico em enzimas digestivas com particular destaque para a pepsina que é responsável pela digestão das proteínas. Assim é aqui que se incia o processo de digestão das proteínas considerado um dos mais importantes mecanismos para o bom funcionamento do nosso corpo.
Proteção contra bactérias, vírus e fungos
A forte acidez do estômago também serve de barreira protetora contra a entrada de microrganismos patogénicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas pois dificilmente algum consegue escapar com vida até ao intestino!
O adjetivo gástrico refere-se ao estômago. Assim, a retirada cirúrgica do estômago ou parte dele chama-se gastrectomia. A colocação de tubos no estômago através do abdômen chama-se gastrostomia. A modificação do estômago chama-se gastroplastia.
Helicobacter pylori
Apesar dos ácidos presentes no estômago nos manterem protegidos contra os principais agentes infeciosos, existem muitos estudos que apontam para que a bactéria Helicobacter pylori seja responsável pela maioria dos casos de gastrite crónica, úlceras gástricas e cancro do estômago (nos casos de adenocarcinoma e linfoma MALT – tipo específico de linfoma da mucosa do estômago).
Azia ou Pirose e refluxo
A azia ou pirose manifesta-se por uma sensação de ardor na parte posterior do esterno e que se estende desde a parte superior do estômago até à boca podendo haver refluxo ou regurgitação com sabor ácido ou amargo.
Sintomas mais comuns
A azia manifesta-se das seguintes formas:
- Ardor incómodo na linha média da parte superior do estômago (epigastro) e que se pode estender para a parte posterior do esterno.
- O ardor pode sentir-se apenas na parte do esterno mas pode também sentir-se na garganta, provocando um sabor amargo na boca.
- Pode haver dor.
Causas da Azia
Os sintomas da azia são causados pelos conteúdos do refluxo esofágico, de natureza ácida, no esófago, que irritam a superfície sensível da mucosa. Trata-se de um problema de saúde que não causa transtorno em pessoas saudáveis, salvo se a sua frequência e intensidade aumentar. Poderá, no entanto, em alguns casos, ser sinal de problemas de saúde mais sérios.
Uma das causas mais comuns da irritação esofágica é a própria doença de refluxo esofágico devida a deficiências do esfíncter esofágico inferior. Também a hérnia do hiato pode provocar acidez resultado de parte do estômago escapar pelo diafragma, embora não se manifestem sintomas em todos os doentes.
Medicamentos que podem provocar azia
Alguns medicamentos podem provocar irritação gastro esofágica, a saber:
- Ácido acetil salicílico (AAS) – Ex. Aspirina®
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINE), tais como, Brufen® (ibuprofeno), Voltaren® (diclofenac), Nimed® (nimesulide), Naprosyn® (naproxeno). Profenid® (cetoprofeno), piroxicam,
- Diazepam (Valium®)
- Alprazolam (Xanax®)
- Contraceptivos orais
- Alendronato, utilizado na osteoporose
- Corticoides, utilizados no combate à inflamação
- Antagonistas do canais de cálcio, utilizados em algumas doenças cardiovasculares
- Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, utilizados como antidepressivos
- Clopidogrel, utilizado para evitar a formação de coágulos em doentes de risco ou com doença cardiovascular
- Digoxina, utilizada como cardiotónico no tratamento da insuficiência cardiaca e taquicardia
- Teofilina, utilizada como broncodilatador
- Eritromicina é um antibiótico
- Tetraciclinas é uma classe de antibióticos
- Suplementos de ferro, utilizados, por exemplo, no tratamento de muitas anemia
- Potássio
Anti-inflamatórios menos agressivos
Praticamente todos os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) clássicos referem como reações adversas problemas de irritação gástrica que podem manifestar-se também quando a administração é parenteral ou retal. O ibuprofeno (Brufen®) e o diclofenac (Voltaren®) parecem ter menor risco de toxicidade gástrica, situando-se numa posição intermédia o naproxeno e o AAS e, com maior risco o piroxicam, o cetoprofeno, entre outros.
Anti-inflamatórios de última geração
Existe uma classe de anti-inflamatórios mais recente, Os anti-inflamatórios não esteroides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase-2 (Coxibes) são fármacos utilizados no tratamento da dor e inflamação crónica, principalmente em patologias de origem musculoesquelética, como:
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- Artrite reumatoide,
- Osteoartrose,
- Espondilite anquilosante.
Os Coxibes mais prescritos são os seguintes:
- Celecoxib (Celebrex®, Solexa®))
- Etoricoxib (Arcoxia®, Exxiv®)
Os Coxibes têm como objetivo a inibição seletiva de uma das isoformas da enzima ciclo-oxigenase, a COX-2, que regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Existe evidência clínicas de que os Coxibes podem também atuar na prevenção de cancros e na doença de Alzheimer, devido à indução da COX-2 em diversos tecidos.
Os Coxibes possuem eficácia terapêutica semelhante aos anti-inflamatórios não esteróides clássicos, no entanto, demonstram uma diminuição significativa dos efeitos adversos gastrointestinais, característicos dessa classe. Contudo, só após a sua comercialização foi possível observar o aumento do risco cardiovascular associado ao tratamento com Coxibes. A análise do estudo VIGOR levantou as primeiras dúvidas, mas foram os resultados do estudo APPROVe que desencadearam a retirada voluntária do Vioxx® em setembro de 2004, seguindo-se a retirada de mais dois fármacos desta classe.
A publicação de diversos ensaios clínicos evidenciam o aumento generalizado do risco cardiovascular, que inclui aumento do risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, sendo que estes efeitos adversos agravam-se em doentes com antecedentes de risco cardiovascular.
Na sequência destes resultados, as entidades internacionais, FDA e EMA, emitiram advertências de utilização dos Coxibes, devendo estes ser prescritos na menor dose eficaz, durante o mais curto intervalo de tempo, a fim de evitar o riso associado ao tratamento prolongado. Torna-se assim premente a avaliação dos benefícios gastrointestinais e dos riscos cardiovasculares dos Coxibes, de modo a aferir a segurança da sua utilização
Ansiolíticos contracetivos e alendronato
Os ansiolíticos diazepam (Valium®) e alprazolam (Xanax®), os contracetivos orais (pílula contracetiva) e o alendronato, utilizado para tratar a osteoporose, podem provocar o relaxamento do esfíncter do esófago facilitando o refluxo do ácido do estômago para o esófago e provocar irritação da mucosa do esófago.
Entre alguns outros medicamentos que se relacionam com a toxicidade gástrica podemos referir os seguintes dos quais refiro entre parêntesis a utilização terapêutica:
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- Corticoides (inflamação e alergias);
- Antagonistas dos canais de cálcio (hipertensão);
- Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (antidepressivos);
- Clopidogrel (anticoagulante);
- Suplementos de ferro (anemia);
- Digoxina (insuficiência cardíaca);
- Teofilina (asma);
- Eritromicina (infeções);
- Tetraciclinas (infeções);
- Potássio (acne, prisão de ventre, cãibras, fraqueza muscular).
Idade e aparecimento de azia
Os sintomas de refluxo esofágico ocorrem mais frequentemente em doentes de idade superior a 55 anos. A azia não ocorre normalmente em crianças, embora possa ocorrer em adultos jovens e particularmente em grávidas.
Azia na gravidez
Estes são alguns dos sintomas típicos durante a gravidez :
- Dor por trás da costelas e ruídos estomacais
- Estômago pesado, dilatado e desconfortável depois de comer
- Cãibras estomacais, arrotos e libertação de gases (flatulência)
- Sensação de ardor no peito ou na garganta depois de comer
- Sensação de mal-estar a acumulação de gases
- Fluido quente, ácido ou salgado, no fundo da garganta e dificuldade em engolir.
Sintomas de azia na gravidez
Muitas mulheres sofrem pela primeira vez de azia durante a gravidez. Na verdade, entre 40% a 80% das mulheres grávidas sofrem de azia. E não é difícil perceber porquê – o seu corpo está a sofrer muitas alterações hormonais e físicas.
Durante a gravidez, o seu corpo produz uma hormona, a progesterona, que torna a digestão mais lenta e relaxa a válvula muscular entre o esófago e o estômago, aumentando o risco de refluxo ácido. Em resultado, existe um maior risco de passagem dos ácidos estomacais para o esófago, provocando uma sensação de ardor no peito e na garganta. À medida que o feto cresce, a pressão no estômago aumenta, forçando a entrada dos ácidos estomacais no esófago e causando refluxo gastroesofágico.
Estes sintomas têm mais tendência a ocorrer depois das refeições e quando a mulher se dobra ou deita, mas depois do parto a pressão no estômago desaparece, tal como os sintomas associados.
Grávida com azia como tratar?
Os comprimidos mastigáveis ou pastilhas que associam carbonato de cálcio 680 mg e carbonato de magnésio 80 mg (Ex. Rennie®), são adequadas para o alívio dos sintomas relacionados com a produção de ácidos gástricos durante a gravidez e a amamentação, uma vez que os seus ingredientes (cálcio e magnésio) existem naturalmente no organismo e nos alimentos, desde que sejam cumpridas as indicações de toma e evitada a ingestão prolongada de dosagens elevadas.
A dose habitual é 1 ou 2 pastilhas, até 3 vezes ao dia (de preferência 1 hora após as refeições e antes de deitar). No caso de azia ou dor de estômago mais intensa, pode aumentar a dose até ao máximo 8 vezes por dia.
Fatores que agravam a azia
Os fatores que agravam a doença podem ajudar a avaliar o problema. Na azia pode haver agravamento com:
-
- Aumento de peso,
- Quando o doente está na posição horizontal,
- Quando o doente faz uma refeição abundante.
Alimentos que agravam a azia
Identificar os alimentos que possam provocar a acidez é de extrema importância para melhorar os sintomas, a saber:
- Café ou bebidas com cafeína,
- Bebidas alcoólicas,
- Refrigerantes com gás,
- Comidas muito gordurosas
- Comidas temperadas,
- Chocolate,
- Menta,
- Citrinos,
- Derivados do tomate.
Sinais de alarme para apoio médico urgente
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- Idade inferior a 6 anos
- Idade superior a 75 anos
- Sintomas presentes durante mais de 3 meses num ano
- Sangue nas fezes
- Perda de mais de 10% da massa corporal
- Icterícia
- Náuseas e vómitos persistentes
- História prévia de ulcera péptica
- Causa psicológica ou psiquiátrica ( Ex: ansiedade)
- História familiar de cancro gastroesofágico
- Cirurgia prévia a cancro gástrico
- Consumo crónico de álcool
- Tabagismo
- Por vezes a dor surge repentinamente ou de modo muito severo podendo irradiar para as costas e braços. Nesta situação a dor pode mimetizar um enfarte o que exige um urgente encaminhamento médico. Alguns doentes que pensam estar a ter um problema de azia/acidez podem estar a ter, na verdade, um ataque cardíaco.
- Pode haver dificuldade de deglutição e por vezes há regurgitação devido a obstrução do esófago o que pode pressupor um cancro.
- Crianças com sintomas de azia
- O aumento da frequência e da intensidade
- Ineficácia após 7 dias de tratamento
Tratar a azia mas como?
Existem diversas medidas e atitudes que podem ajudar a evitar ou melhorar os sintomas de azia, a saber:
- Evitar o excesso de peso.
- Evitar comidas abundantes.
- Comer em pequenas quantidades.
- Coma com tempo e mastigue os alimentos devagar.
- Sente-se direito quando comer e não coma no sofá.
- Não coma tarde, nem “à pressa”.
- Tentar comer 2 a 3 horas antes de se deitar.
- Identificar e evitar os alimentos que possam provocar a acidez, tais como o café ou bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, refrigerantes com gás, comidas muito gordurosas ou temperadas, chocolate e menta, citrinos e derivados do tomate.
- Não fumar ou pelo menos reduzir a frequência.
- Evitar roupa ajustada ou cintos apertados.
- Evitar exercício intenso, se este piorar a azia.
- Se tem tendência a sintomas noturnos, deverá erguer-se ligeiramente com a ajuda de algumas almofadas
Medicamentos para tratar azia
Existem diversas classes de medicamentos que podem ser utilizados para tratar os sintomas e efeitos prejudiciais da azia e refluxo do ácido gástrico. As principais são as seguintes:
- Alginatos (ex: alginato de sódio);
- Antiácidos clássicos (ex: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio fosfato de alumínio, Magaldrato);
- Inibidores da bomba de protões (ex: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol).
Alginatos em associação com antiácidos
- Alginato de sódio 250 mg + bicarbonato de sódio 133,5 mg + carbonato de cálcio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 2 a 4 comprimidos até 4Xdia (Gaviscon®)
- Alginato de sódio 500 mg + bicarbonato de sódio 267 mg + carbonato de cálcio 160 mg/10 mg, saquetas, 1 a 2 saquetas 4x/dia (Gaviscon Duefet®)
Alívio rápido dos sintomas
Como atuam estas associações de alginatos com antiácidos?
Estas associações funcionam de duas maneiras para aliviar de forma eficaz os sintomas de azia e indigestão:
1) O alginato de sódio começa por formar uma camada espessa no topo dos conteúdos do estômago, assim que entra em contacto com os ácidos do estômago. Esta camada funciona como uma forte barreira física e ajuda a manter os conteúdos do estômago no interior do estômago, onde pertencem, e não no esófago, onde são prejudiciais.
2) A associação de antiácidos (carbonato de cálcio com bicarbonato de sódio) neutraliza o ácido gástrico, proporcionando alívio rápido da indigestão e da azia.
Vídeos demonstrativos:
Antiácidos
- Carbonato de dihidróxido de alumínio e sódio 340 mg, pastilhas, 1-2 comp. 4xdia. (Kompensan®)
- Hidróxido de alumínio 240 mg, comprimidos mastigáveis, 1-4 comp. 4Xdia.
- Carbonato de cálcio 680 mg, carbonato de magnésio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 1-2 comp. até máx. 8Xdia (Rennie®)
- Hidróxido de alumínio 200 mg, hidróxido de magnésio 200 mg, dimeticone 26,25 mg, comprimidos mastigáveis, 2-4 comp. 4Xdia.
- Fosfato de alumínio, 12,38 g de gel de fosfato de alumínio a 20%, saquetas, 1-2 saq. 3Xdia.
- Magaldrato 800 mg, comprimidos/saquetas, 1 comp./saq. 3Xdia.
- Hidróxido de magnésio, 83mg/ml, suspensão, 5-15mI3Xdia.
- Bicarbonato de sódio 2081.8 mg, comprimidos efervescentes, 2 comp. até 4Xdia.
Magnésio e Alumínio
Os antiácidos compostos por sais de alumínio e de magnésio em associação podem parecer ideais, pois um componente completa o outro. O hidróxido de alumínio dissolve-se lentamente no estômago causando um alívio prolongado. Já os sais de magnésio agem rapidamente, neutralizando os ácidos com eficácia. Os fármacos que contêm ambos os componentes causam alívio rápido e prolongado.
Carbonato de cálcio
Este foi o principal antiácido durante muito tempo. Atua rapidamente, neutralizando os ácidos por um tempo significativo. Outro ponto positivo, é que esta é uma fonte económica de cálcio. No entanto corre-se o risco de sobredosagem deste mineral, uma vez que a quantidade máxima diária não deve superar 2000 mg,
Bicarbonato de sódio
Este foi utilizado durante décadas como neutralizante da acidez. É uma ótima solução, a curto prazo, para a má digestão. Contudo, seu uso exagerado pode provocar quebra do equilíbrio ácido-base do organismo, resultando em uma alcalose metabólica. Além disso a sua concentração de sódio também pode levar a problemas em indivíduos com insuficiência cardíaca e hipertensão.
Os sais de magnésio têm ainda efeito laxante, enquanto os sais de alumínio são obstipantes; sendo assim, é comum encontrar associações entre ambos os fármacos, visando minimizar estes efeitos colaterais.
Inibidores da Bomba de protões
Os inibidores da bomba de protões (IBPs) reduzem a produção de ácido pela diminuição da atividade da bomba de protões no estômago. Isso acontece porque um dos componentes vitais do ácido, o hidrogénio, já não pode ser produzido.
Os IBPs proporcionam um alívio prolongado, no entanto o início de ação demora algum tempo. Algumas pessoas continuam a ter sintomas de azia e indigestão, mesmo a tomar IBPs. No entanto, os alginatos, como Gaviscon®, podem ser tomados em simultâneo com os IBPs para ajudar a aliviar os sintomas.
São exemplos de IBPs os seguintes:
- Omeprazol 10 e 20 mg,
- Lansoprazol 15 e 30 mg,
- Pantoprazol 20 e 40 mg
- Esomeprazol 20 e 40 mg
Os inibidores da bomba de protões são geralmente tomados 1xdia, de manhã em jejum.
Leia também: Estes são os efeitos secundários graves dos IBPs como o omeprazol, toda a verdade!
Efeitos adversos e interações
Os principais efeitos adversos e interações da terapêutica farmacológica para a azia, com antiácidos, são os seguintes:
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- Alergia
- Obstipação
- Redução da absorção de alguns antibióticos tais como as tetraciclinas, quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina, ofloxacina e levofloxacina) e cefalosporinas. Estas reduções de absorção podem atingir os 90% e são devidas à formação de quelatos insolúveis entre os medicamentos e os iões de alumínio
- A ação de glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a levotiroxina, e o eltrombopag (Revolade®), pode ser afetada se tomar antiácidos ao mesmo tempo. É conveniente fazer um intervalo de 1-2 horas entre a toma do antiácido e a toma de outro medicamento.
Concluindo
A azia é um sintoma comum e na maioria das vezes é transitório. As medidas não farmacológicas podem ser efetivas no tratamento da azia. Os antiácidos de ação rápida são a primeira opção. A dor provocada pela azia pode ser confundida com um ataque cardíaco mas também pode mascarar um enfarte a decorrer, pelo que deve sempre, por precaução, procurar apoio médico urgente. Nas grávidas a azia é frequente e transitória desaparecendo em regra após a gravidez. A azia deve sempre ser tratada porque se trata de ácido do estômago que escapa para o esófago e “queima” deixando lesões locais que se forem frequentes podem degenerar para doença grave!
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Referências
- Riscos e benefícios dos anti-inflamatórios não esteróides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase 2
- Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia
- Manuais MSD Merck Sharp and Dohme
- msdmanuals.com/pt-pt/profissional
-
Pubmed.ncbi.nlm.nih.gov – Human digestion–a processing perspective
- Royal College of Nursing – How the bowel works
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