Urticária alérgica causas, sintomas, tratamento e quanto tempo dura, tudo o que não sabe! O que é uma alergia? E uma urticária? Qual a ligação entre alergia e urticária? Neste artigo vamos desenvolver as respostas sobre a urticária.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
- Anatomia da pele
- Alergia o que é?
- Urticária o que é?
- Urticária é contagiosa?
- Ligação entre alergia e urticária
- Mecanismo de ação da urticária
- Tipos de urticária existentes
- Urticária aguda
- Urticária crónica
- Urticárias físicas
- Tipos especiais de urticária
- Como se faz o diagnóstico?
- Como evitar a urticária?
- Alimentos e aditivos comuns que podem provocar urticária
- Medicamentos mais usados na urticária
- Anti-histamínicos, corticoides e outros medicamentos
- Dosagens e posologias utilizadas
Leia também: Alergia alimentar ou intolerância alimentar qual a diferença?
Anatomia da pele
Antes de mais é sempre útil saber como é constituída a anatomia da nossa pele. Clique nas imagens para ampliar:
Alergia, o que é?
Uma alergia é uma reação de hipersensibilidade, a estímulos externos, mediada pelo sistema imunitário, nomeadamente um tipo de anticorpo com uma importância central em todas as doenças alérgicas, designado imunoglobulina E (IgE).
Urticária o que é?
A urticária não é uma doença mas sim uma síndroma comum, com lesões cutâneas afetando todas as faixas etárias, estimando-se que cerca de 20 a 30% da população, em algum momento da sua vida, tenha pelo menos um episódio de urticária. É caracterizada pelo rápido aparecimento de pápulas (lesões cutâneas ligeiramente elevadas em relação à pele sã), eritematosas (avermelhadas) algumas vezes esbranquiçadas na parte central, acompanhadas de prurido (comichão) ou por vezes sensação de queimadura, desaparecendo por breves segundos após pressão. Estas lesões desaparecem espontaneamente ou com terapêutica anti-histamínica, sem pigmentação residual num período de 24 horas podendo no entanto voltar a aparecer.
Em alguns casos, o edema da derme profunda e sub-cutis pode ser tão importante que dá origem ao aparecimento de angioedema (inchaço), por vezes doloroso em alternativa a pruriginoso, com envolvimento frequente das mucosas, sendo a resolução mais lenta comparativamente à da urticária (até 72 horas).
Leia também: Alergia rinite alérgica e asma toda a verdade e ligações perigosas
Urticária é contagiosa?
Decididamente não é contagiosa. Podemos tocar, conviver e estar no mesmo ambiente de doentes com urticária sem nenhum risco de transmissão da doença.
Alergia e urticária, qual a ligação?
Algumas alergias podem provocar sintomas cutâneos com o aparecimento de urticária. São exemplos algumas alergias a alimentos e medicamentos ou seja a urticária é em alguns casos uma consequência da alergia. No entanto tal como vamos descrever neste artigo, existem inúmeras outras causas de urticária que não são do foro alérgico, como por exemplo causas inflamatórias e infeciosas.
Mecanismo da urticária
Após processo de ativação dos mastócitos, pelo alergénio a que o indivíduo está sensibilizado, ou por outros mecanismos de natureza não alérgica, estas células existentes na pele e mucosas, libertam:
- Histamina,
- Citocinas.
- Outros mediadores da inflamação.
Este processo dá início a uma série de alterações bioquímicas e intervenções celulares que culminam com o aparecimento e manutenção das lesões de urticária.
Causas e tipos de urticárias
De seguida descrevemos a classificação dos diferentes tipos que são muito mais diversos do que a maioria das pessoas julga, a saber:
a) Com aparecimento espontâneo de pápulas
b) Físicas
c) Especiais
Urticária com aparecimento espontâneo de pápulas
-
Aguda
-
Crónica
1. Urticária aguda – duração inferior a 6 semanas. Mais frequente em doentes com doenças atópicas como rinite, asma ou eczema atópico, e nas crianças e adultos jovens. São provocadas principalmente por:
- Infeções virais,
- Reacções a alimentos (principalmente em crianças)
- Reações a medicamentos (alérgicas ou pseudoalérgicas).
2. Urticária crónica – duração superior a 6 semanas, podendo estender-se em aproximadamente 50% dos casos até 6 meses, ou mesmo ter uma duração superior a 10 anos (20% dos casos). Afeta principalmente o sexo feminino, entre os 30 e os 50 anos de idade. As causas principais são:
- Reações alérgicas tipo I,
- Reações pseudoalérgicas,
- Auto-imunidade (anticorpos antiFc_RI, anticorpos anti-tiroideus, outras doenças auto-imunes),
- Infeções (virais, bacterianas),
- Infestações por parasitas,
- Gastrite,
- Esofagite,
- Inflamação da vesícula biliar,
- Neoplasias (ex. linfomas).
2a. Urticária crónica contínua – frequência diária ou em quase todos os dias da semana
2b. Urticária crónica recorrente – intervalos livres de dias ou semanas sem sintomas
Urticárias físicas
- Dermográfica ou dermografismo
- Pressão retardada ou tardia
- Contacto ao frio
- Contacto ao calor
- Solar
- Angioedema vibratório
As urticárias físicas embora de natureza crónica, são agrupadas separadamente porque dependem da presença de um factor físico desencadeante e agrupam-se em três tipos, a saber:
1. Urticária dermográfica ou dermatografismo – desencadeada por fricção da pele (aparecimento de pápulas 1 a 5 minutos depois). Afecta principalmente adultos jovens. Duração média 6,5 anos.
2. Urticária de pressão retardada – desencadeada por pressão vertical (aparecimento de pápulas 3 a 8 horas depois). Média de idade de aparecimento é os 30 anos, afetando 2 vezes mais os homens. Duração média 6-9 anos.
3. Urticária de contacto ao frio – desencadeada por ar frio, água ou vento (9 sub-tipos descritos). Mais frequente em jovens do sexo feminino. Duração média 4,2 anos. Na maioria dos casos, de causa desconhecida embora algumas doenças infeciosas possam estar na origem, tais como:
- Sífilis,
- Borreliose,
- Sarampo,
- Varicela,
- Hepatite,
- Mononucleose infecciosa,
- Infeção por HIV.
4. Urticária de contacto ao calor – esta é desencadeada por calor localizado.
5. Urticária solar – desencadeada por radiação UV ou luz visível. Mais frequente em adultos jovens do sexo feminino.
6. Urticária / angioedema vibratórios – desencadeada por forças vibratórias (ex. martelo pneumático)
Tipos especiais de urticária
- Colinérgica
- Adrenérgica
- De contacto (alérgica ou pseudo alérgica)
- Aquagénica
1. Urticária colinérgica – lesões muito pequenas com halo eritematoso, desencadeadas por breve aumento da temperatura corporal, como por exemplo:
- Exercício físico,
- Banho quente,
- Stress emocional.
Frequente em adultos jovens.
2. Urticária adrenérgica – pequenas lesões eritematosas com halo esbranquiçado, desencadeadas por stress emocional.
3. Urticária de contacto (alérgica ou pseudoalérgica) – nesta há aparecimento de pápulas nos locais em que as substâncias químicas contactam a pele, por exemplo:
- Alimentos,
- Plantas,
- Medicamentos,
- Cosméticos,
- Químicos industriais,
- Produtos animais,
- Têxteis.
4. Urticária aquagénica – desencadeada por um alergénio libertado do estrato córneo da pele, quando em contacto com a água. Cinco vezes mais frequente no sexo feminino, principalmente em adultos jovens.
Um ou mais subtipos de urticária podem coexistir num mesmo doente.
Diagnóstico da urticária
Nas formas agudas, habitualmente, não é necessário qualquer tipo de estudo, uma vez que a relação causa-efeito é na maioria das vezes evidente. Na urticária crónica, uma história clínica aprofundada é fundamental para orientar a investigação. O estudo complementar diagnóstico deverá ser direcionado.
Algumas ferramentas orientadas pela suspeição clínica, em muitos casos ajudam ao diagnóstico da urticária crónica. As principais são:
- O diário de sintomas,
- O registo alimentar,
- Testes cutâneos de alergia,
- Provas cutâneas específicas do diagnóstico de urticárias físicas,
- Teste de soro autólogo,
- Estudo laboratorial e imagiológico (radiografia, ecografia),
- Provas de provocação com alimentos, medicamentos, ou aditivos alimentares,
- Biópsia de pele,
Evitar a urticária mas como?
Algumas medidas podem ser úteis para aliviar o prurido, principalmente à noite: duche tépido e/ou aplicação de loção de calamina ou de creme anti-pruriginoso. É fundamental a hidratação cutânea com aplicação de emolientes, particularmente nas formas crónicas.
Embora os sub-tipos de urticária sejam desencadeados por uma grande variedade de fatores, o tratamento da urticária segue alguns princípios básicos, tais como:
- Evitar (evicção) ou eliminar os fatores desencadeantes da urticária tais como:
- Medicamentos,
- Estímulos físicos,
- Tratamento de infeções,
- Processos inflamatórios crónicos,
- Remoção de anticorpos anti-Fc_RI,
- Alimentos.
- Minimizar os fatores favorecedores de stress e ansiedade.
Alimentos e aditivos que favorecem a libertação de histamina
Os alimentos com maior probabilidade de provocar urticária são:
- Atum, bacalhau e crustáceos,
- Charcutaria, tal como chouriço e outros enchidos,
- Frutos tais como:
- banana,
- morango,
- kiwi,
- frutos tropicais quase todos
- Frutos secos,
- Tomate,
- Cogumelos,
- Queijos fermentados,
- Enlatados,
- Pré-cozinhados,
- Aromatizantes tais como cacau, baunilha, malte, cola
- Especiarias
- Edulcorantes, corantes, conservantes e activadores de aroma
- Infusões:
- café
- chá
- Gaseificados,
- Álcool.
Tratamento e medicamentos mais usados
O tratamento adequado depende da gravidade dos sintomas, história clínica do doente e idade. As classes de medicamentos mais usados são as seguintes:
- Anti-histamínicos
- Corticosteroides
- Anti-leucotrienos
Anti-histamínicos
Anti-histamínicos em monoterapia ou associados. Reservam-se os sedativos para situações clínicas muito particulares e os de aplicação tópica não deverão nunca ser utilizados pois agravam a urticária, por exemplo:
- Dimetindeno (Fenistil®)
- Difenidramina (Caladryl®)
A urticária provoca lesões cutâneas muitas vezes extensas que podem ser “portas de entrada” para absorção sistémica de anti-histamínicos de aplicação tópica. Estes anti-histamínicos são formulados para atuarem apenas localmente porque geralmente são moléculas da primeira geração de anti-histaminicos e portanto com mais efeitos secundários sistémicos que os seus “parentes” de 2ª geração, nomeadamente atuando sobre o sistema nervoso central e provocando acentuada sonolência.
De seguida descrevo os anti-histamínicos mais usados na urticária e as respetivas dosagens diárias para um adulto com peso normal
Os anti-histamínicos clássicos mais usados, tomam-se em regra, de 8 em 8 horas, por via oral, e são os seguintes:
- Dexclorferinamina (Polaramine®) , 2mg/6-8h,
- Hidroxicina (Atarax®), 25mg/8h.
Nota: Em Portugal existe um xarope chamado Sinerbe® que é uma associação de Dexclorferinamina (anti-histamínico) + Pseudoefedrina (descongestinante) + Guaiafenesina (fluidificante da expectoração) mas que naturalmente é utilizado apenas nos quadros clínicos com sintomas respiratórios, nomeadamente quando existe simultaneamente congestão nasal com tosse produtiva.
Os anti-histamínicos de 2ª geração mais utilizados, tomam-se em regra, uma vez por dia, por via oral, e são os seguintes:
- Loratadina (Claritine®), 10mg/dia;
- Desloratadina (Aerius®), 5mg/dia;
- Fexofenadina (Telfast®), 180mg/dia;
- Cetirizina (Zyrtec®), 10mg/dia;
- Levocetirizina (Xyzal®), 5mg/dia;
- Mizolastina (Mizolen®), 10mg/dia;
- Rupatadina (Rinialer®), 10mg/dia;
- Ebastina (Kestine®), 10mg/dia;
- Bilastina (Lergonix®, Bilaxten®), 10mg/dia.
Nota: A Bilastina (Lergonis® e Bilaxten®) é o anti-histamínico mais recente disponível no mercado, em Portugal.
Em Portugal os anti-histamínicos genéricos (menor preço) mais utilizados e disponíveis são os seguintes:
- Desloratadina,
- Cetirizina,
- Levocetirizina,
- Loratadina,
- Ebastina.
Corticosteroides
Corticosteróides sistémicos injetáveis ou administrados por via oral em situações excepcionais, mas sempre acompanhados por terapêutica subsequente com anti-histamínicos em períodos prolongados para controlo clínico sustentado. Os corticoides mais utlizados são:
- Prednisolona (Lepicortinolo®)
- Prednisona
Anti-leucotrienos
Anti-leucotrienos representam em alguns doentes um benefício adicional, por exemplo:
- Montelucaste (Singulair®), 10mg/dia, também disponivel em genérico.
Outros tratamentos
Outros tratamentos poderão ser utilizados em alguns casos particulares mas sempre submetidos a estreita vigilância clínica. Os exemplos mais comuns são:
- Imunoglobulinas endovenosas,
- Salazopirina,
- Ciclosporina A,
- Dapsona,
- PUVA
Concluindo
A urticária é uma patologia muito comum pois estima-se que 80% das pessoas a desenvolvam pelo menos uma vez na vida. Algumas crises de urticária são mais agressivas ou prolongadas prejudicando de forma significativa a qualidade de vida dos doentes. As lesões em zonas expostas podem ter um aspeto “assustador e contagioso” podendo levar algumas pessoas a sentirem-se socialmente mais inibidas nomeadamente nas situações desencadeadas por stress emocional. Conheça-se melhor a si própria e identifique os fatores que particularmente lhe provocam uma reação de urticária. Evitar os fatores desencadeantes é o melhor remédio!
Fique bem!
Referências bibliográficas:
- Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC);
- Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED).
- Urticária aguda e crónica CIM
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