Febre da carraça e doença de Lyme pode ser muito perigosa, cuidado com a picada do carrapato ou carraça! Tempo de verão é tempo de sol, calor, piqueniques, passeios no campo, sentar no chão, deitar na relva e claro brincar com o seu cão ao ar livre em zonas arborizadas e relvadas. Tudo magnificamente relaxante mas muitas vezes desconhecendo ou esquecendo pequenos perigos, como as carraças, que podem originar graves problemas de saúde como a doença de Lyme que é apenas uma das doenças incluídas na chamada “febre da carraça”.
Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:
- Carrapato ou carraças o que são?
- Como se apanham?
- Que fatores contribuem para as infestações?
- Que lesões provoca a picada?
- Febre da carraça o que é?
- Febre maculosa o que é?
- Que países são a afetados pela febre maculosa?
- Quais os perigos da febre maculosa?
- Quais os sintomas?
- Qual o melhor tratamento da febre maculosa?
- Carrapatos, carraças ou chatos, como controlar?
- Deve desinfetar-se o ambiente da casa?
- Que cuidados deve ter?
- Carrapato ou carraças, como tirar de forma correta e segura?
- Doença de Lyme o que é?
- Doença de Lyme quais as causas?
- Doença de Lyme, quais os fatores de risco?
- Quais os sintomas?
- Quais os sinais precoces da Doença de Lyme?
- Sintomas tardios;
- Quais os sinais sintomas menos comuns?
- Qual o melhor tratamento para a Doença de Lyme?
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Carrapato ou carraças o que são?
Carrapato, Carraças, ou chatos são parasitas que se alimentam do sangue do homem, do cão, do gato, da ovelha e de muitos outros animais. Quando as carraças estão infetadas, são responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças!
Onde se apanham?
Existem variadíssimas espécies de carraças espalhadas por todo o planeta. Como estes parasitas não voam nem saltam, ficam a aguardar a passagem de um hospedeiro, escondidos na relva, nos pastos, no solo ou nas frestas das madeiras, e quando o hospedeiro toca uma destas superfícies, as carraças percorrem o seu corpo até encontrarem um local seguro para se alimentarem e reproduzirem.
Que fatores contribuem para as infestações?
Cada fêmea pode pôr até 5000 ovos! As infestações por carraças acontecem principalmente na altura de maior calor, desde a Primavera até ao Outono. O que não significa que não existam no resto do ano. O aumento dos animais de estimação e, fundamentalmente, o crescente abandono de cães e gatos contribuem amplamente para a proliferação deste parasita.
Que lesões provoca?
A picada de carrapato ou carraças é prejudicial para o hospedeiro de diferentes formas:
- Pode provocar lesões na pele com vermelhidão, ardor e comichão;
- Anemia e fraqueza devido à ingestão de grandes quantidades de sangue pelo parasita
- Paralisia motora por ação das suas neurotoxinas.
Febre da carraça
Quando as carraças estão infetadas constituem um perigo para os animais e para a saúde pública! A carraça infetada, ao picar o hospedeiro, inocula no seu sangue micróbios responsáveis por inúmeras doenças, habitualmente designadas de Febre da Carraça, a saber:
- Babesiose (Doença do carrapato causada por protozoários);
- Borreliose ou Doença de Lyme;
- Erliquiose (Doença do carrapato causada por bactérias);
- Febre Maculosa .
Não só os animais apanham Febre da Carraça, as pessoas também estão suscetíveis se contactarem com carraças.
Febre maculosa o que é?
A febre maculosa, é uma doença que surge quando uma pessoa é picada por um carrapato ou carraças contaminadas pela bactéria Rickettsia rickettsii.
Que países afeta?
A febre maculosa é uma doença que ocorre em todo o continente americano, afetando países desde o Canadá até a Argentina. No Brasil, a maioria dos casos se na concentra na Região Sudeste, havendo também casos isolados em estados de outras regiões, tais como Bahia, Ceará, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul. São Paulo e Minas Gerais são os estados com maior número de casos notificados. Apesar de ser uma doença tipicamente rural, nos últimos anos, o número de casos nas cidades tem vindo a aumentar. A doença não é muito comum, sendo responsável, por exemplo, no Brasil por cerca de 40 a 100 casos por ano.
Perigos
A febre maculosa é uma febre da carraça que responde bem ao tratamento com antibióticos, mas se não for tratada prontamente, pode causar sérios danos aos órgãos internos, como:
- Rins,
- Fígado,
- Coração,
- Sistema nervoso central.
Nos casos maios graves pode levar à morte. Por não ser uma doença muito comum, frequentemente não é corretamente identificada, o que atrasa o início de um tratamento adequado e eficaz, fazendo com que a taxa anual de mortalidade possa rondar os 15 a 35%.
Sintomas
O período de incubação da febre maculosa varia de 2 a 14 dias, dependo da quantidade de bactérias que foi inoculada. No início do quadro é muito difícil distinguir a febre maculosa de várias outras doenças febris comuns, incluindo as viroses mais conhecidas. Em geral os primeiros sinais e sintomas da infeção são:
- Febre alta,
- Dor de cabeça
- Dores no corpo,
- Mal-estar geral,
- Náuseas
- Vómitos.
Poucos dias depois, lesões de pele, chamadas de máculas, podem aparecer nos membros e no tronco, daí o nome da doença ser febre maculosa.
Tratamento
Sem tratamento antibiótico, o taxa de mortalidade da febre maculosa chega a 75%. Os doentes que começam o tratamento com antibiótico antes do 5º dia têm até 5 vezes mais probabilidades de ficarem curados e sem sequelas (surdez e paralisia de membros) do que os que só iniciam o tratamento após o 5º dia de doença.
Felizmente, nem todos os casos desta febre da carraça evoluem de forma grave. Há formas mais brandas da doença, que pode curar-se espontaneamente após 2 ou 3 semanas de sintomas. Porém, a maioria dos casos não se comporta de forma tão benigna.
Dúvidas no diagnóstico
Não se deve esperar para ver se a pessoa vai apresentar a forma grave ou branda, deste tipo de febre da carraça, pois essa espera pode ser fatal. Da mesma forma, se pela história clínica e epidemiológica o médico suspeitar de febre maculosa, ele não deve esperar pelo aparecimento do rash para confirmá-la, muito menos pelos resultados dos exames laboratoriais.
Se o médico suspeita de febre maculosa, ele deve iniciar os antibióticos, mesmo não tendo certeza do diagnóstico. Por exemplo, se o paciente tem os sintomas iniciais da doença, principalmente febre alta e mal-estar, e conta uma história de picada recente de carrapato, isso já é suficiente para o início do tratamento. De forma semelhante, se o paciente com sintomas vem de uma área que recentemente têm registrado casos de febre maculosa, isso também já autoriza o médico a iniciar o tratamento.
Entretanto, é importante destacar que o simples fato de ter sido picado por um carrapato não é motivo para iniciar o tratamento. Estima-se que apenas 1% dos carrapatos em áreas endémicas estejam contaminados com a Rickettsia rickettsii. Fora das áreas endêmicas, nenhum carrapato está contaminado. Se o médico têm dúvidas, não é errado começar mais de um antibiótico visando o tratamento das hipótese diagnósticas mais graves. Sendo assim, o médico pode começar antibióticos visando a febre maculosa e a meningite meningocócica, por exemplo. Ambas são infeções com alta taxa de mortalidade e que precisam de tratamento precoce.
Antibióticos mais eficazes
O antibiótico de escolha para o tratamento da febre maculosa é a doxiclina (Actidox®), que pode ser administrada de forma oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro. O tratamento é mantido até 72 horas depois do desaparecimento da febre, o que costuma ocorrer no 2º ou 3º dia de tratamento. Na maioria dos casos o tratamento costuma durar 7 dias.
Uma alternativa é o cloranfenicol, sendo este o antibiótico mais indicado para grávidas com febre maculosa, pois a doxiclina é contraindicada na gravidez. O problema do cloranfenicol é o risco de efeitos colaterais graves, como a aplasia de medula, evento que ocorre em 1 a cada 25.000 pessoas tratadas. Portanto, em todas as pessoas não grávidas o tratamento deve ser feito preferencialmente com doxiclina.
A maioria dos pacientes responde rapidamente ao tratamento e a mortalidade é baixa quando o antibiótico é iniciado nos primeiros 5 dias. Uma vez curado, a maioria dos doentes desenvolve imunidade contra Rickettsia rickettsii para o resto vida, não havendo risco de ter a doença novamente.
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Carrapato, carraças ou chatos como controlar?
As carraças são essencialmente trazidas para dentro de casa à “boleia” dos animais de estimação. Por isso, é essencial fazer uma desparasitação externa eficaz das mascotes durante todo o ano, usando:
- Coleiras,
- Líquidos spot-on (ampolas)
- Sprays
- Champôs
A maioria dos produtos disponíveis no mercado faz um controlo simultâneo de pulgas e carraças e, alguns deles, também de moscas e mosquitos.
Deve desinfestar-se o ambiente de casa?
Quando o ambiente onde o animal vive está muito infestado, seja num canil, no quintal ou dentro de casa, é recomendada a pulverização destes locais. Deve ter sempre em atenção que estes produtos são medicamentos que, quando usados em excesso, são tóxicos e podem ser prejudiciais para a saúde do seu animal ou até mesmo para a sua saúde. Aconselhe-se junto do médico veterinário e na Farmácia sobre qual o produto mais adequado para cada animal e ambiente.
Cuidados de proteção
Principalmente no tempo mais quente, as carraças acumulam-se nos locais com ervas altas, matos e vegetação pelo que se deve limitar o acesso dos animais a estas áreas, mesmo quando estão devidamente desparasitados.
Ao chegar a casa, é prudente fazer a inspeção do animal, não esquecendo as zonas mais escondidas como o espaço entre os dedos. As carraças encontradas devem ser removidas com cuidado de forma a eliminar totalmente o parasita sem deixar as suas peças bucais que podem ser responsáveis pela formação de reações inflamatórias locais. Se após a remoção da carraça, o animal apresentar alterações no seu estado de saúde como falta de apetite, prostração ou urina muito escura deve recorrer imediatamente ao veterinário.
Como tirar a carraça de forma correta?
Se encontrar uma carraça a morder a sua pele, deve removê-la o mais depressa possível. Deve fazê-lo de forma cuidadosa e segura de acordo com os passos abaixo indicados:
- Proteja as mãos com luvas de látex ou com papel;
- Segure a carraça o mais próximo possível da sua pele, com o auxílio de uma pinça de pontas finas ou com um extrator próprio. Não deve apertar a “barriga” da carraça pois poderá provocar a injeção do seu fluido infetado;
- Depois de bem presa, deve puxar a carraça para cima aplicando uma força constante, sem a arrancar de forma brusca nem torcer para não partir as peças bucais deixando-as enterradas na pele. Se isso acontecer, pode removê-las com a pinça;
- Após a remoção da carraça, lavar o local da picada com água e sabão e desinfetar com solução iodada;
- Colocar a carraça num frasco com álcool, pois isso irá causar a sua morte, e, se possível, guarda-lo para auxiliar o seu médico no diagnóstico no caso de ficar doente;
- Não é recomendável usar vaselina, azeite ou recorrer ao calor para “adormecer” a carraça pois estes métodos causam a regurgitação de saliva para o hospedeiro, aumentado as possibilidades de infeção.
Se até cerca de um mês após a mordedura da carraça, encontrar manchas vermelhas no local da picada ou se sentir cansado, febril ou com dores no corpo e cabeça, recorra imediatamente ao médico. Se não o fizer, a infeção vai progredindo com o aparecimento de sintomas cada vez mais graves como paralisias ou alteração das capacidades intelectuais.
Doença de Lyme o que é?
A doença de Lyme é uma infeção bacteriana transmitida por carraças, muito comum na América do Norte e na Europa.
O nome te origem nos diversos casos que ocorreram em 1997 na cidade de Lyme, em Connecticut (EUA). Pelo facto de um dos principais sintomas ser inchaço e dor nas articulações, acreditava-se que era artrite. Porém, como os casos eram agudos (os sintomas desapareciam) e afetavam apenas adolescentes, os pacientes foram estudados e a doença de Lyme foi descoberta. Apesar disso, acredita-se que a doença seja muito mais antiga.
Causas
A doença de Lyme é causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, mas a transmissão dá-se através das carraças. São elas que carregam e as bactérias e que podem transmiti-las para os seres humanos por meio de picadas. As carraças prendem-se à pele, onde podem permanecer bastante tempo enquanto sugam o sangue do hospedeiro. Os locais preferidos do corpo humano para as carraças são as axilas, couro cabeludo e região da virilha.
Para transmitir a doença, as carraças devem ficar presas à pele do hospedeiro durante 36 a 48 horas no mínimo. Quanto menor a carraça, maiores são as probabilidades de transmitir a doença de Lyme, pois são mais difíceis de serem detetadas.
Quando são transmitidas, as bactérias entram na pele através da picada e invadem a corrente sanguínea, espalhando-se pelo corpo.
Fatores de risco
A doença de Lyme é mais comum nos Estados Unidos e em algumas regiões central e leste da Europa, bem como no sudeste da Escandinávia e no norte do Mediterrâneo, em países como Itália, Espanha e Grécia. Pessoas que viajam para esses locais e passam muito tempo em áreas arborizadas e com relva estão sob maior risco de contrair a doença. Pessoas com ocupações ao ar livre também são mais propensas a desenvolver este problema.
Se for viajar para esses locais, certifique-se quais as regiões que ainda sofrem com infestações de carraças e evite ficar com a pele exposta. Se detetar uma carraça, remova-a rapidamente, mas de forma correta. Não identificar e não remover corretamente a carraça da pele também aumentam probabilidades de desenvolver doença de Lyme.
Sintomas
Os sinais e sintomas da doença de Lyme variam e normalmente afetam mais de uma parte do corpo, principalmente pele, articulações e sistema nervoso.
Sinais precoces
Estes sinais e sintomas podem ocorrer dentro de aproximadamente um mês após a infeção pela bactéria causadora da doença de Lyme:
- Surgimento de uma protuberância avermelhada na região em que houve picada. A erupção, denominada eritema migrans, é uma das características da doença de Lyme. Algumas pessoas desenvolvem esta erupção em mais do que um local do corpo
- Sintomas gripais, como febre, calafrios, fadiga, dores no corpo e dor de cabeça pode acompanhar a erupção cutânea.
Sinais e sintomas tardios
Em algumas pessoas, a erupção cutânea pode espalhar-se para outras partes do corpo e, várias semanas ou meses depois de ter sido infetado, podem surgir:
- Dores nas articulações e inchaço
- Problemas neurológicos, como meningite, paralisa temporária de um lado do rosto (chamado de paralisia de Bell), dormência ou fraqueza dos membros, além de movimentos musculares prejudicados.
Sintomas menos comuns
Várias semanas após a infeção, algumas pessoas podem desenvolver sintomas menos comuns, a exemplo de:
- Problemas de coração, como um batimento cardíaco irregular, que não costumam durar mais do que alguns dias ou semanas
- Inflamação dos olhos
- Inflamação do fígado (hepatite)
- Fadiga severa.
Tratamento
Consulte um médico se foi picado recentemente por uma carraça, mesmo se não estiver apresentando sintomas. Caso sinta fraqueza, dormência nos membros, dores ou quaisquer outros sintomas, procure a ajuda de um especialista o mais rápido possível.
Sendo uma infeção bacteriana os antibióticos mais utilizados são os seguintes:
- Doxiciclina (Actidox®), excepto crianças até aos 9 anos, grávidas e mães a amamentar;
- Cefuroxima (Zoref®, Zipos®);
- Amoxicilina (Clamoxyl®);
- Ceftriaxona intravenosa (Mesporin®), nos casos mais graves;
- Penicilina intravenosa (nos casos mais graves)
Concluindo
A picada de uma carraça não é coisa pouca… pode correr muito mal! Tenha especial atenção aos seus animais de estimação principalmente cão e gato e quando for fazer um piquenique tenha um cuidado suplementar aos sintomas de irritação na pele “tipo picada” que possam surgir durante ou após os seus “momentos de lazer com a Natureza”. Deve ser aplicada um vigilância especial ás crianças que adoram cães e gostam de “rebolar na relva”… o que é ótimo desde que não recebam a visita dos parasitas em causa neste artigo!
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Fontes:
- Manuais MSD;
- Globalvet;
- Dr Pedro Pinheiro;
Por favor PARTILHE esta informação que no tempo quente pode evitar muitos problemas graves em adultos e crianças em contacto com a Natureza.
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