FALTA DE AR CAUSAS E PERIGOS

Falta de ar ou dispneia, é um sintoma não uma doença. Pode indicar que o oxigénio não está a chegar às células e tecidos do organismo em quantidade suficiente, sendo por conseguinte um sinal de alarme!

Falta de ar o que é exactamente?

A falta de ar caracteriza-se por desconforto ou dificuldade em respirar, podendo associar-se a outros sinais tais como:

  • Aperto no peito,
  • Cansaço,
  • Fadiga ao realizar tarefas diárias simples como andar, subir escadas ou comer.

Causas

A falta de ar pode ter diversas cusas tais como:

  • Oxigénio abaixo dos níveis desejáveis como por exemplo, a grandes altitudes;
  • Obstrução das vias aéreas;
  • Problema no coração ou obstrução à circulação sanguínea;
  • Níveis de glóbulos vermelhos/hemoglobina, que transportam o oxigénio no sangue, demasiado baixos;
  • Problema nos pulmões que impede as trocas gasosas.

Doenças que causam falta de ar

Diversas doenças podem ter como sintoma a falta de ar, a saber:

  • Asma;
  • DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica);
  • Pneumonia;
  • Tuberculose;
  • Infeção respiratória;
  • Infeção pulmonar;
  • Edema pulmonar;
  • Enfarte do miocárdio;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Anemia;
  • Anafilaxia (reação alérgica grave);
  • Ansiedade;
  • Crise de pânico.

Exames para detetar niveis de oxigénio

Exames simples permitem saber se os níveis de oxigénio estão baixos ou se a falta de ar é provocada por ansiedade ou crise de pânico. Os mais utilizados são:

  • Oxímetro de pulso – é um exame não invasivo que permite medir a saturação de oxigénio que deve estar acima dos 95%;
  • Gasometria arterial – feita através de exame de sangue.

Saturação de oxigénio

Saturação de oxigênio usa o termo saturação para indicar a quantidade (em %) de um gás num líquido, neste caso em particular do oxigénio no sangue. Em medicina mede-se a saturação de oxigênio em fluídos corporais, principalmente no sangue.

Assim o termo saturação de oxigênio emprega-se para referir o nível de oxigenação do sangue. A oxigenação produz-se quando as moléculas de oxigênio entram nos tecidos do corpo. Por exemplo, o sangue oxigena-se nos pulmões, onde as moléculas de oxigênio viajam do ar para o sangue e combinam-se com a hemoglobina formando a oxi-hemoglobina, e com ela chegam a todo o corpo.

saturação de oxigênio no sangue, concretamente a saturação arterial de oxigênio (SaO2), é um importante parâmetro para avaliar a função respiratória. Em muitos casos, segundo o quadro clínico, a idade e a situação do paciente, permite tirar conclusões sobre a função e a atividade do pulmão.

Pressão parcial de oxigênio (pO2)

O uso mais corrente da saturação em medicina é o nível de saturação de oxigénio no sangue arterial mediante o método da pulsioximetría para poder detectar a insuficiência respiratória. É muito importante a monitorização do paciente durante a anestesia geral utilizada nas cirurgias ou durante a oxigenoterapia de um doente com falta de ar. Mede-se a % de oxigénio  ligada à hemoglobina do sangue (oxi-hemoglobina).

Os valores de saturação expressam-se com a abreviatura “S”, acrescentando o símbolo químico do oxigênio (SO2).

A baixas pressões parciais de oxigénio, a maioria da hemoglobina está desoxigenada. Cerca de 90% (o valor varia segundo o contexto clínico), a saturação de oxigénio aumenta de acordo com uma curva de dissociação de oxi-hemoglobina e aproxima-se de 100% a pressões parciais de oxigênio superiores aos 10 kPa.

O gráfico em forma de curva mostra que a % de hemoglobina saturada de oxigénio está diretamente relacionada com a pressão arterial parcial de oxigênio (pO2). Quanto mais alta é a pressão parcial do oxigênio (pO2) mais alta é a saturação de oxigénio no sangue arterial (SaO2). Devido à dependência da afinidade do oxigénio com a hemoglobina, que depende do número de moléculas de O2 já ligadas, esta relação não é linear. A curva do oxigénio ligado à hemoglobina mostra uma pendente em forma de “S”.

Valores médios:

  • pO2 (sangue arterial): 71 – 100 mm Hg; sO2: 94 – 97 %
  • pO2 venosa mista: pO2: 36 – 44 mm Hg; sO2: 65 – 82 %

A medida da saturação realiza-se com o oxímetro de pulso e baseia-se no princípio de absorção de uma luz característica pela oxi-hemoglobina. O valor da saturação de oxigénio no sangue para os humanos está na faixa de 95-99%. Para os fumadores, estes valores são mais baixos.

Uma saturação de oxigénio no sangue inferior ao 90% implica uma hipoxia que pode ser originada, entre outras causas, por uma anemia. Um dos sintomas de uma baixa saturação de oxigênio no sangue é a cianose.

Morte eminente e saturação de oxigénio

Em doentes terminais, por exemplo na sequência de processos oncológicos, um dos indicadores de probabilidade de morte eminente, no espaço de 48 horas, é a conjugação do nível de saturação de oxigénio abaixo de 90% em simultâneo com uma baixa acentuada da pressão arterial.

Para prever a morte de um paciente em estado terminal, esta é uma das métricas mais usadas juntamente com sons respiratórios associados com o movimento das secreções e a confusão mental.

Tratamento

O tratamento dependerá sempre da causa subjacente pois as causas de falta de ar são muito diversas . Assim, o tratamento poderá consistir na administração de:

  • Antibióticos se causa for doença infeciosa bacteriana;
  • Corticoides por via inalatória, oral ou outra se a doença for, por exemplo, asma ou outras doenças inflamatórias sem vestígios de infeção;
  • Broncodilatadores se necessário (ex: salbutamol);
  • Oxigénio, incluindo através de máscara, ventilação mecânica ou mesmo intubação se SaO2 < 90%.

Prevenção

Há um conjunto de recomendações que ajudam a prevenir a falta de ar, a saber:

  • Evitar fatores de risco, como tabagismo, obesidade e sedentarismo;
  • Se tem asma, evite os alergénios que podem provocar falta de ar;
  • Use a medicação de acordo com a prescrição médica, mesmo que se sinta bem;
  • Se tem asma transporte consigo um broncodilatador de efeito rápido como o salbutamol, para usar em caso de broncospasmo repentino, sem obstrução das vias aéreas;
  • Mantenha-se ativo;
  • Treine a respiração com algumas técnicas respiratórias;
  • Faça exercício para fortalecer os músculos da caixa torácica (sob recomendação e orientação de um profissional de saúde).

Sinais de emergência

O sinal de perigo eminente mais simples de detetar é um tom arroxeado em zonas como os lábios, nariz ou dedos, sendo uma pista clara de falta de oxigenação dos tecidos. Procure ajuda médica imediata.

Adesão ao tratamento

As pessoas com determinadas doenças respiratórias podem ter falta de ar quando não tomam os medicamentos ou quando não os tomam conforme prescrição médica por pensarem que já não precisam.

Concluindo

Um sintoma de falta de ar é sempre grave mesmo quando a causa não tenha o dramatismo proporcional ao sintoma. A falta de ar cauisa desde logo um significativo aumento da ansiedade do paciente que liberta uma cascata de respostas inflamatórias que por vezes pioram a sintomatologia e criam um ciclo de pãnico dificil de controlar. Neste caso um pedido de ajuda médica urgente (ligar 112) é sempre a escolha correta para tratar e identificar a causa dessa crise de falta de ar. Se no entanto a falta de ar se instalar de forma mais lenta e progressiva deve contactar a linha de saúde 24 (808242424) para uma avalição preliminar e encaminhamento adequado.

Referências bibliográficas:

  • Pubmed.gov
  • Saúde CUF