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DOR NO OMBRO SERÁ SINAL DE PERIGO?



Dor no ombro será sinal de perigo? Uma dor no ombro pode simplesmente ser de origem traumática, inflamatória, muscular ou articular mas também pode ser sinal de que um ataque cardíaco ou enfarte do miocárdio poderá estar para breve. Se a esta dor se juntarem sintomas de falta de ar, náuseas, indigestão ou azia, o melhor é correr para o médico mais próximo.

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

  • Qual a anatomia do ombro?
  • Dor no ombro qual a origem?
  • Causas traumáticas e não traumáticas quais as mais frequentes?
  • Desporto e lesões do ombro quais os desportos mais perigosos?
  • Calcificação do tendão quais os tratamentos?
  • Artrose do ombro o que é? Como diagnosticar?
  • Dor no ombro pode preceder um ataque cardíaco?
  • Ataque cardíaco ou enfarte do miocárdio o que é?
  • Quais as causas de um ataque cardíaco?
  • Quais as possíveis sequelas permanentes?
  • Existe tratamento para um ataque cardíaco?
  • Enfarte do miocárdio quais os sintomas?
  • Quais os fatores de risco associados ao enfarte do miocárdio?
  • Diagnóstico como é feito?
  • Tratamentos quais os melhores?
  • Quais as complicações da doença?
  • O que fazer se estiver sozinho e tiver sintomas de enfarte?
  • Como evitar o desmaio?
  • Como tentar regularizar o ritmo cardíaco?

Anatomia do ombro

A articulação do ombro é uma das mais complexas do corpo humano, porque permite o maior grau de liberdade de movimentos. O ombro, ou melhor, a cintura escapular é composta por 3 ossos:

  • Escápula ou omoplata,
  • Clavícula,
  • Úmero (osso do braço).

Anatomia do ombro melhorsaude.org melhor blog de saude

Espaço subacromial e tendões do manguito rotador

O teto do manguito rotador é formado por uma proeminência da escápula, chamada de acrômio. Esse osso pode ter diferentes formatos: reto, curvo ou ganchoso. Os formatos curvo ou ganchoso podem predispor a alterações, como a síndrome do impacto ou as lesões dos tendões do manguito rotador. O “chão” desse espaço subacromial é formado por uma proeminência chamada tubérculo ou tuberosidade maior. É nessa tuberosidade que se inserem os tendões supraespinal e infraespinal.

Anatomia do ombro melhorsaude.org melhor blog de saude

A bursa

A bursa, por fim, é um tecido localizado entre esse teto (acrômio) e o chão (tendões do manguito rotador). É um bolsa de tecido lubrificante que diminui o atrito entre essas duas regiões. Apesar de sempre ser considerada como a causa dos problemas no ombro, a inflamação da bursa (bursite) é a consequência de alguma alteração biomecânica ou biológica do espaço subacromial.

Bursite no ombro melhorsaude.org melhor blog de saude

Dor no ombro qual a origem?

A dor no ombro, regra geral, tem duas origens:

  • Causas traumáticas
  • Causas não traumáticas.

Entre as causas inflamatórias não traumáticas temos como mais frequentes as seguintes:

  • Bursite do ombro
  • Tendinite do ombro

A articulação gleno-umeral é das que apresentam maior mobilidade, no entanto a dor no ombro nem sempre está associada com o movimento dessa articulação, pois muitos doentes referem sintomas agravados durante a noite impedindo-os de dormir para o lado do ombro afetado. Nestes casos a causa primária é a inflamação da articulação que provoca a dor e não o movimento.

Dor com causas traumáticas

Traumatismo direto do ombro

As principais causas traumáticas são as quedas com traumatismo direto do ombro, que originam com frequência:

  • Fraturas do úmero proximal
  • Luxações da acromioclavicular (geralmente em doentes mais jovens).

Luxação do ombro melhorsaude.org melhor blog de saude

Desporto e lesão do ombro quais os mais perigosos?

Alguns desportos causam com mais frequência traumatismos diretos do ombro, a saber:

  • Ciclismo e principalmente BTT
  • Râguebi
  • Futebol americano

Dor no ombro após queda

Como é óbvio uma queda pode resultar também numa lesão menos grave embora sempre com necessidade de tratamento cuidado. Assim algumas das lesões que também acontecem com frequência são:

  • Entorse com estiramento
  • Rotura das estruturas musculoligamentares envolventes.

Dor com causas não traumáticas

Entre as causas não traumáticas, tal como já referido, a bursite e a tendinite no ombro são mais comuns. Aparecem muitas vezes na sequência de:

  • Atividade laboral com movimentos repetitivos
  • Atividade desportiva com esforço excessivo

Entre as modalidade desportivas que causam mais dor não traumática do ombro temos:

  • Musculação e ginásio
  • Natação,
  • Voleibol,
  • Andebol,
  • Ténis.

Fadiga simples também pode ser acompanhada por dor muscular no ombro, mas trata-se sem necessidade de qualquer medicamento.

Calcificação ou tendinite calcificante

Tendinite calcificante da coifa dos rotadores ou simplesmente conhecida como calcificação do ombro caracteriza-se pela deposição de fosfato de cálcio que origina inflamação e crises dolorosas.

RX e a Ecografia são os métodos mais usados para validar o diagnóstico.

Dor por calcificação do tendão

Controlar estas crises dolorosas não é tarefa fácil! Alguns dos tratamentos mais usados são os seguintes:

  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINE´s),
  • Fisioterapia, com recurso a ondas de choque,
  • Cortisona intramuscular,
  • Infiltração subacromial ou a “barbotage” guiada por ecografia (picadas sucessivas com agulha, em Inglês “needling”), quando os métodos acima referidos não resultam,
  • Limpeza das calcificações por artroscopia quando todos os outros tratamentos falham.

Artrose no ombro ou omartrose

Omartrose ou artrose no ombro é causada pelo desgaste da cartilagem da articulação do ombro. Pode afetar apenas um ou os dois. As causas são semelhantes às que ocorrem noutras articulações do corpo humano.

Pode ser primária ou essencial quando resulta de alterações degenerativas  da idade ou secundária a outras patologias como:

  • Roturas da coifa,
  • Lesões traumáticas (fraturas da cabeça umeral ou da glenoide, luxação e instabilidades da glenohumeral),
  • Patologia reumatismal,
  • Necroses da cabeça umeral.

Ombro normal melhorsaude.org melhor blog de saude

Ombro com artrose melhorsaude.org melhor blog de saude

Enfarte ou ataque cardíaco e dor no ombro

Um dos sinais atípicos de um possível início de ataque cardíaco é uma dor no ombro difusa sem origem traumática. Assim vale a pena relembrar como identificar que podemos estar a ter um enfarte ou ataque cardíaco.

Ataque cardíaco, o que é?

Um ataque cardíaco ou enfarte do miocárdio ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado. Se o fluxo sanguíneo não for restaurado rapidamente, essa secção do músculo cardíaco ficará danificada devido à falta de oxigénio e começará a morrer.

Um ataque cardiaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado
Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado

O ataque cardíaco é uma das principais causas de morte, tanto em homens como em mulheres.

O enfarte é definido como uma lesão isquemia do músculo cardíaco (miocárdio), que se deve à falta de oxigénio e nutrientes. Os vasos sanguíneos que irrigam o miocárdio (artérias coronárias) podem apresentar depósitos de gordura e cálcio, levando a uma obstrução e comprometendo a irrigação do coração.

As placas de gordura localizadas no interior das artérias podem sofrer uma fissura causada por motivos desconhecidos, formando um coágulo que obstruí a artéria e deixa parte do coração sem “abastecimento” de sangue. É assim que ocorre o enfarte do miocárdio. Esta situação vai levar à morte celular (necrose), a qual desencadeia uma reacção inflamatória local.

Localização das artérias coronárias e infarte do miocárdio
Localização das artérias coronárias e enfarte do miocárdio

O enfarte também pode ocorrer em vasos coronários normais quando as artérias coronárias apresentam um espasmo, ou seja, uma forte contração que determina um défice parcial ou total no abastecimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado por este vaso contraído.

Localização anatómica do pericárdio, epicárdio miocárdio e endocárdio
Localização anatómica do pericárdio, epicárdio miocárdio e endocárdio

Causas de um ataque cardíaco

A principal causa de um ataque cardíaco é a doença das artérias coronárias, onde existe a formação de placas de gordura nas paredes das artérias coronárias, que diminui o transporte de oxigénio e sangue ao coração.

Eventualmente, uma placa pode romper, causando coágulo sanguíneo na superfície da placa. Se o coágulo ficar muito grande, ele pode bloquear totalmente ou quase totalmente o fluxo de sangue rico em oxigénio para a parte do músculo cardíaco alimentado pela artéria.

Durante um ataque cardíaco, se o bloqueio na artéria coronária não for tratado rapidamente, o músculo cardíaco começa a morrer e a ser substituído por tecido cicatrizado. Este dano do coração pode não ser óbvio, ou pode causar problemas graves de longo prazo.

Causas em detalhe

O enfarte está mais frequentemente associado a uma causa mecânica, ou seja, à interrupção do fluxo sanguíneo para uma determinada área, devido a obstrução completa ou parcial da artéria coronária responsável pela sua irrigação.

O tamanho da área necrosada depende de vários fatores, tais como o calibre da artéria lesada, tempo de evolução da obstrução e desenvolvimento da circulação colateral. Esta, quando bastante extensa, é capaz de impedir a instalação de enfarte, mesmo em casos de obstrução total da coronária.

Pode também ocorrer por aumento do trabalho cardíaco relacionado com um aumento da pressão arterial.

Miocárdio privado de oxigénio
Miocárdio privado de oxigénio

Fatores de risco

Os fatores de risco mais importantes que aumentam a probabilidade de enfarte são os seguintes:

  • Colesterol LDL alto e HDL baixo
  • Sedentarismo
  • Tabagismo
  • Hipertensão arterial
  • Menopausa
  • Stress
  • Excesso de peso
  • Diabetes mellitus
  • História familiar ou predisposição genética
  • Idade
  • Alterações hemodinâmicas: hipertensão arterial, hipotensão, choque, mal-estar, etc.

Sintomas de enfarte do miocárdio

sintoma clássico é uma dor e aperto no lado esquerdo ou no centro do peito podendo irradiar para o pescoço ou para o braço esquerdo, porém em cerca de 15% dos casos, o sintoma pode ser atípico tal como:

  • Dor no lado direito do peito
  • Dor no ombro
  • Suor
  • Enjoo
  • Vómitos
  • Dor de estômago
  • Falta de ar
  • Tonturas
  • Palpitações ( arritmias )

Esta dor tem, habitualmente, duração superior a 10 minutos, pode ter diferentes intensidades ou ainda desaparecer  e voltar espontaneamente.

Infelizmente, nem todos os pacientes têm este sintoma. Os diabéticos, por exemplo, podem ter um enfarte sem apresentar dor.

Diagnóstico de enfarte do miocárdio

O diagnóstico é baseado em 3 fatores:

  • Quadro clínico,
  • Alterações no ECG (eletrocardiograma)
  • Doseamento de enzimas cardíacas que se alteram no enfarte do miocárdio.

Escolha sempre um médico da sua confiança para tratar os seus sintomas e para lhe auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares.

Tratamento para o ataque cardíaco

Atualmente há tratamentos para ataques cardíacos que salvam vidas e previnem incapacidades graves. O tratamento é mais eficiente quando começa dentro de 1 hora após os sintomas do ataque cardíaco.

Tratamentos disponíveis

Qualquer que seja o tratamento escolhido pelo médico que vai prestar assistência ao paciente com enfarte, o ideal é que ele comece dentro das primeiras 6 horas após o início da dor.

Quanto mais precoce, maior é a possibilidade de ser restabelecido o fluxo sanguíneo e de oxigénio nas artérias coronárias, evitando as complicações decorrentes da necrose do músculo cardíaco.

Pontos importantes do tratamento são:

  • Alívio da dor
  • Repouso para reduzir o trabalho cardíaco
  • Administração de agentes trombolíticos para melhorar o fluxo sanguíneo

A administração de oxigénio em fluxo contínuo nas primeiras seis horas, reduz a dor associada à baixa concentração de oxigénio circulante. O uso de drogas que reduzem o uso de oxigénio pelo coração faz com que o músculo cardíaco sofra menos isquemia (ausência de sangue).

A probabilidade aumentada de complicações no período de 72 horas, após o enfarte,  justifica a monitorização contínua.

Superada esta fase, o paciente é encaminhado para um quarto restringindo-se o número de visitas. Progressivamente, ele pode sentar-se durante breves períodos, começa a deambular por volta do quarto ou quinto dia.

Esta mobilização precoce melhora sensivelmente o bem-estar, além de reduzir a incidência de tromboembolia. Mas o paciente deve ser acompanhado de perto para detetar possíveis alterações consequentes a esta atividade física.

A dieta será liberada à medida que as condições clínicas permitirem, devendo ser hipocalórica e hipossódica (com pouco sal).

As evacuações não devem significar esforço para o paciente, usando, se necessário, laxantes suaves.

Os tranquilizantes podem ser utilizados para amenizar a angústia de alguns doentes, mas com muito cuidado, já que esses medicamentos podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão sistólica.

Sequelas e complicações

Problemas graves relacionados com ataque cardíaco podem incluir:

  • Insuficiência cardíaca
  • Arritmias cardíacas potencialmente fatais.

Insuficiência cardíaca é uma condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente pelo corpo.

Fibrilação ventricular é uma arritmia séria que pode causar morte se não for tratada rapidamente.

De forma resumida, as principais complicações do enfarte são:

  • Arritmia cardíaca
  • Choque cardiogénico
  • Insuficiência respiratória
  • Insuficiência renal
  • Paragem cardiorespiratória

As complicações mais letais são as arritmias, que podem ocorrer, mais frequentemente, nas primeiras 24 horas após o enfarte.

Por isso, é importante que, idealmente, pelo menos 72 horas, os pacientes fiquem sob cuidados médicos em unidades de tratamento intensivo, onde recebem todos os cuidados necessários para detetar precocemente e tratar essas arritmias, através de uma monitorização contínua das complicações do enfarte.

O que fazer se estiver sozinho?

Muitas pessoas estão sozinhas quando têm um ataque cardíaco. Sem ajuda, a pessoa sente o  coração a bater de forma irregular e começa a sentir-se fraca tendo apenas alguns segundos antes de desmaiar.

Para evitar o desmaio e tentar regularizar o ritmo cardíaco, deve:

  • Tossir repetidamente com bastante força
  • Respirar bem fundo antes de tossir e a tosse deve ser forte e prolongada, vinda do fundo do peito.
Uma inspiração e uma tosse devem ser repetidas a cada 2 segundos sem parar, até que chegue ajuda, ou que sinta que o coração voltou a bater normalmente.  As inspirações profundas trazem oxigênio para os pulmões e os movimentos de tossir “bombeiam” o coração e mantêm o sangue a circular.

Esta pressão no coração também faz com que ele volte a bater normalmente e dessa maneira a vítima tem tempo de chegar ao hospital.

Se reconhecer algum destes sinais, ligue o 112 imediatamente!

Concluindo

Este é sem dúvida um dos artigos que pode poupar muitas vidas se esta informação for passada para o público em geral. Todos os anos milhares de pessoas podiam ser salvas se soubessem reconhecer a tempo sintomas simples que não deixam muitas dúvidas sobre o que lhes pode estar a acontecer. A rapidez da assistência médica é essencial mas,  para ser eficaz, doentes e famílias têm de saber reconhecer os sintomas a tempo!

Uma dor no ombro é na maioria das vezes um sintoma de problemas musculares ou articulares mas em alguns casos pode ter origem cardiovascular sendo neste caso um evento de extrema gravidade que no entanto pode salvar-lhe a vida se for valorizado a tempo! A única forma de ter a certeza é procurar apoio médico urgente. Não arrisque principalmente se tiver fatores de risco cardiovasculares tais como colesterol alto, história familiar de pais ou irmãos com eventos cardíacos, excesso de peso, hipertensão, diabetes e picos de ansiedade entre outros fatores. Proteja-se… pela sua saúde e pelo afeto que tem aos que lhe são mais próximos!

Fique bem!

Franklim A. Moura Fernandes