Pílula contracetiva ou anticoncecional afinal o que corta o efeito da pilula? Será que os chás e o álcool cortam o efeito da pílula? E se tiver vómitos e diarreia, o que acontece? E os lapsos de memória na toma da pílula? Quais os medicamentos que cortam o efeito? Saiba tudo e evite surpresas pois em princípio… os bebés serão mais felizes se forem desejados 🙂
Contracepção e medicamentos
Diversos medicamentos diminuem a eficácia da pílula contraceptiva sendo alguns antibióticos os mais conhecidos. Se o seu médico ou farmacêutico confirmar que esse medicamento corta o efeito da pílula contraceptiva, deve tomar precauções adicionais, continuando a tomar a pílula anticoncepcional como habitualmente nas seguintes situações:
- 1ª ou 2ª semana da toma da pílula – Se iniciou ou terminou o medicamento durante 1ª ou 2ª semana de toma da pílula, deve utilizar proteção adicional durante todo o tratamento e 7 dias após ter terminado. A toma da pílula mantém-se como normalmente;
- 3ª semana da toma da pílula – Se iniciou ou terminou a toma do medicamento durante a 3ª semana da toma da pílula, deve continuar a toma da pílula e fazer a habitual pausa para lhe aparecer o período menstrual. É essencial utilizar uma proteção complementar até chegar ao 7.° comprimido da próxima carteira da pílula.
Parece não existir evidência científica de que a generalidade dos antibióticos corta o efeito da pílula anticoncepcional , exceto no caso dos indutores de enzimas, como a rimfapicina.
Aparentemente os antibióticos não indutores, não interferem com a ação contracetiva da pílula. No entanto, por vezes, estes alteram a flora intestinal e, ao causar diarreia próxima da hora de tomar a pílula contracetiva, o efeito contracetivo pode ficar diminuindo.
Antibióticos
É aconselhável a utilização de métodos contracetivos adicionais aos da pílula na toma dos seguintes antibióticos:
- Penicilinas (Ex: Amoxicilina, ampicilina);
- Rifampicina;
- Tetraciclinas (Ex: Oxitretraciclina, doxiciclina, minociclina).
Existem diversos antibióticos que parecem não interferir com a eficácia da pílula contracetiva, a saber:
- Azitromicina;
- Claritromicina;
- Clindamicina;
- Ciprofloxacina;
- Doxiciclina;
- Fosfomicina;
- Levofloxacina;
- Metronidazol;
- Nitrofurantoína;
- Norfloxacina;
- Ofloxacina.
Antifungicos
A Griseofulvina é um dos antifungicos mais descritos como responsável pelo aumento do risco de gravidez quando a mulher toma a pílula. No entanto é já pouco utilizado nos tratamentos mais actuais.
Itraconazol
O itraconazol é um antifungico muito usado no tratamento de infeções fungicas nomeadamente:
- Pés (tinha dos pés),
- Mãos (tinha das mãos),
- Pernas (tinha das pernas)
- Erupções fungicas em forma de farelo, uma doença fúngica cutânea com manchas amarelas (Pitiríase versicolor),
- Unhas (onicomicoses),
- Boca (candidíase oral),
- Orgãos reprodutivos femininos (candidíase vulvovaginal).
Segundo a literatura incluída nas embalagens de itraconazol à venda nas Farmácias, as mulheres com potencial para engravidar têm de utilizar métodos contraceptivos eficazes até ao próximo período menstrual (hemorragia menstrual) após a conclusão do tratamento.
Fluconazol
O fluconazol é um dos antifungicos mais usados actualmente. A sua literatura descreve que pode interagir com os contracetivos mas não é clara quanto ao risco de cortar o efeito da pílula ou seja não há segurança suficiente para afirmar que é 100% seguro tomar a pílula simultaneamente com o fluconazol.
Neste caso a mulher deve usar medidas suplementares de contracepção, até ao ciclo menstrual seguinte após terminar o tratamento antifúngico.
Anti-inflamatórios
Se está a tomar algum anti-inflamatório, pode estar descansada, pois nenhum destes componentes corta o efeito da pílula contraceptiva, pelo que não necessita cuidados adicionais. Alguns dos anti-inflamatórios mais utilizados são:
- Ibuprofeno (Ex: Brufen, Trifene)
- Diclofenac (Ex: Voltaren)
- Nimesulide (Ex: Nimed, Aulin)
- Naproxeno (Ex: Naprosyn)
Paracetamol
O paracetamol é um dos analgésicos mais utilizados no mundo, para mitigar sintomas de dores moderadas e febre, não tendo ação anti-inflamatória. É seguro ulilizar com a pílula contracetiva.
Esquecimento inferior a 12 horas
Uma das maiores desvantagens da pílula anticoncepcional é a necessidade da sua toma diária, fazendo do esquecimento da mesma algo bastante frequente. No entanto, caso o esquecimento da toma da pílula não seja superior a 12 horas, a eficácia da pílula mantém-se.
Mesmo assim, é importante tomar o comprimido assim que se lembrar, continuando a tomar a pílula anticoncepcional como habitualmente. Um lapso nesta situação não coloca em causa a eficácia da mesma, independentemente da semana em que ocorra o esquecimento.
Esquecimento superior a 24 horas
No caso do esquecimento ser de mais de um comprimido e a falta da toma da pílula ultrapasse as 24 horas, há medidas de prevenção a considerar, a saber:
- Uso de preservativo
- Pílula do dia seguinte.
Em caso de dúvida, pode sempre consultar o seu médico, de forma a avaliar a hipótese de uma possível gravidez.
Vómitos até 4 horas após a toma
O vómito só corta o efeito da pílula se ocorrer nas 3 a 4 horas seguintes à toma. Assim, caso vomite no intervalo que compreenda as 4 horas seguintes à toma da pílula, deverá tomar outro comprimido, pois o princípio ativo do comprimido não é totalmente absorvido pelo organismo.
Se os vómitos ocorrerem mais de 4 horas depois da toma da pílula anticoncepcional, não será necessário tomar qualquer precaução complementar, uma vez que esta já foi absorvida pelo organismo, não comprometendo assim o efeito contracetivo.
Diarreia até 4 horas após a toma
Diarreias líquidas e frequentes podem cortar o efeito da pílula. neste cenário deve tomar nova pílula, à semelhança do que acontece com os vómitos. Estudos comprovam que a pílula demora cerca de 4 horas para ser totalmente absorvida e, por isso, o seu efeito pode ficar comprometido se ocorrer um episódio de diarreia intensa e constante durante este período.
A toma do novo comprimido deve ser efetuado o quanto antes, até 12 horas a seguir à hora habitual da pílula. Uma vez mais, quanto mais tarde tomar, menor eficácia tem a pílula. Esta toma deve ser efetuada o quanto antes (até 12 horas a seguir à hora habitual de toma).
Bebidas alcoólicas
Esta é outra situação que deve ser analisada cuidadosamente. Isto é, não é por beber uma cerveja ou mesmo uma caipirinha que vai colocar em causa a eficácia da pílula. Mas a verdade é que, ao beber álcool em excesso, aumenta as probabilidades de ficar mal-disposta e de vomitar, colocando assim em causa o efeito da pílula.
Por outro lado, como a pílula deve ser tomada sempre à mesma hora, é provável que se possa atrasar na toma da mesma ou, então, esquecer-se mesmo de a tomar.
Chá de hipericão (Erva de São João)
Outro produto que corta o efeito da pílula é o chá de hipericão, também conhecido por erva-de-são-joão. Apesar das suas vastas propriedades como tratamento de depressões, efeito analgésico e antissético, facilitador da digestão, entre outros, este chá e produtos derivados da planta, devem ser consumidos com alguma precaução e moderação.
A verdade é que já foi comprovado que este chá e os seus derivados podem interferir com contracetivos e outros medicamentos, como, por exemplo, os retrovirais.
O alerta surgiu da agência de regulamentação de medicamentos sueca, quando duas mulheres que usavam produtos de ervanária contendo hipericão, engravidaram sem o desejarem. No caso, os produtos em questão eram suplementos nutricionais para tratar depressões leves.
Doenças intestinais
A pílula é principalmente absorvida nas paredes do intestino delgado. Assim, mulheres que apresentam algumas doenças intestinais como a Doença de Crohn, reticolite ulcerativa ou outras patologias intestinais inflamatórias, ou ainda que tenham realizado cirurgia bariátrica e implante de bypass jejunoileal tem maior probabilidade de engravidar, mesmo usando a pílula anticoncepcional.
Isso acontece porque, nestes casos, a absorção do medicamento pelo intestino delgado é prejudicada, e consequentemente, o efeito da pílula anticoncepcional é reduzido.
Pílula 30 respostas essenciais
Existem inúmeras questões sobre o uso da pílula contracetiva que nem sempre são respondidas de forma correcta.
Assim clique aqui ou na imagem seguinte para ler tudo o que necessita saber sobre a pílula.
Referências bibliográficas:
- Drug interactions between non-rifamycin antibiotics and hormonal contraception: a systematic review. 2018
- Antibiotics and oral contraceptive failure – A case-crossover study
- Interaction between broad-spectrum antibiotics and the combined oral contraceptive pill. A literature review.
- Drug interactions between oral contraceptives and antibiotics.
- CEDIME ( Centro de Documentação e Informação do Medicamento )
- Dra Margarida Castel-Branco, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
- INFARMED
- Direcção Geral de Saúde – Programa Nacional de Saúde Reprodutiva
- Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health
You must be logged in to post a comment.