Dores musculares e lombalgia (Low Back Pain) toda a verdade! Qual o melhor tratamento? Segundo a American Chiropractic Association no seu artigo Back Pain Facts and Statistics dores musculares em geral e as lombalgias em particular têm uma incidência muito elevada na população e muitas vezes em associação com dores osteoarticulares são um enorme fator causal de absentismo laboral e perda acentuada de qualidade de vida. Este artigo pretende ser um contributo importante para prevenir e tratar de forma mais eficaz as principais dores musculares e dessa forma melhorar muito a qualidade de vida dos doentes.
Neste artigo vou tratar os seguintes temas:
-
- Qual a anatomia da coluna vertebral?
- Em quantas regiões se divide a coluna vertebral?
- O que são os músculos?
- Quais as funções dos músculos?
- Que tipos de músculos existem?
- Quais os músculos controlados pela nossa vontade?
- Qual a diferença entre músculos esqueléticos, lisos e cardíacos?
- Que tipo de dores musculares existem?
- Porque temos dores musculares?
- Quais as causas mais comuns de dores musculares?
- O que fazer se surgir dor muscular súbita e intensa?
- Em que situações deve consultar-se com urgência o médico?
- Quais os sintomas mais comuns que acompanham a dor?
- O que é uma lombalgia?
- Quais as causas de lombalgia?
- Quais os sinais de doença grave associados a lombalgia?
- Quais os fatores de risco para a lombalgia?
- Que tipos de lombalgia existem?
- Qual o melhor tratamento para a lombalgia?
- Quais os fármacos utilizados no tratamento da lombalgia?
- Quais as medidas não farmacológicas que ajudam a prevenir ou melhorar a lombalgia?
- Devo aplicar calor ou frio na minha lombalgia?
- Quais as abordagens terapêuticas mais eficazes na lombalgia crónica?
- Quais os conselhos mais importantes para os doentes com lombalgia?
- Para as dores musculares, no geral, quais os tratamentos farmacológicos mais eficazes?
- Quais os melhores exercícios para a dor lombar?
- Estar sentado na secretária: Qual a melhor posição?
- Conduzir: Qual a melhor posição?
- Estar de pé num transporte público: Qual a melhor posição?
- Quais as melhores posições para dormir?
- Que outras posturas diárias posso melhorar?
Qual a anatomia da coluna vertebral?
A coluna vertebral divide-se em 5 regiões:
-
- Região cervical
- Região torácica
- Região lombar
- Região do sacro
- Cóccix
Músculos o que são?
Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.
Os músculos são os tecidos responsáveis pelos movimentos dos animais, tanto os movimentos voluntários, com os quais o animal interage com o meio ambiente, como os movimentos dos seus órgãos internos, o coração ou o intestino.
Os músculos são constituídos por tecido muscular e caracterizam-se pela sua contratilidade, funcionando pela contração e extensão das suas fibras. A contração muscular ocorre com a saída de um impulso elétrico do sistema nervoso central que é conduzido ao músculo através de um nervo.
Esse estímulo elétrico desencadeia o potencial de ação, que resulta na entrada de sódio (necessário à contração) dentro da célula, e a saída de potássio da mesma, assim estimulando a libertação do cálcio que esta armazenado no Retículo Sarcoplasmático ou RS presentes no sarcoplasma (citoplasma da célula muscular). Em termos científicos, as etapas são:
- Despolarização do sarcolema;
- estimulação do retículo sarcoplasmático e
- ação do cálcio e de ATP, provocando o deslizamento da actina sobre a miosina (é a contração muscular).
Os músculos esqueléticos ou voluntários são os órgãos ativos do movimento, transmitindo movimento aos ossos sobre os quais se inserem. Têm uma variedade grande de tamanho e formato, de acordo com a sua disposição, local de origem e inserção e controlam a postura do corpo do animal.
O ser humano possui aproximadamente 639 músculos. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora.
Funções dos músculos
Os músculos têm essencialmente cinco funções, a saber:
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- Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
- Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam na manutenção das posições corporais, como ficar em pé ou sentar.
- Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
- Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
- Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor libertado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Tipos de músculos
Existem três tipos de tecidos musculares, a saber:
- Estriado esqueléticos
- Lisos
- Estriado cardiaco
Estriados esqueléticos
Os músculos estriados esqueléticos contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico. Os músculos esqueléticos consistem são cerca de 650 músculos fixos aos ossos. Estes músculos esqueléticos são controlados conscientemente pelo córtex motor (pré-central) e pré-frontal do cérebro.
Lisos
Os músculos lisos localizam-se nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdominal e pélvica têm acção involuntária controlada pelo sistema nervoso autónomo.
Estriado cardíaco
O músculo estriado cardíaco representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário ou seja não depende da nossa vontade e tem um ritmo de contração e relaxamento próprio (auto ritmicidade).
Anatomia dos musculo esquelético
Este é o tipo de músculo que mais temos consciência porque depende da nossa vontade ou seja a contração e relaxamento destes músculos é voluntária.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fibras musculares. Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
Anatomia do músculo liso
Dores musculares ou mialgias
As dores musculares também designadas por mialgias podem, em determinadas situações, causar incómodo e até mesmo afetar a vida normal do doente. Nalgumas situações, como as cãibras ou cãibras, pode haver espasmos e dores musculares muito intensas. As dores musculares podem ser divididas em dois grupos:
- As que afetam o corpo todo, isto é, quando todos os músculos estão comprometidos,
- As que afetam um músculo em particular, isto é, uma parte do corpo.
Nas dores musculares podem também estar envolvidas as articulações tornando difícil, por vezes, a avaliação do problema.
Causas das dores musculares
A dor muscular está, geralmente, relacionada com:
-
- Tensão, sobrecarga ou lesão muscular provocada por um exercício ou por um trabalho fisicamente excessivo. Nesta situação a dor muscular apenas afeta um músculo específico e, por ter início logo após o esforço, a sua associação é normalmente evidente.
- As dores musculares quando generalizadas podem estar associadas a situações infeciosas como a gripe ou doenças que afetam o tecido conjuntivo como por exemplo o lúpus.
Causas mais comuns das dores musculares
As principais causas são as seguintes:
- Medicamentos (Ex: IECAs usados na hipertensão arterial ou as estatinas usadas no colesterol elevado),
- Dermatomiosites,
- Desequilíbrios eletrolíticos, como o caso de hipocalémia ou de hipocalcémia,
- Fibromialgia,
- Infeções como a gripe,
- Doença de Lyme,
- Malária,
- Abcesso no músculo,
- Poliomielite,
- Febre maculosa das Montanhas Rochosas,
- Triquinoses,
- Lúpus,
- Polimialgia reumática,
- Polimiosite,
- Rabdomiólise.
Dor muscular súbita e intensa
No caso da dor muscular intensa, súbita, sem explicação ou se durar mais que 5 dias, no caso de infeção no local das dores, no caso de problemas de circulação na área onde as dores musculares se manifestam, o doente deve ser encaminhado para avaliação médica. Caso o doente esteja a tomar medicamentos deverá ser realizada a avaliação da farmacoterapia de modo a poder relacionar algum medicamento com o problema apresentado.
Quando consultar com urgência o médico?
As situações descritas de seguida podem sinalizar uma patologia grave pelo que devem ser avaliadas pelo médico urgentemente, a saber:
- Idade inferior a 12 anos Superior a 75 anos,
- Dor dura há mais de 5 dias,
- Infeção,
- Eritema,
- Problemas vasculares,
- Fadiga severa,
- Infeções virais,
- Dermatomiosite,
- Hipocalémia,
- Hipocaliémia,
- Fibromialgia,
- Malária,
- Inchaço,
- Poliomielite,
- Picada da carraça,
- Triquinoses,
- Lúpus,
- Polimialgia,
- Polimiosite,
- Rabdomiólise,
- Uso de estatinas,
- Gravidez,
- Inefetividade do tratamento
Sintomas mais comuns
As dores musculares localizadas são comuns e podem comprometer mais do que um músculo. As dores musculares também podem envolver os seguintes tecidos:
- Ligamentos,
- Tendões,
- Fáscia,
- Tecidos moles que ligam os músculos,
- Ossos,
- Órgãos.
A dor pode ficar localizada na região muscular afetada, podendo incluir:
- Limitação de movimento nos membros associados,
- Inflamação dos tendões,
- Dor de cabeça.
As dores musculares generalizadas podem estar associadas a uma inflamação como a gripe ou estar relacionada com outros sintomas.
Lombalgia
A lombalgia, ou dor na zona lombar da coluna vertebral, é uma queixa extremamente comum que afeta adversamente a capacidade funcional e a qualidade de vida.
A coluna lombar está sujeita a diversas patologias mecânico- degenerativas devido à sua ampla mobilidade e ao facto de suportar muito peso. A maioria dos indivíduos irá padecer de lombalgia aguda alguma vez ao longo da sua vida. Todos os escalões etários são afetados por lombalgias; contudo, a maior prevalência ocorre na idade adulta. O primeiro episódio geralmente ocorre entre os 30 e os 50 anos, altura em que ocorre o pico da sua incidência. É uma das patologias que provoca maior absentismo laboral, incapacidade e
recurso aos serviços de saúde.
Causas da lombalgia
A larga maioria dos doentes apresenta lombalgia inespecífica, isto é, dor que não é atribuível a uma condição ou anomalia específica. Apenas uma pequena percentagem dos doentes sofre de uma patologia orgânica reconhecida, mais frequentemente envolvendo os discos intervertebrais. Os fatores mecânicos, relacionados com a postura e com esforços físicos não mostraram relação causal com o surgimento de lombalgia em diversas revisões sistemáticas. Causas sérias, tais como inflamatórias, infeciosas ou neoplásicas são raras.
Sinais de causa grave para a lombalgia
Os sinais que podem indicar uma causa grave para a lombalgia e requerer o encaminhamento para o médico incluem, entre outros, os seguintes:
- Perda de peso,
- Historial de cancro,
- Febre,
- Dor persistente e progressiva que não é aliviada pela
medicação, repouso ou imobilização, - Lombalgia que agrava à noite ou em decúbito,
- Doença sistémica
- Fraqueza,
- Dormência ou formigueiros associados à dor,
- Incontinência urinária ou fecal ou dificuldades na micção,
- Idade inferior a 20 ou superior a 55 anos,
- Alterações da marcha,
- Dor na zona lombar ou na anca, que irradia pela parte posterior
da coxa até à perna, - Dor associada a um evento traumático,
- Alterações neurológicas progressivas,
- Uso de corticosteróides sistémicos,
- Drogas intravenosas,
- Infeção recente.
Fatores de risco para a lombalgia
A maioria dos estudos prospetivos não conseguiu identificar muitos fatores de risco fortes e modificáveis para o aparecimento do primeiro episódio de lombalgia, no entanto alguns estudos parecem indicar os seguintes fatores de risco:
-
- Os indivíduos com ocupações que requeiram esforços físicos intensos parecem estar em maior risco.
- Os doentes obesos ou com excesso de peso têm risco aumentado de lombalgia e existe também uma ligeira associação com o tabagismo.
- A prática de exercício físico apresenta uma relação não linear com o risco de lombalgia estando um estilo de vida sedentário, e a prática de atividades intensas ambos relacionados a um risco maior.
- É mais comum em mulheres.
- Fatores psicológicos, como stress, depressão ou ansiedade também podem estar associados a maior risco.
Têm sido apontados ainda outros fatores predisponentes, entre os quais:
- Conduzir,
- Estar de pé, ou sentado imóvel, por períodos prolongados,
- Levantar objetos pesados,
- Efetuar esforços intensos subitamente,
- Estar exposto a vibrações,
- Usar sapatos inadequados,
- Dormir numa postura incorreta e sobre um colchão inapropriado.
Tratamento para a lombalgia
Os objetivos do tratamento da lombalgia aguda são: aliviar ador, melhorar a função, reduzir o absentismo laboral e desenvolver estratégias para lidar com o problema, através da educação do doente. O tratamento da lombalgia deve ser iniciado prematuro para reduzir o risco de desenvolvimento de dor crónica, que representa a maioria dos custos de saúde associados à lombalgia.
Existem três tipos de lombalgia, a saber:
-
- Aguda se a sua duração for inferior a 6 semanas,
- Subaguda se a duração for entre 6-12 semanas,
- Crónica se persistir por mais de 12 semanas.
Lombalgia aguda
A evidência disponível indica que o repouso no leito atrasa a recuperação e não é recomendado. O doente deve ser aconselhado a manter a atividade ou retomá-Ia o quanto antes.
Paracetamol
Em situações simples, tem sido indicado como de primeira escolha. Contudo, evidências recentes apontam para que os benefícios associados ao seu uso sejam diminutos. Tem a vantagem de estar associado a um pequeno risco de efeitos adversos graves mas, pelo risco de hepatotoxicidade, deve ser respeitada a posologia máxima recomendada.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)
São provavelmente mais eficazes, mas estão associados a uma maior
frequência de efeitos adversos e devem reservar-se para os doentes que não respondam ao paracetamol, contudo, são muitas vezes prescritos como primeira escolha. Nenhum AINE parece ser superior aos restantes, pelo que pode ser considerada a mudança para outro, no caso de o primeiro se revelar ineficaz. O seu uso está associado a efeitos adversos gastrointestinais, renais e cardiovasculares, pelo que se recomenda a avaliação prévia destes fatores de risco e o uso da menor dose eficaz, para minimizar potenciais efeitos adversos.
Se o doente não sentir melhorias no intervalo de 1 a 2 semanas de tratamento, deverá averiguar-se se este tem tomado a medicação corretamente e rever eventuais sinais de patologia mais grave.
Relaxantes musculares
Se estes tratamentos não demonstrarem ser ineficazes, poderão ser tentados relaxantes musculares como a tizanidina ou a ciclobenzaprine, se bem que os efeitos adversos limitem o seu uso. Existe evidência da sua eficácia bem como de que o seu uso simultâneo com paracetamol ou AINEs possa ter efeitos benéficos na diminuição da dor. Outra alternativa são as benzodiazepinas como o diazepam, apenas por curtos períodos devido ao risco de dependência e pela escassa evidência relativamente ao seu benefício
Combinações de fármacos e opióides
Pode também ser tentada uma combinação de analgésicos, como o paracetamol com uma dose terapêutica de codeína. Se o alívio continuar a ser insuficiente, deve então ser tentado um opióide mais potente. Os opióides apresentam um benefício moderado na dor grave e incapacitante que não responda ao paracetamol e aos AINE se usados de forma criteriosa e por um curto intervalo de tempo.
Contra-irritantes
Entre outros fármacos que têm sido utilizados incluem-se medicamentos tópicos como os contra-irritantes. Os fármacos contra-irritantes apresentam propriedades analgésicas ao aproveitarem os mecanismos fisiológicos de modulação da sensação dolorosa, baseado no efeito paradoxal de alívio de uma dor intensa causado ao produzir uma dor mais ligeira. Podem ser classificados em quatro grandes grupos:
- Rubefacientes, como o salicilato de metilo e outros salicilatos, que
produzem irritação local e calor; - Irritantes, como a capsaícina, que produz dor localizada na zona de aplicação;
- Refrescantes, como o mentol ou a cânfora que estimulam as terminações nervosas do frio;
- Vasodilatadores, como o nicotinato de metilo, que produzem uma sensação localizada de calor.
Calor ou frio qual o melhor?
Têm também sido utilizadas abordagens não farmacológicas no tratamento da lombalgia. A aplicação local de calor tem sido preconizada, evidenciado benefício no alívio da dor. Deve ser aplicado cerca de 20 minutos, 3 a 4 vezes por dia, mas não em lesões recentes ( <48h) ou áreas inflamadas, dado que irá intensificar a vasodilatação e exacerbar o dano nos tecidos.
Não deverá igualmente ser aplicado em pele danificada ou com outros agentes tópicos. A aplicação de gelo tem sido igualmente recomendada, especialmente nos primeiros 2-3 dias. Existe também alguma evidência de benefício para a manipulação espinaI.
Lombalgia crónica
A lombalgia aguda pode converter-se em crónica em alguns doentes. Segundo algumas fontes pode ocorrer até 8% dos casos, mas outros apontam para que ocorra em cerca de 10-15% dos doentes. O tratamento da lombalgia crónica é difícil uma vez que tende a não melhorar com o tempo e consome muitos recursos de saúde.
Pode ser necessária terapêutica de longo prazo, quer contínua, ou episódica. Os doentes devem ser encorajados a manterem-se ativos e continuarem com as suas atividades normais tanto quanto possível. Recomenda-se:
-
- Educação do doente,
- AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteroides)
- Opióides fracos (por curto prazo),
- Manipulação espinaI,
- Exercício.
O papel dos analgésicos é o de controlar a dor para que o doente se mantenha ativo. Devem ser usados somente a curto prazo, durante recorrências ou períodos de exacerbação dos sintomas. Outros fármacos que podem ser considerados incluem os anti depressivos tricíclicos e a capsaícina tópica. Apesar da escassa evidência, têm sido tentadas outras abordagens tais como:
- Estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS),
- Tração,
- Acupunctura,
- Massagens,
- Exercícios específicos,
- Suporte lombar,
- Yoga.
Deve ser tido em consideração que as expectativas de benefício, por parte do doente, podem influenciar os resultados de diferentes terapias.
Existe evidência moderada de que programas de exercício dirigidos por fisioterapeutas podem reduzir a taxa de recorrências, aumentar o intervalo de tempo entre episódios e diminuir o recurso a serviços de saúde. Se uma lombalgia crónica não melhora com os tratamentos habituais, é muito importante uma abordagem multidisciplinar.
Conselhos mais importantes
O prognóstico é geralmente bastante favorável. Muitos dos casos são autolimitadose resolvem-se com pouca intervenção. A maioria dos doentes com lombalgias recupera relativamente depressa com elevada probabilidade de melhoria ao longo do primeiro mês.
Os doentes devem ser aconselhados a manter-se tão ativos quanto possível, dentro dos limites de tolerância da dor, e a retomarem as suas atividades normais o mais depressa possível. Interromper as atividades laborais aumenta o risco de cronicidade‘ e quanto mais prolongada for a inatividade, maior é o risco de invalidez permanente.
Os doentes devem ser encorajados a praticar exercício, já que este diminui as recorrências, reduz o absentismo e a utilização de recursos de saúde. Evidência proveniente de revisões sistemáticas de ensaios relativos a prevenção de lombalgias revela que apenas as intervenções que consistem em exercício físico se mostram eficazes. Além disso, também proporciona outros benefícios para a saúde, a nível cardiovascular e ósseo. O médico ou o fisioterapeuta também poderão aconselhar exercícios específicos para tratamento e prevenção das lombalgias.
Prevenção das lombalgias
Entre as medidas que podem ser recomendadas para prevenção das lombalgias, principalmente da sua recorrência, incluem-se:
-
- Dormir sobre um colchão firme, mas não excessivamente duro, com uma almofada preferencialmente baixa, para não forçar o pescoço, em posição lateral com os joelhos dobrados, com uma almofada entre as pernas, ou dorsal com uma almofada sob os joelhos;
- Levantar objetos pesados mediante flexão dos membros, de modo a evitar sobrecarga na zona lombar, evitando sujeitar a coluna a movimentos de torsão e flexão e mantendo o objeto encostado ao corpo;
- Evitar a permanência em pé durante demasiado tempo, de forma estática, com os pés no mesmo plano. Quando se trabalha de pé, deverá mudar-se a posição dos pés e repousar alternadamente os pés sobre um banco;
- Na posição sentada, manter as costas direitas e apoiadas no encosto, utilizar uma cadeira ajustável em altura e com apoio de braços e uma mesa à altura dos cotovelos, apoiando os pés sobre um banco, de modo a que os joelhos fiquem mais elevados do que as ancas;
- Manter-se fisicamente ativo;
- Deixar de fumar;
- Não utilizar saltos altos;
- Manter um peso adequado.
Tratamentos mais eficazes
Terapêutica não farmacológica
Em muitas situações de dores musculares é possível aplicar um tratamento sem intervenção de medicamentos. Assim pode tentar:
- Evitar esforços excessivos,
- Aplicar gelo nas primeiras horas posteriores ao trauma,
- Realizar exercício com moderação,
- Dormir bem,
- Evitar atividade aeróbicas de alto impacto,
- Realizar massagem de relaxamento ou fisioterapia se prescrita.
Terapêutica farmacológica
De seguida listamos alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento das dores musculares, descrevendo o princípio ativo e entre parêntesis um exemplo geralmente da marca mais conhecida.
Fármacos para tratamento oral:
- Paracetamol (Ben-uron®), 500-1000mg (comp.), 1 comp. PO cada 4-6h, máx.: 4000mg/ dia.
- Paracetamol, 665 mg (Panadol®) (comp. lib. prol.), 1-2 comp. cada 6-8 h, máx.: 4 comp./dia.
- Ibubrofeno (Brufen®), 400mg (comp.), 1 comp. PO cada 6-8h, máx.:1600mg/dia.
- Naproxeno (Naprosyn®), 200mg (comp.), 1 comp. PO cada 8-12h. Dose inicial: 400mg.
- Diclofenac (Voltaren®), 25 mg (cápsula mole), 1 caps. PO cada 4-6h. Máx.:75mg/dia.
Fármacos com anti-inflamatórios não esteroides de uso tópico (mais usados):
- Flurbiprofeno (Transact®), 40mg (penso adesivo), aplicar cada 12h.
- Diclofenac (voltaren emulgel®), 10mg/g(gel) ou 20mg/g (gel),aplicar 3xdia ou 2xdia respectivamente.
- Picetoprofeno (Picalm®), l8mg/g (creme) ou 20mg/m1 (solução), aplicar 3xdia.
- Indometacina (Indocid®), 1Orng/g (solução), aplicar 5-15 pulverizações 3-5xd ia.
- Aceclofenac (Airtal®), 15mg/g (creme) aplicar 3xdia.
- Ácido flufenâmico (Mobilisin®), 30mg/g (creme), aplicar 3-4xd ia
- Etofenamato (Reumon®), 50mg/g (gel), 100mg/g (creme), aplicar 3-4xdia.
Fármacos contendo anti-inflamatórios não esteroides (ou análogos) de uso tópico de composição variada:
Estes medicamentos são de composição variada e podem estar em associação com as seguintes substâncias ativas: ácido salicílico, nicotinato de benzilo, mentol, heparina, cânfora, entre outras tradicionalmente usadas. Os principais medicamentos contendo anti-inflamatóprios não esteroides para aplicação tópica, são:
- Symphytum officinale, (creme), aplicar 4xdia.
- Salicilato de metilo (comp. variada), (creme, pomada), aplicar 3-4xdia.
- Dietilamina(comp.variada/associações), (creme, gel), aplicar 1-4xdia.
- Capsaícina (comp. variada), (creme, emplastro, adesivo, cutâneo), aplicar 3-4xdia.
- Nicoboxil 25mg/g/nonovamida(4mg/g), pomada, aplicar 2-3xdia.
Exercícios para melhorar
Descrevemos de seguida alguns exercícios que ajudam a evitar a lombalgia:
Melhor posição na secretária
Melhor posição para Conduzir
Melhor posição para dormir
Posturas a melhorar
Concluindo
O nosso organismo tem inúmeros músculos e qualquer um deles pode sofre uma lesão que eventualmente pode causar dor. Existem no entanto três pontos chave que devo destacar:
- As dores musculares associadas a um trauma ligeiro ou esforço muscular passam, normalmente, entre 3 a 5 dias.
- Dores musculares com início súbito e intenso devem ser avaliadas pelo médico.
- Nas dores musculares pode haver envolvimento osteo-artrósico ou seja dos ossos e articulações vizinhos do músculo lesionado.
Existem também inúmeros exercícios que pode e deve fazer em casa e posturas que pode alterar no seu dia-a-dia para se proteger de dores musculares e em particular das lombalgias. Quando a dor se instala a utilização inicial de frio pode ter efeitos muito benéficos e até evitar a utilização de medicação.
Uma dor seja ela qual for nunca deve ser ignorada pois é um sinal de aviso, do nosso corpo, para algo que não está a correr bem! Se essa dor for repentina, intensa ou frequente consulte de imediato o médico.
Fique bem!
Franklim Fernandes
Bibliografia:
-
- Blenkinsopp A, Paxton P. Symptoms in the Pharmacy. 40 ed: Blackwell Science Ltd; 2002;
-
- Epocrates inc. Epocrates on line 2015 [2-02-20151. Available from: https://online.epocrates.com;
-
- Manual Merck – Diagnóstico e Tratamento. 17 ed. São Paulo: Roca; 2001. 2701 p.;
- Centro de Informação do Medicamento (CIM).
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