Os produtos biológicos são realmente bons para a saúde?
Os alimentos biológicos têm conquistado um segmento de mercado crescente nas últimas décadas, em óbvia correlação com as tendências ambientalistas e ecológicas que caracterizam alguns segmentos da sociedade moderna.
A pretexto de que serão mais saudáveis e mais ricos em termos nutricionais, estes produtos têm cativado adeptos, apesar de serem mais caros e menos acessíveis.
Por serem cultivados segundo normas ecologicamente corretas, sem recurso a pesticidas e a fertilizantes sintéticos, crê-se que os produtos biológicos serão melhores para a saúde do que os que são produzidos em larga escala.
O que dizem os estudos científicos independentes?
Os numerosos estudos independentes e isentos que têm sido efetuados em instituições científicas europeias e americanas não têm comprovado, de forma inequívoca, as vantagens dos vegetais produzidos de acordo com as normas da agricultura biológica sobre os de origem comum.
Será que os produtos biológicos têm mais vitaminas?
Não há diferenças consistentes no conteúdo de vitaminas entre produtos biológicos e convencionais. Não há provas científicas claras de que os produtos biológicos tenham maior valor nutritivo do que os cultivados em larga escala ou que mostrem reais benefícios para a saúde de quem os consome.
Será que os produtos biológicos que têm menos pesticidas são muito melhores?
Embora menos expostos a contaminação química, os numerosos estudos em que se compararam os produtos biológicos com os cultivados de forma convencional não mostraram diferenças muito significativas no que concerne aos teores de pesticidas. A exigente legislação, sobretudo europeia e americana, obriga a que as concentrações máximas de pesticida doseável nos produtos alimentares de origem vegetal tenham de estar muito abaixo dos limites para a saúde de quem os consome.
Afinal os pesticidas são ou não cancerígenos?
Mesmo considerando que os produtos da agricultura convencional possam apresentar teores mais elevados de pesticidas, carece de demonstração que o risco de efeitos tóxicos para a espécie humana, nomeadamente cancerígenos, por exposição a pesticidas provenientes de fontes alimentares seja significativo.
Não se pretende, de forma alguma, minimizar o impacto dos pesticidas no ambiente, que podem efetivamente atingir concentrações atmosféricas elevadas nalgumas regiões do planeta menos sujeitas a regulamentação ambiental, com possíveis efeitos adversos na saúde. Vários estudos sugerem o aumento da incidência de alguns tipos de cancro em zonas onde se verifica o uso mais intensivo de pesticidas. Não tem sido, todavia, demonstrada, de forma inequívoca, uma relação direta entre a ingestão de resíduos de pesticidas e a ocorrência de doença oncológica.
Será que os vegetarianos por consumirem mais pesticidas têm maior incidência de cancro?
Um interessante argumento a favor desta tese é evidenciado pelos vegetarianos que consomem maioritariamente produtos produzidos através da agricultura convencional. Ao consumirem virtualmente maiores quantidades de pesticidas teriam uma probabilidade aumentada de contrair algumas formas de cancro. Felizmente, essa relação não se verifica, constatando-se, pelo contrário, uma incidência de doenças malignas tendencialmente menor em pessoas com hábitos alimentares vegetarianos.
Se efetivamente se vier a provar, de forma inequívoca, a correlação entre a exposição de pesticidas e a incidência de cancro, será mais provável que o risco advenha mais do ar que respiramos que da fruta e das verduras que adquirimos no supermercado.
Concluindo
Resumindo, os resultados obtidos em várias centenas de estudos comparativos, a maioria dos potenciais benefícios atribuídos ao consumo de produtos biológicos ficam-se pela esfera do mito.
Fique bem!
Franklim Moura Fernandes
Colaboração: Pedro Fernandes
Fontes: Dr José Barata, médico especialista em medicina interna.
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