Vacinas benefícios riscos e polémica anti-vacinação. Este artigo pretende ser um contributo para clarificar as vantagens, desvantagens, efeitos secundários e contra-indicações das vacinas, conhecendo as que fazem parte do Plano Nacional de Vacinação Português, e as que são aplicadas aos adultos e crianças que viajam para paises de risco acrescido de contrair determinadas doenças graves!
Pretende também mostrar o que se conhece actualmente sobre a polémica relação entre a vacina triplice e o autismo com estudos que negam tal perigosidade.
Neste artigo vou responder ás seguintes questões:
-
- Porque estão preocupadas as autoridades de saúde?
- O que se passa noutros países?
- O que é uma vacina? Como foram descobertas as vacinas
- Qual a influência do conhecimento empírico no progresso científico?
- Quais os tipos de vacinas?
- Vacinas vivas atenuadas, o que são?
- Vacinas inactivadas ou “mortas”, o que são?
- Vacinas de subunidades, o que são?
- Vacinas de toxóides, o que são?
- Como é o ciclo de produção de uma vacina?
- Qual é a melhor? A vacina viva ou a vacina morta?
- O que é a imunidade de grupo?
- Qual a % de cobertura da vacinação para haver imunidade de grupo?
- Quais as vacinas do Plano Nacional de Vacinação (PNV)?
- Quantas doses da vacina saõ necessárias para haver imunidade?
- Qual o Programa Nacional de Vacinação a partir de 1 de outubro de 2014?
- Quais os focos anti-vacinas que preocupam as autoridades?
- Porque recusam os pais a vacinação aos seus filhos? Será medo ou falta de memória?
- O que dizer as pais que têm dúvidas apenas sobre determinadas vacinas?
- De que trata o polémico estudo de Andrew Wakefield?
- Há apoiantes da hipótese de Wakefield?
- Qual a relação entre a vacina triplice e o autismo?
- Afinal o benefício é ou não maior do que risco?
- Que documentos apresentam as crianças na escola se não tiverem boletim de vacinas?
- Que vacinas recomendar a viajantes adultos ou crianças?
- Qual a classificação, da OMS, das vacinas utilizadas em viajantes?
- Quais as vacinas exigidas por lei, as de rotina e as recomendadas em função do destino da viagem?
- Qual o quadro das vacinas recomendadas a viajantes?
- Quais os efeitos secundários e contra-indicações das vacinas?
- Quais as zonas de risco?
- Afinal vale ou não a pena aplicar as vacinas?
Leia também: Estas são as vacinas Covid-19 que estão já prontas…quais as polémicas e preços!
Autoridades de saúde preocupadas!
Portugal tem uma taxa de vacinação elevada, mas já existem focos de resistência. O Risco de algumas doenças graves regressarem é real, dizem os médicos.
Aqui chegam naturalmente pessoas que querem levar vacinas, mas também algumas que estão mais reticentes e até recusam que os filhos sejam imunizados. Uma tendência que ainda não descolou verdadeiramente em Portugal, mas que já vai causando preocupações às autoridades de saúde.
Movimentos anti-vacinas noutros países
Noutros países são conhecidos os casos dos movimentos anti-vacinas que foram associados a surtos de sarampo nos EUA, Inglaterra e Alemanha. O Tribunal Constitucional francês obrigou já um casal a dar as três vacinas obrigatórias por lei aos dois filhos.
Vacina o que é?
De uma forma simplista, uma vacina estimula o sistema imunitário para criar imunidade contra um determinado microrganismo. Esta situação imita o que iria acontecer naturalmente no caso de uma bactéria ou um vírus potencialmente perigosos infectar o organismo, mas com uma diferença essencial que é não existir qualquer microrganismo prejudicial envolvido.
Em vez disso, a vacina contém uma versão reconhecível mas inofensiva da bactéria ou do vírus. Quando a pessoa é vacinada, o seu sistema imunitário irá agir como se determinado microrganismo estivesse na realidade a infectar o organismo e desenvolverá anticorpos contra ele.
Futuramente, se o individuo for realmente infectado pelo agente para o qual está vacinado, a resposta imunitária será muito mais rápida e a infecção não se desenvolverá ou, a desenvolver-se, será muito menos grave.
História das vacinas
A primeira vacina foi desenvolvida por Edward Jenner (1749-1823), um médico rural inglês. Ele observou que as leiteiras raramente contraíam varíola, embora a doença fosse implacável, sendo responsável por aproximadamente um terço das mortes na infância bem como pela formação de cicatrizes num em cada três adultos.
Jenner suspeitou que as leiteiras podiam estar protegidas pela sua exposição a uma infecção denominada varíola bovina que não é perigosa para os seres humanos.
Em 1796, Jenner realizou uma experiência extraordinária. Ele retirou líquido de uma vesícula de varíola bovina da mão de uma leiteira e esfregou-a em escoriações no braço de um rapaz de 8 anos que não tinha tido varíola bovina nem varíola humana.
Este gesto inoculou o vírus da varíola bovina no rapaz. Seis semanas mais tarde, Jenner injectou o rapaz com líquido de uma vesícula de varíola humana. O rapaz não ficou doente.
Jenner tinha descoberto que um organismo estranho inofensivo podia proporcionar protecção contra um outro organismo semelhante a ele mas mais mortal. Devido à associação com a vaca (vaccinus é a palavra latina para “das vacas, derivado de vacca”) o procedimento de Jenner passou a ser conhecido por vacinação, um termo subsequentemente aplicado a outros tipos de inoculações, relacionadas ou não com as vacas.
Apesar da descoberta inovadora de Jenner, passaram muitos anos até Louis Pasteur desenvolver as vacinas seguintes contra a raiva, o antraz e a cólera.
Conhecimento empírico e progresso científico
As descobertas não acontecem fora de determinado contexto e assim aconteceu com Jenner. As pessoas do século XVIII, em Inglaterra, já sabiam que podiam ser protegidas contra a varíola através da introdução de líquido das vesículas de varíola em escoriações na pele.
Embora esta abordagem amplamente praticada, que tinha vindo da Turquia, proporcionasse um certo grau de protecção, também envolvia o risco de desenvolvimento da doença, e de morrer devido a esta.
A contribuição distintiva de Jenner consistiu em demonstrar que a varíola bovina era inofensiva e que através dela se poderia obter protecção contra a varíola humana, cujo agente infeccioso era semelhante.
Tipos de vacinas
Resumindo, no decurso da história das vacinas, os cientistas inventaram os seguintes tipos de vacinas:
Vacinas de vírus ou bactérias | – Vivas atenuadas – Inativadas ou mortas |
Vacinas de base proteica | – Subunidades proteicas – Partículas semelhantes a vírus |
Vacinas toxoides | – Imitam a toxina que causa a doença |
Vacinas de vetor viral | – Replicante – Não-replicante |
Vacinas de ácido nucleico ou genéticas | – DNA – RNA (mais recentes) |
Vacinas vivas atenuadas
Estas vacinas contêm um microrganismo vivo que é enfraquecido, de tal forma que já não consegue provocar doença. Estas vacinas desencadeiam uma resposta imunitária forte e podem proporcionar imunidade para toda a vida depois de serem administradas apenas uma ou duas doses.
No entanto, existem desvantagens. Uma forma atenuada do agente patogénico na vacina pode sofrer uma mutação (tal como qualquer outro organismo vivo) e recuperar a sua capacidade para causar a doença.
Numa vacina viva atenuada o risco de causar doença é extremamente baixo nas pessoas saudáveis mas é mais elevado nas pessoas cujo sistema imunitário já se encontra comprometido. Por este motivo, as pessoas com cancro ou as infectadas com o VIH não devem receber vacinas vivas atenuadas. Também os doentes a fazer corticoterapia, transplantados e em tratamento com imunossupressores, devem evitar estas vacinas. As mulheres no primeiro trimestre de gravidez também devem evitar estas vacinas.
Outra desvantagem das vacinas vivas atenuadas é que estas devem ser guardadas em frigoríficos para se manterem frescas e vivas. Esta exigência não é uma grande preocupação nos países desenvolvidos, mas torna as vacinas deste tipo, como a vacina actual contra o sarampo, impraticáveis para muitos países em vias de desenvolvimento, onde a imunização é desesperadamente necessária.
Vacinas inactivadas ou “mortas”
Este é o tipo mais comum de vacina utilizado na actualidade, sendo produzido a partir de fragmentos de um vírus que foi destruído pelo calor ou através de substâncias químicas ou de radiações. Consequentemente, as vacinas inactivadas (“mortas”) não apresentam o risco de sofrerem mutações e de reverterem para a sua forma virulenta.
Funcionam através da estimulação do organismo para produzir anticorpos e habitualmente não requerem refrigeração. Mas as vacinas inactivadas também apresentam algumas desvantagens. A principal é que estas vacinas não são tão potentes como as vacinas vivas atenuadas, uma vez que apenas estimulam a produção de anticorpos e não estimulam outras células do sistema imunitário adaptativo, tais como os linfócitos T com memória imunológica. Assim, para manter a imunidade, são necessárias injecções periódicas de reforço.
Vacinas de subunidades
Enquanto algumas vacinas usam o microrganismo completo, as vacinas de subunidades usam apenas as partes do microrganismo para estimularem o sistema imunitário. Ao conter apenas o que é necessário para uma resposta e não todas as outras partes do microrganismo, as vacinas de subunidades tendem a causar menos reacções adversas.
Vacinas semelhantes a vírus
Estas são também vacinas de base proteica que utilizam partículas semelhantes a vírus, que imitam um invólucro contendo a estrutura externa viral, porém sem o conteúdo interior.
Estas partículas não são capazes de causar infecção pois não possuem material genético do interior do vírus. Têm a capacidade de gerar uma forte resposta imune, mas são difíceis de ser produzidas.
Vacinas de toxóides
Com algumas doenças bacterianas, tais como a difteria e o tétano, o problema não são as bactérias propriamente ditas mas as toxinas que produzem. Estas toxinas podem entrar na corrente sanguínea e causar lesão celular.
Em vez de conterem um antigénio microbiano, as vacinas de toxóides contêm toxinas inactivadas, denominadas toxóides. Este tipo de vacinas estimula a produção de anticorpos. Quando uma pessoa é infectada, estes anticorpos pode bloquear a entrada das toxinas nas células.
Vacinas de vetor viral
Nas vacinas que utilizam vetores virais, um vírus como sarampo ou adenovírus é geneticamente modificado para produzir proteínas do coronavírus. Os vírus que servem de vetor viral estão enfraquecidos e não podem causar doenças. Existem dois tipos:
- Replicantes – que ainda podem se replicar dentro das células;
- Não- replicantes – que não podem porque os genes principais foram desativados.
Vacinas de DNA e RNA
Tempo de desenvolvimento de uma vacina
Desenvolver uma vacina eficaz e segura não é fácil. Geralmente demora muitos anos conforme descrito no quadro que de seguida se mostra. Por exemplo a vacina da poliomielite demorou 60 anos a ser desenvolvida com eficácia e segurança. A vacina contra o SARS-Cov-1 ainda não foi conseguida e já passaram 17 anos…! A vacina contra o Ébola demorou 15 anos…!
Etapas de pesquisa e testes clínicos
São diversas as etapas de pesquisa, investigação e testes clínicos rigorosos até ser possivel conseguir desenvolver uma vacina segura, eficaz e passivel de ser aprovada pelas autoridades internacionais do medicamento. A figura seguinte demonstra essa complexidade.
Ciclo de produção de uma vacina
Depois de concluidas todas as etapas de desenvolvimento acima descritas é necessário produzir a vacina em larga escala para distribuição final. Esse processo demora entre 6 a 22 meses conforme a estabilidade e complexidade da vacina em causa, conforme descrito na figura seguinte.
Vacina viva ou a vacina morta
Afinal quais as vantagens e desvantagens de ambas as vacinas… vivas ou mortas? De seguida descrevo os detalhes para que se perceba a evolução natural no desenvolvimento de novas vacinas.
Vacina viva
A primeira injecção permite ao vírus multiplicar-se rapidamente, desencadeando uma resposta imunitária em larga escala com produção de anticorpos e resposta de linfócitos T.
Vantagem – apenas é necessária uma dose.
Desvantagem – existe um risco mínimo de desenvolvimento da doença.
Vacina morta
Uma vacina morta não pode multiplicar-se e a resposta dos anticorpos é limitada. Duas injecções adicionais administradas posteriormente asseguram uma produção suficiente de anticorpos.
Vantagem – não existe risco de desenvolvimento da doença.
Desvantagem – são necessárias três injecções.
Imunidade de grupo
A Direcção Geral de Saúde ( DGS ) sublinha o conceito de “imunidade de grupo”, ou seja:
População que é preciso estar protegida para que uma determinada doença não circule e não se manifeste.
Portugal é um país que ainda tem essa proteção coletiva, uma vez que a taxa de cobertura das vacinas é de 95%.
Tabela de cobertura para haver imunidade de grupo
Pela tabela acima descrita é fácil de perceber que se, por exemplo, a cobertura de vacinação média baixar dos 95% teremos um risco elevado de resurgimento do sarampo e abaixo dos 90% da tosse convulsa e da “papeira”.
Plano Nacional de Vacinação ( PNV )
O Plano Nacional de Vacinação ( PNV ) Português, contempla vacinas contra 12 doenças que são totalmente gratuitas. É esta extensão do plano que ajuda a explicar a elevada taxa de cobertura nacional. De seguida descrevo Plano Nacional de Vacinação actualizado em 2020.
Doenças incluidas no PNV
As doenças incluidas no PNV em 2015 eram as seguintes:
-
- Tuberculose
- Hepatite B
- Infecções por Haemophilus influenzae b ( causa meningite bacteriana e outras infecções bacterianas invasivas em crianças pequenas )
- Difteria
- Tétano
- Tosse convulsa
- Poliomielite
- Doença Meningocócica C ( meningite C )
- Sarampo
- Parotidite Epidémica ( papeira )
- Rubéola
- Infecções por virus do Papiloma Humano ( só nas raparigas )
Actulização para 2020
De acordo com o Despacho n.º 12434/2019, publicado no Diário da República, 2ª série – N.º 250 de 30 de dezembro de 2019, o Programa Nacional de Vacinação passa a incluir, no esquema vacinal recomendado:
• O alargamento a todas as crianças, aos 2, 4 e 12 meses de idade, da vacinação contra doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B (vacina MenB).
• O alargamento ao sexo masculino, aos 10 anos de idade, da vacinação contra infeções por vírus do Papiloma humano (vacina HPV), incluindo os genótipos causadores de condilomas ano-genitais.
Vacinar só uma vez é suficiente?
As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças. Mesmo quando a imunidade não é total, quem está vacinado tem maior capacidade de resistência na eventualidade da doença surgir.
Não basta vacinar-se uma vez para ficar devidamente protegido. Em geral, é preciso receber várias doses da mesma vacina para que esta seja eficaz. Outras vezes é também necessário fazer doses de reforço, nalguns casos ao longo de toda a vida.
A vacinação, além da proteção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença.
Programa Nacional de Vacinação (PNV)
O PNV é da responsabilidade do Ministério da Saúde e integra as vacinas consideradas mais importantes para defender a saúde da população portuguesa.
As vacinas que fazem parte do PNV podem ser alteradas de um ano para o outro, em função da adaptação do programa às necessidades da população, nomeadamente pela integração de novas vacinas.
Programa Nacional de Vacinação desde 2017
Para comparação da evolução entre 2017 e 2020 aqui fica uma tabela detalhada com o PNV completo desde 2017
Polémico movimento anti-vacinação
Existem locais como o Alentejo e o Algarve onde os grupos que não recorrem a esta proteção “já têm alguma expressão”, embora ainda “sem dimensão que ponha em risco a saúde pública”, aponta a DGS.
São essencialmente naturistas que os profissionais acompanham de perto para prevenir surtos de doenças como o sarampo, que tem uma grande facilidade de propagação.
Uma vigilância feita de perto e duas vezes por ano. Temos de nos manter muito atentos porque se estes pequenos núcleos estiverem muito concentrados podem levar ao aparecimento de surtos. Por enquanto, se se mantiverem diluídos na população, porque temos uma boa taxa de cobertura, os riscos também são diluídos.
O que, sendo uma vantagem, também joga contra o próprio sistema. Segundo a DGS é muito confortável para estes pais tomar esta opção porque vivem num pais que tem taxas muito elevadas de vacinação.
É que se os focos mais concentrados antivacinação estão nas comunidades naturistas, também existem pais que individualmente vão tomando estas posições de recusar a vacinação.
Pais recusam a vacinação aos seus filhos
Em alguns casos trata-se de receio na sequência de estudos ou notícias que apontam para efeitos secundários decorrentes de uma vacina.
Outros fazem-no por convicção de que administrar uma carga vital a uma pessoa saudável é apenas desnecessário.
Medo e/ou falta de memória
Os pais começaram a levantar dúvidas em relação à necessidade de vacinar os filhos porque já não se lembram dos efeitos de algumas doenças. Os pais que têm agora 30 anos não sabem o que são as sequelas da poliomielite, por exemplo. Não conviveram com o sarampo. E é difícil convencê-los da importância de prevenir uma doença que não se vê entre nós.
Pais dúvidas sobre determinadas vacinas
Mais complicado do que as ideias e as posições contra todas as vacinas, é lidar com pais que são a favor, mas têm dúvidas em relação a determinada vacina.
A mais difícil é a anti-sarampo porque foi associada ao autismo, num estudo de 1998, que analisou 12 crianças, e levou o médico Andrew Wakefield a ser acusado de fraude,e as pessoas não esquecem por mais descredibilizado que o autor do estudo tivesse ficado, por mais estudos a provar o contrário e por mais evidências que sejam apresentadas.
Autismo e polémico estudo de Andrew Wakefield
Andrew Wakefield (nascido em 1957) é um ex-pesquisador e ex-cirurgião britânico. Em 1999, ele publicou um artigo intitulado “MMR vaccination and autism” na revista The Lancet, no qual estabelecia uma suposta relação entre a vacina tríplice e o autismo.
A vacina triplice ( VASPR ) imuniza contra as seguintes doenças:
• Sarampo
• Parotidite Epidémica ( Papeira )
• Rubéola
Diversas pesquisas posteriores foram realizadas para comprovar ou não a tese, e não houve evidências comprovando essa hipótese nos novos estudos.
Em 2010, o Conselho Médico Geral britânico considerou que Wakefield agiu de maneira antiética e desonesta ao vincular a vacina tríplice ao autismo.
Ainda de acordo com o Conselho Médico Geral britânico, a sua conduta trouxe má reputação à profissão médica depois de ter recolhido amostras de sangue de jovens na festa de aniversário de seu filho pagando-lhes £5.
Considera-se que o sarampo tenha ressurgido no Reino Unido devido ao receio dos pais em aplicarem a vacina trípice em seus filhos. As taxas de vacinação nunca mais voltaram a subir e surtos da doença tornaram-se comuns depois da publicação do artigo.
A denúncia de fraude surgiu de uma matéria publicada pelo jornalista Britânico Brian Deer, que supostamente é considerado um jornalista freelancer envolvido em polémicas, e as suspeitas eram de envolvimento do jornalista com as empresas farmacêuticas na tentativa de desacreditar a pesquisa.
Há apoiantes da hipótese de Wakefield?
Paralelamente muitos pesquisadores ainda têm investigado a relação da vacina tríplice com o autismo, e alguns deles tem apoiado o estudo de Wakefield.
Ele teve sua licença médica apreendida no Reino Unido por acusações de fraude de evidências na sua pesquisa sobre a relação de vacinas e autismo.
Estudo científico rejeita ligação entre vacina e autismo ( Abril de 2015 )
Um estudo científico rejeita a existência de ligação entre o autismo e a vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola (MMR), de acordo com um artigo publicado em Abril de 2015, no Journal of the American Medical Association (JAMA).
Outros estudos chegaram já à mesma conclusão antes deste, que analisou cerca de 95.000 crianças com irmãos mais velhos, alguns dos quais com Perturbações do Espetro do Autismo (ASD, na sigla inglesa).
“Em consonância com estudos efetuados noutras populações, não observámos qualquer ligação entre a vacinação MMR e um risco aumentado de ASD entre crianças com seguros médicos privados”, indica o estudo, conduzido por Anjali Jain, médico em Falls Church, Virginia.
“Também não encontrámos provas de que a administração de uma ou duas doses de vacinação MMR esteja associada com um risco aumentado de ASD entre crianças com irmãos mais velhos com ASD”, afirmou o investigador.
O autismo está a aumentar e afeta uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos, mas as suas causas continuam a ser praticamente desconhecidas. As preocupações quanto à segurança das vacinas, particularmente na era da Internet, têm provado ser difíceis de apaziguar.
“Apesar de uma quantidade substancial de estudos realizados nos últimos 15 anos não terem encontrado qualquer ligação entre a vacina MMR e as ASD, os pais e outras pessoas continuam a associar a vacina a ASD”, sustenta o estudo da JAMA.
“Questionários a pais cujos filhos têm ASD sugerem que muitos creem que a vacina MMR foi uma causa que contribuiu para a doença”, lê-se no artigo publicado na revista científica.
Crianças com um irmão mais velho têm menor probabilidade de ser vacinadas do que crianças sem autismo na família, concluiu o estudo. A taxa de vacinação MMR de crianças com irmãos saudáveis foi de 92% até aos cinco anos.
Em contraste, os níveis de vacinação de crianças cujos irmãos mais velhos tinham ASD foi de 86% até aos cinco anos.
Acompanhando o artigo, um editorial de Bryan King, médico da Universidade de Washington e do Hospital Pediátrico de Seattle, sublinha que os dados são claros.
“A única conclusão que pode ser retirada do estudo é que não há indícios que sugiram a existência de uma relação entre a MMR e o desenvolvimento de autismo em crianças com ou sem um irmão com autismo”, escreveu King.
“Ao todo, são cerca de 12 os estudos que até agora mostraram que a idade em que as ASD se manifestam não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas, que a gravidade ou evolução das ASD não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas e, agora, que o risco de recorrência de ASD nas famílias não difere entre crianças vacinadas e não vacinadas”, sustentou.
Relação benefício risco
As vacinas são os medicamentos mais seguros, porque são dadas a pessoas saudáveis e não se aceita que haja efeitos adverso.
A maioria das vacinas são tomadas na infância e adolescência, mantendo-se apenas na idade adulta a necessidade de atualizar a anti tétano, que muitas vezes é esquecido pelos adultos.
Que documentos apresentam as crianças na escola se não tiverem boletim de vacinas?
Apesar de não ser um procedimento obrigatório, a verdade é que as crianças são convocadas para as vacinas e o boletim é pedido na escola, mas a sua apresentação pode ser substituída por uma declaração, assinada no centro de saúde, em que se diz que se é antivacinas.
Não é um termo de responsabilidade, é um mecanismo de proteção dos profissionais, atestando que as vacinas foram oferecidas e que os pais recusaram. Às vezes deixar isso por escrito acaba por levar os pais a desistir da ideia.
VACINAÇÃO DE VIAJANTES ADULTOS E CRIANÇAS
As vacinas a recomendar aos viajantes dependem de:
-
- Local de destino
- Duração da estadia
- Doenças co-existentes
- Contra-indicações da Vacinação
- Efeitos adversos
- Duração da imunidade
- Tempo disponível antes da viagem
- Profissão
- Idade
- Sexo
- Custo da Vacina
Classificação, da OMS, das vacinas utilizadas
em viajantes
Vacinas exigidas por lei:
- Febre amarela
- Doença Meningocócica
Vacinas de rotina:
- Tétano,
- Difteria,
- Tosse convulsa
- Hepatite B
- Poliomielite
- Sarampo,
- Papeira,
- Rubéola
- Haemophilus influenzae
Vacinas recomendadas dependendo do destino:
- Cólera
- Encefalite Japonesa
- Encefalite transmitida por carraças
- Doença meningocócica
- Febre tifoide
- Gripe
- Hepatite A
- Raiva
- Tubercolose ( BCG )
- Varicela
CÓLERA, quais as zonas de risco?
Vacina utilizada contra a Cólera: Dukoral®
Indicações da vacina contra a Cólera:
Permanência prolongada em área endémica em condições sanitárias precárias. A vacinação contra a cólera não é uma exigência oficial internacional, no entanto é exigida em determinados países
Posologia :
Indicada a partir dos 2 anos de idade
Indivíduos com idade entre 2 e 6 anos → 3 doses (75ml)
Indivíduos com > 6 anos de idade → 2 doses (150ml)
Esquema de vacinação criança → 0 – 7 – 14 dias Dose única de reforço após 6 meses
Esquema de vacinação adulto → 0 – 7 dias
Dose única de reforço após 2 anos
ENCEFALITE JAPONESA, quais as zonas de risco?
Vacina → Ixiaro®
Indicações da vacina contra a Encefalite Japonesa:
Viajantes para zonas rurais endémicas com estadia >1 mês e especialmente se coincidir com as monções ( Junho a Dezembro)
Encefalite da Carraça/Encefalite Estival/Tick borne Encephalitis, quais as zonas de risco?
Vacina → FSME-IMMUN®
Indicações da vacina contra a Encefalite da Carraça:
Viajantes para florestas da Europa Central por períodos > 3 semanas, especialmente se a estadia ocorrer no verão.
DOENÇA MENINGOCÓCICA, quais as zonas de risco?
Vacina → Menveo® e Nimenrix®
FEBRE AMARELA, quais as zonas de risco?
Vacina → Stamaril®
FEBRE TIFOIDE, quais as zonas de risco?
Vacina → Typhim Vi®
HEPATITE A, quais as zonas de risco?
Vacina → Havrix®
HEPATITE A+B, quais as zonas de risco?
Vacina → Twinrix®
POLIOMIELITE, quais as zonas de risco?
Vacina → Imovax Polio®
SARAMPO, quais as zonas de risco?
Vacina → M-M-RVAXPRO®
Nos dois mapas acima mostrados fica clara a evolução do Sarampo em 2014, para zonas consideradas imunizadas em 2008.
RAIVA, quais as zonas de risco?
Vacina → Rabipur®
Para mais informações sobre vacinação de viajantes consulte o pdf da DGS que disponibilizamos de seguida:
Vacinação do viajante DGS
QUADRO DE VACINAÇÃO DE VIAJANTES
Reunimos num só quadro as informações mais relavantes sobre as principais vacinas aplicadas aos viajantes, para facilitar uma consulta breve sobre um assunto cada vez mais importantes nos nossos dias com viagens constantes entre países e continentes num Mundo verdadeiramnte global!
As informações disponiveis no nosso quadro são as seguintes:
- Doenças para as quais existe vacina
- Nome das vacinas
- Tipo de vacina ( viva, inactivada, subunidades ou toxoide )
- Via de admnistração
- Idade mínima
- Número de doses necessárias par imunização
- Tempo máximo de protecção
- Esquema rápido de vacinação em caso de urgência
- Efeitos secundários
- Contra-indicações
VACINAS DO VIAJANTE, clique aqui e veja a tabela melhorsaude.org
Conclusão
Afinal as vacinas são seguras ou não? Podemos ser vacinados e vacinar os nossos filhos de forma segura?
Verdadeiramente a questão deve ser colocada de outra forma… podemos aplicar as vacinas sem efeitos adversos e contra-indicações? É claro que não!
As vacinas são medicamentos por isso não podem estar isentas desses efeitos secundários e contra-indicações!
No entanto convém não esquecer o óbvio…as vacinas continuam a ser dos medicamentos mais seguros, senão mesmo os mais seguros, têm em regra efeitos secundários sem gravidade e, com tão poucas tomas, são os únicos medicamentos que nos conseguem proteger toda a vida contra doenças muito graves e potencialmente mortais!
Será justo, alguns de nós, privarem os filhos dessa protecção extraordinária apenas por receio de virem a desenvolver um determinado efeito adverso que aliás a ciência tem dificuldade em comprovar de forma clara? Talvez não…
Fiquem bem!
Franklim Fernandes
Fonte:
- Direcção Geral de Saúde;
- Organização Mundial de Saúde.
Por favor PARTILHE este importante artigo e ajude os seus amigos a tomarem decisões bem informadas acerca da vacinação. Juntos por uma Melhor Saúde!
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