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Esquizofrenia 30 respostas essenciais toda a verdade!

Esquizofrenia (schizophrenia) 30 respostas essenciais! Segundo a Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia (AEAPE) a doença mental e a esquizofrenia em particular são condições de saúde sub-diagnosticadas e de enorme dificuldade de gestão no que concerne à vida relacional e social dos doentes e suas famílias. Tratam-se de problemas muito graves que podem destruir a vida de muitas pessoas se o diagnóstico não for atempado, correto e a abordagem terapêutica e apoio familiar não for adequado!

Este artigo pretende ser um contributo para melhorar a escassa informação da população em geral sobre esta doença mental em particular.

Neste artigo vou responder ás seguintes 30 questões:

  1. O que é a esquizofrenia?
  2. O que é uma alucinação?
  3. O que são delírios?
  4. Quais os sinais precoces de esquizofrenia?
  5. Qual a prevalência da esquizofrenia na população?
  6. Como evoluíram os medicamentos para a esquizofrenia e os antipsicóticos de 1ª geração?
  7. Quais os novos antipsicóticos de 2ª geração?
  8. Os antipsicóticos provocam dependência?
  9. Os antipsicóticos provocam ou não um efeito “zombie”?
  10. O que acontece se interromper a medicação?
  11. Quais os efeitos secundários?
  12. O que é a Discinesia tardia?
  13. Qual a relação entre o tabaco e a esquizofrenia?
  14. Qual o impacto da esquizofrenia?
  15. O abuso de substância ilícitas pode causar esquizofrenia?
  16. Como se faz o diagnóstico da esquizofrenia?
  17. Quais as causas?
  18. De que forma a família e os amigos podem ajudar?
  19. O que pode esperar dos médicos responsáveis pelo tratamento?
  20. Os esquizofrénicos são violentos e agressivos?
  21. O que costumam sentir os familiares?
  22. Como gerir os sentimentos?
  23. Como lidar com o doente diariamente?
  24. O que fazer quando o doente chega a casa após internamento?
  25. Quais as atitudes corretas da família para ajudar o doente?
  26. Quais as técnicas mais úteis?
  27. O que se deve evitar no contacto com o doente?
  28. Como promover uma melhor adesão à terapêutica?
  29. Qual o papel dos medicamentos?
  30. Quais as principais causas da falta de adesão ao tratamento?

No final disponibilizamos, na nossa área reservada, o último relatório disponível sobre saúde mental em Portugal vs Europa e EUA. Conheça os dados e tabelas mais surpreendentes desse relatório!

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Esquizofrenia o que é?

A Esquizofrenia é uma perturbação psiquiátrica, provavelmente das mais angustiantes e incapacitantes. A esquizofrenia é muitas vezes descrita de forma incorreta como “dupla personalidade”. Este termo pode constituir a tradução literal mas a esquizofrenia é na realidade uma patologia do cérebro, que afeta de forma grave o modo de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o comportamento em geral.

As pessoas com esquizofrenia sofrem de sintomas psicóticos. Entre estes, contam-se:

  • Alucinações (por ex. ver ou ouvir coisas que não existem),
  • Delírios (ter crenças de natureza bizarra ou paranoide que não são verdadeiras),
  • comportamento agressivo,
  • Insónia,
  • Alterações da memória e da concentração
  • Medo intenso.

Os delírios e as alucinações são exemplos de sintomas denominados “positivos”.

Os “sintomas negativos” também surgem na esquizofrenia:

  • As pessoas ficam ausentes e alheadas,
  • Mostram muito pouca iniciativa,
  • Não conseguem sentir prazer e
  • Têm uma vida emocional pobre

Muitas vezes, as pessoas com esquizofrenia isolam-se socialmente, e têm grandes dificuldades nas relações interpessoais, sobretudo em situações de maior stress. Todos estes sintomas originam alterações na maneira de ser da pessoa, que começa também a ter dificuldades no desempenho escolar e/ou laboral.

Uma importante característica reside no facto de as pessoas com esquizofrenia não acreditarem que estas ideias/sintomas se devem a uma doença, algo que os médicos denominam falta de “insight” ou de “juízo crítico”. Este é um fator determinante para o atraso na busca de ajuda médica, mas também para a aceitação do tratamento necessário.

O que é uma alucinação?

Uma alucinação surge quando alguém vê, ouve, saboreia ou sente coisas que na verdade “não existem”. As alucinações mais frequentes na esquizofrenia são auditivas, e mais especificamente auditivo-verbais (i.e. a pessoa ouve vozes a falar consigo sem estar ninguém por perto). Alguns doentes podem “sentir” bichos debaixo da pele ou dispositivos dentro do corpo, e também podem achar que a comida tem um sabor diferente. As alucinações podem surgir em pessoas sob o efeito de drogas ou em indivíduos com esquizofrenia. As alucinações podem ser muito assustadoras, pois para os doentes são “reais”.

O que são delírios?

Os delírios são crenças falsas, de natureza bizarra ou paranoide, que não são partilhadas pelo resto da sociedade ou do meio em que o indivíduo vive. Os delírios mais comuns na esquizofrenia têm a ver com a perseguição e os indivíduos acham que existe uma conspiração para os prejudicar ou a alguém que lhes é querido. Também é frequente acreditarem que são Deus, a Virgem Maria ou alguém importante, ou que foram imbuídos de uma missão neste Mundo. Os delírios podem ser bizarros e os doentes acreditarem que o seu pensamento é manipulado por máquinas ou extraterrestres.

Os delírios têm de tal modo um papel importante na vida da pessoa, que a mesma é drasticamente afetada. Por exemplo, se as pessoas que estão a sofrer de delírios pensam que alguém as está a tentar envenenar, poderão deixar de se alimentar, ou ser eles a preparar a comida, ou só comer comida embalada.

Esquizofrenia: Quais os primeiros sinais?

Os primeiros sinais da esquizofrenia aparecem tipicamente na adolescência ou no início da idade adulta. Os sintomas da doença são difíceis de identificar, sobretudo na fase inicial, pois confundem-se com “queixas” habituais nesta fase da vida. Habitualmente o comportamento da pessoa muda, e esta começa a isolar-se e a achar que o Mundo está diferente e que algo de estranho vai acontecer. É muito comum surgir tristeza, ansiedade, dificuldades com o sono e/ou com o apetite e outras queixas relativamente inespecíficas. A doença pode demorar semanas a anos a manifestar-se completamente, e quando surgem os sintomas mais típicos (i.e. alucinações e delírios) diz-se que o doente teve um 1º surto psicótico. Estes sintomas deixam as pessoas afetadas pela doença muito limitadas na sua capacidade de interagir com outras pessoas e de manter o seu ritmo de vida habitual.

Esquizofrenia: Lista de sinais precoces

  • Isolamento social e deixar de passar muito tempo com pessoas da mesma idade;
  • Perda de memória, por exemplo esquecer-se onde as coisas foram colocadas;
  • Alterações da perceção: quando os objetos mudam de forma ou de cor;
  • Paranoia: pensam que alguém está a falar acerca delas e que as coisas estão a ser feitas “nas suas costas”;
  • Preocupação extrema com religião, filosofia, o paranormal, etc.; ou mesmo tornar-se membro de uma seita ou culto;
  • Alterações do pensamento: argumentos incoerentes, ilógicos ou demasiadamente abstratos;
  • Dificuldade em manter a atenção: distrair-se com facilidade;
  • Tristeza ou depressão;
  • Agressividade, irritabilidade ou hostilidade inesperada;
  • Falta de energia;
  • Falta de prazer nas atividades que lhe eram habituais;
  • Perturbações do sono: muitas não conseguindo dormir noites seguidas;
  • Medo, tremor das mãos ou voz trémula;
  • Perda de apetite, ou apetite voraz;

Qual a prevalência da esquizofrenia na população?

A esquizofrenia afeta entre 1% das pessoas durante a sua vida. A esquizofrenia surge em todo o mundo, sendo a prevalência da doença muito semelhante entre os diferentes países. Os homens e as mulheres têm risco idêntico de desenvolver a doença; contudo, nos homens  a doença manifesta-se habitualmente entre os 16 e os 25 anos, enquanto que nas mulheres tal acontece um pouco mais tarde, entre os 25 e os 30 anos.

Medicamentos para a esquizofrenia

Os medicamentos e outros tratamentos para a esquizofrenia, quando usados regularmente e de acordo com a prescrição, podem ajudar a reduzir e a controlar os sintomas incapacitantes da doença. No entanto, algumas pessoas não conseguem obter ajuda considerável a partir dos tratamentos disponíveis pois interrompem prematuramente o tratamento devido aos efeitos secundários desagradáveis dos mesmos, por não acreditarem que têm uma doença psiquiátrica, ou por outras razões. Mesmo quando o tratamento é eficaz, as consequências da doença são persistentes (tais como dificuldades relacionais e de integração, dificuldades cognitivas, estigma e sintomas residuais) e podem ser muito difíceis e limitantes para os doentes, impedindo-os de terem uma vida normal.

Como evoluíram os medicamentos para a esquizofrenia?

Os primeiros medicamentos eficazes para o tratamento da esquizofrenia foram desenvolvidos na década de 50 do século XX. Existe uma série de medicamentos antipsicóticos diferentes, ditos “convencionais”. Estes medicamentos parecem atuar sobretudo através da redução dos efeitos do neurotransmissor dopamina no cérebro. A sua principal eficácia consiste no tratamento dos sintomas positivos, o que permite a muitos doentes permanecerem fora do hospital e desempenharem relativamente bem as suas funções na comunidade.

No entanto, os antipsicóticos convencionais não parecem ser tão eficazes nos sintomas negativos da esquizofrenia nem nos sintomas relacionados com o humor (sintomas afetivos). Além disso, alguns doentes podem responder de forma incompleta ou mesmo não responder a estes medicamentos. Os antipsicóticos convencionais apresentam também uma série de efeitos adversos desagradáveis e os doentes podem ter a necessidade de tomar outros medicamentos para contrariar e reduzir estes efeitos. Os efeitos secundários podem contribuir para que os doentes não tomem os seus medicamentos (falta de adesão), o que pode levar ao reaparecimento dos sintomas da esquizofrenia e a novos episódios (recaídas).
No final do século XX, surgiram diversos medicamentos eficazes para a esquizofrenia com um perfil de efeitos secundários diferente dos antipsicóticos mais antigos e eficácia semelhante.

Quais os novos medicamentos para a esquizofrenia?

Os novos antipsicóticos, também chamados atípicos ou de 2ª geração, parecem bloquear quer os efeitos da dopamina quer da serotonina e parecem ter efeito numa gama mais alargada de sintomas da esquizofrenia. De facto, são eficazes no tratamento das alucinações e dos delírios e podem ser úteis noutros sintomas, como os sintomas negativos da doença (por ex. falta de motivação ou a pobre expressão emocional).

A grande maioria das pessoas com esquizofrenia mostram melhoria substancial quando tratadas com medicamentos antipsicóticos. De facto, quando existe a certeza que o indivíduo tem o diagnóstico de esquizofrenia, deverá ser tratado com fármacos antipsicóticos pelo menos por um período de tempo.

Quais os principais antipsicóticos?

Antipsicóticos de 1º geração

Os principais antipsicóticos de 1ª geração e as doses mais eficazes são os seguintes:

  • Clorpromazina (Largactil®), de 50mg duas vezes ao dia até 100mg quatro vezes ao dia;
  • Haloperidol(Haldol®)/Flupentixol(Fluanxol®), de 1mg por dia a 5mg quatro vezes ao dia;
  • Supiride (Dogmatil®), de 100mg duas vezes ao dia a 200mg quatro vezes ao dia;

Antipsicóticos de 2ª geração

Os antipsicóticos de segunda geração são prescritos em doses francamente mais baixas, aliás em consonância, também, com a evidência de que é em doses mais baixas que são mais úteis. Os principais antipsicóticos de 2ª geração e as doses mais eficazes são os seguintes:

  • Risperidona (Risperdal®), de 1-6mg ao dia;
  • Olanzapina (Zyprexa®), de 10-20mg ao dia;
  • Clozapina (Leponex®), de 400-600mg ao dia;

Como frequentemente os antipsicóticos não permitem resultados satisfatórios, há a prática de lhes associar outros fármacos tais como:

  • Benzodiazepinas,
  • Antidepressivos,
  • Anticonvulsivantes,
  • Outros antipsicóticos.

Por outro lado, sabendo-se dos riscos e problemas que este tipo de fármacos comporta, a boa prática consistirá, exatamente, em prescrever as doses mínimas possíveis, devendo, sempre que possível, a farmacoterapia ser combinada com terapias psicológicas (Healy, 2005).

Quais os efeitos secundários dos antipsicóticos?

Os antipsicóticos podem originar uma grande variedade de reações adversas. Essas reações poderão estender-se à generalidade dos sistemas corporais. Uma das consequências mais graves é o chamado síndroma neuroléptico tardio, que pode ser fatal e que pode provocar:

  • Catatonia: A Catatonia é uma perturbação do comportamento motor que pode ter tanto uma causa psicológica ou neurológica. A sua forma mais conhecida envolve uma posição rígida e imóvel que pode durar horas, dias ou semanas. Mas também pode se referir a agitação motora sem propósito mesmo sem estímulos ambientais. Uma forma menos extrema de catatonia envolve atividade motora muito lenta
  • Disartria: Disartria é uma perturbação neurológica caracterizada pela dificuldade em articular as palavras de maneira correta.
  • Febre,
  • Mudanças na pressão sanguínea,
  • Rigidez muscular,
  • Estupor: Estupor é um estado de consciência ou sensibilidade apenas parcial ou insensibilidade acompanhada por pronunciada diminuição da faculdade de exibir reações motoras.
  • Taquicardia: Taquicardia é um termo médico utilizado para designar um aumento da frequência cardíaca. Convenciona-se como normal no ser humano com mais de 15 anos, uma frequência cardíaca entre 60 e 100 batimentos por minuto. A partir de 100, inclusive, considera-se que há taquicardia.

Sintomas extrapiramidais induzidos por neurolépticos (SEP)

Tomados como um conjunto, os vários distúrbios poderão agrupar-se num vasto padrão de reações ou sintomas extrapiramidais. Segundo Pagliaro & Pagliaro (1998), cerca de 30% das pessoas medicadas com “antipsicóticos” desenvolvem algum tipo de reação extrapiramidal. Numa população clínica de 4000 pessoas tratadas com neurolépticos, Ayd (1991, citado por Cohen, 1997) estimou em cerca de 62% a percentagem de pessoas afetadas por SEP desencadeados por aquele tipo de medicação.

Uma das particularidades mais perturbantes nos SEP é a sua semelhança com distúrbios psicopatológicos comuns. Daí que possam não ser reconhecidos como provocados pela própria medicação e ser atribuídos a outras causas. Daqui resulta, frequentemente, que as pessoas são reforçadas nessa mesma medicação ou iniciadas noutras medicações. Acrescente-se que, além do mais, estes SEP são muitas vezes irreversíveis (mesmo depois de retirada da medicação).

As reações extrapiramidais incluem a ACATÍSIA (impossibilidade da pessoa estar quieta, não conseguindo manter-se sentada em sossego ou dormir), DISQUINÉSIA (perturbação nos movimentos musculares voluntários), DISTONIA (ocorrência de súbitos espasmos musculares, particularmente afetando a cabeça e pescoço) e outros, como a lentificação da fala, a hipersalivação (a pessoa “baba-se”), o PARKINSONISMO (com bradiquinésia, fazer “caretas”, rigidez no rosto, tremores).
De notar que cada um destes síndromas pode ocorrer isoladamente ou concomitantemente com qualquer um dos outros. Qualquer um deles, para além do mais, poderá aparecer em qualquer momento do tratamento com neurolépticos (podem ser dias ou meses após o início da sua toma).

Os antipsicóticos provocam habituação?

Os doentes e as suas famílias ficam muitas vezes preocupados com os medicamentos antipsicóticos utilizados para tratar a esquizofrenia. Além das preocupações relativas aos efeitos secundários, preocupam-se com o facto de estes medicamentos poderem levar à habituação. No entanto, os fármacos antipsicóticos não produzem (euforia) nem dependência (vício) nas pessoas que os tomam.

Os antipsicóticos provocam ou não um efeito “zombie”?

Uma outra ideia errada relativa aos medicamentos antipsicóticos consiste em considerar que estes atuam como uma espécie de controladores da mente ou como um “colete-de-forças químico”. Se usados nas doses apropriadas, os fármacos antipsicóticos não põem as pessoas “como zombies” nem lhes retiram a sua livre decisão. Embora estes fármacos possam ser sedativos, este efeito pode ser útil em circunstâncias especiais (tal como no início do tratamento, especialmente se o indivíduo estiver muito agitado e/ou com insónia grave). No entanto, a utilidade destes fármacos não se deve à sua capacidade sedativa, mas sim à capacidade em reduzir as alucinações, os delírios, a agitação e outros sintomas associados a um episódio/surto psicótico. Desta forma, os medicamentos antipsicóticos acabam por ajudar os indivíduos com esquizofrenia a lidar com o mundo duma forma mais racional.

Os antipsicóticos reduzem o risco de episódios psicóticos futuros em doentes que recuperaram dum episódio agudo (evitam uma recaída). No entanto, na maioria dos casos em que o tratamento é interrompido, a recaída acaba por acontecer, habitualmente passadas semanas ou meses. Se bem que não seja correto dizer que o tratamento continuado “evita” o aparecimento de recaídas, sem dúvida que reduz a frequência e intensidade das mesmas. O tratamento dos sintomas psicóticos graves exige geralmente doses mais elevadas do que as utilizadas para o tratamento de manutenção. Se os sintomas reaparecem com uma dose mais baixa, um aumento temporário pode prevenir o aparecimento duma recaída completa.

O que acontece se interromper a medicação?

Uma vez que as recaídas são mais prováveis quando os medicamentos antipsicóticos são interrompidos ou tomados de forma irregular, é muito importante que as pessoas com esquizofrenia colaborem com os seus médicos e famílias de forma a manterem-se fiéis ao seu esquema de tratamento. Isto envolve tomar o medicamento apropriado na dose correta e nas alturas certas do dia, ir às consultas médicas e seguir de forma escrupulosa todos os outros procedimentos relacionados com o tratamento. Embora isto seja muitas vezes difícil para as pessoas com esquizofrenia, tal fardo pode tornar-se mais leve com a ajuda de várias estratégias e consequentemente pode conseguir-se uma melhoria da qualidade de vida.

Quais os efeitos secundários?

Os antipsicóticos, tais como quase todos os medicamentos, para além dos seus efeitos benéficos podem ter efeitos indesejáveis. Durante a fase inicial do tratamento, os doentes podem queixar-se de:

  • Sonolência,
  • Agitação,
  • Espasmos musculares,
  • Tremor,
  • Secura de boca,
  • Visão turva.

A maioria deles pode ser corrigida com a diminuição da dose ou podem ser controlados com outros medicamentos. A resposta ao tratamento com antipsicóticos e os efeitos secundários associados variam de doente para doente. Determinados doentes podem responder melhor a um fármaco que a outro.

O que é a discinesia tardia?

Os efeitos dos antipsicóticos quando tomados a longo-prazo, podem colocar um problema consideravelmente mais grave. A discinesia tardia (DT) é uma situação que se caracteriza por movimentos involuntários, na maioria das vezes afetando a boca, lábios e língua e algumas vezes o tronco ou outras partes do corpo tais como os braços e as pernas. Ocorre em cerca de 15 a 20% dos doentes que foram medicados com os antipsicóticos mais antigos (i.e. convencionais) durante muitos anos, mas a discinesia tardia também pode surgir em doentes medicados com estes fármacos durante períodos mais curtos de tempo. Na maioria dos casos, os sintomas da discinesia tardia são ligeiros e o doente pode nem ter consciência deles, mas em alguns casos podem ser muito graves e incapacitantes.

Os novos antipsicóticos (i.e. atípicos ou de 2ª geração) parecem ter um risco muito menor de produzir DT que os fármacos mais antigos. No entanto, o risco não é nulo e por sua vez podem produzir outros efeitos secundários tais como:

  • Sonolência,
  • Aumento de peso,
  • Aumento do colesterol

Embora os medicamentos mais recentes sejam geralmente melhor tolerados que os convencionais, o perfil de efeitos adversos dos antipsicóticos atípicos varia de fármaco para fármaco, e estas diferenças podem afetar a adesão do doente ao esquema de tratamento. No entanto, os novos antipsicóticos constituem um avanço muito importante no tratamento destes doentes, e a optimização do seu uso em doentes com esquizofrenia é um tema atualmente objeto de investigação aprofundada.

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Qual o impacto da esquizofrenia

A maioria das pessoas com esquizofrenia sofre ao longo das suas vidas, perdendo desta forma oportunidades de carreira e de relacionamento com outros indivíduos. Como consequência da falta de compreensão por parte da sociedade relativamente à doença, as pessoas com esquizofrenia muitas vezes sentem-se isoladas e estigmatizadas, e podem ter relutância ou dificuldade em falar sobre a sua doença. Embora a disponibilidade de novos medicamentos com menos efeitos secundários tenha melhorado a vida de muitos doentes, atualmente apenas uma pessoa em cada cinco das afetadas pode atingir a “recuperação” da doença, sendo que uma em cada dez pessoas com esquizofrenia acaba por cometer suicídio.

De todas as doenças mentais, a esquizofrenia é provavelmente a que apresenta mais dificuldades para todos os envolvidos. Os doentes sofrem, sem qualquer dúvida, uma enorme perturbação das suas vidas. No entanto, as famílias e os amigos são também profundamente afetados, devido à angústia de verem os efeitos da doença no seu ente querido, e como resultado da sobrecarga derivada da necessidade de assistência ao doente.

Enfrentar os sintomas da esquizofrenia pode ser especialmente difícil para os membros da família que se recordam de como a pessoa era ativa e dinâmica antes de ficar doente. Apesar de existirem inequívocas evidências do contrário, algumas pessoas ainda acreditam que a causa da esquizofrenia são maus pais ou falta de força de vontade. Ora, tal não é de todo o caso. A esquizofrenia é uma doença complexa, que se pensa ser devida a vários fatores atuando em conjugação. Estes fatores parecem incluir:

  • Influências genéticas,
  • Traumatismos (lesões) do cérebro na altura da gravidez ou após o nascimento,
  • Efeitos sociais e/ou stress,
  • Consumo de algumas drogas.

Outros parâmetros podem também ser importantes, mas nenhum fator pode ser incriminado isoladamente como causa da esquizofrenia. Em vez disso, pensa-se que cada um destes fatores pode aumentar o risco de que uma pessoa venha a manifestar a doença.

O abuso de substâncias ilícitas pode causar esquizofrenia?

O abuso de substâncias ilícitas é uma preocupação comum das famílias de pessoas com esquizofrenia. Uma vez que algumas pessoas que abusam de fármacos, apresentam sintomas semelhantes aos das que sofrem de esquizofrenia, as pessoas com esta doença podem ser olhadas erradamente como pessoas que tomaram “muitas drogas”.

As pessoas que têm esquizofrenia muitas vezes consomem álcool e/ou drogas de forma excessiva e podem ter reações particularmente negativas a certas drogas. O abuso de substâncias pode também reduzir a efetividade do tratamento para a esquizofrenia. Os estimulantes (por ex. anfetaminas e cocaína) parecem ser especialmente prejudiciais em doentes com esquizofrenia, e algumas pessoas sofrem um agravamento dos sintomas quando consomem estas drogas. O abuso de substâncias também reduz a probabilidade dos doentes seguirem o plano de tratamento recomendado pelos seus médicos.

Qual a relação entre tabaco e esquizofrenia?

A forma mais comum de dependência de substâncias em doentes com esquizofrenia é a dependência de nicotina por consumo excessivo de tabaco. A prevalência do tabagismo em doentes com esquizofrenia é cerca de três vezes superior à da população em geral, mas a relação entre o tabaco e a esquizofrenia é complexa. Embora as pessoas com esquizofrenia possam fumar para se “automedicarem” e aliviarem alguns dos seus sintomas, o tabaco parece interferir com o efeito de alguns fármacos antipsicóticos, pelo que os doentes que fumam muito podem necessitar de doses mais elevadas de medicação antipsicótica.

Como se faz o diagnóstico da esquizofrenia?

A maioria das doenças psiquiátricas são muito difíceis de diagnosticar e a esquizofrenia não constitui exceção, uma vez que não existem testes ou exames que possam identificar quem tem a doença. O diagnóstico depende da exclusão de outras causas que possam originar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia (tais como abuso de drogas, epilepsia, tumores cerebrais, doenças da tiróide, entre outras). É importante excluir outras doenças, porque algumas vezes as pessoas têm sintomas mentais graves devido a doenças médicas subjacentes que não são diagnosticadas. Por este motivo, deve ser colhida uma história clínica, ser realizado um exame físico e pedidos exames laboratoriais ou imagiológicos (por ex. TAC cranioencefálica). Além disso, como algumas drogas podem causar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, estas substâncias devem ser pesquisadas em amostras de sangue ou de urina dos doentes em causa.

Após terem sido excluídas outras causas, o médico deve então efetuar um diagnóstico, baseando-se nos sintomas observados no doente e descritos pelo mesmo e pela família. Isto pode provocar problemas e atrasos no diagnóstico porque muitos sintomas podem só ser evidentes quando a doença já está avançada. De facto, para que se possa estabelecer um diagnóstico formal, os sintomas devem estar presentes durante pelo menos seis meses.

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Perguntas e Respostas

Quais são as “causas” da esquizofrenia?

Não existe uma causa única para a esquizofrenia. Tal como as doenças cardíacas, muitas doenças resultam de vários fatores genéticos, ambientais e outros. Pode também ser o que acontece na esquizofrenia. Não compreendemos ainda completamente todos os fatores que estão na base da esquizofrenia, mas os especialistas concordam que a doença é devida a anomalias na função cerebral, algumas das quais ainda não são completamente conhecidas.

A esquizofrenia é uma doença da mente, e os seus sintomas são atribuíveis a anomalias na transferência e processamento de informação dentro do cérebro. As células nervosas no cérebro (i.e os neurónios) comunicam umas com as outras libertando substâncias químicas (neurotransmissores) a partir das suas terminações nervosas. Muitos dos sintomas da esquizofrenia foram associados a anomalias na atividade de certos neurotransmissores específicos, nomeadamente da Dopamina.

Qual o impacto da genética familiar?

A investigação em famílias com vários indivíduos afetados pela esquizofrenia indica que a vulnerabilidade à doença é genética. Uma criança cujo progenitor tenha esquizofrenia tem uma probabilidade de cerca de 10% de desenvolver a doença. Comparativamente, o risco de esquizofrenia na população em geral é de cerca de 1%. No entanto, entre indivíduos com esquizofrenia que tenham um gémeo idêntico e que assim partilham o mesmo património genético, há apenas uma possibilidade de 50% de que ambos os gémeos sejam afetados pela doença. Isto demonstra que a informação genética não é determinante para a manifestação da doença, sendo importante a combinação de vários fatores de risco.

De que forma a família e os amigos podem ajudar?

Se tiver sido diagnosticada esquizofrenia a algum membro da sua família, você pode desempenhar um papel muito importante ao oferecer-lhe apoio e ao ajudá-lo a receber os cuidados médicos adequados. É importante ter uma boa compreensão da doença. O médico envolvido deve estar preparado para responder a qualquer questão que você possa ter sobre o que é a esquizofrenia e de que forma deve ser tratada.

É provável que no caso de ter um familiar com esquizofrenia, lhe seja pedido em determinada altura que converse com um médico sobre o seu familiar e que lhe descreva o seu comportamento. As pessoas com esquizofrenia algumas vezes não são capazes de fornecer muita informação durante uma consulta. Algumas vezes, apenas a família ou outros próximos da pessoa com esquizofrenia estarão conscientes do comportamento estranho ou de ideias bizarras que a pessoa tenha exprimido. Uma vez que os doentes podem não dar voluntariamente essa informação durante uma consulta, os membros da família ou os amigos devem solicitar para falarem com a pessoa que avalia o doente de modo que toda a informação relevante possa ser tomada em consideração.

Esteja preparado para dar informações e formular questões ao médico. Ajudará saber algo sobre a história clínica da sua família e que medicamentos o seu familiar está a tomar. Pode também querer questionar o médico sobre os medicamentos, efeitos secundários, riscos para a saúde a longo-prazo e hospitalização. É boa ideia anotar previamente as suas perguntas e ter papel e caneta consigo no caso de pretender tomar notas.

O que pode esperar dos médicos responsáveis pelo tratamento do seu familiar com esquizofrenia?

Como parte do processo de diagnóstico e de tratamento, o psiquiatra efetuará o seguinte:

  • Colher uma história completa
  • Investigar sintomas que possam ser devidos a outras doenças (físicas e psiquiátricas), pedindo os exames adequados
  • Obter informações relativamente a outras medicações antipsicóticas
  • Ajustar o tratamento quando necessário
  • Rever a medicação regularmente
  • Estar interessando no bem estar global do doente e fazer as referências indicadas para os cuidados posteriores, alojamento, suporte social e ajuda financeira
  • Explicar de forma clara o que está a acontecer e o que está a ser planeado para o tratamento do doente
  • Envolver a família no processo de tratamento.

Devido à natureza da doença, algumas pessoas com esquizofrenia podem negar que necessitam de medicação, e podem recusar a toma dos fármacos prescritos ou deixar de os tomar devido aos efeitos secundários indesejados. Pode ser difícil para os doentes lembrarem-se de tomar a medicação devido à desorganização do pensamento que é característica das pessoas com esquizofrenia. Se os familiares ou os amigos estiverem envolvidos no processo de tratamento, eles podem dar suporte inestimável, ao verificarem a toma dos medicamentos por parte do doente, instigando-os a tomá-los quando se esquecem de o fazer, ou lembrando-os dos problemas que possam ter ocorrido em ocasiões prévias quando decidiram deixar de tomar a medicação.

É também importante assegurar que uma pessoa com esquizofrenia continue a receber tratamento após a hospitalização. Um doente pode interromper a medicação ou deixar de acorrer às consultas, o que muitas vezes conduz ao reaparecimento dos sintomas. Encorajar o/a doente a continuar o tratamento e assisti-lo/a no processo terapêutico pode influenciar de forma positiva a recuperação. Sem tratamento, algumas pessoas com esquizofrenia ficam de tal modo psicóticas e desorganizadas que não podem cuidar das suas necessidades básicas, tais como alimentarem-se, vestirem-se ou protegerem-se. Não raramente, as pessoas com doenças mentais graves acabam nas ruas ou na prisão, onde acabam por não receber o tipo de tratamento de que necessitam.

Os que estão próximos das pessoas com esquizofrenia não estão seguros sobre o que responder quando os doentes fazem afirmações que parecem estranhas ou falsas. Para o indivíduo com esquizofrenia, as crenças bizarras ou alucinações parecem bem reais; não são apenas fantasias imaginárias. Em vez de “ir na onda” dos delírios da pessoa, os membros da família ou os amigos podem dizer à pessoa que não vêem as coisas da mesma maneira ou que não concordam com as suas conclusões, embora reconhecendo que as coisas podem parecer de maneira diferente para o doente.

Registar os tipos de sintomas e quando aparecem para prever melhor o futuro

Pode ser também útil, para aqueles que conhecem bem a pessoa com esquizofrenia, manter um registo de quais os tipos de sintomas que apareceram, que medicações (incluindo doses) foram tomadas e quais os efeitos que os vários tratamentos condicionaram. Ao conhecer quais os sintomas que estiveram presentes antes, os familiares podem saber melhor o que procurar no futuro. As famílias podem mesmo ser capazes de identificar alguns sinais precoces de alarme ou potenciais recaídas, tais como a tendência para o isolamento ou alterações no padrão de sono, mesmo ainda numa fase precoce e melhor do que os próprios doentes.

Assim, o reaparecimento da psicose pode ser detetado precocemente e o tratamento pode prevenir uma recaída completa. Além disso, a família sabendo quais as medicações que ajudaram o doente ou que lhe causaram efeitos indesejáveis no passado, pode ajudar quem tem a tarefa de tratar o doente a escolher a melhor alternativa terapêutica mais rapidamente.

Suporte e encorajamento

Além do envolvimento na procura de auxílio ao doente, a família, os amigos e os colegas podem proporcionar suporte e encorajamento à pessoa com esquizofrenia para que volte a recuperar as suas capacidades. É importante que os objetivos sejam realistas, uma vez que um doente que se sente pressionado e/ou repetidamente criticado pelos outros irá provavelmente sentir stress levando ao agravamento dos sintomas. Tal como qualquer outra pessoa, os doentes com esquizofrenia precisam de saber quando estão a fazer as coisas corretamente. Uma abordagem positiva pode ser útil e talvez mais eficaz a longo prazo que as críticas. Este conselho aplica-se a qualquer pessoa que entre em contacto com o doente.

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A família, a doença e o doente

Os esquizofrénicos são violentos e agressivos?

Nem todos os doentes com esquizofrenia são violentos. A violência que pode surgir em algumas fases da doença tem a ver com o sofrimento e desorientação sentidos pelo doente em momentos de agravamento da doença.
Por isso, é necessário aprender a lidar com estas situações. Eis alguns conselhos.

O que costumam sentir os familiares?

Quando a família toma conhecimento de que o seu familiar tem esquizofrenia, as suas emoções são comparáveis às que sentiria perante uma notícia de um acidente grave ou de uma catástrofe.

Alguns dos sentimentos mais frequentemente relatados são:

  • Tristeza: “Sentimo-nos como se tivéssemos perdido um filho.”
  • Ansiedade: “Temos medo de o deixar sozinho ou de ferir os seus sentimentos.”
  • Medo: “Pode fazer-nos mal? Pode magoar-se a si ou aos outros.”
  • Vergonha e culpa: “Somos culpados.”, “Que vão pensar de nós?”
  • Isolamento: “Ninguém nos compreende.”
  • Ressentimento: “Porque nos aconteceu isto a nós?”
  • Preocupação com o futuro: “Quem vai tratar dele quando nós não estivermos?”
  • Ciúme: “Os irmãos ficam ciumentos com a atenção que recebe.”
  • Depressão: “Não conseguimos evitar chorar.”
  • Negação da doença: “Isto não pode acontecer na nossa família.”
  • Negação da gravidade da doença: “Isto vai passar. É só uma fase.”
  • Culparem-se uns aos outros: “Se tivesses feito isto, se não tivesses dito aquilo…”
  • Falar constantemente da doença: “Passámos a vida toda a tentar entender o que tinha.”
  • Problemas no casal: “Irritas-te demasiado.”
  • Divórcio: “Não suporto mais esta situação caótica.”

Como gerir os sentimentos?

Reconhecer estes sentimentos e declará-los abertamente num diálogo familiar pode ajudar a aliviar tensões, evitar ruturas e clarificar os papéis de cada um dos membros. Deste modo a família pode tornar-se numa equipa eficiente que poderá apoiar o trabalho dos terapeutas e maximizar o efeito da medicação.

Há alguns conselhos que podem ajudar a viver melhor com a doença mental na família:

  • É importante aceitar que esta doença não tem cura.
  • Não se deve sentir culpado.
  • É normal sentir rancor. Os sentimentos de revolta são naturais, já que esta doença afeta muito o funcionamento familiar.
  • Aceitar que a doença mental é tão difícil para quem a sofre, como para a família.
  • É normal que após uma fase de negação, de tristeza e de raiva, surjam sentimentos de aceitação e compreensão.
  • Não se deve sentir envergonhado pela doença mental de um familiar. É comum encontrar estigma e preconceitos em qualquer lado, mas isso é apenas um sinal de medo e ignorância.
  • Apesar do doente poder ter comportamentos que considera estranhos, deve compreender que estes resultam da doença, e desse modo não se sentir tão magoado.
  • Deve reconhecer a coragem do doente em lidar com a sua doença.
  • É importante saber que, embora a sintomatologia possa variar ao longo do tempo, a doença persiste.
  • É importante impor limites claros. O facto de o seu familiar ter capacidades limitadas, não significa que não se possa esperar mais nada dele.
  • Não deve ter receio em perguntar ao doente se está a pensar magoar-se. O risco de suicídio é real.
  • As necessidades do doente nem sempre estão em primeiro lugar: se você não consegue cuidar de si, também não vai conseguir cuidar do seu familiar.
  • Não deve assumir todas as responsabilidades no tratamento do doente. Procure partilhá-las com mais alguém.
  • Deve ter consciência que não é um profissional. O seu papel é de irmão, filho ou pai/mãe…
  • Não se deve sentir sozinho. Partilhar pensamentos e sentimentos em grupos de autoajuda é muito benéfico e enriquecedor.
  • Deve pedir ao médico todas as informações e esclarecimentos sobre a doença que necessite.

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Como lidar com o doente no dia-a-dia?

Quando um doente chega a casa após um internamento:

Como lidar com os sentimentos?

Algumas estratégias podem ajudar as famílias a lidar com o doente neste início do período estável. Fale com o seu médico sobre quais as melhores estratégias a usar depois de uma crise aguda.

  •  Fale lentamente e em tom baixo. Use frases curtas e simples para evitar mal-entendidos. Se for necessário, repita as frases e perguntas, usando as mesmas palavras.
  • Explique o que está a fazer e porquê. Por exemplo, “Estou a arrumar a roupa limpa no teu armário e podes escolher o que quiseres vestir.”
  • Organize a sua rotina diária. Seja consistente e quando disser que vai fazer alguma coisa, evite mudar de ideias.
  • Elogie-o frequentemente (por ex. ao pentear-se após vários dias sem o ter feito, diga-lhe como lhe fica bem).
  • Reduza a tensão e o stress (por ex. se comer à mesa com o resto da família for um esforço demasiado grande, não o obrigue).
  • Procure estratégias para que tome a medicação, mas evitando a violência.

Em doentes estabilizados:
Gradualmente, o doente poderá assumir certas responsabilidades.

  • Fale com ele sobre como se sentiria fazendo mais coisas.
  • Comece por uma melhor gestão da higiene pessoal, vestir-se e comer em horários estabelecidos.
  • Dê-lhe tarefas em casa que estejam dentro das suas possibilidades. Verifique se prefere trabalhar sozinho ou com outros.
  • Dê-lhe ânimo, mas não o pressione para participar em atividades de grupo. Talvez seja preferível 1 ou 2 amigos a jantar em casa, que um evento familiar numeroso.
  • Procure saber o que prefere fazer no seu passeio semanal. Talvez tomar um café numa pastelaria lhe seja mais fácil que um almoço no restaurante.
  • Não seja curioso. Não lhe pergunte constantemente em que está a pensar ou porque faz determinada coisa. Prefira conversas sobre temas externos, como por exemplo “Viste o novo programa na televisão?…”
  • Compreenda que lhe pode ser difícil manter uma conversa, mas que a sua companhia pode ser agradável em qualquer outra atividade. Talvez gostasse que lhe lesse alguma coisa.
  • Evite a crítica constante. Trate dos comportamentos que o incomodam de forma direta e franca. Por exemplo, a higiene pessoal costuma ser uma fonte de irritação para a família, mas nada resolveria dizendo “porque não tomas banho?” ou “que mal que cheiras!”. Seria melhor apresentar o problema de outra maneira: “para mim é importante que tomes banho; podíamos chegar a um acordo para que tomes banho todos os dias?”
  • Para que colabore, “esqueça-se” de algumas coisas, por exemplo: “esqueci-me do leite, podes trazer-mo?”
  • Estimule-o a ter algumas responsabilidades deixando, por exemplo, uma nota com instruções sobre como começar a preparar o almoço em caso de você chegar tarde. E, então, chegue tarde.
  • Mostre-lhe como lidar com o pânico em público, depois de uma situação de stress. Por exemplo, leve-o até à casa-de-banho e deixe-o tranquilo até que passe o medo.
  • Lembre-se de que, muitas vezes, você é o seu único amigo. Trate-o como tal. Convide-o a ver um filme, por exemplo.
  • Tente sempre pôr-se no lugar dele. Respeite os seus sentimentos. Se ele sentir medo, não lhe diga “não sejas tonto, não tenhas medo!”. Permita-lhe sentir medo dizendo-lhe, por exemplo: “Não faz mal que sintas medo. Senta-te ao meu lado até que passe”.
  • Respeite os seus sentimentos. Se o incomoda que fale sobre esquizofrenia ou algum outro tema na frente dos outros, não o faça.

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Resumo de conselhos à família:

  • Seja amigável, sereno e alegre.
  • Aceite a situação.
  • Reserve um tempo para o ouvir.
  • Trate-o com ternura.
  • Inclua-o e respeite-o.

Algumas técnicas úteis:

  • Fale lenta, calma e claramente.
  • Use frases curtas e simples.
  • Dê uma só instrução ou ordem de cada vez.
  • Espere o momento adequado.

Evitar (especialmente numa crise):

  • Olhá-lo insistentemente nos olhos.
  • Impedir-lhe a passagem.
  • Ser arrogante, altivo ou hipercrítico.
  • Encurralá-lo em situações em que não se sinta confortável.
  • Mostrar-se melancólico ou triste.
  • Contacto físico (tocar o doente) quando está zangado.
  • Discutir com ele na presença de outras pessoas.
  • Falar demasiado ou dar sermões.
  • Ser intolerante, mentiroso ou demasiado exigente.
  • Gritar ou ser sarcástico.

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Dez mandamentos de ternura e compreensão:

  1. Dê-lhe atenção.
  2. Faça-o sentir-se à vontade e confortável.
  3. Alegre-se com ele nos seus pequenos sucessos.
  4. Escute-o com atenção e envolva-o nas conversas familiares.
  5. Partilhe o seu tempo com ele.
  6. Elogie-o.
  7. Compreenda-o, pondo-se no seu lugar.
  8. Seja seu companheiro.
  9. Estimule-o nos seus projetos.
  10. Incuta-lhe esperança.

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Adesão à Terapêutica

Qual o papel dos medicamentos?

Os medicamentos são uma parte fundamental do tratamento da esquizofrenia.
A função dos medicamentos é:

  • Controlar os sintomas
  • Evitar recaídas

O tratamento é prolongado (habitualmente durante toda a vida) e não deve ser interrompido sob nenhum pretexto ou circunstância, salvo indicação médica para tal.
A interrupção do tratamento é a principal causa de agravamento da doença (recaídas). Tal como na diabetes ou na hipertensão, o doente deve tomar a medicação e ser acompanhado regularmente pelo seu médico.

  • Os medicamentos não são “drogas” e não causam habituação.
  • Não se destinam a controlar a mente, nem a agir como um “colete químico”.
  • Não há medicamentos que curem a esquizofrenia, tal como não há medicamentos que curem muitas outras doenças, como a asma, a hipertensão, a diabetes ou a epilepsia.
  • Para reduzir o risco de agravamento da doença, é muito importante cumprir as tomas da medicação como indicado pelo médico.

O que significa “falta de adesão ao tratamento”?

Pode falar-se em falta de adesão ao tratamento quando:

  • Ocorrem falhas na toma da medicação, ainda que sejam apenas algumas tomas.
  • Não se toma a dose indicada pelo médico.
  • Não se respeitam os horários indicados pelo médico.
  • Não se cumprem as indicações do médico.
  • Se interrompe totalmente a terapêutica.
  • Se falta à consulta.
  • Não se fazem os exames pedidos.

Quais as principais causas de falta de adesão ao tratamento?

Existem múltiplos motivos que podem dificultar a adesão ao tratamento. Os mais comuns são:

  • Esquecimento.
  • O doente não reconhece que está doente e não fica convencido da necessidade de tomar a medicação.
  • Falta de eficácia do medicamento.
  • Complexidade do tratamento.
  • O tratamento exige várias tomas diárias.
  • O doente sente-se melhor e acha que já não precisa da medicação.
  • Os efeitos secundários da medicação são intoleráveis.
  • Os familiares ou amigos propõem parar a medicação porque o doente parece estar bem.
  • Falta de medicação.
  • Os sintomas negativos que reduzem o interesse no tratamento.

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Concluindo

Neste artigo mostramos a complexidade e dificuldade de gerir a doença mental e a esquizofrenia em particular. O diagnóstico é difícil, o doente muitas vezes não reconhece nem aceita a doença, a família não sabe como lidar com o doente e este por sua vez sem o apoio e a compreensão familiar necessária fica cada vez pior, tornando-se também um problema social!

A doença mental grave é o parente pobre do apoio social do estado precisamente por serem doentes que não aceitam/reconhecem a sua própria doença e por conseguinte mesmo havendo um diagnóstico não aderem muitas vezes de forma correta e regular à medicação que os pode tornar estáveis e permitir uma vida digna!

Pessoalmente julgo que um dos caminhos evidentes para melhorar este panorama é a informação à população sobre os sinais precoces e sintomas das principais doenças mentais que são de forma geral desconhecidos ou mal interpretados. Por outro lado, na doença mental, existem demasiados casos em que o internamento compulsivo (difícil do ponto de vista legal) é o único caminho para começar um tratamento e demonstrar ao doente que tem um problema que necessita de tratamento.

Quando um doente que tinha alucinações ou delírios percebe que estes sintomas desaparecem ou ficam controlados com o tratamento iniciado é claro que as possibilidades de aceitar a sua doença aumentam muito e isso é uma condição básica para poderem melhorar e ter uma vida digna com a sua família!

Por favor PARTILHE ESTE ARTIGO e ajude-nos na missão “juntos para uma MELHOR SAÚDE”.

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Fontes: 

Disponivel na nossa área reservada o último relatório detalhado sobre saúde mental em Portugal vs Europa e EUA. Leia as tabelas e conheça as surpresas evidenciadas pelo relatório:

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Alergia alimentar quais os alimentos mais perigosos?



Alergia alimentar: Quais os alimentos comuns que podem provocar problemas alérgicos? Saiba tudo neste artigo que pretende ser um instrumento de ajuda essencial para quem tem ou suspeita que pode ter uma alergia, nomeadamente a alguns alimentos. É essencial alertar para a necessidade de, havendo suspeita, o mais cedo possível serem identificadas essas alergias sob pena de terem a sua qualidade de vida bastante degradada e em alguns casos até correr perigo de vida devido à possibilidade, embora rara, de choque anafilático.

Neste artigo vamos responder ás seguintes questões:

  • Alergia: O que é?
  • Atopia: O que é?
  • Qual a incidência de alergias na população?
  • Porque têm aumentado as alergias?
  • Será que o nosso sistema imunológico está diferente?
  • Doenças alérgicas: Quais as principais?
  • Alergia alimentar: Quais os sintomas?
  • Intolerância alimentar o que é? Qual a diferença?
  • A alergia alimentar tem influência genética familiar?
  • Reacções alérgicas  imediatas vs retardadas: Quais são e quais as diferenças?
  • Anafilaxia ou reação anafilática: O que é?
  • Urticária: O que é?
  • Angioedema: O que é?
  • Alergias em crianças: Quais as mais frequentes?
  • Alergia nos adultos: Quais as mais frequentes?
  • Sindrome de Alergia Oral: O que é?
  • Reactividade cruzada: O que é?
  • Diagnóstico de alergia alimentar: Como se faz?
  • Exercício físico após comer pode provocar alergia alimentar?
  • Teste cutâneo positivo significa sempre alergia a esse alimento?
  • Teste cutâneo negativo significa sempre ausência de alergia a esse alimento?
  • Teste de provocação oral (TPO): O que é?
  • Como evitar uma alergia alimentar?
  • Uma alergia pode desaparecer com a idade?
  • Tratamento de uma alergia alimentar: Qual o melhor?
  • Alimentos que mais frequentemente causam alergias alimentares: Quais são?

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Alergia o que é?

Uma alergia é uma reação de hipersensibilidade, a estímulos externos, mediada pelo sistema imunitário, nomeadamente um tipo de anticorpo com uma importância central em todas as doenças alergicas, designado imunoglobulina E (IgE).

Reacção alérgica

Alergia alimentar o que é?

Alergia alimentar é uma reação do sistema imunológico contra um determinado alimento considerado inofensivo para a maioria das pessoas. Algumas pessoas apresentam alergia a mais do que um alimento de grupos diferentes, situação menos frequente, que é designada de alergia alimentar múltipla.

É obviamente uma reação alérgica provocada por um alimento ou aditivo contido nesse alimento. Por vezes existem alergias a alimentos importantes e muito usados na nossa alimentação como por exemplo leite, ovos e trigo.

Intolerância alimentar o que é?

A intolerância alimentar não é uma alergia pois não é mediada pelo nosso sistema imunitário.  A Intolerância Alimentar consiste numa reação adversa ao alimento que não envolve o sistema imunológico. Frequentemente resulta de alterações ou distúrbios do metabolismo do alimento. Neste caso, as reações não têm o mesmo potencial de gravidade da resposta alérgica e os sintomas desenvolvem-se com maior frequência ao nível gastrointestinal.

Os sintomas mais frequentes da intolerância alimentar são:

  • Inchaço ou distensão abdominal;
  • Gases;
  • Cólicas;
  • Flatulência;
  • Azia;
  • Dor de cabeça;
  • Mal estar geral.

Saber mais sobre intolerância alimentar aqui

Atopia o que é?

A atopia pode ser entendida como uma tendência individual e/ou familiar para desencadear reações de hipersensibilidade mediadas pela IgE.

Um dos exemplos mais frequentes é a pele atópica.

Alergia e incidência na população

De acordo com a World Allergy Organization (WAO), cerca de 40% da população mundial sofre de pelo menos uma doença alérgica sendo o 5º grupo de doenças crónicas mais frequentes nos países desenvolvidos. Estes números serão mais graves no futuro porque um dos segmentos da população mais afetados são as crianças e portanto haverá, um aumento das patologias alérgicas. Na altura da primavera  maior parte das pessoas que sofre de rinaconjuntivite tem alergia ao pólenes.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), cerca de:

  • 30% da população sofre de rinite,
  • 16% da população terá também conjuntivite,

No entanto, muitos doentes nunca fizeram diagnóstico. Apenas um terço das pessoas foram vistas por causa da doença e ainda menos fizeram testes de alergia.

Causas do aumento das alergias

As doenças alérgicas estão a aumentar, o que tem sido associado a diversos fatores tais como:

  • Mudanças no estilo de vida,
  • Alterações climáticas, nomeadamente aumento da temperatura
  • Aumento da poluição atmosférica,

Sistema imunitário será que está diferente?

Nas crianças do países ocidentais o número de infeções por bactérias, vírus e parasitas tem vindo a diminuir graças à evolução das vacinas, antibióticos e melhoria das condições sanitárias.

Estas circunstâncias no seu conjunto levaram a que o nosso sistema imunitário, pelo facto de não ter uma ameaça tão forte de parasitas e agentes microbianos patogénicos, se concentre agora mais nos alérgenos ambientais que teoricamente deveriam ser inofensivos para as pessoas.

Doenças alérgicas quais as principais?

As principais doenças alérgicas são as seguintes:

Alergia alimentar qual a incidência?

A alergia alimentar  atinge cerca de 1-2 %  da população geral nos países  industrializados e mais de 8% das crianças. O número de indivíduos com reações graves de causa  alérgica, após ingestão  de alimentos, tem vindo a aumentar.

As reações a alimentos poderão não ter uma causa alérgica,  designando-se então  como reações alimentares  adversas.

Influência genética qual a importância?

A alergia alimentar tem uma forte componente genética e até 70% dos doentes apresentam história familiar positiva.

Sintomas quais são?

A alergia a um determinado alimento origina, habitualmente, o aparecimento dos sintomas poucos minutos após a ingestão.

Estas reações denominadas imediatas podem atingir de uma forma isolada ou combinada:

  • Pele e mucosas,
  • Vias respiratórias,
  • Sistema gastrointestinal,
  • Sistema cardiovascular.

Os sintomas alergia alimentar são geralmente os seguintes:

  • Urticária,
  • Angioedema,
  • Rinoconjuntivite,
  • Asma,
  • Choque anafilático.

Reações alérgicas imediatas vs retardadas

As manifestações clínicas de tipo alérgico imediato mais frequentes são:

As reações anafiláticas são mais raras. Assumem, no entanto, uma importância primordial, já que se desencadeiam muito rapidamente, colocando em risco a vida do doente, quando não tratadas de forma imediata.

Outras manifestações de alergia alimentar incluem reações retardadas que ocorrem em doentes com:

  • Eczema atópico e/ou enteropatia ao glúten, sendo mais difíceis de diagnosticar porque, frequentemente, decorre muito tempo entre a ingestão alimentar e a ocorrência dos sintomas.

Alergias nas crianças mais frequentes

As manifestações clínicas de alergia alimentar variam com a idade.

Na infância, a forma de apresentação alérgica mais comum é o eczema atópico.

Os alimentos mais frequentemente envolvidos são:

  • Leite,
  • Ovo,
  • Frutos secos,
  • Soja,
  • Trigo,
  • Peixe,
  • Marisco.

Alergias nos adultos mais frequentes

No adulto são habituais as reações imediatas sendo os alimentos mais problemáticos os seguintes:

  • Frutos secos,
  • Peixe e marisco,
  • Alimentos de origem vegetal.

Síndrome de alergia oral

A síndrome de alergia oral caracteriza-se  pelo aparecimento de edema, comichão  e/ou formigueiro dos lábios, boca e garganta quando o agente causal, habitualmente um fruto fresco ou vegetal, contacta  com  a  mucosa  oral  do  indivíduo alérgico.

Reatividade cruzada

Na sua maioria, os doentes estão sensibilizados a pólens. Esta sensibilização simultânea (pólens e alimentos) deve-se à existência de reatividade cruzada a proteínas com estrutura semelhante que ocorrem, naturalmente, em plantas de diferentes origens.

Os exemplos mais comuns destas síndromes de reatividade cruzada são:

  • Síndrome bétula-maça
  • Síndrome artemisia-aipo-cenoura-especiarias
  • Síndrome gramíneas-rosáceas
  • Síndrome Plantago-Cucurbitaceae

Urticária

A urticária não é uma doença mas sim um síndrome comum, com lesões cutâneas afetando todas as faixas etárias, estimando-se que cerca de 20 a 30% da população, em algum momento da sua vida, tenha pelo menos um episódio de urticária.

É caracterizada pelo rápido aparecimento de pápulas (lesões cutâneas ligeiramente elevadas em relação à pele sã), eritematosas (avermelhadas) algumas vezes esbranquiçadas na parte central, acompanhadas de prurido (comichão) ou por vezes sensação de queimadura, desaparecendo por breves segundos após pressão.

Estas lesões desaparecem espontaneamente ou com terapêutica anti-histamínica, sem pigmentação residual num período de 24 horas podendo no entanto voltar a aparecer.

Em alguns casos, o edema da derme profunda e sub-cutis pode ser tão importante que dá origem ao aparecimento de angioedema (inchaço), por vezes doloroso em alternativa a pruriginoso, com envolvimento frequente das mucosas, sendo a resolução mais lenta comparativamente à da urticária (até 72 horas).

Saber mais sobre urticária aqui

Sintomas gastrointestinais frequentes

Na alergia alimentar os sintomas intestinais mais frequentes são:

  • Náuseas
  • Vómitos
  • Cólicas abdominais
  • Diarreia

Anafilaxia ou reação anafilática

As reações anafiláticas (anafilaxia) são reações alérgicas repentinas, generalizadas, potencialmente graves e que apresentam risco à vida.

Caracterizam-se pela ocorrência de sintomas envolvendo simultaneamente:

  • A pele e mucosas
  • O aparelho respiratório
  • O aparelho cardiovascular
  • O aparelho gastrointestinal

Em alguns países a ingestão de amendoim é a causa mais comum de reações fatais. Quantidades mínimas deste alimento podem ser suficientes para induzir reações anafiláticas em pessoas sensibilizadas.

A ingestão acidental e sem intenção pode ocorrer, particularmente, por contaminação, durante o processamento industrial de outros alimentos.

Anafilaxia quais os sinais?

Os sinais mais comuns de reação anafilática são os seguintes

  • Começam frequentemente com uma sensação de desconforto, seguida por sensações de formigamento e tontura.
  • Em seguida, surgem rapidamente sintomas graves que incluem coceira e urticária generalizada, inchaço, sibilos, dificuldade respiratória, desmaio e/ou outros sintomas alérgicos.

Estas reações podem ser fatais em pouco tempo. A melhor maneira de evitar um ataque é evitar o fator desencadeante.

As pessoas afetadas devem trazer sempre consigo anti-histamínicos e uma seringa autoinjectável de epinefrina. As reações anafiláticas exigem tratamento de emergência.

Reações anafiláticas causas mais comuns

As causas mais comuns de anafilaxia são:

  • Fármacos (como a penicilina)
  • Picadas de insetos
  • Certos alimentos (especialmente ovos, frutos do mar e nozes)
  • Injeções contra alergia (imunoterapia com alérgenos)
  • Látex

Porém, também podem ser causadas por qualquer alérgeno. Tal como acontece com outras reações alérgicas, não costuma ocorrer uma reação anafilática depois da primeira exposição a um alérgeno, mas sim depois de uma exposição posterior.

No entanto, muitas pessoas não se recordam da primeira exposição. É provável que qualquer alérgeno que cause uma reação anafilática em uma pessoa cause essa reação em exposições posteriores, a menos que se tomem medidas para o evitar.

Sintomas de anafilaxia

As reações anafiláticas começam nos primeiros 15 minutos da exposição ao alérgeno. Só excecionalmente as reações começam após 1 hora. Os sintomas variam, mas a pessoa normalmente apresenta os mesmos sintomas todas as vezes, a saber:

  • O coração palpita rapidamente.
  • A pessoa pode sentir-se ansiosa e agitada.
  • A pressão arterial pode cair, causando desmaios.
  • Outros sintomas incluem sensação de formigamento, tontura, pele com comichão e avermelhada, tosse, coriza, espirros, urticária e inchaço do tecido sob a pele (angioedema).
  • A respiração pode tornar-se difícil e podem aparecer sibilos, porque a garganta e/ou vias aéreas se contraem ou incham.
  • A pessoa pode ter náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia.

Uma reação anafilática pode progredir tão rapidamente que pode provocar:

  • Colapso,
  • Paragem respiratória,
  • Convulsões,
  • Perda da consciência em 1 ou 2 minutos.

A reação pode ser mortal, a menos que se proporcione um tratamento de emergência de imediato. Os sintomas podem recorrer 4 a 8 horas após a exposição inicial ou mais tarde.

Anafilatoide vs Anafilaxia

As reações anafilatoides assemelham-se às reações anafiláticas. Todavia, ao contrário do que ocorre nas reações anafiláticas, podem ocorrer reações anafilatoides após a primeira exposição a uma substância.
As reações anafilatoides não são reações alérgicas porque a imunoglobulina E (IgE), a classe de anticorpos envolvida nas reações alérgicas, não as provoca. Pelo contrário, a reação é causada diretamente pela substância.
Os fatores desencadeantes mais comuns das reações anafilatoides incluem corantes que contêm iodo, que podem ser visualizados em radiografias (corantes radiopacos), aspirina e outros fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), opiáceos, transfusões sanguíneas e exercícios.
Na medida do possível, evita-se utilizar meios de contraste nos procedimentos radiológicos em pessoas com reações anafilatoides a estes corantes. No entanto, algumas doenças não podem ser diagnosticadas sem meios de contraste. Nestes casos, o médico usa contrastes que apresentam menor probabilidade de causar reações.
Além disso, geralmente administram-se fármacos que bloqueiam as reações anafilatoides, como prednisona e difenidramina, antes de injetar o meio de contraste.

Diagnóstico

O diagnóstico geralmente é óbvio e se baseia nos sintomas. Como os sintomas podem ser fatais em pouco tempo, o tratamento é iniciado de imediato. Se os sintomas forem leves, o diagnóstico pode ser confirmado através de exames de sangue ou urina, que medem os níveis das substâncias produzidas durante as reações alérgicas. No entanto, normalmente esses testes são desnecessários.

Prevenção

A melhor prevenção é evitar o alérgeno. As pessoas que são alérgicas a certos alérgenos inevitáveis (como as picadas de insetos) podem se beneficiar de imunoterapia com alérgenos a longo prazo ( Imunoterapia com alérgenos (dessensibilização)).

As pessoas que apresentam essas reações devem levar sempre consigo uma seringa autoinjectável de epinefrina e comprimidos anti-histamínicos para um tratamento imediato. Caso ocorra o desencadeamento (por exemplo, se forem picadas por um inseto), ou se começaram a apresentar sintomas, devem se Auto injetar e tomar os anti-histamínicos imediatamente.

Em geral, esse tratamento detém a reação, ao menos temporariamente. No entanto, depois de uma reação alérgica de caráter grave, e imediatamente após se Auto injetar, a pessoa deve se dirigir ao serviço de emergência de um hospital, onde poderá ser adequadamente monitorada e o tratamento poderá ser ajustado conforme necessário. A pessoa também deve usar um bracelete de Alerta Médico, com uma lista das suas alergias.

Tratamento da anafilaxia

Em casos de emergência, o médico administra epinefrina por injeção subcutânea em um músculo ou uma veia. Caso a respiração seja gravemente comprometida, um tubo respiratório pode ser introduzido na traqueia pela boca ou nariz (intubação) ou por uma pequena incisão na pele que cobre a traqueia, e o oxigênio é administrado por esse tubo respiratório.

Em geral, a pressão arterial baixa retorna ao normal logo após a administração de epinefrina. Caso não retorne, fluidos intravenosos são administrados para aumentar o volume de sangue. Algumas vezes, medicamentos que estreitam os vasos sanguíneos (vasoconstritores) também são administrados ajudando a elevar a pressão arterial.

São administrados anti-histamínicos (como a difenidramina) e bloqueadores de histamina-2 (H2) (como a cimetidina) por via intravenosa até o desaparecimento dos sintomas. Se necessário, beta-agonistas inalatórios (como albuterol) são administrados para expandir as vias aéreas e auxiliar a respiração.

Algumas vezes, um corticosteroide é administrado para ajudar a prevenir a recorrência dos sintomas várias horas depois.

Angioedema

Angioedema é o inchaço de áreas de tecido subcutâneo que, por vezes, afeta a face e a garganta.

  • O angioedema pode ser uma reação a um fármaco ou substância (fator desencadeante), uma doença hereditária, uma complicação rara do câncer ou uma doença imunológica; no entanto, às vezes a causa é desconhecida.
  • O angioedema pode envolver inchaço da face, garganta, trato digestivo e vias aéreas.
  • Os anti-histamínicos podem aliviar os sintomas leves, mas se o angioedema dificultar a deglutição ou a respiração, é necessário tratamento de emergência.
  • É frequente que o angioedema ocorra com urticária ( Urticária). Tanto a urticária como o angioedema envolvem inchaço, sendo mais profundo no angioedema (sob a pele) do que na urticária, e pode não coçar.

Causas mais comuns

  • Muitos fármacos, como a aspirina, outros fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs –Analgésicos não opioides : Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides) e certos opioides (denominados opiáceos) como morfina e codeína
  • Picadas ou mordidas de insetos
  • Injeções contra alergia (imunoterapia com alérgenos)
  • Certos alimentos — especialmente ovos, peixes, frutos do mar, nozes e frutas
  • A ingestão de alguns alimentos, mesmo em quantidades mínimas, pode provocar angioedema. Porém, outros alimentos (como morangos) provocam estas reações apenas depois da ingestão de uma grande quantidade.
  • O angioedema às vezes ocorre depois do uso de um contraste visível ao raio-X (contraste radiopaco) durante um exame de imagem. Em algumas ocasiões, o angioedema sem urticária é causado por inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), que são usados para tratar hipertensão e insuficiência cardíaca.

O angioedema pode ser crónico, recorrendo durante semanas ou meses. A origem pode ser o consumo habitual, não intencional, de uma substância como a penicilina no leite ou um conservante ou corante nos alimentos.

O uso de certos fármacos como a aspirina, outros AINEs ou opiáceos também pode causar o angioedema crónico. O angioedema crónico que se apresenta sem urticária pode ser um angioedema de tipo hereditário Angioedema hereditário e adquirido.

Entretanto, quando o angioedema ocorre novamente (com ou sem urticária) sem que nenhuma causa específica seja identificada, este é denominado angioedema idiopático.

Sintomas do angioedema

O angioedema pode afetar parte ou a totalidade das mãos, pés, pálpebras, língua, lábios ou genitália. Por vezes, as membranas que revestem a boca, a garganta e as vias respiratórias incham, dificultando a deglutição e a respiração. Ocasionalmente, o trato digestivo é afetado, o que resulta em náuseas, vômitos, dor abdominal com cólica ou diarreia.

Muitas pessoas também apresentam urticária. A urticária geralmente começa com ardor. Tipicamente, os surtos de urticária aparecem e desaparecem ( Urticária). Uma pápula pode permanecer durante várias horas e logo desaparecer, reaparecendo mais tarde, em qualquer outro local. Depois de a pápula desaparecer, a pele tem habitualmente um aspeto completamente normal.Angioedema

Diagnóstico

Frequentemente a causa é evidente, e não são necessários exames porque as reações geralmente se resolvem e não recorrem. Caso o angioedema recorra e a causa não seja definida, o médico pergunta ao indivíduo quais os fármacos que está tomando e os alimentos e bebidas que está consumindo.

Se a causa continuar sem ser determinada, especialmente se o indivíduo não apresentar urticária, é possível que o médico realize exames para determinar se é uma forma hereditária de angioedema ( Angioedema hereditário e adquirido).

Caso a causa seja uma picada de abelha, o indivíduo deve consultar um médico. Este pode aconselhar um tratamento a ser seguido no caso de outra picada de abelha.

Tratamento

Se a causa for evidente, o indivíduo deve evitá-la, se possível. Se a causa não for evidente, o indivíduo deve deixar de tomar todos os fármacos que não sejam indispensáveis até que os sintomas se resolvam.

Para o angioedema leve com urticária, o uso de anti-histamínicos alivia parcialmente a coceira e reduz o inchaço. Os corticosteroides, administrados por via oral, são prescritos apenas nos sintomas graves, quando outros tratamentos são ineficazes, e são administrados durante o menor tempo possível. Quando administrados por via oral durante mais de 3 ou 4 semanas, podem causar muitos efeitos colaterais, por vezes sérios ( Corticosteroides: Usos e efeitos colaterais). Produtos para a pele (como cremes, pomadas e loções) com corticosteroides não ajudam.

Para o angioedema sem urticária (como aquele causado por um inibidor da ECA ou uma forma hereditária de angioedema), os anti-histamínicos e corticosteroides podem não ajudar. Nestes casos, por vezes o médico administra plasma fresco congelado ou certos fármacos como ecalantide. Um inibidor de C1 purificado, derivado de sangue humano, também pode ser usado.

Se o angioedema grave provocar dificuldades de deglutição ou respiração ou um colapso, é necessário um tratamento de emergência. A maioria das pessoas que já apresentaram essas reações devem trazer sempre consigo uma seringa autoinjectável de epinefrina e comprimidos anti-histamínicos, que devem ser usados imediatamente caso ocorra uma reação.

Depois de uma reação alérgica grave, essas pessoas devem recorrer ao serviço de emergência de um hospital, onde poderão ser examinadas e tratadas adequadamente.

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Diagnóstico da alergia alimentar

O diagnóstico de alergia a alimentos é fundamentado, em primeiro lugar, na história clínica. Contudo, se existem casos em que a relação causal com a ingestão de determinado alimento é evidente, noutras situações esta relação não é clara. O preenchimento pelo doente de um diário alimentar completo, bem como a descrição das atividades diárias, durante um período de tempo relativamente longo, pode ser essencial para evidenciar qual ou quais os alimentos suspeitos.

Os testes de pele podem ajudar. Nestes, o médico alergologista inocula vários tipos de proteínas no antebraço do doente à procura de reações às mesmas. O resultado costuma demorar apenas 15 minutos. O principal valor do teste é quando este é negativo, servindo para descartar a proteína que não causou reação. O teste positivo não dá certeza de que o paciente seja alérgico àquela proteína. Em alguns casos por causa do alto risco de reação anafilática, o médico pode optar por não fazer este teste. Atualmente é possível realizar a dosagem de IgEs específicas no sangue para se identificar contra quais alimentos se desenvolve alergia.

Exercício físico após refeição

Em certos casos, determinados alimentos só originam a ocorrência de sintomas de alergia alimentar quando o doente realiza esforço físico, após a ingestão dos mesmos (anafilaxia induzida pelo exercício).

Este tipo de alergia alimentar que só se manifesta se o paciente praticar alguma atividade física até 4 horas após a ingestão de determinados alimentos. O doente com este tipo de alergia pode comer camarão e nada sentir, mas se comê-lo e for praticar algum exercício pode até sofrer uma reação anafilática.

Alergia alimentar e alimentação saudável

Como ter uma alimentação saudável se for alérgico a alimentos importantes? Muitas vezes os doentes identificam os alimentos responsáveis pela ocorrência dos sintomas deixando definitivamente de os ingerir. Esta atitude habitualmente não acarreta consequências indesejáveis tratando-se de alimentos isolados. Contudo, e particularmente nas crianças, a adoção de dietas demasiadamente restritivas poderá acarretar défices nutricionais. É fundamental que o diagnóstico de alergia alimentar seja estabelecido por um imunoalergologista. Quando necessário, o aconselhamento para manter uma dieta nutritivamente equilibrada será também orientado por um nutricionista.

Teste cutâneo positivo significa sempre alergia a esse alimento?

A interpretação dos resultados dos testes cutâneos de alergia e das determinações sanguíneas de IgE específica exige experiência e perícia.

Um teste cutâneo positivo a um determinado alimento não implica, necessariamente, ocorrência de alergia. Crianças com história de alergia a um determinado alimento podem desenvolver tolerância, isto é, passar a poder ingeri-lo, mantendo reatividade cutânea a esse alimento.

Teste cutâneo negativo exclui alergia a esse alimento?

Por outro lado, um teste cutâneo negativo não permite excluir, definitivamente, o diagnóstico de alergia alimentar.

Alguns alergénios alimentares podem ser destruídos durante a preparação de extratos comerciais, conduzindo a testes cutâneos falsamente negativos.

Torna-se, assim, necessária a realização de testes por picada, utilizando o alimento fresco.

O teste de provocação oral (TPO) poderá ser necessário para estabelecer o diagnóstico definitivo de alergia alimentar.

Teste de provocação oral (TPO)

O TPO consiste na ingestão de quantidades crescentes do alimento suspeito. A execução deste teste não é isenta de riscos, devendo ser sempre efetuado por especialista experiente, iniciada em ambiente hospitalar e com vigilância ao longo de pelo menos 24 horas.

Reatividade cruzada

A reatividade cruzada significa que quando se é alérgico a um determinado alergénio ou alimento aumenta a probabilidade de se desenvolver alergia a outros alimentos que tenham na sua composição proteínas de estrutura semelhante ao primeiro alergénio.

Por exemplo quem tem alergia respiratória a pólens, tem associada uma maior probabilidade de ter alergia alimentar a frutos e vegetais.

Outras sensibilizações podem ocorrer para alergénios inalados e ingeridos. Os exemplos mais comuns destas síndromes de reatividade cruzada são:

  • Síndrome ácaros-crustáceos-moluscos;
  • Síndrome ave-ovo;
  • Síndrome látex-frutos.

Num mesmo grupo de alimentos pode verificar-se, também, a existência de reatividade cruzada. São exemplos a alergia simultânea a diversos crustáceos, ou a espécies distintas de peixe.

Alergia alimentar, como evitar?

Não é possível evitar uma alergia alimentar sem se saber a que se é alérgico! No entanto se já for alérgico a determinados alergénios como por exemplo ácaros, pólens, aves e látex, devido à reatividade cruzada atrás referida deve evitar ou estar muito atento à ingestão dos alimentos geralmente associados a essas reatividades cruzadas. Uma vez estabelecido o diagnóstico de alergia alimentar, o doente é aconselhado a evitar os alimentos responsáveis pela ocorrência dos sintomas.

É importante salientar que para além de ingeridos na sua forma natural, determinados alimentos são utilizados como ingredientes. Assim o doente alérgico deve habituar-se a consultar os rótulos das embalagens de todos os produtos que consome.

A identificação do ingrediente proveniente do alimento a que é alérgico evitará um consumo acidental e a ocorrência de uma reação que poderá ser grave.

Idade e alergia alimentar

Na criança a maioria das alergias alimentares resolve-se até à idade escolar. Excetuam-se alguns grupos de alimentos tais como os frutos secos, peixes e mariscos. Se a alergia alimentar surge na idade adulta é menos provável o seu desaparecimento.

Tratamento

O melhor tratamento da alergia a alimentos é a prevenção. Não há um tratamento que cure a alergia alimentar. O mais importante é identificar os alimentos que causam alergia e evitá-los permanentemente.

Quando não se conhece os alimentos que lhe causam alergia ou quando há ingestão acidental de um alimento proibido, o tratamento visa o controle da reação alérgica. Os medicamentos mais usados são:

  • Anti-histamínicos (antialérgicos),
  • Corticoides
  • Nos casos de choque anafilático o tratamento é feito com injeção de adrenalina.

Doentes com histórico de reação anafilática a alimentos devem trazer consigo cartões ou pulseiras explicando a sua alergia para que possam ser rapidamente diagnosticados e tratados,  em caso de acidente. Muitos pacientes andam com seringas automáticas de adrenalina caso seja necessário tratamento imediato.

Aproximadamente 85% das crianças espontaneamente deixam de ser alérgicas à maioria dos alimentos (ovos, leite de vaca, trigo e soja) entre os 3-5 anos de idade. O teste cutâneo permanece positivo apesar de haver tolerância ao alimento. A alergia alimentar ao amendoim, nozes, peixe e camarão raramente desaparece.

14 alimentos que causam alergia alimentar, 

A partir de dia 13 de dezembro de 2014 entram em vigor as novas regras de etiquetagem de alimentos na União Europeia. Estas exigem uma maior visibilidade da informação relativa à presença de alergénios alimentares nos rótulos dos alimentos, assim como nos produtos à venda em cafés e restaurantes.

A lista de alimentos cuja presença deve ser discriminada abrange os alimentos que mais frequentemente causam alergia alimentar, nomeadamente:

  • Cereais que contém glúten (p.ex. trigo, centeio, cevada, aveia, espelta, etc.) e produtos derivados
  • Crustáceos (camarão, caranguejo, lagosta, etc.) e derivados
  • Ovos e derivados (outras denominações: gema, clara, ovalbumina, ovomucoide)
  • Peixe e derivados
  • Amendoins e derivados
  • Soja e derivados
  • Leite, lactose e derivados (outras denominações: lactoalbumina, lacto globulina, caseína, coalho)
  • Frutos secos (nozes, amêndoas, avelãs, cajus, noz pecã, amêndoa do Pará, pistáchios, macadâmias) e produtos derivados
  • Aipo e produtos derivados
  • Mostarda e produtos derivados
  • Sementes de sésamo e derivados
  • Tremoço e derivados;
  • Moluscos (caracol, mexilhão, amêijoa, choco, lula, polvo, pota, etc.);
  • Dióxido sulfuroso e sulfitos.

Concluindo

É importante enfatizar que existem outros alimentos que podem provocar reações alérgicas cuja presença em produtos alimentares não é de identificação obrigatória. A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) recomenda que se informe junto do seu imunoalergologista acerca de como pode ser feita uma correta evicção alimentar.

Fique bem!

Franklim A. Moura Fernandes

Fontes:

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As 7 dores que nunca deve ignorar toda a verdade!

Quais as 7 dores que nunca deve ignorar? Dor e sinal de perigo: Dores banais podem esconder doenças muito graves! Segundo a OMS a gestão de todo o tipo de dor é importante. No entanto existem algumas dores que não devem, nunca, ser desvalorizadas porque podem alertar, atempadamente, para problemas muito graves, podendo mesmo, em certos casos, salvar-lhe a vida!

Há dores que têm causas banais e bem identificadas tais como  uma “canelada” a jogar à bola com os seus amigos, uma martelada que acertou no dedo e não no prego, maus jeitos, demasiado tempo em cima de saltos altos, carteiras e pastas pesadas, enfim… dores não faltam e estas são frequentes e contornáveis com alguma facilidade.

Este artigo oferece um detalhe extraordinário de 7 doenças muito graves porque se pretende, verdadeiramente, explicar de forma clara e tecnicamente rigorosa, o perigo enorme de não serem detetadas em tempo útil.

É portanto um artigo extenso mas repartido em 7 blocos que podem ser lidos de forma separada pelo facto de descreverem doenças graves muito distintas. No final não se esqueça de PARTILHAR com os seus amigos, com a certeza que este artigo pode salvar vidas!

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Quais as 7 dores que nunca deve ignorar?

Tratam-se de dores que podem parecer banais mas que, na verdade, são bem capazes de esconder problemas muito graves, a saber:

  1. Dor nas omoplatas ( ombros )
  2. Dor de cabeça
  3. Dor aguda do lado direito do abdómen
  4. Acordar com dores de dentes
  5. Dor na zona central das costas e simultaneamente febre
  6. Cólicas menstruais fortes
  7. Dor aguda na zona mole da parte detrás do joelho, entre a barriga da perna e a articulação do joelho

DOR NO OMBRO

Dor no ombro

Pode ser sinal de que um ataque cardíaco poderá estar para breve. Se a esta dor se juntarem sintomas de falta de ar, náuseas, indigestão ou azia, o melhor é correr para o médico mais próximo.

Ataque cardíaco o que é?

Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado. Se o fluxo sanguíneo não for restaurado rapidamente, essa seção do músculo cardíaco ficará danificada devido à falta de oxigênio e começará a morrer.

Um ataque cardiaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado
Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue de uma parte do músculo do coração fica bloqueado

O ataque cardíaco é uma das principais causas de morte, tanto em homens como em mulheres.

Causas

A principal causa de um ataque cardíaco é a doença das artérias coronárias, onde existe a formação de placas de gordura nas paredes das artérias coronárias, que diminui o transporte de oxigênio e sangue ao coração.

Eventualmente, uma placa pode romper, causando coágulo sanguíneo na superfície da placa. Se o coágulo ficar muito grande, ele pode bloquear totalmente ou quase totalmente o fluxo de sangue rico em oxigênio para a parte do músculo cardíaco alimentado pela artéria.

Durante um ataque cardíaco, se o bloqueio na artéria coronária não for tratado rapidamente, o músculo cardíaco começa a morrer e a ser substituído por tecido cicatrizado. Este dano do coração pode não ser óbvio, ou pode causar problemas graves de longo prazo.

Sequelas permanentes

Problemas graves relacionados com ataque cardíaco podem incluir:

  • Insuficiência cardíaca
  • Arritmias cardíacas potencialmente fatais.

Insuficiência cardíaca é uma condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente pelo corpo. Fibrilação ventricular é uma arritmia séria que pode causar morte se não for tratada rapidamente.

Tratamento

Atualmente há tratamentos para ataques cardíacos que salvam vidas e previnem incapacidades graves. O tratamento é mais eficiente quando começa dentro de 1 hora após os sintomas do ataque cardíaco.Publicidade melhorsaude.org melhor blog de saude


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DOR DE CABEÇA que perigos esconde

Dor de cabeça

É importante que a pessoa saiba avaliar a intensidade da dor para que a distinga facilmente de uma enxaqueca. Esta dor não deve cair no esquecimento, principalmente a repentina e que aparece de forma intensa. Sabia que estas dores inesperadas e fortes podem ser sinal do crescimento de um aneurisma cerebral?

Neste caso é importante que a pessoa saiba avaliar a intensidade da dor para que a distinga facilmente de uma enxaqueca.

Aneurisma cerebral o que é?

As artérias do nosso corpo são vasos sanguíneos com uma parede muscular muito resistente, capazes de suportar a pressão que o sangue exerce dentro delas.

Se por algum motivo um ponto da artéria se tornar mais fraco, ela deixará de ser capaz de suportar a pressão sanguínea, cedendo lentamente, formando uma área dilatada, como se fosse um saco ou um balão.

O aneurisma tem uma parede muito mais fraca que a artéria saudável e, por isso, apresenta grande risco de rotura, podendo causar hemorragias cerebrais graves.

No ponto onde a parede da artéria é mais fraca forma-se um balão que pode rebentar
No ponto onde a parede da artéria é mais fraca forma-se um balão que pode rebentar

Prevalência na população em geral

Estima-se que até 5% da população tenha pelo menos um aneurisma cerebral. 20% destes possuem dois ou mais aneurismas ao mesmo tempo.

Os aneurismas são mais comuns nas mulheres e em pessoas acima dos 50 anos. A taxa de hemorragia intracraniana por rotura de um aneurisma cerebral, porém, é de apenas 10 para cada 100.000 pessoas.

Portanto, pode-se concluir que, apesar do aneurisma cerebral não ser uma situação rara, a maioria deles não se rompe. Na verdade, a maioria dos aneurismas não causa sintomas e o paciente nem sequer desconfia que o tem.

No entanto, o aneurisma cerebral, quando rompe, causa a morte em 50% dos doentes mesmo depois de socorridos.

Fatores de risco

O doente não costuma nascer com um aneurisma ou seja aparece ao longo da vida. Geralmente são precisos mais de um fator agindo em simultâneo para que um aneurisma seja formado. Entre os fatores de risco mais comuns estão:

  • Tabagismo
  • Hipertensão
  • Deficiências congênitas da parede da artéria
  • Endocardite infeciosa
  • História familiar de aneurismas cerebrais
  • Idade acima de 40 anos.
  • Malformação arteriovenosa (MAV).
  • Drogas, especialmente cocaína
  • Álcool em excesso
  • Tumores cerebrais.
  • Trauma cranioencefálico.

Algumas doenças genéticas também podem ser causadoras de aneurisma cerebral, a saber:

  • Rins policísticos
  • Displasia fibromuscular.
  • Síndrome de Osler-Weber-Rendu.
  • Coartação da aorta.
  • Síndrome de Moyamoya.
  • Síndrome de Marfan.
  • Síndrome de Ehlers-Danlos.
  • Pseudoxantoma elástico.
  • Deficiência de Alfa1-antitripsina.
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Anemia falciforme
  • Neurofibromatose tipo 1
  • Esclerose múltipla

Algumas das doenças acima são raras, outras são relativamente comuns. Devemos dar atenção especial à doença policística renal, que é uma desordem comum,  1 a cada 400 pessoas e pode aumentar o risco de aneurismas cerebrais até 7 vezes.

Sintomas

A maioria dos aneurismas cerebrais são pequenos e não provoca nenhum sinal ou sintoma. Muitos são descobertos acidentalmente durante exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonâncias magnéticas do crânio, solicitados por outro motivo qualquer.

Apesar de ser habitualmente assintomático, dependendo da localização e do tamanho, o aneurisma pode comprimir algumas áreas cerebrais importantes, provocando sintomas. Os mais comuns são:

  • Dores de cabeça
  • Visão turva
  • Alterações da pupila,
  • Formigueiro, dormência ou paralisia de um lado da face.

Porém, a situação mais comum é o aneurisma permanecer silencioso, causando sintomas apenas no momento em que ocorre a rotura.

A rotura de um aneurisma cerebral provoca um AVC hemorrágico, que é uma emergência médica gravíssima, com elevada mortalidade. Quando um aneurisma se rompe ele geralmente provoca a chamada hemorragia subaracnoide, que é causada pelo sangramento para o espaço subaracnoide, local das meninges onde circula o liquor. Este tipo de hemorragia é típica de aneurismas rotos.

AVC isquémico vs AVC hemorrágico
#AVC isquémico vs #AVC hemorrágico

Quando o sangue escapa para o espaço subaracnoide, o paciente apresenta sintomas súbitos. Ajuda médica deve ser procurada imediatamente se o paciente apresentar subitamente um ou mais dos sintomas abaixo:

  • A pior dor de cabeça da sua vida
  • Perda da consciência.
  • Crise convulsiva
  • Rigidez da nuca.
  • Vômitos em jato.
  • Visão turva ou dupla.
  • Dor súbita acima ou atrás do olho, com dificuldade de visão
  • Dificuldade em caminhar ou forte tontura repentina
  • Fraqueza e dormência em um lado do corpo.

Aneurisma cerebral qual o risco de rotura?

O risco de um aneurisma cerebral se romper está diretamente relacionado com o seu tamanho e à velocidade de crescimento. Aneurismas de baixo risco são aqueles com menos de 5 a 7 milímetros (0,5 a 0,7 centímetros) de diâmetro e sem crescimento ao longo de vários meses. Quanto maior é o aneurisma, mais fraca é sua parede e maior é a chance deste continuar crescendo até se romper.

Além do tamanho e da velocidade de crescimento, outro fator importante no risco de rotura é a localização do aneurisma dentro do cérebro. Aneurismas da circulação posterior, envolvendo as artérias do sistema vertebro-basilar ou comunicantes posteriores, apresentaram as maiores taxas de rotura.

Estudos mostram que aneurismas maiores que 2,5 cm, localizados nas artérias posteriores do cérebro, apresentam um risco de sangramento acima de 50% em um período de 5 anos.

Os dois exames mais usados para se diagnosticar e acompanhar um aneurisma cerebral são a angiorressonância magnética nuclear e a angiotomografia computadorizada do crânio

Tratamento do aneurisma cerebral

A decisão de se tratar um aneurisma cerebral sem rotura depende do risco de rotura que o mesmo apresenta a curto/médio prazo. Aneurismas pequenos em locais com baixo índice de sangramento podem ser apenas observados.

Estes aneurismas de baixo risco podem ser monitorados anualmente com exames de ressonância magnética ou tomografia computadorizada durante três anos seguidos. Se o aneurisma se mantiver estável, pode-se espaçar os exames para a cada 2 ou 5 anos.

Se for possível detetar que o aneurisma surgiu recentemente (como no caso do paciente ter uma tomografia recente sem evidências de aneurismas), os primeiros exames devem ser feitos com intervalos de 6 meses, porque os aneurismas novos são os que têm maior risco de crescimento.

No caso de aneurismas grandes, com elevado risco de rotura, ou nos aneurismas que já se romperam, o tratamento é cirúrgico, visando a  interrupção do fluxo sanguíneo para o local do aneurisma, preservando a passagem do sangue pela artéria. No caso de um aneurisma com rotura, a cirurgia é obviamente urgente.

Processo de embolização de um aneurisma
Processo de #embolização de um #aneurisma

A embolização do aneurisma é um método menos invasivo que a cirurgia e tem ganhado popularidade nos últimos anos. O processo é semelhante a um cateterismo. O cirurgião insere um cateter numa artéria, geralmente na virilha, que é empurrado através  até ao aneurisma.

Quando chega ao aneurisma, um fio de platina maleável é implantado dentro do mesmo, interrompendo o fluxo sanguíneo e provocando uma trombose do aneurisma.

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DOR NO ABDÓMEN melhorsaude.org melhor blog de saude

Dor no abdómen do lado direito

É, na maioria dos casos, associada ao apêndice. É fundamental que a pessoa não deixe a dor chegar a casos extremos, se não arrisca uma rutura no apêndice e consequentes infeções que podem ser muito graves nomeadamente septicémia.

Apendicite o que é?

A apendicite é uma doença comum, que acomete cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.

Localização do apêndice no quadrante inferior direito do abdómen
Localização do apêndice e órgãos próximos

O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pélvis.

Apendice
Localização do #apêndice

Sintomas

O sintomas mais comuns da apendicite são os seguintes:

Dor abdominal típica

      • A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen
    • Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )

Dor abdominal atípica

      • Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar  à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
      • Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.

Dor do lado esquerdo

Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdômen em posição oposta àquela esperada).

    • Endurecimento da parede do abdómen
    • Enjoos ( em 90% dos casos )
    • Vômitos ( em 90% dos casos )
    • Perda do apetite ( em 90% dos casos )
    • Febre  é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
    • Diarreia
    • Prisão de ventre
    • Distensão abdominal
    • Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.

Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.

Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são:

      • Dor abdominal
      • Vômitos
    • Perda do apetite.

Bebés, crianças e adolescentes

O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.

Crianças entre 5 e 12 anos

Assim como nos adultos, a dor abdominal e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor no quadrante inferior direito do abdômen – 82%
  • Náuseas – 79%
  • Perda do apetite – 75%
  • Vômitos – 66%
  • Febre – 47%
  • Diarreia- 16%

Crianças entre 1 e 5 anos

A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.

A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdômen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor abdominal – 94%
  • Febre – 90%
  • Vômitos – 83%
  • Dor à descompressão – 81%
  • Perda do apetite – 74%
  • Rigidez abdominal – 72%
  • Diarreia- 46%
  • A distensão abdominal – 35%

Crianças com menos de 1 ano

Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.

Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente. A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Distensão abdominal – 75%
  • Vômitos – 42%
  • Perda do apetite – 40%
  • Dor abdominal – 38%
  • Febre – 33%
  • Inflamação da parede abdominal – 24%
  • Irritabilidade ou letargia – 24%
  • Dificuldade respiratória – 15%
  • Massa abdominal – 12%
  • Sangramento nas fezes – 10%

Tratamento

O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.

Localização do apêndice no quadrate inferior direito do abdómen
Procedimento usa técnicas de #Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional

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BRUXISMO MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

Dor de dentes ao acordar: Bruxismo

Também não deve ser uma situação tida como normal. Esta pode ser uma consequência do bruxismo noturno e de uma inflamação, causada pelo desgaste do esmalte. Além disso, esta dor pode ser causada por elevados níveis de stresse.

Bruxismo noturno o que é?

O bruxismo noturno é um distúrbio do sono caracterizado pelo apertar e ranger dos dentes, de forma involuntária,  aplicando uma força excessiva sobre a musculatura mastigatória. A palavra bruxismo do sono vem do grego brycheinm, que significa ranger dos dentes.

Bruxismo diurno e noturno, diferenças

O bruxismo diurno é diferente do bruxismo noturno (ou do sono). Assim, o bruxismo diurno é caracterizado por uma atividade semivoluntária da mandíbula, que aperta os dentes enquanto a pessoa se encontra acordada e, geralmente, não ocorre o ranger de dentes, estando relacionado com um tique ou hábito.

O bruxismo do sono é uma atividade inconsciente de ranger ou apertar os dentes, com produção de sons, enquanto o indivíduo está a dormir. O bruxismo noturno é um problema que afeta sobretudo as crianças podendo também afetar os adultos.

Sequelas

      • Dentes ficarem doloridos ou soltos, e, às vezes, partes dos dentes são literalmente desgastados;
      • Destruição do osso circunvizinho e do tecido da gengiva que pode ser grave;
      • Tensões ao nível das articulações temporomandibulares (ATM) que pode causar desgastes e eventuais problemas graves.

Causas do bruxismo noturno

As causas do bruxismo do sono são multifatoriais e ainda pouco conhecidas mas existem algumas hipóteses, a saber:

  • A má oclusão dentária e
  • tensão emocional podem estar relacionadas a este distúrbio.

Sintomas do bruxismo noturno

  • O ruído característico do ranger dos dentes
  • Desgaste dentário
  • Hipertrofia dos músculos mastigatórios e temporais
  • Dores de cabeça
  • Disfunção das articulações temporomandibulares
  • Má qualidade de sono
  • Sonolência diurna
Sintomas do bruxismo
Sintomas do #bruxismo

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pela observação de um desgaste dentário anormal, ruídos de ranger de dentes durante o sono e desconforto muscular mandibular.

A polissonografia registra os episódios de ranger dos dentes, permitindo identificar alterações do sono e microdespertares. As alterações predominam na fase 2 do sono não REM e nas transições entre as fases do sono. A polissonografia permite ainda o diagnóstico de outros distúrbios do sono, tais como ronco, apneia do sono, movimentos periódicos dos membros, distúrbio comportamental do sono REM e outros.

Tratamento do bruxismo noturno

O tratamento deve ser individualizado para cada paciente. Como o bruxismo do sono tem causas variadas, o tratamento também segue na mesma orientação.

  • O uso de placas orais moles (silicone) ou duras (acrílico) visa a proteção dos dentes prevenindo o desgaste dentário ou fraturas durante o sono;
  • Psicoterapia;
  • Intervenção odontológica;
  • Intervenção farmacológica e suas combinações, de acordo com o perfil do paciente.

Aplicações locais de toxina botulínica nos músculos envolvidos têm sido utilizadas em casos de bruxismo do sono que não respondem ao tratamento convencional.

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DOR DE COSTAS E LOMBALGIA MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

Dor na zona central das costas com febre

Estes dois sintomas associados são  graves e devem levá-lo de imediato ao médico. A causa? Uma infeção renal. A estes sintomas podem juntar-se ainda náuseas e desconfortos no estômago ou mesmo uma primeira infeção urinária.

Infeção urinária o que é?

Infeção urinária é qualquer quadro infecioso que aconteça no trato urinário, composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, a saber:

  • As infeções urinárias baixas são aquelas que acorrem na bexiga e/ou na uretra.
  • As infeções urinárias altas ocorrem quando há comprometimento de pelo menos um dos rins.
Anatomia do tracto urinário
Anatomia do trato urinário

Infeções na bexiga, na uretra e no rim

Conforme o local do trato urinário onde se localiza o foco infecioso, a denominação utilizada é distinta. Assim temos:

  • Cistite – infeção da bexiga;
  • Uretrite – infeção da uretra;
  • Pielonefrite – infeção renal (infeção mais grave ).
Infecção urinária
#Uretrite é uma infeção da uretra, #cistite é uma infeção da bexiga e #pielonefrite é uma infeção do rim

Pielonefrite

A pielonefrite é uma infeção bacteriana de um ou ambos os rins. A infeção renal é um caso potencialmente grave, porque ataca um órgão vital. É um quadro que pode ter gravidade semelhante a uma pneumonia.

Se não tratada a tempo e corretamente, pode levar à septicémia que pode ser mortal por falência de vários outros órgãos.

Na grande maioria dos casos responde bem aos antibióticos. Os casos que evoluem de forma negativa são aqueles que esperaram muito tempo para receber tratamento ou quando o doente já se encontra muito debilitado por outras doenças.

A pielonefrite é uma frequente causa de formação de cicatrizes nos rins, podendo levar à perda parcial da função renal, principalmente nos doentes que têm infeções recorrentes.

Causas da pielonefrite

A infeção dos rins acontece de duas formas, a saber:

  1. A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.

Menos frequente é a colonização assintomática da bexiga por bactérias que também pode ser a fonte de uma infeção renal. Nestes casos, o doente tem bactérias na bexiga mas não apresenta sintomas pois estas estão apenas colonizar. Por esta razão nem todas as pessoas relatam sintomas de cistite antes do surgimento da pielonefrite.

  1. O segundo modo de infeção dos rins é pelo sangue, quando uma bactéria que está a provocar uma infeção em algum local do nosso organismo viaja pela corrente sanguínea e se aloja no rim. Esta via é muito menos frequente do que a via ascendente.
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas #cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.

Infeção renal fatores de risco

Além da cistite, que é o principal fator de risco, existem outras situações que podem aumentar o risco de infeção dos rins, a saber:

  • Uso de cateteres vesicais (algália);
  • Cirurgias urológicas;
  • Cálculos renais;
  • Anormalidades anatómicas do trato urinário;
  • Doenças da próstata que causam obstrução do fluxo da urina.

Doentes de risco

Os doentes de maior risco são os que apresentam um sistema imunológico frágil, tais como:

    • Diabéticos
    • Insuficientes renais
    • Cirróticos
    • Portadores do vírus HIV
    • Doentes a tomar medicamentos imunossupressores apresentam um risco maior de contrair uma cistite que evolua para pielonefrite.

Sintomas de pielonefrite

Os sintomas típicos da pielonefrite são:

  • Febre
  • Dor lombar
  • Náuseas
  • Vómitos
  • Mal estar geral

Podem haver também sintomas de cistite, como dor ao urinar e vontade de urinar com frequência, mesmo quando a bexiga está vazia. Outro sinal comum é a presença de sangue na urina (hematúria), que se apresenta normalmente como uma urina cor de Coca-Cola.

Pielonefrite é clinicamente dividida em 3 categorias:
  1. Pielonefrite aguda não complicada.
  2. Pielonefrite aguda complicada.
  3. Pielonefrite crónica.

Pielonefrite aguda não complicada

Ocorre normalmente em mulheres jovens, sem antecedentes de doenças ou alterações na anatomia do sistema urinário. O quadro clínico é de febre alta, calafrios, náuseas, vómitos e dor lombar. Os sintomas de cistite, como ardência ao urinar, podem ou não estar presentes.

Assim como nas cistites, a principal bactéria causadora de pielonefrite é a Escherichia coli. Só há necessidade de internamento em casos mais graves. Se o doente tiver bom estado geral e for capaz de tomar antibióticos por via oral, o tratamento pode ser feito em casa.

Pielonefrite aguda complicada

A pielonefrite complicada é aquela que evolui com abscesso dentro ou ao redor dos rins,  necrose da papila renal ou produção de gases dentro do rim, um quadro chamado pielonefrite enfisematosa.

A pielonefrite complicada normalmente ocorre em pessoas com obstrução do trato urinário, bactérias resistentes aos antibióticos ou em diabéticos.

O quadro clínico é igual ao da pielonefrite não complicada, porém apresenta pouca resposta aos antibióticos. O paciente pode apresentar uma resposta apenas parcial, com uma pequena melhoria, mas com fadiga, mal estar, falta de apetite e náuseas que persistem por vários dias.

Uma pielonefrite que não melhora completamente após antibioterapia apropriada deve ser estudadas com exames de imagens, como tomografia computadorizada e ultrassom (ecografia), para investigação de anormalidades que possam estar a perpetuar a infeção.

Pielonefrite crónica

A pielonefrite crónica é um quadro de infeção urinária recorrente, habitualmente associada a má-formações urinárias, obstruções por cálculos renais ou refluxo vesico-ureteral (refluxo da urina da bexiga de volta para o ureter e rins). Costuma levar à cicatrização do rim e à insuficiência renal crónica, principalmente em crianças com refluxo urinário.

Cálculos renais tratados com ultrassons
#Cálculos renais tratados com ultrassons

Sequelas da pielonefrite

Como já referido, se a pielonefrite não for tratada corretamente com antibióticos, existe um risco grande de evolução para sepsis grave. As bactérias presentes nos rins conseguem facilmente alcançar a corrente sanguínea, espalhando-se por todo o organismo, podendo levar à falência de múltiplos órgãos e até ser mortal!

Outro problema da pielonefrite, principalmente se recorrente, é a lesão permanente do rim. Doentes com pielonefrite crónica podem evoluir com insuficiência renal terminal e necessitar de hemodiálise!

Rim normal vs rim com insuficiência renal
Rim normal vs rim com #insuficiência #renal

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Diagnóstico

O diagnóstico da infeção renal é geralmente feito apenas com os sintomas clínicos. Exames laboratoriais ajudam a confirmar o diagnóstico:

      • O hemograma tipicamente apresenta uma elevação da contagem de leucócitos;
      • A PCR ( Proteína C Reativa ) encontra-se elevada;
      • No exame de urina é comum a presença de pus (leucócitos na urina) e sangue (hemácias na urina).

A urocultura deve ser sempre solicitada, pois ela é capaz de identificar a bactéria que está a provocar a pielonefrite, ajudando na escolha de antibióticos adequados.

No entanto como a urocultura demora pelo menos 48 horas para ficar pronta, não devemos esperar o seu resultado para começar o tratamento com antibióticos. Após o resultado sair, o médico decide se mantém o esquema antibiótico inicial ou muda para um mais adequado ao qual a bactéria seja sensível.

Tratamento da pielonefrite

Em geral, o tratamento da pielonefrite é feito em meio hospitalar com antibióticos intravenosos. Se o paciente tiver boa saúde e ainda estiver com bom estado geral, ele pode receber a primeira dose por via intravenosa e depois completar o resto do tratamento em casa com antibióticos por via oral. Na maioria dos casos, porém, o paciente encontra-se muito debilitado sendo quase sempre necessários 2 a 3 dias de internamento para controlar a infeção.

Nos pacientes com pielonefrite crónica, a avaliação do urologista é necessária. Muitas vezes, o paciente precisa de ser submetido a uma cirurgia para correção de anormalidades anatómicas do sistema urinário que estejam a perpetuar uma infeção dos rins.

Pielonefrite será contagiosa?

A pielonefrite não é uma doença contagiosa, portanto, não há risco de contaminação de familiares ou pessoas próximas. A pielonefrite deve ser sempre tratada com antibióticos. Medicamentos ditos “naturais” podem proporcionar alívio temporário, no entanto apenas adiam o tratamento correto da infeção, acarretando riscos graves para o doente.

Endometriose dores menstruais melhorsaude.org melhor blog de saude

Dor tipo cólicas menstruais

Não devem ser tidas como habituais, muito menos quando acontecem mesmo na presença de medicamentos contra tal. Estas dores podem estar a sugerir uma endometriose, condição que pode levar à infertilidade.

Endometriose o que é?

A endometriose é uma doença caracterizada pela existência de tecido uterino em regiões do corpo que não o útero, geralmente na pelve, ovários ou intestinos. A endometriose é uma condição benigna que, entretanto, pode ser muito debilitante, pois costuma estar associada a dor crónica e infertilidade.

Endométrio o que é?

Anatomia do aparelho reprodutor feminino
Localização anatómica do #endométrio

Endométrio é uma fina membrana que recobre a camada interna do útero. Durante o ciclo menstrual o endométrio sofre transformações induzidas pelas variações hormonais, cresce e torna-se um tecido rico em vasos sanguíneos.

O endométrio cresce para ficar apto a receber e nutrir o embrião em caso de gravidez. Quando o ciclo termina e o óvulo não foi fecundado, essa parede espessa do endométrio desaba e é expelida para fora do útero. Este processo é a menstruação.

Localização do  tecido endometrial

Onde pode acontecer a endometriose
A endometriose pode ocorrer em diversos pontos do organismo

A endometriose é uma doença caracterizada pelo aparecimento de pedaços de tecido endometrial fora da parede interna do útero. A endometriose pode aparecer na bexiga, intestinos, apêndice, vagina, ureter e raramente órgãos distantes da pelve como pulmões e sistema nervoso central.

Também podem surgir tecidos de endométrio em cicatrizes cirúrgicas do abdómen e pelve. Os locais mais comuns onde ocorre a endometriose são, por ordem decrescente, os seguintes:

  1. Ovário;
  2. Regiões ao redor do útero incluindo o fundo de saco de Douglas e ligamentos uterinos;
  3. Porção exterior do útero;
  4. Trompas de Falópio;
  5. Regiões finais do intestino.

A endometriose pode surgir em vários locais diferentes ao mesmo tempo, podendo coexistir em 3 ou 4 órgãos diferentes.

Sequelas da endometriose

Este endométrio em locais atípicos reage aos estímulos hormonais do ciclo menstrual exatamente como o endométrio dentro do útero, ou seja, acontece proliferação e depois sangra, causando, a curto prazo, irritação e a longo prazo fibrose dos tecidos ao redor. Esta característica é a responsável pelos principais sintomas da endometriose cujas causas ainda não são completamente conhecidas.

Prevalência

Estima-se que até 10% das mulheres tenham a doença. Cerca de 80% dos casos de dor pélvica crónica em mulheres são causados pela endometriose. A faixa etária mais atingida é a de 25 a 35 anos.

Sintomas da endometriose

Sintomas de endometriose
O sintoma mais comum da #endometriose é a dor associada ao período menstrual

Dependendo do local onde ocorre a endometriose, a paciente pode apresentar um quadro clínico que varia desde assintomático, até dor constante e ininterrupta.

No entanto, o sintoma mais comum da endometriose é a dor associada ao período menstrual, pois, como já referido, assim como o endométrio normal dentro do útero, o pedaço de tecido endometrial exterior também sangra no final do ciclo menstrual. A endometriose é uma causa comum de dismenorreia secundária ( cólica menstrual ).

Os sintomas da endometriose podem ser alguns dos seguintes:

  • Dor associada ao período menstrual ( dismenorreia )
  • Sangramento em excesso durante a menstruação
  • Sangue na urina
  • Sangue nas fezes
  • Inflamação e dor intensa na zona abdominal
  • Infertilidade
  • Dor durante a relação sexual ( dispareunia )
  • Diarreia
  • Obstipação ( prisão de ventre )
  • Fadiga crónica

Sangramento nos tecidos 

Existe sangramento nos tecidos afetados pela endometriose? A resposta é sim, e é um sinal muito importante para a deteção do local da lesão e portanto para um diagnóstico e tratamento atempado. Assim conforme o local afetado temos:

      • Bexiga – Se a endometriose está localizada na bexiga, é possível haver sangue na urina;
      • Intestinos – Se estiver nos intestinos poderá haver sangue nas fezes;
      • Abdómen e pelve – A presença de endometriose na cavidade abdominal ou na pelve faz com que haja sangramento para essas cavidades, causando intensa inflamação e dor.

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Causa de infertilidade

A endometriose também está muito associada a infertilidade, pois os ovários são um dos locais mais frequentemente afetados, causando inflamação crônica, cicatrização e adesões dos ovários e trompas.

A endometriose que afeta a parte externa do útero também pode levar a deformidades do mesmo e de áreas da pelve, tornando o aparelho ginecológico inapto para uma gravidez.

Risco de cancro

A endometriose, quando afeta os ovários, parece aumentar o risco de cancro dos ovários. Curiosamente o uso de pilulas anticoncecionais parece reduzir este risco.

Diagnóstico

Em muitas mulheres o quadro clínico de dor pélvica cíclica é bastante sugestivo, porém insuficiente para se estabelecer o diagnóstico. Exames de imagem com a ultrassonografia podem ajudar a descartar outras causas para os sintomas, como tumores, mas também raramente conseguem fechar o diagnóstico da endometriose.

Para se ter certeza do diagnóstico é preciso olhar diretamente para dentro da pelve e abdómen, o que só é possível através da laparoscopia, um procedimento cirúrgico. Durante a laparoscopia é possível procurar o tecido implantado e fazer as respetivas biópsias, quando necessário.

Tratamento da endometriose

      • Uso de anti-inflamatórios, no início do tratamento  (estes medicamentos são apenas sintomáticos e não atuam diretamente na doença);
      • Uso de anticoncecionais orais (ajuda a controlar o ciclo hormonal, reduz os sangramentos e consequentemente a dor);
      • Uso da GnRH, uma hormona que causa uma menopausa temporária, impedindo a liberação de estrogênios e cessando a menstruação. O tratamento reduz a dor em 80% dos doentes e ajuda a diminuir o tamanho da endometriose. Pode ser usada até 12 meses;
      • Laparoscopia (cirurgia que remove os tecidos endometriais em excesso).

Cirurgia para endometriose

A cirurgia é indicada nos casos de dor severa, grande sangramento, infertilidade ou ausência de resposta ao tratamento clínico. A cirurgia visa a remoção dos tecidos endometriais e fibroses ou adesões que possam já existir. Atualmente a cirurgia mais usada é a laparoscopia. Em casos muitos graves, com múltiplos implantes de endometriose, pode ser necessária a remoção de todo útero e/ou ovários.

Dor aguda na zona mole da parte de trás do joelho, entre a barriga da perna e a “dobradiça”

Dor na perna trombose venosa

Esta dor aguda na zona mole da parte de trás do joelho, entre a barriga da perna e a “dobradiça”, pode indicar a chegada de uma trombose venosa profunda, principalmente se a esta dor se juntar um vermelhão e calor na área.

Trombose venosa profunda (TVP) o que é?

Trombose é um termo médico que indica a formação de um ou mais coágulos de sangue dentro de um vaso sanguíneo, provocando interrupção ou grave limitação do fluxo de sangue no mesmo. A trombose pode ocorrer dentro de artérias, o que leva a quadros de isquemia ou enfarte, ou em veias, provocando quadros de trombose venosa.

A forma de trombose venosa mais comum é a chamada trombose venosa profunda (TVP), que ocorre nas veias da perna, coxas ou região pélvica, caracterizando-se por quadro de edemas e dor no membro afetado.

Trombose venosa profunda
Trombose é um termo médico que indica a formação de um ou mais coágulos de sangue dentro de um vaso sanguíneo, provocando interrupção ou grave limitação do fluxo de sangue no mesmo

Trombose o que é?

A formação de coágulos é um complexo mecanismo de defesa que impede que o paciente fique a sangrar indefinidamente quando um do seus vasos sanguíneos sofra uma lesão.

O sistema de coagulação é responsável por manter o sangue na sua forma líquida, mas é altamente eficaz em induzir a sua solidificação sempre que a parede de uma veia ou artéria sofrer alguma lesão.

Imediatamente após um vaso sofrer uma lesão, o sistema de coagulação começa a agir de forma a criar um coágulo que funcione como tampão para estancar a saída de sangue para fora da circulação sanguínea.

Na imensa maioria dos casos, a formação de coágulos acontece sem problemas, limitando-se apenas à parede do vaso ferido e aos tecidos por onde o sangue extravasou, sem interferir de forma relevante no fluxo de sangue dentro do vaso.

Em pessoas saudáveis, há um fino equilíbrio entre os fatores que impedem a coagulação e os fatores que estimulam a formação de coágulos, de forma a que o doente não forme coágulos espontaneamente nem corra risco de sangramentos com traumas mínimos do dia-a-dia.

Trombose venosa e trombose arterial

As tromboses venosas e arteriais manifestam-se clinicamente de forma diferente, uma vez que veias e artérias possuem funções distintas no organismo.

As artérias são os vasos responsáveis por levar sangue rico em oxigênio e nutrientes aos tecidos, enquanto as veias são os vasos que fazem o sentido oposto, escoando o sangue já utilizado pelos tecidos de volta ao coração e aos pulmões para ele ser novamente oxigenado.

Trombose arterial

Se a trombose ocorrer dentro de uma artéria, ela impede que o sangue chegue aos órgãos e tecidos nutridos por essa artéria, causando isquemia e enfartes. As situações mais conhecidas de trombose arterial são o enfarte agudo do miocárdio e o AVC.

Trombose venosa

Quando a trombose ocorre dentro de uma veia, obstrui o escoamento do sangue, fazendo com que o mesmo fique preso naquela região. A forma mais comum de trombose venosa é a trombose dos membros inferiores, afetando as veias profundas e de maior calibre da perna, coxa ou pélvis.

A forma mais comum de trombose venosa é a trombose dos membros inferiores, afectando as veias profundas e de maior calibre da perna, coxa ou pelvis.
A forma mais comum de #trombose venosa é a trombose dos membros inferiores, afetando as veias profundas e de maior calibre da perna, coxa ou pélvis.

Neste caso, o sangue chega normalmente ao membro inferior afetado, mas não consegue retornar, pois, como uma das veias está trombosada, uma das principais, senão a principal, via de escoamento encontra-se obstruída.

O sangue, para retornar, precisa encontrar uma ou mais vias colaterais, que são normalmente veias de menor calibre, incapazes, a curto prazo, de conseguir escoar adequadamente todo o fluxo de sangue.

Causas da trombose venosa

Em situações normais o sangue deve sempre permanecer na sua forma líquida, fluindo livremente pela circulação sanguínea. A formação de um coágulo (trombo) dentro de uma veia é uma evento não natural, que ocorre devido a basicamente três fatores, conhecidos como tríade de Virchow:

  • Redução do fluxo de sangue no vaso

O equilíbrio entre fatores que favorecem a coagulação e fatores que impedem a coagulação desaparece quando o fluxo de sangue se torna mais lento. A estase sanguínea é uma situação que estimula a ação dos fatores de coagulação, aumentando o risco do surgimento de um trombo.

  • Lesão da parede do vaso sanguíneo

Sempre que a parede de um vaso sanguíneo sofre uma lesão, o sistema de coagulação é ativado para a formação de um coágulo tampão, de forma a impedir perdas sanguíneas para fora do vaso. Dependendo do grau e da localização do trauma, a formação de um grande trombo pode ocorrer.

  • Alterações dos componentes do sangue

Se o paciente tiver alguma doença que altere de forma relevante os componentes do sangue, principalmente os fatores que favorecem ou impedem a coagulação, o equilíbrio necessário do sistema de coagulação desaparece, aumentando o risco do surgimento de trombos dentro dos vasos.

Em geral, sempre que o doente apresenta uma trombose, um ou mais dos 3 fatores descritos acima estão presentes na sua génese.

Fatores de risco

Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento de trombose, principalmente dos membros inferiores. Os mais importante são as trombofilias, doenças do sangue que fazem com que o sistema de coagulação fique desregulado, criando um estado de hipercoagulabilidade e grande risco para formação de trombos. Entre as trombofilias mais comuns, podemos destacar:

– Mutação do Fator V de Leiden.
– Mutação do gene do gene da protrombina.
– Deficiência de proteína S.
– Deficiência de proteína C.
– Deficiência de antitrombina.
– Disfibrinogenemia.
– Anticorpo anti-fosfolipídeo.

Felizmente, apesar de serem um fortíssimo fator de risco para trombose, as trombofilias são doenças pouco comuns. A maioria dos casos de trombose são causadas por outros fatores, a saber:

      • Cirurgia,
      • Traumas,
      • Longas viagens sentado,
      • Cancro,
      • Insuficiência cardíaca,
      • Gravidez.

Cirurgia

Doentes submetidos a procedimentos cirúrgicos, principalmente cirurgias na região pélvica e membros inferiores, apresentam elevado risco de formação de trombos nos membros inferiores. O efeito dos anestésicos, a própria manipulação dos vasos sanguíneos e tecidos subjacentes durante o ato cirúrgico e o prolongado tempo sem se levantar no pós-operatório tornam as cirurgia um evento com elevado risco de trombose venosa profunda.

Quando andamos, o impacto dos pés no chão e a contração dos músculos, ajudam a empurrar o sangue nas veias das pernas para cima, em direção ao coração. Ficar muito tempo deitado, principalmente para quem tem insuficiência venosa, favorece a estase do sangue nos membros inferiores.

Traumas

Por motivos semelhantes aos da cirurgia, grandes traumatismos também são importantes fatores de risco para a trombose venosa profunda, não só pelo impacto nos vasos sanguíneos, mas também pelo tempo que o paciente fica imobilizado na cama depois do acidente.

Síndrome da classe económica

Longas viagens de avião, principalmente superiores a 8 horas, podem facilitar a surgimento de trombose venosa profunda, principalmente em indivíduos com outros fatores de risco, como obesidade, varizes, tabagismo, gravidez, etc. Já notou como os seus pés ficam inchados e os sapatos ficam mais difíceis de calçar após uma longa viagem de avião?

O facto de ficar sentado longas horas, com as pernas dobradas, dificulta o retorno do sangue venoso para o coração, favorecendo a estase e, consequentemente, a formação de trombos.

Sindrome da classe económica
#Sindrome da classe económica

Cancro

Alguns tumores malignos produzem substâncias que aumentam a coagulabilidade do sangue, favorecendo a formação de trombos. Para esses doentes obviamente o risco de trombose está aumentado.

Insuficiência cardíaca

Doentes com insuficiência cardíaca apresentam um coração fraco, com dificuldade em bombear o sangue pelo corpo, levando à estagnação de sangue nos membros inferiores e favorecendo a formação de coágulos.

Gravidez

Alterações hormonais aumentam a capacidade de coagulação das grávidas. Além disso, conforme o útero cresce, a veia cava vai sendo comprimida, o que dificulta o escoamento do sangue vindo das veias dos membros inferiores. As grávidas apresentam um risco 5 vezes maior de desenvolverem tromboses do que mulheres não grávidas da mesma idade.

Além dos já descritos, existem diversos outros fatores de risco para trombose venosa profunda, valendo a pena citar os seguintes:

  • Obesidade
  • Tabagismo
  • Anticoncecionais hormonais
  • Idade acima de 60 anos.
  • Síndrome nefrótica
  • Medicamentos, como tamoxifeno, eritropoietina, talidomida e reposição hormonal na menopausa.
  • História familiar de trombose.
  • Policitemia vera.
  • Trombocitopenia essencial.
  • Doença inflamatória intestinal
  • Uso de cateter venoso central na veia femoral.

Sintomas de trombose venosa profunda

Os sintomas da TVP dependem do tamanho do trombo e do grau de obstrução da veia afetada. Tratando-se de veias profundas, longe da pele, é perfeitamente possível o paciente ter uma trombose e não apresentar sintomas. Quando o trombo é suficientemente grande para comprometer o fluxo de sangue na veia, os principais sintomas são:

  • Inchaço
  • Dor
  • Aumento de temperatura e vermelhidão do membro afetado

Uma perna que se subitamente começa a doer e se torna mais inchada que a outra é um sinal que deve sempre levantar a suspeita de trombose.

Diagnóstico

O diagnóstico da TVP costuma ser feito com a ultrassonografia com doppler das veias dos membros inferiores. Outros exames, como a angiorressonância magnética ou angiotomografia computadorizada também podem ser usados.

Sequelas e riscos

O grande perigo da TVP é o risco de um pedaço do trombo se soltar e viajar pela corrente sanguínea até um dos pulmões, provocando um quadro chamado tromboembolismo pulmonar (TEP). Trombos pequenos causam enfarte pulmonar localizado, que se manifestam clinicamente como dor torácica e súbita falta de ar.

Dependendo do tamanho do êmbolo (pedaço do trombo que se soltou), o mesmo pode obstruir grandes vasos pulmonares, como a artéria pulmonar, impedindo que o sangue chegue a um dos pulmões. Neste caso, o coração pode entrar em colapso, pois ele tenta bombear o sangue em direção ao pulmão, mas não consegue, devido à grande obstrução à sua frente.

O paciente com tromboembolismo maciço costuma evoluir rapidamente para paragem cardíaca e morte.

As TVP que ocorrem nas veias mais superiores do membro inferior, como as veias poplíteas, femoral ou ilíaca são as que têm mais riscos de soltar êmbolos. As tromboses que ocorrem nas veias abaixo do joelho são menos perigosas, pois apresentam, menor risco de #tromboembolismo pulmonar ( TEP )?

Tratamento

O tratamento da TVP tem os seguintes objetivos:

  • Reduzir o risco de embolização para os pulmões
  • Impedir o crescimento do trombo
  • Impedir a formação de novos trombos.

Se não tratados, cerca de 1 a cada 2 pacientes com TVP nas veias mais superiores do membro inferior irá apresentar embolia pulmonar. Isso significa que se não tratado, a TVP é um quadro com inaceitável risco de morte.

A anticoagulação do sangue com heparina fracionada ou heparina de baixo peso molecular é eficaz em reduzir o risco de TEP e da formação de novos trombos. Após 5 dias de heparina, que é administrada com injeções subcutâneas, o doente fica a tomar apenas anticoagulantes em comprimido, como a varfarina. A varfarina é mantida por 3 a 6 meses dependendo da gravidade e dos fatores de risco do doente.

O paciente com TVP deve permanecer em repouso absoluto na cama durante os primeiros dias de anticoagulação, pois a mobilização do membro afetado aumenta o risco de embolização.

Nos doentes que apresentam contra-indicação a anticoagulantes ou que, apesar da anticoagulação, continue a apresentar novos episódios de tromboembolismo, indica-se a implantação de um filtro na veia cava.

O filtro de veia cava é uma espécie de rede que fica localizada dentro da veia cava, na região abdominal, e impede que êmbolos ou trombos, provenientes dos membros inferiores consigam chegar aos pulmões.

Prevenção

A prevenção da TVP é essencial nos pacientes com elevado risco, nomeadamente aqueles com trombofilias ou que foram submetidos recentemente a cirurgias. Nas trombofilias, a prevenção deve ser feita com o uso de anticoagulantes para o resto da vida. Nos casos de pacientes submetidos à cirurgia, indica-se, no pós-operatório imediato, o uso de meias de compressão e baixas doses de heparina, caso o doente precise de ficar acamado.

O ideal é que todo paciente recém-operado se levante  e ande assim que possível. O simples facto do paciente poder dar alguns passos ao longo do dia já reduz muito o risco de TVP. Nas longas viagens de avião, aconselha-se que a pessoa se levante a cada 2 horas e dê uma caminhada pelo avião. Evitar bebidas alcoólicas e  manter-se bem hidratados também são importantes.

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Concluindo

O nosso corpo é uma “máquina extraordinária” com mecanismos que nos alertam quando algo está errado e pode vir a ser potencialmente perigoso ou até por vezes fatal! As dores são o melhor e mais forte exemplo desse mecanismo de defesa. Conheça melhor o seu corpo, preste atenção aos seus sinais porque quase sempre significam um pedido de ajuda para evitar a queda num “precipício” com consequências graves para a sua saúde! Toda a dor forte ou persistente deve ser investigada e tratada rapidamente pelo seu médico!

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Franklim Fernandes AUTOR DO BLOG MELHORSAUDE.ORG melhor blog de saude

Referências:  

      • Organização Mundial de Saúde (OMS);
      • Dr. Houman Danesh, do Hospital Mt. Sinai, em Nova Iorque;
      • Dr. Pedro Pinheiro, especialista em Medicina Interna e Nefrologista. Títulos reconhecidos pela Universidade do Porto e pelo Colégio Português de Nefrologia.

Capa 3D 7 Dores que nunca deve ignorar MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

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Melatonina sono insónia e como dormir melhor toda a verdade




Como dormir melhor mas não dormir demais? Melatonina porque é tão importante? Sono, insónia, ciclos de sono, sistema glinfático, quais os segredos? Como posso dormir sem usar medicamentos? Quais os medicamentos mais usados para dormir? Quais os efeitos secundários dos comprimidos para dormir? Quais as razões para não dormir demais? Segundo a American Sleep Association vários estudos têm demonstrado que horas a mais de sono têm também consequências negativas para a saúde. Descrevo as 7 principais razões para não dormir demais mas também qual a importância de dormir melhor? Porque é importante dormir melhor? O que se passa durante o sono? Quais as regras essenciais para criar um “santuário para o seu sono” e acordar com mais energia.

Este artigo pretende ser um guia para a ajudar a saber como dormir melhor, como dormir rápido, como dormir cedo e alcançar um sono de excelência, adormecer mais rápido, dormir mais profundamente, sonhar menos, acordar menos vezes durante a noite e de manhã levantar-se na hora certa para si e com muito mais energia! Acha que não consegue?  Siga até ao fim as informações e instruções deste artigo e talvez a sua vida mude para sempre! Nunca saberá se não colocar em prática o que eu também fiz com o meu próprio sono!

Neste artigo vou tratar as seguintes questões:
  • Sono o que é?
  • Quais as principais funções do sono?
  • Ciclos do sono como funcionam?
  • O que se passa durante o sono?
  • Sistema glinfático de limpeza do cérebro,  o que é?
  • Imunidade como é afetada pela privação de sono?
  • Qual a hormona do sono?
  • Melatonina porque é tão importante?
  • Serotonina, que é usada como antidepressivo, qual a relação com a melatonina?
  • Proteção das mitocôndrias pela ação antioxidante da melatonina!
  • Stress oxidativo e cancro!
  • Melatonina, qual a melhor utilização terapêutica?
  • Jet lag o que é?
  • Como utilizar a melatonina para tratar o Jet lag?
  • Ritmo circadiano o que é?
  • Premio Nobel o que dizem os cientistas sobre o sono?
  • Quais os genes com mais influência no ritmo circadiano?
  • Causas de insónia, quais as principais?
  • Higiene do sono o que é isso?
  • Dormir uma sesta é bom ou mau?
  • Exercício físico será que faz bem ao sono?
  • O álcool dá sono, isso é bom ou mau?
  • Tabaco como influencia o sono?
  • Última refeição do dia para potenciar o sono!
  • Não tenho sono, o que devo fazer?
  • Dormir demais aumenta o risco de depressão?
  • Dormir demais pode debilitar o cérebro?
  • Qual a influência na gravidez?
  • Qual a influência na diabetes?
  • Qual a influência no peso?
  • Dormir demais trás consequências cardíacas?
  • Será que aumenta o risco de morte prematura?
  • Quantas horas devo dormir?
  • Qual o grau de cansaço ao acordar em função das horas de sono?
  • Qual o risco de dormir demais nos bebés e crianças?
  • Qual o risco de dormir de menos nas crianças?
  • Quais as recomendações de tempo de sono nas crianças?
  • Quando sonhamos?
  • Sonhamos todos os dias?
  • É verdade que paralisámos durante uma parte do sono?
  • O que acontece quando muda a hora em Outubro e em Março?
  • Como dormir melhor?
  • Quais as melhores posições para dormir?
  • Medicamentos para dormir, quais os mais utilizados e quais os riscos?

Sono o que é?

Sono e dormir uma sesta melhorsaude.org

Segundos especialistas em medicina do sono este é um estado essencial à vida. Não há qualquer dúvida sobre a sua importância para a saúde geral e mesmo para a sobrevivência. Dormir é, aliás, um comportamento inato, partilhado por todo o reino animal, ainda que, do ponto de vista neurofisiológico possam existir diferenças entre espécies, sobretudo de natureza conceptual.

Sono qual a sua função?

O sono tem funções verdadeiramente extraordinárias e a produção de melatonina, com a sua potente ação antioxidante nas mitocôndrias celulares, tem uma importância extrema na produção e manutenção saudável da nossa energia diária e, portanto, da saúde no geral pois sem energia celular não existimos! A natureza encarregou-se de nos munir com um duplo mecanismo de controlo sobre a função do sono, determinando assim que, um acumular de cansaço, iniciado com o despertar, permita uma maior propensão para um sono (mecanismo homeostático de regulação do sono) que será sempre mais proveitoso em horário noturno.

A ausência de luz, percebida por células especializadas da retina do olho, passa a mensagem ao cérebro, mais propriamente ao relógio biológico nele contido, de que é altura de encerrar os olhos, de diminuir a atividade e dormir, para voltarmos a acordar pela manhã, quando o sol raiar e quando o repouso do sono tiver sido rentável para a recuperação geral.

Principais funções do sono

Durante o nosso sono ocorrem funções essenciais para a nossa saúde e sobrevivência. Algumas das mais importantes são as seguintes:

  • Produção de melatonina que tem uma função antioxidante, de enorme importância, nas mitocôndrias que são os organelos responsáveis pela produção de energia das nossas células e que necessitam de reparação diária devido à sua função de extrema exigência na  produção da energia que produz uma carga elevada de radicais livres!
  • Consolidação da memória e capacidade cognitiva, como se durante o sono se arrumasse cada memória na respetiva “gaveta” de forma a que seja mais fácil encontra-la quando necessitarmos dessa memória;
  • Limpeza dos sulcos cerebrais, através do fluido espinal e cerebral, que impede a acumulação de proteínas residuais tóxicas acumuladas durante o dia, como a proteína beta amiloide, que se julga estar associada à doença de Alzheimer;
  • Regeneração acelerada das nossas feridas influenciando o grau de inflamação adequado para uma melhor reparação;
  • Reparação de lesões cerebrais;
  • Fortalecimento do nosso sistema imunitário;
  • Processamento emocional e gestão de stress, associado à fase REM.

Ciclos de sono enquanto dormimos

O que se passa durante o sono é verdadeiramente extraordinário!

Numa noite de sono ocorrem vários ciclos. Cada ciclo de sono tem cinco fases e dura cerca de 90 minutos podendo chegar aos 120 minutos, havendo portanto vários ciclos consecutivos, separados por microdespertares, dos quais geralmente não temos consciência se tivermos um sono saudável! Durante uma noite completa e saudável de sono um adulto deve fazer 5 ciclos de aproximadamente 90 minutos cada (450 minutos) ou seja cerca de 7 horas e meia de sono.

Normalmente percorrem fases distintas do sono a cada 90 a 120 minutos durante a noite com três fases do sono com movimento não rápido dos olhos (NREM) e uma fase com movimento rápido dos olhos (REM).

  • Sono da fase N1 (NREM 1)- superficial e relativamente curto;
  • Sono da fase N2 (NREM 2) – A maior parte do tempo do nosso sono é passada nesta fase;
  • Sono profundo da fase N3 (NREM 3)- Tem início, aproximadamente, 30 minutos após adormecer e ocorre principalmente durante a primeira metade da noite, nas primeiras 4 horas de sono;
  • Sono REM – A primeira fase REM tem início, aproximadamente, 80 minutos após adormecer. No decorrer da noite é gasto mais tempo nesta fase REM caracterizada por rápidos movimentos oculares (Rapid eye movements) e onde os sonhos acontecem;
  • Despertares breves – chamados de fase W ocorrem durante a noite, mas a pessoa adormecida geralmente desconhece a maioria deles. Os microdespertares mais relevantes ocorrem, aproximadamente , 3 horas e 6 horas após adormecermos. O acordar ocorre após cerca de 7:30h a 8:00h de sono.
Ciclos de sono
Fonte: Manual MSD – Visão geral do sono.
Assim a sequência de fases durante uma normal e saudável noite de sono, é normalmente a seguinte:
  • Vigília
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • Microdespertar (após 3 horas de sono, aproximadamente)
  • NREM 1
  • NREM 2
  • NREM 3 (sono profundo)
  • NREM 2
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • Microdespertar (após 6 horas de sono, aproximadamente)
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • REM
  • NREM 1
  • NREM 2
  • Acordar (após 7 horas e 30 minutos a 8 horas de sono, aproximadamente).

Resumindo o número total de cada uma das fases de sono durante uma normal e saudável noite de sono, será o seguinte:

  • NREM 1 – 9 fases
  • NREM 2 – 13 fases
  • NREM 3 de sono profundo – 4 fases (durante as primeiras 4 horas de sono)
  • REM de sonhos – 6 fases.
  • Microdespertares – 2

Ondas cerebrais

Fases do sono e respetivas ondas cerebrais. As fases 3 e 4 são de sono profundo. A fase REM é quando acontecem os sonhos. As fases de vigília são caracterizadas por ondas cerebrais rápidas de pequena amplitude denominadas ondas Beta. Na fase de sono profundo as ondas cerebrais são mais lentas e de maior amplitude e denominam-se onda Delta. Curiosamente na fase de sono REM as ondas cerebrais registadas voltam a ser mais rápidas e de menor amplitude ou seja semelhantes a uma fase de vigília, talvez devido ao facto de os sonhos acontecerem essencialmente nessa fase REM onde acontecem movimentos oculares rápidos.

Fases do sono melhorsaude.org melhor blog de saude

Fases do sono e vigília
Fonte: Laboratório de Neurogenética / Núcleo de Cognição e Sistemas Complexos / Centro de MatemáticaComputação e Cognição / Universidade Federal do ABC

Sonhos e fase REM

Geralmente, apenas sonhamos na fase de sono profundo REM (Rapid Eye Movement) onde existem rápidos movimentos de olhos que se julga acompanharem as peripécias que ocorrem nos nossos sonhos. Se acordarmos durante esta fase do sono vamos lembrar-nos deles com muito maior detalhe mas se dormirmos descansadamente até ao fim não vamos lembrar-nos de nada e isso é que é saudável pois significa que terminamos sem precalços esse ciclo de sonho.

Sono REM e paralisia muscular

Quando adormecemos o cérebro desliga algumas funções motoras para nossa proteção. Durante a fase de sono profundo REM ficamos com uma espécie de “paralisia motora” ou seja vivemos os sonhos mental e visualmente mas não conseguimos mexer-nos!

Como seria o nosso sono se durante a fase de sonhos reagíssemos também “fisicamente” ás experiências aí vivenciadas? Certamente não teríamos um sono descansado e poderíamos até, em alguns sonhos mais “agressivos”, magoar-nos gravemente ou magoar quem dorme connosco!

Fases do sono melhorsaude.org melhor blog de saude

Sono REM novas descobertas

Afinal para que serve a fase REM onde ocorrem os sonhos e os movimentos rápidos dos olhos? Segundo Matthew Walker, especialista de sono e autor do livro “Why we sleep: Unlocking the power of sleep and dreams”, o sono REM tem duas funções extraordinárias:

  • Gestão e ajuda emocional;
  • Potenciar a creatividade.

Os sonhos que ocorrem nesta fase do sono libertam as memórias da carga emocional associada o que é de extrema importância em casos de memórias traumáticas, sendo a primeira ajuda para ultrapassar esses traumas, desde que a produção de noradrenalina não seja exagerada ou esteja danificada pois nesses casos podem acontecer os mesmos pesadelos recorrentes de que se queixam os doentes com sindrome pós traumático.

Sistema glinfático e limpeza do cérebro

O sistema glinfático foi descrito pela primeira vez em 2012 pela neurocientista dinamarquesa Maiken Nedergaard e tem sido amplamente correlacionado com danos cerebrais pós-AVC, lesões cerebrais traumáticas e doenças neurodegenerativas, entre elas a doença de Alzheimer e outras doenças demenciais. A descoberta foi feita a partir da análise do percurso liquórico in vivo, por meio da técnica de microscopia de dois fótons (onde se utiliza marcadores através de injeções intratecais). Esperava-se observar a circulação liquórica clássica que já havia sido descrita, no entanto foi identificado que, além desse percurso, ocorre também a penetração do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) no parênquima, depois a troca com o líquido intersticial e, por fim, a drenagem do LCR.

O sistema glinfático é uma rede perivascular que atua drenando resíduos tóxicos e metabólitos do Sistema Nervoso Central (SNC) como a proteína β-amiloide, que, quando acumulada, tem uma ação relevante na  fisiopatologia da doença de Alzheimer e facilita a distribuição cerebral de compostos como aminoácidos, glicose e neuro moduladores.

Circulação liquórica

Via clássica

O LCR é produzido nos plexos coroides, localizados nos ventrículos cerebrais (principalmente nos ventrículos laterais) e tem uma produção média de 500ml por dia, tendo um volume circulante de 100ml a 150ml.

Dos ventrículos laterais, ele alcança o III ventrículo a partir do forame de Monro e, por meio do aqueduto do mesencéfalo (ou aqueduto de Sylvius), chega ao IV ventrículo. Nesse local, ele pode difundir-se para o espaço subaracnoídeo medular, pelo forame de Magendie (abertura medial), e para o espaço subaracnoídeo encefálico pelo forame de Luschka (aberturas laterais).

Ele é reabsorvido pelas granulações (ou vilosidades) aracnoides, que são projeções da membrana aracnoide, e drenam para os seios venosos, principalmente o seio sagital superior.

Cérebro humano

Nova via

O LCR presente no espaço peri arterial acompanha as arteríolas e os capilares conforme ocorrem as suas ramificações, penetrando no parênquima cerebral. Nesse local, o líquor comunica-se com o líquido intersticial através de poros na estrutura perivascular, permitindo a passagem das moléculas de menores dimensões e sendo favorecidas pela pulsatilidade arterial, que contribui para essa saída do LCR do espaço peri arterial.

Além disso, as células da glia também realizam um papel fundamental, sobretudo os astrócitos, pois, nas suas regiões mais periféricas (conhecidas como pés dos astrócitos), está presente a AQP4, uma aquaporina que possibilita a passagem de moléculas de água. A partir das junções comunicantes dos astrócitos,  comunicam-se e mantêm um fluxo convectivo desde o espaço peri arterial até o espaço peri venoso.

Limpeza do SNC

O maior detalhe desse mecanismo é que o LCR que penetra no espaço peri venoso não é o mesmo que saiu do espaço peri arterial, pois, durante o fluxo convectivo, ele carrega os resíduos e metabólitos que antes estavam situados no interstício e, por isso, se assemelha ao sistema linfático, sendo uma nova descoberta que explica como ocorre a drenagem no SNC.

Nedergaard M. The Glymphatic System: A Beginner’s Guide. Neurochem Res (2015) 40:2583–2599. Fig.3 doi: 10.1007/s11064-015-1581-6

Envelhecimento

Ao longo do envelhecimento, ocorrem mudanças físicas e metabólicas no corpo humano e algumas dessas alterações podem contribuir para o funcionamento inadequado do sistema glinfático. São exemplos disso o aumento da rigidez arterial em idosos (o que diminui a pulsatilidade e a saída do LCR para o espaço intersticial) e a hipertrofia da GFAP (proteína fibrilar ácida da glia – uma proteína de filamento intermediário expressa no SNC, muito comum em astrócitos, os quais tem a sua comunicação dificultada quando, por ela, sofre alterações estruturais). Além disso, nos estudos de Nedergaard, também se encontrou a perda da polarização perivascular das AQP4 em idosos, alterando a depuração intersticial de solutos e a troca LCR-líquido intersticial.

Uma hipótese que abre novos horizontes para pesquisas em doenças neurodegenerativas é a de que pacientes com essas doenças possam ter os mesmos acometimentos supracitados, no entanto agravados. Dessa maneira, ocorre uma drenagem deficitária que gera acúmulos prejudiciais, como no caso da doença de Alzheimer, em que são encontrados agregados de proteína tau e o acúmulo de β-amiloide.

Sistema glinfático e o sono

O sistema glinfático tem sua maior atividade durante o sono (principalmente no sono profundo, o terceiro estágio do sono não-REM). Imagens feitas a partir da microscopia de dois fótons mostram que, durante o estado de vigília, o influxo de líquor pode ser reduzido em até 90%.

Ainda não se sabe com exatidão o processo fisiológico que gera essa maior atividade durante o sono, mas a noradrenalina parece ser um importante regulador da atividade glinfática pois age durante a vigília, aumentando o volume intracelular e, consequentemente, diminuindo o espaço intersticial. Assim, os mecanismos hidrodinâmicos não são favorecidos para a drenagem durante a vigília, enquanto o inverso acontece durante o sono com a diminuição da noradrenalina, o que propicia a saída do LCR do espaço perivascular.

Um boa noite de sono é por isso essencial para a limpeza e saúde do nosso cérebro!

Sistema imunológico e privação de sono

A privação de sono e o sistema imunológico exercem e sofrem influências mútuas. A privação de sono é considerada uma fonte de stress, uma vez que induz a elevação do cortisol em seres humanos (ou da corticosterona em roedores). Os glucocorticoides, por sua vez, exercem um efeito imunossupressor ou seja fazem com que o nosso sistema imunológico fique mais debilitado e menos eficaz contra a invasão de vírus, bactérias, fungos, parasitas e outros corpos estranhos. Por essas razões, foi proposto que o aumento da ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal seja um importante mediador das alterações imunológicas observadas em pacientes com insónia ou privados de sono.

Estudo: Repercussões imunológicas dos distúrbios do sono

Uma das células mais importantes do nosso sistema imunitário são as chamadas células assassinas naturais (NK), um tipo de glóbulos brancos. Estas detetam as células infetadas e param a sua atividade ou removem-nas antes que novos vírus sejam reproduzidos.

O sono é de extrema importância, para termos células assassinas naturais suficientes no corpo. Assim se não dormimos regularmente e horas suficientes (7.30h), somos muito mais suscetíveis a doenças e infeções. Investigadores estudaram como é que o número de glóbulos brancos se desenvolve sob privação de sono. O resultado foi surpreendente e assustador:

  • Os grupos de teste que dormiram apenas 4 horas em vez de 8 horas tiveram uma redução de 70% na proporção das suas células assassinas naturais (NK).

Este resultado suporta a evidência de uma maior fragilidade e probabilidade de contrair infeções quando temos problemas com a qualidade e quantidade do nosso sono.

Melatonina a hormona do sono o que é?

Formula química:   N-acetil-5-metoxitriptamina

A mensagem de ausência de luz enviada ao cérebro é, em cada período de aproximadamente 24h, repetida e traduzida na libertação de melatonina pelo hipotálamo (mecanismo circadiano de regulação do sono). A melatonina  é uma hormona produzida por diversos animais e plantas. Em animais superiores é produzida e libertada pela glândula Pineal. Quimicamente, é uma indolamina sintetizada a partir do triptofano (aminoácido essencial encontrado nas proteínas) sendo uma molécula anfipática ou seja  devido ao seu caráter anfifílico (uma parte hidrofílica e outra lipofílica), pode atravessar facilmente as membranas celulares por difusão. Em consequência, a melatonina não é armazenada no interior do pinealócito e é imediatamente libertada dentro dos capilares sanguíneos que irrigam a glândula pineal após a sua formação. Assim, a secreção de melatonina depende da sua síntese, que é catalisada por quatro enzimas distintas:

  • Triptofano hidroxilase (TPH),
  • Descarboxilase de L-aminoácidos aromáticos,
  • N-acetiltransferase (NAT),
  • Hidroxi-indol-O-metiltransferase (HIOMT).

Triptofano-serotonina-melatonina

Serotonina (antidepressivo) é precursor da melatonina

No esquema acima descrito é clara a importância da serotonina como precursor da melatonina. Relembro apenas que a serotonina é utilizada por milhões de pessoas em todo o mundo como antidepressivo! A glândula pineal participa na organização temporal dos ritmos biológicos, aturando como mediadora entre o ciclo claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos, incluindo:

  • Regulação endócrina da reprodução,
  • Regulação dos ciclos de atividade-repouso e sono/vigília,
  • Regulação do sistema imunológico, entre outros.

Melatonina e antioxidante mitocondrial

A melatonina e a glutationa (ou glutatião) são os dois mais importantes antioxidantes mitocondriais. A melatonina é um antioxidante antigo. Após o seu desenvolvimento inicial em bactérias, ela foi retida ao longo da evolução, de modo que pode estar ou pode ter estado presente em todas as espécies que existiram. Embora se tenha mantido ao longo da evolução durante a diversificação das espécies, a estrutura química da melatonina nunca mudou; assim, a melatonina presente nos seres humanos atualmente vivos é idêntica à presente nas cianobactérias que existem na Terra há bilhões de anos.

A melatonina na circulação sistémica de mamíferos desaparece rapidamente do sangue, presumivelmente devido à sua captação pelas células, particularmente quando estão sob condições de alto stresse oxidativo. A medição da distribuição subcelular da melatonina mostrou que a concentração desta indolamina nas mitocôndrias excede em muito a do sangue. A melatonina presumivelmente entra nas mitocôndrias através de transportadores de oligopeptídeos, PEPT1 e PEPT2.

Assim, a melatonina é direcionada especificamente para as mitocôndrias, onde parece funcionar como um potente antioxidante mitocondrial. Além de ser absorvida da circulação, a melatonina também pode ser produzida nas mitocôndrias. Durante a evolução, as mitocôndrias provavelmente tiveram origem quando as bactérias formadoras de melatonina foram engolidas como alimento por procariontes ancestrais. Com o tempo, as bactérias engolidas evoluíram para mitocôndrias; isso é conhecido como a teoria endossimbiótica da origem das mitocôndrias. Quando o fizeram, as mitocôndrias mantiveram a capacidade de sintetizar melatonina.

Assim, a melatonina não é apenas absorvida pelas mitocôndrias, mas estes organelos, além de muitas outras funções, provavelmente também produzem melatonina. As altas concentrações da melatonina e as suas múltiplas ações como antioxidante proporcionam uma potente proteção antioxidante a estes organelos que estão expostas a abundantes radicais livres.

Estudo: Melatonin as a mitochondria-targeted antioxidant: one of evolution’s best ideas

Atualmente médicos e investigadores de renome como o cardiologista  Dr. Steven Gundry colocam a hipótese de a principal função do sono ser produzir melatonina para proteger o bom funcionamento das nossas mitocôndrias, pois sem a energia produzida pelas mitocôndrias não estaríamos vivos!

Stress oxidativo e cancro

A mitocôndria é a principal responsável pelo fornecimento de energia, trifosfato de adenosina, ATP (adenosine triphosphate), às células e a maior produtora de espécies reativas do oxigénio (radicais livres), ROS (reactive oxygen species), tais como o anião superóxido (O2.-), o peróxido de hidrogénio (H2O2) e o radical hidroxilo (OH.).

A manutenção de um equilíbrio entre a produção de ROS e as defesas antioxidantes é crucial para o bom funcionamento do organismo humano. No entanto, pode ocorrer um desequilíbrio devido à produção excessiva de ROS ou à deficiência de defesas antioxidantes. A este desequilíbrio dá-se o nome de stress oxidativo. O excesso de ROS pode danificar o DNA, os lípidos ou as proteínas e levar ao aparecimento de diversas doenças, incluindo o cancro.

O genoma mitocondrial é mais suscetível a mutações por possuir limitações nos mecanismos de reparação. As lesões ao nível do DNA mitocondrial (mtDNA) podem ser mutações nas regiões codificantes ou na região D-loop (displacement loop), ou simplesmente alterações do número de cópias de mtDNA. Para se defender do stress oxidativo, o organismo desenvolveu mecanismos de defesa endógena antioxidante. As defesas dividem-se em:

  • Enzimáticas como por exemplo a superóxido dismutase, a glutationa peroxidase e a catalase;
  • Não enzimáticas, como por exemplo as vitaminas A, C e E.

Existe a hipótese de uma alimentação rica em nutrientes com propriedades antioxidantes poder ser benéfica na prevenção contra a oxidação mas ainda sem suporte científico consistente. No entanto, o excesso de nutrientes com propriedades antioxidantes ou mesmo de suplementos antioxidantes podem ser cancerígenos.

Utilização terapêutica da Melatonina

Como dormir rápido e como dormir bem

Em humanos, a melatonina tem como principal função regular o sono ou seja, num ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono, de forma a que possa dormir rápido e dormir bem. Por isso como dormir bem é muito importante então devemos eliminar do ambiente mecanismos que possam acelerar o metabolismo e impedir o sono, mesmo que não percebamos, tais como:

  • Fontes de som,
  • Fontes de luz,
  • Aromas,
  • Calor

Outra função atribuída à melatonina é a de antioxidante, agindo na  recuperação de células epiteliais expostas a radiação ultravioleta e através da administração suplementar, ajudando na recuperação de neurónios afetados pela doença de Alzheimer e por episódios de isquemia (como os resultantes de acidentes vasculares cerebrais) e como complemento em tratamentos para a epilepsia.  Em resumo a melatonina é conhecida como a hormona do sono.

Jet lag o que é?

Jet lag é a alteração do ritmo biológico de 24 horas consecutivas que ocorre após mudanças do fuso horário em longas viagens de avião. Caracteriza-se por problemas físicos e psíquicos, especialmente do ciclo do sono, decorrentes de alterações dos níveis hormonais de hidrocortisona. 

Trata-se de uma condição fisiológica resultante de alterações no ritmo circadiano (distribuição dos períodos de sono-vigília em um ciclo de 24 horas) provocadas por uma viagem, geralmente de aviões a jato (daí o nome em inglês: jet, redução de jet plane, ‘avião a jato’; e lag, ‘atraso, retardamento’), atravessando vários fusos horários. Em consequência, após a viagem, o relógio interno (relógio biológico) não estará ajustado ao horário local. Ocorre então um distúrbio do sono transitório.

Qual a melhor melatonina para o Jet Lag

A melatonina, sob o nome comercial Circadin, é também considerado segura e extremamente eficaz na prevenção ou diminuição dos sintomas de Jet Lag. Especialmente eficaz para quem viaja por mais de 5 zonas horárias, mas pode ser usado para qualquer viagem que ultrapasse mais do que uma zona horária para quem é mais suscetível a sintomas.

Estudo clínicos constataram que a melatonina ajuda a regular o horário orgânico com mais rapidez, criando as condições necessárias para atingir um mais rápido relaxamento e descanso cerebral em viajantes, trazendo rápida adaptação ao novo fuso horário.

Existem também estudo que demonstram que a melatonina age como regulador de cada uma das etapas do balanço energético, tais como:

  • Ingestão alimentar,
  • Fluxo de energia para reserva,
  • Fluxo de energia das reservas
  • Gasto energético.

Comportamentos inadequados como tomar café depois das 18h ou ver televisão até tarde podem dificultar o inicio do sono ou comprometer a sua continuidade, penalizando os processos que dele dependem, como por exemplo a regulação do cortisol que é a hormona do stress. Quanto mais alto for o nível de cortisol no nosso organismo mais ansiedade vamos sentir!

Ritmo circadiano o que é?

Num velho vídeo de Novembro de 2015 Michael Rosbash explica o seu trabalho com Jeffrey C. Hall. Fala neste incrível relógio que temos dentro de nós e que consegue antecipar as mudanças cá fora. “É muito mais vantajoso saber o que vai acontecer do que reagir ao que já aconteceu. E esse é um dos papéis do ritmo circadiano”, diz.

Ritmo circadiano
Fonte: Comité Nobel de fisiologia ou medicina

Cronobiólogos ganham prémios Nobel

São geneticistas e cronobiólogos… uma espécie de “relojoeiros do corpo humano”, a saber:

  • Michael Rosbash,
  • Jeffrey Connor Hall,
  • Michael Warren Young

Estes três cientistas Norte Americanos, conquistaram a 2 de Outubro de 2017, o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina por descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.

Os trabalhos com mais de duas décadas nesta área mostraram como funcionam genes que estão ligados ao sono e à forma como regulamos o nosso metabolismo nas diferentes fases do dia. Os três cientistas norte-americanos revelaram alguns dos importantes circuitos e peças que fazem a complexa máquina do nosso relógio biológico funcionar. E, claro, perceberam onde e como pode avariar.

Relógio biológico antecipa mudanças

Segundo Anna Weddell, do comité do prémio Nobel, os investigadores mostraram, por exemplo, que “precisamos do relógio biológico para antecipar as mudanças que ocorrem durante um dia, não é só para nos adaptarmos a essas mudanças”.

Assim, recorrendo ao modelo da mosca-da-fruta, os investigadores perceberam que o corpo dos animais (incluindo o dos seres humanos) desencadeia uma série de ligações que nos preparam para acordar, mesmo antes de a luz do dia “nos avisar”. Da mesma forma, há uma preparação do organismo para o momento noturno, do sono.

Diogo Pimentel, investigador português na Universidade de Oxford que se dedica a esta área, explica:

“Até hoje não sabemos por que precisamos de dormir, mas já é claro que a regulação do sono obedece a dois processos: o ciclo circadiano (ou relógio) e o sistema homeostático” .

O tal relógio faz com que todos os organismos (incluindo nós) se sincronizem e adaptem a fatores do ambiente externo, sendo a luz o fator principal. Sobre os resultados do trabalho dos cientistas agora premiados com o Nobel da Medicina, Diogo Pimental comenta:

“É de facto uma história de sucesso fantástica e um excelente exemplo de como genes e moléculas são responsáveis por orquestrar o nosso comportamento.”

Genes na regulação do nosso sono

Segundo os prémio Nobel da medicina 2017, os genes mais importantes para o nosso ritmo circadiano são:

  • Gene period (PER) – Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona este gene;
  • Gene timeles (TIM) – Michael Warren Young descobriu este gene;
  • Gene doubletime (DBT) – Michael Warren Young, da Universidade de Rockefeller também identificaram este gene.

Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall são dois amigos de longa data que trabalham juntos há várias décadas. Actualmente, estão na Universidade de Brandeis, no Massachusetts (EUA). Michael Warren Young é um cronobiólogo que investiga no laboratório de genética da Universidade de Rockefeller, em Nova Iorque. Os três estudam o sono, os mecanismos que o nosso relógio biológico usa para se adaptar ao ambiente cá fora.

No centro das investigações destes cientistas está o papel de alguns genes que “participam” neste processo de regulação do ritmo circadiano. Michael Rosbash e Jeffrey Connor Hall explicaram como funciona o gene period (PER). Isolaram este gene e descobriram que produzia uma proteína que se acumulava nas células durante a noite e degradava-a durante o dia. Ou seja, os níveis estavam sintonizados com o ritmo circadiano (uma palavra que na sua origem em latim quer dizer algo como “cerca de um dia”, 24 horas).

Michael Warren Young descobriu o gene timeles (TIM), outra peça importante nesta máquina. Juntos, os três cientistas perceberam que por trás dos nossos sonos e vigílias estes genes actuam em conjunto formando um sistema de sinais químicos. O investigador da Universidade de Rockefeller identificou ainda um outro gene chamado doubletime (DBT) que era capaz de atrasar a acumulação da proteína PER. Estavam desvendados mecanismos-chave sobre os princípios do relógio biológico.

Mutações genéticas quais as consequências?

Encontrar os genes e a sua função fez com que se concluísse também que mudanças (ou mutações) nestes “genes-relógio” (as peças biológicas do relógio circadiano comparáveis às rodas dentadas de um relógio mecânico) estão associadas a uma série de distúrbios do sono em humanos.

Mesmo algumas formas de depressão podem estar de alguma maneira ligadas ao controlo do ritmo circadiano. Assim, por causa destes três investigadores, hoje sabemos mais sobre os mecanismos que regulam o nosso ritmo circadiano que, por sua vez, regula muitos dos nossos genes.

Funções críticas do relógio biológico

“O relógio biológico regula funções críticas, tais como:

  • Comportamento,
  • Níveis hormonais,
  • Sono,
  • Temperatura corporal,
  • Metabolismo.

O nosso bem-estar é afetado quando existe um desajuste entre o nosso ambiente externo e este relógio biológico interno, o que acontece, por exemplo, quando viajamos em diferentes fusos horários e experimentamos jet lag.

Há também indícios de que os problemas na sincronização de nosso relógio interno com o ambiente e estilo de vida podem estar associados ao aumento do risco de várias doenças”, refere o comunicado de imprensa do comité do Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia.

Causas de insónia

As principais causas de insónia são claramente as seguintes:

  • Ansiedade
  • Depressão
  • Dor

São inúmeras as patologias que podem causar insónia. Desde logo as de caracter psicológico e psiquiátrico são claramente as duas mais importantes.

No entanto todas as patologias ou doenças que possam provocar dor são muito relevantes entre as principais causas de insónia. Assim em todos estes casos com sintomas dolorosos a principal estratégia no combate à insónia passa pela estabilização da patologia primária e nomeadamente o controle da dor durante a noite.

Outras causas frequentes de insónia são a desinformação básica acerca de regras simples mas “obrigatórias” para ajudar o nosso organismo a seguir o ritmo circadiano que marca claramente os nossos ciclos saudáveis de sono. O conjunto de regras simples, que descrevo de seguida, é habitualmente designado de higiene do sono!

Como dormir melhor

Higiene do sono

A higiene do sono é a designação dada ao conjunto de estratégias que englobam hábitos e comportamentos potenciadores de um bom sono, consolidado e recuperador. Frequentemente, os tropeços nestas regras básicas que interferem na psicobiologia humana, associam-se a um sono perturbado passível de se transformar num estado patológico crónico, muitas vezes de difícil retrocesso. Mais adiante neste artigo descrevo todas as regras essenciais para um bom sono incluindo as melhores posições para dormir.

Mais à frente neste post descrevo mais em detalhe a importância destas regras mas algumas das mais simples e de aplicação imediata, são as seguintes:

  • Quarto completamente escuro;
  • TV telemóveis, tablets e aparelhos eletrónicos desligados;
  • Ambiente silencioso;
  • Baixa temperatura ambiente (mas não gelada!);
  • Não beber café  ou chá com cafeína até 6 horas antes de se deitar;
  • Não beber álcool.

Dormir uma sesta é bom ou mau?

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Apesar das diferenças individuais, na mesma pessoa, e em condições normais, a necessidade de sono durante as 24h mantém-se de dia para dia. Por conseguinte se gastarmos parte das horas destinadas ao sono, durante uma sesta a noite será provavelmente mais curta (geralmente com maior dificuldade de iniciar o sono mas também associado à sua interrupção repetida). Tendo esta informação em mente fica também claro que quem dorme uma sesta sente ao acordar desse pequeno sono, em geral, um aumento da concentração e energia que ajuda a passar melhor o que resta do seu dia.

No entanto também sentirá que quando chegar a hora de dormir vai ter dificuldade em adormecer à hora habitual o que vai causar, mais uma vez, a diminuição do tempo e da qualidade do sono nessa noite. No dia seguinte é também provável que volte a sentir a necessidade de uma nova sesta… iniciando uma espécie de ciclo vicioso que só pode ser quebrado com a disciplina de se deitar sempre à mesma hora e ter uma noite de sono de aproximadamente 7 horas e meia.

Exercício físico será que é bom para o sono?

As atividades noturnas devem procurar favorecer o sono e não a vigília. Neste sentido, o exercício físico intenso é, em principio, contra-indicado no horário próximo ao de dormir, já que, devido à ativação intensa generalizada que condiciona, e a um aumento da temperatura corporal, atrasa o inicio do sono. O exercício ligeiro a moderado, por sua vez, promove o sono, ao que parece, através de um mecanismo reflexo. Por outro lado, estratégias de relaxamento, favoráveis a uma inativação geral parecem ser sonogénicas.

Álcool dá sono, isso é bom?

Relaxantes como o álcool só aparentemente facilitam o sono. Na realidade, apesar de poderem diminuir a latência do sono, no decorrer da noite, este passa a ser, significativamente pior, mais superficial e fragmentado, após a ingestão de álcool. Pode até adormecer mais depressa mas a qualidade do sono é muito pior e vai acordar com um enorme cansaço e até dor de cabeça.

Tabaco e influência no sono

O tabaco contém nicotina (um estimulante) e é igualmente prejudicial ao sono, devendo ser evitado. Por outro lado o tabaco é um irritante das mucosas nasais e da garganta o que pode alterar o fluxo de ar e causar o ressonar além de aumentar as probabilidades de desenvolver doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

Última refeição do dia

Uma refeição ligeira, sobretudo contendo alimentos ricos em L-triptofano (uma substância promotora do sono), como o leite, é benéfica, mas as refeições pesadas prejudicam o inicio do sono. Também os líquidos não deverão ser excessivos perto da hora de dormir, devendo mesmo ser evitados por vezes, sobretudo em pessoas cujo sono seja frequentemente interrompido pelas idas à casa de banho.

Quando não tenho sono o que fazer?

Obrigar o sono traz muitas vezes uma frustração acrescida, sendo causa frequente de desenvolvimento de insónia psicofisiológica. Assim, é boa prática deixar a cama quando surgem dificuldades para adormecer. Nessa circunstância, fazer algo relaxante como ler ou ouvir música, pode ser adequado e ajudar o sono a chegar e então encaminhar ao leito.

Dormir demais quais os riscos?

Dormir horas a mais MELHORSAUDE.ORG MELHOR BLOG DE SAUDE

O prolongamento do tempo na cama constitui, muitas vezes, um hábito penalizador do sono, dado que o mesmo se associa a um sono mais superficial e fragmentado e, portanto, com menor rentabilidade. A regularidade de horários reservados ao sono e à vigília também são determinantes de uma boa função do ciclo sono-vigília, já que a falha neste compromisso resulta frequentemente numa perturbação do ritmo circadiano e consequentemente no sono.

1. Aumenta o risco de depressão

Um estudo de 2014, com adultos gémeos, permitiu aos investigadores concluir que dormir muitas horas (mais de nove) aumenta o risco de sintomas depressivos.

2. Pode debilitar o cérebro

Em 2012, uma equipa de cientistas descobriu que mulheres idosas com falta ou excesso de sono viam a sua capacidade cerebral deteriorar-se num espaço de seis anos. Os cérebros das mulheres que dormem mais de nove horas ou menos de cinco registam alterações correspondentes a um envelhecimento de dois anos.

3. Pode dificultar uma gravidez

Depois de analisarem os hábitos de sono de mais de 650 mulheres submetidas a fertilização in vitro, investigadores coreanos concluíram que as taxas de gravidez mais elevadas foram registadas entre as mulheres que dormiam sete a oito horas por noite e as mais baixas entre as que dormiam entre nove a onze.

“Sabemos que os hábitos de sono podem alterar os ritmos circadianos, a produção de hormonas e os ciclos menstruais”, afirmou, em 2013, quando este estudo foi publicado, o endocrinologista Evan Rosenbluth, sublinhando que não foi possível estabelecer uma causalidade clara no caso dos tratamentos para a infertilidade.

4. Pode aumentar o risco de diabetes

Um estudo realizado no Quebec concluiu que quem dorme mais de oito horas por noite têm o dobro das probabilidades de desenvolver diabetes tipo 2, ao longo de um período de seis anos, em comparação com que dorme entre sete a oito horas, mesmo tendo em consideração as diferenças de massa corporal.

5. Pode levar ao aumento de peso

O mesmo grupo de investigadores analisou também o peso e o aumento de gordura entre os participantes, no mesmo período de seis anos, e chegou à conclusão que os que dormiam demais ou de menos ganhavam mais peso do que os que dormiam as recomendadas sete a oito horas por noite.

Os que dormiam nove a dez horas tinham 25% mais probabilidade de aumentar cinco quilos nesses seis anos, mesmo com uma alimentação controlada e atividade física.

6. Pode danificar o coração

Uma investigação apresentada em 2012, nos EUA, revelou a relação entre dormir oito ou mais horas por noite e o aumento de risco de problemas cardíacos. Depois de analisar os dados de mais de 3 mil pessoas, os cientistas descobriram que as que dormiam mais tinham o dobro do risco de angina e 1.1 vezes mais o risco de doença das artérias coronárias.

7. Pode aumentar o risco de morte prematura

Uma análise de 16 estudos diferentes levou um grupo de investigadores a concluir que há um risco de morte prematura – por várias causas – aumentado entre os que dormem mais de oito horas por noite, do total de quase 1,4 milhões de participantes nas várias investigações.




Quantas horas devo dormir?

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Gráfico cansaço vs horas de sono

Este gráfico indica que 8 horas de sono, num adulto em idade ativa,  é o ideal para não acordar cansado. Alguns estudos apontam para 7 horas e meia serem suficientes e até ótimas em muitos adultos em idade ativa. De facto tendo em conta que temos durante a noite vários ciclos de sono de aproximadamente 90 minutos cada tal significa que se acordarmos ao fim de 7 horas e meia estaremos exatamente a terminar o quinto ciclo de sono.

Se continuássemos a dormir o próximo ciclo terminaria cerca de hora e meia depois ou seja faríamos 9 horas de sono desde a hora em que adormecemos. É por isso que, se nos deitarmos à meia noite, geralmente, acordamos mais “bem dispostos” ás 7.30 h do que ás 8.00h apesar de dormirmos mais meia hora!

Dormir demais nos bebés e nas crianças

Nos bebés é hábito dormir muito

Nos bebés já é hábito e saudável dormir muito mais que um adulto. O tempo de sono recomendado por faixa etária varia de especialista para especialista. A American Sleep Association divulgou recentemente novas recomendações onde estabelece períodos mínimos e máximos adequados a cada idade. No entanto, alerta para o facto de que o tempo para um sono reparador varia de acordo com as características pessoais. Refere também que dormir de mais é tão mau como dormir pouco, estabelecendo limites mínimos e máximos aceitáveis.

Dormir pouco qual o risco nas crianças?

Sabia que na infância cerca de 90% da hormona de crescimento é libertada durante o sono?

As crianças que dormem menos tempo do que o aconselhado ou que apresentam distúrbios decorrentes do sono podem ter problemas no desenvolvimento físico, no fortalecimento do sistema imunológico, na consolidação da memória e dificuldades no relaxamento muscular.

Recomendações de horas de sono

Segundo a American Sleep Association estas são as recomendações de horas de sono saudáveis desde os recém nascidos até aos 13 anos de idade:

  • Recém-nascidos (0-3 meses): 14 a 17 horas (anteriormente 12-18)
  • Bebés (4-11 meses): 12-15 horas (anteriormente 14-15)
  • Crianças (1-2 anos): 11-14 horas (anteriormente 12-14)
  • Crianças em idade pré-escolar (3-5 anos): 10-13 horas (anteriormente 11-13)
  • Crianças em idade escolar (6-13 anos): 9-11 horas (anteriormente 10-11)

Pequenos ecrãs impedem crianças de dormir

O sono é prejudicado nas crianças que utilizam disposivos electrónicos
O sono é prejudicado nas crianças que utilizam disposivos electrónicos

As crianças que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ nos seus quartos dormem menos do que as crianças que não têm acesso a estes dispositivos à noite, conclui um estudo norte-americano hoje divulgado. As conclusões da investigação publicadas na revista Pediatrics mostram que ter um chamado “pequeno ecrã” à mão é pior do que ver televisão, no que toca à falta de sono, de acordo com a observação de 2.000 crianças em idade escolar.

No geral, aqueles que têm acesso a ‘tablets’ ou ‘smartphones’ dormem menos 21 minutos por noite em comparação com os que não usam essa tecnologia e têm mais probabilidade de acusar falta de sono. Já as crianças com televisão no quarto dormem menos 18 minutos do que as que não têm esses aparelhos na mesma divisão em que dormem.

“A presença de pequenos ecrãs, mas não de televisão, no ambiente de sono, está associada com a perceção de descanso ou sono insuficiente”, indica o estudo de Jennifer Falbe, da Universidade da Califórnia..

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Mudança da hora

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Segundo o Dr. Miguel Meira Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, a mudança para a hora de inverno traz “mais riscos que benefícios” devido à “súbita exigência de mudança” do “tempo interno” das pessoas.

Ás 2 horas do dia 30 de Outubro, os relógios vão atrasar uma hora (dormimos mais uma hora), dando início ao horário de inverno, uma mudança que, tem impactos negativos na saúde. Apesar do impacto ser claramente maior no adiantamento (dormimos menos uma hora) que exigimos ao tempo em meados de Março, qualquer das direções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves.

O especialista Miguel Meira Cruz afirma que uma hora a mais de sono pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde ou naqueles que atrasam a sua hora de deitar, como acontece com adolescentes. Porém, na prática, verifica-se que “as atitudes não acompanham as intenções e este ganho tem provavelmente uma influência menor”, sublinha.

Além disso, acrescenta, “os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de inverno”, dado que para “além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afetam o humor”.

Assim alguns dos mais importantes sintomas e consequências causados pela alteração da hora,são os seguintes:

  • Prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça).
  • Alterações de humor;
  • Sonolência que pode originar, por exemplo, acidentes rodoviários;
  • Falta de concentração;
  • Fadiga;

Segundo o Dr Miguel Meira, especialista em medicina de sono, “estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente”. Para o especialista, a mudança da hora “é mais um exemplo do predomínio de interesses económico-financeiros, que vigora no mundo, em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde”.

A alteração proposta originalmente por Benjamim Franklin, tinha como intensão rentabilizar a energia luminosa poupando gastos, mas em rigor, não só não se confirmaram os ganhos teoricamente previstos, como se tem vindo a descobrir perdas importantes de saúde associadas à alteração brusca da hora.

Dormir melhor mas como…?

11 decisões que já esta noite fazem dormir melhor

A verdade é que um bom sono depende de vários fatores simultâneos e que jamais conseguirá dormir bem se não controlar os que listamos de seguida. Na maioria das pessoas basta um destes fatores para não ter uma quantidade e/ou qualidade de sono profundo adequada, mesmo quando julgam que dormem bem! Os registos encefalográficos dos especialistas do sono não deixam dúvidas quanto à fragmentação do sono quando algumas destas condições não são adequadas ao ambiente do quarto onde dorme.

Não esquecer também que dormir bem não é dormir demais!

Aqui ficam as condições essenciais que importa controlar:

  • Não tomar cafeína ( café, chá e chocolate ) até 6 horas antes de dormir para controlar um excesso de estado de vigília noturna e degradação do sono profundo.
  • Vinho, apenas deve beber um copo ao jantar pois apesar de ajudar a adormecer vai degradar a qualidade e quantidade do sono profundo.
  • Baixe a temperatura do quarto pois o cérebro associa o frio com a necessidade de dormir para o organismo gastar menos energia.
  • Não faça exercício á noite pois, como anteriormente detalhamos neste artigo, há libertação de neurotransmissores como a adrenalina que nos tiram o sono.
  • Afaste-se de todos os aparelhos eletrónicos com ecrans ou seja TV, computador, smartphone e tablet, pois a luz emitida por estes gadgets envia ao cérebro a mensagem de que ainda é dia!
  • Não tome líquidos ao deitar, expecto se sentir sede, pois vai aumentar as probabilidades de acordar de noite para urinar e fragmentar o seu sono.
  • Torne o quarto completamente escuro com estores totalmente fechados e/ou cortinas que impeçam a passagem da luz solar. Bastam alguns raios de luz antes de tempo para estimular o despertar e impedir que complete o mínimo de horas de sono necessárias para repor a sua energia.
  • Levanta-se sempre à mesma hora mesmo ao fim de semana para manter o ritmo circadiano natural do seu corpo.
  • Quando o despertador tocar levante de imediato as persianas, afaste as cortinas e deixe entrar o luz do Sol. Fazer o despertador tocar de 10 em 10 minutos só vai fragmentar o seu sono e aumentar o cansaço. A luz é o seu melhor despertador.
  • Controle a ansiedade – As preocupações são constantes, mas não devem acompanhar-nos na cama. Existem formas de reduzir o seu impacto como por exemplo fazer uma lista de preocupações e definir estratégias para as resolver no dia seguinte. O objetivo é lidar, em consciência, com cada uma das preocupações, de tal forma que estas deixem de ser um fator negativo perpetuante.
  • Banho quente – uma a duas horas antes da hora de deitar, ajuda, por mecanismos semelhantes aqueles que acompanham os efeitos do exercício ligeiro a moderado, a uma diminuição da latência do sono (intervalo de tempo que passa desde que uma pessoa se deita até que adormece).

Melhores posições para dormir

Será que a posição que escolhe para dormir é a melhor?  Esse é um dos hábitos que melhores benefícios pode trazer à saúde da sua coluna vertebral e por conseguinte à qualidade do seu sono. De seguida deixamos uma imagem que ilustra quais as melhores posições para dormir e proteger as suas costas. Confirme se a sua está correcta… senão corrija o mais cedo possível, para bem da sua saúde!

Posições correctas e erradas para dormir

Exames para avaliar a qualidade do sono

Existem 4 exames que têm uma importância muito relevante no diagnóstico correto da qualidade do sono, a saber:

  • Registo do sono profundo,
  • Testes psicológicos,
  • Polissonografia ou estudo do sono,
  • Exames da Tiroide (TSH, T4, T3)

Comprimidos para dormir quais os riscos?

A utilização de comprimidos para dormir é cada vez mais comum. Sabe-se que mais de 25% das insónias estão relacionadas com outras doenças, tais como como:

  • Ansiedade
  • Depressão

A maior parte das pessoas não tem uma boa higiene do sono (hábitos que promovem uma boa noite de sono, como por exemplo deitar a um horário regular, evitar bebidas cafeinadas à tarde e à noite, não estar no computador ou tablet na cama, não ver televisão no quarto, etc).

Nestas situações, recorre-se frequentemente aos chamados comprimidos para dormir. Os mais prescritos são os ansiolíticos tais como:

  • Benzodiazepinas, como o alprazolam (Xanax®), o lorazepam (Lorenin®) e o diazepam (Valium®);
  • Benzodiazepinas mais sedativas, como o estazolam e o loprazolam;
  • Hipnóticos mais recentes e com menor risco de dependência e tolerância, caso dos chamados medicamentos Z, como o zolpidem.

Estes grupos pertencem à categoria dos psicofármacos, cujo consumo tem vindo a aumentar nos últimos anos.

A prescrição deste tipo de medicamentos pode ser necessária para combater rapidamente as insónias e, como tratamento de curta duração, são de facto eficazes e seguros. No entanto, estes fármacos oferecem apenas uma solução a curto prazo e não resolvem o problema das insónias na sua origem, além de comportarem riscos para a saúde quando tomados durante muito tempo (mais de quatro semanas).

Riscos e efeitos adversos dos comprimidos para dormir

Os comprimidos para dormir acarretam riscos de vária ordem a que deve estar atento, tais como:

  • Efeitos secundários como sonolência, confusão e descoordenação motora, mas também um possível agravamento das insónias;
  • Diminuição da atenção, do tempo de reação e da velocidade do desempenho;
  • Tolerância progressiva que obriga à toma de doses cada vez mais elevadas para obter o mesmo efeito;
  • Dependência ou habituação;
  • Potencial de abuso, sobretudo em pessoas com historial de dependência;
  • Síndrome de abstinência, que inclui tremores, agitação psicomotora, suores, palpitações, náuseas e vómitos, desorientação, alucinações e até convulsões, razão pela qual não se deve interromper este tipo de medicação abruptamente;
  • Défices cognitivos e até síndromes demenciais, segundo alguns estudos;
  • Interação com bebidas alcoólicas e outros medicamentos, especialmente os depressores do Sistema Nervoso Central (SNC);
  • Risco aumentado de acidentes de trabalho ou acidentes de viação por sonolência excessiva.

Quem sofre de insónias pode e deve discutir com o seu médico assistente as melhores alternativas aos comprimidos para dormir, o que poderá implicar mudanças nos hábitos e nos estilos de vida, a adoção de uma correta higiene do sono, bem como pequenas medidas comportamentais favorecedoras do seu sono natural. Na verdade, existem muitas outras formas de ter uma boa noite de sono, sem riscos para a sua saúde.

Atenção: Não tome comprimidos para dormir e álcool ao mesmo tempo. Esta mistura explosiva aumenta o efeito sedativo dos medicamentos e pode provocar perda de consciência e depressão respiratória.

Concluindo

O nosso cérebro é uma “máquina verdadeiramente extraordinária” cuja ferramenta mais importante para manter o equilíbrio é o sono. É o sono que nos permite consolidar as nossas memórias “arrumando-as” de maneira a estarem disponíveis quando delas necessitamos! É também o sono que nos permite recarregar a energia para enfrentar um novo dia com raciocínio mais acertado e melhores tomadas de decisões em inúmeras opções de vida do nosso quotidiano. È frequente uma pessoa com uma má noite de sono tomar decisões erradas, algumas das quais podem colocar vidas em perigo tais como na condução de veículos e até na medicina!

O sono tem inclusive influência nas feridas, cujo processo de cicatrização é acelerado durante o sono e também no nosso sistema imunitário que fica fragilizado quando não dormimos o suficiente ou dormimos demais! Resumindo e para ser muito claro…jamais um organismo consegue o equilíbrio com um sono desregulado ou insuficiente!

Se tem dificuldade em dormir ou acorda cansado, melhore a sua “higiene do sono”. Eu próprio tive que “disciplinar o meu sono” com alterações simples como, por exemplo, tornar o quarto completamente escuro pois no meu caso uma ínfima friesta de luz me faz acordar! Desligar atempadamente televisão, telemóvel e tablet pelo menos 1 hora antes de dormir também foi uma medida de extrema importância para melhorar o meu sono. Enfim… siga as recomendações descritas neste artigo e pode ter a certeza que a qualidade do seu sono vai melhorar e vai sentir uma energia extra que julgava impossível!

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Referências:

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Dor de garganta vírus ou bactéria toda a verdade




Dor de garganta quais as causas? Viral ou bacteriana? Quais os perigos incluindo para o coração? Qual o melhor tratamento? Faringite, laringite e amigdalite, quais as diferenças? São imensas as “pastilhas” que existem para tratar a dor de garganta! Este artigo pretende ser uma ferramenta útil para estar informado sobre a melhor escolha para cada caso… porque as dores de garganta não são todas iguais e algumas podem ser mais graves que outras!

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

  • Dor de garganta, o que é?
  • Causas crónicas da dor de garganta, quais são?
  • Faringite, laringite e amigdalite, quais as diferenças?
  • Quanto tempo dura?
  • Riscos e perigos porque deve ter cuidado?
  • Viral ou bacteriana?
  • Vírus e bactérias envolvidos, quais são?
  • Amigdalite o que é?
  • Causas da amigdalite quais são?
  • Tratamento da amigdalite qual o melhor?
  • Origem viral ou bacteriana?
  • Causas crónicas da dor de garganta quais são?
  • Medicamentos podem causar dor de garganta?
  • Sintomas associados à dor de garganta quais são?
  • Qual a diferença entre rouquidão e laringite?
  • Quais os sintomas graves de laringite nas crianças e latentes?
  • Quais os sintomas das dores de garganta graves?
  • Quais os grupos de risco?
  • Como tratar a dor de garganta?
  • Quais os tratamentos não farmacológicos?
  • Quais os tratamentos farmacológicos?
  • Quais as marcas de partilhas para a garganta mais utilizadas? E os preços?
  • Quais as que têm ação antibiótica, anti-inflamatória, antissética e anestésica?
  • Afinal quais são as melhores pastilhas para a dor de garganta?

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Dor de garganta o que é?

A “dor de garganta” é caracterizada por picadas e dor ao deglutir os alimentos ou apenas a saliva. Normalmente não perturba de forma significativa a vida do doente embora em alguns casos se possa associar a dor de cabeça e mal-estar geral.

Cerca de 90% das dores de garganta apresentadas na Farmácia são de origem viral e resolvem-se naturalmente no espaço de 7 dias apenas com hidratação e toma de analgésicos e anti-inflamatórios locais ou sistémicos.

Os restantes 10% dos casos de dor de garganta são geralmente causados por:

Causas crónicas da dor de garganta

Entre as causas crónicas de dor de garganta destacam-se as seguintes:

  • Alterações na respiração quando esta se faz mais pela boca do que pelo nariz o que origina a secura as mucosas da garganta;
  • Faringite crónica atrófica;
  • Reduzida ingestão de líquidos e atrofia glandular, principalmente nos idosos;
  • Refluxo esofágico;
  • Contacto com substâncias irritantes como o fumo do tabaco, solventes e corpos estranhos;
  • Inalação de corticoides;
  • Alguns medicamentos como anti-histamínicos, diuréticos, antidepressivos, e anti parkinsónicos.

Faringite Laringite e Amigdalite

As diferenças entre amigdalite, faringite e laringite estão na localização em que a inflamação ocorre na garganta e nos sintomas que elas manifestam. Assim temos:

  • Amigdalite é uma inflamação nas amígdalas;
  • Faringite é uma inflamação na faringe;
  • Laringite é uma inflamação na laringe.

Localização anatómica da faringe e da laringe

Duração de uma crise

Sem tratamento normalmente dura entre 3 a 7 dias.

Riscos da infeção de garganta

Em alguns casos a infeção de garganta pode causar as seguintes patologias:

  • Otite do ouvido médio
  • Sinusite aguda
  • Febre reumática
  • Doença cardíaca.

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Febre reumática

Dores de garganta, como faringites e amidalites, mal curadas, podem causar febre reumática que é uma reação do organismo a infeções causadas por bactérias estreptococos beta-hemolíticos do grupo A.

Como consequência da febre reumática podem ocorrer os seguintes problemas de saúde:

  • Dores nas articulações;
  • Coreia de Sydenham (distúrbio neurológico que causa movimentos involuntários e abruptos principalmente nas extremidades e na face). Também conhecida por Coreia reumática de Sydenham  ou a dança de São Vito sendo um distúrbio neurológico afeta a coordenação motora de 20 a 40% dos portadores de febre reumática, principalmente entre meninas e/ou crianças e adolescentes;
  • Reações dermatológicas como manchas avermelhadas (eritema);
  • Doença cardíaca.

Doença cardíaca

A febre reumática não é a única maneira da dor de garganta evoluir para um problema cardíaco, mas é a mais importante. Uma dor de garganta pode ser causada por bactérias, vírus e fungos, que ao entrarem na circulação sanguínea, podem-se alojar no coração e originar lesões cardíacas.

Dos doentes com infeções de garganta oriundas de estreptococos beta-hemolíticos grupo A, apenas cerca de 0,3% dos casos desenvolvem a febre reumática aguda e destes um terço apresentam cardiopatia reumática.

Doenças cardíacas com origem em dores/infeções de garganta podem afetar qualquer pessoa, mas na infância e nas pessoas imunodeprimidas, regista-se maior prevalência. Por isso, a melhor maneira de diagnosticar se a febre reumática causou algum dano ao coração é através de um ecocardiograma transtoráxico.

As bactérias que afetam a garganta podem alterar algumas estruturas do coração como as válvulas cardíacas mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar.

Válvulas cardíacas

As válvulas cardíacas regulam o fluxo sanguíneo através das quatro câmaras do coração – duas câmaras circulares pequenas superiores (átrios) e duas câmaras maiores em formato de cone inferiores (ventrículos). Cada ventrículo tem uma válvula de entrada e outra de saída. Cada válvula é composta por abas (cúspides ou folhetos) que se abrem e fecham como portas de um só sentido.

No ventrículo direito, a válvula de entrada é a válvula tricúspide, que se abre desde o átrio direito, e a válvula de saída é a válvula pulmonar, que se abre para a artéria pulmonar.

Lesões cardíacas graves

As válvulas são danificadas e podem ficar muito fechadas, o que se denomina estenose ou podem ficar muito abertas, como nos casos das insuficiências. Se o comprometimento severo dessas válvulas acontecer é recomendável operar restaurando a válvula (valvuloplastia) ou substituindo-a por uma prótese.

Prevenção de doença cardíaca

Dores de garganta são infeções comuns, mas é preciso tomar as devidas precauções para evitar que evoluam para uma patologia mais grave. A medida mais eficaz para prevenir as infeções bacterianas de garganta por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, é a administração de antibióticos e a extração da amídala, em casos extremos.

Faringite o que é?

A faringe é a parede localizada no final da boca. A faringite normalmente é causada por vírus ou bactérias, sendo a infecção viral a mais comum. Também pode ter como causas a sinusite e refluxo gastroesofágico.

Faringite viral ou bacteriana ?

A faringite, na maior parte dos casos é de origem viral ( 80 a 90% ) pelo que não devem ser usados antibióticos porque são ineficazes e fragilizam o nosso sistema imunitário.

Sintomas da faringite

Os sintomas são semelhantes nas faringites virais e bacterianas e incluem:

  • Dor de garganta
  • Dificuldade em engolir.

A membrana mucosa que reveste a faringe pode estar inflamada e coberta por uma membrana branca ou por pus se for de origem bacteriana.

Neste caso de origem bacteriana é habitual ocorrer:

  • Febre
  • Inflamação dos gânglios linfáticos do pescoço.

As faringites podem complicar-se, causando infeções como otite, sinusite ou com formação de abcesso em torno das amígdalas.

Diagnostico da Faringite

O exame médico, em muitos casos, permite a realização do diagnóstico da faringite.

Em alguns casos, recomenda-se a colheita de exsudado da garganta que será enviado para o laboratório com o propósito de se identificar a causa da faringite.

Poderão, ainda, ser solicitadas análises ao sangue, onde se poderá detetar, por exemplo, uma contagem elevada de glóbulos brancos, sugestiva de processo inflamatório e/ou infecioso.

Tratamento da Faringite

Os sintomas podem ser aliviados recorrendo a analgésicos, pastilhas para a garganta ou gargarejos de água morna com sal.

É importante não esquecer que a crianças ou adolescentes com menos de 18 anos não deve ser administrada aspirina porque pode provocar a síndroma de Reye, que corresponde a uma doença muito grave, de rápida progressão e frequentemente fatal, que atinge o cérebro e o fígado.

Os antibióticos não têm interesse se a infeção for viral, mas serão receitados se o médico suspeitar que a infeção tem uma origem bacteriana. Caso contrário, não se administram antibióticos até que as análises de laboratório tenham confirmado um diagnóstico de faringite bacteriana.

Se as análises indicarem que a faringite é provocada por uma infeção estreptocócica, o antibiótico mais indicado é a penicilina. Em caso de alergia à penicilina, existem antibióticos alternativos como a eritromicina.

Vírus que causam a dor de garganta

Alguns dos mais importantes originam a faringite virica, tais como:

    • Vírus Coxsackie
    • Vírus Gingivitis herpética
    • Vírus da mononucleose infeciosa, também conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes chamado vírus Epstein-Barr (EBV), transmitido através da saliva. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens e os sintomas habituais são febre, dor de garganta e aumento do volume dos gânglios linfáticos.

Bactérias que causam a dor de garganta

A mais comum e significativa origina a faringite estreptocócica, a saber:

  • Estreptococos beta-hemolíticos do grupo A ( por exemplo a amigdalite bacteriana )

Prevenir a Faringite

Os microrganismos virais e bacterianos que causam faringite são contagiosos. Como tal, a melhor prevenção é uma boa higiene:

  • lavar as mãos regularmente, sobretudo depois de utilizar instalações sanitárias, antes e depois de comer e sempre que se espirra ou tosse;
  • não partilhar alimentos, copos ou talheres;
  • tossir ou espirrar para um lenço de papel que deve ser eliminado;
  • recorrer a soluções alcoólicas para lavar as mãos sempre que não exista disponibilidade de água e sabonete;
  • evitar tocar em telefones públicos ou beber água de fontes públicas;
  • limpar regularmente telefones, comandos remotos e teclados de computador com soluções desinfetantes;
  • fazer o mesmo sempre que se viaja;
  • evitar contacto próximo com pessoas que estejam doentes.

É também importante permanecer em casa em dias com maior índice de poluição, utilizar máscaras quando se fazem limpezas para se evitar a inalação de partículas de pó, deixar de fumar e evitar a exposição a fumo de tabaco, bem como utilizar humidificadores em casa se o ar for muito seco.

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Laringite o que é?

A laringe faz a ligação entre a faringe a traqueia e é onde estão localizadas as cordas vocais. A maioria das laringites são causadas por vírus ou esforço vocal excessivo. Outras causas de laringite incluem:

  • Abuso de bebidas alcoólicas;
  • Sinusites recorrentes;
  • Tabagismo;
  • Fumaças;
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Substâncias alérgicas.

Sintomas de Laringite

  • Rouquidão;
  • Dor na garganta;
  • Tosse seca.

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Amigdalite o que é?

A amigdalite é a inflamação e o inchaço nas amígdalas. Amígdalas são gânglios linfáticos localizados na parte superior da garganta e na parte de trás da boca. Elas ajudam a manter bactérias e outros germes longe de locais em que possam causar infeções.

Comparação entre uma garganta normal e com amigdalite
Comparação entre uma garganta normal e com amigdalite. As amígdalas são gânglios linfáticos

Causas da amigdalite

Amigdalite é geralmente causada por vírus, mas também pode haver infeção bacteriana. A bactéria mais comum entre as causas de amigdalite é a Streptococcus pyogenes, mais conhecida como estreptococo do grupo A, também responsável por exemplo pela faringite. Outras bactérias também podem estar envolvidas no desenvolvimento da doença.

Sintomas da amigdalite

  • Amígdalas inchadas e vermelhas
  • Manchas brancas ou amareladas nas amígdalas
  • Dor de garganta
  • Dificuldade e dor ao engolir
  • Febre
  • Nódulos linfáticos no pescoço
  • Voz rouca
  • Dor de estômago, especialmente em crianças pequenas
  • Mau hálito
  • Dor de cabeça
  • Pescoço rígido.

Tratamento da amigdalite

Se uma bactéria como uma estreptocócica for a causa da amigdalite, serão receitados antibióticos para curar a infeção. Os antibióticos podem ser ministrados por injeção ou por via oral durante dez dias.

Além disso aconselham-se as seguintes medidas:

  • Repouso
  • Beber líquidos leves, frios ou mornos (não quentes)
  • Fazer gargarejos com água morna salgada
  • Usar pastilhas para reduzir a dor (as pastilhas não devem ser usadas em crianças porque podem causar engasgamento)
  • Tomar medicamentos vendidos sem receita para reduzir a dor e a febre. NÃO dê aspirina a crianças. A  aspirina está associada a casos de síndrome de Reye
  • Humidificar o ar para, assim evitar a irritação na garganta.

Diagnóstico: vírica ou bacteriana?

Como sabemos se a dor de garganta é de origem vírica ou bacteriana?

A dor de garganta de origem bacteriana mais comum (faringite estreptocócica) geralmente tem alguns sintomas mais agressivos, tais como :

  • Febre superior a 38,3⁰C
  • Placas brancas purulentas na garganta
  • Adenopatias ( aumento de tamanho de alguns gânglios linfáticos por exemplo situados do pescoço )
Gânglios linfáticos do pescoço inflamados
Gânglios linfáticos do pescoço inflamados

Sintomas da dor de garganta vírica

  • Associada a uma constipação
  • Não há febre alta
  • Não existem placas brancas na garganta

A infeção vírica é o mais habitual em 80% dos casos de dor de garganta.

Causas crónicas da dor de garganta

Algumas das causas crónicas da dor de garganta são as seguintes:

  • Alterações na respiração pela boca
  • Faringite crónica atrófica
  • Reduzida ingestão de líquidos ( por exemplo nos idosos )
  • Atrofia glandular
  • Refluxo esofágico
  • Substâncias irritantes ( por exemplo o fumo do tabaco )

Medicamentos podem causar dor de garganta?

Alguns medicamentos de facto podem causar dor de garganta, a saber:

  • Corticoides inalados ( por exemplo para a asma )
  • Anti-histamínicos ( por exemplo para alergias e congestão nasal )
  • Diuréticos
  • Antidepressivos
  • Anti parkinsónicos

Sintomas associados à dor de garganta

Num quadro mais amplo os seguintes sintomas aparecem muitas vezes associados à dor de garganta:

  • Constipação
  • Catarro
  • Tosse
  • Rouquidão

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Rouquidão e laringite, diferenças

A rouquidão :

  • É causada pela inflamação das cordas vocais na laringe
  • Pode prolongar-se vários dias ou semanas
  • Necessita de descansar a voz
  • Geralmente a dor de garganta é de intensidade moderada ou inexistente

A laringite :

  • Geralmente causada por uma infeção viral localizada na laringe
  • Normalmente associada a dor de garganta
  • Passa em poucos dias
  • Normalmente não precisa de apoio médico

Localização anatómica da faringe e da laringe

Sintomas graves de laringite, nas crianças e latentes

Alguns sintomas nas crianças e lactentes necessitam de encaminhamento para o médico, a saber:

    • Tosse ferina ( Coqueluche ) – é uma infeção causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. Essa doença é caracterizada por febre e tosse seca. Hoje em dia, a tosse ferina, ou coqueluche, é pouco frequente no mundo, graças às vacinas específicas contra a doença. O problema é altamente contagioso e evolui entre 4 a 6 semanas. Essa doença é típica do inverno e pode atacar as crianças já nas primeiras semanas de vida.
    • Dificuldades respiratórias
    • Estridor – O estridor é um som semelhante ao grasnar e é predominantemente inspiratório; é consequência de uma obstrução parcial da garganta (faringe), da caixa dos órgãos da fonação (laringe) ou da traqueia.

A intensidade do estridor costuma ser suficiente para se poder ouvir a certa distância, mas por vezes pode ser percetível só durante uma respiração profunda. O som é provocado por uma corrente de ar turbulenta através de uma via aérea superior que se estreitou.

Nas crianças, a causa pode ser uma infeção da epiglote ou a aspiração de um corpo estranho.

Nos adultos, pode tratar-se de um tumor, de um abcesso, de uma tumefação (edema) da via aérea superior ou de um mau funcionamento das cordas vocais.

O estridor pode ser um sintoma de uma afeção potencialmente mortal, que requer atenção urgente. Nesses casos, introduz-se um tubo através da boca ou do nariz (intubação traqueal) ou diretamente na traqueia (traqueotomia) para permitir que o ar ultrapasse a obstrução e assim salvar a vida da pessoa.

Sintomas graves!

  • Disfagia ao deglutir – O termo disfagia pode referir-se tanto à dificuldade de iniciar a deglutição (geralmente denominada disfagia orofaríngea) quanto à sensação de que alimentos sólidos e/ou líquidos estão retidos de algum modo na sua passagem da boca para o estômago (geralmente denominada disfagia esofágica).

Disfagia, portanto, é a perceção de que há um impedimento para engolir.

  • Dificuldade respiratória
  • Febre superior a 38,3⁰C
  • Gânglios linfáticos inflamados ou sensíveis no pescoço
  • Exsudado faríngeo ou das amígdalas

Doentes de risco para apoio médico imediato

Alguns grupos de doentes têm um risco acrescido de complicações pelo que devem ser de imediato consultados pelo médico se apresentarem dores de garganta. Os principais grupos de risco são:

  • Doentes crónicos
  • Doentes com febre reumática
  • Imunodeprimidos
  • VIH positivos
  • Diabéticos
  • Em tratamento quimioterápico

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Tratamentos da dor de garganta

Como tratar a dor de garganta? Existem tratamentos não farmacológicos e também medicamentos para ajudar
Como tratar a dor de garganta ? Existem tratamentos não farmacológicos e também medicamentos para ajudar

Tratamentos não farmacológicos

    • Evitar irritantes da faringe:
      • Tabaco
      • Bebidas muito quentes ou frias
      • Alimentos ásperos que podem “arranhar” a garganta ao serem deglutidos
    • Ingerir líquidos abundantemente, sobretudo nas crianças, para uma hidratação adequada, até que a urina fique de cor amarelo claro ou transparente
    • Gargarejar com água morna salgada 4xdia
    • Usar rebuçados sem açúcar, excepto nas crianças por risco de engasgamento
    • Lavar as mãos com frequência para evitar o contágio
    • Tapar a boca ao tossir para evitar contágio
    • Usar aerossóis de hidratação para reduzir a secura da garganta
    • Evitar mudança de ambientes quentes para ambientes frios porque a contração dos vasos sanguíneos provocada pelo frio diminui a irrigação sanguínea na garganta, dificultando a chegada de leucócitos para combater o vírus ou a bactéria.
    • Evitar o ar-condicionado porque, tendencialmente, seca o ambiente

Tratamentos farmacológicos

Mecanismo de acção do flurbiprofeno que tem acção anti-inflamatória
Mecanismo de acção do flurbiprofeno que tem acção anti-inflamatória

Anti-inflamatórios locais

Descrevo alguns dos anti-inflamatórios que podem ser comprados sem receita médica:

  • Flurbiprofeno 8,75mg, pastilhas, chupar cada 3 a 4 horas, máximo 5xdia
  • Benzidamida 3mg, pastilhas, chupar 3xdia

Antissépticos locais

Descrevo alguns dos antissépticos que podem ser comprados sem receita médica:

  • Clorhexidina 3mg, pastilhas, chupar 4xdia
  • Hexetidina 2mg/ml ou 1mg/ml, spray solução, 1-2 aplicações, 4xdia
  • Álcool diclorobenzílico 1,2mg/Amilmetacresol 0,6mg pastilhas, cada 1-2 horas
  • Cetilpiridínio 1mg, pastilhas, cada 1-2 horas
  • Cloreto de dequalínio 0,25mg, comp. Bucais, cada 2h, máximo 8xdia
  • Brometo de domifeno 0,5mg, comprimidos orodispersiveis, máx. 8xdia
  • Iodeto de tibezónio, 5mg, 0,5ml, pastilhas, solução 6xdia
  • Amilmetacresol 0,6mg, pastilhas

Antibióticos locais

Descrevo um dos poucos que pode ser comprado sem receita médica, pois tem uma ação antibiótica local muito limitada. A saber:

  • Tirotricina, 1mg, pastilhas, 4-10xdia (Hydrotricine®)

A tirotricina (Hydrotricine®) fundamenta a sua atividade na aplicação das propriedades antibióticas, solubilizada e superativada, para o tratamento das doenças da boca e da faringe.

Exerce sobre os germes responsáveis pelas afeções da
boca e garganta uma ação inibidora e bactericida. A apresentação na forma de pastilhas tem a vantagem de permitir pôr a mucosa bucal em contacto com uma forte concentração de tirotricina permitindo a obtenção de um efeito terapêutico rápido.

Anestésicos locais

  • Benzocaína
  • Oxibuprocaina
  • Tetracaína

Medicamentos de ação sistémica

Estes são medicamentos de ação sistémica que necessitam regra geral de receita médica. A saber:

  • Paracetamol 500-1000mg, 3xdia ( 8/8h ). A partir dos 6 anos de idade já pode aplicar-se um supositório de 500mg, no máximo de 8/8h, durante 2 a 3 dias. Nos adultos a dosagem eficaz é de 1000mg de 8/8h durante 2 a 3 dias. Tem um efeito analgésico (diminui a dor) e antipirético (diminui a febre). Não tem efeito anti-inflamatório.
  • Ibuprofeno, 400-600mg, 2-3xdia ( 400mg de 8/8h ou 600mg de 12/12h ). O ibuprofeno tem efeito anti-inflamatório ( diminui a inflamação ), analgésico ( diminui a dor ) e antipirético ( diminui a febre ).

Antibióticos de ação sistémica

Estes antibióticos são sempre vendidos obrigatoriamente com apresentação de uma prescrição médica. A sua escolha depende obviamente do diagnóstico do médico que tenta descobrir qual a bactéria que está na origem da infeção, gravidade, evidencia clínica de resistência anterior do doente a certos antibióticos , etc.

Os mais usuais na prescrição ambulatória são os seguintes:

  • Amoxicilna
  • Amoxicilina + ácido clavulânico
  • Claritromicina
  • Azitromicina
  • Penicilina injectável
  • Cefuroxima

Marcas de pastilhas mais conhecidas?

  • Mebocaína® forte 24 pastilhas
  • Mebocaína® anti-inflam 20 comprimidos de chupar
  • Strepfen® 24 pastilhas
  • Strepsils® 24 pastilhas
  • Tantum verde® 20 pastilhas
  • Drill® 24 pastilhas
  • Hydrotricine® 24 pastilhas
Tabela das pastilhas mais utilizadas para a dor de garganta e respetivas ações terapêuticas. 

Dor de garganta melhorsaude.org

Os preços são meramente indicativos, podendo, naturalmente, sofrer alterações significativas em função do local e país de aquisição.

Concluindo

Afinal quais são as melhores pastilhas para a garganta ?

A escolha mais adequada depende da origem viral ou bacteriana da dor de garganta.

Dor de garganta de origem viral:

É a mais comum ( cerca de 80% dos casos ) sendo neste caso indicada uma acção anti-inflamatória e analgésica, complementada por uma acção anestésica se a dor for muito forte, por exemplo:

  • Mebocaína® anti-inflam
  • Strepfen®

Dor de garganta de origem bacteriana:

É muito menos frequente, sendo neste caso indicada uma acção antibiótica, antissética, complementada por uma acção anestésica se a dor for muito intensa, por exemplo:

  • Mebocaína® forte
  • Hydrotricine®

E pronto… 🙂  depois de tanta coisa dita sobre dor de garganta, sabemos que vai ficar muito mais fácil tratar e até escolher o tratamento mais adequado com a ajuda….claro… do seu médico ou farmacêutico!

Fique bem

Franklim A. Moura Fernandes

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Tiroide e intestino imunidade e hipotiroidismo


Tiroide intestino e imunidade (2022) guia de incríveis influências: As doenças da Tiroide mais comuns são o hipotiroidismo (muitas vezes causado pela doença de Hashimoto), o hipertiroidismo e os nódulos da tiroide. A Thyroid Federation International agrega organizações de apoio aos doentes da Tiroide de pelo menos 19 países, quase todos desenvolvido como por exemplo The Australian Thyroid Foundation ou a Thyroid Foundation of Canada. Isto é mais um facto que realça a forte prevalência das doenças da Tiroide na população principalmente dos países ditos “mais evoluídos”! Mas afinal o que se passa com a Tiroide? Qual a sua surpreendente ligação com o nosso intestino?

O que é a tiroide? Qual a sua função? Porque é importante? Quais os sinais de problemas? Como devem ser tratados? Como podem ser evitados? Sabia que as doenças da tiroide são muito comuns, sendo mais frequentes nas mulheres que nos homens?

Leia também: Cão deteta cancro da tiroide!

Existem múltiplas doenças da tiroide. Algumas caraterizam-se pelo incorreto funcionamento da tiroide. A tiroide produz e liberta para a circulação sanguínea duas hormonas, essenciais à vida, uma vez que exercem múltiplos efeitos no metabolismo, crescimento e desenvolvimento do nosso organismo.

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

      • O que é a tiroide?
      • Qual a função da tiroide?
      • Para que servem as hormonas tiroideias?
      • Tiroide e o intestino qual a surpreendente relação?
      • Sistema imunitário e tiroide qual a importante ligação?
      • O que se passa se o intestino funcionar mal?
      • Como é regulada a tiroide?
      • Como se avalia atividade da tiroide?
      • Quais as principais doenças da tiroide?
      • As doenças da tiroide têm tratamento?
      • Nódulos da tiroide, o que são?
      • Qual a causa dos nódulos na tiroide?
      • Que tipos de nódulos existem?
      • Quais os exames que devem ser feitos?
      • Quais as características dos nódulos benignos vs malignos?
      • O que é o hipotiroidismo?
      • Quais as causas do hipotiroidismo?
      • Doença de Hashimoto: O que é?
      • Quais as causas da Doença de Hashimoto?
      • Porque temos falta de nutrientes?
      • Doença de Hashimoto: Quais os 6 nutrientes mais importantes?
      • Quais os sintomas de hipotiroidismo?
      • Como é diagnosticado o hipotiroidismo?
      • Quais os tratamentos para o hipotiroidismo?
      • O que é o hipertiroidismo?
      • Quais as causas de hipertiroidismo?
      • Hipertiroidismo: Quais os sintomas?
      • Como é diagnosticado o hipertiroidismo?
      • Quais os tratamentos para o hipertiroidismo?
      • O que é o cancro da tiroide?
      • Qual a causa do cancro da tiroide? Como é diagnosticado o cancro da tiroide?
      • Como é tratado o cancro da tiroide?
      • Como é seguido o doente com cancro da tiroide
      • Qual a importância da vigilância regular?
      • Quais as doenças da tiroide na gravidez?
      • Quais as alterações da tiroide normais durante a gravidez?
      • Quais as doenças mais comuns da tiroide durante a gravidez?
      • Quais os tratamentos mais indicados durante a gravidez?
      • Qual a influência das doenças da tiroide na amamentação?
      • Pode amamentar-se fazendo o tratamento?

Este artigo está disponível em pdf na nossa área reservada.

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Tiroide o que é?

A tiroide é uma glândula localizada na base do pescoço, por cima da traqueia (logo abaixo da maçã de Adão nos homens). Tem a forma de uma borboleta, sendo constituída por dois lobos unidos por uma porção central chamada istmo. O nome deriva do Grego “thyreos” que significa escudo pois a sua forma de facto faz lembrar um escudo!

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Função da tiroide

A tiroide é uma glândula de secreção endócrina, isto é, produz hormonas que são libertadas para a circulação sanguínea, chamadas hormonas tiróideas, a saber:

  • Triiodotironina (T3),
  • Tetraiodotironina (tiroxina ou T4).

A T3 é a forma ativa da hormona formada principalmente a partir da conversão da T4 nos tecidos periféricos do organismo.

T3 e T4 hormonas tiróideas, para que servem?

As hormonas tiróideas são essenciais à vida e exercem múltiplos efeitos a três níveis:

  • Metabolismo,
  • Crescimento,
  • Funcionamento do organismo.

Estas hormonas são responsáveis por uma enorme variedade de funções e comunicações com todos os outros sistemas do nosso organismo mas particularmente com o intestino.

Através do sangue são transportadas a todas as células do nosso corpo, influenciando o seu metabolismo. Duma forma simples podemos dizer que regulam a velocidade com que as células trabalham. Se há um aumento da produção de hormonas tiróideas como no hipertiroidismo , o nosso organismo está acelerado, por exemplo há um aumento da frequência cardíaca e o funcionamento do intestino torna-se mais rápido.

Por outro lado se há uma menor produção de hormonas tiróideas, hipotiroidismo, a frequência cardíaca diminui e o intestino trabalha mais lentamente podendo originar obstipação.

É a tiroide que decide quanto "combustível" vamos utilizar para cada tarefa fisiológica, metabólica e física que tenhamos de efetuar. Por isso contribui de forma decisiva para o nosso bem-estar mental, emocional, ajudando a pensar mais depressa ou mais devagar e influenciando até a nossa função e desejo sexual.

Tiroide e o intestino

Tiroide e intestino estão intimamente ligados de tal forma que problemas no intestino influenciam decisivamente o funcionamento da tiroide e vice-versa. A tiroide ajuda a regular a motilidade intestinal e fortalece a integridade da mucosa do trato gastrointestinal. Isto e muito importante por duas ordens de razões:

      • O intestino converte um quinto da hormona T4 (forma inativa) em T3 (forma ativa);
      • O intestino serve de interface entre a tiroide e o sistema imunitário.

Sistema imunitário e tiroide

Grande parte do sistema imunitário está localizado logo por baixo da única camada de células que reveste o nosso intestino. Isso mesmo… leu bem o nosso intestino e tudo o que “por lá passa” apenas é separado do sistema imunitário por uma única camada de células fortemente ligadas entre si. Por sua vez esta ligação forte entre as células da mucosa intestinal, curiosamente, não é feita por uma espécie de “cola” mas sim por uma espécie de “portal” que se abre e fecha apenas para deixar passar os nutrientes que nos são essenciais, depois de decompostos nas suas formas mais básicas, tais como:

  • Aminoácidos (para produção de proteínas);
  • Monossacarídeos (para produção de hidratos de carbono);
  • Monoglicerídeos (para produção de gordura).

O bom funcionamento do intestino depende imenso da correta motilidade intestinal que por sua vez é regulada pela tiroide.

Permeabilidade intestinal

Quando a motilidade intestinal está alterada, originando por exemplo obstipação ou diarreia, existe uma maior probabilidade do “portal” que une as células da mucosa intestinal ficar em linguagem simples “encravado no modo aberto” colocando em contacto direto e permanente o nosso sistema imunitário com o conteúdo intestinal. Este contacto provoca uma reação inflamatória permanente e exagerada do nosso sistema imunitário que se sabe hoje ser uma das causas mais importantes de imensas doenças autoimunes, cuja incidência na população dos países desenvolvidos tem disparado de forma alarmante!

Glúten e permeabilidade intestinal

A única molécula conhecida que atua como “chave” para abrir os portais existentes entre as células da mucosa intestinal chama-se Zonulin (Zonulina) e a sua produção pelo organismo é estimulada pela ingestão de gluten, pelo que cientistas de renome na área das doenças autoimunes, como o Dr Alessio Fassano, fundador do Center for Celiac Research, aconselham a eliminar completamente da nossa dieta.

Estudo:

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Como é regulada a tiroide?

A atividade da glândula tiroide é controlada por duas hormonas produzidas noutros órgãos:

    • Hipófise – glândula localizada na base do cérebro, que produz a TSH;
    • Hipotálamo – porção do cérebro imediatamente acima da hipófise, que produz a TRH.

A hipófise e o hipotálamo são uma espécie de sensores, sensíveis aos níveis de hormonas tiroideias em circulação. Se os níveis de T3 e T4 em circulação forem baixos o hipotálamo liberta TRH que estimula a libertação de TSH pela hipófise. Os níveis aumentados de TSH, por sua vez, estimulam a tiroide a produzir mais hormona tiroideia, de forma a restabelecer os níveis normais.

Pelo contrário, se os níveis de hormonas tiróideas em circulação excederem os valores normais, o hipotálamo e a hipófise diminuem a libertação de TRH e TSH respetivamente, de forma a que haja menor produção de T3 e T4 pela tiroide.

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Avaliar a atividade da tiroide

Antes de mais, um médico tem uma ideia da atividade da glândula através da história clínica, sintomas e exame físico que o doente apresenta. Perante a suspeita clínica de alteração da função da tiróide é necessário uma análise laboratorial. É efetuada uma colheita de sangue onde é possível medir os níveis de T3, T4 e TSH.

Doenças da tiroide

As doenças tiróideas são muito comuns, sendo mais frequentes nas mulheres que nos homens.

Existem múltiplas doenças da tiroide, sendo as mais comuns:

    • Hipertiroidismo – sempre que há excesso de produção de hormonas tiroideias;
    • Hipotiroidismo – quando há deficiência de produção de hormonas tiroideias;
    • Doenças Autoimunes – são causadas por anticorpos dirigidos contra a glândula tiroide, que podem estimular ou destruir a glândula. São exemplos a Doença de Graves (causa de hipertiroidismo) e a Doença de Hashimoto ( causa frequente de hipotiroidismo);
    • Bócio – quando a tiroide está globalmente aumentada de tamanho;
    • Nódulos – podem ser únicos ou múltiplos.

Tratamento das doenças da tiroide 

Habitualmente as doenças da tiroide não são complicadas e os seus sintomas podem ser tratados. Há doenças que podem ser tratadas com medicamentos orais e outras que pode ser necessário recorrer a outras formas de tratamento.

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Nódulos da Tiroide

O que são nódulos?

A tiroide é uma glândula que todos temos e que se localiza no pescoço. Por vezes pode estar aumentada de volume de forma difusa – bócio simples ou pode ter nódulos – bócio nodular.

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Causa dos nódulos

A maioria das vezes não se sabe a causa. Algumas das causas conhecidas são as seguintes:

    • As mulheres podem ter aumento do volume da glândula durante a gravidez.
    • Deficiência de iodo.
    • Aumento difuso provocado por doenças autoimunes como a Doença de Graves e Tiroidite de Hashimoto.
    • Alguns medicamentos ex: amiodarona, lítio, …
    • Determinados químicos.
    • Radioterapia da cabeça ou do pescoço.
    • Causa genéticas.
    • Grandes quantidades de radioatividade , por exemplo no desastre de Hiroshima , Chernobyl e mais recentemente Fukushima

Tipos de nódulos

Os nódulos da tiroide são muito mais frequentes na mulher do que no homem. Os nódulos podem ser:

  • Únicos,
  • Múltiplos.

Habitualmente tem o mesmo tipo de abordagem. Os nódulos com menos de 1 cm habitualmente não têm importância clínica, e podem apenas necessitar de vigilância. Nos nódulos com mais de 1 a 1,5 cm , dependendo da história clínica e características ecográficas dos nódulos, pode ser conveniente a realização de uma citologia aspirativa com agulha fina. Pretende-se excluir a hipótese de cancro da tiróide, que constitui uma minoria das situações (cerca de 5 a 10%).

Se forem volumosos podem dar algum desconforto ou sensação de compressão a nível cervical. Nessa situação pode ser necessário cirurgia que também é realizada sempre que a citologia for suspeita ou maligna.

Exames que devem ser feitos

Colheita de sangue para avaliar os níveis das hormonas tiróideas

Se hipertiroidismo, pode tratar-se de um ou mais nódulos a trabalhar em excesso.

Ecografia da tiroide

É um exame indolor que nos permite avaliar a morfologia da glândula, isto é, o seu tamanho, a existência de nódulos e as suas características, por exemplo se são sólidos ou líquidos. Apesar da ecografia da tiroide não nos indicar se um nódulo é benigno ou maligno, determinadas características dos nódulos podem ser mais suspeitas e orientam-nos para a necessidade de uma citologia.

Citologia com agulha fina

Recolhe células do nódulo para estudo microscópico.

Cintigrafia da tiroide

Só deverá ser efetuado em algumas situações particulares.

Nódulos benignos vs malignos

Nódulos benignos

Podem ser quistos, nódulos coloides, adenomas, etc.

Nódulos malignos

O cancro da tiroide tem uma alta taxa de cura e a maioria dos doentes pode ter uma vida perfeitamente normal. O tratamento é cirúrgico. Por vezes é necessário tratamento com iodo radioativo. O tratamento com levotiroxina é obrigatório em todos os doentes. A vigilância deve ser para o resto da vida.

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Hipotiroidismo

O que é o hipotiroidismo?

É uma condição em que as hormonas da tiróide estão em quantidade insuficiente no sangue comprometendo o normal funcionamento de todo o organismo. Chama-se de hipotiroidismo primário quando a causa compromete o funcionamento da tiroide.

Sintomas de hipotiroidismo

Os os sintomas são variados, por vezes inespecíficos ou seja são similares ao de outras patologias e geralmente aparecem progressivamente. Os principais são os seguintes:

  • Aumento da sensibilidade ao frio;
  • Fadiga;
  • Cansaço fácil;
  • Obstipação;
  • Pele seca;
  • Queda de cabelo, cabelo fino e quebradiço;
  • Irregularidades menstruais;
  • Ligeiro aumento de peso (retenção de fluidos);
  • Mialgias e parestesias.

Causas de hipotiroidismo primário

Existem muitas razões pelas quais a tiroide deixa de funcionar adequadamente nas pessoas com hipotiroidismo, sendo as principais as que descrevo de seguida:

    • Doença autoimune como a doença de Hashimoto (95% dos casos);
    • Falta ou excesso de iodo;
    • Cirurgia prévia;
    • Medicamentos;
    • Radiações.

Doença de Hashimoto

É a causa mais comum em adultos (95%), em países sem carência severa de iodo, como é o caso de Portugal. Nesta condição, as defesas do organismo deixam de reconhecer a tiroide como fazendo parte do corpo e atacam-na como se fosse uma entidade estranha. À medida que vai sendo lesada, a tiroide deixa de ter capacidade para fabricar e libertar hormonas em quantidade suficiente, estabelecendo-se o hipotiroidismo.

Doença de Hashimoto: Quais as causas?

Segundo a Dra Izabella Wentz, as principais causas primárias da doença de Hashimoto são:

    • Sensibilidades alimentares
    • Deficiência em alguns nutrientes
    • Dificuldade em gerir o stress
    • Comprometimento da capacidade de lidar com toxinas
    • Infeções crónicas
    • Permeabilidade intestinal

Algumas das causas primárias podem estar um pouco escondidas e ser necessário investigar mais profundamente. No entanto resolver as carências de nutrientes é uma das medidas mais simples que podem ser tomadas.

A boa notícia é que, quando tratamos das carências de nutrientes, podemos sentir uma melhoria muito rápida, mesmo quando outras causas subjacentes ainda estão presentes!

Falta de nutrientes

Carências de nutrientes são sempre um fator na Doença de Hashimoto. Devido ás práticas agrícolas atuais e dieta ocidental, a carência de nutrientes é um fator importante para a maioria das pessoas!

Estas carências podem ser originadas pelos seguintes fatores:

  • Comer alimentos processados
  • Tomar medicamentos
  • Sensibilidade alimenta
  • Inflamação intestinal,
  • Má digestão,
  • Mal absorção,
  • Infeção intestinal,
  • Microbioma alterado.

Até mesmo o hipotiroidismo em si mesmo, pode levar a carências de nutrientes.

Mesmo as pessoas cuja dieta se baseia em alimentos orgânicos, ricos em nutrientes, correm o risco de ter deficiências de nutrientes, devido aos seguintes fatores:

  • Estômago menos ácido que o necessário
  • Mal absorção de gordura
  • Deficiência em enzimas digestivas

Estes fatores fazem com que muitos de nós não sejamos capazes de retirar e absorver dos alimentos os nutrientes que necessitamos nas quantidades adequadas.

6 nutrientes mais importantes na Doença de Hashimoto

Ainda segundo a Dra Izabella Wentz as carências de nutrientes mais comuns na doença de Hashimoto são:

  • Magnésio (citrato ou glicinato)
  • Selénio,
  • Vitamina B1 (Tiamina)
  • Vitamina B12,
  • Viatmina D
  • Ferritina (a proteína de armazenamento de ferro).

O doseamento sanguíneo de selénio, vitamina B1 (Tiamina) e magnésio não são fiáveis. A maioria das pessoas com Hashimoto tem deficiências nestes 3 nutrientes pelo que se aconselha a suplementação mesmo sem teste sanguíneo, pois as reações adversas são pouco frequentes.

Magnésio

O magnésio foi muitas vezes chamado de “nutriente milagroso”. A deficiência de magnésio pode causar os seguintes sintomas:

  • Caibras
  • Enxaqueca,
  • Dores de cabeça,
  • Insónia,
  • Cólicas menstruais,
  • Ansiedade,
  • Dores nas articulações.

Pode ainda causar uma série de outros sintomas entre os quais intolerância a ruídos altos.

O uso a longo prazo também pode ajudar com a normalização da aparência da glândula tiroide em ultrassom, e magnésio também pode ajudar a tiroide e nódulos da mama.

Magnésio: Qual o suplemento recomendado?

  • Citrato de magnésio puro em cápsulas (se for tendencialmente preso do intestino)
  • Glicinato de magnésio (se for tendencialmente solto do intestino)

Dose: 1-4 cápsulas por dia, em doses divididas, com as refeições.

Quais os benefícios esperados?

  • Redução da ansiedade,
  • Palpitações menos frequentes,
  • Mais energia,
  • Melhoria no exame de ultra-som da tiroide (quando usada a longo prazo),
  • Ausência de cólicas menstruais,
  • Melhoria na obstipação,
  • Menos enxaqueca,
  • Menos caibras e dor,
  • Melhor sono.

Quanto tempo para ver os benefícios?

Isso realmente depende dos sintomas. Pode sentir benefícios com ansiedade, insónia e até mesmo enxaquecas ou dores de cabeça, dentro da primeira semana.

As cólicas menstruais, vão reduzir-se em 80-90% no primeiro mês e diminuirão ainda mais com o uso continuado. Em relação à normalização do exame de ultra-som da tiroide, isso pode levar alguns anos de uso.

Quanto tempo tomar: 3 meses ou toda a vida depende dos sintomas e do aconselhamento médico.

Considerações especiais:

Certifique-se que toma o magnésio pelo menos com 4 horas de diferença em relação à medicação da tiroide pois o magnésio pode bloquear a sua absorção. Tomar o magnésio ao deitar pode ser uma boa escolha porque promove um sono reparador.

Citrato de magnésio pode causar fezes moles, o que pode ser bom se for obstipado ou mau se já tiver fezes soltas.

Assim utilize glicinato de magnésio se tende mais para a diarreia e citrato de magnésio se tende mais para a obstipação.

Tenha ainda em mente que para algumas pessoas o glicinato de magnésio pode piorar os sintomas de ansiedade. Neste caso o citrato de magnésio seria uma escolha melhor.

Selénio

Deficiência de selénio tem sido reconhecida como um gatilho ambiental para Hashimoto’s, e a maioria das pessoas com Hashimoto estão em risco de ter esta deficiência. Outras populações de alto risco incluem pessoas com:

  • Síndrome do Intestino Irritável,
  • Doença celíaca (alérgicos ao glúten)
  • Pessoas que consomem dietas sem cereais.

Numerosos estudos apoiam o uso de selénio na Doença de Hashimoto, Doença de Graves e gravidez. Na verdade, o selénio pode evitar a doença de Hashimoto pós-parto.

Uma dose de 200 microgramas por dia foi considerada eficaz para reduzir os anticorpos anti-Tiroperoxidase (TPO) em cerca de 50% em 3 meses!

Suplemento recomendado: Selénio na forma de metionina pura em cápsulas

Dose: 200-400 μg por dia

Benefícios esperados:

  • Menos ansiedade,
  • Melhor conversão de T4 para T3,
  • Menos anticorpos anti-tiroide,
  • Mais energia,
  • Menos perda de cabelo,
  • Menos palpitações.

Quanto tempo demora a sentir benefícios?

Geralmente 3 a 5 dias para os sintomas começarem a melhorar e 3 meses completos para ver uma redução nos anticorpos da tiroide

Quanto tempo deve tomar: 3 meses a 2 anos

Considerações especiais:

Se tiver uma reação adversa ao selénio (que é raro), pode ter deficiência de iodo. Enquanto o iodo pode ser um gatilho para Hashimoto e pode exacerbar Hashimoto, algumas pessoas podem ser deficientes e podem beneficiar de um suplemento de iodo de baixa dosagem (até 250 mcg tem sido bem tolerado em pessoas com Hashimoto.) A maioria das vitaminas multi e pré-natal já contém na sua composição 150-250 mcg.

Tiroide melhorsaude.org melhor blog de suade

Falta ou excesso de iodo – O Iodo é o elemento fundamental para a síntese das hormonas da tiroide. O iodo é fornecido pelos alimentos. Quando em níveis insuficientes ou excessivos pode alterar a função da tiroide, comprometendo a sua síntese hormonal.

Cirurgia prévia – algumas doenças da tiroide requerem uma cirurgia para remoção total ou parcial da glândula. Se a remoção for completa ou o que restou da glândula não for suficiente, não haverá produção adequada das hormonas.

Medicamentos – há fármacos como a amiodarona, o lítio e o interferão que alteram a síntese hormonal.

Radiações – pessoas submetidas a tratamentos com radiações para doenças da tiroide ou outras da cabeça ou pescoço podem desenvolver hipotiroidismo.

Diagnosticar o hipotiroidismo

Segundo a experiência pessoal e profissional da Dra Izabella Wentz, autora do Best seller Hashimoto’s Protocol, o hipotiroidismo pode não ser diagnosticado nos primeiros 10 anos da doença pelo simples facto de as análises clinicas apenas ao doseamento das hormonas da tiroide T4 e T3 estarem dentro dos intervalos normais de referência.

Normalmente o diagnóstico definitivo baseia-se no doseamento sanguíneo das hormonas da tiroide e da TSH (hormona que regula o funcionamento da tiroide e que é produzida noutra glândula, a hipófise, que se localiza no cérebro).

No entanto, se houver sintomas, segundo a Dra Izabella Wentz, mesmo com T4 e T3 normais, a doença autoimune de Hashimoto pode já estar a atacar a tiroide. Torna-se portanto necessário  ir mais longe e fazer os seguintes exames complementares:

    • Ecografia da tiroide para confirmar se a morfologia e tamanho são normais;
    • Teste TPO: Pesquisa no sangue anticorpos específicos da tiroide, tais como anticorpos contra a Tiroperoxidase (TPO) que é uma enzima presente na tiroide e desempenha uma importante função na produção de hormonas da tiroide. Se o teste for positivo isso indica que existem anticorpos a atacar a tiroide o que pode ser uma indicação de doença autoimune tal como doença de Hashimoto (que provoca hipotiroidismo) ou doença de Graves (que provoca hipertiroidismo).

Qual o tratamento para o hipotiroidismo?

O tratamento do hipotiroidismo consiste na administração geralmente crónica de hormona da tiroide na forma de L-tiroxina (T4), de forma a fornecer ao organismo a quantidade de hormonas que a tiroide se tornou incapaz de produzir.

Como se faz o acompanhamento médico?

A maioria dos casos de hipotiroidismo são definitivos, não tendo cura. No entanto, desde que o tratamento seja bem realizado e a dose de levotiroxina seja a correta, as pessoas não terão quaisquer sinais ou sintomas, podendo levar uma vida perfeitamente normal.

A dose de L-T4 adequada pode variar ao longo do tempo na mesma pessoa, o que obriga a que se devam realizar análises periódicas para ajustar a posologia.

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Hipertiroidismo

O que é o hipertiroidismo?

O hipertiroidismo acontece quando a glândula tiroide produz hormonas em quantidades excessivas. As hormonas tiroideias (T3 e T4) controlam todas as funções do organismo e a sua velocidade de funcionamento. Quando há um excesso destas hormonas o organismo está “acelerado”. Esta situação deve ser rapidamente tratada pois pode causar “exaustão” em alguns dos órgãos, nomeadamente o coração

Causas do hipertiroidismo

As principais causas de hipertiroidismo são as seguintes:

  • Doença de Graves (doença auto-imune);
  • Nódulo tóxico;
  • Bócio multinodular tóxico;
  • Tiroidite subaguda;
  • Excesso de hormona tiroideia;
  • Ingestão excessiva de iodo.

De seguida descreve-se como cada uma destas condições de saúde leva ao hipertiroidismo.

    • Doença de Graves – é uma alteração auto-imune, causada por anti-corpos estimuladores da tiroide. Há geralmente um aumento do volume da tiroide (bócio), hipertiroidismo e, por vezes, edema dos tecidos periorbitários que podem causar saliência dos globos oculares e alterações da visão. É mais frequente nas mulheres que nos homens e pode ter uma associação familiar.
    • Nódulo tóxico – quando a tiroide apresenta um único nódulo que produz mais hormonas que o necessário para o funcionamento normal do organismo.
    • Bócio multinodular tóxico – a tiroide apresenta-se mais volumosa (bócio) com vários nódulos que produzem excesso de hormonas e provocam hipertiroidismo. Geralmente aparece em pessoas mais velhas que há vários anos tinham bócio com nódulos.
    • Tiroidite Subaguda – após uma infecção vírica a tiroide torna-se mais volumosa e dolorosa e liberta para o sangue uma grande quantidade de hormonas que tinha armazenada. Não há um verdadeiro aumento de produção hormonal e, portanto, o hipertiroidismo é auto-limitado.
    • Excesso de hormona tiroideia – os doentes que fazem tratamento com hormona tiroideia (levotiroxina) podem desenvolver hipertiroidismo se a dose desta se tornar excessiva. Por isto, a função tiroideia deve ser periodicamente vigiada por um médico e a dose de levotiroxina ajustada.
    • Ingestão excessiva de iodo – algumas medicações (ex. solução de lugal, amiodarona, contrastes de RX,…) contêm Iodo numa concentração muito superior á necessária. Em certas situações, este excesso de iodo pode ser utilizado pela tiroide e causar um hipertiroidismo.

Sinais de hipertiroidismo

Geralmente o quadro é muito marcado e não passa despercebido. É habitual estar presente um bócio (aumento de volume da tiroide) que se pode acompanhar de:

  • Palpitações, aumento da fadiga cardíaca (> 100 batimentos por minuto);
  • Nervosismo, irritabilidade, ansiedade, variações frequentes de humor; insónia;
  • Tremor fino das mãos;
  • Perda de peso apesar de apetite aumentado;
  • Hipersudorese e intolerância ao calor;
  • Queda de cabelo, pele fina, alterações das unhas;
  • Diarreia;
  • Diminuição do fluxo menstrual e irregularidades menstruais;
  • Fraqueza muscular no ombros, braços ou coxas;
  • Olhar vivo, fixo e/ou olhos proeminentes, visão dupla (na Doença de Graves).

Diagnóstico de hipertiroidismo

Quando há uma suspeita clínica pode ser realizada uma análise ao sangue onde é doseada a TSH – a hormona da hipófise que estimula a tiroide e que no hipertiroidismo está diminuída – e a T3 e T4 – hormonas da tiroide que no hipertiroidismo circulam em excesso no sangue. Pode existir excesso de uma só ou de ambas.

Posteriormente, para reforçar o diagnóstico podem ser necessários outros exames complementares para conhecer a causa tais como:

  • Determinação de anticorpos,
  • Cintigrafia da tiroide,
  • Ecografia.

Tratamento do hipertiroidismo

O objetivo é terminar com a produção excessiva de hormonas da tiroide. Há três tipos de tratamento e o seu médico poderá explicar-lhe os riscos e benefícios de cada um dos seguintes:

    • Medicamentos anti-tiroideios,
    • Iodo radioactivo,
    • Tratamento cirúrgico.

Fármacos anti tiroideios

Em Portugal há fármacos que atuam diminuindo a produção de hormonas pela tiroide. Atualmente prefere-se o uso do tiamazol (Metibasol®). Alguns doentes conseguem uma remissão de hipertiroidismo com o uso prolongado destes fármacos (cerca de 12-18 meses), embora noutros apenas se consiga um controlo provisório. Podem ter alguns efeitos adversos, tais como:

  • Reações cutâneas,
  • Alterações hepáticas,
  • Redução dos glóbulos brancos.

O seu uso deve ser vigiado e controlado por um médico endocrinologista.

Iodo Radioativo

Resulta numa resolução definitiva do hipertiroidismo. É administrado por via oral (geralmente em cápsulas) e ao entrar nas células da tiróide destrói algumas. O seu efeito terapêutico raramente acontece nos primeiros dois meses, manifestando-se depois, de um modo geral, até 6 meses após a sua administração.

Ocasionalmente o hipertiroidismo mantém-se e é necessária uma 2ª dose. Mais frequentemente resulta num hipotiroidismo (glândula menos ativa) e é preciso ficar a tomar hormona tiroideia de substituição. A dose exata de iodo para se conseguir uma função tiroideia normal é difícil de calcular, pelo que na maior parte dos casos se opta por uma dose empírica. É utilizado desde há muitos anos e não tem complicações importantes.

Tratamento cirúrgico

Em alguns casos é necessário remover cirurgicamente parte (nódulo tóxico) ou toda a glândula (Doença de Graves ou Bócio multinodular tóxico). Se a remoção for completa surge o hipotiroidismo e é necessário tomar hormona tiroideia para o resto da vida.

Outros tratamentos

Há fármacos (grupo dos bloqueadores beta adrenergicos) que podem ser utilizados temporariamente para controlar os sintomas de hipertiroidismo enquanto os tratamentos específicos se tornam efetivos.

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Cancro da Tiroide

O que é o cancro da tiroide?

O cancro da tiroide é um tumor maligno da glândula tiroideia. Aparece habitualmente sob forma de nódulo no pescoço, quase sempre sem sintomas. Apenas cerca de 5 a 10% destes nódulos tiroideus são malignos. A maioria dos casos surge em mulheres.

Os cancros da tiroide mais frequentes são o carcinoma papilar e o folicular, que se agrupam nos chamados carcinomas diferenciados da tiroide. Tal como o nome sugere, as suas células mantêm algumas características das células tiroideias normais, o que facilita o seu tratamento. Há outros tipos de cancro, carcinoma medular da tiroide , carcinoma anaplásico e linfoma da tiroide. Estes carcinomas são muito mais raros e tem uma forma de abordagem e evolução muito diferentes.

Causa do cancro da tiroide

O cancro da tiroide pode surgir em qualquer pessoa, e na maior parte dos casos a causa é desconhecida. Apenas a radioterapia da cabeça, pescoço ou tórax parece ser um fator de risco para o seu aparecimento. Antes de 1960 utilizava-se este tipo de tratamento para amigdalites de repetição ou para o acne. Sabe-se que há maior risco nas pessoas que foram expostas a grandes quantidades de radiação, como aconteceu na bomba de Hiroshima, no acidente nuclear de Chernobyl e vamos ver o que acontece com o acidente nuclear em Fukushima . Estes carcinomas podem ter uma incidência familiar.

Diagnosticar o cancro da tiroide

Muitas vezes é o próprio doente que nota um nódulo à palpação do pescoço, ou o seu médico num exame físico de rotina. Outras vezes aparece numa ecografia ou TAC pedidas por outro motivo. A grande maioria destes nódulos são benignos (90 a 95%), pelo que a sua simples descoberta não deve alarmar. No entanto, obriga ao seu estudo com:

  • Análises de sangue para avaliar a função tiroideia;
  • Ecografia da tiroide e se necessário citologia aspirativa com agulha fina.

Só em casos pontuais haverá necessidade de fazer cintigrafia.

A citologia é efetuada com uma agulha fina para aspirar uma pequena quantidade de células do(s) nódulo(s), que será analisada em laboratório. O exame é rápido, seguro e praticamente indolor.

Tratamento do cancro da tiroide

Se o diagnóstico da citologia for cancro, o primeiro passo é a cirurgia com a remoção (total) da glândula tiroideia – tiroidectomia (total), bem como dos gânglios linfáticos suspeitos, se os houver. Na maior parte dos casos, o tumor é totalmente removido. As complicações da cirurgia são raras nos centros mais experientes.

Uma vez retirada a tiroide, é necessário fazer tratamento com hormona tiroideia (T4 – levotiroxina). O objetivo é substituir a produção normal de hormona tiroideia e inibir o crescimento de possíveis células tiroideias ainda presentes . A TSH pode estimular o crescimento das células tumorais. O nível de TSH pretendido com o tratamento com levotiroxina depende de cada caso.

Em alguns casos pode ser necessário o tratamento com iodo radioativo, chamado tratamento ablativo ou ablação, porque destrói as células tiroideias normais e as cancerosas que possam ter ficado após a cirurgia. A necessidade de o fazer ou não tem que ser adaptado a cada doente.

Qual a importância da vigilância regular?

Mais de 80% de todos os casos curam.

No entanto, manter a vigilância periódica é essencial para a deteção precoce de uma eventual recidiva. Em 20% dos casos pode não ser obtida a cura após o tratamento inicial, por vezes pode haver disseminação a nível dos gânglios do pescoço e a outras partes do corpo (metástases) ainda que muitos anos depois da cirurgia.

Por esta razão, os médicos recomendam que os doentes com cancro da tiroide mantenham vigilância regular para toda a vida, embora mais importante nos primeiros 5 a 10 anos.

Os dois exames fundamentais para esta vigilância são:

  • Análises de sangue (doseamento da função tiroideia, tiroglobulina e anticorpos antitiroglobulina)
  • Ecografia cervical.

A periodicidade dos pedidos depende do doente, anos de seguimento e grau de risco do carcinoma. No 1º ano pós tratamento inicial geralmente são recomendados doseamentos de tiroglobulina e anticorpos antitiroglobulina cada 6 a 12 meses, e uma ecografia cervical ao fim do primeiro ano de tratamento, repetida quando o médico assim o considerar.

Ao fim do 1º ano de vigilância, pode ser necessário o doseamento de tireoglobulina ( o marcador tumoral ) sob níveis elevados de TSH (hormona hipofisária). Existem duas alternativas para elevar a TSH. Uma das possibilidades, a única disponível até há poucos anos, consiste em suspender a medicação com hormona tiroideia (habitualmente a T4 por 3 a 4 semanas ou a T3 por 2 a 3 semanas). A falta de hormona tiroideia, no entanto, provoca os sinais e sintomas habituais do hipotiroidismo, que podem ter repercussões mais ou menos importantes, dependendo de doente para doente.

Outra possibilidade é a utilização de TSH recombinante humana (rhTSH). Apesar de ser produzida em laboratório, a rhTSH é idêntica à TSH natural. A grande vantagem é que os doentes não têm necessidade de suspender a medicação com hormona tiroideia e portanto não têm os sintomas de hipotiroidismo. Tem alguns efeitos secundários, tais como:

    • Pequena reação no local da picada
    • Náuseas,
    • Vómitos,
    • Dor de cabeça,
    • Fraqueza após a injeção.

O que esperar para o futuro?

Apesar de não ter tiroide, pode ter uma vida perfeitamente normal com o tratamento hormonal qua a substitui. Vai necessitar de o manter para o resto da vida.

Consulte o seu médico para programar uma eventual gravidez. Os tratamentos com iodo radioativo estão absolutamente contraindicados na gravidez e aleitamento. Não pode engravidar nos 6 a 12 meses que se seguem ao tratamento. Nesta fase deve assegurar uma contraceção eficaz.

No entanto, assim que o seu médico o consentir, uma gravidez decorre de forma segura, desde que mantenha o tratamento com a hormona tiroideia e a vigilância analítica.

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Gravidez e doenças da tiroide

Durante a gravidez há alterações fisiológicas no organismo da mãe que obrigam a glândula tiroideia a um esforço acrescido.

Até cerca das 20 semanas de gestação a tiroide fetal não sintetiza as hormonas necessárias para o desenvolvimento do feto pelo que este necessita das hormonas tiróideas produzidas pela mãe.

As hormonas da tiroide são indispensáveis ao desenvolvimento do sistema nervoso central fetal. Um défice destas pode-se traduzir mais tarde num atraso cognitivo ou dificuldades de aprendizagem da criança.

Alterações normais durante a gravidez

    • O aumento dos níveis de estrogénio no sangue materno condiciona um acréscimo das proteínas de transporte das hormonas tiroideias em circulação, o que conduz a um aumento dos níveis totais de hormonas tiroideias no sangue. Porém, as hormonas “livres” (não ligadas às proteínas e que representam a forma ativa da hormona) diminuem ao longo da gestação.
    • O aumento do volume sanguíneo e, portanto, do volume de distribuição das hormonas tiroideias (fenómeno de diluição) conduz a uma redução da concentração destas.
    • O aumento das perdas de iodo pela urina, a passagem deste através da placenta para o feto e a desionização das hormonas tiroideias na placenta, implica que as necessidades de iodo durante a gravidez aumentem. Se não há iodo suficiente para a produção das hormonas tiroideias, estas vão entrar em défice.
  • A hCG (gonadotrofina coriónica humana), hormona de origem placentária, que atinge os valores mais elevados no fim do primeiro trimestre da gravidez estimula a tiroide, por semelhança estrutural com a hormona estimulante da tiroide (TSH). A valores mais elevados de hCG no 1º trimestre correspondem valores mais baixos de TSH.

Estas alterações próprias da gravidez traduzem-se em alterações das análises laboratoriais utilizadas para estudar o funcionamento da tiroide e obrigam a uma correta interpretação dos resultados encontrados na mulher grávida.

As doenças da tiroide são frequentes na gravidez?

As doenças da tiroide são relativamente frequentes na população em geral e, em particular, no sexo feminino e também nas mulheres em idade fértil. A gravidez pode alterar a evolução natural das doenças da tiroide e as doenças da tiroide (e o seu tratamento) podem afetar a evolução normal da gravidez, a mulher grávida e o feto.

O diagnóstico é geralmente feito da mesma forma que é feito fora da gravidez. Geralmente fazem-se doseamento das hormonas tiróideas no sangue e uma ecografia da tiroide, que por ser um exame isento de radiação não tem qualquer efeito nocivo no feto.

É importante saber que, na gravidez, os resultados das análises poderão ter uma interpretação diferente, porque os valores de referência habituais apresentados pelo laboratório podem não ser adequados para a gravidez.

Doenças mais frequentes na gravidez

Hipotiroidismo na gravidez

A carência materna de hormonas tiroideias (hipotiroidismo) pode atingir mais de 3% das gestações. Em alguns casos, esta situação já era conhecida pela mulher antes de engravidar e se não estiver tratada conduz geralmente a uma infertilidade.

A causa mais frequente de hipotiroidismo nesta idade, em países sem défice severo de iodo, é uma inflamação crónica da tiroide, de natureza autoimune:

  • A tiroidite crónica autoimune (linfocítica ou de Hashimoto).

Pensa-se que a Tiroidite Crónica se possa relacionar com um aumento da incidência de aborto e de parto pré-termo. Os sinais e sintomas do hipotiroidismo são inespecíficos e facilmente confundíveis com queixas frequentes na gravidez, tais como:

  • Aumento de peso,
  • Falta de forças,
  • Cansaço,
  • Obstipação,
  • Pode haver ainda um aumento do volume da glândula tiroideia, vulgarmente conhecido por bócio.

O tratamento é obrigatório e faz-se com levotiroxina (L-T4), a hormona que a tiroide produz em maior quantidade e que se pode transformar em T3 de acordo com as necessidades. Conforme dito anteriormente, o correto tratamento do hipotiroidismo é essencial para o desenvolvimento neurológico do feto.

Se o hipotiroidismo já era conhecido antes da gravidez, a dose de levotiroxina necessita de ser aumentada, até 30% ou 50%, pelas 4 a 6 semanas de gestação. Após o parto, as necessidades de levotiroxina, em geral, diminuem para doses habituais na mulher não grávida, mesmo durante o período de amamentação.

Hipertiroidismo na gravidez

O excesso materno de hormonas tiroideias (hipertiroidismo) é uma situação mais rara que a anterior, mas pode atingir até 1% das grávidas. A causa mais frequente é a Doença de Graves, também de natureza autoimune.

O hipertiroidismo não tratado relaciona-se com o aumento da incidência dos seguintes problemas de saúde na gravidez:

  • Aborto e de
  • Parto pré-termo,
  • Baixo peso ao nascer,
  • Pré-eclampsia,
  • Insuficiência cardíaca na mãe e no feto,
  • Morte intra-uterina.

A clínica apresentada pela mãe também é inespecífica, confundindo-se com queixas frequentes na gravidez, tais como:

  • Vómitos,
  • Emagrecimento,
  • Taquicardia,
  • Intolerância ao calor.

O bócio (aumento do volume da tiroide) associado a exoftalmia (procidência dos globos oculares) são sinais mais específicos que apontam para uma Doença de Graves. O hipertiroidismo na mulher grávida deve ser sempre tratado por um médico especialista – Endocrinologista.

Tratamento do hipertiroidismo na gravidez

No tratamento do hipertiroidismo no 1º trimestre ou da mulher que pretende engravidar, é preferido um fármaco que inibe a síntese tiroideia específico – o propiltiouracilo (Propycil®)– que apresenta menor risco de provocar malformações no feto.

No 2º e 3º trimestres, recomenda-se o tiamazol (Metibasol®), que é menos tóxico para o fígado. Se a cirurgia for necessária (o que é raro, geralmente por efeitos secundários graves dos fármacos), deverá ser realizada no 2º trimestre da gravidez, quando há menos riscos para o feto.

O tratamento com iodo radioativo na gravidez está absolutamente contra-indicado.

É provável que a doença de Graves melhore ao longo da gravidez, levando a uma redução das doses do tratamento, ou mesmo a sua suspensão, no entanto, poderá haver um agravamento da doença após o parto.

Tiroidites na gravidez

A tiroidite é um processo inflamatório da glândula tiroideia, em geral crónico e de natureza autoimune. Os anticorpos antitiroideus (antiperoxidase tiroideia e antitireoglobulina) são detetados muito frequentemente em mulheres desta faixa etária (em 10% a 15% das grávidas). Os níveis destes anticorpos descem progressivamente durante a gravidez, mas podem subir de novo no pós-parto.

Mulheres com anticorpos tiroideus positivos têm um risco aumentado de desenvolver hipotiroidismo durante a gravidez, pelo que a função tiroideia deverá ser vigiada pelo menos uma vez por trimestre. Estas mulheres têm maior tendência a desenvolver um processo de tiroidite nos primeiros 6 meses após o parto – tiroidite pós-parto.

A Tiroidite pós-parto caracteriza-se por uma inflamação indolor, com uma fase inicial de aumento dos níveis sanguíneos de hormonas tiroideias, seguido de normalização e posterior diminuição destes níveis hormonais. Habitualmente, esta situação tem uma resolução espontânea, mas há tendência para voltar após a gravidez seguinte. Cerca de 20% a 60% das mulheres com história de tiroidite pós-parto desenvolverão hipotiroidismo definitivo em 5 a 10 anos.

Doença Nodular e Cancro na grávida

A investigação dos nódulos da tiroide durante a gestação é semelhante à da mulher não grávida e inclui uma avaliação da função tiroideia através de análises sanguíneas, a realização de uma ecografia e de uma biopsia aspirativa, se indicado. O risco de cancro na mulher grávida é semelhante ao da mulher não grávida e a gravidez não agrava o seu prognóstico.

O diagnóstico de cancro da tiroide vai obrigar a uma cirurgia de remoção da glândula, que geralmente se adia para depois do parto. Em situações graves, poderá optar-se por uma intervenção cirúrgica no 2º trimestre, período da gravidez em que o risco é menor para o feto.

O tratamento com Iodo radioativo, quando necessário, será sempre adiado para depois do parto, implicando um período de suspensão da amamentação.

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Amamentação e doenças da tiroide

A necessidade de corrigir a disfunção tiroideia materna persistente após o parto com fármacos não é razão suficiente para não amamentar. Apesar de “passarem” para o leite, os fármacos utilizados nas doenças tiroideias podem ser utilizados durante a amamentação com pouco risco para o recém-nascido.

No hipertiroidismo, o fármaco a utilizar será o tiamazol (Metibasol®), pois o risco de provocar malformações já não se coloca. Não devem ser ultrapassadas doses de 20 mg/dia e a toma deverá ser feita antes do inicio da 1ª mamada do dia. O hipertiroidismo deve ser normalmente compensado com levotiroxina sem que haja risco algum para o feto.

Curiosidade

Quais são as principais glândulas endócrinas?

As principais glândulas endócrinas do nosso corpo estão representadas na figura seguinte:

Glandulas endócrinas melhorsaude.org melhor blog de saude

Concluindo

A tiroide regula imensas funções do nosso organismo. As doenças da tiroide são comuns principalmente entre as mulheres. Se sente simultaneamente alguns sintomas como um cansaço exagerado, fadiga, aumento da sensibilidade ao frio, pele mais seca, obstipação, dores musculares, formigueiro ou dormência dos membros, mais queda de cabelo então um quadro de hipotiroidismo pode estar a emergir. Se pelo contrário sente palpitações, aumento dos batimentos cardíacos, nervosismo, irritabilidade, insónia, tremor das mãos, diarreia e outros sintomas que provocam mal estar então pode estar perante um contexto de hipertiroidismo.

Estas e outras doenças da tiroide provocam uma perda muito acentuada da qualidade de vida interferindo até nas relações familiares que podem ficar muito degradadas se o diagnóstico não for feito e iniciado o tratamento adequado em tempo útil! Os sinais de doenças podem surgir em qualquer altura da nossa vida…! Não se descuide e procure apoio médico imediato pois na maioria dos casos o tratamento permite voltar a ter a qualidade de vida que merece para valorizar as coisas boas que surgem quando abraçamos a vida de forma positiva! A ciência atual não deixa dúvidas… acreditar e ser positivo aumenta bastante as probabilidades de viver mais anos!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Fontes:

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Sinusite crónica alérgica ou bacteriana qual o melhor tratamento


Sinusite crónica, alérgica, aguda ou bacteriana, tratamento (2022) sintomas e toda a verdade! A sinusite pode ser mais grave do que pensa! Quais os sinais? Quais as causas? Qual o tratamento mais eficaz? Como evitar? Com o apoio da informação disponibilizada pela Fundação Portuguesa do Pulmão, este artigo pretende ser um importante contributo para melhorar a qualidade de vida de imensas pessoas que sofrem de sinusite e também alertar todas as outras que ainda estão a tempo de a evitar!

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

  • O que é a sinusite?
  • O que são os seios perinasais?
  • Qual a função dos seios perinasais?
  • Quais os tipos de sinusite?
  • Quais as causas?
  • Qual a diferença entre sinusite aguda e crónica?
  • Quais os sinais e sintomas?
  • A dor é frequente?
  • Porque pode ser grave a sinusite?
  • Quando deve pedir apoio médico urgente?
  • Como se faz o diagnóstico?
  • Qual o tratamento mais eficaz?
  • Quais os medicamentos mais usados?
  • Devemos usar descongestionantes ou corticoides para desobstruir o nariz?
  • Os anti-histamínicos são eficazes?
  • Quais os antibióticos mais usados quando existe infeção?
  • A cirurgia pode ser necessária?
  • A sinusite tem cura?
  • Como evitar a sinusite?

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Sinusite o que é?

A sinusite é uma inflamação dos seios perinasais geralmente associada a um processo infecioso que pode ser originado por vírus, bactérias ou fungos. É, nos dias de hoje, uma das doenças mais frequentes da humanidade, mais geradora de consultas médicas, mais consumidora de antibióticos e pode interferir na qualidade de vida e no desempenho profissional e social.

Seios perinasais ou paranasais

Os seios perinasais ou paranasais são cavidades arejadas, forradas por uma membrana mucosa idêntica à das fossas nasais, que existem nos ossos da cara que rodeiam o nariz e que comunicam através de pequenos orifícios com as fossas nasais. Os diversos seios perinasais adquirem o nome dos ossos em que estão localizados. Assim existem os seguintes 4 tipos de seios nasais:

    • Frontais,
    • Etmoidais,
    • Maxilares,
    • Esfenoidais.

Seios perinasais melhorsaude.org

Seios nasais qual a função?

Os seios nasais desempenham várias funções, entre elas:

  • Humidificação e aquecimento do ar respirado pelo nariz.
  • Aumento da ressonância da voz.
  • Equilíbrio das pressões intracranianas quando há variações na pressão atmosférica (mergulhos, viagens de avião ou subidas a grandes altitudes).
  • Secreção de muco para proteção das vias aéreas superiores.
  • Absorção de impacto em casos de trauma (materiais ocos absorvem mais impacto do que materiais maciços).

Os seios perinasais são bilaterais e simétricos, ligam-se à cavidade nasal por pequenos orifícios por onde é drenado o muco produzido. Quadros de alergia ou gripe, por exemplo, causam edema da mucosa nasal e aumento das secreções, obstruindo facilmente a drenagem dos seios da face. A impossibilidade de escoar o muco produzido leva à congestão dos seios perinasais e, consequentemente, à sinusite.

O termo rinossinusite (rinite+sinusite) é tecnicamente mais correto que apenas sinusite, pois realça a inflamação simultânea da mucosa nasal e dos seios perinasais.

Tipos de sinusite

A sinusite pode afetar qualquer um dos 4 seios perinasais, podendo ser bilateral ou unilateral.

A sinusite por ser classificada em:

  • Aguda – quando os sintomas duram menos de 4 semanas;
  • Sub aguda – quando os sintomas duram entre 4 a 12 semanas;
  • Crónica – quando os sintomas duram mais que 12 semanas;
  • Recorrente – quando há 4 ou mais episódios de sinusite durante o ano.

A grande maioria das sinusites agudas são de origem viral ou alérgica, porém, a obstrução e acumulação, sem drenagem,  do muco nos seios favorece a proliferação de bactérias, podendo levar à sinusite bacteriana. Neste cenário o doente pode ter um quadro inicial de sinusite alérgica que, após contaminação com bactérias das vias respiratórias, se transforma num quadro de sinusite bacteriana que pode ser muito grave. As sinusites bacterianas que não são completamente curadas podem progredir para o quadro de sinusite crónica.

Sinusite aguda e crónica qual a diferença?

Há duas perspetivas. Na primeira, a temporal, diz-se que uma sinusite é aguda quando a sua duração se situa entre uma e quatro semanas; subaguda quando a sua duração se situa entre as quatro semanas e os três meses; crónica quando a sua duração vai para além dos três meses.

Porém, para além desta perspetiva simplista e temporal, há uma outra que tem a ver com a funcionalidade da mucosa nasal:

  • Após um episódio de sinusite aguda a funcionalidade da mucosa do nariz e dos seios perinasais é recuperada em pouco tempo, podemos considerar que na sinusite crónica essa funcionalidade pode estar definitivamente comprometida, originando que o doente apresente uma maior fragilidade e que os episódios recorrentes de sinusite aguda sejam mais frequentes.

Causas

Há várias causas por detrás de uma sinusite mas, todas elas têm como ponto comum uma deficiente drenagem das secreções nasais que, após se acumularem originam um foco infecioso.

A alergia respiratória é uma causa importante e frequente porque a mucosa intumescida pela inflamação alérgica pode dificultar a drenagem dos seios perinasais e provocar a sua infeção. Nesta perspetiva, os principais agentes agressores são:

    • Pó doméstico,
    • Pólenes,
    • Pelos dos animais.

Porém, podemos ter sinusites provocadas diversas outras causas, tais como:

    • Infeções que afetam as vias aéreas, como a gripe e outras viroses respiratórias;
    • Más condições climáticas associadas ao frio e humidade, geradoras de uma resposta inflamatória da mucosa respiratória;
    • Traumatismos do nariz, com particular destaque para as mudanças bruscas de pressão associadas ao voo ou ao mergulho (causa cada vez mais frequente);
    • Poluição atmosférica, sobretudo a poluição automóvel e o tabagismo;
    • Má higiene nasal, por exemplo, naquelas pessoas que nunca se assoam ou têm o hábito de colocar os dedos dentro do nariz transportando, assim, para o seu interior os microrganismos neles existentes;
    • Má formação das cavidades nasais, com um particular destaque para os desvios do septo nasal.

Sintomas

A sinusite tem uma expressão por vezes algo enigmática ou seja há sinusites muito extensas que têm pouca expressão clínica e, no polo oposto, há sinusites mínimas que afetam muito significativamente os doentes. Os principais sintomas são:

    • Obstrução nasal (nariz entupido),
    • Secreções nasais espessas e com pus (de cor amarela, verde ou castanha),
    • Dores de cabeça e/ou nos ossos da face, muitas vezes associadas a febre.

No entanto o leque de sintomas pode ser mais amplo, sendo habitual a existência de:

  • Diminuição ou perda do olfacto,
  • Mau hálito,
  • Tosse reflexa à escorrência das secreções nasais pela faringe,
  • Tosse nocturna,
  • Dor nos ouvidos e nos dentes do maxilar superior,
  • Dor à volta dos olhos.
  • Ouvido entupido,
  • Sensação de pressão quando baixa a cabeça,
  • Mal-estar,
  • Cansaço.

A maioria dos casos de sinusite viral ou alérgica melhora espontaneamente dentro de 10 dias. Sinusites bacterianas leves também podem ser autolimitadas, mas nos casos mais sintomáticos, com febre alta e coriza purulenta, a cura geralmente só vem com o tratamento antibiótico.

Estas queixas, mais acentuadas nas formas agudas, podem permanecer por longos períodos, naqueles doentes em que, por falta de uma abordagem adequada, a doença evoluiu para o estádio de cronicidade.

Dor é frequente?

É comum a presença de dor quando fazemos pressão com os dedos sobre os seios nasais, principalmente nos seios frontais e maxilares, que são os mais superficiais.

A dor é um sintoma tão frequente que é vulgarmente aceite que não há sinusite sem dor. Apesar de poder ter diversas tonalidades a dor da sinusite reflete a localização dos seios perinasais atingidos. Assim a dor pode localizar-se nos seguintes locais:

    • Na fronte em caso de sinusite frontal;
    • Por trás e entre os olhos na sinusite etmoidal e
    • Nas maçãs do rosto e dentes superiores nos casos das sinusites maxilares.

Já no caso da sinusite esfenoidal a dor é muitas vezes mais difusa e referida à parte frontal ou posterior da cabeça.

Gravidade

Sendo uma doença incómoda, na grande maioria dos casos ela é uma doença curável, sendo raras as complicações graves. No entanto algumas podem ser muito graves, tais como:

    • Meningite –  infeção das meninges,
    • Infeção dos olhos,
    • Abcesso cerebral,
    • Otite,
    • Labirintite,
    • Osteíte – infeção dos ossos da cara,
    • Celulite – infeção dos tecidos moles da face,
    • Septicémia – infeção generalizada a todo o organismo.

Apoio médico urgente, quando?

Como os seios da face apresentam íntima relação com órgãos nobres, como olhos, ouvidos e cérebro, a sinusite bacteriana pode levar a complicações graves. Portanto, é importante procurar consulta médica sempre que, associados à sinusite, existirem os seguintes sintomas:

  • Febre acima de 39ºC.
  • Edema ou vermelhidão na face.
  • Edema e vermelhidão em volta dos olhos.
  • Visão dupla ou qualquer outra alteração visual.
  • Confusão mental.
  • Dor de cabeça muito intensa.
  • Rigidez de nuca.
  • Prostração intensa.

A sinusite bacteriana, apesar de apresentar uma taxa de mortalidade baixa, é uma infeção que não deve ser negligenciada, principalmente quando existem os sinais descritos acima.

Diagnóstico

Suspeita-se da existência de uma sinusite perante um doente que apresente uma situação clínica com as características acima apontadas. A confirmação é feita através de exames radiológicos – a tomografia computorizada – que define com precisão o estado de cada um dos seios perinasais (frontal, maxilares, etmoidal e esfenoidal) e pode evidenciar a existência de eventuais fatores coadjuvantes, como pólipos ou desvios do septo nasal.

Tratamento mais eficaz

O tratamento desta doença requer uma abordagem especializada, na qual se definem com muita precisão três objetivos principais:

    • Reduzir a inflamação,
    • Promover uma adequada drenagem das secreções nasais,
    • Tratar a infeção.

Para conseguir estes objetivos é importante que o doente beba líquidos, no sentido de manter as secreções o mais fluídas possível. Recomenda-se, também:

    • Lavagem das fossas nasais com solutos salinos (soro fisiológico ou água do mar esterilizada) ou água termal,
    • Medicamentos fluidificantes do muco nasal,
    • Descongestionantes nasais, estes, por períodos não superiores a cinco dias já que são produtos tóxicos para a mucosa nasal.

A infeção trata-se com antibióticos por períodos que oscilam entre os sete e os catorze dias nas sinusites agudas, e que se podem estender até às quatro semanas nas sinusites crónicas. É fundamental que não se interrompa o antibiótico antes do tempo prescrito pelo médico, como forma de prevenir eventuais recidivas e tendo em vista impedir o aparecimento de resistência por parte dos microrganismos infetantes.

Medicamentos  mais usados

Na congestão nasal é essencial diminuir o inchaço e inflamação da mucosa nasal sendo os corticoides nasais, provavelmente, os mais eficazes e menos agressivos, tais como:

    • Budesonida 32µg ou 64µg (Pulmicort® nasal aqua);
    • Mometasona 50µg (Nasomet®);
    • Fluticasona 50µg (Flonase®).

Estes corticoides são de prescrição médica obrigatória e não podem ser comprados livremente nas Farmácias como acontece com diversos descongestionantes nasais. Esta situação justifica-se pela probabilidade mais elevada de efeitos secundários sistémicos com os corticoides, embora as formulações farmacêuticas para inalação sejam cada vez mais seguras e com poucos efeitos adversos relevantes, pois têm um baixo grau de absorção sistémica.

Descongestionantes nasais ou corticoides?

Quais os mais eficazes ou adequados?

Os corticoides nasais podem ser utilizados em tratamentos mais prolongados, porque em geral, são menos agressivos para a mucosa nasal (nomeadamente os cílios nasais), embora com mais efeitos secundários sistémicos que os descongestionantes nasais.

Por sua vez os descongestionantes são a melhor escolha em situações agudas até 3 dias de tratamento. A partir daí não devem ser usados, sem conselho médico, por causa da probabilidade acrescida de paralisarem os cílios nasais (pelos do nariz) que ajudam a expulsar as mucosidades nasais para o exterior. Se estes “pelos” estiverem paralisados aumenta a acumulação de secreções no interior do nariz e portanto a congestão nasal piora!

Alguns dos descongestionantes nasais mais utilizados são:

    • Fenilefrina (Neo-sinefrina®, Vibrocil®)
    • Xilometazolina (Vibrocil actilong®)
    • Oximetazolina (Nasorhinathiol®, Nasex®)

Anti-histamínicos são eficazes?

A utilização de anti-histamínicos só é geralmente eficaz quando existe uma causa alérgica para a congestão nasal. Nestes casos sim a utilização de um anti-histamínico sistémico ou local pode ser útil.

Existem associações de descongestionantes com anti-histamínicos locais, por exemplo:

  • Fenilefrina + dimetindeno ( Vibrocil® gotas nasais)

Os anti-histamicos sistémicos mais usados são:

  • Desloratadina (Aerius®);
  • Bilastina(Lergonix®, Bilaxten®)
  • Ebastina (Kestine®);
  • Cetirizina (Zyrtec®);
  • Pseudoefedrina (Actifed®)
  • Levocetirizina;
  • Loratadina;

Antibióticos mais usados se existe infecção

Os antibióticos apenas devem ser usados quando o médico tem a certeza que existe já um foco infecioso ou que a probabilidade de isso acontecer é muito elevada. Nestes casos os antibióticos mais usados são:

  • Amoxicilina com ácido clavulânico;
  • Levofloxacina;
  • Moxifloxacina;
  • Claritromicina;
  • Azitromicina.

Cirurgia pode ser necessária?

O tratamento da sinusite é, em princípio, um tratamento médico, sem intervenção cirúrgica. Porém, em algumas situações deve recorrer-se à cirurgia. É o caso das sinusites em que o tratamento médico, adequadamente realizado, não se revela satisfatório (ineficácia dos antibióticos) e naqueles casos em que há obstáculos mecânicos que o tratamento médico não consegue resolver, tais como:

    • Sinusites associadas a significativos desvios do septo nasal,
    • Pólipos,
    • Quistos volumosos.

Sinusite tem cura?

No caso das sinusites agudas a resposta é claramente afirmativa, obtendo-se a cura no espaço de uma duas semanas quando o tratamento é o adequado e o doente cumpridor. Na sinusite crónica a resposta não é tão clara. A passagem ao estado de cronicidade provoca alguma deterioração nos mecanismos de defesa da mucosa dos seios perinasais. Assim, é de prever que o doente passe a apresentar maior fragilidade e tenha tendência a sofrer de episódios de inflamação/infeção sinusal com maior frequência.

Prevenção

A prevenção da sinusite, tal como em qualquer outra doença, é o objetivo essencial. Na prevenção das sinusites entram um conjunto enorme de fatores que se integram no que chamamos a “higiene nasal”, tais como:

    • Evitar todas as formas de poluição atmosférica,
    • Não contactar com substâncias que provocam resposta inflamatória alérgica do nariz,
    • Não colocar os dedos nem objetos estranhos no nariz,
    • Evitar ambientes em que a qualidade física do ar esteja fora dos padrões de qualidade (ar muito frio e húmido e ar muito seco),
    • Assoar-se com regularidade,
    • Controlar os episódios de rinite alérgica.

O controlo das doenças-base é uma etapa obrigatória na prevenção das sinusites. Por exemplo, o não controlo das alergias nasais (rinite alérgica) associa-se a um maior número de episódios de sinusite.

Apesar de não haver uma evidência científica que torne indiscutível o seu aconselhamento formal na sinusite, alguns doentes têm grandes resultados com os tratamentos termais, sobretudo nas sinusites crónicas, e com os medicamentos estimulantes da imunidade – os imunomoduladores.

Relativamente aos primeiros, temos um país riquíssimo em águas termais, estando referenciados trinta e sete estabelecimentos termais, a maioria no norte, com águas consideradas adequadas ao tratamento desta doença.

Os tratamentos com imunomoduladores, mais conhecidos por “vacinas” visam aumentar a imunidade dos doentes no que diz respeito aos agentes bacterianos, tornando-os assim mais resistentes às infeções. Não esquecer também, em determinados grupos de risco a vacinação antigripal anual.

Concluindo

Evitar as complicações da sinusite está ao alcance da imensa maioria dos doentes desde que devidamente informados sobre as regra básicas de higiene nasal que devem ter. Não são regras complicadas exigindo apenas alguma disciplina e vontade séria de evitar a doença que, muitas vezes é encarada apenas como “incómoda”, por não estarem cientes da gravidade que pode apresentar quando evolui sem controlo! Relembro apenas que, em casos extremos de infeção dos seios nasais, pode provocar doenças tão graves como meningite e septicémia! Por favor não se descuide!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Referências

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Infeção urinária causas sintomas e melhor tratamento



Infecção urinária sintomas, causas e tratamento 2022 como se apanha? Quais os sintomas? Quais os perigos? Sente dor na zona central das costas e tem febre? Cuidado…muito cuidado! Pode estar com um quadro de infeção urinária grave! Segundo a American Urological Association a European Association of Urology e a Associação Portuguesa de Urologia, estes dois sintomas associados (dor nas costas e febre) são  graves e devem levá-la de imediato ao médico por causa da possibilidade de se tratar de uma infeção renal. A estes sintomas podem juntar-se ainda náuseas e desconfortos no estômago ou mesmo uma primeira infeção urinária.

Este artigo pretende ser um contributo para informar tudo o que precisa de saber sobre infeções urinárias, desde as cistites não complicadas e frequentes até ás mais graves como a pielonefrite. Quais as diferenças, perigos, tratamentos, como se apanham e como aplicar medidas simples para se proteger e diminuir o risco de contrair uma infeção urinária.

Neste artigo vou responder ás seguintes questões:

      • O que é uma infeção urinária?
      • O que são infeções urinárias baixas e altas?
      • Qual a anatomia do trato urinário?
      • Que nome têm as infeções na bexiga, uretra e rim?
      • Causas da infeção urinária, quais são?
      • O que é um uretrite?
      • O que é uma cistite?
      • O que é uma pielonefrite?
      • Quais as causas de uma infeção renal?
      • Quais os doentes de risco?
      • Quais os sintomas de infeção renal?
      • Quais os tipos de pielonefrite ou infeção renal?
      • O que é e quais os sintomas da pielonefrite aguda?
      • O que é e quais os sintomas da pielonefrite crónica?
      • Quais as complicações da pielonefrite?
      • Como se faz o diagnóstico da pielonefrite?
      • Qual o tratamento da infeção renal?
      • A pielonefrite é contagiosa?
      • Quais as infeções urinárias mais comuns?
      • Como se apanham?
      • Podem apanhar-se nos sanitários públicos?
      • Quais os tratamentos alternativos?
    • Que medidas podemos aplicar para evitar a infeção?

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Infeção urinária o que é?

Infeções urinárias baixas e altas

Infeção urinária é qualquer quadro infecioso que aconteça no trato urinário, composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. As infeções urinárias podem ser baixas ou altas, a saber:

  • As infeções urinárias baixas são aquelas que ocorrem na bexiga e/ou na uretra.
  • As infeções urinárias altas ocorrem quando há comprometimento de pelo menos um dos rins.

Anatomia do trato urinário

Tracto urinário melhorsaude.org melhor blog de saude

Anatomia do tracto urinário
Anatomia do trato urinário

Infeções na bexiga, na uretra e no rim

  • A infeção da bexiga recebe o nome de cistite.
  • A infeção da uretra é conhecida como uretrite.
  • A infeção renal é chamada de pielonefrite ( infeção grave )
Infecção urinária
#Uretrite é uma infeção da uretra, #cistite é uma infeção da bexiga e #pielonefrite é uma infeção do rim

Termos e significados

  • Disúria – sensação de dor ou ardor ao urinar.
  • Hematúria – presença de sangue na urina. Tem como definição mais exata a presença de cinco ou mais eritrócitos (hemácias) por campo na análise microscópica do sedimento urinário, e deve ser confirmada em pelo menos duas amostras de urina.
  • Poliúria – excesso de produção de urina ao longo de 24 horas. Dizemos que há poliúria quando o volume de urina é maior que 3 litros por dia.
  • Polaciúria – micção frequente, mas com o volume total de urina ao longo do dia dentro da faixa da normalidade.
  • Nictúria – excesso de urina que ocorre durante a noite e faz com que o doente acorde várias vezes para urinar. O excesso de urina só ocorre de noite, enquanto o paciente dorme.

Causas da infeção urinária

Em mais de 95% dos pacientes a infeção é de origem bacteriana, sendo a bactéria Escherichia coli responsável por mais de 3/4 destes casos. A compreensão dos fatores de risco individuais e específicos da população associados a infeções recorrentes do trato urinário (ITUs) pode ajudar os médicos a adaptar as estratégias profiláticas.

Nas mulheres os principais fatores de risco causadores de infeções urinárias não complicadas recorrentes, são os seguintes:

    • Número de parceiros sexuais e nomeadamente relações frequentes com diferentes parceiros e ter 3 ou mais parceiros num ano aumenta claramente o risco de infeção urinária. Em particular o sexo anal significa um risco acrescido porque aumenta a possibilidade de contaminação da vagina por bactérias do  trato intestinal;
    • Diarreia e obstipação;
    • Atrofia vulvovaginal, também chamada de atrofia vaginal ou  vaginite atrófica é definida como a secagem e inflamação das paredes vaginais devido à falta de produção de estrogénio. A atrofia vaginal ocorre mais frequentemente após a menopausa, mas também pode desenvolver-se durante a amamentação ou em qualquer outro momento em que o corpo da mulher diminui a produção de estrogénio;
    • Alteração da flora bacteriana vaginal por exemplo devido à utilização de espermicidas, alterações alimentares ou higiene excessiva que tornam o trato vaginal menos ácido o que facilita a sobrevivência de bactérias patogénicas;
    • História de infeções do trato urinário (ITU) durante a pré-menopausa ou na infância;
    • História familiar de infeção urinária;
    • Tipo sanguíneo não secretor.
  • Estudo com resumo das causas mais frequentes:

Estudo da American Urological association com guidelines sobre as Infeções do trato Urinário recorrentes não complicadas:

Calculadora de infeção urinária

Calculadora de risco de infeção urinária melhorsaude.org

Prevalência e impacto da infeção urinária

A infeção do trato urinário (ITU) é uma das infeções bacterianas mais frequentes, com elevados custos para a sociedade. Um estudo europeu refere que uma em cada cinco mulheres adultas tem pelo, menos um episódio de ITU ao longo da vida.

Nos Estados Unidos da América (EUA) a sua incidência está melhor documentada. A ITU motiva mais de 7 milhões de visitas médicas anuais e é responsável por 15% dos antibióticos prescritos em ambulatório. Estima-se que mais de metade das mulheres tenha pelo menos uma ITU ao longo da vida e um terço das mulheres sofra o primeiro episódio até aos 24 anos de idade. Se, por um lado, o risco de progressão da cistite para pielonefrite é negligenciável, por outro lado, o potencial de recorrência é elevado.

Um estudo de 1990 em jovens universitárias demonstrou, aos seis meses, 27% de recorrência e 3% de segundas recorrências. Um estudo mais recente, com mulheres saudáveis entre os 18 e os 39 anos, verificou que aos seis meses o risco de recorrência depois de uma primeira ITU é de 24% . Estima-se que nos EUA os custos anuais relacionados com ITU rondem os 1600 milhões de dólares. Por todos estes fatores, é fundamental que os episódios de ITU sejam corretamente diagnosticados, tratados e prevenidos, tendo em atenção o correto uso dos antibióticos, de modo a não potenciar o aumento das resistências.

Dor a urinar  ou disúria

Origem provável: Uretra ou bexiga.

A dor ao urinar, chama-se disúria e é talvez o sintoma de infeção urinária mais comum. A disúria é um termo que engloba diferentes queixas durante a micção, tais como:

  • Dor,
  • Ardência,
  • Sensação de queimadura,
  • Incómodo ou sensação de peso na bexiga.

A disúria é um sintoma muito comum na cistite e na uretrite, podendo ocorrer eventualmente na pielonefrite. É causada pela irritação da bexiga e da uretra provocada pela infeção.

Nas mulheres, infeções ginecológicas podem causar dor ao urinar, seja por inflamação na área ao redor da entrada da uretra ou pela dor que o contacto da urina ácida provoca com a vulva inflamada. A dica para se pensar em infeção ginecológica e não em infeção urinária é a presença de corrimento vaginal

Sangue na urina ou hematúria

Origem provável: Uretra, bexiga ou rim.

A presença de sangue na urina chama-se hematúria. Sangue na urina é o sinal de infeção urinária que mais assusta as/os doentes, mas geralmente não é um sinal de gravidade. A hematúria pode ser macroscópica, quando é facilmente notada na urina, ou microscópica, quando só é detetada através de exames laboratoriais.

A presença de sangue na urina é um sintoma comum na cistite, mas também pode ocorrer na pielonefrite ou na uretrite. Assim como a disúria, a presença de sangue surge pela irritação da bexiga e da uretra.

Febre e infeção urinária

Origem provável: Rim.

Quando se pensa em infeção, a febre é sempre um dos sinais que  vêm à mente. Na infeção urinária, entretanto, a febre só costuma surgir nos casos de pielonefrite. Cistite não costuma causar febre, quando o faz, geralmente é abaixo dos 38ºC. A febre também não é comum na uretrite, exceto nos casos mais graves, onde há disseminação da bactéria para a corrente sanguínea.

Na pielonefrite a febre costuma ser alta, maior que 38ºC, e é frequentemente acompanhada de calafrios. A febre alta é o sinal que costuma diferenciar a pielonefrite das outras causas de infeção urinária.

Polaciúria ou vontade constante de urinar

Origem provável: Uretra ou bexiga.

Sentir necessidade de urinar a toda hora também é um sintoma comum da cistite e recebe o nome de polaciúria. O paciente sente vontade urinar com frequência, porém o volume de urina a cada micção é pequeno. Muitas vezes há uma sensação de esvaziamento incompleto da bexiga; sente-se que ainda há urina  mas ela simplesmente não sai. Na verdade, a bexiga está vazia, mas como se encontra irritada, a doente tem a falsa impressão de que precisa urinar.

Corrimento uretral

Origem provável: uretra.

A saída de pus pela uretra é um sinal típico das uretrites, sendo quase sempre causada por uma doença sexualmente transmissível. O corrimento uretral vem frequentemente acompanhado de disúria.

Tanto a cistite quanto a pielonefrite não provocam corrimento uretral, sendo este um sintoma típico de infeção da uretra. Nas mulheres com uretrite, o corrimento uretral pode vir acompanhado também de corrimento vaginal, pois é comum que infeções como gonorreia e clamídia também provoquem inflamação da vagina.

Náuseas e vómitos

Origem provável: rins.

Náuseas e vômitos são sintomas comuns na pielonefrite e costumam aparecer associados a febre. A cistite pode causar um mal estar, mas não costuma provocar vômitos. A perda do apetite também é frequente na pielonefrite. Assim como a febre, náuseas e vômitos só costumam surgir nas uretrites em casos de doença mais avançada.

Dor lombar

Origem provável: rins

A dor lombar, geralmente mais intensa de um lado, é outro sintoma comum da pielonefrite. Na verdade, são poucas as doenças que fazem o rim doer; a pielonefrite é uma delas. A cistite também pode causar uma leve dor lombar, mas é habitualmente bem menos intensa que na pielonefrite.

Mau cheiro da urina

Origem provável: bexiga ou uretra.

Uma urina com mau cheiro pode ser um sinal de bactérias na urina, cuja origem pode ser uma cistite ou uma uretrite. Porém, na maioria dos casos, a causa do mau cheiro é apenas uma urina muito concentrada. A ureia, uma substância presente em grande quantidade na urina, é a causa do odor característico da urina. Se a urina estiver pouco diluída, o cheiro da ureia torna-se mais percetível.

Desorientação e alteração de consciência

Origem provável: rins.

A pielonefrite é um caso potencialmente grave, que pode levar a um quadro de infeção generalizada. Se não for reconhecida e tratada a tempo, o paciente pode começar a apresentar sinais neurológicos, como desorientação, prostração e até redução do nível de consciência.

Os idosos são a população que mais apresenta este tipo de quadro durante uma infeção do trato urinário. Muitas vezes, não há febre nem outros sintomas, sendo a alteração neurológica a única pista de que há uma infeção em curso.

Perda involuntária de urina

Origem provável: bexiga.

Além da vontade constante de urinar, o paciente com infeção da bexiga pode ter dificuldade em segurar a urina. O indivíduo sente vontade de urinar, mas não consegue chegar a tempo á casa de banho, perdendo urina involuntariamente. Este sinal chama-se urgência urinária, e é muito comum nas crianças e nos idosos.

Sintomas de uretrite

  • Corrimento purulento pela uretra.
  • Ardência para urinar.
  • Sangue no sêmen.
  • Incômodo nos órgãos genitais.
  • Dor durante o sexo.
  • Sangue na urina.

Sintomas de cistite

  • Ardência, dor ou desconforto para urinar,
  • Sangue na urina,
  • Vontade constante de urinar, mesmo com a bexiga vazia (ou quase vazia),
  • Sensação de peso na bexiga,
  • Urgência urinária (não conseguir segurar a urina até chegar á casa de banho).

Sintomas de pielonefrite

  • Febre alta,
  • Calafrios,
  • Náuseas e vômitos,
  • Dor lombar,
  • Prostração,
  • Desorientação (mais comum nos idosos),
  • Sangue na urina.

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Pielonefrite o que é?

A pielonefrite é uma infeção bacteriana de um ou ambos os rins. A infeção renal é um caso potencialmente grave, porque ataca um órgão vital. É um quadro que pode ter gravidade semelhante a uma pneumonia.

Se não tratada a tempo e corretamente, pode levar à septicémia que pode ser mortal por falência de vários outros órgãos.

Na grande maioria dos casos responde bem aos antibióticos. Os casos que evoluem de forma negativa são aqueles que esperaram muito tempo para receber tratamento ou quando o doente já se encontra muito debilitado por outras doenças.

A pielonefrite é uma frequente causa de formação de cicatrizes nos rins, podendo levar à perda parcial da função renal, principalmente nos doentes que têm infecções recorrentes.

Causas da pielonefrite

A infeção dos rins acontece de duas formas, a saber:

  1. A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada. Menos frequente é a colonização assintomática da bexiga por bactérias que também pode ser a fonte de uma infeção renal. Nestes casos, o doente tem bactérias na bexiga mas não apresenta sintomas pois estas estão apenas colonizar. Por esta razão nem todas as pessoas relatam sintomas de cistite antes do surgimento da pielonefrite.
  1. O segundo modo de infeção dos rins é pelo sangue, quando uma bactéria que está a provocar uma infeção em algum local do nosso organismo viaja pela corrente sanguínea e se aloja no rim. Esta via é muito menos frequente do que a via ascendente.
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.
A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas #cistites não tratadas ou tratadas de forma inadequada.

Fatores de risco para infeção renal

Além da cistite, que é o principal fator de risco, existem outras situações que podem aumentar o risco de infeção dos rins, a saber:

  • Uso de cateteres vesicais (algália)
  • Cirurgias urológicas
  • Cálculos renais
  • Anormalidades anatómicas do trato urinário
  • Doenças da próstata que causam obstrução do fluxo da urina

Doentes de risco

Os doentes de maior risco são os que apresentam um sistema imunológico frágil, tais como:

    • Diabéticos
    • Insuficientes renais
    • Cirróticos
    • Portadores do vírus HIV
    • Doentes a tomar medicamentos imunossupressores apresentam um risco maior de contrair uma cistite que evolua para pielonefrite.

Sintomas da pielonefrite

Os sintomas típicos da pielonefrite são:

  • Febre
  • Dor lombar
  • Náuseas
  • Vómitos
  • Mal estar geral

Podem haver também sintomas de cistite, como dor ao urinar e vontade de urinar com frequência, mesmo quando a bexiga está vazia. Outro sinal comum é a presença de sangue na urina (hematúria), que se apresenta normalmente como uma urina cor de Coca-Cola.

Tipos clínicos de pielonefrite

  1. Pielonefrite aguda não complicada.
  2. Pielonefrite aguda complicada.
  3. Pielonefrite crónica.

Pielonefrite aguda não complicada

Ocorre normalmente em mulheres jovens, sem antecedentes de doenças ou alterações na anatomia do sistema urinário.

O quadro clínico é de febre alta, calafrios, náuseas, vómitos e dor lombar. Os sintomas de cistite, como ardência ao urinar, podem ou não estar presentes. Assim como nas cistites, a principal bactéria causadora de pielonefrite é a Escherichia coli.

Só há necessidade de internamento em casos mais graves. Se o doente tiver bom estado geral e for capaz de tomar antibióticos por via oral, o tratamento pode ser feito em casa.

Pielonefrite aguda complicada

A pielonefrite complicada é aquela que evolui com abscesso dentro ou ao redor dos rins,  necrose da papila renal ou produção de gases dentro do rim, um quadro chamado pielonefrite enfisematosa.

A pielonefrite complicada normalmente ocorre em pessoas com obstrução do trato urinário, bactérias resistentes aos antibióticos ou em diabéticos.

O quadro clínico é igual ao da pielonefrite não complicada, porém apresenta pouca resposta aos antibióticos. O paciente pode apresentar uma resposta apenas parcial, com uma pequena melhoria, mas com fadiga, mal estar, falta de apetite e náuseas que persistem por vários dias.

Uma pielonefrite que não melhora completamente após antibioterapia apropriada deve ser estudadas com exames de imagens, como tomografia computadorizada e ultra-som (ecografia), para investigação de anormalidades que possam estar a perpetuar a infeção.

Pielonefrite crónica

A pielonefrite crónica é um quadro de infeção urinária recorrente, habitualmente associada a má-formações urinárias, obstruções por cálculos renais ou refluxo vesico-ureteral (refluxo da urina da bexiga de volta para o ureter e rins). Costuma levar à cicatrização do rim e à insuficiência renal crónica, principalmente em crianças com refluxo urinário.

Cálculos renais tratados com ultrassons
#Cálculos renais tratados com ultrassons

Complicações da pielonefrite

Como já referido, se a pielonefrite não for tratada corretamente com antibióticos, existe um risco grande de evolução para sepsis grave. As bactérias presentes nos rins conseguem facilmente alcançar a corrente sanguínea, espalhando-se por todo o organismo, podendo levar à falência de múltiplos órgãos e até ser mortal!

Outro problema da pielonefrite, principalmente se recorrente, é a lesão permanente do rim. Doentes com pielonefrite crónica podem evoluir com insuficiência renal terminal e necessitar de hemodiálise!

Rim normal vs rim com insuficiência renal
Rim normal vs rim com insuficiência renal

Diagnóstico da pielonefrite

O diagnóstico da infeção renal é geralmente feito apenas com os sintomas clínicos. Exames laboratoriais ajudam a confirmar o diagnóstico:

      • Hemograma tipicamente apresenta uma elevação da contagem de leucócitos
      • PCR ( Proteína C Reactiva ) encontra-se elevada.
    • No exame de urina é comum a presença de pus (leucócitos na urina) e sangue (hemácias na urina).

A urocultura deve ser sempre solicitada, pois ela é capaz de identificar a bactéria que está a provocar a pielonefrite, ajudando na escolha de antibióticos adequados.

No entanto como a urocultura demora pelo menos 48 horas para ficar pronta, não devemos esperar o seu resultado para começar o tratamento com antibióticos. Após o resultado sair, o médico decide se mantém o esquema antibiótico inicial ou muda para um mais adequado ao qual a bactéria seja sensível.

Contágio da pielonefrite

A pielonefrite não é uma doença contagiosa, portanto, não há risco de contaminação de familiares ou pessoas próximas. A pielonefrite deve ser sempre tratada com antibióticos. Medicamentos ditos “naturais” podem proporcionar alívio temporário, no entanto apenas adiam o tratamento correto da infeção, acarretando riscos graves para o doente.

Tratamento da pielonefrite

Em geral, o tratamento da pielonefrite é feito em meio hospitalar com antibióticos intravenosos. Se o paciente tiver boa saúde e ainda estiver com bom estado geral, ele pode receber a primeira dose por via intravenosa e depois completar o resto do tratamento em casa com antibióticos por via oral. Na maioria dos casos, porém, o paciente encontra-se muito debilitado sendo quase sempre necessários 2 a 3 dias de internamento para controlar a infeção.

Nos pacientes com pielonefrite crónica, a avaliação do urologista é necessária. Muitas vezes, o paciente precisa de ser submetido a uma cirurgia para correção de anormalidades anatómicas do sistema urinário que estejam a perpetuar uma infecção dos rins.

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Causas das infeções urinárias mais comuns (cistite não complicada)

A infeção resulta da interação entre o agente infecioso e o hospedeiro. Depende do volume do inóculo, de fatores de virulência da bactéria (adesinas bacterianas como os Pili tipo 1 ou Pili P, que facilitam a aderência ao urotélio) e da falência dos mecanismos de defesa tais como:

      • Normal fluxo urinário,
      • Esfoliação contínua do urotélio,
      • Habitual flora do intróito vaginal,
      • Alterações fenotípicas que facilitam a aderência de determinadas bactérias ao urotélio ou ao epitélio vaginal.

Os microrganismos podem chegar ao aparelho urinário por via hematogénea (sangue) ou linfática, mas a via habitual é a ascendente, com origem no intestino ou seja entrando pela uretra, subindo até à bexiga e nos casos graves chegando aos rins. Assim se explica que os agentes mais frequentes sejam Enterobacteriaceae (que vivem habitualmente no intestino), tais como:

      • Escherichia coli (70% a 90%),
      • Proteus mirabilis,
      • Klesiela spp,
      • Agentes gram-positivos como Stafilococcus saprofiticus e Enterococcus faecalis são responsáveis pelas restantes infeções.

Bactérias na bexiga

Existem determinados fatores que facilitam a chegada destes agentes à bexiga tais como:

  • Alterações do trânsito intestinal (ex: diarreias)
  • Alterações da flora vaginal (ex: higiene excessiva ou falta dela)
  • Atividade sexual (ex: coito anal seguido de contacto genital)
  • Uso de espermicidas.

Infecções em sanitários públicos melhorsaude.org

Infeção urinária e sanitários públicos

O receio de contrair infeções em sanitários públicos partilhados está culturalmente enraizado, principalmente no meio feminino. Será verdade ou mito esta crença?

É verdade que as infeções urinárias são mais frequentes no género feminino, por razões de caráter anatómico, mas a sua origem está habitualmente nas bactérias do tubo digestivo, que se propagam facilmente à região urogenital por contiguidade. Não há infeções urinárias contraídas a partir do exterior, nem transmitidas por outrem, sendo a sua origem predominantemente endógena ou seja proveniente das bactérias do trato intestinal da pessoa infetada.

No que se refere às doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e a gonorreia, a transmissão é feita, como a própria designação sugere, exclusivamente através de contacto sexual com a pessoa infetada. O coito anal seguido de contacto genital também pode causar uma infeção urinária.

A persistência prolongada de bactérias habitualmente causadoras de infeção urinária ou de doenças sexualmente transmissíveis no meio ambiente é fugaz, já que estas não sobrevivem por muito tempo fora do corpo do hospedeiro.

Mesmo que o equipamento sanitário tenha sido previamente utilizado por uma pessoa infetada, a probabilidade de contaminação do utilizador seguinte é praticamente nula.

A repugnância pela utilização de sanitários coletivos constitui uma reação natural, relacionada com preceitos de higiene, não havendo, contudo, razões para temer riscos improváveis. Resumindo, Trata-se de um mito cultivado de geração em geração e que se mantém nos nossos dias.

Tratamento de uma infeção urinária baixa

Não existe um tratamento único que sirva para todas as formas de infeção urinária. O medicamento mais indicado vai depender do agente causador, do sexo do paciente, do local do trato urinário acometido, da gravidade da doença e do estado clínico do paciente.

Tratamento da infeção da bexiga (cistite)

Cistite é o nome dado à infeção da bexiga, sendo a forma mais simples e mais comum de infeção urinária. A cistite ocorre preferencialmente em mulheres, sendo incomum em homens saudáveis.

A cistite apresenta-se habitualmente com disúria, aumento da frequência e urgência urinária. Também podem estar presentes dor supra-púbica, hematúria ou urina com cheiro fétido. A probabilidade destes sintomas corresponderem a cistite é de 50% se isolados e 90% se em combinação. O único exame complementar recomendado é a tira-teste. A urocultura deve ser reservada para doentes com pielonefrite não complicada, infeção recorrente ou com sintomatologia atípica

Vamos dividir a explicação do tratamento da cistite em 5 grupos:

  • Não complicada em mulheres.
  • Complicada em mulheres.
  • Grávidas.
  • Homens.
  • Urocultura positiva em pacientes sem sintomas.

Cistite não complicada

Infeção urinária recorrente

A infeção da bexiga que ocorre em mulheres sem problemas de saúde é chamada de cistite não complicada. Este é o tipo mais comum de infeção urinária.

ITU recorrente não complicada

Define-se pela existência de pelo menos três episódios em 12 meses. Esta pode ser originada pela reemergência de bactérias de um determinado locus no aparelho urinário (infeção persistente) ou por nova colonização do aparelho urinário (reinfeção)

Quais as bactérias que causam a cistite?

A imensa maioria dos casos de cistite não complicada é causada pela bactéria Escherichia coli (E.coli), mas outras bactérias também podem ser a causa, tais como:

  • Proteus mirabilis,
  • Klebsiella pneumoniae,
  • Staphylococcus saprophyticus.

Tratamento para a cistite não complicada

O tratamento da cistite não complicada em mulheres deve sempre incluir um antibiótico que tenha ação contra estas bactérias, principalmente sobre a E.coli, responsável por mais de 80% dos casos.

A escolha do antibiótico é feita mais corretamente quando baseada nos resultados da urocultura, exame de urina usado para identificar qual é a bactéria causadora da infeção. No resultado da urocultura, além da identificação da bactéria, o laboratório também fornece uma lista com os antibióticos que invitro se mostraram mais eficazes para combatê-la. Esta lista é chamada antibiograma. Portanto, quando o médico tem acesso ao resultado da urocultura, a escolha do antibiótico deve-se sempre basear no antibiograma.

Cabe ressaltar que na maioria das vezes a cistite é uma infeção simples e de fácil tratamento, não havendo necessidade de solicitar urocultura para todos os casos. O resultado da urocultura demora de 2 a 4 dias para ficar pronto, o que atrasaria em vários dias o início do tratamento e o alívio dos sintomas. Em geral, como os sintomas são muito típicos, na suspeita de cistite não complicada em mulheres, o médico está autorizado a começar antibióticos empiricamente, sem pedir qualquer exame.

Os medicamentos mais utilizados contra a cistite são os antibióticos que agem sobre as bactérias que habitualmente provocam infeção urinária, principalmente contra a bactéria E.coli. As melhores opções de tratamento empírico da cistite (sem orientação do antibiograma) segundo recomendações internacionais, são apresentadas no quadro seguinte:

Cistite_tratamento,_recomendações_internacionais melhorsaude.orgA escolha do melhor tratamento cabe ao médico, baseado no conhecimento do perfil de sensibilidade da E.coli em cada comunidade. Há locais, por exemplo, onde a taxa de resistência da E.coli ao Bactrim® (Cotrimoxazol) é elevada, não sendo esta uma boa opção para tratamento empírico.

Cistite complicada

Infeção persistente

Na persistência bacteriana, o microrganismo isolado é habitualmente sempre o mesmo e as infeções são separadas por um curto hiato temporal. A infeção persistente relaciona-se com anomalias do aparelho urinário que são habitualmente corrigíveis (ver quadro). O estudo morfológico e/ou funcional é de extrema importância, de modo a identificar e corrigir a anomalia que perpetua a infeção.

O quadro seguinte descreve as anomalias do aparelho urinário responsáveis por persistência bacteriana:

Anomalias_do_aparelho_urinário_responsáveis_por_persistência_bacteriana melhorsaude.org

Cistite complicada é a infeção da bexiga que ocorre em mulheres com algum problema de saúde que aumente o risco de falha no tratamento. São geralmente consideradas cistites complicadas aquelas que ocorrem em doentes com:

– Diabetes.
– História de pielonefrite aguda nos últimos 12 meses.
– Sintomas prolongados de infeção urinária.
– Infeção urinária por bactéria multirresistente.
– Infeção urinária adquirida em ambiente hospitalar.
– Insuficiência renal.
– Obstrução do trato urinário.
– Presença de cálculo renal.
– Presença de um cateter vesical, stent ureteral ou nefrostomia.
– Instrumentação ou cirurgias recentes do trato urinário.
– Anormalidade anatómica do trato urinário.
– Incontinência urinária.
– História de infeção do trato urinário na infância
– Transplante renal ou outras causas de imunossupressão.

Doentes com cistite complicada devem sempre recolher urina para fazer a urocultura e só depois começar o tratamento. Não é preciso esperar pelo resultado dos exames para começar o tratamento com antibióticos, mas ter um antibiograma e a bactéria causadora da infeção urinária identificada dentro de 2 ou 3 dias ajuda muito a decidir o próximo passo, caso o paciente não tenha melhorado nas primeiras 72 horas de tratamento empírico.

Profilaxia_antibiótica_recomendada_pela_EAU melhorsaude.org

As melhores opções de tratamento empírico (sem orientação do antibiograma) da cistite complicada incluem:

  • Levofloxacina 500 a 750mg 1x por dia por 5 a 14 dias, dependendo da gravidade do caso.
  • Ciprofloxacina 500mg de 12/12 horas por 5 a 14 dias, dependendo da gravidade do caso.

Se o paciente não apresentar sinais de melhora em 2 ou 3 dias, o antibiótico deve ser trocado de acordo com o antibiograma, que já deverá estar disponível nesta altura.

Nos casos de doentes com cálculos renais ou obstruções do trato urinário, a remoção cirúrgica destes pode ser necessária para que o tratamento tenha sucesso. Do mesmo modo, doentes com sonda vesical ou stent no ureter podem ter que trocá-los para conseguir combater a infeção urinária. A bactéria pode-se alojar em qualquer uma destas estruturas e conseguir “esconder-se ” do antibiótico, sendo muito difícil a sua eliminação apenas com medicamentos.

Cistite em grávidas

Aproximadamente 2% das mulheres grávidas apresentam pelo menos um episódio de cistite durante a gestação. O risco de ascensão das bactérias da bexiga em direção aos rins é maior nas mulheres grávidas, fazendo com que qualquer cistite neste grupo seja considerada uma cistite complicada. Além disso, a presença de bactérias na urina está associada a problemas na gravidez, como parto prematuro, baixo peso do feto e morte fetal.

Devido ao risco de má formações fetais, nem todos os antibióticos podem ser usados nas mulheres grávidas. Por isso, as gestantes merecem uma abordagem distinta das outras pacientes com cistite complicada.

Todas as gestantes com sintomas sugestivos de cistite devem colher urocultura e iniciar tratamento antibiótico empírico. As melhores opções são:

  • Nitrofurantoína 100 mg de 12/12 horas por 5 dias.
  • Amoxicilina-ácido clavulânico 500 mg de 12/12 horas por 3 a 7 dias.
  • Fosfomicina 3 g em dose única.
  • Cefalexina 500 mg de 12/12 horas durante 3-7 dias.

O Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim®) 160/800 mg de 12/12 horas por 3 dias é uma opção, mas apenas a partir do segundo trimestre, devendo este ser evitado nas primeiras 12 semanas de gravidez.

Os antibióticos da família das quinolonas, como ciprofloxacina, norfloxacina e levofloxacina são contraindicados na gravidez.

Uma semana após o fim do tratamento, a urocultura deve ser repetida para se confirmar a eliminação da bactéria. Se a urocultura for novamente positiva para a mesma bactéria, o tratamento deve ser repetido, desta vez por mais tempo.

Por outro lado, se a urocultura confirmar a eliminação da bactéria, ela deve ser repetida todos os meses até ao final da gestação, para termos certeza de que não haverá novas infeções.

Cistite em homens

A cistite é um quadro muito menos comum em homens do que em mulheres, devido ao maior comprimento da uretra, ao ambiente peri uretral menos húmido, à menor colonização de bactérias na região ao redor da uretra e à presença de substâncias antibacterianas no líquido prostático.

Habitualmente, as cistites em homens ocorrem naqueles com anormalidades do trato urinário, sejam má-formações em crianças pequenas ou doenças urológicas em pacientes idosos, como problemas da próstata. No entanto, cistites não complicadas podem ocorrer em um pequeno número de homens entre os 15 e os 50 anos de idade, sem nenhum problema de saúde.

Todos os homens com sintomas sugestivos de cistite devem colher urocultura e iniciar tratamento antibiótico empírico. As melhores opções são:

      • Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim®) 160/800 mg de 12/12 horas durante no mínimo 7 dias.
      • Levofloxacina 500mg 1x por dia durante no mínimo 7 dias.
      • Ciprofloxacina 500mg de 12/12 horas durante no mínimo 7 dias.

Se após 48-72 horas não houver melhoras, o tratamento deve ser ajustado de acordo com o resultado da urocultura e do antibiograma. Nestes casos, uma investigação para alterações na anatomia urológica deve ser avaliada

É preciso ter sempre em mente que sintomas de infeção urinária em homens não necessariamente indicam uma cistite, já que prostatite e uretrite, como no caso da gonorreia , podem ter sintomas muito parecidos.

UROCULTURA

A urocultura, também chamada de urinocultura ou cultura de urina, é o exame de urina que identifica a presença de bactérias. Como os rins e a bexiga são locais estéreis, ou seja, sem micróbios presentes, a identificação de uma bactéria na urina costuma ser um forte indicador de uma infeção urinária.

É importante salientar, porém, que nem sempre a presença de bactérias indica uma infeção ativa. Algumas delas podem colonizar a uretra e a bexiga sem necessariamente causar doença.

A urocultura é feita através da colocação da urina em um meio propício à reprodução de bactérias, chamado meio de cultura. Caso a urina contenha bactérias, em 48 horas será possível identificar a formação de colônias de bactérias, podendo, deste modo, identificarmos qual tipo de bactéria está presente e quais antibióticos mais eficazes contra essas bactérias (antibiograma).

No resultado da urocultura normalmente estão presentes o tipo de bactéria, o número de colônias formadas pela mesma e a lista de antibióticos sensíveis e resistentes.

Urocultura, resultado é positivo se:

  • UFC (Unidades Formadoras de Colónias) > 100.000

UROCULTURA POSITIVA EM PACIENTES SEM SINTOMAS – BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA.

Cistite é a inflamação da bexiga causada por bactérias. A simples presença de bactérias na urina, sem sinais de inflamação da bexiga não é considerada uma infeção, mas sim uma colonização. Uma analogia fácil de entender é com a pele. Ter bactérias presentes na pele é completamente diferente de ter uma infeção de pele. Portanto, a simples presença de bactérias na urina não é suficiente para o diagnóstico de uma infeção. Para ser cistite é preciso que o paciente tenha sintomas de uma bexiga inflamada, como dor para urinar, sangue na urina, vontade constante de urinar, mesmo com a bexiga vazia, etc.

Mesmo no caso da bactéria E.coli, há estirpes menos virulentas, capazes de proliferar na urina, mas sem força para causar inflamação da bexiga. Uma urocultura positiva, mesmo para E.coli, em um paciente sem nenhuma queixa, não deve ser valorizada na maioria dos casos. Na verdade, se o paciente não tem queixas urinárias, não faz sentido solicitar uma urocultura.

A presença de bactérias na urina sem sintomas é chamada bacteriúria assintomática e não deve ser tratada com antibióticos na grande maioria dos casos. As únicas exceções são as grávidas e os pacientes que irão ser submetidos a cirurgias urológicas. Nestes casos está indicada a realização de urocultura, mesmo sem sintomas, e o tratamento de acordo com o resultado do antibiograma. Em todos os outros casos, o tratamento da bacteriúria assintomática não apresenta benefícios e pode ainda estimular o desenvolvimento de bactérias resistentes.

Profilaxia antibiótica

A profilaxia antibiótica está recomendada se existirem dois ou mais episódios de ITU (Infeção do Trato Urinário) em seis meses ou três ou mais episódios em 12 meses. Deve ser utilizada apenas depois da falência das medidas gerais e, em opção, da imunoprofilaxia e/ou arando vermelho.

Deve ser iniciada apenas depois de erradicada a infeção e a escolha do antibiótico deve ser realizada caso a caso e tendo em atenção o padrão de sensibilidades do microrganismo isolado.

A Tabela seguinte lista as várias opções.

Profilaxia_antibiótica_recomendada_pela_EAU melhorsaude.org

Existem três esquemas possíveis, a saber:

  • Profilaxia contínua;
  • Profilaxia pós-coito;
  • Terapêutica Auto constituída.

Profilaxia contínua

A profilaxia contínua é realizada com uma toma diária (ao deitar) ou a intervalos regulares. Está indicada para a maioria das doentes com indicação para profilaxia antibiótica. Implica uma monitorização regular (mensal a trimestral) com urocultura, pois a recidiva pode ser assintomática.

A duração habitual do primeiro ciclo de profilaxia contínua é de seis meses. Após o seu término, quase um terço dos doentes apresentará uma remissão prolongada. Mas a maioria vai retomar a frequência habitual de ITU, pelo que a profilaxia deverá ser retomada.

Profilaxia pós-coito

A profilaxia pós-coito, que apresenta taxas de sucesso equivalentes à profilaxia contínua, deve ser reservada para os casos em que existe uma relação causa-efeito entre a atividade sexual e os episódios de ITU. A mulher deve ser instruída a fazer a toma da dose recomendada até duas horas após o coito e não ultrapassar uma toma diária, independentemente da frequência da atividade sexual.

Terapêutica autoinstituída

A terapêutica autoinstituída deve ser reservada para mulheres diferenciadas, capazes de reconhecer a sintomatologia e interpretar uma tira-teste. A estas mulheres deve ser fornecido um ciclo completo de antibioterapia, preferencialmente um ciclo de três dias de quinolona. Não há necessidade de realizar urocultura, mas devem estar avisadas para consultar um médico se a sintomatologia não resolver em 48 horas.

Imunoprofilaxia

A imunoprofiláxia na infeção urinária, de forma similar a uma vacina e consiste em estimular o sistema imunitário para reagir contra uma determinada bactéria que habitualmente provoca infeção no trato urinário. O único Imuno-estimulante oral suficientemente documentado e recomendado pelas guidelines da EAU é o extrato de Escherichia coli (OM-89) – Uro-Vaxom®. A utilização deste lisado bacteriano reduz a taxa de recidivas infeciosas em 39%. Esta abordagem tem a mais-valia de não alterar a flora intestinal, nem a flora vaginal nem as taxas de resistência aos antibióticos.

Arando vermelho

Tem sido utilizado na prática, mas os estudos clínicos são contraditórios. Apesar da controvérsia, está recomendada a ingestão diária de 36 mg de proantocianidina tipo A – o principio ativo, que impede a ligação da E.coli ao urotélio.

Utilização oral ou vaginal de probióticos

A utilização oral ou vaginal de probióticos como forma de regularizar a flora vaginal, e deste modo competir com os uropatogénios, tem sido estudada mas os resultados ainda não estão validados . É aceitável a utilização das duas estirpes mais estudadas:

      • Lactobacillis rhamnosus GR-1,
      • Lactobacillis reuteri RC-14.

Estrogénios por via vaginal

A utilização de estrogénios por via vaginal tem sido advogada para mulheres pós-menopausa, pois restitui as características da vagina, permitindo a recolonização desta por lactobacilos.

Como evitar infeções urinárias?

Embora sem nível de evidência e com poucos estudos clínicos válidos, existem algumas medidas gerais que são habitualmente recomendadas:

Em resposta à publicação deste artigo algumas leitoras partilharam que conseguiram resultados extraordinários com a introdução de probióticos na alimentação ao mesmo tempo que eliminavam o excesso de açúcar e o glúten. De facto tratar bem a nossa flora intestinal (comer de forma saudável) é talvez o melhor investimento que podemos fazer na nossa saúde juntamente com o exercício físico adequado e uma boa qualidade de sono!

Concluindo

Uma infeção urinária pode ter consequências muito graves se afetar o rim. Esteja atenta aos sintomas, principalmente de dor lombar associada a febre e consulte de imediato um médico. O nosso corpo é uma “máquina extraordinária” com mecanismos que nos alertam quando algo que está errado e pode ser potencialmente perigoso ou até fatal! As dores são o melhor e mais forte exemplo desse mecanismo de defesa. Conheça melhor o seu corpo, preste atenção aos seus sinais porque quase sempre significam um pedido de ajuda para evitar a queda num “precipício” com consequências graves para a sua saúde!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Fontes:

Por favor, PARTILHE ESTE ARTIGO e ajude imensas pessoas principalmente mulheres a prevenirem e tratarem atempadamente infecções muito perigosas!

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Dor de barriga apendicite perigosa verdade



Dor de barriga apendicite (2022) e outros perigos, toda a verdade! Quais as dores mais perigosas? Quais as causas? Quais os perigos? Quais os órgãos envolvidos? Quais os sinais de alarme? A região abdominal é aquela que possui mais órgãos no nosso corpo, aumentando as probabilidades de doer devido a uma vasta quantidade de causas e doenças diferentes. A dor abdominal, chamada popularmente de dor de barriga, pode ser simplesmente fruto de uma obstipação pontual mas é muitas vezes um desafio para o médico, dada a grande quantidade de diagnósticos diferenciais possíveis.

Na maioria das vezes, a dor de barriga é uma condição de saúde benigna e autolimitada. Certamente que já teve uma dor de barriga de leve intensidade, que desapareceu sem necessidade de tratamento médico. No entanto, quando a dor abdominal é de forte intensidade ou há outros sintomas associados, como febre, vómitos, prostração ou diarreia com sangue, a avaliação de um médico é necessária.

A dor abdominal pode ser aguda ou crónica e requer, frequentemente, uma ida ao médico. Uma criança com dor abdominal é sempre motivo de preocupação para os pais, o que leva frequentemente a recorrer ao médico.

Leia também: Estas são as 7 dores que nunca deve ignorar!

Neste artigo vou tratar os seguintes temas:

  • Órgãos da região abdominal
  • Quadrantes abdominais
  • Órgãos localizados em cada quadrante
  • Patologias originam dor abdominal aguda
  • Diagnóstico da causa da dor de barriga
  • Sintomas e sinais de alarme na dor abdominal aguda
  • Caraterística da dor abdominal crónica
  • Sinais de alarme na dor abdominal crónica
  • Dor abdominal funcional
  • Crianças com dor abdominal funcional
  • Dor do lado direito do abdómen, quais as causas mais comuns?
  • Dores no centro da barriga, quais as causas mais comuns?
  • Dor no baixo ventre, quais as causas mais comuns?
  • Dores do lado esquerdo do abdómen, quais as causas mais comuns?
  • Apendicite, quais os perigos?
  • Apendicite o que é?
  • Sintomas de apendicite
  • Apendicite em bebés, crianças e adolescentes
  • Tratamento para a apendicite




Órgãos da região abdominal

Todos os órgãos que se encontram dentro da cavidade abdominal e da cavidade pélvica podem causar dor de barriga. Algumas vezes, os órgãos da cavidade torácica também podem causar dor abdominal, como é o caso do coração ou das inflamações nas bases dos pulmões.

Os órgãos dentro do abdómen que podem causar dor abdominal são:

  • Fígado,
  • Vesícula biliar,
  • Vias biliares,
  • Pâncreas,
  • Baço,
  • Estômago,
  • Rins,
  • Glândulas suprarrenais,
  • Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo),
  • Cólon (incluindo apêndice).

Orgãos abdominais melhorsaude.org melhor blog de saude

Já os órgãos dentro da pelve são:

  • Ovários,
  • Trompas,
  • Útero,
  • Bexiga,
  • Próstata,
  • Reto,
  • Sigmoide (porção final do intestino grosso).

Pelve melhorsaude.org melhor blog de saude

Quadrantes abdominais

Para tornar mais fácil a localização dos órgãos na grande cavidade abdominopélvica, os anatomistas dividiram a cavidade abdominopélvica em nove regiões, sendo definidas da seguinte forma:

  1. Região Hipocondríaca Direita
  2. Região Epigástrica
  3. Região Hipocondríaca Esquerda
  4. Região Lateral Direita
  5. Região Umbilical
  6. Região Lateral Esquerda
  7. Região Inguinal Direita
  8. Região Púbica (Hipogástrica)
  9. Região Inguinal Esquerda

Quadrantes do abdómen melhorsaude.org melhor blog de saude

Outro modo mais simples de dividir a cavidade abdominopélvica é em Quatro Quadrantes.
Esse método é frequentemente utilizado para localizar uma dor ou descrever a localização de um tumor. Os planos sagital, mediano e transversal passam através do umbigo e dividem a região abdominopélvica nos quatro quadrantes seguintes:

  • Quadrante superior direito
  • Quadrante superior esquerdo
  • Quadrante inferior direito
  • Quadrante inferior esquerdo

Quadrantes abdominais melhorsaude.org melhor blog de saude

Quadrante superior direito:

  • Lobo direito do fígado
  • Vesícula biliar
  • Piloro
  • Duodeno
  • Cabeça do pâncreas
  • Flexura hepática do cólon
  • Partes do cólon ascendente e transverso

Quadrante superior esquerdo:

  • Lobo esquerdo do fígado
  • Estômago
  • Corpo do pâncreas
  • Flexura esplénica do cólon
  • Partes do cólon transverso e descendente

Quadrante inferior direito:

  • Ceco e apêndice
  • Parte do cólon ascendente
  • Parte do ovário na mulher

Quadrante inferior esquerdo:

  • Cólon sigmoide
  • Parte do cólon descendente
  • Parte do ovário na mulher



Dor de barriga aguda 

A dor abdominal aguda é um sintoma comum em várias patologias, tais como:

  • Gastroenterite;
  • Apendicite;
  • Infeção urinária;
  • Invaginação;
  • Adenite mesentérica;
  • Obstipação;
  • Úlcera péptica;
  • Pancreatite;
  • Patologia do ovário;
  • Litíase renal (pedra no rim) ou litíase biliar (pedra na vesicula);
  • Pneumonia (quando se manifesta na base do pulmão juntamente com febre e dificuldade respiratória);
  • Etc…

Leia também: Obstipação toda a verdade!

Diagnóstico

Para facilitar o diagnóstico, deve ser feita uma história detalhada sobre a origem e evolução dos sintomas. Diversos fatores são importantes no processo de diagnóstico, a saber:

  • Idade;
  • Tipo de dor;
  • Localização da dor;
  • Duração da dor;
  • Hora do dia;
  • Presença de outros sintomas tais como:
    • Febre,
    • Náuseas,
    • Vómitos,
    • Sintomas urinários,
    • Alterações do trânsito intestinal.

Sinais de alarme na dor abdominal aguda

Na maioria das situações benignas a dor de barriga localiza-se no umbigo ou em volta deste. As crianças com dor abdominal vomitam frequentemente, mas a maioria das vezes os vómitos desaparecem rapidamente. Além da sensação de doença (sentir-se doente), alguns sinais de alarme que aconselham consulta médica são:

  • Dor localizada em outras áreas, principalmente no quadrante inferior direito do abdómen levantando a hipótese de apendicite;
  • Dor com duração superior a 24h,
  • Febre alta,
  • Palidez,
  • Sudação (suar sem razão aparente),
  • Prostração (fadiga),
  • Recusa em brincar,
  • Recusa em beber ou comer,
  • Vómitos persistentes (já amarelados/verdes ou com sangue),
  • Laivos de sangue na diarreia ou alterações na pele.

Dor abdominal crónica, sintomas

A dor abdominal crónica é um motivo muito frequente de consulta, sobretudo no sexo feminino. Os doentes geralmente têm uma sintomatologia pouco específica e na investigação dessas situações apenas em 10% se encontra uma causa orgânica, como por exemplo:

  • Doença de refluxo gastroesofágico;
  • Úlceras gástricas;
  • Gastrite;
  • Alergia alimentar;
  • Intolerância à lactose,
  • Doença inflamatória do intestino;
  • Doença celíaca;
  • Litíase biliar;
  • Pancreatite;
  • Parasitose.

Sinais de alarme na dor abdominal crónica

As seguintes condições de saúde devem ser motivo de alarme e consulta médica:

  • Dor que acorda a criança a meio da noite;
  • Dor bem localizada e longe do umbigo;
  • Vómitos persistentes (sobretudo biliosos);
  • Diarreia crónica grave;
  • Febre;
  • Perda de peso;
  • Atraso de crescimento,
  • Exantema cutâneo,
  • Dor articular;
  • Sangue nas fezes;
  • Fístula/fissura anal;
  • História familiar de doença péptica e /ou doença inflamatória do intestino;
  • Idade inferior a quatro anos.

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Dor abdominal funcional

A dor abdominal funcional caracteriza-se por ter uma causa funcional ou seja não identificada com testes laboratoriais. São diversos os factores implicados nestas queixas abdominais sendo os mais importantes os seguintes:

  • Stress psicológico;
  • Hipersensibilidade visceral;
  • Distúrbios da motilidade gastrointestinal.

Crianças com dor abdominal funcional

Crianças com sintomas funcionais têm geralmente as seguintes características pessoais:

  • Tímidas,
  • Ansiosas,
  • Perfeccionistas,
  • Interiorizam muito os seus problemas.

Estas crianças têm episódios curtos de dor abdominal periumbilical (na zona do umbigo) que não se relacionam temporalmente com a ingestão de alimentos, defecação ou exercício. Por vezes têm algumas características e sintomas associados a saber:

  • Cefaleias,
  • Fadiga,
  • Dores no corpo,
  • Mantêm o apetite e um bom desenvolvimento de peso e estatura;
  • O seu exame físico e os exames complementares não revelam alterações;
  • Muitas vezes há história familiar de enxaqueca ou de dor abdominal recorrente.

A aceitação por parte dos pais e pela criança da possibilidade de existir uma causa biopsicológica para a doença é um fator importante para a resolução dos sintomas.

Causas da dor do lado direito do abdómen

As dores de barriga no lado direito podem ser dividas em dores no quadrante superior direito e quadrante inferior direito.

Quadrante superior direito do abdómen

As principais causas de dor neste quadrante são:

  • Causadas pelo fígado e pela vesícula, com destaque para a cólica biliar, provocada por pedra na vesícula ou colecistite.
  • Inflamações do fígado, como nos casos de hepatite viral, também podem causar dor nesta região.
  • Lesões na porção inferior do pulmão direito podem ser uma causa de dor abdominal à direita sem origem no abdômen.

Quadrante inferior direito do abdómen

Neste quadrante as causas intestinais são as mais prevalentes, com destaque para:

  • Apendicite;
  • Nas mulheres, problemas no ovário, como a presença de um quisto, também são muito comuns;
  • Uma gravidez ectópica na trompa direita;
  • Problemas no testículo;
  • Cálculo renal que tenha migrado para a região inferior do ureter podem manifestar-se com dor no quadrante inferior do abdômen (esquerdo ou direito);
  • Dor de origem muscular deve ser pensada, caso o paciente tenha feito esforço excessivo recentemente.

Dor no centro da barriga

A dor no centro da barriga, também chamada  dor na boca do estômago, é geralmente provocada por problemas estomacais. A gastrite ou a úlcera péptica são as causas mais comuns. Problemas do pâncreas, como a pancreatite, costumam causar intensa dor de barriga em toda a parte superior, podendo irradiar para as costas.  Tanto os problemas do estômago como os do pâncreas podem causar uma dor descrita como dor no fundo da barriga.

Dor de origem muscular também pode afectar esta região.

O infarte agudo do miocárdio, em alguns casos, pode irradiar para a região central do abdômen, podendo ser confundido inicialmente com algum problema de estômago.

Dor no baixo ventre

Dores abdominais que se localizam no chamado de baixo ventre ou região hipogástrica, são geralmente provocadas por:

  • Bexiga ou útero, este último, obviamente, só no caso das mulheres.
  • Infeção urinária (cistite) e cólica menstrual são as causas mais comuns.
  • Quadros diarreicos, como gastroenterite viral ou intoxicação alimentar também podem causar dor nesta região, mas geralmente são mais dispersos por todo o abdómen.
  • Gravidez não costuma causar dor, apenas uma sensação de peso. Porém, em caso de aborto, podem haver cólicas intensas.

Dor no lado esquerdo do abdómen

Assim como do lado direito, as dores de barriga no lado esquerdo podem ser dividas em dores no quadrante superior  e quadrante inferior.

Quadrante superior esquerdo

As dores mais comuns neste quadrante têm as seguintes origens:

  • Musculares;
  • Estômago;
  • Raramente, o baço, órgão localizado abaixo das costelas do lado esquerdo do abdómen;
  • Dor epigástrica;
  • Enfarte também pode causar dor no quadrante superior esquerdo da barriga.
  • Problemas na base do pulmão esquerdo também podem ser a causa.

Região central e inferior do abdómen esquerdo

Os problemas intestinais costumam ser as principais causas:

  • Gastroenterites,
  • Diverticulite.

Nas mulheres com dor no quadrante inferior esquerdo, problemas nos ovários e uma possível gravidez ectópica devem sempre ser lembrados.

Apendicite, quais os perigos?

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Para uma localização e diagnóstico mais adequado da causa da dor abdominal, divide-se o abdómen em 4 quadrantes, conforme descrito na imagem seguinte:

Quadrantes do abdómen melhorsaude.org melhor blog de saude

Apendicite

A apendicite é uma doença comum causada pela infeção do apêndice. Afeta cerca de 7% da população, o que a torna uma das principais emergências médicas em todo o mundo. A apendicite geralmente surge entre os 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser rara nas crianças com menos de 2 anos.

Apêndice o que é? Onde se localiza?

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Localização do apêndice e órgãos próximos

O apêndice é um órgão com tamanho e localização variáveis, e a sua proximidade com outros órgãos da pelve e do abdómen podem fazer com que os sintomas de apendicite sejam parecidos com os de outras doenças, tais como, diverticulite, torção do ovário, gravidez ectópica, cálculos renais e outros problemas do abdómen ou da pélvis.

Apendice melhorsaude.org melhor blog de saude
Localização do #apêndice

Sintomas da apendicite

O sintomas da apendicite nem sempre se manifestam do lado direito do abdómen. Assim de seguida descrevo os diversos cenários de sintomatologia associada à apendicite.

Dor abdominal típica:

  • A dor típica começa de forma difusa junto ao umbigo e no espaço de 24 horas migra para o quadrante inferior direito do abdómen;
  • Tipicamente existe dor à palpação do abdómen que se torna muito mais intensa quando se retira de repente a mão que executa a palpação ( sinal de Blumberg )

Dor abdominal atípica:

  • Em cerca de 15% das pessoas o apêndice localiza-se mais posteriormente, fazendo com que o local da dor da apendicite seja diferente. Neste caso o paciente pode queixar-se de dor lombar  à direita, dor no quadrante superior direito ou dor em todo o flanco direito.
  • Há também aqueles pacientes com apêndices mais baixos, cuja ponta se estende até a região da pelve. Nestes casos, a dor pode ser na virilha à direita, no ânus ou na região púbica. Evacuar ou urinar podem provocar exacerbações da dor.

Dor abdominal do lado esquerdo:

  • Apesar de raro, não é impossível que o paciente com apendicite tenha dor do lado esquerdo do abdómen, caso o apêndice seja mais comprido que o habitual e se estenda até o lado esquerdo da cavidade abdominal. Porém, apendicite não deve ser a primeira hipótese diagnóstica nos pacientes com dor abdominal no lado esquerdo, exceto nos raros casos de situs inversus (condição rara na qual os pacientes apresentam órgãos do tórax e abdómen em posição oposta à habitualmente esperada).
  • Endurecimento da parede do abdómen
  • Enjoos ( em 90% dos casos )
  • Vómitos ( em 90% dos casos )
  • Perda do apetite ( em 90% dos casos )
  • Febre
    • A febre é geralmente baixa. Só existe febre alta quando há perfuração do apêndice e extravasamento de material fecal dos intestinos para dentro da cavidade abdominal, o que gera uma intensa reação inflamatória e grave infeção.
  • Diarreia
  • Prisão de ventre
  • Distensão abdominal
  • Leucocitose (aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos no hemograma). Mais de 80% dos pacientes com apendicite aguda apresentam leucocitose no exame de hemograma. Quanto mais intensa é a leucocitose, em geral, mais extenso é o processo inflamatório.

Nem todos os sinais e sintomas listados acima estão necessariamente presentes nos pacientes com apendicite aguda. Alguns, tais como diarreia, prisão de ventre ou distensão abdominal, ocorrem em menos da metade dos casos.

Tipicamente os três sintomas associados mais comuns num quadro de apendicite são a dor abdominal, os vómitos e perda do apetite.

Sintomas em bebés, crianças e adolescentes 

O quadro clínico da apendicite em adolescentes é basicamente o mesmo dos adultos. Já nas crianças com menos de 12 anos, os sintomas podem ser um pouco diferentes.

Crianças entre 5 e os 12 anos (sintomas)

Assim como nos adultos, a dor de barriga e os vómitos são os sintomas mais comuns nas crianças em idade escolar, embora a característica migração da dor da região peri umbilical para o quadrante inferior direito possa não ocorrer.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor no quadrante inferior direito do abdómen – 82%
  • Náuseas – 79%
  • Perda do apetite – 75%
  • Vómitos – 66%
  • Febre – 47%
  • Diarreia- 16%

Crianças de 1 a 5 anos de idade

A apendicite é incomum em crianças com menos de 5 anos. Febre, vómitos, dor abdominal difusa e rigidez abdominal são os sintomas predominantes, embora irritabilidade, respiração ruidosa, dificuldade para andar e queixas de dor na região direita do quadril também possam estar presentes.

A típica migração da dor para o quadrante inferior direito do abdómen ocorre em menos do que 50% dos casos. Diarreia e febre, todavia, são bem mais comuns que nos adultos. As crianças pequenas costumam apresentar febre baixa (ao redor de 37,8ºC) e ruborização das bochechas.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Dor abdominal – 94%
  • Febre – 90%
  • Vômitos – 83%
  • Dor à descompressão – 81%
  • Perda do apetite – 74%
  • Rigidez abdominal – 72%
  • Diarreia- 46%
  • A distensão abdominal – 35%

Bebés ou crianças com menos de 1 ano

Se a apendicite em crianças com menos de 5 anos é incomum, a apendicite em recém-nascidos e no primeiro ano de vida é ainda mais rara. A baixa frequência de apendicite nesta faixa etária deve-se provavelmente ao formato mais afunilado e menos propenso à obstrução do apêndice, em oposição ao formato mais tubular do órgão nos adultos e crianças mais velhas.

Apesar de rara, infelizmente, a mortalidade neonatal de apendicite é de quase 30%, pois o diagnóstico precoce é muito difícil, já que o quadro clínico costuma ser muito atípico. A distensão abdominal é mais comum que a própria dor abdominal, provavelmente porque os bebés não conseguem comunicar adequadamente.

A frequência dos sinais e sintomas da apendicite nesta faixa etária é a seguinte:

  • Distensão abdominal – 75%
  • Vómitos – 42%
  • Perda do apetite – 40%
  • Dor abdominal – 38%
  • Febre – 33%
  • Inflamação da parede abdominal – 24%
  • Irritabilidade ou letargia – 24%
  • Dificuldade respiratória – 15%
  • Massa abdominal – 12%
  • Sangramento nas fezes – 10%

Tratamento para a apendicite

O tratamento é, naturalmente, cirúrgico com retirada do apêndice inflamado.

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Procedimento usa técnicas de Laparoscopia interna mas também de cirurgia tradicional

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Concluindo

O nosso corpo é uma “máquina extraordinária” com mecanismos que nos alertam quando algo está errado e pode vir a ser potencialmente perigoso e ás vezes fatal! As dores são o melhor e mais forte exemplo desse mecanismo de defesa. Conheça melhor o seu corpo, preste atenção aos seus sinais porque quase sempre significam um pedido de ajuda para evitar a queda num “precipício” com consequências graves para a sua saúde!

Fique bem!

Franklim Fernandes

Referências:  

  • Dr. Houman Danesh, do Hospital Mt. Sinai, em Nova Iorque;
  • Dr. Pedro Pinheiro, especialista em Medicina Interna e Nefrologista. Títulos reconhecidos pela Universidade do Porto e pelo Colégio Português de Nefrologia.

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AZIA ENFARTAMENTO REFLUXO INDIGESTÃO TODA A VERDADE!

Azia refluxo pirose enfartamento gases são problemas digestivos muito comuns principalmente em épocas festivas! Quais as causas, sinais e perigos? Que medicamentos podem piorar os sintomas? Qual o melhor tratamento e como conseguir rápido alívio dos sintomas? Como recuperar dos excessos das épocas especiais como Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversários, festas e férias?

Leia também: Álcool e ressaca… esta é a melhor forma de evitar e recuperar!

Neste artigo vou tratar os seguintes temas:

    • Digestão o que é?
    • Quanto tempo demora a digestão?
    • Má digestão ou dispépsia.
    • Dispepsia sintomas, causas, prevenção e diagnóstico.
    • Qual a anatomia do estômago?
    • Azia ou pirose: O que é?
    • Quais os sintomas?
    • Refluxo gastroesofágico: O que é?
    • Qual a anatomia do estômago?
    • Qual a causa da azia?
    • Que medicamentos podem provocar azia?
    • Quais os anti-inflamatórios menos agressivos para o estômago?
    • Anti-inflamatórios de última geração: Serão uma boa alternativa?
    • Ansiolíticos e contraceptivos orais podem provocar refluxo?
    • Idade e azia ou refluxo: Qual a relação?
    • Gravidez e azia ou refluxo: O que acontece nessa fase?
    • O que pode tomar uma grávida para a azia?
    • Que factores agravam a azia e refluxo?
    • Que alimentos agravam a azia e refluxo?
    • Quais os sinais de alarme para pedir apoio médico urgente?
    • Como melhorar a azia e refluxo?
    • Quais os medicamentos mais utilizados para a azia e refluxo
    • Quais os efeitos secundários e interacções mais frequentes dos antiácidos?

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Digestão

O que acontece durante a digestão? O sistema digestivo para levar a cabo, com sucesso, o processo de digestão total dos alimentos, é composto pelas seguintes quatro etapas essenciais:

  • Mastigação – acontece na boca e reduz os alimentos a um bolo alimentar pela ação mecânica de mastigar e também pela ação enzimática da saliva;
  • Processamento químico e enzimático – acontece principalmente no estômago com pela ação do ácido clorídrico e da enzima pepsina, entre outras; Esta é a etapa mais importante na digestão das proteinas;
  • Processamento no intestino delgado – absorve macromoléculas e nutrientes para a corrente sanguinea;
  • Fermentação e remoção da água – acontece no cólon (intestino grosso);

As substâncias simples da nossa alimentação, como a água, os sais minerais e as vitaminas (excepto a vitamina B12), são absorvidas ao longo do tubo digestivo sem sofrerem transformações. No entanto, as macromoléculas, como proteínas, gorduras e hidratos de carbono, têm de ser transformadas em moléculas pequenas e menos complexas para serem absorvidas, assim:

  • Proteínas são desdobradas em polipéptidos, péptidos e aminoácidos;
  • Hidratos de carbono são transformados em açúcares simples (monossacarídeos) como a glicose, a frutose e a galactose, entre outros;
  • Gorduras são parcialmente separadas em ácidos gordos e glicerinas.

Quanto tempo demora a digestão?

O tempo de digestão difere de pessoa para pessoa e entre os sexos. Após comermos, os alimentos demoram cerca de seis a oito horas até passarem do estômago para o intestino delgado.

De seguida, passam ao intestino grosso (cólon), dando-se a absorção de água e finalmente o excedente é eliminado nas fezes.

Local do sistema digestivoFunção primáriaTempo que ficam os alimentos a digerir
BocaDigestão mecânica e química1 minuto
EsófagoTransportar os alimentos depois de deglutidos3 segundos
EstômagoDigestão mecânica e química2 a 4 horas
Intestino delgadoDigestão mecânica e química3 a 5 horas
Intestino grossoAbsorção de água> 10 horas

Em geral os alimentos demoram cerca de 24 a 72 horas desde o momento em que são mastigados até serem eliminados nas fezes os resíduos que o nosso organismo não conseguiu utilizar.

Se estiver mais de 72 horas sem defecar isso é um sintoma de obstipação que pode ser perigoso!

Leia também: Estes são os perigos da obstipação, toda a verdade!

Má digestão ou dispépsia

Os sintomas de má digestão ou dispepsia são muitas vezes recorrentes e normalmente dividem-se em dois grupos:

  • Sensação de dor, ardor ou desconforto na região do estômago ou parte superior do abdómen;
  • Dificuldade em digerir os alimentos, seja por uma saciedade precoce ou por sensação de enfartamento após as refeições.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a dispepsia é mais frequente nos países com um estilo de vida ocidentalizado, afetando cerca de 20 a 40% da população.

Leia também: Gases arrotos barriga inchada e perigos ocultos, toda a verdade!

Causas

A dispepsia ou indigestão é muito comum e afeta pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. No entanto, existem hábitos e condições de saúde que fazem aumentar os riscos, tais como:

  • Comer em excesso e demasiado depressa, sobretudo alimentos ricos em gordura;
  • Consumir bebidas alcoólicas em excesso;
  • Ser fumador;
  • Consumir fármacos que irritem o estômago como a aspirina e anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno ou diclofenac;
  • Ter uma úlcera ou qualquer outra doença do sistema digestivo;
  • Estar sujeito a stress emocional, ansiedade ou depressão.

Prevenção

 

Diagnóstico

Existem diversos exames de diagnóstico que podem despistar a dispepsia. Uma vez que os sintomas são idênticos para as formas orgânicas e funcionais desta doença, a endoscopia digestiva alta é o exame mais importante para a obtenção de um diagnóstico.

Consiste na observação direta do revestimento interno do esófago, estômago e duodeno. Complementarmente deve realizar-se uma pesquisa pela infeção por Helicobacter pylori através de uma biópsia.

As análises sanguíneas e a ecografia abdominal são outro instrumento de diagnóstico, de modo a avaliar a saúde dos órgãos anexos ao estômago, como o pâncreas, fígado, vesícula e vias biliares.

Estômago qual a anatomia?

O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado abaixo do diafragma, acima do pâncreas, entre o esôfago e o duodeno. No estômago, os alimentos são pré-digeridos e esterilizados, seguindo para o intestino, onde são absorvidos.

Em humanos, o estômago tem um volume de cerca de 50 ml (mililitros) quando vazio. Depois de uma refeição, geralmente expande-se para suportar cerca de 1 litro de comida, mas pode expandir-se até 4 litros.

O estômago apresenta duas comunicações:

  • Uma superior chamada cárdia, que o comunica ao esôfago
  • Outra inferior, chamada piloro, que o comunica ao intestino delgado.

O estômago tem duas classificações, uma cirúrgica e outr anatómica.

Na classificação cirúrgica é subdividido em:

  • Cárdia,
  • Fundo,
  • Corpo,
  • Antro,
  • Piloro,
  • Curvatura menor,
  • Curvatura maior,
  • Face anterior,
  • Face posterior.

Na sua classificação anatómica o estômago é dividido em:

  • Porção vertical chamada trituradora,
  • Porção horizontal chamada evacuadora.

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Função

O estômago tem uma função essencial na digestão dos alimentos. No seu interior situam-se as glândulas gástricas que produzem o suco gástrico.  As células da parede do estômago estão protegidas contra a forte acidez do suco gástrico, porque produzem e libertam um muco que forma uma espessa camada protetora.

No estômago, o suco gástrico é misturado com os alimentos a digerir, através dos movimentos peristálticos, e o bolo alimentar é transformado em quimo. O suco gástrico é muito rico em enzimas digestivas com particular destaque para a pepsina que é responsável pela digestão das proteínas. Assim é aqui que se incia o processo de digestão das proteínas considerado um dos mais importantes mecanismos para o bom funcionamento do nosso corpo.

Proteção contra bactérias, vírus e fungos

A forte acidez do estômago também serve de barreira protetora contra a entrada de microrganismos patogénicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas pois dificilmente algum consegue escapar com vida até ao intestino!

O adjetivo gástrico refere-se ao estômago. Assim, a retirada cirúrgica do estômago ou parte dele chama-se gastrectomia. A colocação de tubos no estômago através do abdômen chama-se gastrostomia. A modificação do estômago chama-se gastroplastia.

Helicobacter pylori

Apesar dos ácidos presentes no estômago nos manterem protegidos contra os principais agentes infeciosos, existem muitos estudos que apontam para que a bactéria Helicobacter pylori seja responsável pela maioria dos casos de gastrite crónica, úlceras gástricas e cancro do estômago (nos casos de adenocarcinoma e linfoma MALT – tipo específico de linfoma da mucosa do estômago).

Azia ou Pirose e refluxo

A azia ou pirose manifesta-se por uma sensação de ardor na parte posterior do esterno e que se estende desde a parte superior do estômago até à boca podendo haver refluxo ou regurgitação com sabor ácido ou amargo.

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Sintomas mais comuns

A azia manifesta-se das seguintes formas:

  • Ardor incómodo na linha média da parte superior do estômago (epigastro) e que se pode estender para a parte posterior do esterno.
  • O ardor pode sentir-se apenas na parte do esterno mas pode também sentir-se na garganta, provocando um sabor amargo na boca.
  • Pode haver dor.

Causas da Azia

Os sintomas da azia são causados pelos conteúdos do refluxo esofágico, de natureza ácida, no esófago, que irritam a superfície sensível da mucosa. Trata-se de um problema de saúde que não causa transtorno em pessoas saudáveis, salvo se a sua frequência e intensidade aumentar. Poderá, no entanto, em alguns casos, ser sinal de problemas de saúde mais sérios.

Uma das causas mais comuns da irritação esofágica é a própria doença de refluxo esofágico devida a deficiências do esfíncter esofágico inferior. Também a hérnia do hiato pode provo­car acidez resultado de parte do estômago escapar pelo diafragma, embora não se manifestem sintomas em todos os doentes.

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Medicamentos que podem provocar azia

Alguns medicamentos podem provocar irritação gastro esofágica, a saber:

  • Ácido acetil salicílico (AAS) – Ex. Aspirina®
  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINE), tais como, Brufen® (ibuprofeno), Voltaren® (diclofenac), Nimed® (nimesulide), Naprosyn® (naproxeno). Profenid® (cetoprofeno), piroxicam,
  • Diazepam (Valium®)
  • Alprazolam (Xanax®)
  • Contraceptivos orais
  • Alendronato, utilizado na osteoporose
  • Corticoides, utilizados no combate à inflamação
  • Antagonistas do canais de cálcio, utilizados em algumas doenças cardiovasculares
  • Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, utilizados como antidepressivos
  • Clopidogrel, utilizado para evitar a formação de coágulos em doentes de risco ou com doença cardiovascular
  • Digoxina, utilizada como cardiotónico no tratamento da insuficiência cardiaca e taquicardia
  • Teofilina, utilizada como broncodilatador
  • Eritromicina é um antibiótico
  • Tetraciclinas é uma classe de antibióticos
  • Suplementos de ferro, utilizados, por exemplo, no tratamento de muitas anemia
  • Potássio

Anti-inflamatórios menos agressivos

Praticamente todos os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) clássicos referem como reações adversas pro­blemas de irritação gástrica que podem manifestar-se também quando a administração é parenteral ou retal. O ibuprofeno (Brufen®) e o diclofenac (Voltaren®) parecem ter menor risco de toxicidade gástrica, situando-se numa posição intermédia o naproxeno e o AAS e, com maior risco o piroxicam, o cetoprofeno, entre outros.

Anti-inflamatórios de última geração

Existe uma classe de anti-inflamatórios mais recente, Os anti-inflamatórios não esteroides inibidores seletivos da ciclo-oxigenase-2 (Coxibes) são fármacos utilizados no tratamento da dor e inflamação crónica, principalmente em patologias de origem musculoesquelética, como:

    • Artrite reumatoide,
    • Osteoartrose,
    • Espondilite anquilosante.

Os Coxibes mais prescritos são os seguintes:

  • Celecoxib (Celebrex®, Solexa®))
  • Etoricoxib (Arcoxia®, Exxiv®)

Os Coxibes têm como objetivo a inibição seletiva de uma das isoformas da enzima ciclo-oxigenase, a COX-2, que regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Existe evidência clínicas de que os Coxibes podem também atuar na prevenção de cancros e na doença de Alzheimer, devido à indução da COX-2 em diversos tecidos.

Os Coxibes possuem eficácia terapêutica semelhante aos anti-inflamatórios não esteróides clássicos, no entanto, demonstram uma diminuição significativa dos efeitos adversos gastrointestinais, característicos dessa classe. Contudo, só após a sua comercialização foi possível observar o aumento do risco cardiovascular associado ao tratamento com Coxibes. A análise do estudo VIGOR levantou as primeiras dúvidas, mas foram os resultados do estudo APPROVe que desencadearam a retirada voluntária do Vioxx® em setembro de 2004, seguindo-se a retirada de mais dois fármacos desta classe.

A publicação de diversos ensaios clínicos evidenciam o aumento generalizado do risco cardiovascular, que inclui aumento do risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, sendo que estes efeitos adversos agravam-se em doentes com antecedentes de risco cardiovascular.

Na sequência destes resultados, as entidades internacionais, FDA e EMA, emitiram advertências de utilização dos Coxibes, devendo estes ser prescritos na menor dose eficaz, durante o mais curto intervalo de tempo, a fim de evitar o riso associado ao tratamento prolongado. Torna-se assim premente a avaliação dos benefícios gastrointestinais e dos riscos cardiovasculares dos Coxibes, de modo a aferir a segurança da sua utilização

Ansiolíticos contracetivos e alendronato

Os ansiolíticos diazepam (Valium®) e alprazolam (Xanax®), os contracetivos orais (pílula contracetiva) e o alendronato, utilizado para tratar a osteoporose, podem provocar o relaxamento do esfíncter do esófago facilitando o refluxo do ácido do estômago para o esófago e provocar irritação da mucosa do esófago.

Entre alguns outros medicamentos que se relacionam com a toxicidade gástrica podemos referir os seguintes dos quais refiro entre parêntesis a utilização terapêutica:

    • Corticoides (inflamação e alergias);
    • Antagonistas dos canais de cálcio (hipertensão);
    • Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (antidepressivos);
    • Clopidogrel (anticoagulante);
    • Suplementos de ferro (anemia);
    • Digoxina (insuficiência cardíaca);
    • Teofilina (asma);
    • Eritromicina (infeções);
    • Tetraciclinas (infeções);
    • Potássio (acne, prisão de ventre, cãibras, fraqueza muscular).

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Idade e aparecimento de azia

Os sintomas de refluxo esofágico ocorrem mais frequentemente em doentes de idade superior a 55 anos. A azia não ocorre normalmente em crianças, embora possa ocorrer em adultos jovens e particularmente em grávidas.

Azia na gravidez

Estes são alguns dos sintomas típicos durante a gravidez :

  • Dor por trás da costelas e ruídos estomacais
  • Estômago pesado, dilatado e desconfortável depois de comer
  • Cãibras estomacais, arrotos e libertação de gases (flatulência)
  • Sensação de ardor no peito ou na garganta depois de comer
  • Sensação de mal-estar a acumulação de gases
  • Fluido quente, ácido ou salgado, no fundo da garganta e dificuldade em engolir.

Sintomas de azia na gravidez

Muitas mulheres sofrem pela primeira vez de azia durante a gravidez. Na verdade, entre 40% a 80% das mulheres grávidas sofrem de azia. E não é difícil perceber porquê – o seu corpo está a sofrer muitas alterações hormonais e físicas.

Durante a gravidez, o seu corpo produz uma hormona, a progesterona, que torna a digestão mais lenta e relaxa a válvula muscular entre o esófago e o estômago, aumentando o risco de refluxo ácido. Em resultado, existe um maior risco de passagem dos ácidos estomacais para o esófago, provocando uma sensação de ardor no peito e na garganta. À medida que o feto cresce, a pressão no estômago aumenta, forçando a entrada dos ácidos estomacais no esófago e causando refluxo gastroesofágico.

Estes sintomas têm mais tendência a ocorrer depois das refeições e quando a mulher se dobra ou deita, mas depois do parto a pressão no estômago desaparece, tal como os sintomas associados.

Grávida com azia como tratar?

Os comprimidos mastigáveis ou pastilhas que associam carbonato de cálcio 680 mg e carbonato de magnésio 80 mg (Ex. Rennie®), são adequadas para o alívio dos sintomas relacionados com a produção de ácidos gástricos durante a gravidez e a amamentação, uma vez que os seus ingredientes (cálcio e magnésio) existem naturalmente no organismo e nos alimentos, desde que sejam cumpridas as indicações de toma e evitada a ingestão prolongada de dosagens elevadas.

A dose habitual é 1 ou 2 pastilhas, até 3 vezes ao dia (de preferência 1 hora após as refeições e antes de deitar). No caso de azia ou dor de estômago mais intensa, pode aumentar a dose até ao máximo 8 vezes por dia.

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Fatores que agravam a azia

Os fatores que agravam a doença podem ajudar a avaliar o pro­blema. Na azia pode haver agravamento com:

    • Aumento de peso,
    • Quando o do­ente está na posição horizontal,
    • Quando o doente faz uma refeição abundante.

Alimentos que agravam a azia

Identificar os alimentos que possam provocar a acidez é de extrema importância para melhorar os sintomas, a saber:

  • Café ou bebi­das com cafeína,
  • Bebidas alcoólicas,
  • Refrigerantes com gás,
  • Comidas muito gordu­rosas
  • Comidas temperadas,
  • Chocolate,
  • Menta,
  • Citrinos,
  • Derivados do tomate.

Sinais de alarme para apoio médico urgente

    • Idade inferior a 6 anos
    • Idade superior a 75 anos
    • Sintomas presentes durante mais de 3 meses num ano
    • Sangue nas fezes
    • Perda de mais de 10% da massa corporal
    • Icterícia
    • Náuseas e vómitos persistentes
    • História prévia de ulcera péptica
    • Causa psicológica ou psiquiátrica ( Ex: ansiedade)
    • História familiar de cancro gastroesofágico
    • Cirurgia prévia a cancro gástrico
    • Consumo crónico de álcool
    • Tabagismo
    • Por vezes a dor surge repentinamente ou de modo muito severo podendo irradiar para as costas e braços. Nesta situação a dor pode mimetizar um enfarte o que exige um urgente encaminhamento médico. Alguns doentes que pensam estar a ter um problema de azia/acidez podem estar a ter, na verdade, um ataque cardíaco.
    • Pode haver dificuldade de deglutição e por vezes há regurgitação devido a obs­trução do esófago o que pode pressupor um cancro.
    • Crianças com sintomas de azia
    • O au­mento da frequência e da intensidade
    • Ineficácia após 7 dias de tratamento

Tratar a azia mas como?

Existem diversas medidas e atitudes que podem ajudar a evitar ou melhorar os sintomas de azia, a saber:

  • Evitar o excesso de peso.
  • Evitar comidas abundantes.
  • Comer em pequenas quantidades.
  • Coma com tempo e mastigue os alimentos devagar.
  • Sente-se direito quando comer e não coma no sofá.
  • Não coma tarde, nem “à pressa”.
  • Tentar comer 2 a 3 horas antes de se deitar.
  • Identificar e evitar os alimentos que possam provocar a acidez, tais como o café ou bebi­das com cafeína, bebidas alcoólicas, refrigerantes com gás, comidas muito gordu­rosas ou temperadas, chocolate e menta, citrinos e derivados do tomate.
  • Não fumar ou pelo menos reduzir a frequência.
  • Evitar roupa ajustada ou cintos apertados.
  • Evitar exercício intenso, se este piorar a azia.
  • Se tem tendência a sintomas noturnos, deverá erguer-se ligeiramente com a ajuda de algumas almofadas

Medicamentos para tratar azia

Existem diversas classes de medicamentos que podem ser utilizados para tratar os sintomas e efeitos prejudiciais da azia e refluxo do ácido gástrico. As principais são as seguintes:

  • Alginatos (ex: alginato de sódio);
  • Antiácidos clássicos (ex: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio fosfato de alumínio, Magaldrato);
  • Inibidores da bomba de protões (ex: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol).

Alginatos em associação com antiácidos

  • Alginato de sódio 250 mg + bicarbonato de sódio 133,5 mg + carbonato de cálcio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 2 a 4 comprimidos até 4Xdia (Gaviscon®)
  • Alginato de sódio 500 mg + bicarbonato de sódio 267 mg + carbonato de cálcio 160 mg/10 mg, saquetas, 1 a 2 saquetas 4x/dia (Gaviscon Duefet®)

Alívio rápido dos sintomas

Como atuam estas associações de alginatos com antiácidos?

Estas associações funcionam de duas maneiras para aliviar de forma eficaz os sintomas de azia e indigestão:

1) O alginato de sódio começa por formar uma camada espessa no topo dos conteúdos do estômago, assim que entra em contacto com os ácidos do estômago. Esta camada funciona como uma forte barreira física e ajuda a manter os conteúdos do estômago no interior do estômago, onde pertencem, e não no esófago, onde são prejudiciais.

2) A associação de antiácidos (carbonato de cálcio com bicarbonato de sódio) neutraliza o ácido gástrico, proporcionando alívio rápido da indigestão e da azia.

Vídeos demonstrativos:

Azia video melhorsaude.org melhor blog de saúde

Antiácidos

  • Carbonato de dihidróxido de alumínio e sódio 340 mg, pastilhas, 1-2 comp. 4xdia. (Kompensan®)
  • Hidróxido de alumínio 240 mg, comprimidos mastigáveis, 1-4 comp. 4Xdia.
  • Carbonato de cálcio 680 mg, carbonato de magnésio 80 mg, comprimidos mastigáveis, 1-2 comp. até máx. 8Xdia (Rennie®)
  • Hidróxido de alumínio 200 mg, hidróxido de magnésio 200 mg, dimeticone 26,25 mg, comprimidos mastigáveis, 2-4 comp. 4Xdia.
  • Fosfato de alumínio, 12,38 g de gel de fosfato de alumínio a 20%, saquetas, 1-2 saq. 3Xdia.
  • Magaldrato 800 mg, comprimidos/saquetas, 1 comp./saq. 3Xdia.
  • Hidróxido de magnésio, 83mg/ml, suspensão, 5-15mI3Xdia.
  • Bicarbonato de sódio 2081.8 mg, comprimidos efervescentes, 2 comp. até 4Xdia.

Magnésio e Alumínio

Os antiácidos compostos por sais de alumínio e de magnésio em associação podem parecer ideais, pois um componente completa o outro. O hidróxido de alumínio dissolve-se lentamente no estômago causando um alívio prolongado. Já os sais de magnésio agem rapidamente, neutralizando os ácidos com eficácia. Os fármacos que contêm ambos os componentes causam alívio rápido e prolongado.

Carbonato de cálcio

Este foi o principal antiácido durante muito tempo. Atua rapidamente, neutralizando os ácidos por um tempo significativo. Outro ponto positivo, é que esta é uma fonte económica de cálcio. No entanto corre-se o risco de sobredosagem deste mineral, uma vez que a quantidade máxima diária não deve superar 2000 mg,

Bicarbonato de sódio

Este foi utilizado durante décadas como neutralizante da acidez. É uma ótima solução, a curto prazo, para a má digestão. Contudo, seu uso exagerado pode provocar quebra do equilíbrio ácido-base do organismo, resultando em uma alcalose metabólica. Além disso a sua concentração de sódio também pode levar a problemas em indivíduos com insuficiência cardíaca e hipertensão.

Os sais de magnésio têm ainda efeito laxante, enquanto os sais de alumínio são obstipantes; sendo assim, é comum encontrar associações entre ambos os fármacos, visando minimizar estes efeitos colaterais.

Inibidores da Bomba de protões

Os inibidores da bomba de protões (IBPs) reduzem a produção de ácido pela diminuição da atividade da bomba de protões no estômago. Isso acontece porque um dos componentes vitais do ácido, o hidrogénio, já não pode ser produzido.

Os IBPs proporcionam um alívio prolongado, no entanto o início de ação demora algum tempo. Algumas pessoas continuam a ter sintomas de azia e indigestão, mesmo a tomar IBPs. No entanto, os alginatos, como Gaviscon®, podem ser tomados em simultâneo com os IBPs para ajudar a aliviar os sintomas.

São exemplos de IBPs os seguintes:

  • Omeprazol 10 e 20 mg,
  • Lansoprazol 15 e 30 mg,
  • Pantoprazol 20 e 40 mg
  • Esomeprazol 20 e 40 mg

Os inibidores da bomba de protões são geralmente tomados 1xdia, de manhã em jejum.

Leia também: Estes são os efeitos secundários graves dos IBPs como o omeprazol, toda a verdade!

Efeitos adversos e interações 

Os principais efeitos adversos e interações da terapêutica farmacológica para a azia, com antiácidos, são os seguintes:

    • Alergia
    • Obstipação
    • Redução da absorção de alguns antibióticos tais como as tetraciclinas, quinolonas (por exemplo, ciprofloxacina, ofloxacina e levofloxacina) e cefalosporinas. Estas reduções de absorção podem atingir os 90% e são devidas à formação de quelatos insolúveis entre os medicamentos e os iões de alumínio
    • A ação de glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a levotiroxina, e o eltrombopag (Revolade®), pode ser afetada se tomar antiácidos ao mesmo tempo. É conveniente fazer um intervalo de 1-2 horas entre a toma do antiácido e a toma de outro medicamento.

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Concluindo

A azia é um sintoma comum e na maioria das vezes é transitório. As medidas não farmacológicas podem ser efetivas no tratamento da azia. Os antiácidos de ação rápida são a primeira opção. A dor provocada pela azia pode ser confundida com um ataque cardíaco mas também pode mascarar um enfarte a decorrer, pelo que deve sempre, por precaução, procurar apoio médico urgente. Nas grávidas a azia é frequente e transitória desaparecendo em regra após a gravidez. A azia deve sempre ser tratada porque se trata de ácido do estômago que escapa para o esófago e “queima” deixando lesões locais que se forem frequentes podem degenerar para doença grave!

Fique bem!

Franklim Moura Fernandes

Referências

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