A RINITE ALÉRGICA PODE PROVOCAR ASMA?

RINITE ALÉRGICA E ASMA

O que é a rinite?

A rinite é uma inflamação crónica da mucosa nasal com presença de um número aumentado de células inflamatórias, das quais as mais importantes são linfócitos, eosinófilos e mastócitos.

Qual o mecanismo bioimunológico da rinite?

A entrada na mucosa nasal de alergénios que se ligam ás IgE de superficie de mastócitos da mucosa nasal, induz a desgranulação destes mastócitos com libertação de mediadores inflamatórios como a histamina e os leucotrienos, entre outros, que vão induzir:

  • Obstrução nasal devido à vasodilatação que vai provocar o edema da mucosa dos cornetos nasais;
  • Rinorreia aquosa ou serosa devido ao aumento da permeabilidade nasal com exsudação plamática;
  • Prurido (comichão) nasal, ocular, palatino, orofaríngeo e até otológicos (ouvidos) e esternutos ( frequentemente salvas de 5 a 20 espirros seguidos ), devido a irritação das terminações nervosas nasais e pel aestimulação adicional de células calciformes do epitélio nasalcontribuindo para o agravamento da rinorreia aquosa ou sero-mucosa.

A esta fase aguda, dependendo da intensidade e da frequência de reexposição ao estímulo alergénico, segue-se uma fase sub-aguda e depois uma fase crónica, caracterizadas sobretudo pela infiltração de linfócitos e eosinófilos e que se traduz, do ponto de vista clínico, por uma predominância e persistência da obstrução nasal.

Qual a classificação da rinite?

Actualmente, tanto em adultos como em crianças, a rinite alérgica é classificada segundo o esquema proposto pelom programma ARIA (Allergic Rhinitis and its impact on asthma). Este esquema classificativo veio romper com a forma tradicional de classificar a rinite em perene e sazonal, tornando esta classificação mais próxima da que é utilizada na asma. A saber:

  • Intermitente ligeira;
  • Persistente ligeira
  • Intermitente moderada/grave
  • Persistente moderada/grave

Classificação da rinite alérgica    melhorsaude,org

Porque se dá mais importância à asma?

De todas as doenças alérgicas que podem afectar a população, a asma tem merecido a atenção principal não só pelo seu impacto familiar, sócio-profissional e económico mas também pela deficiente qualidade de vida e risco de morte que pode condicionar quando não devidamente controlada.

Porque se dá menos atenção à rinite?

A rinite alérgica ou não, não é uma doença que mata mas, como todos sabemos, mói – é uma doença sub-diagnosticada e sub-tratada e uma grande maioria dos doentes habituam-se a viver «constipados», a maior parte das vezes não procurando cuidados médicos, sejam do seu médico de família ou de um especialista.

Qual a prevalência da rinite na população?

A rinite alérgica é  reconhecida como a doença alérgica mais frequente. Diversos estudos da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) têm demosntrado que mais de 25% da populaçãoPortuguesa apresenta queixas crónicas de rinite, à semelhança do que acontece noutros países.

Verifica-se que existe um pico de prevalência de cerca de 40% nos adolescentes e adultos jovens e que as queixas oculares concomitantes vão sendo mais frequentes com ao avançar da idade. Assim temos:

  • 3 – 5 anos

    • Rinite 20%
    • Rinoconjuntivite 10%
  • 15 – 25 anos

    • Rinite 40%
    • Rinoconjuntivite 18%
  • 15 – 64 anos

    • Rinite 25%
    • Rinoconjuntivite 19%
  • 65 – 98 anos

    • Rinite 30%
    • Rinoconjuntivite 20%

Um estudo (RDR2000), com o objectivo de conhecer a prevalência da rinite em Portugal Continental no ano de 1998, revela que apenas 20% dos doentes com rinite procura o seu médico de Clínica Geral por queixas da doença e apenas 16% tinham sido observados em consultas de especialidade de Imunoalergologia.

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Será a rinite um factor de risco para a asma?

No que diz respeito à asma, sabe-se que rinite e asma coexistem frequentemente e um estudo recente considera mesmo que a rinite é um fenómeno universal em doentes com asma alérgica ocorrendo em 99% de adultos e em 93% de adolescentes. Da mesma maneira, há estudos recentes que revelam que a asma aparece três vezes mais nos indivíduos com rinite do que naqueles que nunca tiveram sintomas nasais. Todos estes dados apontam para que a rinite seja considerada um factor de risco para a asma.

Rinite alérgica e asma partilham mecanismos comuns?

As duas entidades, rinite e asma, partilham mecanismos inflamatórios comuns que explicam o conjunto de sintomas que as caracterizam e todos estão de acordo, clínicos e investigadores, que é importante iniciar, o mais precocemente possivel o tratamento anti-inflamatório e o tratamento preventivo, evitando:

  • Os ácaros do pó de casa,
  • O pólen,
  • O fumo do tabaco,
  • Os ambientes poluídos, etc.

Será que o tratamento da rinite pode evitar o aparecimento de asma?

Sim, o tratamento da rinite com anti-histamínicos orais e corticosteróides de aplicação nasal e, em casos criteriosamente seleccionados, com vacinas anti-alérgicas, pode evitar o aparecimento da asma ou no caso dela já existir, melhorar os seus sintomas, evitar agudizações e reduzir a reactividade dos brônquios que caracteristicamente está aumentada.

Será que tenho rinite para além da minha asma?

O nariz reage sempre de maneira idêntica quer se trate de uma agressão vírica (a banal constipação) quer se trate de um alergénio (ácaros do pó de casa ou pólen), a saber:

  • Prurido nasal (comichão),
  • Espirros,
  • Rinorreia (pingadeira)
  • Obstrução (entupimento) nasal em maior ou menor grau.

A suspeita de rinite alérgica levanta-se quando este conjunto de sintomas surge repetidamente, o que pode acontecer ao longo do ano todo, como no caso da rinite alérgica perene, muitas vezes associada ao pó de casa como factor desencadeante, ou num período determinado do ano como é o caso da rinite alérgica polínica com sintomas predominantes em Maio e Junho, meses em que é maior a concentração de grãos de pólen de gramíneas, os mais frequentemente incriminados.

Como distinguir rinite de constipação ou resfriado?

A constipação banal, o resfriado comum, ocorre a maior parte das vezes nas transições de estação e no Inverno, duram 3 a 7 dias e em cada indivíduo, uma ou duas vezes por ano. O indivíduo que «anda sempre constipado» ou que, quando chega a Primavera arrasta «uma constipação» até ao Verão, deve procurar cuidados médicos. A estes sintomas de rinite, associam-se muitas vezes sintomas dos olhos (comichão, lacrimejo, intolerância à luz, vermelhidão), sendo esta associação mais frequente na rinite polínica.

Que complicações pode dar a rinite, se não tratada?

Embora o conjunto de todos os sintomas da rinite seja muito incomodativo e interfira negativamente nas actividades diárias dos doentes, a obstrução nasal é de longe o sintoma com mais consequências, a saber:

  • Perturba o sono, com uma fadiga anormal no dia seguinte, a
  • Tosse e irritabilidade brônquica (em alguns casos com o quadro típico de asma) que a respiração obrigatória pela boca acaba por condicionar.
  • Nas crianças, a obstrução nasal persistente leva a deformação do palato (vulgo «céu da boca») com anomalias nas arcadas dentárias e anormal implantação dos dentes, por vezes de correcção muito difícil.
  • A sinusite, processo inflamatório dos seios perinasais, complica cerca de metade dos casos de rinite alérgica, aumenta a susceptibilidade a infecções víricas e bacterianas e o conjunto de sintomas que a caracterizam, nomeadamente as dores de cabeça, as náuseas, as tonturas, o aparecimento de secreções nasais de difícil eliminação, complica ainda mais o dia-a-dia dos doentes.

Qual a eficácia dos fármacos utilizados na rinite alérgica?

Eficácia_terapêutica_dos_fármacos_na_rinite

 

Nota: Esternutos é o termo médico para espirros.

Quais os degraus terapêuticos que se devem seguir para tratar a rinite alérgica?

Terapêutica_para_rinite_alérgica

Conclusão

Assim, podemos concluir que há hoje evidência de que a rinite mal controlada pode conduzir a complicações que vão desde a sinusite à asma, passando pela otite média, por anomalias na implantação dos dentes e por perturbações do sono mais ou menos graves.

Por favor PARTILHE esta importante informação para que possa chegar a muitos milheres de Portugueses que sofrem desta alergia ajudando a melhorar a sua qualidade de vida.

Junto por uma MELHOR SAÚDE!

Fique bem!

Franklim A. Moura Fernandes

Fontes: Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica;  Dr Manuel Branco Ferreira ( Imunoalergologista ).

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